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Material Didático Completo - Sociedade Contemporânea

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SOCIEDADE 
CONTEMPORÂNEA
SOCIEDADE 
CONTEMPORÂNEA
Adriana Duarte de Souza Carvalho da Silva
Márcio Mendes da Luz
© Copyright 2017 da Dtcom. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os 
direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, 
art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”. 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Ficha catalográfica elaborada pela Dtcom. Bibliotecária – Andrea Aguiar Rita CRB)
S586s 
Silva, Adriana Duarte de Souza Carvalho da 
Sociedade contemporânea / Adriana Duarte de Souza Carvalho da Silva, Márcio 
Mendes da Luz. – Curitiba: Dtcom, 2017.
152 p. 
ISBN: 978-859-368-527-9
1. Aspecto organizacional. 2. Contemporâneo. 3. Aspectos humanos. 
CDD 614.2
Reitor Prof. Celso Niskier
Pro-Reitor Acadêmico Maximiliano Pinto Damas
Pro-Reitor Administrativo e de Operações Antonio Alberto Bittencourt
Coordenação do Núcleo de Educação a Distância Viviana Gondim de Carvalho 
Redação Dtcom
Análise educacional Dtcom
Autoria da Disciplina Adriana Duarte de Souza Carvalho da Silva, Márcio Mendes da Luz
Validação da Disciplina Veronica Eloi
Designer instrucional Milena Rettondini Noboa
Banco de Imagens Shutterstock.com
Produção do Material Didático-Pedagógico Dtcom
Sumário
01 Conceitos teóricos dos séculos XVII e XVIII ....................................................................... 7
02 Revolução industrial e revoluções burguesas ..................................................................15
03 Burgueses e proletários.........................................................................................................22
04 Émile Durkheim .......................................................................................................................30
05 Karl marx ..................................................................................................................................37
06 Max Weber ...............................................................................................................................44
07 Brasil: do engenho ao ouro ...................................................................................................51
08 O europeu e a ocupação territorial ......................................................................................58
09 Colonização: cultura indígena e a luta pela posse da terra ............................................65
10 O negro: cultura e o trabalho escravo .................................................................................73
11 Democracia racial ...................................................................................................................80
12 Cultura.......................................................................................................................................87
13 Desigualdades sociais no Brasil ..........................................................................................93
14 Mudanças na cultura da sociedade contemporânea ................................................... 100
15 Os movimentos sociais ...................................................................................................... 107
16 Constituição de 1988 e a sociedade contemporânea .................................................. 114
17 Globalização: origens e definições ................................................................................... 122
18 Globalização: Impactos Econômicos (1980 – 2010) ................................................... 129
19 Globalização: Impactos Políticos (1980 – 2010) .......................................................... 137
20 Globalização: Impactos Sociais e Culturais (1980 – 2010) ........................................ 145
Conceitos teóricos dos 
séculos XVII e XVIII
Márcio Mendes da Luz
Introdução
Sabemos que a forma como nossa sociedade atual pensa e age é consequência de anos de 
mudanças e quebras de paradigmas. Essas modificações são fruto, principalmente, de ideias e 
conceitos propostos por grandes pensadores em sua época. Nesta aula, vamos refletir sobre os 
pressupostos teóricos que fundamentaram a sociedade contemporânea.
Estudaremos sobre os teóricos dos séculos XVII e XVIII que ajudaram a formar as concep-
ções políticas, sociais e econômicas da nossa sociedade atual. Aprenderemos sobre Thomas 
Hobbes e sua noção de Estado, a desigualdade social em Rousseau, a noção de liberdade de 
Voltaire, a divisão de poderes de Montesquieu e o liberalismo econômico de Adam Smith. Vamos 
começar? Então, acompanhe-nos e bons estudos.
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • conhecer os pressupostos teóricos que formaram a sociedade contemporânea;
 • entender sobre o Iluminismo e Liberalismo.
1 Thomas Hobbes: o contrato social inglês
Thomas Hobbes (1588 – 1679) nasceu na Inglaterra no final do governo de Elizabeth I (1558 
– 1603), da Dinastia Tudor. Esta Dinastia conseguiu consolidar o poder absolutista na Inglaterra 
ao vencer a Guerra das Duas Rosas (1455 – 1485) e também garantiu independência em relação 
à igreja católica ao fazer o Ato de Supremacia (1532). O que seria isso? Foi a ruptura com a Igreja 
Católica e criação da Igreja Anglicana. Mas apesar da consolidação do poder do rei, na história 
política inglesa, o poder dele nunca foi total devido ao forte poder também do parlamento. 
SAIBA MAIS!
O parlamento inglês surgiu em 1212, quando o rei João, o sem-terra, teve seu poder 
restrito ao assinar a Magna Carta, forçado pelos nobres após a fracassada tentativa 
de invasão da França. A partir de então, nenhum rei inglês pôde tomar uma decisão 
sem a permissão do parlamento.
 – 7 – 
TEMA 1
Figura 1 – Parlamento inglês
Fonte: Leonid Andronov/Shutterstock.com.
Hobbes acompanhou a Guerra Civil Inglesa (1642-1649), que encerrou com a decapitação do 
Rei Carlos I. Após finalizar o conflito, Hobbes retorna à Inglaterra e publica o Leviatã, em 1651, em 
que discute sobre a natureza do homem e a função do Estado. A extensão do conflito e seus efei-
tos na sociedade, principalmente o elevado número de mortes, causou no autor um pessimismo 
sobre o ser humano.
Para Hobbes, inicialmente, nos primórdios o ser humano vivia em uma condição de anarquia 
e barbárie conhecida como Estado Natural. Neste estágio, todos são iguais, todos têm os mesmos 
direitos, há a ausência do soberano e, guiados apenas pelos seus instintos, paixões e desejos, os 
homens são levados ao constante estado de guerras (RIBEIRO, 1989). 
Para evitar os conflitos entre as pessoas, Hobbes defende o Estado Soberano, que deverá ser 
regido por um soberano. Na concepção deste autor, esse Estado que será regido por um corpo de 
leis dará ao ser humano a tranquilidade e paz de que ele necessita para viver. Se o Estado Natural 
dá a liberdade sem limites à população, então, leva ao caos e anarquia. Por outro lado, o Estado 
Soberano restringe a liberdade individual, mas permite a ordem e a tranquilidade de que as pessoas 
necessitam. Em resumo: o Leviatã seria o “monstro” que resulta do Estado Civil que é a união da 
vontade de todos na figura do soberano, que representa a lei que dará a tranquilidade necessária. 
Portanto, Hobbes oferece à nossa sociedade a ideia de um Estado de Direito cujo corpo de 
regras, chamadas de lei, deve trazer ordem, paz e proteção à população e estar acima dos interes-
ses pessoais. Perceba que este conceito permeará grande parte dos Estados ocidentais contem-
porâneos (RIBEIRO, 1989).
Agora, vejamos o contraponto deste pensamento? Acompanhe-nos para conhecer as ideias 
de Voltaire. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 8 – 
2 Voltaire e o conceito de liberdade
Os próximos três autores que vamos estudar (Voltaire, Rousseau e Montesquieu) possuem 
em comum o fato de serem denominados iluministas. E o que significa isso? O Iluminismo surgiu 
na Europa no século XVIII como uma oposição a tudo que representasseo Antigo Regime: poder 
absolutista, a fusão de Estado com a Igreja, interferência do Estado na economia e os privilégios 
da nobreza. Voltaire, pseudônimo de François Marie-Arouet (1694 – 1778), trabalha com afinco o 
conceito de liberdade. 
SAIBA MAIS!
O nome Iluminismo vem de luz, pois, segundo os seus teóricos, por meio da razão e 
da luz do conhecimento, a sociedade humana conseguiria desfazer suas amarras e 
seguir sua liberdade. Para aprofundar sugerimos a leitura do seguinte texto: <http://
www.scielo.br/pdf/seq/n66/14.pdf>.
Diferentemente da concepção grega clássica de liberdade, que era a participação do cidadão 
nas decisões políticas, no século XVIII, a noção de liberdade é ampliada para a autodeterminação 
do indivíduo sem que tenha que obedecer passivamente a outros. Para isso, o Estado absolutista 
e a sua característica intervencionista no cotidiano das pessoas eram opostos aos interesses dos 
iluministas (COULANGES, 1971). Para os iluministas e, sobretudo Voltaire, a população deveria ter 
o direito à liberdade de expressar sua opinião, de comercializar e professar a sua fé. 
FIQUE ATENTO!
Assim como outros conceitos, a liberdade não é um bem natural do ser humano, 
ela é historicamente construída, para depois ser inserida no cotidiano das pessoas.
Perceba que a filosofia iluminista influenciará as revoltas e revoluções da segunda metade 
do século XVIII e início do século XIX na Europa e continente americano, sobretudo na Revolução 
Francesa e Independência das treze colônias, atualmente os Estados Unidos. Os governos resul-
tantes delas que asseguraram a liberdade e autodeterminação de seus indivíduos passaram a ser 
chamados de governos liberais, os quais serão predominantes nos séculos XIX e XX.
Na sequência, continue conosco para conhecer o pensamento de Montesquieu, outro autor 
que era favorável à formulação de um conceito de liberdade. Vamos lá?
3 Barão de Montesquieu e o poder tripartite
Uma das contestações ao Antigo Regime resultava no acúmulo de poder nas mãos de um 
soberano, no caso do governo francês, a figura do rei. Neste sentido, Charles Louis de Secondat, o 
barão de Montesquieu (1689 – 1755), em seu livro “O Espírito das Leis” (1748) critica e defende a 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 9 – 
divisão dos poderes em três: Legislativo (aquele que faz as leis), Executivo (aquele que as põe em 
prática) e Judiciário (aquele que julga as leis). 
EXEMPLO
A divisão de poderes é a prática política das principais democracias contemporâne-
as. No Brasil, em nível federal, o Executivo é exercido pelo Presidente, o Legislativo 
por deputados e senadores, e o Judiciário pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Para o autor, aquele que detém o controle dos três poderes, isto é o rei, tende a abusar dele 
na condução do país. Por isso, a divisão e a isonomia (ou seja, a igualdade de todos perante as 
leis) entre esses poderes é necessária para assegurar uma sociedade mais justa e que garante os 
direitos de autodeterminação de seus indivíduos ao respeitar as leis.
FIQUE ATENTO!
No caso brasileiro, a divisão em três poderes é feita tanto no nível federal como no 
estadual e municipal.
Acompanhe na imagem a seguir uma demonstração do que seria a diferença entre o Antigo 
Regime e os Governos Liberais.
Figura 2 – Antigo Regime versus governos liberais
Antigo
Regime
Governos
Liberais
Rei
Executivo
(Presidente ou Rei)
Legislativo
(Parlamento)
Judiciário
(Juízes)
Executivo
Legislativo
Judiciário
Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.
Vamos conhecer o terceiro autor que expôs seus pensamentos sobre governos e liberdade? 
Então, acompanhe-nos!
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 10 – 
4 Rousseau e a desigualdade entre os homens
Jean Jacque Rousseau (1712–1778) foi um dos principais filósofos iluministas do século 
XVIII e, dentre seus estudos, o destaque é para aquele sobre a desigualdade entre os homens e a 
crítica sobre a sua existência. 
Primeiro de tudo, saiba que na sociedade francesa do século XVIII, a desigualdade entre os 
homens era vista como natural. Seguindo tradições e costumes medievais, a nobreza francesa 
possuía mais direitos e privilégios que o restante da população, como o acesso à propriedade rural 
e a isenção de impostos. Contra esta desigualdade e privilégios de uma classe social é que Rous-
seau escreve sua crítica na obra “Discurso sobre a origem e a formação da desigualdade entre os 
homens” (ROUSSEAU, 1989). 
Para Rousseau, havia dois tipos de diferenças entres os homens: uma natural ou física, que 
seria a distinção sexual, de altura, racial, etc., e para o autor essa diferença não deveria ser objeto 
de pesquisa, pois é imutável. A outra diferença é política ou moral, e surgiu a partir do momento 
em que o homem natural se organizou em comunidades e passou a ter posse da propriedade e da 
ambição humana em se distinguir de seus pares e o desejo de aumentar o seu poder. Com isso, 
dividiria a população entre ricos e pobres, governantes e governados e que aí está a origem da 
opressão e a falta de liberdade. 
FIQUE ATENTO!
A noção de homem natural para Rousseau é diferente da de Hobbes. Para o iluminis-
ta, o homem natural é aquele capaz de compaixão, misericórdia e solidariedade para 
com seus pares e que foi a criação da propriedade privada que corrompeu o homem.
A busca de igualdade de direitos e o fim de privilégios é a base jurídica dos principais gover-
nos do século XIX e XX, em que a premissa permanece que todos são iguais perante as leis.
Figura 3 – A diferença entre os homens trazida pelo poder
Fonte: Prazis/Shutterstock.com.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 11 – 
Agora, vejamos quem é Adam Smith e o que o autor fala a respeito do liberalismo econômico. 
Vamos lá? Então, acompanhe-nos!
5 Adam Smith e o liberalismo econômico
Alguns o consideram como iluminista ou, simplesmente, um herdeiro dos fisiocratas iluminis-
tas, que defendiam o fim do mercantilismo e do intervencionismo estatal na economia, sintetizado 
no termo francês Laissez-Faire que pode ser traduzido como “deixe estar”. Aliás, esta expressão é 
símbolo do liberalismo econômico, que, em linhas gerais, determina que o mercado funcione livre-
mente, sem interferência do Estado, contando apenas com regulamentos que protejam os direitos 
de propriedade. Esta filosofia foi dominante nos Estados Unidos e nos países da Europa ocidental 
sobretudo a partir do final do século XIX.
 O inglês Adam Smith (1723 – 1790) é tido como pai do liberalismo econômico. Em seu livro 
“A Riqueza das Nações” (1776), o economista inglês defende a necessidade de ter um Estado que 
não interfira na economia e que deixa que ela se autorregule, segundo a lei do mercado (Lei da 
oferta e da procura). Este tipo de Estado é conhecido como Estado Mínimo.
Figura 4 – Estátua do inglês Adam Smith
Fonte: Heartland Arts/Shutterstock.com.
Perceba que o Estado Mínimo não interfere no cotidiano das relações comerciais, é função 
do governo proteger sua população. A cobrança de impostos e a intervenção econômica, segundo 
Smith, são prejudiciais às empresas e à economia (SMITH, 1985). Até a crise de 1929, quase todos 
os países europeus e americanos adotavam a prática do liberalismo econômico.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 12 – 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
https://www.shutterstock.com/pt/g/heartlandarts
EXEMPLO
Os EUA é o maior exemplo da prática do Estado Mínimo, onde a taxa de juros de 
cobrança à população é baixa e, para o cidadão americano, a função do governo é 
a proteção. Por isso, atentados como o 11 de Setembro de 2001 comovem e indig-
nam tanto a população. A interpretação e a sensação é de que o governo falhou.
Hoje, o liberalismo econômico concebido por Adam Smith é amplamente visto em prática 
nos grandes blocos econômicos como a União Europeia, Mercosul e Nafta. 
SAIBA MAIS!
A discussão sobre os limites e possibilidades de um Estado mínimo deve ser 
observada. Para aprofundar,sugerimos a leitura do seguinte texto: <http://www.
cartacapital.com.br/economia/o-estado-deve-intervir-no-processo-economico>.
Fechamento 
Chegamos ao fim desta aula que nos possibilitou aprender que, apesar de a sociedade con-
temporânea ter surgido em fins do século XVIII, com a Revolução Francesa, seus pressupostos 
teóricos que fundamentam a sociedade surgiram 150 anos atrás, como a noção de Estado de 
Direito, liberdade individual, igualdade de direitos e divisão de poderes. 
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • conhecer os pressupostos teóricos que formaram a sociedade contemporânea;
 • entender sobre o Iluminismo e Liberalismo.
Referências
COULANGES, Fustel. A Cidade Antiga. Lisboa: Clássica, 1971. 
FISS, Owen.A ironia da liberdade de expressão: Estado, regulação e diversidade da esfera pública.
Rio de Janeiro:Renovar, 2005. 
FREITAS, Riva Sobrado de; CASTRO, Matheus Felipe de. Liberdade de Expressão e Discurso de 
Ódio: um exame sobre possíveis limitações à liberdade de expressão. Rev. Seq., Florianópolis, n. 
66, p. 327-355, jul. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/seq/n66/14.pdf>. Acesso em: 
04 fev. 2017.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 13 – 
MONTESQUIEU, Charles de Secondat.O Espírito das Leis.São Paulo:Saraiva, 2000. 
DANIEL, Paulo. O Estado deve intervir no processo econômico? Carta Capital [online]. Publicado 
em: 08 abr. 2011. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/economia/o-estado-deve-inter-
vir-no-processo-economico>. Acesso em: 15 fev. 2017.
RIBEIRO, Renato Janine. Hobbes: o medo e a esperança. In WEFFORT, Francisco (Org). Os Clássi-
cos da política: Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau. O Federalista, v.1, São Paulo: 
Ática, 1989.pp. 51-77. 
ROUSSEAU, Jean Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os 
homens. São Paulo: Ática, 1989. 
SMITH, Adam. A riqueza das Nações: investigação sobre a sua natureza e suas causas. 2. ed. São 
Paulo: Nova Cultural, 1985. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 14 – 
Revolução industrial e 
revoluções burguesas
Márcio Mendes da Luz
Introdução
Nesta aula estudaremos as revoluções dos séculos XVII e XVIII que ajudaram na formação 
da sociedade contemporânea. O termo “Revolução” ganhou espaço na política ao referir-se a uma 
mudança em um sistema político, cultural, econômico e/ou social. Vamos conhecê-las? Então, 
Acompanhe-nos!
Objetivos de aprendizagem:
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • Compreender a importância da Revolução Industrial e os fatores que levaram a este 
fenômeno histórico; 
 • Entender os diferentes modos de produção: doméstico, artesanal e manufatureiro;
 • Compreender a importância das revoluções burguesas.
1 Revolução Industrial
Se você der uma olhada ao redor, certamente o que irá visualizar é fruto de um longo pro-
cesso que foi a Revolução Industrial, a partir do século XVIII na Inglaterra, determinada pela evolu-
ção dos meios de produção que vinha ocorrendo desde a Antiguidade.
FIQUE ATENTO!
Os modos de produção referem-se à maneira de fabricar um produto, que varia 
conforme os séculos.
De forma geral, a produção humana passou por três processos de produção: modo artesanal, 
manufatureiro e maquinofatura. Mas qual a distinção entre eles?
 – 15 – 
TEMA 2
Quadro 1 – Modos de produção e suas características
Meio de produção Artesanal Manufatura Maquinofatura
Características
Um dos meios mais 
antigos surgiu na An-
tiguidade e é quando 
apenas uma pessoa 
detém todas etapas de 
produção. 
Do latim “feito à mão”, sur-
giu no final da Idade Média 
com o Renascimento Co-
mercial. Diferencia-se do 
artesanal devido à divisão 
de tarefas. 
Surgiu no século XVIII, 
mantém a divisão de 
tarefas, mas agora temos a 
introdução das máquinas. 
É o modo de produção da 
Revolução Industrial.
Fonte: elaborado pelo autor, adaptado de Adam Smith, 1778.
Com a mudança nos meios de produção, a Revolução Industrial afetou a vida dos trabalhado-
res. Suas condições de moradia, trabalho e saúde degradaram rapidamente, enquanto a burguesia 
industrial lucrava cada vez mais. O cenário social da época era marcado por baixos salários, con-
dições insalubres, exploração do trabalho infantil e nenhum direito trabalhista.
Figura 1 – Modo de produção industrial inglês
Fonte: Everett Historical/Shutterstock.com.
A seguir, vejamos outra importante revolução histórica para a Inglaterra.
2 Revolução Puritana
A Guerra Civil Inglesa, conhecida como Revolução Puritana, ocorreu entre 1642 e 1649 como 
resultado do longo processo de conflito entre o Rei e o Parlamento - a Câmera dos Comuns.
O conflito entre as duas instituições (Coroa e Parlamento) tinha características políticas, reli-
giosas e sociais. Do ponto de vista político, a condução do Império Inglês iniciava sua expansão 
com a colonização das Treze Colônias na América; da perspectiva religiosa, era o conflito entre os 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 16 – 
reis católicos que contavam com apoio da nobreza anglicana e os representantes da câmera dos 
comuns puritanos e sociais - nobreza e burgueses.
FIQUE ATENTO!
Hoje, na Inglaterra, há a Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes, que podem 
ser comparadas com a de deputados e senadores para a nossa realidade.
Por não concordar com a interferência do Parlamento, o Rei Carlos I mandou fechar o Parla-
mento (1629) sem previsão de reabertura. Quando chamou o Parlamento novamente para resolver 
um conflito na Escócia (1641), a Câmara dos Comuns exigiu respeito ao Parlamento, o que foi 
nega do pelo monarca, iniciando o conflito. Após sete anos de embate, ele chegou ao fim após a 
prisão e a decapitação do rei. 
A burguesia chegou ao poder e controlou os destinos políticos e econômicos de uma nação. 
Ficou no poder entre 1649 e 1659, e Oliver Cromwell era o líder. Após a sua morte e inaptidão do 
filho Ricardo, o Parlamento aceitou o retorno da monarquia desde que o novo rei, Carlos II, respei-
tasse as suas decisões.
SAIBA MAIS!
O período entre 1649 e 1659, quando Oliver e Richard Cromwell ficaram no poder, 
foi o único período na história inglesa sem monarquia. Leia mais: <http://ler.letras.
up.pt/uploads/ficheiros/1671.pdf>.
Não bastando o que representou a Revolução Puritana, a Inglaterra ainda foi palco de mais 
um conflito: a Revolução Gloriosa. 
3 Revolução Gloriosa
Também ocorrida no século XVII, podemos afirmar que esta revolução foi a complementação 
da anterior. Após a morte de Carlos II e sem herdeiros, o seu irmão mais novo, James II, assumiu 
o trono inglês, o qual contrariou o Parlamento ao não renunciar da fé católica. Em um momento 
após a Reforma Protestante e a Guerra dos Trinta Anos, a existência de um rei católico em um país 
protestante poderia ser um risco à soberania. 
O monarca vinha constantemente desrespeitando o Parlamento e suas decisões. Para evitar 
outro conflito sangrento em 1688, o Parlamento decidiu depor o rei e chamou para seu lugar o 
seu sobrinho e genro Guilherme III de Orange, que era anglicano, e exigiu que assinasse a Lei de 
Direitos (Bill of Rights), a qual retirou totalmente o poder real e o entregou ao Parlamento e seu 
representante, o primeiro-ministro. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 17 – 
A Inglaterra foi o primeiro país a adotar a Monarquia parlamentarista e isto serviu de exemplo 
à burguesia dos demais países, pois agora controlava um país politicamente e, assim, poderia 
fazer leis que atendessem aos seus interesses econômicos. 
EXEMPLO
Assim como a Inglaterra, Espanha, Bélgica, Holanda, Noruega, Suécia, Dinamarca, 
Tailândia e Japão são exemplo de Monarquias parlamentaristas na atualidade.
O controle burguês na política inglesa permitiu a Revolução Industrial no século XIX e tornou 
a Inglaterra uma potência econômica, que dominou um terço de todo território mundial no início 
do século XX, influenciando o mundo inteiro com sua cultura e costumes.
4 Independência das 13 Colônias
No final do século XVI, na dinastia Tudor, quando buscavam uma passagempelo Noroeste 
para chegar às Índias e, assim, fazer o comércio de especiarias, os ingleses descobriram terras na 
América do Norte. Foram criadas as Treze Colônias, hoje Estados Unidos, divididas de acordo com 
sua localização geográfica:
 • norte– New Hampshire, Massachusetts, Rhode Island, Connecticut; 
 • centrais– Nova Iorque, Nova Jersey, Pensilvânia, Delaware; 
 • sul– Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia.
Figura 2 – Mapa das 13 Colônias
Fonte: I. Pilon/Shutterstock.com.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 18 – 
Com exceção das colônias do Sul, as do Norte e Centrais não interessaram à Inglaterra 
devido ao clima parecido ao da metrópole. Isso significava que teriam produtos parecidos com os 
que eram obtidos na Inglaterra. As províncias do Sul foram mais exploradas em virtude do algodão, 
cana-de-açúcar e tabaco. 
Porém, a situação mudou após a Guerra dos Sete Anos (1756 – 1763), que reuniu duas for-
ças antagônicas, lideradas por Inglaterra e França, e resultou na vitória inglesa. Apesar da vitória, 
devido à extensão do conflito, a Inglaterra teve gastos exorbitantes e precisava repor os custos da 
guerra. Então, o Parlamento inglês decidiu cobrar taxas dos colonos na América, representadas 
pela Lei do Selo, Lei do Chá, Lei do Açúcar. Com isso, aumentou a repressão sobre os colonos. 
As lideranças coloniais, muitos dos quais seguidores da filosofia iluminista, questionaram o 
domínio inglês na América. Criticando, principalmente, a intervenção inglesa na economia ame-
ricana, por meio da repressão (atos intoleráveis), desejam a liberdade política. Por isso, em 4 de 
julho de 1776, na Filadélfia, as lideranças coloniais declararam a Independência das 13 Colônias. 
O conflito aconteceu entre 1776 e 1783, terminando com a vitória americana, com ajuda do 
exército francês e a assinatura do Tratado de Paris, em que a Inglaterra reconheceu a indepen-
dência. Em 1787, foi aprovada a Constituição Americana, claramente iluminista, isto é, a divisão 
tripartite do seu governo, a existência de um Estado Mínimo e o direito inviolável da liberdade de 
seus cidadãos. 
FIQUE ATENTO!
No Brasil, a constituição de inspiração iluminista só veio após a Proclamação da 
República, em 1889. Já a nossa Constituição é de 1988.
O governo americano dos Estados Unidos é considerado capitalista liberal, de Estado Mínimo, 
isto é, ele não interfere tanto nas questões econômicas, promovendo relações econômicas mais 
livres, deixando mais livre a própria iniciativa privada. 
EXEMPLO
No Brasil não há o Estado Mínimo, pois o governo garante serviços para a popula-
ção, como saúde e educação pública, por meio dos impostos. Mas, por ser também 
um país de tendência liberal, as relações comerciais se tornem cada vez mais autô-
nomas com relação ao Estado.
A importância do processo de independência das 13 Colônias está no fato de ser o primeiro 
país com uma constituição iluminista, a qual será exemplo a ser seguido por quase todas as ex-co-
lônias americanas, repúblicas e monarquias parlamentaristas na Europa. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 19 – 
5 Revolução Francesa
Nos séculos XVII e XVIII, a França era considerada o país onde o absolutismo foi exercido de 
forma plena, isto é, onde os reis governavam absolutos. Mas no governo de Luís XVI, a situação 
econômica na França deteriorou-se muito. Para piorar, a seca de 1787 e 1790 ocasionou fome na 
população camponesa.
Além disso, o sistema tributário francês ainda mantinha as características medievais de pri-
vilegiar os nobres com isenção fiscal e com salários pagos pela Coroa e direitos à propriedade, 
mesmo que improdutivas. Em 1789, a situação da economia francesa beirava o colapso. Para 
evitar a ruína, o rei francês convocou, após 150 anos, a Assembleia dos Estados Gerais, a qual era 
composta por três Estados: 1º Estado – Clero; 2º Estado – Nobreza; e 3º Estado – burgueses e 
trabalhadores. Estes três Estados deveriam auxiliar o rei a superar a crise econômica. 
O 3º Estado propôs tributar o 1º e o 2º Estado, que detinham grande parte da renda e dos 
gastos do governo francês. No entanto, estes Estados contestarama ideia e tiveram o apoio do Rei. 
Devido à impossibilidade de reverter a situação, o 3º Estado, com o apoio da população, iniciou 
uma revolta contra a Coroa francesa, que resultou na Revolução Francesa, a qual durou, oficial-
mente, de 1789 a 1799.
Figura 3 – Tomada da Bastilha
Fonte: Everett Historical/Shutterstock.com.
A Revolução Francesa foi marcante, pois o Iluminismo foi posto em prática sem restrição. 
Criou-se uma constituição que abolia os privilégios da nobreza, dividia os poderes, separava Estado 
e Igreja, dava a liberdade econômica, de expressão e política para a população. Nosso destaque 
é para a Declaração dos Diretos do Homem e do cidadão em 1789, que reconhecia a todos como 
cidadãos, assim como assegurava seus direitos. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 20 – 
SAIBA MAIS!
Para conhecer mais sobre esta revolução, sugerimos a leitura do artigo “A Revolução 
Francesa e seu eco”, de Michel Vovelle, disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141989000200003&lng=pt&nrm=iso>.
A Revolução Francesa foi importante, pois ao abolir a monarquia no país símbolo do Absolu-
tismo, a burguesia demonstrou que poderia subir ao poder e, com isso, garantir aquilo que ela con-
sidera seus direitos: liberdade (econômica e de expressão), igualdade (de direitos) e fraternidade 
(tolerância entre todos os cidadãos), palavras que compunham o lema da revolução.
Fechamento
Chegamos ao fim desta aula sobre as principais revoluções que ocorreram nos séculos XVII 
e XVIII. Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • compreender a importância da Revolução Industrial e os fatores que levaram a este 
fenômeno;
 • entender os diferentes modos de produção: doméstico, artesanal e manufatureiro;
 • compreender a importância das revoluções burguesas.
Referências
BRAUDEL, Fernand. Civilização Material, Economia e Capitalismo: SéculosXV – XVIII.São Pau-
lo:Martins Fontes, 1995.
FERREIRA, J.Carlos Viana. Cromwell: Puritanismo, providencialismo e pragmatismo. Disponível 
em: <http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/1671.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2017.
KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI.São Paulo:Con-
texto, 2007.
THOMPSON, Edward Palmer. A Formação da Classe Operária Inglesa. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 
1987. 
VOVELLE, Michel. A Revolução Francesa e seu eco. Estud. av., São Paulo, v. 3, n. 6, p. 25-45, ago. 
1989. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-401419890 
00200003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 07 fev. 2017.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 21 – 
Burgueses e proletários
Adriana Duarte de Souza Carvalho da Silva
Introdução
No século XIX, início da sociedade contemporânea, antes restrita à Inglaterra, a industrializa-
ção espalhou-se ao restante do continente europeu e, mais tarde, também chegou nos Estados 
Unidos e Japão. Mas não veremos somente prosperidade nessa relação, há também tensão entre 
operários e patrões que irá se expressar no campo político e social. Este será o tema desta aula. 
Vamos começar?
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • compreender a formação social dos séculos XIX e XX;
 • conhecer as relações sociais que moldaram as revoltas e revoluções sociais no século 
XIX e início do século XX.
1 Operários e patrões no século XIX
No século XIX, a relação entre patrões e empregados ficaram mais tensas devido ao aumento 
de exploração. Com a industrialização e a demanda por mão de obra que as fábricas exigem, 
milhões de pessoas deixaram o campo para viver nas cidades. Resumindo: deixam de ser campo-
neses e passam a ser operários, também conhecidos como proletários (THOMPSON, 1987). 
Perceba que as condições de trabalho do campo para a indústria são totalmente diferentes. 
Como? No campo, o tempo da natureza l dita o ritmo de trabalho, ouseja, trabalha-se enquanto houver 
sol. Se está chovendo, então, não há trabalho; há folga nos dias santos; e podem produzir o que irão se 
alimentar. Na cidade, ao trabalhar em uma indústria, é o relógio quem dita o ritmo, não importa se está 
chovendo ou escuro: o ambiente fechado e a eletricidade permitem que a linha de montagem nunca 
pare de segunda à sábado. As condições de vida fora das fábricas não eram melhores. O péssimo 
salário apenas permitia aos operários viverem em moradias em condições insalubres. 
Enquanto isso, a classe burguesa continuava a prosperar, impondo à sociedade seu modo 
de vida e hegemonia cultural. No entanto, saiba que nem todos aceitaram essas condições e foi 
assim que começaram a se organizar para combater esta exploração.
 – 22 – 
TEMA 3
2 Revolta de operários: Ludismo
Uma das primeiras reações à exploração que os operários viviam foi o Ludismo. O nome 
deriva do líder do movimento Ned Ludd que, junto de outros operários, era contrário ao intenso 
processo de industrialização. Segundo eles, as máquinas retiravam o seu trabalho.
Figura 1 – Quebra de Máquinas, ação típica do Ludismo 
Fonte: anthonycz/Shutterstock.com.
Com isso, em 1811, os operários passaram a quebrar as máquinas. Em virtude disso, os 
industriais pressionaram o Parlamento para criar leis mais duras para quem participasse do movi-
mento (THOMPSON, 1987). Dezenas de fábricas tiveram máquinas quebradas ou incendiadas. 
Muitos participantes do movimento foram mortos ou enviados às colônias e o destino de seu líder 
desconhecido. Mas é fato que o movimento se espalhou a outros países da Europa.
3 Movimento Sindical
O sindicato é uma organização criada para defender os interesses da classe trabalhadora. 
Apesar de na Idade Média serem criadas as corporações de ofício com a finalidade de defender os 
interesses de certa classe de artesão, o sindicato, como conhecemos hoje, surgiu com a intensifi-
cação da industrialização no século XIX. 
FIQUE ATENTO!
Com a organização dos sindicatos ingleses, surge o esporte preferido da classe 
operária: o futebol e os primeiros times ingleses.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 23 – 
Com o fracasso de reações violentas à exploração dos patrões, os trabalhadores europeus, 
principalmente os ingleses, resolveram organizar associações que os representariam na luta con-
tra a opressão. Os primeiros sindicatos modernos surgem na Inglaterra em 1824 e, por volta da 
década de 1870, ganham o formato que conhecemos hoje.
Figura 2 – Trabalhadores unidos
Fonte: Andrey_Popov/Shutterstock.com.
Os sindicatos lutavam por melhores condições de trabalho, como diminuição da jornada 
diária, o aumento de salário, e o direito de voto masculino não censitário. Quando o parlamento 
recusou os pedidos, consequentemente vieram as greves e manifestações por toda a Inglaterra. 
Os direitos trabalhistas só foram plenamente assegurados graças à atuação dos sindicatos no 
final do século XIX e início do século XX, quando as instituições estavam melhor organizadas 
(THOMPSON, 1987). 
SAIBA MAIS!
A atuação do sindicato ainda é importante hoje, pois estes órgãos asseguram 
os direitos dos trabalhadores. Leia mais sobre o assunto em: <http://www.
dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp067640.pdf>.
Tendo em vista todas essas mudanças na estrutura da sociedade, principalmente no que se 
refere à classe operária, vejamos o que estes eventos ocasionaram no cenário político.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 24 – 
4 Política século XIX: Capitalismo Liberal, Socialismo 
e Anarquismo
A Europa e a América do século XIX viram o surgimento do Capitalismo Liberal e seus anta-
gonistas políticos: o Socialismo e o Anarquismo. Mas quais as características de cada um deles 
afinal? Vejamos a seguir.
O Capitalismo Liberal atendia aos interesses da burguesia industrial, pois acabava com a 
distinção jurídica entre nobreza e os outros súditos comuns. Além disso, não permitia qualquer 
interferência estatal na economia, possibilitando autonomia às indústrias em suas decisões e o 
poder pelo Parlamento, controlado por eles. Mas não assegurou a igualdade social, fazendo com 
que o proletariado ficasse submisso e explorado pela burguesia industrial. (HOBSBAWM, 2009)
Por outro lado, a corrente política do Socialismo surgiu na primeira metade do século XIX, 
como uma reação ao Capitalismo Liberal. Os teóricos desta fase eram chamados de utópicos e 
propunham a criação de uma sociedade igualitária, sem exploração econômica. Ao final da pri-
meira metade do século XIX surgiram os socialistas científicos. Eles propunham analisar a socie-
dade em seus aspectos históricos e filosóficos e não apenas por meio dos ideais de justiça social. 
FIQUE ATENTO!
Os países socialistas que surgem no século XX vão se inspirar no Socialismo Cien-
tífico de Karl Marx e Friedrich Engels.
Por fim, o Anarquismo que ao contrário do Socialismo, enxergava a adoção de um Estado 
como um dos elementos de dominação e exploração sobre o trabalhador. O Anarquismo é sus-
tentado sob três pilares: crítica à dominação, defesa da auto-gestão e coerência na transformação 
social. Devido à dificuldade em assimilar suas ideias, o Anarquismo teve pouca repercussão entre 
a classe trabalhadora europeia, já que eram vistos como radicais (BEER, 2006). 
Agora que tivemos uma ideia geral do que foi a política no século XIX, acompanhe-nos para 
conhecer as revoluções ocorridas na sequência.
5 Revoluções: 1830, 1848, 1870 e 1917
1830
Após o fim da Era Napoleônica no Congresso de Viena, a família Bourbon retornou ao poder 
na França com os Reis Luís XVIII e Carlos X, irmãos mais novos de Luís XVI. O primeiro monarca 
realizou um governo de respeito à burguesia francesa, com medo de reviver as tensões da Revolu-
ção de 1789, mas o segundo quis reviver a monarquia absolutista de tempos anteriores. 
Após as Ordenações de Julho, as quais tinham a intenção de aumentar o poder absolutista 
do Rei, a burguesia e a população de Paris novamente a se revoltam contra o Rei. Temendo ter o 
mesmo fim de seu irmão mais velho em 1789, Carlos X renuncia ao poder e parte ao exílio na Ingla-
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 25 – 
terra. E quem fica em seu lugar? Seu primo distante Luís Felipe de Orleans o qual será conhecido 
como o “Rei Burguês” por favorecer a política burguesa (HOBSBAWM, 2009).
Figura 3 – Liberdade guiando o povo
Fonte: Oleg Golovnev/Shutterstok.com
1848
Conhecida como a “Primavera dos Povos”, a classe trabalhadora de Paris revolta-se contra 
a exploração da burguesia industrial e o amparo que o Estado francês dá a esta exploração sob o 
governo do Rei Burguês. Centena de milhares de trabalhadores tomam o centro de Paris e exigem 
a deposição do Rei e políticas públicas de apoio aos trabalhadores. Mesmo com a reação violenta, 
o apoio popular à causa apenas aumentou, restando ao Rei apenas abdicar ao trono.
Com isso, nasce a Segunda República Francesa (1848 – 1852), criada a partir da aliança 
da grande e pequena burguesia e socialistas. Tensões internas entre os grupos levaram a mais 
agitações sociais e conflitos abertos nas ruas de Paris. Nas eleições de novembro de 1848, o can-
didato dos trabalhadores ganhou: Luís Napoleão Bonaparte, sobrinho de Napoleão I (HOBSBAWM, 
2009). Luis Napoleão Bonaparte assumiu a presidência com o apoio dos trabalhadores franceses 
e depois os traiu ao declarar o 2º Império.
FIQUE ATENTO!
Marx e Engels participam da “Primavera dos Povos” e, a partir dessa experiência, 
escrevem o “Manifesto do Partido Comunista”.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 26 – 
Luís Napoleão deveria entregar o cargo de presidente em 1852, mas, assim como tio, articu-
lou um golpe e conseguiu acabar com a Segunda República e proclamar-se imperador dos fran-
ceses sob o título de Napoleão III. Este tipo de golpe também repercutiu em outros países, como 
Prússia, Áustria, Piemonte e Brasil.
EXEMPLO
No Brasil, a “Primavera dos Povos” vai inspirar a Revolta Praieira no Recife, em que 
grupos locais lutavam contraa monarquia e o controle político da família Cavalcante.
1871
Com a derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana, houve a queda do imperador Napoleão 
III e a adoção da Terceira República Francesa. Durante a negociação de termos de rendição, a 
população de Paris, sob a liderança da Guarda Nacional, queria resistir à invasão prússica. Com 
isso, declaram independência política do governo francês e criam a Comuna de Paris.
SAIBA MAIS!
A Primeira República Francesa surgiu durante a Revolução Francesa. Para saber 
mais sobre este evento, leia o artigo “A Revolução Francesa e seu eco”, de Michel 
Vovelle, disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v3n6/v3n6a03.pdf>.
De inspiração socialista, suas lideranças fazem uma série de reformas com o intuito de melho-
rar as condições de vida dos trabalhadores parisienses, como a redução da jornada de trabalho, 
o aumento dos salários, a igualdade de gênero e a autogestão fabril. Alguns teóricos consideram 
que a Comuna de Paris foi a primeira experiência socialista conscientemente política na Europa. 
Após de consolidar a paz com o recém-criado Estado Alemão, herdeiro da Prússia, o governo 
francês, sob a liderança de Thiers, ataca e massacra a Comuna de Paris, restabelecendo a autori-
dade da Terceira República na capital (HOBSBAWM, 2009).
1917 
O historiador Eric Hobsbawm, define que o século XIX histórico perdurou até os anos da Pri-
meira Guerra Mundial (1914 – 1918), pois a sociedade europeia manteve os mesmos costumes e 
hábitos até este evento. A Revolução Russa de 1917 é um desses exemplos.
Considerada a primeira Revolução Socialista a perdurar na História, contrariando Marx, ocor-
reu em um país agrário, com poucos centros urbanos industrializados e uma classe operária 
pequena, que vivia sob o governo absoluto opressor do Czar (imperador) Nicolau II. Apesar de 
avanços políticos nas Revoltas de 1905, a opressão do Czar ainda era grande. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 27 – 
EXEMPLO
O governo socialista que se instaura dará origem à União das Repúblicas Socialis-
tas Soviéticas (URSS), que durará de 1917 a 1991.
Figura 4 – Bandeira Soviética
Fonte:patrice6000/Shutterstock.com.
Sob a liderança de Vladimir Lênin, operários de Moscou e Petrogrado, com o apoio dos cam-
poneses, derrubam o governo liberal, o qual substitui o governo czarista, em fevereiro daquele ano, 
e deu início ao governo socialista (HOBSBAWM, 2009). 
Fechamento
O século XIX na Europa e na América foi moldado sob tensão entre a classe burguesa indus-
trial e os operários. Neste contexto, surgiram teorias políticas, revoltas a resoluções em 1848, 1871 
e 1917.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • compreender a formação social dos séculos XIX e XX;
 • conhecer as relações sociais que moldaram as revoltas e revoluções sociais no século 
XIX e início do século XX.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 28 – 
Referências
BEER, Max. História do Socialismo e das lutas sociais.São Paulo:Expressão Popular, 2006. 
HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 2009. 
SANTOS, Daniel Moita, Flexibilização da Norma Trabalhista no Brasil, Universidade de Caxias do 
Sul, 2005. 
THOMPSOM, Edward P. A formação da classe operária inglesa: a árvore da liberdade. Rio de 
Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1987.
VOVELLE, Michel, A Revolução Francesa e seu eco, Estud. av., São Paulo, v. 3, n. 6, p. 25-45, Ago. 
1989. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v3n6/v3n6a03.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2017.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 29 – 
Émile Durkheim
Márcio Mendes da Luz
Introdução
Nesta aula, vamos analisar a obra do teórico Émile Durkheim e sua contribuição no surgi-
mento da Sociologia, que nasceu da necessidade de o homem compreender as mudanças da 
sociedade, o conflito entre a modernidade e a tradição. 
Vamos começar? Então, acompanhe-nos e bonsestudos! 
Objetivos de aprendizagem:
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • Entender a formação da sociologia na sociedade industrial. 
1 O surgimento da Sociologia 
A Sociologia é considerada como a mais nova de todas as Ciências Humanas (ARON,2007), 
surgindo no século XIX como consequência da industrialização, que transformava a sociedade e 
afetava as pessoas em seus aspectos econômicos, culturais e sociais. Mas o que é a Sociologia? É 
a ciência que analisa o ser humano em sua coletividade. Ou seja, neste tipo de estudo, analisamos 
os fenômenos sociais e a interação dos seres humanos com seu ambiente social.
Figura 1 – Sociedade e interação 
Fonte: tattoostock/Shutterstock.com.
Mas não há um consenso sobre a origem da Sociologia. Por quê? Alguns consideram que 
Montesquieu seja seu criador, enquanto que outros consideram Auguste Comte, por ter sido o pri-
meiro a utilizar o termo Sociologie. Para ele, deveria haver uma ciência que conseguisse analisar a 
 – 30 – 
TEMA 4
interação do ser humano com seus pares (na raiz da palavra: socio – coletividade, logos – ciência). 
No entanto, a contribuição de Emile Durkheim foi fundamental para a construção da Sociologia.
Perceba que a Sociologia surgiu como uma curiosidade de teóricos de entender as mudan-
ças que ocorriam na sociedade após a Revolução Francesa e Industrial. Lembre-se de que esses 
dois eventos permitiram a ascensão política da burguesia e consolidação do controle econômico 
com o nascimento do capitalismo industrial do século XIX.
FIQUE ATENTO!
A burguesia saiu da condição de classe subalterna para a condição de classe domi-
nante econômica e politicamente após estes dois eventos.
Essas mudanças ocorridas nos campos político e econômico afetaram diretamente o campo 
social. Por qual o motivo? O crescimento da urbanização com o êxodo rural aumentou o número 
de operários e acentuou a distinção social entre burgueses e operários. Consequentemente, gerou 
inúmeros conflitos entre as classes sociais. Essas mudanças acarretaram uma transformação 
brusca de comportamento social e, consequentemente, uma série de contrastes. A partir daquele 
momento, a sociedade estava em constante conflito entre a tradição e a modernidade.
FIQUE ATENTO!
Para Durkheim, estes conflitos sociais eram fruto da anomia e precisavam ser estu-
dados e combatidos para a manutenção da sociedade em seu ritmo normal.
A Sociologia desenvolveu-se na Europa com o intuito de compreender essas mudanças 
sociais. Como marco inicial, podemos destacar a criação por Durkheim do departamento de Socio-
logia da Universidade de Bordeauxe a sua dissociação da Psicologia e Filosofia (ARON, 2007). 
SAIBA MAIS!
Para mais informações sobre Durkheim e sua teoria sobre Sociologia, leia o texto 
disponível em: <http://wp.ufpel.edu.br/franciscovargas/files/2014/03/A-sociologia-
de-%C3%89mile-Durkheim.pdf>.
Hoje, a Sociologia é uma das principais ciências humanas, auxiliando no desenvolvimento 
do raciocínio crítico e na percepção da realidade e da sociedade onde vivemos, para que assim 
possamos interferir nela de forma consciente e solidária. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 31 – 
2 Objeto de Estudo Sociológico – Os Fatos Sociais
Para compreender melhor a construção do conhecimento humano, podemos dizer que ele 
passa por fases. A primeira é conhecida como pensamento mítico e foi dominante no período em 
que a sociedade humana desconhecia as razões de fenômenos naturais e isto era um mistério, 
logo, responsabilizava as divindades e seres sobrenaturais por esses acontecimentos (ISRAEL, 
2009). Posteriormente, em busca de uma explicação mais lógica, foi desenvolvido o pensamento 
filosófico. Sobre o que ele trata? Isto ocorreu porque a sociedade humana estava em um desenvol-
vimento social e político mais complexo, como a democracia ateniense. Somente no século XVIII, 
com a descoberta e formulação da teoria da gravidade de Isaac Newton, podemos afirmar que a 
sociedade ocidental entrou no pensamento científico (KHUN, 2001). 
O que seria o pensamento científico relacionado às ciências naturais? Podemos defini-lo 
assim, pois segue o seguinte método de análise: problematização– hipótese – análise – experi-
mentação – comprovação – para tornar-se uma lei (KHUN, 2001). Por exemplo: a 1ª Lei de New-
ton, a Lei de Lavoisier etc. Portanto, a ciência que surgiu a partir do século XVIII se diferencia das 
demais, pois há uma metodologia de análise.
Figura 2 – Isaac Newton e a macieira: ele formula a teoria da gravidade, 
após supostamente uma maçã cair em seu colo 
Fonte: bilhagolan/Shutterstock.com.
No século XIX, o que antes era restrito às Ciências da Natureza foi ampliado para Ciências 
Humanas pela Escola Alemã de Ciências Humanas sob a influência de filósofos e teóricos que, 
posteriormente, contribuíram para a formação da Escola Metódica Positivista, que também seria 
referência para Emile Durkheim. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 32 – 
SAIBA MAIS!
A escola alemã (ou prussiana) e seus adeptos irão influenciar todas as ciências 
sociais no século XIX: além da Sociologia, também inspiram a História, a Geografia, 
a Filosofia, a Política e a Antropologia. Saiba mais sobre o assunto no artigo 
disponível em:< https://www.revistas.ufg.br/teoria/article/view/28629>.
E o que vem a ser o Fato Social? Para Durkheim (2012), seria o objeto de estudo da Sociologia: 
as maneiras de agir, de pensar dos indivíduos dentro de uma norma social vigente na sociedade 
onde habita. Alguns são informalmente definidos pelo senso comum como valores, hábitos e cos-
tumes. O método sociológico de Durkheim determina que o objeto de estudo seja tomado como 
“coisa”, para assegurar a imparcialidade e a objetividade do pesquisador.
Podemos dividir as características dos Fatos sociais em três tipos (DURKHEIM, 2012). Acom-
panhe quais são eles no quadro a seguir.
Quadro 1 – Os Fatos Sociais segundo Durkheim
Coercitividade
São imposições de uma norma social que obrigam o indivíduo a ter certo padrão 
de comportamento. Podemos citar como exemplo o ato de vestir-se em nossa 
sociedade como um comportamento padrão obrigatório. 
Exterioridade
São hábitos exteriores aos indivíduos, que já estão vigentes em nossa sociedade 
e que são, posteriormente, apropriados pelo indivíduo. Por exemplo, as normas 
sociais de etiqueta. 
Generalidade
São costumes que estão generalizados nas sociedades, que definem não apenas 
o comportamento do indivíduo, como também da coletividade onde vive. Por 
exemplo, os rituais religiosos.
Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Durkheim, 2012.
Por isso, perceba que todo o sistema de educação, seja ela formal ou informal, institucional 
ou familiar, consiste em passar fatos sociais às crianças para adequá-las às normas sociais em 
que vivemos. 
3 A Solidariedade orgânica e mecânica
Segundo a Sociologia (DURKHEIM, 2012), a vida em sociedade faz com que os seus indivíduos 
vivam conectados uns aos outros de forma harmônica. E essa ligação harmônica é denominada 
solidariedade. Saiba que sua função é manter intacta a coesão do grupo social e seus indivíduos.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 33 – 
Figura 3 – Coesão e solidariedade
Fonte: PHOTOCREO Michal Bednarek/Shutterstock.com.
Além disso, Durkheim (2012) definiu o termo solidariedade em dois conceitos distintos: Soli-
dariedade Mecânica e Orgânica. Vejamos o que seria cada um deles?
A Solidariedade Mecânica é comum em sociedades primitivas pré-industriais. Com pouco 
espaço para divergências e com um padrão social rígido, nessas sociedades há uma grande homo-
geneidade social e cultural pautada pela religião e o senso comum. Este tipo de solidariedade é 
pautado pela semelhança que há entre os indivíduos.
EXEMPLO
As sociedades teocráticas da América Pré-colombiana possuíam uma solidarie-
dade mecânica quando auxiliavam seus pares, mas atacavam os povos vizinhos 
diferentes para sacrifícios ritualísticos.
Por outro lado, a Solidariedade Orgânica é aquela em que, conforme há a industrialização e a 
divisão social do trabalho, cria-se uma interdependência entre pessoas e cresce a individualidade 
de suas consciências. A coercitividade das sociedades primitivas dá lugar ao código legislativo 
que reforça os conceitos de justiça, liberdade e fraternidade. Então, agora, o que une as pessoas 
não é mais uma consciência coletiva repressora, mas sim interesses em comum com base em um 
código de regras e moral próprios. 
FIQUE ATENTO!
O Iluminismo e a Revolução Francesa possibilitaram a consolidação da Solidarieda-
de Orgânica em nossa sociedade.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 34 – 
Segundo Durkheim, a sociedade capitalista e a divisão social de trabalho que dela decorreu 
permitiu que os indivíduos pudessem viver uma Solidariedade Orgânica devido à criação de uma 
sociedade com base em direitos e deveres. Os seus componentes aceitam o papel que lhes cabe, 
desde que sejam atendidos por uma ordem social e justiça. 
Mas nem sempre a divisão social do trabalho ocorre como deveria, do contrário, pode resultar 
na desintegração social e enfraquecimento da consciência coletiva, que o autor nomeia de ano-
mia. E este assunto será melhor estudado a seguir. 
4 A anomia
Segundo Durkheim (2012), a anomia é um estágio em que há uma desintegração social, oca-
sionando um enfraquecimento da consciência coletiva. A anomia pode atingir um indivíduo ou 
até mesmo um grupo que passa a ser influenciado negativamente por ela, fazendo com que os 
integrantes comecem a agir de forma patológica socialmente, ocasionando comportamentos que 
fogem às normas sociais. 
O conceito desenvolvido por Durkheim será posteriormente também trabalhado por Robert K. 
Merton (ARON, 2007), o qual define que a anomia se intensifica a partir do momento em que o indiví-
duo abandona as normas sociais estabelecidas para satisfazer seus desejos e impulsos. Isso ocorre 
porque há uma dissociação entre as expectativas do indivíduo e os seus métodos de realização. 
O comportamento anômico ocorre quando não há um suporte social ao indivíduo ou ao grupo 
em que ele pertence, resultando em comportamentos sociais que fogem das normas estabeleci-
das. Este comportamento pode manifestar-se por meio de uma situação de coerção ou ausente 
de qualquer tipo de regulação (DURKHEIM, 2012).
EXEMPLO
O conceito de anomia pode explicar o que vemos em bairros periféricos, quando 
os índices de violência são maiores, pois a presença do Estado (saúde, segurança, 
educação) é menor que nos bairros mais centrais. Este é um conceito importante 
para pensarmos sobre a ausência de regras sociais e suas conseqüências para a 
manutenção e o funcionamento dos grupos. 
O conceito de anomia em Durkheim e Merton será, posteriormente, argumento de explicação 
do motivo pelo qual determinados grupos são mais expostos a comportamentos não condizentes 
com as normas sociais que outros. A crítica a estes estudos é que eles ocultam a existência de 
uma opressão hegemônica de certos grupos sociais, os quais estabelecem certas normas em 
detrimento dos demais grupos. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 35 – 
Fechamento
Chegamos ao fim desta aula sobre Émile Durkheim. Vimos que seus estudos contribuíram 
para a Sociologia e aprendemos a sua relevância para compreender a sociedade contemporânea. 
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • entender a formação da Sociologia na sociedade industrial.
Referências
ARON, Raymond. Etapas do Pensamento Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 
BENTIVOGLIO, Júlio. Cultura Política e Historiografia alemã no século XIX: A Escola Histórica Prus-
siana e Historische Zeitschrift, Revista Teoria de História, Goiânia, a. 1, v. 3, Jun. 2010, p. 20-58. 
Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/teoria/article/view/28629/16070>. Acesso em: 15 fev. 
2017.
DURKHEIM, Émile. A Divisão Social do Trabalho. São Paulo:Martins Fontes, 2012. 
ISRAEL, Jonathan. Iluminismo radical – A filosofia e a construção da modernidade. São Paulo: 
Madras, 2009. 
KHUN, Thomas. Estrutura das revoluções científicas. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2001.
VARGAS, Francisco E.B. A Sociologia de Emile Durkheim (1858 -1917). Pelotas, abr. 2015. Dis-
ponívelem: <http://wp.ufpel.edu.br/franciscovargas/files/2014/03/A-sociologia-de-%C3%89mile-
-Durkheim.pdf>. Acesso em: 09 fev. 2017.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 36 – 
Karl marx
Márcio Mendes da Luz
Introdução
Neste tema, vamos estudar alguns aspectos sobre a vida e a obra do filósofo socialista do 
século XIX: Karl Marx (1818 – 1883), considerado um dos maiores filósofos e pensadores do seu 
tempo. Ao aprofundar seus estudos, Marx criou o Socialismo Científico ou Marxismo, o qual influen-
ciaria os regimes socialistas estabelecidos no século XX. Nesta aula, vamos abordar alguns conceitos 
elaborados por Marx, como luta de classes e materialismo histórico; mais-valia; planificação social e 
sociedade comunista. Vamos começar?
Objetivos de aprendizagem:
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • compreender a formação da sociedade industrial.
1 Burgueses e Proletários
O século XVIII foi marcado pelo início da industrialização na Inglaterra que se espalhou para 
o restante da Europa Ocidental, EUA e Japão. Consequentemente, as mudanças econômicas e de 
técnicas de cultivos no campo, junto com a grande oferta e demanda de mão de obra nas indús-
trias urbanas, atraíram um grande contingente de trabalhadores para as cidades, fazendo com os 
centros urbanos expandissem em um crescimento demográfico vertiginoso.
FIQUE ATENTO!
A industrialização também ocasionou não só a migração para as cidades, como 
a imigração intercontinental, deslocando 50 milhões de pessoas da Europa para a 
América entre 1850 e 1950.
Mas a consolidação e a ascensão política e econômica da burguesia com as revoluções do 
século XVII e XVIII fizeram com que burgueses se distanciassem de seus subalternos, aumen-
tando a exploração sobre os operários, deixando-os em péssimas condições de vida e trabalho. 
Perceba que justamente isso implicará em diversos conflitos entre operários e burgueses a partir 
do início do século XIX.
 – 37 – 
TEMA 5
Figura 1 – Operários, essenciais para a produção 
Fonte: fuyuliu/Shutterstock.com.
De acordo com o conceito materialismo histórico, os processos de mudança social são gerados 
pela realidade material dos indivíduos (MARX; ENGELS, 1848). A história de toda sociedade até hoje 
é a história da luta de classes. O mundo sempre foi dividido entre opressores e oprimidos, seja na 
Roma Antiga, seja no Feudalismo ou no Capitalismo. Neste sentido, a burguesia apenas simplificou, 
mas não eliminou os antagonismos. Ela simplificou os antagonismos porque dividiu a sociedade em 
duas classes sociais apenas: a burguesia e o proletariado. A existência de classes sustenta-se na 
exploração não só econômica, mas social, política, intelectual etc. (QUINTANEIRO, 2000).
EXEMPLO
Para os teóricos marxistas, atualmente, a luta de classes acontece nos conflitos 
sociais, tais como a luta por moradia, educação e saúde.
Marx percebeu que a luta de classes ocorria entre burgueses e proletariados e que o objetivo 
seria superar esta luta, o que ocorreria somente com a ascensão do proletariado ao poder, pois, 
assim, acabaria com a exploração burguesa. 
SAIBA MAIS!
Para conhecer a teoria de Marx e de seu companheiro Engels, leia o Manifesto 
do Partido Comunista, disponível em: <http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_
fontes/acer_marx/tme_07.pdf>.
Você já deve ter ouvido falar em mais-valia ou de outras ideias marxistas, certo? Vamos 
conhecer mais uma delas? Continue conosco!
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 38 – 
2 A mais-valia
Engels, companheiro de Marx, ao analisar a situação penosa com que a classe operária vivia, 
em seu livro “As condições da classe trabalhadora inglesa”, relatou essas péssimas condições. 
Portanto, por meio de cartas e conversas, os dois desenvolveram o conceito de mais-valia, que, de 
certa maneira, já aparece no “Manifesto do Partido Comunista” (MARX; ENGELS,1848) e se conso-
lida em “O Capital” (MARX, 2004). E o que seria a mais-valia?
Segundo os autores, a mais-valia seria o ganho sobre a exploração do trabalho alheio. Resumindo: 
é o lucro que um patrão ganha sobre o trabalho de seu empregado. Mas muito além de uma explicação 
simplista, a crítica é direcionada ao fato de que este lucro é exorbitante comparado aos péssimos salá-
rios que são pagos aos trabalhadores, que não lhes permite uma condição digna de vida. 
EXEMPLO
Se um operário ganha mensalmente R$ 2.500,00 em uma fábrica de bicicletas e 
cada bicicleta sai do local para o lojista a um custo de R$ 250,00, este operário 
precisa fabricar 10 bicicletas para poder cobrir o seu provimento. Mas vamos supor 
que este operário fabrique 5 bicicletas por dia, totalizando ao final do mês, após 22 
dias úteis de trabalho a fabricação de 110 bicicletas, totalizando um faturamento à 
empresa de R$ 27.500 e ganho de R$ 25.000, ou seja, 11 vezes mais que o neces-
sário para o seu ganho mensal. Mesmo com a incidência desses gastos anterior-
mente descritos (18% de imposto, 5% de energia e água, e 23% de matéria-prima), o 
ganho do patrão ainda seria de R$ 12.350,00.
Para alguns, isso pode parecer natural, pois o patrão precisa lucrar. Aos olhos de Marx e 
Engels tal situação torna-se uma exploração, pois o patrão teve um ganho quase cinco vezes 
maior que seu empregado sem ao menos se desgastar na linha de montagem. O esforço foi todo 
do operário, mas, quem ganhou cinco vezes mais foi o burguês. 
Figura 2 – Karl Marx e o conceito da mais-valia mudaram os panoramas da história
Fonte: Everett Historical/Shutterstok.com.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 39 – 
Perceba que Marx encontra na mais-valia a origem de toda a exploração que a classe burguesa 
faz ao operariado e para negar a naturalização desta prática, declara na obra “Manuscrito Econô-
micos-Filosóficos” (MARX, 2008): “Se o trabalhador tudo produz, a ele tudo pertence”. Para Marx 
e Engels, a única forma de acabar com a exploração operária que o sistema capitalista burguês 
impunha seria oferecer o controle do poder para a classe operária, consequentemente, existiria um 
nivelamento social e, por fim, eliminaria a mais-valia e a luta de classes resultante dela.
3 A ideologia da igualdade
De acordo com Quintaneiro (2000, p. 88),
A sociedade capitalista baseia-se na ideologia da igualdade, cujo parâmetro é o mercado. 
Por um lado, o trabalhador que vende sua força de trabalho e por outro, o empregador que 
a paga com um salário. A idéia [sic] de ‘equivalência’ na troca é fundamental para a estabili-
dade da sociedade capitalista. Os homens aparecem como iguais diante da Lei, do Estado, 
no mercado e assim eles se vêem [sic] a si mesmos. 
Mas, a mais valia faz com que este processo não seja equivalente, já que é do salário mal pago 
que o burguês obtém seu lucro. Logo, a ideologia da igualdade serve apenas para falsear a realidade.
SAIBA MAIS!
Sugerimos a leitura do texto da Andreia Galvão sobre o marxismo e os movimentos 
sociais para que você possa conhecer mais sobre o assunto. Disponível em: <http://
www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/artigo235artigo5.pdf>.
Os autores também propunham que o Socialismo seria possível a partir do momento em que 
a população percebesse que o sistema capitalista não se sustentaria mais. Mas ao contrário dos 
utópicos que achavam que isto ocorreria naturalmente, para Marx e Engels esta mudança apenas 
ocorreria se houvesse uma revolução que colocasse a classe operária no poder. 
A partir do momento que o operariado estivesse no poder haveria a socialização das riquezas 
nacionais, por isso o uso do termo socialista, em que as pessoas ainda manteriam seus bens pes-
soais e individualidades, mas o lucro das indústrias seria revertido para a sociedade, a educação 
pública seria universal e de qualidade. Além disso, seria feita a reforma agrária, em que toda a 
população poderia usufruir das mesmas condições de vida. 
Por acreditar que o socialismo apenas seria possível pela revolução proletária, Marx também 
propunha que o socialismo, primeiramente, iria consolidar-se em países que tivessem forte industriali-zação e uma classe operária já estabelecida, ou seja, possivelmente, algum país da Europa Ocidental. 
Apesar de experiências como a Comuna de Paris, a Revolução Socialista somente foi possível 
no século XX, após a morte de Marx e Engels e, apesar de inspirada na obra desses dois autores, 
ocorreram em sua larga maioria em países cuja classe operária era pequena e os camponeses 
maioria (Rússia, 1917; Mongólia, 1924; China, 1949; Cuba, 1959; Vietnã, 1963). 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 40 – 
FIQUE ATENTO!
Entre os líderes e teóricos socialistas do século XX, de inspiração marxista, pode-
mos citar Georg Lukacs, Vladimir Lênin, Leon Trotsky e Antônio Gramsci, todos com 
obras importantes publicadas.
Falamos tanto em socialismo e é comum ouvirmos o termo comunismo também, não é 
mesmo? Você sabe a distinção entre eles? Então, acompanhe-nos para entender do que se trata.
4 O comunismo
O termo comunismo vem de domínio comum. Para Marx, um exemplo disso são as comu-
nidades primitivas. Por quê? Pois partilhavam suas ferramentas e esforços, não havia diferenças 
sociais e nem materiais entre seus habitantes. Para Marx e Engels, a volta ao comunismo seria o 
último estágio de evolução da sociedade humana, que ocorreria após a Revolução Socialista. Este 
seria o estágio da sociedade perfeita em que há a ausência de um Estado regulador das relações 
sociais e as pessoas seriam responsáveis pela sua autogestão. Perceba na figura a seguir a evolu-
ção da sociedade humana na visão de Marx e Engels.
Figura 3 – Evolução da sociedade humana, segundo Marx e Engels
Sociedade 
Primitiva
Sociedade 
Antiga
Sociedade 
Feudal
Sociedade 
Mercantilista
Sociedade Capitalista 
Industrial
Sociedade 
Socialista
Comunismo
 • REVOLUÇÃO
Fonte: Elaborada pelo autor, adaptada de Marx e Engels, 2005.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 41 – 
O modo de vida comunista seria igual ao das sociedades primitivas quando falamos em parti-
lha, mas manteria o desenvolvimento tecnológico e industrial. A diferença em relação às sociedades 
capitalistas estaria nos meios de produção, os quais pertenceriam não mais ao burguês, mas sim à 
população, com a divisão igualitária de sua produção e dos rendimentos provenientes dela.
FIQUE ATENTO!
Mesmo nos países que se dizem socialistas atualmente, apenas a Coreia do Norte 
mantém o governo e economia socialistas.Os demais são classificados como mis-
tos, isto é, politicamente socialistas e economicamente liberais.
Mesmo com a intenção das Revoluções Socialistas no século XX (1917, na Rússia; 1949, na 
China; 1959, em Cuba e outros países), elas não atingiram o sucesso da sociedade comunista, pois 
nessas sociedades, mesmo ocorrendo a estatização das indústrias, reforma agrária e acessos da 
população à saúde e educação, que melhorou a qualidade de vida da população nesses países, os 
conflitos não conseguiram acabar com a distinção social.
Figura 4 – Revolução Russa, outubro de 1917.
Fonte: Everett Historial/Shutterstock.com.
No caso dos países socialistas, sempre havia uma elite que regia o governo nesses países, no 
caso da União Soviética (que substitui a Rússia Czarista), esse grupo chamava-se Politurbo. Muitos 
teóricos definiam este socialismo como socialismo real, pois permeou politicamente todo o século XX. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 42 – 
Fechamento
Vimos que a teoria socialista surge como uma reação e alternativa à opressão que a classe 
burguesa exercia sobre a classe operária social. Marx e Engels apropriaram-se do socialismo utó-
pico, criaram o socialismo científico, termos e conceitos como materialismo histórico, mais-valia e 
comunismo, os quais permearam os estudos socialistas nos séculos XIX e XX.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
 • compreender a formação da sociedade industrial.
Referências
ENGELS, Friedrich. A Situação da Classe Trabalhadora Inglesa. Tradução de B.A. Schuman. São 
Paulo: Boitempo Editorial, 2008. 
GALVÃO, Andreia. Marxismo e movimentos sociais. Campinas: Unicamp, 2011. Disponível em: 
<http://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/artigo235artigo5.pdf>. Acesso 
em: 15 fev. 2017.
QUINTANEIRO, T. (Org.). Um toque de clássicos: Durkheim, Marx e Weber. 2. ed. Belo Horizonte: 
UFMG, 2000.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O Manifesto do Partido Comunista. Domínio Público, 1848, tradu-
ção livre do espanhol. 
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.
MARX, Karl. Manuscritos Econômicos-Filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2008. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 43 – 
Max Weber
Adriana Duarte de Souza Carvalho da Silva
Introdução
Max Weber (1864 -1920) é um dos mais importantes pensadores do século XX, e suas obras 
permitiram um novo olhar sobre a sociedade contemporânea, especialmente porque ele mostrou 
que a cultura tem um forte impacto na construção de instituições políticas e econômicas, e é defi-
nidora da conduta humana. 
Max Weber teve uma ampla formação acadêmica, mas é, sobretudo, conhecido como um 
dos pensadores fundadores da ciência denominada Sociologia. Vamos conhecer mais sobre ele? 
Então, acompanhe-nos e bons estudos!
Objetivo de aprendizagem:
Ao final desta aula, você será capaz de:
 • reconhecer a cultura e a organização do capitalismo. 
1 A ação social
Para começarmos, o que é ação social? O conceito de ação social é central na obra de Max 
Weber e foi definido na sua obra magistral chamada “Economia e Sociedade” (1999). Por meio 
desse conceito, o autor quis entender de que forma o comportamento e ações de cada indivíduo 
são transformadores da sociedade que o cerca. Primeiro, vamos definir o conceito para, depois, 
explicá-lo melhor. Segundo Quintaneiro (2000, p. 107):
O conceito de ação social é, portanto, um dos mais importantes da Sociologia de Weber. Ele 
o define como uma conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de um significado 
subjetivo dado por quem o executa, o qual orienta seu próprio comportamento, tendo em 
vista a ação – passada, presente ou futura – de outro ou de outros que, por sua vez, podem 
ser “individualizados e conhecidos ou uma pluralidade de indivíduos indeterminados e com-
pletamente desconhecidos”. (WEBER, Economía y Sociedad, 1984, p. 18).
FIQUE ATENTO!
Ação social, na obra “Economia e Sociedade”, não é sinônimo de caridade. A tradução 
pode ser confusa do alemão para o português. Entenda melhor o conceito a seguir.
 – 44 – 
TEMA 6
Aron (2000, p. 491) define a ação social weberiana, isto é, definida por Weber, da seguinte forma:
A ação social é um comportamento humano (...), em outras palavras, uma atividade interior 
ou exterior voltada para a ação, ou para a abstenção. Esse comportamento é a ação quan-
do o autor atribui à sua conduta um certo sentido. A ação é social quando, de acordo com 
o sentido que lhe atribui o ator, ela se relaciona com o comportamento de outras pessoas. 
Para compreender esse conceito, observe a imagem.
Figura 1 – Trabalho
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com. 
Aqui podemos observar indivíduos trabalhando em grupo, ou seja, uma situação cotidiana. 
Além disso, perceba que se trata de uma ação que o indivíduo atribui um sentido pessoal. Por 
exemplo, talvez para o homem de óculos na imagem, trabalhar tenha um sentido de realização 
pessoal, de conquista de objetivos e sonhos. Por outro lado, talvez para a mulher, que aparece de 
costas, trabalhar seja cansativo e apenas uma obrigação. Note que cada indivíduo atribui um sen-
tido para ação, que se relaciona com sua história de vida e personalidade. 
Figura 2 – Movimento Social 
Fonte: Peter Scholz/Shutterstock.com. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 45 – 
Por outro lado, nessa imagem, podemos observar um movimento social e indivíduos cla-
mando por justiça social. Novamente, cada indivíduo atribuirá um sentido diferente para a ação 
social que empreende. Talvez para determinada pessoa se manifestar seja uma forma de mudar 
sua realidade social e, para outra, apenas uma maneirade aparecerna mídia. Não há, em Weber 
(1999), a intenção de fazer julgamentos de valores sobre a ação de cada indivíduo, mas apenas de 
compreender como cada ator social atribui um sentido diferente para suas atitudes. Além disso, o 
conceito de ação social possibilita-nos compreender como a sociedade é transformada pela ação 
de cada indivíduo (WEBER, 2000). 
SAIBA MAIS!
Conheça mais sobre a obra “Economia e Sociedade” por meio do artigo “Máquinas 
petrificadas: Max Weber e a sociologia da técnica”, de Carlos Eduardo Sell. O material 
está disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-
31662011000300006&lng=pt&nrm=iso>.
Quando nascemos, um conjunto de regras nos é imposto. Aprendemos a diferença entre o 
certo e o errado. Aprendemos como nos vestir, como comer, como nos portar em diferentes situ-
ações sociais. Aprendemos que devemos estudar, trabalhar, constituir uma família. Mas é a ação 
de cada indivíduo que transforma a sociedade.
EXEMPLO
O movimento social feminista possibilitou que as mulheres tivessem o direito ao 
voto. Ainda, as pesquisas realizadas por cientistas desenvolveram tecnologias que 
tornam a nossa vida mais confortável, por meio de uso de computadores, auto-
móveis, smartphones. Sim, nascemos em uma sociedade de regras prontas, mas 
nossas ações sociais cotidianas têm o potencial de transformá-la.
Aron (2000) explica ainda que as ações sociais se apresentam no contexto de relações 
sociais. Ou seja, transformamos a realidade à medida que interagimos com os outros, que criamos 
laços – sejam eles afetivos, familiares, profissionais, políticos, entre outros.
SAIBA MAIS!
No artigo científico “Max Weber e a história cultural da modernidade”, de Gangolf 
Hübinger, você poderá conhecer um pouco mais sobre Weber e sua obra. Sugerimos 
a leitura da Introdução (pág. 119 a 121), disponível em: < http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-20702012000100007&lng=pt&nrm=iso>.
Agora vejamos outras contribuições de Weber para a Sociedade Contemporânea? Acompa-
nhe-nos para conhecer sobre a ética protestante e o espírito do capitalismo.
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
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2 A ética protestante e o espírito do capitalismo
Onde surgiu o capitalismo como assunto na obra de Weber? A obra “A Ética Protestante e o 
Espírito do Capitalismo” (2000) teve como objetivo central explicar as condições culturais do surgi-
mento desse sistema econômico, que colocou fim no sistema feudal de produção. Weber (2000) 
mostra que há duas importantes características nesse sistema econômico que rompem com o 
modelo anterior: o lucro e o trabalho assalariado. Dessa forma, mais do que meramente romper 
com o sistema de produção anterior, era preciso que ocorresse uma profunda mudança no plano 
da cultura, não é mesmo? Para isso, essa ruptura teria que levar a sociedade europeia da época a 
privilegiar o lucro e o trabalho, em detrimento de outros valores.
Um dos métodos de Weber para realizar suas pesquisas em Sociologia da religião é o método 
estatístico e a construção de tipos ideais, que são instrumentos de abstração que se aproximam 
da realidade. 
EXEMPLO
Esse “capitalista”, ao qual se refere Weber (2000), é o típico industrial que dedica sua 
vida à exploração do trabalho assalariado, almejando o crescimento da sua empresa.
Primeiro de tudo, lembre-se de que, enquanto no modelo feudal havia o catolicismo, que des-
prezava o lucro como algo pecaminoso e uma nobreza que desprezava o trabalho como algo 
indigno, por outro lado, no modelo do capitalismo, há uma ruptura com tais percepções. Weber 
(2000) mostra que, para que surgissem as condições que tornassem possível o capitalismo, era 
fundamental romper com a percepção de que o lucro era diabólico e de que o trabalho era despre-
zível. Apenas uma cultura de valorização do lucro, que tornasse o trabalho como algo central na 
sociedade, poderia justificar a acumulação do capital.
Weber (2000) percebeu que tais valores faziam parte do sistema de valores do protestan-
tismo calvinista, que crescia na Europa no fim do sistema feudal. No entanto, o calvinismo ascé-
tico valoriza o trabalho como algo que é requerido por Deus dos homens e autoriza o lucro, con-
trariando justamente os princípios católicos. Riesebrodt (2012), sobre esse assunto, explica que 
até então não havia qualquer ideologia que defendia, por motivos religiosos, uma vida voltada ao 
trabalho e à obtenção de lucro. 
Conforme a análise de Riesebrodt (2012), Weber, ao estudar o protestantismo ascético, per-
cebeu que este dava bastante ênfase ao trabalho e ao exercício profissional. Os calvinistas acre-
ditavam que, aqueles que haviam sido escolhidos por Deus para serem salvos, poderiam ter a 
demonstração dessa escolha divina manifesta no sucesso financeiro. Posteriormente, essa con-
cepção de vida voltada para o trabalho foi denominada de utilitarismo.
Na obra de Weber (2000), o conceito de ascetismo é muito importante. Por quê? Pois o asce-
tismo é uma concepção de vida com base na ideia de que a busca de qualquer prazer mundano 
não é correta e que o prazer deve ser evitado. Resumindo: uma vida ascética é aquela voltada 
exclusivamente ao trabalho, à família, à igreja. O trabalho é o centro daqueles indivíduos que pre-
gam o ascetismo. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
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Figura 3 – Indivíduo ascético
Fonte: ivector/Shutterstock.com. 
Não é difícil visualizarmos este tipo de indivíduo em nossa sociedade atual, certo?
FIQUE ATENTO!
Essa concepção ascética de vida promove um tipo de trabalhador que é compatível 
com o trabalhador assalariado das indústrias capitalistas. É o indivíduo que vive a 
sua vida dedicada, exclusivamente, ao trabalho.
Façamos agora uma leitura atual do que representa o pensamento de Weber. Vamos pensar, 
por meio de um exemplo, como as percepções de Weber ainda são atuais.
Figura 4 – O trabalho na contemporaneidade
Fonte: SasinTipshai/Shutterstock.com. 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 – 48 – 
Vamos refletir sobre esse soldador. Imagine que ele acorda muito cedo para entrar às 7 horas 
da manhã na fábrica. Trabalha oito horas diárias e ainda quatro horas no sábado. Trata-se de um 
trabalho insalubre, pelo qual ele não é bem remunerado. A insalubridade causa danos à sua saúde 
e ele pode ter problemas como dores nas costas, tendinite e problemas respiratórios causados 
pela inalação do pó. Esse homem tem uma família e não consegue sustentá-la apenas com o salá-
rio de soldados. Ele faz “bicos” aos finais de semana para complementar sua renda. Esse homem 
vive uma vida ascética. O lazer não faz parte da sua rotina ou faz muito pouco, porque atividades 
de lazer são caras e ele tem pouco tempo para isso. 
Perceba que Weber escreveu sua obra há cerca de um século, mas o capitalismo continua 
exigindo uma vida voltada para o trabalho. O lucro ainda é fundamental para que o proprietário se 
mantenha no negócio, especialmente, tendo em vista o aumento da competição internacional e, 
para isso, geralmente paga mal ao trabalhador. Vivemos uma cultura voltada para o trabalho, por-
que isso é essencial para a manutenção da vida com dignidade. 
FIQUE ATENTO!
Weber (2000) analisa a famosa expressão “tempo é dinheiro”. Isso mostra o quanto 
o autor é contemporâneo, porque, atualmente, vivemos essa realidade, e a maior 
parte da nossa vida é voltada para a busca de renda por meio do trabalho.
Hoje há um discurso midiático sobre a busca do prazer. Essa busca relaciona-se, especial-
mente, com viagens, frequência a clubes e resorts, visitas a shoppings, bares e restaurantes, den-
tre tantas outras atividades. Mas todas elas, de alguma forma, relacionam-se ao consumo e para 
consumi-las, é necessário trabalhar. Isso mostra como nossa sociedade mudou, mas também 
indica como o pensamento de Weber continua atual. 
Fechamento
Conhecemos duas das mais importantes obras de Max Weber: “Economia e sociedade” e a 
“A ética protestante e o espírito do capitalismo”. Você aprendeu que o autor estudou a ação social 
e avaliou

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