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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
1. Crime de Lavagem de Dinheiro	2
Considerações Históricas	2
Conceito de Lavagem de Dinheiro 	2
Medidas Cautelares e Inversão do Ônus da Prova no Crime de Lavagem de
Dinheiro	3
Lei Penal no Tempo e Natureza do Crime de Lavagem	4
Bem Jurídico Tutelado	5
Sujeito Ativo	6
Sujeito Passivo	6
Elemento Subjetivo	6
Autonomia do Crime de lavagem	7
Competência	7
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Crime de Lavagem de Dinheiro
Considerações Históricas
Historicamente, afirma a doutrina, que sempre se procurou punir aquele que se relacionava com os proveitos do crime (auxilium pós delectum). Contudo, atualmente há previsão de crime de proveito de um crime, o chamado crime de receptação, e constitui o crime mais próximo do crime de lavagem de dinheiro.
No começo do século passado, o crime de lavagem de dinheiro ganhou mais repercussão do caso "Alcapone", pois este se sustentava de renda ilícita comprando artigos de luxo, por sua vez sonegando o imposto de renda.
Para uma corrente adotada pelo autor Zafaroni, não existe organização criminosa, no entanto, este entendimento não é o que prevalece. Notadamente, atualmente no Brasil existe tal instituto, e a gravidade que sonda o crime de organização criminosa é a concorrência com o Poder Público que este passa a exercer. E com tal gravidade, a Organização das Nações Unidas (ONU) começa a ter maior preocupação com o abalo às instituições que estas organizações vêm causando ao Estado democrático. E, a cada vez que o crime se torna mais organizado o Estado tem a capacidade diminuída para combatê-lo, pois há uma série de delitos que o rondam, como: homicídios, corrupção, entre outros.
O surgimento de legislações de combate a lavagem é uma resposta dos Estados ao crescente poderio de organizações criminosas cuja interface com o Poder Público enfraquece a capacidade deste de atuar em prol da coletividade, isso levou a elaboração de uma série de legislações das quais a italiana de 1978 é a apontada como a pioneira, cujo objetivo era descapitalizar organizações criminosas e punir agentes envolvidos na reciclagem de capitais. No plano das convenções internacionais é a Convenção de Viena a primeira a fazer menção à punição da lavagem oriunda do tráfico de drogas, mas recentemente as Convenções de Palermo sobre o combate as organizações criminosas transnacionais e de Mérida de combate a corrupção reforçaram a necessidade de combate a lavagem de dinheiro. No Brasil, apenas com a lei 9.613 a conduta de lavagem de dinheiro passou a ser incriminada.
Em suma, a ideia central do crime de lavagem de dinheiro é permear os crimes que geram ganhos econômicos, pois é isso que está por trás das organizações criminosas.
Conceito de Lavagem de Dinheiro
Lavagem de dinheiro é qualquer expediente utilizado para dar aparência lícita a proveitos ilícitos tornando-os inalcançáveis pelo Estado, especificamente com efeito da condenação por um delito antecedente.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Em que pese a lavagem estar associada a organizações criminosas não há necessidade como já decidiu o STF, de que se esteja diante de requintada hipótese de engenharia financeira internacional para que se fale de lavagem, mesmo hipóteses simples justificam o crime de lavagem, como exemplo, receber um cheque de propina e depositá-lo em conta de pessoa jurídica, porém não sendo sócio.
Medidas Cautelares e Inversão do Ônus da Prova no Crime de Lavagem de Dinheiro
O art.4°, da lei 9.613/98 na nova redação (parte sublinhada abaixo) abre espaço para que as medidas cautelares alcancem não apenas aqueles objetos da lavagem, mas também outros proveitos dos crimes antecedentes que ainda não foram objeto da lavagem, reforçando a ideia de perda do proveito econômico do delito.
Os indícios suficientes que embasam a decretação das medidas cautelares são, segundo Tigre Maia, aqueles que segundo a lei processual permite a conclusão em torno da ocorrência, ao menos em tese, da lavagem de dinheiro.
Art. 4o O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes. (Redação dada pela Lei n°
de 2012)
§ 1o Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
§ 2o O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitos e valores quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal. (Redação dada pela Lei n°
de 2012)
§ 3o Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no § 1o. (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
§ 4o Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente da infração penal antecedente ou da prevista nesta
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Lei ou para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas. (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
A vedação a aplicação do art.366, do CPP aos crimes de lavagem está associada à obrigatoriedade de que o sujeito compareça pessoalmente e demonstre a licitude da origem dos bens apreendidos (inversão momentânea do ônus da prova, segundo Tigre Maia). Dessa forma o processo penal por lavagem pode ter curso possibilitando ao final o perdimento dos bens, cumprindo assim o objetivo da lei de lavagem de descapitalizar ou tornar inútil o crime antescedente.
Art. 2° O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:
§ 2o No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei n° 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo o acusado que não comparecer nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor dativo. (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei n° 9.271, de 17.4.1996) (Vide Lei n° 11.719, de 2008)
Lei Penal no Tempo e Natureza do Crime de Lavagem
É controvertida na doutrina a natureza da conduta de lavagem, para autores como Pier Paolo Botini e Gustavo Badaró, a lavagem é um crime instantâneo que se consuma com a realização da operação econômico-financeiradestinada a reciclar os proveitos, a eventual repetição de atos levará absorção do crime anterior, mas na da natureza permanente da conduta. Em sentido contrário, em posição adotada até aqui pelo STF, Tigre Maia sustenta que o verbo "ocultar" indica uma ação permanente, o que abre espaço, em tese, para prisão em flagrante a qualquer tempo.
Art. 1o Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
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§ 1o Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal: (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
- os converte em ativos lícitos;
- os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere;
- importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros.
§ 2o Incorre, ainda, na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
- utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração penal; (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
- participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei.
§ 3° A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal.
§ 4o A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa. (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
§ 5o A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. (Redação dada pela Lei n°
de 2012)
Bem Jurídico Tutelado
Em doutrina são encontradas três orientações quanto ao bem jurídico no crime de lavagem. Para autores como Vicente Grecco Filho o bem jurídico é o mesmo do crime antecedente, tendo em vista o caráter acessório ou parasita da lavagem. Essa tese tem o inconveniente de impedir que o autor do crime antecedente responda por lavagem quando este é o principal interessado no procedimento de lavagem. A segunda orientação, que prevalece no STJ, entende que o bem jurídico na lavagem é a ordem econômico-financeira, isto é, a vedação a circulação na economia formal de valores ilícitos, que estariam em competição com valores lícitos. (Lilo Batista, André Luís Callegari e Marco Antônio de Barros)
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E, por fim, a terceira orientação adotada por Tigre Maia, o bem jurídico é a administração da justiça. Segundo o autor, o que a lei de lavagem visa tutelar é a eficácia de uma decisão condenatória no sentido do alcance dos proveitos decorrentes daquele crime. O autor reconhece, porém, (no mesmo sentido José Baltasar Júnior) que o delito de lavagem é um crime pluriofensivo, isto é, atinge mais de um bem jurídico.
Sujeito Ativo
Na doutrina brasileira, autores como Roberto Podival sustenta, que a punição do autor do crime antecedente por lavagem representa um bis in idem pelo fato de que o agente com a lavagem visa apenas preservar os proveitos econômicos obtidos a partir de um delito. Não obstante tal entendimento, o que prevalece na própria jurisprudência é o entendimento de Tigre Mais que sustenta que o bem jurídico no crime de lavagem diferente do crime antecedente autoriza a punição do autor do crime antecedente, trata-se de uma exceção no contexto dos delitos de fusão que, como regra, não gera punição pelo segundo crime do autor do primeiro.
Observação: Segundo o STJ, para que o agente responda pelo crime de lavagem sem participar do crime antecedente será necessária a ciência da origem criminosa daqueles valores, contudo desnecessária a ciência de qual infração penal especificamente.
Sujeito Passivo
Quanto ao sujeito passivo, no que desrespeito a ordem econômico-financeira é a coletividade. E com relação à administração da justiça é o Estado. Não se podendo ignorar que a lavagem, em alguns casos, fomenta a prática de outros delitos similares aos antecedentes, como exemplo, o tráfico de drogas.
Elemento Subjetivo
No Brasil, a lavagem é um crime estritamente doloso, isto é, não se cogitando como na Espanha e Argentina a lavagem culposa. Na redação original, a lei de lavagem não trazia para a conduta principal qualquer limitação quanto ao dolo, embora nos parágrafos fosse
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encontrada a previsão de determinadas condutas nas quais a expressão "que sabe" (art1°, §2°, I, na redação original), indicava a necessidade do dolo direto.
Em relação ao elemento subjetivo, embora com autores com Marco Antônio de Barros e André Luís Callegare sustentem que a lavagem só poderá ser cometida co dolo direto, o melhor entendimento é o de Tigre Maia que com base na exposição de motivos da lei, afirma ser possível o dolo eventual na lavagem quando o sujeito embora percebendo que se está a envolver com produtos ilícitos realiza conduta assumindo o risco de lavar dinheiro. É de se notar que a maioria da doutrina classifica o crime de lavagem como formal, dispensando-se o êxito da ocultação, o que torna mais fácil ainda o reconhecimento do crime de lavagem por se afigurar como um crime de perigo.
Observação: A "cegueira deliberada" é a expressão utilizada para se referir ao dolo eventual nos Estados Unidos. No Brasil, utiliza-se a expressão "teoria do avestruz". Assim como a utilização do termo "técnica de smurfin ou pitufeu" para a referência de fracionamentos de depósitos em contas bancárias com intuito de acobertar valores vultuosos, para evitar que o COAF perceba.
A figura da cegueira deliberada do Direito norte americano que é reconhecida quando o agente diante do conhecimento que possui, verifica a alta probabilidade de estar realizando uma operação de lavagem e que apesar disso atua de modo indiferente a tal conhecimento respondendo, por isso, por lavagem se identificaria no Brasil com a figura do dolo eventual. Neste sentido, Sérgio Moro.
Autonomia do Crime de lavagem
Embora dependente do crime antecedente, o crime de lavagem é autônomo, razão pela qual não é atingido pela impunidade ou mesmo extinção da punibilidade do crime antecedente. No plano processual, o processo por lavagem não ficará na dependência do processo do crime antecedente, embora seja "desejável" um processo conjunto (Tigre Maia).
Competência
A competência no crime de lavagem se regula pelo delito antecedente, com uma única ressalva, se o delito antecedente for contra a ordem econômico-financeira a lavagem será de competência federal.
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Para o STJ, sempre que a lavagem ocorrer no exterior a competência será federal.Neste caso, haveria uma afetação do sistema financeiro nacional pela possível ocorrência de evasão de divisas.
Observação: No caso de prescrição do crime antecedente, é possível a comprovação do crime de lavagem mesmo estando aquele prescrito.
Observação: O Conselho de atividades financeiras (COAF) trata-se de uma atividade de inteligência financeira brasileira que tem atribuição de receber dados de operações suspeitas e filtrá-los para remessa aos órgãos da persecução, bem como de sancionar administrativamente aquelas pessoas a comunicar e faltem com esse dever. (art.9°, da lei 9.613/98)
Art. 9o Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não: (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
- a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira;
- a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial;
- a custódia, emissão, distribuição, liqüidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores mobiliários.
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:
- as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação do mercado de balcão organizado; (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
- as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou de capitalização;
- as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;
- as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos;
- as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring);
- as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis, mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio ou método assemelhado;
- as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual;
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- as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;
- as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agentes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo;
- as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis; (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
- as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e antiguidades.
- as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, intermedeiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie; (Redação dada pela Lei n° 12.683, de 2012)
- as juntas comerciais e os registros públicos; (Incluído pela Lei n° 12.683, de 2012)
- as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações: (Incluído pela Lei n° 12.683, de 2012)
de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações societárias de qualquer natureza; (Incluída pela Lei n° 12.683, de 2012)
de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos; (Incluída pela Lei n° 12.683, de 2012)
de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de valores mobiliários; (Incluída pela Lei n° 12.683, de 2012)
de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, fundos fiduciários ou estruturas análogas; (Incluída pela Lei n° 12.683, de 2012)
financeiras, societárias ou imobiliárias; e (Incluída pela Lei n° 12.683, de 2012)
de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades desportivas ou artísticas profissionais; (Incluída pela Lei n° 12.683, de 2012)
- pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, exposições ou eventos similares; (Incluído pela Lei n° 12.683, de 2012)
- as empresas de transporte e guarda de valores; (Incluído pela Lei n° 12.683, de 2012)
- as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem rural ou animal ou intermedeiem a sua comercialização; e (Incluído pela Lei n° 12.683, de 2012)
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- as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de sua matriz no Brasil, relativamente a residentes no País. (Incluído pela Lei n° 12.683, de 2012)
Observação: No caso de honorários pagos a advogados com dinheiro proveniente de atividade ilícita estaria configurado o chamado "honorários maculados". Há uma discussão quanto ao enquadramento dos "honorários maculados" no crime de lavagem. Não obstante, caso o advogado receba honorários pagos de atividade ilícita não quer dizer que estaria lavando dinheiro. Mas seria lavagem, se através do pagamento tentasse "escamotear" o dinheiro proveniente do crime.
E há discussão se os "honorários maculados" poderia se enquadrar em outro crime. Para o autor Mirabette, poderá ser configurado o crime de receptação, ou seja, recebimento de uma coisa produto de crime com intuito de lucro. Estando a problemática quando o produto for dinheiro tornando difícil a comprovação do crime por causa da natureza fungível do mesmo.
Leis Penais Extravagantes
Em suma, a lavagem de dinheiro visa dar aparência lícita para provenientes ilícitos, e não se confunde com a receptação, pois neste o sujeito possui ânimo de lucro. E, também não se confunde com favorecimento pessoal, no qual o sujeito torna seguro o objeto do crime.
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Sumário
1. Crimes contra ordem tributária	2
Introdução	3
Deveres constitucionais e tributação	4
Histórico e Legislação	8
Crimes tributários e princípio da insignificância	(Crimes	de Bagatela)	11
Crime tributário / Norma penal em branco / Elemento normativo	do tipo .. 16
Lei penal no tempo	19
Programas de recuperação fiscal	21
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1. Crimes contra ordem tributária
Art. 1° a 3° da Lei n° 8.137/90
Lei n° 8.137/90, Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:	(Vide Lei n° 9.964,
de 10.4.2000)
- omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
- fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
- falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável;
- elaborar, distribuir,fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;
- negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.
Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:	(Vide Lei n° 9.964, de 10.4.2000)
- fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
- deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;
- exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;
- deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
- utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Seção II - Dos crimes praticados por funcionários públicos
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Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
- extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;
- exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
- patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Introdução
Os crimes contra a ordem tributária talvez sejam um dos crimes com maior dificuldade dogmática, sobretudo por conta da falta de técnica na jurisprudência, que não se preocupa com que o crime tenha alguma razão de ser, pelo contrario, há uma série de construções jurisprudenciais com o objetivo de esvaziamento do crime.
Exemplo^ edição da súmula vinculante n° 24.
SÚMULA VINCULANTE N° 24
NÃO SE TIPIFICA CRIME MATERIAL CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, PREVISTO NO ART. 1°,
INCISOS IA IV, DA LEI N° 8.137/90, ANTES DO LANÇAMENTO DEFINITIVO DO TRIBUTO.
Exemplo2: outra construção jurisprudencial que esvazia o crime e foi recentemente realizada pelo STJ consiste no uso do documento falso depois da consumação também está absorvido.
Exemplo3: operação "negócio da China"envolvendo descaminho e Casa e Video, cuja investigação foi baseada em uma interceptação telefônica. Os advogados alegaram nulidade da formatação de um computador na polícia federal para anular as provas. Esse argumento foi aceito pelo STJ, entendendo que poderia ter ficado no computador algo que inocentasse todos, mas como foi realizada a formatação sem a autorização, torna nula toda a investigação.
"O maior jugo de um reino, a mais pesada carga de uma república, são os imoderados tributos. Se queremos que sejam leves, se queremos que sejam suaves, repartam-se por todos. Não há tributo
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mais pesado que a morte e contudo todos o pagam e ninguém se queixa porque é tributo de todos."
Padre Antonio Vieira, Sermão de Santo Antônio, pregado na Igreja de Chagas de São Francisco, Lisboa, em 14 de Setembro de 1642.
A ideia do sermão de Santo Antônio representa claramente a ideia do que seria um tributo isonômico. Atualmente no Brasil quem paga tributo são os assalariados, isso porque os empresários sempre têm uma forma de não pagá-los. No mais das vezes, o manejo para não pagar tributo, normalmente denominado planejamento tributário, é simulação e, em última análise, fraude.
Exemplo: os jogadores de futebol recebem parte da sua "remuneração" como "direito de imagem", eles constituem uma PJ com essa finalidade. Ademais, os jogares de futebol, em regra, compram seus carros como PJ e não como PF porque se pagar por leasing eles podem incluir esse valor como despesa operacional. Opera-se menor carga tributária.
Destaca-se que quem pode pagar tributo é quem tem alguma capacidade econômica e, portanto, será essa pessoa que será o potencial autor desses delitos.
Deveres constitucionais e tributação
Quando se estuda direito constitucional, não se estuda, como regra, os deveres do indivíduo para com o Estado. Canotilho explica que isso se dá pela própria gênese do Estado Direito como nós o conhecemos, que surge como limitação do poder do Estado em face do indivíduo. Ocorre que o aludido autor afirma que o sistema constitucional europeu vem resgatando a ideia de deveres do indivíduo para com o Estado. Isso porque viver em liberdade significa ter uma responsabilidade da qual decorre a obrigação de pagar tributos. Atualmente, há previsão expressa na Constituição portuguesa do dever de pagar tributos. No Brasil, o dever de contribuir é extraído da existência de um sistema tributário. Sendo assim, não se sustenta a tese de que são inconstitucionais os crimes tributários. Insta esclarecer, ainda, que somente no Brasil há a aludida tese.
Síntese do tópico: segundo Canotilho, o tema dos deveres constitucionais sempre ficou relegado a um segundo plano na dogmática constitucional, isso se deveu à própria gênese do Estado de Direito, construído como forma de limitação do arbítrio estatal. O tema, porém, tem sido resgatado no sentido de reconhecer que ao direito de liberdade corresponde uma responsabilidade comunitária da qual decorre o dever fundamental de pagar tributos.
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Destaca-se que sendo o fundamento constitucional da obrigação de pagar tributos a existência de um dever constitucional nesse sentido, um problema vem sendo enfrentado na abordagem desses crimes, consistente na existência de uma certa proximidade ente ilícito administrativo e ilícito penal.
> Como diferenciar ilícito administrativo de ilícito penal?
A diferenciação é problemática porque, na verdade, o crime tem por base a infração administrativa. Trata-se de uma das questões mais tortuosas enfrentadas pela doutrina espanhola, mas que a doutrina brasileira não explora. O ilícito administrativo e o penal tutelam o mesmo interesse: frustrar o recolhimento do tributo no momento adequado, afetando o interesse arrecadatório.
Nelson Hungria defendia que não há como fazer distinção, qualitativa ou quantitativa, entre ilícito administrativo e penal.
Na Espanha a questão érelevante porque o princípio do bis in idem leva em conta o ilícito administrativo e o penal, razão pela qual não poderia haver uma multa e uma pena. Naquele sistema, se configurado o crime, a cobrança do tributo será como execução da sanção penal.
No Brasil não há essa vedação ao bis in idem, tendo em vista a autonomia das instâncias. Ocorre que para entender o crime tributário é necessário olhar a questão concreta.
Exemplo: Rogério é empresário e percebe que se sonegar determinado tributo, ele terá uma multa. Ocorre que se com isso ganhar a licitação, vale a pena firmar o contrato e depois arcar com o pagamento da multa. Sendo assim, muitas vezes, o sujeito irá optar por não pagar o tributo, por ser mais vantajoso.
Síntese do tópico: o ilícito penal no âmbito tributário guarda uma grande proximidade com o ilícito administrativo porque ambos têm como fundamento o descumprimento da obrigação tributária. Segundo Hungria, não há uma distinção fundamental entre ilícito administrativo e ilícito penal, tratando-se de mera opção discricionária do legislador. Esse aspecto é importante porque aponta para a ideia de que a afetação do interesse se dá no mesmo momento, isto é, o do descumprimento da obrigação.
Como regra, quando o sujeito deixa de pagar o tributo, ele viola a obrigação tributária. Nesse momento, ele poderá consumar o ilícito penal.
Exemplo: determinado contribuinte teria que pagar imposto de renda, mas na declaração omitiu uma renda, razão pela qual não precisou pagar nada. Nesse momento em
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que omitiu tal informação, descumpriu a obrigação tributária. Ocorre que, como fez isso mediante fraude (requisito do art. 1° da Lei n° 8.137/90) isso também configura crime. Nessa situação, o interesse fazendário tributário foi violado no momento em que tinha que pagar o imposto de renda, mas não pagou. Tanto que é a partir desse momento que correrão os juros de mora. O interesse penal, como se identifica com o interesse fiscal, também resta violado nesse momento, que configura lesão ao interesse jurídico. Sendo assim, não tem sentido a súmula vinculante n° 24.
Observação^ decisão recente do STJ. A receita federal pode realizar quebra de sigilo bancários sem autorização judicial, uma vez que é inerente às suas atribuições. O STJ entendeu que a receita pode obter acesso aos dados bancários para cobrar tributos, mas não pode repassar esses dados ao MPF. Em outros termos, pode-se perceber que o STJ quase afirma que existe ilícito administrativo, mas não ilícito penal.
Observação2: REFIS são programas de parcelamento tributário que impedem processar por crime tributário. Na prática, somente são processados e condenados pessoas físicas ou empresas falidas, que não conseguem arcar com o pagamento do financiamento proposto.Pagamento
Destaca-se que, com frequência, a doutrina afirma que a fraude é o que diferencia ilícito administrativo do ilícito penal. Destaca-se, porém, que nem todo crime tributário tem fraude, conforme art. 168-A do CP.
Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
CP, Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
ACR - Apelação Criminal - Processo 1999.61.81.001830-2 TRF 3- Região
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EMENTA
PENAL - EMBARGOS INFRINGENTES - ART. 1°, INC. I, DA LEI N° 8.137/90 -
FALTA DE ENTREGA DE FORMULÁRIO DE IMPOSTO DE RENDA - LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO PELA RECEITA FEDERAL - AUSÊNCIA DE MATERIALIDADE DOCUMENTAL - TIPO PENAL DE OCULTAÇÃO COM FRAUDE - NÃO CARACTERIZAÇÃO - ATIPICIDADE - PROVIMENTO DO RECURSO.
- A conduta de falta de entrega de declaração de imposto de renda à Receita Federal não configura delito, porquanto não há materialidade documental passível de ocorrer a fraude, elemento característico do crime contra a ordem tributária e necessário ao perfazimento da
figura típica.
Embargos providos.
O julgado acima transcrito, aborda o art. 1° da Lei n° 8.137/90, ocorre que há diversos outros ilícitos em que não precisam de fraude, conforme pode-se depreender dos tipos previstos no art. 2°, II e IV do mesmo diploma legal.
Lei n° 8.137/90, Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:	(Vide Lei n° 9.964, de 10.4.2000)
(...)
- deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;
(...)
- deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
Síntese do tópico: como regra, os crimes tributários pedem a fraude como elementar, contudo, nada impede que se estruturem crimes tributários nos quais a fraude não é um elemento típico, como ocorre com o art. 169-A do CP e art. 2°, II da Lei n° 8.137/90.
Observação: recomenda-se a remissão no art. 1° da Lei n° 8.137/90 para o art. 72 da Lei n° 4.502/64, o qual traz o conceito de fraude tributária. Por ele se depreende que quando se deixa de pagar um tributo, configura fato típico, mas não haverá punição, por conta da extinção da punibilidade.
Lei n° 4.502/64, art. 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.
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Histórico e Legislação
Historicamente, embora o CP sempre tenha trazido a figura do descaminho no art. 334, crime de viés tributário, bem como, em algumas legislações esparsas, o não recolhimento de tributos tenha sido equiparado à apropriação indébita, foi na Lei n° 4.729/65, que os crimes tributários começaram a ganhar autonomia.
CP, Contrabando ou descaminho
Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 1° - Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei n° 4.729, de 14.7.1965)
pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;(Redação dada pela Lei n° 4.729, de 14.7.1965)
pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho;(Redação dada pela Lein°4.729, de 14.7.1965)
vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; (Incluído pela Lei n° 4.729, de 14.7.1965)
adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Incluído pela Lei n° 4.729, de 14.7.1965)
§ 2° - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusiveo exercido em residências. (Redação dada pela Lei n° 4.729, de 14.7.1965)
§ 3° - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo. (Incluído pela Lei n° 4.729, de 14.7.1965)
Observação: o art. 11 da Lei n° 4357/64 equiparava à apropriação indébita certas condutas que na verdade estavam relacionados ao descumprimento de obrigação tributária, sendo assim, o crime de apropriação indébita tem essa nomenclatura por conta de um equívoco histórico.
Lei n° 4357/64, art 11. Inclui-se entre os fatos constitutivos do crime de apropriação indébita, definido no art. 168 do Código Penal, o não-recolhimento, dentro de 90 (noventa) dias do término dos prazos legais:
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das importâncias do Impôsto de Renda, seus adicionais e empréstimos compulsórios, descontados pelas fontes pagadoras de rendimentos;
do valor do Impôsto de Consumo indevidamente creditado no-s livros de registro de matérias-primas (modêlos 21 e 21-A do Regulamento do Impôsto de Consumo) e deduzido de recolhimentos quinzenais, referente a notas fiscais que não correspondam a uma efetiva operação de compra e venda ou que tenham sido emitidas em nome de firma ou sociedade inexistente ou fictícia;
do valor do Impôsto do Sêlo recebido de terceiros pelos estabelecimentos sujeitos ao regime de verba especial.
§ 3° Nos casos previstos neste artigo, a ação penal será iniciada por meio de representação da Procuradoria da República, à qual a autoridade de julgadora de primeira instância é obrigada a encaminhar as peças principais do feito, destinadas a comprovar a decisão final condenatória proferida na esfera administrativa.
§ 4° Quando a infração fôr cometida por sociedade, responderão por ela os seus diretores, administradores, gerentes ou empregados cuja responsabilidade no crime fôr apurada em processo regular. Tratando-se de sociedade estrangeira, a responsabilidade será apurada entre seus representantes, dirigentes e empregados no Brasil.
Observe-se que a Lei n° 4.729/65 no art. 1° traz, na verdade, uma forma especial de falsidade ideológica, consistente na declaração falsa para não pagar tributo.
Lei n° 4.729/65, Art 1° Constitui crime de sonegação fiscal:	(Vide Decreto-Lei n° 1.060, de
1969)
- prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, informação que deva ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de direito público interno, com a intenção de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer adicionais devidos por lei;
- inserir elementos inexatos ou omitir, rendimentos ou operações de qualquer natureza em documentos ou livros exigidos pelas leis fiscais, com a intenção de exonerar-se do pagamento de tributos devidos à Fazenda Pública;
- alterar faturas e quaisquer documentos relativos a operações mercantis com o propósito de fraudar a Fazenda Pública;
- fornecer ou emitir documentos graciosos ou alterar despesas, majorando-as, com o objetivo de obter dedução de tributos devidos à Fazenda Pública, sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis.
- Exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário da paga, qualquer percentagem sôbre a parcela dedutível ou deduzida do impôsto sôbre a renda como incentivo fiscal. (Incluído pela Lei n° 5.569, de 1969)
Leis Penais Extravagantes
Leis Penais Extravagantes
Atualmente, o crime é previsto na Lei n° 8.137/90, nos seguintes termos:
1
www.cursoenfase.com.br
2
www.cursoenfase.com.br
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Lei n° 8.137/90, Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:	(Vide Lei n° 9.964,
de 10.4.2000)
Note-se que, na redação anterior, o crime se aproximava ao crime de falsidade ideológica, caracterizando-se como crime formal. Com a alteração da redação, a doutrina sustenta que o crime é material, precisando do resultado sonegação.
Exemplo1: imagine-se que o prazo para a declaração de imposto de renda é em 30 de abril, tendo o contribuinte cumprido esse prazo, sem pagar, porém, o respectivo tributo. Nessa ocasião, o contribuinte consumou o crime tributário, tendo em vista o descumprimento da obrigação tributária.[1: Deve-se desconsiderar, por ora, o teor da súmula vinculante n° 24, que será apreciada no momento oportuno.]
Exemplo2: imagine-se, diferentemente, que o prazo para a declaração de imposto de renda é em 30 de abril, tendo o contribuinte cumprido esse prazo, pagando o respectivo tributo. Ocorre que em 30/09 o contribuinte faz retificadora à declaração, dentro do prazo para tanto, tendo sido restituído valor em dezembro. Configura também, nessa hipótese, crime tributário, vez que o contribuinte está fazendo descumprir a obrigação em momento posterior àquele em que a obrigação já tinha sido cumprida. Na essência também é crime tributário porque se refere à obrigação tributária, vez que ela tornará descumprida depois de vencido o prazo. Esse tipo de construção torna mais difícil de estudo do crime tributário. O prejuízo foi causado em dezembro.
Saliente-se que o crime tributário está vinculado ao descumprimento de uma obrigação, normalmente vinculado a uma fraude, mas nem sempre necessariamente.
Exemplo3: determinado contribuinte teria que pagar tributo em 30/04. Porém, ao invés de pagar, realiza simulação na sua declaração de modo que ao invés de ter que pagar tributo, ele terá restituição em seu favor. Destaca-se que a obrigação está descumprida quando a pessoa tinha que pagar, mas não paga. O que configuraria o recebimento da restituição? Em que pese haver o recebimento de algo, o crime já havia sido consumado. O descumprimento tributário se dá em 2 atos: um omissivo (não pagar) e outro comissivo (receber).
Destaca-se, por fim, que a jurisprudência brasileira não aceita a tese da inconstitucionalidade dos crimes tributários, para os quais têm previsão fundamento constitucional. Ademais, a aludida tese é somente brasileira.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Crimes tributários e princípio da insignificância (Crimes de Bagatela)
O	princípio da bagatela é desenvolvido em várias construções, mas todas representativas de uma única questão: espaço dentro do qual o direito penal não deve intervir, por não haver afetação do bem jurídico.
No plano do crime tributário, duas questões se tornam mais problemáticas:
Delito de acumulação - construção feita para questões de bem jurídico supraindividuais;
O valor da execução fiscal - tendo em vista que abaixo de determinado valor a fazenda não promove a execução fiscal;
Delito de acumulação
No âmbito do direito penal econômico, autores como Lothar Kuhlen sustentam que a existência de bens jurídicos supraindividuais faz com que a análise da insignificância leve em conta a questão da acumulação de comportamentos, isto é, deve-se reduzir o patamar da insignificância para uma quadra na qual até mesmo a acumulação de condutas não produza uma afetação relevante do bem jurídico.
Observação: comentários sobre a prova do concurso para o MP de Goiás:
> Questão: 2° fase do MP de Goiás. O que é o princípio da reserva quanto à
autolavagem? É aplicável no Brasil?
Conforme visto na aula sobre lavagem, mesmo o sujeito que comete o crime antecedente, pode responder por lavagem, razão pela qual não há restrição à autolavagem.
Trata-se de previsão na Convenção de Palermo, sobre organização criminosa transnacional,a qual traz uma reserva para a hipótese de o ordenamento interno entender que é bis in idem a punição do sujeito que está lavando o próprio dinheiro obtido. Nessa hipótese, poderia deixar de punir esse sujeito. De qualquer forma, há algumas condutas típicas que não poderão ser praticadas pelo agente, como aquele que recebe um apartamento para pagamento de propina, não tem como adquiri-lo, não incidindo nessa hipótese típica.
A questão queria que se desenvolvesse que não se aplica a reserva à autolavagem no Brasil e que há alguns casos em que há condutas que não serão praticadas.
> Questão: 2° fase do MP de Goiás. Discorra sobre a teoria da ação significativa.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
O tema somente é desenvolvido na doutrina por Paulo César Busato e Juarez Tavares.
> Questão: 2° fase do MP de Goiás. Disserte sobre o discurso de resistência no contexto do direito penal no séc. XXI e qual a crítica realizada aos bens supraindividuais.
Trata-se de discurso existentes na Europa que entende que o direito penal não deve ser utilizado para tratar de bens jurídicos supraindividuais.
2. Valor da execução fiscal a. Lei n° 10.522/02
Há alguns autores, como José Paulo Baltazar, que sustentam que se não há interesse fiscal para cobrar tributo, não pode haver crime, visto que o interesse extrapenal condicionaria o interesse penal.
O problema concreto é que, para a Fazenda Pública, se em um determinado momento a cobrança ultrapassar o valor, por conta da incidência dos juros, por exemplo, haverá a cobrança.
Lei n° 10.522/02, Art. 20. Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). (Redação dada pela Lei n° 11.033, de 2004)
§ 1o Os autos de execução a que se refere este artigo serão reativados quando os valores dos débitos ultrapassarem os limites indicados.
§ 2o Serão extintas, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, as execuções que versem exclusivamente sobre honorários devidos à Fazenda Nacional de valor igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais). (Redação dada pela Lei n° 11.033, de 2004)
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica às execuções relativas à contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
§ 4o No caso de reunião de processos contra o mesmo devedor, na forma do art. 28 da Lei no 6.830, de 22 de setembro de 1980, para os fins de que trata o limite indicado no caput deste artigo, será considerada a soma dos débitos consolidados das inscrições reunidas. (Incluído pela Lei n° 11.033, de 2004)
Destaca-se que o critério dos R$10.000,00 é problemático, embora previsto em lei, no art. 20 da Lei n° 10.522/2002. Isso porque o §1° do mencionado artigo estabelece que, após atingido o valor, a Fazenda irá cobrar. Ocorre que, no âmbito penal, não há como a insignificância progredir para uma significância. Em outros termos, não faz sentido, em
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matéria penal, afirmar que o fato é insignificante em momento e em outro dado momento, é significante.
Outra questão divergente é saber se é possível, para a análise da insignificância, levar em conta algo que é utilizado como sanção para fins tributários, ou seja, a multa. Na Espanha, a sonegação é em relação à cota defraudada. No Brasil, o que é executado inclui o valor do imposto, multa e juros.
Destaca-se, ainda, que se o sujeito praticar 5 fatos, mas que são investigados no mesmo procedimento fiscal na Receita Federal, os valores são somados e, se na totalidade alcançar mais de 10 mil reais, ainda que individualmente seja inferior a esse valor, a fazenda cobrará.
Pelo acima exposto, percebe-se que a tese que condiciona a aplicação da insignificância ao limite da cobrança gera uma série de problemas dogmáticos quando da sua aplicação na esfera penal.
Destaca-se que o principio da insignificância aceito pela jurisprudência refere-se ao descaminho e não a fraude, hipótese em que, como regra, não há execução fiscal, uma vez que se decreta o perdimento do bem e encaminha a questão para o MPF.
Não obstante tudo isso, o STJ tinha jurisprudência no sentido de que a insignificância referia-se ao valor de R$ 100, 00, conforme §1° do art. 18 da Lei n° 10.522/02.
Lei n° 10.522/02, Art. 18. Ficam dispensados a constituição de créditos da Fazenda Nacional, a inscrição como Dívida Ativa da União, o ajuizamento da respectiva execução fiscal, bem assim cancelados o lançamento e a inscrição, relativamente:
(...)
§ 1o Ficam cancelados os débitos inscritos em Dívida Ativa da União, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 100,00 (cem reais).
Síntese do tópico: na jurisprudência, tanto do STF quanto do STJ, é firme a aceitação do critério da execução fiscal para a insignificância. Porém, estabelecido em 10 mil reais por força do art. 20 da Lei n° 10.522/2002, esse critério tem o inconveniente de não considerar que no bojo dos 10 mil reais está inserida, inclusive, a sanção tributária, que não é algo que corresponde ao dano decorrente da conduta. Contudo, esse critério tem sido questionado nos casos de reiteração criminosa em que o STF acaba por afastar a insignificância com o argumento de que o sujeito faz do crime modo de vida.
Conclusões sobre o tema:
1. Quando há reiteração criminosa, ainda que seja inferior a 10 mil, é afastada a tese da insignificância, por conta de o sujeito fazer do crime modo de vida;
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2. O valor utilizado, como regra é de 10 mil reais.
b. Portaria MF n° 75/2012
Art. 1° Determinar:
- a não inscrição na Dívida Ativa da União de débito de um mesmo devedor com a Fazenda Nacional de valor consolidado igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais); e II - o não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
§ 1° Os limites estabelecidos no caput não se aplicam quando se tratar de débitos decorrentes de aplicação de multa criminal. § 2° Entende-se por valor consolidado o resultante da atualização do respectivo débito originário, somado aos encargos e acréscimos legais ou contratuais, vencidos até a data da apuração. § 3° O disposto no inciso I do caput não se aplica na hipótese de débitos, de mesma natureza e relativos ao mesmo devedor, que forem encaminhados em lote, cujo valor total seja superior ao limite estabelecido.
§ 4° Para alcançar o valor mínimo determinado no inciso I do caput, o órgão responsável pela constituição do crédito poderá proceder à reunião dos débitos do devedor na forma do parágrafo anterior.
§ 5° Os órgãos responsáveis pela administração, apuração e cobrança de créditos da Fazenda Nacional não remeterão às unidades da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) processos relativos aos débitos de que trata o inciso I do caput. § 6° O Procurador da Fazenda Nacional poderá, após despacho motivado nos autos do processo administrativo, promover o ajuizamento de execução fiscal de débito cujo valor consolidado seja igual ou inferior ao previsto no inciso II do caput, desde que exista elemento objetivo que, no caso específico, ateste elevado potencial de recuperabilidade do crédito.
§ 7° O Procurador-Geral da Fazenda Nacional, observados os critérios de eficiência, economicidade, praticidadee as peculiaridades regionais e/ou do débito, poderá autorizar, mediante ato normativo, as unidades por ele indicadas a promoverem a inscrição e o ajuizamento de débitos de valores consolidados inferiores aos estabelecidos nos incisos I e II do caput.
Esclarece-se que a Fazenda encomendou um estudou a economistas do EPEIA para fazer um levantamento quanto aos custos da execução. Nesse estudo, de cunho econômico, verificou-se que deveriam ser promovidas apenas as execuções em valores superiores a R$ 20.00,00. Destaca-se que, na mesma oportunidade, verificou-se que o maior custo da execução era para citação, razão pela qual restou recomendo que mesmo as execuções em que o valor fosse inferior, mas se já tivesse sido realizada a citação, deveriam prosseguir.
O critério não poderia ser encampado quando for quanto à multa penal, conforme previsão expressa na portaria.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Em suma, o critério dos R$ 20.000,00 está em aberto e vem sendo recusado pelo STJ, conforme pode ser verificado no julgamento do AgRGg no HC 216368.
AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. DESCAMINHO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. PRECEDENTES. LEI N. 10.522/02. VALOR ELIDIDO SUPERIOR A R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS). PORTARIA N.75/2012, DO MINISTÉRIO DA FAZENDA. DESCABIMENTO. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.
- A Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça, apreciando a questão da aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho, no julgamento do Recurso Especial Representativo de Controvérsia n. 1.112.748/TO, sedimentou o entendimento segundo o qual somente é cabível o reconhecimento do delito de bagatela aos débitos tributários que não ultrapassem o teto de R$ 10.000,00 (dez mil reais), em conformidade com o art. 20 da Lei n. 10.522/2002.
- A Portaria n. 75, de 22 de março de 2012, do Ministério da Fazenda, não conduz à conclusão diversa. Se a execução fiscal pode prosseguir por valor inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), consoante a disciplina legal, então tal montante não pode ser considerado insignificante.
- In casu, o valor do tributo elidido é superior ao patamar fixado por esta Corte Superior.
IV- Agravo regimental improvido.
(AgRg no HC 216368/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em 11/02/2014, DJe 17/02/2014)
O tema ainda está vacilante, com ligeira prevalência de que não pode utilizar como critério os R$ 20.000,00.
Síntese do tópico: em relação à portaria n° 75/12, a jurisprudência do STJ tem entendido pela não aplicação desse critério, mantendo o de 10 mil reais (AgRGg 216368), embora no STF exista menção a tal critério no HC 118.000/PR.
Ementa: PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE CONTRABANDO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. REITERAÇÃO DELITIVA. ORDEM DENEGADA.
- Nos termos da jurisprudência deste Tribunal, o princípio da insignificância deve ser aplicado ao delito de descaminho quando o valor sonegado for inferior ao estabelecido no art. 20 da Lei 10.522/2002, com as atualizações feitas pelas Portarias 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda.
- No caso sob exame, o paciente detinha a posse, sem a documentação legal necessária, de 22.500 (vinte e dois mil e quinhentos) maços de cigarro de origem estrangeira, que, como se sabe, é típica mercadoria trazida do exterior, sistematicamente, em pequenas quantidades, para abastecer um intenso comércio clandestino, extremamente nocivo para o País, seja do ponto de vista tributário, seja do ponto de vista da saúde pública.
[2: 	A importação de cigarro clandestino para o Brasil por uma pessoa física configura, tecnicamente, crime de contrabando, uma vez que pessoa física não tem autorização para importação de cigarros.]
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
- Os autos dão conta da reiteração delitiva, o que impede a aplicação do princípio da insignificância em favor do paciente em razão do alto grau de reprovabilidade do seu comportamento.
- Ordem denegada.
(HC118000, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 03/09/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-182 DIVULG 16-09-2013 PUBLIC 17-09-2013)
Crime tributário / Norma penal em branco / Elemento normativo do tipo
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas
Revisão conceitual:
Objeto material da conduta -> aquilo sobre o que recai a conduta
Sujeito ativo ^ quem pode cometer o delito
Sujeito passivo -> quem pode ser lesionado com a conduta
Objeto jurídico do crime ou objetividade jurídica -> interesse que é tutelado pela norma.
No caso do crime tributário, o seu objeto material é o tributo, questão normativa. O tributo, no tipo penal, além de ser objeto material, é elementar normativa, que será encontrada na constituição ou em outras normas. Pode-se afirmar, assim, que o tipo penal é uma norma penal em branco.
Síntese do tópico: os tipos penais relacionados a crimes tributários são normas penais em branco, pois dependem da complementação, que será encontrada na legislação tributária. Além disso, torna-se evidente que a legislação tributária se apresenta como relevante para a descrição da conduta proibida. Assim, questões relacionadas à identificação do sujeito ativo do crime, que é o sujeito passivo da obrigação tributária, a alíquota, que representa o montante de tributo devido e ao qual poderá corresponder a lesão do bem jurídico e, por fim, o prazo de recolhimento, que estabelecerá o momento em que a conduta afeta o bem jurídico no caso concreto.
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> Imagine-se que determinado sujeito venha a aderir ao SIMPLES, apesar de ter recolhimento superior ao previsto para o regime favorecido de recolhimento. Para tanto, frauda a informação quanto ao faturamento da empresa. Quantos crimes são cometidos? Um crime de supressão de tributos ou vários crimes?[3: SIMPLES é o sistema voltado para determinado tipo de empresa, normalmente de menor envergadura, que possibilitará o recolhimento unificado de tributos. Para que se possa aderir a esse sistema é necessário ter um determinado faturamento máximo.]
Destaca-se que a fraude realizada é apenas uma, no momento da declaração falsa quanto ao faturamento. Configura concurso formal ou crime único? Não há um tipo penal referente a fraudar para aderir ao SIMPLES. O melhor entendimento, portanto, é reconhecer o concurso formal, visto que, a partir de uma única fraude, descumprem-se diversas obrigações tributárias. Por tal razão é importante sempre indagar qual é a obrigação tributária subjacente ao comportamento.
Outro exemplo sobre o tema há na hipótese em que o empresário retém o imposto de renda na fonte, mas não o recolhe. A lei estabelece a obrigação de reter e recolher. Como se trata de responsável tributário, ter-se-á para cada não recolhimento, uma conduta típica. É por essa razão, inclusive, que não cabe a tese de crime único. Trata-se de um crime para cada mês em que deixou de recolher. O mesmo raciocínio quanto à configuração de um crime por mês é aplicável no crime do art. 168-A do CP.
CP, Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)- recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
- recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
- pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
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§ 3° É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
- tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
- o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
> Na hipótese de norma penal em branco, revogada ou alterada a norma
complementar, qual a consequência?
Exemplo: Dilma é reeleita em 2014 e, no ano de 2015, estabelece alíquota zero para o imposto de renda. O sujeito que deixou de recolher imposto de renda em 2012 será alcançado por uma abolitio criminis?
Destaca-se que quando o complemento está assentado em razões de caráter permanente, a retirada do complemento faz com que atinja fatos anteriores. Seria a hipótese aplicável caso a maconha fosse retirada do rol de substâncias consideradas entorpecentes. De outro lado quando o complemento está assentado em razões de caráter temporário, não produz abolitio criminis.
Sendo assim, para responder a indagação proposta quanto à abolitio criminis, é importante analisar se o crime tributário é tratado como legislação de caráter permanente ou temporário. Saliente-se que este é tratado como temporário, uma vez que o legislador pode alterar a matéria a qualquer tempo e o tributo é cobrado para satisfazer um orçamento ao qual é aplicado o princípio da anualidade do direito financeiro.
A interpretação da legislação tributária abre espaço para outra discussão: o legislador é livre para criar e extinguir tributos, havendo espaço para saber se há ou não abolitio. Isso porque, se há margem para criar, tem que haver margem para excluir também.[4: 	A cobrança do CPMF era temporária, sendo assim, iria acabar de qualquer forma, razão pela qual não se aplica a tese da abolitio a essa hipótese.]
> Questão do MPF - Na hipótese de norma penal em branco, revogada ou alterada a norma complementar:
[5: 	Em uma prova se não for especificado se o complemento é temporário ou permanente, deve-se trabalhar como se fosse permanente.]
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Haverá retroatividade de norma mais benigna;
Haverá a ultratividade da norma revogada;
As decisões transitadas em julgado não seriam afetadas;
Apenas os processos em curso seriam afetados. ]
Resposta correta: letra a, isso porque retroagirá e alcançará o comportamento anterior.
Síntese do tópico: A conduta no crime tributário deve levar em conta o fato imponível, independentemente do período de apuração ou do prazo de recolhimento do tributo. Isto é, a sonegação está vinculada ao descumprimento da obrigação decorrente do fato imponível.
> Questão: XVIII Concurso do MPF - X é condenado por fato, condenação transitada em julgado que posteriormente perde determinada natureza, subsistindo, todavia, por natureza diversa.
A condenação sofrida subsiste;
Lei penal no tempo
Sob o ponto de vista de lei penal no tempo, é frequente no âmbito dos crimes tributários, o surgimento de causas de extinção de punibilidade relacionadas ao pagamento do tributo, tais causas devem ser interpretadas, segundo critérios de direito penal e não de direito tributário, isto é, abstraindo-se o caráter temporal antes mencionado.
Evolução da causa de extinção da punibilidade dos crimes tributários:
CP
Lei n° 4.729/65 - art. 2°: pagamento antes do início da ação fiscal
Art 2° Extingue-se a punibilidade dos crimes previstos nesta Lei quando o agente promover o recolhimento do tributo devido, antes de ter início, na esfera administrativa, a ação fiscal
própria.	(Vide Decreto-Lei n° 94, de 1966)	(Vide Lei n° 5.498, de 1968)	(Vide Decreto-
Lei	n°	1.650	de	1978)
	Parágrafo único. Não será punida com as penas cominadas nos arts. 1° e 6° a sonegação
fiscal anterior à vigência desta Lei.	(Revogado pela Lei n° 8.383, de 1991)
Lei n 5498/68 : pagamento ou parcelamento do imposto de renda
Art 1° Extingue-se a punibilidade dos crimes previstos na Lei número 4.729, de 14 de julho de 1965, para os contribuintes do impôsto de renda que, dentro de 30 (trinta) dias da publicação
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desta Lei, satisfizerem o pagamento de seus débitos na totalidade, ou efetuarem o pagamento de 1- (primeira) quota do parcelamento que lhes tenha sido concedido.
Lei 8.137/90 - pagamento do tributo
—Art. 14. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos nos arts. 1° a 3° quando o agente promover o pagamento de tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia.—(Revogado pela Lei n° 8.383, de 30.12.1991)
Lei n° 8.383/91 - revogação do art. 14 da Lei n° 8.137/90
Lei n° 9.249/95 - art. 34: pagamento antes do recebimento da denúncia;
Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lei n° 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia.
REFIS
Tem-se de relevante nesse cenário o seguinte: imagine-se que a pessoa sonegou tributo em 1990, ano no qual a lei trazia a previsão de que para extinção da punibilidade era necessário o pagamento do tributo antes da ação fiscal, ou seja, antes de qualquer atuação do fisco. Imagine-se que o pagamento foi realizado depois da ação do fisco, mas antes da denúncia. Como o contribuinte pagou fora do período legal, o pagamento será considerado como circunstância atenuante.
Ocorre que, se houver lei posterior que entende o pagamento realizado antes da denúncia extingue a punibilidade, essa lei retroagirá para atingir e alterar a natureza do pagamento efetuado. Isso porque essa lei que disciplina o momento temporal do pagamento tem natureza penal.
Em relação ao pagamento, sempre que uma nova lei atribua uma natureza mais benéfica ao pagamento, a natureza deste se modificará para beneficiar o agente. Por lógico, o contrário não será aplicado, razão pela qual se a natureza mudar para piorar, não retroagirá para alcançar o agente.
Observação: quando a lei fala "em qualquer tempo" na verdade é até o trânsito em julgado, sob pena de inconstitucionalidade. Há autores que defendem que o "a qualquer tempo" atinge, inclusive, os pagamentos efetuadosapós o trânsito em julgado da sentença. Ocorre que esta visão estaria eivada de inconstitucionalidade vez que o objetivo legal não é transformar a prisão no pagamento do tributo. Direito penal não pode ser tratado como instrumento de cobrança de dívida.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Programas de recuperação fiscal
A partir da década de 90, com o surgimento de causas de extinção da punibilidade, o legislador vislumbrou a possibilidade de converter o pagamento do tributo em uma causa de extinção da punibilidade nos crimes tributários. Isso se deu, especificamente, com o art. 34 da Lei n° 9.249/95.
Lei n° 9.249/95, Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lei n° 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia.
Explica-se que um advogado do Paraná começou a sustentar que, como o pagamento antes do recebimento da denúncia extinguia a punibilidade, o contribuinte poderia entrar judicialmente e sobrestar o oferecimento da denúncia, uma vez que estava tentando pagar, ainda que em parcelas. A questão refere-se, unicamente, em reparar ou não o dano. Sendo assim, se não houvesse possibilidade de manejar a causa de extinção da punibilidade, não deveria aplicar a possibilidade de parcelamento. Ocorre que a tese defendida pelo advogado ganhou respaldo, levando a edição do art. 34 da Lei n° 9.249/95. Destaca-se que o sistema de parcelamento somente existe no Brasil e não mais em nenhum outro sistema mundial.
Os programas de parcelamento (REFIS) são caracterizados:
Programas de parcelamento que suspendem a pretensão punitiva, ou seja, impedem denúncia;
Leis Penais Extravagantes
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Pagamento que extingue a punibilidade.
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Sumário
1. Crimes contra a ordem tributária	2
Conduta no crime tributário	2
Conflito aparente de normas	5
1.2.1 Princípios	6
2. Procedimento Administrativo Fiscal	10
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1. Crimes contra a ordem tributária
1.1. Conduta no crime tributário
Exemplo: Sujeito tem que descontar todo mês imposto de renda de seus funcionários. Faz o desconto e não repassa mês a mês. Neste caso, tem-se que o real contribuinte é o empregado e o empregador é o substituto tributário, que não se confunde com o imposto de renda pago pelo empregado.
Para cada retenção que o empregador está obrigado e que não é repassado, tem-se um crime do art. 2°, inciso II, da lei 8.137/1990.
Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;
Exemplo2: Alguém faz declaração do imposto de renda e coloca um valor falso de dedução de despesa médica. Neste caso, tem-se um crime, o fato imponível é pagar um tributo até 30 de abril do ano seguinte, se for pessoa física, sobre a renda do ano passado.
O número de condutas praticadas em relação ao crime tributário está relacionado ao fato imponível que decorre dessa obrigação, isto é, a partir da obrigação tributária deve-se identificar quais os deveres que são extraídos para o agente, de modo que não se confunda a natureza do tributo com o número de condutas praticadas. Para cada fato imponível, há um crime.
Exemplo: ICMS - um fato imponível para cada operação de compra e venda da mercadoria. O prazo de recolhimento do tributo é unificado. Assim, se uma concessionária de automóveis vende 3 carros, se utiliza da nota fiscal calçada1 e não recolhe o ICMS de cada um deles, ter-se-á 3 fatos imponíveis diferentes.
Em se tratando de tributos cujo recolhimento engloba diversos fatos imponíveis, a jurisprudência admite que se considere um concurso formal, se a conduta final omissiva reúne diversos fatos imponíveis.
Exemplo: HC -34347 STJ
HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. NOTA FISCAL "CALÇADA". CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL. FIXAÇÃO DA PENA-BASE. BIS IN IDEM. CARACTERIZAÇÃO. CRIME CONTINUADO. NÚMERO DE CRIMES. CONCURSO FORMAL. FUNÇÃO FAVORÁVEL AO RÉU. OBRIGATORIEDADE. 
[6: A nota fiscal calçada é aquela em que o valor apresentado para o Fisco é menor do que o valor para a contabilidade seja outra. É uma forma de burlar o sistema.]
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Cuidando-se de ICMS, incidente em "operações relativas à circulação de mercadorias”
(artigo2°,	inciso	I,	da	Lei	Complementar
n° 87, de 13 de setembro de 1996), cada qual das reduções de tributo devido caracteriza o delito tipificado no artigo 1°, inciso I, da Lei 8.137/90.
Nada impede, em hipóteses tais, o reconhecimento do concurso formal, se a conduta final, que dá lugar à supressão ou diminuição dos tributos devidos, unifica as várias condutas-meio.
 A caracterização de mais de um concurso formal de crimes, na unidade	do crime	continuado, há de	influir, favoravelmente ao réu,
no quantum do aumento da continuação, porque certamente a sua extensão resta atenuada pelas unidades formais que a integram, sendo demasia	ignorá-las e considerar cada	um dos crimes isoladamente,
para, depois,	somá-los	e aplicar o	grau máximo	da continuação.
Ordem concedida.
(HC 34347/ RS, Rel.Min. Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJ 09.10.2006, p.342)
> O indivíduo vende um carro por dez mil reais e na nota fiscal altera o valor para três mil reais, a fim de pagar o tributo com base neste valor da nota. Por receio, este indivíduo pagou o tributo certo. Há crime de falsidade documental?
R: O crime de falso perde relevância jurídica já que o sujeito recolheu o tributo adequado.
Para Nelson Hungria, seria o arrependimento eficaz. Para tanto, assim exemplifica: a pessoa falsifica a identidade e destrói. Sob o ponto de vista processual, não há crime já que ela foi destruída. Sob o ponto de vista penal, como os documentos servem para viabilizar relações jurídicas, isso seria um arrependimento eficaz, retirando a potencialidade lesiva do crime de falso.
A maioria da doutrina defende que o arrependimento eficaz e a desistência voluntária só estariam presentes nos crimes materiais, que possuem resultados naturalísticos (no plano dos fatos) tendo a conduta e o resultado.
Se a partir de uma única nota fiscal são sonegados tributos federais e estaduais, neste caso, haverá dois crimes: um para cada ordem jurídico-tributária violada. A jurisprudência, porém admite concurso formal pela existência de um único documento.
[7: Na Espanha, o crime tributário é parecido com o estelionato. Assim, se utilizar o mesmo documento falso para pessoas diferentes, o crime estará em concurso material, já que são duas condutas distintas.]
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O crime continuado encontra sua definição no art. 71 do CP, possuindo como requisitos tempo, lugar e maneira de execução. É necessário

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