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Aula 01
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
1. Lei 8.078/1990	2
Vigência	2
Análise do artigo 1° CDC	2
Antinomia de leis	3
Princípios	5
Vulnerabilidade	5
Hipossuficiência	6
Confiança	6
Boa-fé	10
Informação	11
Relação de consumo	12
Sujeito ativo	12
 Consumidor standard	12
 Consumidor por equiparação	13
Sujeito passivo	14
Objeto	16
Direitos básicos dos consumidores 	17
Aula 01
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
CO	Bibliografia:
Programa de Direito do Consumidor, Sergio	Cavalieri Filho;
Manual de Direito do Consumidor, Flavio Tartuce;
Publicidade, Renato Porto.
Lei 8.078/1990
Vigência
Essa lei, conhecida como Código de Defesa do Consumidor, é datada do dia 11/09/1990. Sua entrada em vigor, contudo, dá-se em março de 1991, porquanto o seu artigo 118 estabelece uma vacatio legis de 180 dias.
CDC, Art. 118. Este Código entrará em vigor dentro de cento e oitenta dias a contar de sua publicação.
Com efeito, fugindo à regra da aplicação imediata, são regidos pelo CDC, ainda que celebrados antes de sua vigência, os contratos de trato sucessivo (aqueles cujas tratativas renovam-se de maneira periódica). Como peculiaridade, têm a dies a quo (dia inicial), porém, não consta como cláusula o dies ad quem.
Exemplo: contrato de plano de saúde. Há data de início, porém, não a final. A cada mês de pagamento da fatura, renova-se a intenção de manter vigente o referido contrato.
Análise do artigo 1° CDC
CDC, Art. 1° O presente Código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos artigos 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e artigo 48 de suas Disposições Transitórias.
O preceptivo em questão assinala ser o CDC uma norma de ordem pública (forte relevância e interesse social), fundado na Constituição da República, em seus artigos 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, e 48 do ADCT.
Observação: por tratar-se de norma de ordem pública, os institutos do CDC podem ser concedidos de ofício. Exemplifica-se com a inversão do ônus da prova, ex officio, pelo magistrado.
Entretanto, a jurisprudência, inclusive sumulada, tem arrefecido essa regra. Afasta o reconhecimento, de ofício, da nulidade em cláusula de contrato bancário. Critica-se essa
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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
posição, haja vista seu favorecimento às instituições bancárias, em detrimento dos demais contratos.
Verbete n° 381 - Súmula do STJ
Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.
Da análise do mencionado artigo 1°, infere-se ser o direito do consumidor um direito fundamental e, também, um princípio de ordem econômica (lembre-se de que a economia é movimentada pelo consumo da população).
O artigo 48 do ADCT determina a elaboração do CDC pelo Congresso Nacional em prazo de 120 dias. Eis o motivo por que alguns autores asseveram ter o CDC raízes constitucionais.
ADCT, Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.
Antinomia de leis
A famigerada pirâmide normativa de Kelsen aloca em seu topo a Constituição. Na base, as leis ordinárias. O CDC, nessa conjuntura, situa-se numa posição intermediária, porquanto se trata de norma de eficácia supralegal. Daí, em havendo conflito com legislação ordinária, deve esta ter aplicação subsidiária, prevalecendo o CDC.
Sem embargo, argumento mais completo é fornecido por Erik Jayme, por meio da sua teoria do "diálogo das fontes", a qual é importada para o Brasil pela professora Cláudia Lima Marques.
Segundo tal teoria, o sistema jurídico é vivo (porque as relações humanas mudam diuturnamente) e harmônico (inexiste impedimento de interação entre as leis). Sobre a polêmica acerca do prazo de duração da negativação do nome de alguém em órgãos de restrição de crédito (5 anos pelo CDC versus 2 anos de prazo prescricional estatuído pelo CC), decisão interessante do Rio de Janeiro sustenta não haver impedimento em utilizar o CDC na relação jurídica e socorrer-se à regra mais benéfica do Código Civil. Cuida-se, pois, de verdadeiro diálogo de fontes.
0391555-42.2008.8.19.0001 - APELACAO
DES. NAGIB SLAIBI - Julgamento: 27/06/2012 - SEXTA CAMARA CIVEL
Direito Bancário. Ação postulando o cancelamento de nome do consumidor inscrito em
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cadastro restritivo de crédito do marido falecido, há mais de sete anos. Alegação de dívida inexistente e pleito de danos morais. Cabimento.Relação de consumo. Inversão do ônus da prova. Comprovação da autora que comunicou a morte do marido tendo o cartão de crédito sido cancelado após o falecimento do mesmo. Posterior negativação do nome do falecido e cobrança através de boletos enviados a viúva durante anos. Meio impróprio para a cobrança da suposta dívida, causando transtorno psíquico a autora que já se encontrava abalada pela recente morte do marido.Danos morais. Fixação Razoável em R$ 10.000,00 (dez mil reais). Precedente: 0002777-84.2009.8.19.0212 - Apelação Des. Eduardo Gusmão Alves De Brito - Julgamento: 18/08/2011 - Décima Sexta Câmara Cível.De acordo com o art. 43 do Código de Defesa do Consumidor, o limite temporal máximo para a manutenção do registro negativo em nome do consumidor é de 05 (cinco) anos, devendo ser excluído tão-logo seja consumada a prescrição para a cobrança do débito. Muito embora a relação jurídica entre as partes seja de consumo, aplicando-se, portanto, as normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor, o vigente Código Civil se mostra contemporâneo e, em muitos momentos, suficiente para a proteção do consumidor, que, de certo, não está resguardado apenas pelo Código de Defesa do Consumidor, mas também por toda e qualquer outra legislação que lhe seja mais favorável. Aplicação do prazo prescricional previsto no artigo 206, §3°, V do Código Civil. Revogação do artigo 27 do Código de Defesa do Consumidor, pois aquele é mais benéfico ao consumidor do aue este, apesar de previsto em diploma próprio. Considerando que o prazo prescricional para a consumidora exercer sua pretensão de reparação por dano ocorrido em relação de consumo em face do fornecedor é de três anos, à luz do art. 206, § 3°, V do Código Civil, a pretensão do fornecedor para cobrar crédito do consumidor deverá obedecer, por simetria, o mesmo enquadramento legal, sob pena de se estabelecer um tratamento diferenciado e muito mais lesivo ao consumidor, o que afrontaria os princípios da razoabilidade e isonomia. Por fim, ressalte- se que a redução do prazo prescricional e, consequentemente, do limite temporal para a manutenção do nome do consumidor nos cadastros de proteção ao crédito, possibilitará o reingresso de milhões de devedores no mercado, do qual estavam à margem em razão de dívidas pretéritas. Provimento do recurso.
Exemplifiquemos também com o contrato de transporte. O Código de Defesa do Consumidor isenta a responsabilidade civil do fornecedor no contrato de transporte quando comprovar culpa exclusiva da vítima, de terceiro, que não colocou o produto no mercado ou que o defeito não existe. Nada obstante, o Código Civil aponta que a culpa exclusiva de terceiro não isenta da responsabilidade. O professor sustenta a aplicação conjunta dos diplomas, demaneira a incidir o CDC com todas as suas garantias e essa específica regra mais benevolente prevista no Código Civil.
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Princípios
Seu estudo afigura-se na medida em que, como a lei é principiológica, o passar do tempo não a torna vetusta. Há quem fale que "os princípios são o tecido da lei". Demonstram-se relevantes porquanto dão fôlego aos diplomas normativos, permitindo-lhes acompanhar, de certa maneira, as transformações sociais constantes. Vale dizer, por exemplo, que nos últimos 50 anos, a humanidade evoluiu de modo ímpar, como nunca antes conseguira em toda a sua história. E, certamente, o processo legislativo necessário à criação de dado diploma não teria pernas para acompanhar cada novel mudança experimentada pela sociedade. Mesmo porque isso seria impossível. Entra em cena, nesse contexto, o trabalho dos princípios, que visam, como já se disse, a fornecer uma resposta mais contemporânea aos reclamos sociais.
O professor espanhol Emílio, da Universidade Complutense de Madrid, vaticina que "os princípios estão para as leis, tais como o nascimento civil: existem independentemente do registro civil; existem por si sós".
Vulnerabilidade
Vulnerabilidade é característica ínsita ao ser humano. É impossível o ser humano não ser vulnerável frente a um fornecedor de produtos/serviços, cuja relação consubstancia uma clara desigualdade, haja vista uma das partes ter, preteritamente, estudado e pesquisado e desenvolvido políticas de propagandas voltadas à contratação com a outra parte.
Exemplo: será que o consumidor estará a exercer legitimamente seu direito de escolha ao entrar em um supermercado, permeado por diversas técnicas sensoriais (vide as constantes fornadas de pão), com ausência de janelas e relógios, músicas sendo tocadas constantemente (tudo com vistas a fazer com que o indivíduo perca a noção do tempo), piso escorregadio (para determinar um andar mais vagaroso), e, lá, compra uma das diferentes marcas de sabão em pó (que, de fato e de direito, pertencem à mesma empresa). Ainda se lhe fornece a possibilidade de compra com o cartão de crédito e a prazo (porque estudos comprovam o maior prazer nesse tipo de compra).
Visto isso, não é preciso tecer maiores considerações acerca da vulnerabilidade. E, por conta da existência dela, o CDC positiva institutos jurídicos que visam a equilibrar a relação havida entre fornecedor/consumidor, com uma clara materialização dos direitos de terceira dimensão (fraternidade).
O Ministro Luiz Fux, ao ser sabatinado, foi questionado por um senador sobre se ele trataria todos igualmente. A resposta de Fux foi negativa, o que causou espanto ao parlamentar. Ato contínuo, o sabatinado indagou-lhe: "Vossa Excelência trataria igualmente
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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
um menor impúbere e um absolutamente capaz? Trataria de modo igual empregado e empregador? Trataria isonomicamente fornecedor e consumidor? Não? Eis o motivo pelo qual não tratarei todos igualmente!". Isso reflete a ideia que deve permear o tratamento conferido às relações disciplinadas pelo Código de Defesa do Consumidor.
Hipossuficiência
Autores há a sustentar a não ocorrência de diferenças entre hipossuficiência e vulnerabilidade. O professor discorda desse ponto de vista. O vulnerável é o indivíduo que está em desvantagem; o hipossuficiente (=abaixo da suficiência) também está. Logo, a partir de uma análise etimológica, não haveria se falar em diferença.
Contudo, a hipossuficiência reside no campo processual. Vide o artigo 6°, inciso VIII, do CDC:
CDC, Art. 6°, VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Confiança
Garante direitos aos consumidores que, de qualquer forma, acreditaram na credibilidade do fornecedor.
Considere o caso de indivíduo que comprou um celular da Apple em New York, para o qual, por ter pagado uma quantia a maior, possui garantia internacional, que lhe conferia o direito de requerer, em território brasileiro, a manutenção do aparelho se ocorrer algum problema.
Os tribunais brasileiros sempre observaram a máxima segundo a qual não se confere garantia em território nacional a produto comprado no exterior. Isso porque, por vezes, tal produto sequer foi lançado no Brasil, sendo seu funcionamento desconhecido, inclusive, pela assistência técnica das empresas existentes no país.
Entretanto, sobre o tema, há uma decisão do STJ paradigmática no caso Panasonic, no qual se chegou ao entendimento de que "se empresas nacionais se beneficiam de marcas mundialmente conhecidas, incumbe-lhes responder também pelas deficiências dos produtos que anunciam e comercializam, não sendo razoável destinar-se ao consumidor as consequências negativas dos negócios envolvendo objetos defeituosos.”
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Mediante essa mudança de posicionamento, a garantia internacional paga pelo consumidor brasileiro que comprou o celular da Apple foi desnecessária e não tem qualquer valia, eis que o indivíduo pode socorrer-se ao Judiciário para proceder à troca do aparelho.
Abaixo, colacionam-se as notícias e o julgado do STJ para melhor compreender o
caso.
Notícias do STJ
Panasonic deve indenizar cliente por falta de conserto de produto comprado no exterior
A Panasonic do Brasil Ltda. terá de pagar uma indenização de R$ 4 mil a Plínio Gustavo Prado Garcia, por não ter atendido a um pedido de conserto de uma câmera de vídeo. A Panasonic brasileira alegava que o certificado de garantia, válido por um ano, estaria limitado ao território norte-americano e que, por isso, não estaria obrigada a sanar o defeito. A decisão é da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), após a Panasonic entrar com uma ação rescisória para desconstituir a decisão da Quarta Turma que a obriga a indenizar o consumidor. A ação rescisória serve para desconstituir ou revogar acórdão ou sentença de mérito transitada em julgado (quando não cabe mais recurso), substituindo-a por outra, que reapreciará objeto da ação anterior, quando aquela foi proferida com vício ou ilegalidade. Ao apreciar o pedido, o ministro Castro Filho, relator da ação, destacou que a ação rescisória só se justifica "quando a lei é ofendida em sua literalidade, ensejando exegese absurda, não quando é escolhida uma interpretação dentre outras também possíveis". O próprio Supremo Tribunal Federal (STF) afirma o ministro tem súmula afirmando que "não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais." Para o relator, é o que se verifica nesse caso, na medida em que a matéria suscita grande discussão doutrinária e jurisprudencial, sem que haja consenso a seu respeito. Basta ver que o próprio acórdão que se pretende rescindir teve dois votos vencidos. "Desse modo, como corretamente asseverou o Parquet federal, incabível, no caso, a ação rescisória, sob pena de se estar permitindo, por via transversa, a perpetuação de discussão sobre matéria que foi decidida, de forma definitiva, por este Superior Tribunal, em conformidade com a sistemática processual vigente, devendo prevalecer, por isso, a segurança jurídica representada pelo respeito à coisa julgada. Este, no que interessa, oteor do parecer ministerial". Com a decisão da Segunda Seção de negar a ação rescisória, foi mantido o acórdão da Quarta Turma do STJ. Valendo, dessa forma, o entendimento do ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, que, à época, ressaltou: "estamos vivendo em uma nova realidade, imposta por uma economia globalizada. O mercado consumidor, não se pode negar, vê-se hoje, 'bombardeado' por intensa e hábil propaganda, a induzir a aquisição de produtos levando em linha de conta diversos fatores, entre os quais, e com relevo, a respeitabilidade da marca. Dentro dessa moldura, não há como dissociar a imagem da recorrida 'Panasonic do Brasil Ltda.' da marca mundialmente conhecida 'Panasonic'". A
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história Em julho de 1991, Plínio Garcia viajou aos Estados Unidos. Quando estava na cidade de Miami, no estado da Flórida, resolveu comprar uma máquina filmadora da marca Panasonic. Plínio escolheu o modelo PV-41-D, recém-lançado no mercado norte- americano. Ao chegar ao Brasil, o aparelho apresentou defeito. Em razão disso, Garcia procurou a Panasonic do Brasil para consertá-lo. A empresa, por desconhecer o produto, alegou não poder fazer nada para ajudá-lo. Ele procurou um outro lugar em que pudesse sanar o defeito. Isso ocasionou o gasto de uma enorme quantia em dinheiro. Indignado com o ocorrido, Plínio entrou na Justiça contra a Panasonic do Brasil Ltda. A questão começou em São Paulo quando Garcia entrou com uma ação de indenização que cobrisse os gastos com o conserto do aparelho defeituoso. O caso tramitou na primeira e na segunda instância, mas o consumidor não teve sucesso. Por intermédio de recurso especial, o caso foi levado ao Superior Tribunal de Justiça. Em sua defesa, Plínio se baseou na afirmativa de que "a garantia contra defeitos de fabricação é garantia do produto e não do território onde ele tenha sido fabricado ou vendido". Seaundo ele, se as empresas lucram mundialmente, a garantia deve ser global. Em contrapartida, a Panasonic do Brasil se defendeu dizendo que esse caso feria os dispositivos do Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90, parágrafo 3°, artigo 12): "O fabricante, o construtor, o produtor ou o importador só não será responsabilizado quando provar que não colocou o produto no mercado." Na Quarta Turma, a discussão do tema gerou polêmica à época do julgamento. O ministro Aldir Passarinho Junior, relator do processo, entendeu não ser possível aplicar o Código de Defesa do Consumidor brasileiro a um negócio feito no exterior. Para ele, "quando um viajante adquire uma mercadoria estrangeira, é uma opção que tem. Porém também um risco, exatamente o de comprar um equipamento sem condições de garantia, ou de manutenção dispendiosa". Ao não conhecer do recurso especial, acompanhado pelo ministro Barros Monteiro, o relator ainda argumentou que abrir um precedente jurídico como esse seria perigoso, uma vez que "todos os produtos contrabandeados serão automaticamente beneficiados, passando a ser garantidos pelas empresas brasileiras da mesma marca". O ministro Sálvio de Figueiredo, contudo, divergiu. "Tenho para mim que, por estarmos vivendo em uma nova realidade, imposta pela economia globalizada, temos também presente um novo quadro jurídico, sendo imprescindível que haja uma interpretação afinada com essa realidade", afirmou o ministro à época. "Não basta, assim, a proteção calcada em limites internos e em diplomas legais tradicionais, quando se sabe que o Código brasileiro de proteção ao consumidor é um dos mais avançados textos legais existentes, diversamente do que se dá, em regra, com o nosso direito privado positivo tradicional", de que são exemplos o Código Comercial, de 1.850, e o Código Civil de 1916, que em muitos pontos já não mais se harmonizam com a realidade de nossos dias". Dessa forma continuou o ministro, se a economia globalizada não tem fronteiras rígidas e estimula e favorece a livre concorrência, é preciso que as leis de proteção ao consumidor ganhem maior expressão em sua interpretação, na busca do equilíbrio que deve reger as relações jurídicas, dimensionando-se, inclusive, o fator risco, inerente à competitividade do
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comércio e dos negócios mercantis, sobretudo quando em escala internacional, em que presentes empresas poderosas, multinacionais, com sucursais em vários países, sem falar nas vendas hoje efetuadas pelo processo tecnológico da informática e do mercado consumidor que representa o nosso País. No entender do ministro, não há como dissociar a imagem da Panasonic do Brasil da marca internacional Panasonic. Logo, se aquela se beneficia desta e vice-versa, devem uma e outra arcar igualmente com as conseqüências de eventuais deficiências dos produtos que anunciam e comercializam, não sendo razoável que seja o consumidor, a parte mais frágil nessa relação. aquele a suportar as conseqüências negativas da venda feita irregularmente, porque defeituoso o objeto", concluiu. O entendimento do ministro Cesar Rocha foi o de que a globalização beneficia a Panasonic brasileira com a credibilidade do nome, portanto a empresa "tem que oferecer algo em contrapartida aos consumidores dessa marca, e o mínimo que disso possa decorrer é o de reparar o dano sofrido por quem compra mercadoria defeituosa, acreditando no produto". O ministro Ruy Rosado de Aguiar concordou, aproveitando para afirmar: "Se a Panasonic está em todos os lugares, ela pode prestar serviços em todos os lugares". Ele foi acompanhado pelos ministros Cesar Asfor Rocha e Ruy Rosado de Aguiar.
DIREITO DO CONSUMIDOR. FILMADORA ADQUIRIDA NO EXTERIOR. DEFEITO DA MERCADORIA. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA NACIONAL DA MESMA MARCA ("PANASONIC"). ECONOMIA GLOBALIZADA. PROPAGANDA. PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR. PECULIARIDADES DA ESPÉCIE. SITUAÇÕES A PONDERAR NOS CASOS CONCRETOS. NULIDADE DO ACÓRDÃO ESTADUAL	REJEITADA,	PORQUE
SUFICIENTEMENTE FUNDAMENTADO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO NO MÉRITO, POR MAIORIA.
- Se a economia globalizada não mais tem fronteiras rígidas e estimula e favorece a livre concorrência, imprescindível que as leis de proteção ao consumidor ganhem maior expressão em sua exegese, na busca do equilíbrio que deve reger as relações jurídicas, dimensionando-se, inclusive, o fator risco, inerente à competitividade do comércio e dos negócios mercantis, sobretudo quando em escala internacional, em que presentes empresas poderosas, multinacionais, com filiais em vários países, sem falar nas vendas hoje efetuadas pelo processo tecnológico da informática e no forte mercado consumidor que representa o nosso País.
- O mercado consumidor, não há como negar, vê-se hoje "bombardeado" diuturnamente por intensa e hábil propaganda, a induzir a aquisição de produtos, notadamente os sofisticados de procedência estrangeira, levando em linha de conta diversos fatores, dentre os quais, e com relevo, a respeitabilidade da marca.
- Se empresas nacionais se beneficiam de marcas mundialmente conhecidas, incumbe-lhes responder também pelas deficiências dos produtos que anunciam e comercializam, não sendo razoável destinar-se ao consumidor as conseqüências negativas dos negócios envolvendo objetos defeituosos.
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- Impõe-se, no entanto, nos casos concretos, ponderar as situações existentes.
- Rejeita-se a nulidade argüida quando sem lastro na lei ou nos autos.
(REsp 63981/SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, Rel. p/ Acórdão MinistroSÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 11/04/2000, DJ 20/11/2000, p. 296)
Boa-fé
Conduta esperada por parte do homem médio. Fraciona-se em objetiva e subjetiva. Boa-fé subjetiva é a ausência de conhecimento do ilícito; exatamente o contrário da má-fé. O CDC cuida da boa-fé objetiva. Estabelece a responsabilidade objetiva, a qual independente de culpa ou dolo do agente causador do dano.
Ao firmar-se um contrato, deve ele estar imbuído de ética. Isso significa, por exemplo, que o contrato de adesão, por si só, não é nulo. Nulas são as cláusulas que tenham viés desproporcional, maculando a boa-fé objetiva. Vide o rol exemplificativo do artigo 51 do CDC:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
- impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
- subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
- transfiram responsabilidades a terceiros;
- estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
- (Vetado);
- estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
- determinem a utilização compulsória de arbitragem;
- imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
- deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
- permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
- autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor;
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- obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
- autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
- infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
- estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
- possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
Cite-se um exemplo. Caio, em determinado dia, guardou seu veículo em um estacionamento particular. Recebe um papel comprovando que deixou seu automóvel ali, no qual se diz: "Não nos responsabilizamos por objetos deixados no interior do veículo". Uma vez que Caio ali guardou seu carro objetivando segurança, cláusula nesse sentido é nula de pleno direito.
Exemplo: contrato de plano de assistência funerária prevendo cláusula de aumento vertiginoso da taxa para contraentes que atinjam 80 anos.
Informação
Os consumidores devem ser adequadamente informados acerca das características dos produtos e/ou condições do contrato.
Exemplo: informação no bojo do contrato acerca do horário do dia em que o imóvel é mais atingido pelo sol (o sol da manhã é mais valorizado nas cidades quentes). Ainda que inexista obrigatoriedade legal de tal cláusula constar na avença, é claramente ética a necessidade de sua previsão.
No ponto, vide o informativo do STJ sobre a reestilização de veículos.
Observação: o professor Renato Porto é contra o posicionamento adotado pela Corte, porquanto é dever da montadora informar que, após a compra, o modelo do veículo será alterado, o que implicará desvalorização do automóvel adquirido pelo consumidor.
Informativo n° 533 do STJ
DIREITO DO CONSUMIDOR. COMERCIALIZAÇÃO DE VEÍCULO REESTILIZADO.
O consumidor que, em determinado ano, adquire veículo cujo modelo seja do ano ulterior não é vítima de prática comercial abusiva ou propaganda enganosa pelo simples fato de, durante o ano correspondente ao modelo do seu veículo, ocorrer nova reestilização para um modelo do ano subsequente. Em princípio, é lícito ao fabricante de veículos antecipar o lançamento de um modelo meses antes da virada do ano, prática usual no mercado de veículos. Realmente, de acordo com a Terceira Turma do STJ (REsp 1.342.899-RS, DJe 9/9/2013), ocorre prática comercial abusiva e propaganda enganosa
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na hipótese em que coexistam, em relação ao mesmo veículo, dois modelos diferentes, mas datados com o mesmo ano. Todavia, esse entendimento não tem aplicabilidade na hipótese em análise, visto que se trata de situação distinta, na qual a nova reestilização do produto alcança apenas veículos cujos modelos sejam datados com ano posterior à data do modelo do veículo anteriormente comercializado. REsp 1.330.174-MG, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 22/10/2013.
Relação de consumo
Compõe-se de três elementos: sujeito ativo (consumidor), sujeito passivo (fornecedor) e objeto (produto/serviço). Identificada tal relação, incidem as regras do CDC, que contém em seu bojo um microssistema de defesa do consumidor.
Sujeito ativo
Denomina-se consumidor e contempla duas espécies, quais sejam, standard (artigo 2°) e por equiparação (artigos 17, 29 e 2°, parágrafo único).
Consumidor standard
Toda pessoa física ou jurídica que adquire produto ou serviço como destinatária final. Se a destinação final do produto for o consumo, isto é, a não colocação do bem em nova circulação no mercado, estar-se-á perante um consumidor. Com base nisso, indaga-se: consumidor é quem compra ou quem não vende o produto?
Com o fim de pôr termo à celeuma, surgiram correntes para definir quem é consumidor. Para a corrente maximalista, consumidor é o destinatário fático do bem. A corrente finalista, por sua vez, afirma ser consumidor o destinatário fático e econômico do bem.
Por destinatário fático, entende-se, singelamente, aquele que compra. O destinatário econômico é o que não vende; não lucra com o bem diretamente.
Exemplo: Curso Ênfase ao comprar quadros e computadores para auxiliar os professores na ministração da aula.
Observação: prepondera a corrente finalista, pois, caso se emprestasse o CDC para tutelar qualquer comprador, restaria o referido microssistema iníquo, porquanto, inexoravelmente, fomentaria desequilíbrios. Aclare-se: como aplicar do CDC em uma simples compra realizada pela Sony ou pela Rede Globo sem transformá-las em empresas superpoderosas frente aos indivíduos de quem adquiriu os bens?
Aula 01
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
O CDC é conhecido como Estatuto da Cidadania, justamente, por equilibrar situações em claro desnível. E por tal motivo nem todos os que comprarem para revender perderam a verve de consumidor.
No ponto, traz-se a lume o caso paradigmático do homem que comprou um caminhão para, por meio dele, ganhar dinheiro. Após o veículo apresentar defeitos, valendo- se do CDC, acionou a concessionária judicialmente, a qual se defende alegando que, como a compra foi realizada com o fim último de auferir lucro, esse indivíduo não seria consumidor. O STJ não acatou esse argumento e engendrou a teoria finalista mitigada ou abrandada ou aprofundada, segundo a qual, em hipóteses pontuais, destinatários, tão somente fáticos, possam valer-se do CDC.
Exemplo: taxista em relação à montadora do veículo; comprador de insumos para fazer e vender bijuterias, etc.
Observaçãoi: essa vulnerabilidade nãoé exclusiva de pessoas físicas.
Exemplo1: imagine-se homem que tem um boteco o qual, no verão, vende bastantes coca-colas. Os fornecedores, de olhos postos em tal situação, obrigam-lhe a adquirir uma caixa de isotônico I9 para cada 20 engradados de coca-colas. Trata-se de venda casada, proibida pelo CDC. Valendo-se da teoria finalista mitigada, o proprietário do boteco poderá acionar a Rio de Janeiro Refrescos (empresa revendedora da Coca-Cola no Rio de Janeiro) e solicitar, em juízo, a incidência das normas do CDC.
Exemplo2: imagine-se o representante de vendas da FIAT no Rio de Janeiro. A montadora obriga-lhe a adquirir 1 carro que vende pouco para cada 30 carros de larga saída. Trata-se de venda casa, proibida pelo CDC. Valendo-se da teoria finalista mitigada, o representante da FIAT poderá acionar a montadora e solicitar, em juízo, a incidência das normas do CDC.
Observação2: esse posicionamento não é aceito pelos tribunais superiores, os quais alertam sobre a necessidade de hipossuficiência econômica, que não está presente no segundo exemplo. O professor discorda desse entendimento.
Consumidor por equiparação
Fundamenta-se nos artigos 17, 29 e 2°, parágrafo únicos, todos do CDC.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
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São as vítimas do evento. É dizer, pessoas que sofrem dano proporcionado por uma relação jurídica base.
Exemplo: Fulano está andando pela rua, quando é atingido pela roda do carro novo comprado por Caio. Fulano torna-se consumidor, com os mesmos direitos de Caio. O CDC, com isso, positivou a responsabilidade extracontratual.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
De acordo com o artigo 29, consumidores são as pessoas expostas à oferta. A seu turno, o artigo 30 materializou a unificação da fase precontratual à contratual.
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Além da responsabilidade extracontratual, o CDC trouxe em seu texto as fontes das obrigações (manifestação unilateral de vontade, ato ilícito e contrato). A publicidade consiste justamente em uma manifestação unilateral da vontade, conjuntura na qual se introduz o artigo 29 do CDC. Logicamente, a leitura desse dispositivo deve ser realizada por uma ótica de razoabilidade, pois não se exigirá o cumprimento de uma oferta esdrúxula, como, por exemplo, propaganda de BMW 0KM sendo vendida por R$ 100,00.
Por lógico, a publicidade enganosa afeta toda a coletividade (direito difuso), não sendo possível identificar de plano seus titulares. Em uma situação dessas, como determinar quem seria consumidor? Exemplifica-se com o caso da rede de cinemas que proibia as pessoas de ingressarem na sala portando alimentos próprios. Cuida-se de clara venda casada. Contudo, como identificar os titulares de tais direitos violados, já que nem todas as pessoas vão ao cinema. A solução é dada pelo artigo 2°.
Art. 2°, Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Sujeito passivo
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
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OO Conceito legal: fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, ou mesmo os entes despersonalizados que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços
• Pessoa física ou jurídica
Será caracterizada como tal a pessoa física que não seja destinatária final do bem. Ressalve-se, contudo, ser necessária a demonstração da habitualidade da venda, nesse caso.
Exemplo1: indivíduo que, costumeiramente, vende jogos de vídeo game pela internet.
Exemplo2: indivíduo que compra e vende apartamentos com regularidade.
• Pública ou privada
Uma concessionária de serviço público, v.g., pode ser demandada com base no CDC. Insta aclarar que os serviços públicos podem ser uti singuli (estão dispostos a todos, mas o indivíduo paga, por meio de tarifa ou preço público, para obter sua prestação, por exemplo, transporte coletivo) ou uti universi (estão à disposição da maioria e prescindem do pagamento para utilização, eis que são custeados por tributos, cujo pagamento, sabidamente, é compulsório; exemplo: atendimento em um hospital público; aqui, não incide o CDC, mas, sim, o artigo 37, §6°, CRFB).
Observação: ordinariamente, aplica-se o CDC nos serviços uti singuli. Entretanto, os serviços cartorários, em que pese sua natureza singular e consequente remuneração via tarifa ou preço público, não são tutelados pelo aludido microssistema.
• Nacional ou estrangeira
Exemplo: pode-se acionar a Apple, que sequer está sediada no Brasil.
• Entes despersonalizados
Exemplo: pode-se acionar o camelô, por um produto (contanto que lícito) que apresente defeitos.
CO	Conceito do professor: fornecedor é todo aquele que possui o animus da oferta
habitual.
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Objeto
Desvela-se no produto ou serviço disponibilizado.
Art. 3°. [...]
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
A utilização de conceito tão amplo pelo legislador reflete o seu intento de conferir ao CDC maior durabilidade, valendo-se de termos vagos e fluidos. Caso o conceito fosse engessado, teria de ser constantemente atualizado. O Estatuto do Idoso, por exemplo, restou antagônico ao delimitar o limite cronológico de 60 anos para definir uma pessoa como idosa.
Art. 3°. [...]
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária [embora tais instituições tenham tentado furtar-se da aplicação do CDC por meio de ADIs, ao argumento de que seria necessária a criação de lei específica para tratar do tema], salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista [se existe vínculo empregatício, inexiste relação de consumo. Exemplo: acidente envolvendo o bonde de Santa Tereza: os passageiros são consumidores standards; pessoas atingidas eventualmente, paradas na esquina, o são por equiparação; o motorneiro, não é consumidor; será socorrido pela legislação trabalhista, em virtude da ocorrência de vínculo empregatício].
A ideia de "remuneração" plasmada nesse conceito deve ser enxergada com ressalvas, porquanto há serviços gratuitos e aparentemente gratuitos (exemplo: estacionamento do supermercado). Daí, não é porque não ocorreu a remuneração que a relação de consumo deixou de existir.
No ponto, vide o informativo n° 534 do STJ:
DIREITO DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE DE SHOPPING CENTER POR TENTATIVA DE ROUBO EM SEU ESTACIONAMENTO.
O shopping center deve reparar o cliente pelos danos morais decorrentes de tentativa de roubo, nãoconsumado apenas em razão de comportamento do próprio cliente, ocorrida nas proximidades da cancela de saída de seu estacionamento, mas ainda em seu interior. Tratando-se de relação de consumo, incumbe ao fornecedor do serviço e do local do estacionamento o dever de proteger a pessoa e os bens do consumidor. A sociedade empresária que forneça serviço de estacionamento aos seus clientes deve responder por furtos, roubos ou latrocínios ocorridos no interior do seu estabelecimento; pois, em troca dos benefícios financeiros indiretos decorrentes desse acréscimo de
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conforto aos consumidores, assume-se o dever - implícito na relação contratual - de lealdade e segurança, como aplicação concreta do princípio da confiança. Nesse sentido, conforme a Súmula 130 do STJ, "a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorrido em seu estacionamento", não sendo possível estabelecer interpretação restritiva à referida súmula. Ressalte-se que o leitor ótico situado na saída do estacionamento encontra-se ainda dentro da área do shopping center, sendo certo que tais cancelas - com controles eletrônicos que comprovam a entrada do veículo, o seu tempo de permanência e o pagamento do preço - são ali instaladas no exclusivo interesse da administradora do estacionamento com o escopo precípuo de evitar o inadimplemento pelo usuário do serviço. Esse controle eletrônico exige que o consumidor pare o carro, insira o tíquete no leitor ótico e aguarde a subida da cancela, para que, só então, saia efetivamente da área de proteção, o que, por óbvio, torna-o mais vulnerável à atuação de criminosos. Ademais, adota-se, como mais consentânea com os princípios norteadores do direito do consumidor, a interpretação de que os danos indenizáveis estendem-se também aos danos morais decorrentes da conduta ilícita de terceiro. Ainda que não haja falar em dano material advindo do evento fatídico, porquanto não se consumou o roubo, é certo que a aflição e o sofrimento da recorrida não se encaixam no que se denomina de aborrecimento cotidiano. E, por óbvio, a caracterização do dano moral não se encontra vinculada à ocorrência do dano material. REsp 1.269.691-PB, Rel. originária Min. Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/11/2013.
Direitos básicos dos consumidores
Inserem-se no artigo 6° do CDC.
• Inciso I
Art. 6° São direitos básicos do consumidor:
- a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
c/c
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Produtos ou serviços não poderão oportunizar riscos, salvo aqueles notadamente previsíveis.
Observação: quando o produto/serviço for previsivelmente perigoso, o fornecedor terá o dever de informar acerca da periculosidade.
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É precioso mencionar que essa informação deve ser realizada não só em relação aos produtos evidentemente perigosos, mas, também, sobre aqueles aparentemente inofensivos. Citam-se como elementos perigosos o sódio e os açúcares existentes nos refrigerantes, achocolatados, sucos em caixinha, etc., sobre os quais as informações não são prestadas de maneira fidedigna e plena.
Exemplo: nas cirurgias perigosas, é imperiosa a informação plena acerca dos riscos, como a impotência provável daqueles que se submetem à cirurgia de próstata. Se não ocorrer, patente será a responsabilidade do fornecedor.
• Incisos II e III
Art. 6° São direitos básicos do consumidor:
- a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
- a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei n° 12.741, de 2012)
Os consumidores devem ser educados, a fim de que se garantam a liberdade de escolha e igualdade na contratação, além de adequadamente informados, para a promoção de um consumo consciente.
Direito do Consumidor
O	inciso II cuida da preservação da concorrência, o que é benéfico ao consumidor. Caso contrário, haverá monopolização de mercado, dumping, etc. Cite-se o caso da AMBEV, proprietária de várias marcas de cervejas, brasileiras e estrangeiras. Por tais motivos, há órgãos de defesa econômica, como o CADE (que veda, em alguns casos, fusões e/ou incorporações de grandes empresas), e de tutela de interesses difusos (vide o MP, que pode lançar mão da ACP).
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Sumário
Direitos básicos do consumidor	2
Artigo	6°,	inciso I, CDC	2
Artigo	6°,	inciso II, CDC	3
Artigo	6°,	inciso III, CDC	3
Artigo	6°,	inciso IV, CDC	4
Publicidade	4
Práticas comerciais abusivas	5
Cláusulas contratuais abusivas	6
Artigo	6°,	inciso V, CDC	7
Artigo	6°,	inciso VI, CDC	8
Artigo	6°,	inciso VII, CDC	9
Artigo	6°,	inciso VIII, CDC	9
Artigo	6°,	inciso X, CDC	11
Direito do Consumidor
Direito do Consumidor
Vício do produto	13
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Direitos básicos do consumidor
Artigo 6°, inciso I, CDC
Art. 6° São direitos básicos do consumidor:
- a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
c/c
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Todos os produtos e serviços são suscetíveis de falhas, fator que enseja o surgimento de direitos básicos dos consumidores, os quais se encontram plasmados no artigo 6° do Código de Defesa do Consumidor.
O rol inserto nesse artigo é numerus apertus (exemplificativo), em virtude da natureza principiológica do CDC. Inicialmente, trata de vida, saúde e segurança, demonstrando, dessa feita, que os produtos/serviços não poderão oportunizar riscos à integridade/vida dos consumidores, salvo aqueles normalmente previsíveis.
Exemplo: uma faca é fabricada para realizar cortes. Ou seja, possui risco inerente à sua essência e previsivelmente pode produzir um dano. Tal característica possibilita ao consumidor ingressar com uma ação contra o fornecedor caso essa faca não tenha condições de efetuar cortes.
Da mesma forma, outros serviços/produtos podem apresentar riscos imanentes à sua natureza. Citem-se, por exemplo, determinadas cirurgias, alguns esportes radicais, medicamentos, etc.
Nessa conjuntura, será dever do fornecedor informar o consumidor acerca dos riscos, por força do princípio da transparência.Sobretudo, em se considerando que a ausência de informações pode acarretar lesões à própria vida.
Eis o motivo pelo qual, em cirurgias de alta complexidade, o paciente recebe termo contendo informações sobre todas consequências do procedimento cirúrgico. Isso não significa, é bom dizer, a possibilidade de inserirem-se cláusulas de elisão da responsabilidade do profissional que acarrete dano.
Exemplo: nas cirurgias perigosas, é imperiosa a informação plena acerca dos riscos, como a impotência provável daqueles que se submetem à cirurgia de próstata. Se não houver, patente será a responsabilidade do fornecedor.
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Artigo 6°, inciso II, CDC
Art. 6° São direitos básicos do consumidor:
- a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
Visa a garantir a liberdade de escolha (o CADE almeja, justamente, materiazá-la, regulamentando ou impedindo, por exemplo, fusão de grandes empresas) e a igualdade nas contratações.[1: 	Hodiernamente, essa liberdade revela-se sutilmente arrefecida. Comprovando essa ideia, exemplifica-se com fato ocorrido com o próprio professor Renato. Ele foi a uma loja comprar um lustre. Sabedor do preço, foi a outras lojas, cujos preços apresentados eram díspares. Após pequena barganha, na terceira loja conseguiu comprar o lustre pelo preço ofertado na segunda e ainda obteve parcelamento. Posteriormente, ministrando aula, por meio de uma de suas alunas, descobriu que um mesmo indivíduo era proprietário de todas as lojas que vendiam os produtos. Diante disso, pode-se indagar: onde está a real liberdade de escolha? É possível, hoje, comprar uma cerveja que não pertença à AMBEV ou um sabão em pó não fabricado pela Unilever? Recomenda-se assistir, no youtube, vídeo em que se discorre sobre o princípio da obsolescência planejada, por meio do qual grandes fornecedores, propositalmente, criam novos produtos com o único e simples objetivo de forçar o consumo. Citam-se, a título de exemplo, os smartphones entre cujos modelos a diferença apresentada é apenas em relação aos conectores.O professor vaticina: "O capitalismo venceu a democracia!".]
Artigo 6°, inciso III, CDC
Art. 6° São direitos básicos do consumidor:
- a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei n° 12.741, de 2012)
Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
Tem por escopo garantir a informação prevista na rotulagem (no caso de produtos) com suas características e peculiaridades, bem como a insculpida em instrumentos contratuais.
Exemplo: é falha a informação constante da embalagem de amendoim que, em vez de declinar a quantidade total de calorias, aponta para a parcial (18 calorias por cada porção de 2 amendoins).
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Com efeito, tanto a informação ineficiente quanto a excessiva não se revelam adequadas. Para ser levada a efeito, deveria essa informação ser repassada até mesmo de forma lúdica.
Artigo 6°, inciso IV, CDC
Art. 6° São direitos básicos do consumidor:
- a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
Desvela-se como um dos incisos mais amplos do artigo 6°, haja vista falar sobre publicidade, práticas comerciais abusivas e cláusulas abusivas.
Publicidade
Prima facie, insta salientar serem diferentes publicidade e propaganda. Esta consiste na difusão de uma mensagem, cujo cerne é informar acerca de determinados fatos (exemplo: propaganda acerca de adoção de métodos para evitar a proliferação de mosquito da dengue). Aquela primeira é, a bem da verdade, uma ramificação da última. Seu escopo é a obtenção de lucro. O marketing, por sua vez, materializa-se numa subespécie da publicidade e é a maneira de formação de convencimento das pessoas, para que elas se envolvam afetivamente com os produtos/serviços.
Exemplo: recentemente, Mesut Ozil, jogador da seleção alemã, posou para uma foto ao lado da camisa que sua seleção utilizará na Copa do Mundo e disse: "A camisa da seleção alemã é linda e muito parecida com a camisa do Flamengo. Seguramente, nos trará sorte na competição!". Por meio dessa declaração, a Adidas, fornecedora de material esportivo para as seleções da Alemanha e do Flamengo, conseguiu angariar a simpatia de, minimamente, 30 milhões de torcedores no Brasil.
Triparte-se a publicidade em: enganosa, abusiva e enganosa por omissão.
Publicidade enganosa é aquela que contém em seu teor mensagem falsa; seja de forma total, seja de forma parcial.
Exemplo: vender cinta abdominal e afirmar que, com apenas 15 minutos diários, sem a necessidade de adotar qualquer outra prática (alimentação de baixa caloria, realização de exercícios físicos, etc.), obter-se-á a perda de peso almejada.
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Publicidade abusiva é aquela que estimula o consumidor a comportar-se de forma prejudicial à sua integridade.
Exemplo: publicidade das bebidas alcoólicas, publicidade do macarrão instantâneo, o qual contém quantidades estratosféricas de sódio, altamente prejudicial à saúde.
A publicidade enganosa por omissão deixa de informar sobre dado essencial do produto/serviço colocado no mercado de consumo.
Exemplo: fornecedor que deixa de indicar sobre em que momento do dia (manhã ou tarde) o sol incide com mais intensidade no imóvel comprador por dado consumidor. A depender da região onde o imóvel se situe (litoral ou serra), isso acarretará maior ou menor valorização do mesmo.
Práticas comerciais abusivas
Adotam-se pelos comerciantes. Prevêem-se no artigo 39 do CDC, em rol exemplificativo.
Artigo 39, inciso I
Consigna-se o inciso I do referido artigo, o qual positiva a famigerada e costumeira venda casada, cuja outra face é o condicionamento de aquisição do produto/serviço a limites quantitativos. A distinção havida entre ambos é a espécie de produto adquirido, pois, na primeira (venda casada), o fornecedor determina a compra de produto de outra espécie ao consumidor (exemplos: cobrança de entrada em boate e obrigatoriedade de consumo mínimo de R$ 100,00; necessidade de abertura de conta corrente no Banco Tal para que se possa comprar o imóvel X), enquanto na segunda força-se a aquisição de produtos da mesma espécie (exemplo: cartela de iogurtes, de Yakult; como se percebe em qualquer mercado, não se pode comprar apenas uma unidade desses produtos).
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
Artigo 39, inciso III
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;
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Outrora, tal prática era bastante visualizada no âmbito das instituições financeiras, as quais, sem solicitação, enviavam aos consumidores cartões de crédito. Hodiernamente, há mais incidência desses expedientes nos ambientes virtuais, como, por exemplo, o envio de provedores de internet.
A consequência desse envio sem solicitação é a desnecessidade de pagamento do produto, conforme artigo 39, parágrafo único, do CDC. Logicamente, na hipótese do envio do cartão de crédito, não pode o consumidor, de má-fé, efetuar diversas compras e recusar- se a adimplir a dívida albergado nesse dispositivo.
Art. 39. [...]
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
Colaciona-se outro exemplo, o do couver artístico muito comum em bares e restaurantes. Na ótica do professor Renato Porto, o consumidor que alerte ao gerente do local que não quer efetuar o pagamento por aquele serviço não terá de pagá-lo.
Cláusulas contratuais abusivas
Quando se falou no princípio da boa-fé objetiva, asseverou-se que essa se caracterizaria na vinculação ética dos contratantes.[2: 	Nos dizeres do professor Renato Porto, contrato bom é o que ambas as partes, ao exará-lo, tornam- se fiquem igualmente (insatisfeitas (porque ambas tiveram de ceder) ou satisfeitas.]
No ponto, remete-se à leitura do artigo 51 do CDC, cujo rol exemplifica cláusulas contratuais merecedoras de serem reputadas por abusivas:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
- impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis [exemplo: contrato de guarda de automóveis em estacionamentos privados em que se preveja a isenção de responsabilidade da pessoa jurídica no caso de furto de objetos do interior do veículo];
- subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
- transfiram responsabilidades a terceiros;
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- estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
- (Vetado);
- estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
- determinem a utilização compulsória de arbitragem;
- imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
- deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
- permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
- autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor;
- obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
- autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
- infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
- estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
- possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
Artigo 6°, inciso V, CDC
Art. 6° São direitos básicos do consumidor:
- a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
Coetaneamente, a realização dos contratos subdivide-se nas seguintes fases: pré- contratual, contratual e pós-contratual.[3: Outrora, somente a fase contratual existia. Basta se lembrar do pacta sunt servanda.]
Direito do Consumidor
Direito do Consumidor
Adiante, elaborou-se pequeno quadro esquemático sobre o tema.
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	Fases
	Pré-contratual
	Contratual
	Pós-contratual
	Elementos externos podem influenciar nessa fase, tais como a publicidade sobre promoção de uma TV em dada loja ou a mostra realizada acerca de imóveis na planta (maquete, projeções, autocad, etc.). Se o imóvel não corresponder àquele mostrado, como determina o princípio da vinculação da publicidade ao contrato, o comprador pode exigir do fornecedor que o imóvel corresponda exatamente ao da maquete/fotografia, salvo se constar "imagem meramente ilustrativa".[4: Essa advertência deve vir redigida em fonte tamanho 12 e na cor preta. Caso contrário, será nula depleno direito.]
	Relaciona-se à forma do contrato: cor preta, letras legíveis, não imposição de prejuízos às partes, discriminação dos valores das parcelas e do percentual de juros nas compras a crédito. Prima-se pela boa-fé objetiva.
	Se houver ocorrido um ruído no negócio jurídico, dentre os quais se incluem as compras realizadas fora do estabelecimento empresarial, pode-se voltar às fases anteriores. No exemplo citado, viável o direito de arrependimento, mesmo depois da aquiescência aos termos contratuais e que o produto esteja em perfeitas condições. A justificativa para tanto é a ausência de contato físico do consumidor com o produto. Não houve a ambientação necessária para a realização da transação.
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Artigo 6°, inciso VI, CDC
Art. 6° São direitos básicos do consumidor:
- a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
Os danos podem ser materiais ou imateriais. Os danos materiais proporcionam uma diminuição do patrimônio do ofendido. Subdividem-se em danos emergentes e lucros cessantes. Por sua vez, o dano imaterial engendra uma lesão à personalidade. Por conseguinte, nomina-se dano moral.
O CDC garante a reparação de danos. Quer materiais, quer imateriais. No âmbito das relações consumeristas, o nome técnico do dano "fato" (exemplo: fato do produto/fato do
Aula 02
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serviço). A responsabilidade será objetiva, ou seja, independentemente de culpa, conforme previsão estampada nos artigos 12 e 14 do Código de Defesa do Consumidor.
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Artigo 6°, inciso VII, CDC
Art. 6° São direitos básicos do consumidor:
- o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica,administrativa e técnica aos necessitados;
Tal medida está inserida dentro da chamada "Política Nacional das Relações de Consumo". O CDC surgiu nos anos 1980, em um momento de turbulência social e econômica (lembre-se da inflação galopante que desgraçava a economia do país). Em 1988, promulga- se a Constituição da República, e o Constituinte, ante o momento histórico, positiva no seio da Carta diversos dispositivos de proteção ao consumidor. Não bastasse isso, criou a Política Nacional das Relações de Consumo, impelindo o Estado a criar órgãos de defesa do consumidor (DECON, PROCON, Promotorias de Justiça com atribuição específica para a proteção do consumidor, órgãos da Defensoria Pública em idêntico sentido, etc.).
Valioso lembrar que, antes da edição da Lei 9.099/95, já existiam órgãos judiciais próprios ao julgamento de litígios envolvendo relações de consumo.
Artigo 6°, inciso VIII, CDC
Art. 6° São direitos básicos do consumidor:
- a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
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Compreende-se a inversão do ônus da prova como o repasse ao fornecedor o encargo da demonstração de que não foi ele o causador do dano, eis que, no âmbito do CDC, encampa-se a teoria da responsabilidade objetiva; não, a do risco integral (em que, mesmo se, v.g., provado o caso fortuito externo ou fato exclusivo de terceiro, haverá responsabilização).
Essa orientação é notoriamente contrária ao comando do artigo 333 do Código de Processo Civil, segundo o qual o ônus da prova incumbe a quem o alega. Sem embargo, a decisão do magistrado de inversão será prolatada, quando, a seu critério, a alegação for verossímil (aparência de verdade) ou o consumidor for hipossuficiente. Disso decorre que se cuida de faculdade, e não dever, do magistrado.
Exemplo: consumidor afirma em uma petição inicial que está sofrendo cobrança de quantia indevida por instituição financeira da qual é cliente. A instituição alega, em sua defesa, a previsão contratual dessa cobrança. O consumidor argumenta não estar de posse do contrato e nunca ter tido acesso a ele. Trata-se de hipótese de alegação verossímil.
A hipossuficiência diz respeito a uma deficiência processual no que tange à produção de provas. É dizer, quando o consumidor encontra dificuldades para comprovar a lesão sofrida.
Exemplo: comprovação do motivo por que o avião da Malaysia Airlines.
Daí, o magistrado inverterá o ônus da prova se, a partir de suas técnicas gerais de experiência ordinária, a alegação aventada for verossímil (aparência de verdade) ou o consumidor for hipossuficiente.
Tal inversão denomina-se ope judicis (por força do direito). Com efeito, existe, também, a inversão ope legis (por força da lei), a teor do que dispõem os artigos 38, 12, §3° e 14, §3°, todos do CDC.
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
Por força do comando legal, inexiste margem para decisão segundo critérios de experiência prática do juiz. In casu, o magistrado deverá inverter o ônus da prova. É regra de procedimento; não, julgamento.
Exemplo: Renato comprou um smartphone com 1001 utilidades de acordo com a publicidade veiculada. Ao manusear o aparelho, descobriu que ele não possuía todas as funcionalidades prometidas. Ingressou, ante isso, com ação judicial. Nessa hipótese, o fornecedor, após a inversão do ônus da prova, deverá (e não simplesmente poderá) trazer aos autos a publicidade em que se falou das funcionalidades do aparelho.
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A inversão ope legis apresenta-se nos casos de publicidade (art. 38) e de fato do produto (art. 12, §3°) ou fato do serviço (art. 14, §3°).
Art. 12, § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
- que não colocou o produto no mercado;
- que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
- a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Art. 14, § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
- que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
- a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Artigo 6°, inciso X, CDC
Art. 6° São direitos básicos do consumidor:
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral [os essenciais, de forma contínua!.
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
A redação do artigo 22 faz rebentar algumas dificuldades, haja vista ser difícil determinar o que é essencial e contínuo. Por conta disso, confeccionou-se uma cisão em sede jurisprudencial. Houve quem, com base na Lei da Greve, determinasse o que seria serviço essencial: energia elétrica, água e esgoto. Sem embargo, na modernidade em que se vive, o serviço de internet é essencial, embora para algumas pessoas não (aqui, percebe-se o quão complexo é o tema).
Ademais, quanto à continuidade, alguns se posicionaram pela impossibilidade de suspensão no fornecimento. Outros se manifestaram em sentido contrário. Os primeiros argumentavam que o inadimplemento é parte integrante do negócio (teoria do risco do empreendimento) e nada impede que o fornecedor se valha dos meios ordinários para forçar o pagamento do débito (exemplo: ação de cobrança, protesto, carta de cobrança, etc.), motivo por que não poderia ser usado como justificativa para a interrupção. Falou-se ainda que a interrupção feriria o princípio da dignidade da pessoa humana, porquanto o indivíduo sem energia elétrica ou água em sua residência é menos digno que os demais. Essa foi a posição encampada pela região sul do país.
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A região sudeste defendeu a possibilidade do corte no fornecimento do serviço. Isso porque não o permitir seria estimular a inadimplência e, por conseguinte, implicar o aumento do valor do serviço aos demais usuários. Outrossim, essas empresas concessionárias não são entidades filantrópicas e visam, sim, o lucro na prestação de serviços.
A questão chegou ao Superior Tribunal de Justiça, que decidiu pela viabilidade da suspensão dos serviços, fixando, contudo, alguns parâmetros para adoção de tal medida: (i) inadimplência por período superior a 30 dias; (ii) o consumidor deve ser cientificado por via própria do débito (não pode ser exposto a constrangimentos, a situações vexatórias, como, por exemplo, enviar uma carta vermelha alertando sobre o débito em letras garrafais. A cobrança deve ser realizada no corpo da própria conta); (iii) se a vida estiver em risco, o corte não pode ser efetivado (exemplo: é vedado o corte da energia elétrica a hospitais).
Observaçãoi: postos do INSS podem ter o fornecimento de energia suspenso em razão do inadimplemento.
Observação2: residências nas quais haja pessoas em home care não sofrerão corte de energia, desde que, naturalmente, a concessionária seja cientificada dessa peculiaridade.
	Dicas para a realização de provas
	1. Relação de Consumo
	2. Direitos básicos
	3. Direitos em si mesmos
	a. Sujeito ativo
	I - Vida
	Artigos 8° a 10
	Consumidor Standard (art. 2°) ou Porequiparação (art. 2°, pú;
	II - Educação
	Artigos 30 a 35
	17; 29)
	III - Informação
	
	b. Sujeito passivo Fornecedor (art. 3°)
	IV - Publicidade / Práticas comerciais / Cláusulas abusivas
	Artigos 36 a 38 / artigo 39 / artigo 51
	
	V - Contratos
	Artigos 46 a 54
	c. Objeto
	VI - Danos
	Artigos 12 a 17
	Produto (art. 3°, §1°)
	VII - Acesso ao Judiciário e aos
	Artigo 5°
	Serviço (art. 3°, §2°)
	órgãos administrativos
	
	
	VIII - Inversão do ônus da prova
	Artigos 38,12, §3° e 14, §3°
	
	X - Serviços públicos
	Artigo 22
Aula 025
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Vício do produto
Temática tratada pelos artigos 18 a 21. O vício poderá ser de qualidade (bem de consumo não corresponde às expectativas dos consumidores; exemplo: lâmpada que não acende) ou de quantidade (bem de consumo apresenta-se em quantidade inferior àquela ofertada; exemplo: TV a cabo que oferece 150 canais, mas só disponibiliza 120).
O vício pode ser aparente (de fácil identificação; exemplo: sofá rasgado) ou oculto (em um primeiro momento não é identificado, mas, posteriormente, apresenta-se). Cumpre esclarecer: (i) o CDC confere prazo de 30 dias para o fornecedor sanar o vício, salvo se se tratar de produto/serviço essencial. Esse prazo pode ser ampliado (até 180 dias) ou reduzido (até 7 dias) por convenção das partes. Alerte-se que a ampliação, por ser maléfica ao consumidor, não poderá constar dos contratos de adesão, haja vista os termos desse contrato não terem sido discutidos pelo consumidor; (ii) aplica-se o princípio da solidariedade, que consiste na possiblidade de o consumidor, diante de vários fornecedores, escolher aquele que em tem melhores condições financeiras. Esse princípio é vulgarizado, na medida em que alguns se valem dele para demandar em face de vários fornecedores simultaneamente.
Se, transcorridos os 30 dias, o fornecedor não sanar o vício, surgem para o consumidor três direitos potestativos: (i) troca por outro produto de mesma espécie; (ii) a devolução das quantias pagas, sem prejuízo de perdas e danos (exemplo: compra de carro, o qual apresenta problemas na roda. O fornecedor tem 30 dias para consertá-lo. Nesse período, o consumidor teve de tomar táxis. Pode ser ressarcido pelo dinheiro gasto com transporte); (iii) o abatimento proporcional do preço (exemplo: consumidor compra carro, o qual logo em seguida sai de linha, o que implica uma queda de seu valor. Terá ele direito ao abatimento, se houver perguntado ao vendedor se isso iria acontecer e o mesmo tiver dito que o veículo não sairia de linha).[5: Quanto à reestilização, que é diferente da saída de linha, vide o informativo n° 533 do STJ.]
Aula 03
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Sumário
Elementos da relação jurídica de consumo	2
Produto & Serviço	2
Vício do Produto	2
Fato do Produto e Fato do Serviço	3
Responsabilidade civil pelo CDC	4
Responsabilidade dos profissionais liberais	4
Responsabilidade dos comerciantes	5
Excludentes de responsabilidade	6
Direito do Consumidor
Direito do Consumidor
Prazo para ajuizamento da ação	7
1
www.cursoenfase.com.br
9
www.cursoenfase.com.br
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1. Elementos da relação jurídica de consumo[6: 	O tema é tratado pelos artigos 18 a 21 do CDC.]
Produto & Serviço
Vício do Produto
Quando um bem de consumo apresenta um vício, inicia-se uma fase autônoma. A priori, adota-se o princípio da solidariedade, o que significa a possibilidade de demandar em face do fabricante, do empresário (comerciante = último a ter contato com o consumidor) ou da cadeia de fornecedores (fabricantes). O tratamento conferido ao comerciante será diferente se comparado aos demais fornecedores.
Existe um prazo para que o fornecedor possa sanar o vício, a saber, 30 dias. Se nesse lapso temporal o consumidor houver prejuízo (dano extra rem), será indenizado pelo fornecedor. Tal prazo poderá ser reduzido (para 07 dias) ou ampliado (para 180 dias). Alerte- se que a ampliação, por ser maléfica ao consumidor, não poderá constar dos contratos de adesão, haja vista os termos desse contrato não terem sido discutidos pelo consumidor.
Observação: nos casos de transação imobiliária, em que se compram imóveis na planta, os juízes vêm admitindo o atraso de 180 dias na entrega das chaves. O maior argumento, e mais esdrúxulo na visão do professor, aventado pelas construtoras é a falta de mão de obra.
Não sendo sanado o vício nesse prazo, o consumidor poderá exigir: (i) troca por outro produto de mesma espécie; (ii) a devolução das quantias pagas, sem prejuízo de perdas e danos; (iii) o abatimento proporcional do preço (exemplo: consumidor compra carro, o qual logo em seguida sai de linha, o que implica uma queda de seu valor. Terá ele direito ao abatimento, se houver perguntado ao vendedor se isso iria acontecer e o mesmo tiver dito que o veículo não sairia de linha).
Quanto à reestilização, que é diferente da saída de linha, vide o julgado trazido do informativo n° 533 do STJ.
Informativo n° 533 do STJ
DIREITO DO CONSUMIDOR. COMERCIALIZAÇÃO DE VEÍCULO REESTILIZADO.
O	consumidor que, em determinado ano, adquire veículo cujo modelo seja do ano ulterior não é vítima de prática comercial abusiva ou propaganda enganosa pelo simples fato de, durante o ano correspondente ao modelo do seu veículo, ocorrer nova reestilização para um modelo do ano subsequente. Em princípio, é lícito ao fabricante de veículos antecipar o lançamento de um modelo meses antes da virada do ano, prática usual no mercado de veículos. Realmente, de acordo com a Terceira Turma do STJ (REsp 1.342.899-RS, DJe 9/9/2013), ocorre prática comercial abusiva e propaganda enganosa
Aula 03
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na hipótese em que coexistam, em relação ao mesmo veículo, dois modelos diferentes, mas datados com o mesmo ano. Todavia, esse entendimento não tem aplicabilidade na hipótese em análise, visto que se trata de situação distinta, na qual a nova reestilização do produto alcança apenas veículos cujos modelos sejam datados com ano posterior à data do modelo do veículo anteriormente comercializado. REsp 1.330.174-MG, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 22/10/2013.
Observação: serviços essenciais não demandam a espera desse prazo de 30 dias para o fornecedor saná-los. Antes, reclamam atuação mais rápida. Exemplifica-se com a suspensão do fornecimento de energia elétrica a uma residência por problemas apresentados na rede. O morador não pode ficar aguardando, por 30 dias, uma solução por parte da concessionária.
Fato do Produto e Fato do Serviço
Plasma-se o assunto pelos artigos 12 a 17 do Código de Defesa do Consumidor.
Fato é sinonímia de dano. Representa o prejuízo (físico, econômico, etc.) causado pelo bem de consumo.
Exemplo^ sumiço do dinheiro na conta-corrente.
Exemplo2: computador que simplesmente para de funcionar e ocasiona a perda dos arquivos referentes a 5 anos de aula da faculdade de direito.
Exemplo de fato do serviço: erro médico.
Segundo os artigos 12 e 14 do CDC, os fornecedores responderão, independentemente de culpa, pelos fatos do produto e serviço.
CDC, Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa,

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