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Processo civil 496 páginas

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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
Competência	2
A determinação da competência	2
Exceções à regra da perpetuatio jurisdictionis 	2
"Competência" internacional	5
Regras de Competência Concorrente	5
Regras de Competência Exclusiva	6
Relação entre jurisdição brasileira e a jurisdição estrangeira	6
Prorrogação da competência internacional	7
Competência da Justiça	Federal	10
Justiça Federal vs. Justiça Estadual	11
Hipóteses de deslocamento da competência	11
Art. 109, I CRFB:	11
Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Entes paraestatais 12
Conselhos Profissionais e OAB 	12
Rede Ferroviária Federal	S/A	e a	REFER	12
MPF e MPE	13
Intervenção da União no processo 	13
Falência 	15
Ações acidentárias 	15
Justiça do Trabalho e a Fazenda Pública Nacional	16
Jurisprudências pertinentes	16
Art. 109, II, CRFB	19
Art. 109, III, CRFB	20
Art. 109, VIII, CRFB	21
Art. 109, X, CRFB	22
Art. 109, XI, CRFB	22
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Competência territorial na Justiça Federal	23
União como autora	23
União como ré	23
Competência
A determinação da competência
Princípio da perpetuatio jurisdictionis é também chamado de princípio da perpetuação da competência. A ideia central da competência pode ser ilustrada da seguinte forma: quando se distribui uma ação seguindo as regras de competência da lei, este feito chegará a um órgão do Poder Judiciário e ocorrerá a prevenção (prevenção no sentindo de concentrar competência num determinado juízo). A ideia desta norma é que após a escolha daquele juízo, o processo ali tramite do início ao fim (até o momento que transite em julgado, ou passe à outras instâncias em razão de recursos).
Então esta norma diz: fixada a competência do juízo, alterações ou circunstâncias supervenientes não são capazes de modificá-la.
Isto, de certa forma, serve para proteger as partes no processo, principalmente o autor. Exemplo: a regra de competência básica é "a ação será ajuizada no foro do domicílio do réu". Imagine que a relação processual já está formada e o réu mude de domicílio, seria um transtorno enorme encaminhar o processo de um foro a outro toda vez que o réu mudasse de domicílio. Geraria uma grande morosidade processual e destruiria a administração da justiça.
Exceções à regra da perpetuatio jurisdictionis
São duas ordens de exceção à regra da perpetuatio jurisdictionis, a primeira delas é a extinção do órgão onde tramitava o feito.
Exemplo1: em determinada seção judiciária a 20- vara civil é transformada em vara criminal, é uma alteração de competência. E o que se faz com os processos cíveis? Serão redistribuídos nas demais varas. Então quando se extingue o órgão jurisdicional onde tramitava o feito não aplica-se o princípio da perpetuatio jurisdictionis.
A segunda ordem de exceções trata de circunstâncias supervenientes que não podem alterar a competência já fixada, são alterações fáticas e alterações legislativas. Ocorre que,
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por vezes, estes alterações mexem com critérios absolutos de fixação de competência (consequentemente mudam a competência absoluta).
Os critérios matéria, pessoa, critério funcional, critério valor da causa nos juizados especiais são todos critérios absolutos. Enquanto que os critérios relativos são: domicílio do autor, domicílio do réu, local do ato ou fato, ou seja, o grupo de critérios territoriais. E para a realidade de Justiça Federal, o critério pessoa é mais corriqueiro na fixação de competência, pois o que fixa a competência da Justiça Federal é a presença do ente federal no processo.
Exemplo2: um processo tramita normalmente na Justiça Estadual quando a União manifesta interesse em ingressar no feito como assistente simples do réu. O ingresso da União no processo nesta condição leva a competência para a Justiça Federal e a competência da Justiça Federal é absoluta, porque todos os critérios que a determina são absolutos (critérios eleitos do interesse público). Ora, quando circunstâncias supervenientes à fixação da competência mexem com os critérios absolutos de sua determinação, a competência deve ser modificada, assim, não se aplica a regra da perpetuatio jurisdictionis. Significa que o processo sai da Justiça Estadual e vai para a Justiça Federal.
Exemplo3: 10 anos atrás não havia vara de execução fiscal na Seção Judiciária de Belém, as execuções eram julgadas em varas cíveis, e então cria-se uma vara de execução fiscal dentro daquela seção judiciária, as execuções fiscais que já tramitavam na vara cível serão remetidas à nova vara. Quando se cria um juízo especializado dentro do mesmo foro (ou da mesma seção judiciária) altera-se a competência, porque o juízo é especializado em razão da matéria - que é critério absoluto - logo não se aplica a regra da perpetuatio jurisdictionis.
Para determinar competência há uma ordem de critérios, primeiro determina-se a competência territorial, e só dentro desta competência territorial determina-se a competência do juízo. Então se não houver juízo especializado dentro daquele foro, não adianta procurar fora dele. Criada a vara nova, muda-se a competência, é em razão disto que existe a súmula 206 do STJ que é aplicável também à área federal.
STJ. Súmula 206. A existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não altera a competência territorial resultante das leis de processo.
Já a súmula 58 STJ valoriza a perpetuatio jurisdictionis:
STJ. Súmula 58. Proposta a execução fiscal, a posterior mudança de domicilio do executado não desloca a competência já fixada.
Ainda sobre as exceções à regra da perpetuatio jurisdictionis, podem ocorrer alterações na lei que mexam com a competência absoluta, estas alterações legislativas implicam em modificação de competência imediata de processos que estejam pendentes de
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sentença. A última vez que isto ocorreu foi com a EC 45/2004 (reforma do judiciário) que ampliou a competência da Justiça do Trabalho e diminuiu a competência da Justiça Estadual. As ações de responsabilidade civil que tinham causa de pedir de acidente do trabalho tramitavam na Justiça do Estado, o art. 114, CRFB (que fixa a competência da Justiça Trabalhista) estabeleceu que todas as causas envolvendo empregador e trabalhador, tramitam na Justiça do Trabalho, então todos os feitos que tramitavam na estadual, foram remetidos à trabalhista. Mexeu-se com regra de competência absoluta e não se aplicou o princípio da perpetuatio jurisdictionis. Aliás, sobre o descolamento destes processos, foi imposto um limite através da súmula 367 STJ:
STJ. Súmula 367. A competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança os processos já sentenciados.
Isto é política judiciária, não há razão técnica para que seja assim.
O STJ vem entendendo que quando o tribunal altera a estrutura da justiça no sentido de criar novas seções judiciárias ou subseções, dividir seções ou subseções, ou ainda juntar seções, isto pode implicar em modificação da competência.
Exemplo4: anos atrás a seção judiciária do Rio de Janeiro era enorme, porque não havia subseções, depois foram criadas a subseção de Niterói, de São Gonçalo e Itaboraí e os processos foram remetidos. Pelo estudo teórico da perpetuatio jurisdictionis estes processos não deveriam ser remetidos, porquecriar uma subseção é equiparável a criar uma nova comarca/novo foro. Não deveria existir exceção a perpetuatio jurisdictionis aqui. Porém, o STJ por política de administração da justiça entendeu que os feitos podem ser redistribuídos. O STJ entende que é do interesse público que haja redistribuição dos processos sempre que haja alteração da estrutura da justiça, justamente porque esta alteração só ocorre para que ela funcione melhor. Quando a isto, segue o acordão, dizendo que não há violação do princípio do juiz natural.
COMPETÊNCIA. REDISTRIBUIÇÃO. PRINCÍPIO. JUIZ NATURAL. Na impetração, sustenta-se que, quando já definida a competência pela distribuição, resolução alguma, ainda que de criação de varas, pode ter o condão de determinar a redistribuição de processos anteriormente distribuídos, sob pena de clara e grave violação do princípio do juiz natural, que macula com a pecha de nulidade todos os atos decisórios desde então praticados por juízo incompetente. Diante disso, a Turma denegou o habeas corpus ao entendimento de que a redistribuição do feito decorrente da criação de vara com idêntica competência com a finalidade de igualar os acervos dos juízos e dentro da estrita norma legal, não viola o princípio do juiz natural, uma vez que a garantia constitucional permite posteriores alterações de competência. Observou-se que o STF já se manifestou no sentido de que inexiste violação ao referido princípio, quando ocorre redistribuição do feito em virtude de mudança na organização judiciária, visto que o art.
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96, a, da CF/1988 assegura aos tribunais o direito de dispor sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais. Precedentes citados do STF: HC 91.253-MS, DJ 14/11/2007; do STJ: HC 48.746-SP, DJe 29/9/2008; HC 36.148-CE, DJ 17/4/2006; HC44.765-MG, DJ 24/10/2005; REsp 675.262-RJ, DJ 2/5/2005; HC41.643-CE, DJ 3/10/2005; HC 10.341-SP, DJ 22/11/1999, e RHC 891-SP, DJ 4/3/1991. HC 102.193-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 2/2/2010.
2° Horário
"Competência" internacional
É tema mais ligado à jurisdição do que ao estudo competência em si. Sobre o tema são dois artigos no CPC: o art. 88 e o art. 89. Existem causas que tanto pela dinâmica dos fatos quanto pelas pessoas envolvidas, interessam a jurisdição de mais de um país. Estes artigos regulamentam a atuação do Brasil, e ainda, atuando a jurisdição estrangeira que tipo de efeito ela produzirá aqui.
Há casos em que o Brasil homologa a sentença, em outros casos só se admite a atuação da jurisdição brasileira. Então este capítulo do CPC deveria chamar-se de "Jurisdição Internacional" ou "Limites da Jurisdição Brasileira".
Regras de Competência Concorrente
As causas de competência concorrente são aquelas em que o Brasil pode atuar, mas a priori a jurisdição estrangeira estaria legitimada dada certas circunstâncias, ou seja, a sentença estrangeira seria homologada.
Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando:
- o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
- no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
- a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no n. I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa
jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.
Hipótese1. Quando o réu, brasileiro ou estrangeiro, é domiciliado no Brasil. Neste caso o Brasil já atuaria, afinal nossa jurisdição abrange.
Hipótese2. Quando a obrigação deve ser cumprida no Brasil, ainda que as partes sejam estrangeiras ou que morem fora do Brasil, se a obrigação tiver que ser cumprida aqui a jurisdição brasileira pode atuar.
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Hipótese3. Quando a ação se originar de fato ou ato ocorrido no Brasil, neste caso as parte envolvidas moram fora do Brasil, mas estiveram aqui em algum momento, v.g. houve um acidente, gerou-se uma ação de responsabilidade civil, a jurisdição brasileira pode atuar. Pode ser que a jurisdição brasileira não atue, pode ser que as partes prefiram litigar fora do Brasil e depois trazer a sentença para ser homologada aqui, pode, porque não é hipótese de atuação exclusiva da atuação brasileira.
Regras de Competência Exclusiva
No que toca a atuação exclusiva da jurisdição brasileira (art. 89, CPC).
Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
- conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
- proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.
Hipótese1. Ações relativas a imóveis situados no Brasil. Não admitimos a atuação de jurisdição estrangeira através de homologação de sentença em qualquer processo relativo à imóvel situado no Brasil. Atenção: ação relativa à imóvel e não se confundem com ação sobre direitos reais relativos a imóveis (ação possessória, ação de despejo por falta de pagamento). Observação. Não confundir com o art. 95 (foro do local da coisa). Aqui trata-se de ações relativa a imóveis lato sensu.
Hipótese2. Também não se admite a atuação da jurisdição estrangeira para inventário e partilha de bens situados no Brasil. até mesmo os procedimentos cautelares que envolvem cuidados com os bens do de cujus, tudo que envolve a transmissão de bens em razão da morte de alguém tem que tramitar no Brasil no que se refere a bens situados no Brasil, mesmo que não sejam bens imóveis.
Relação entre jurisdição brasileira e a jurisdição estrangeira
Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que Ihe são conexas.
Até onde o Brasil pode ir? É necessário que estejam presentes uma das hipóteses de competência concorrente. Enquanto que a jurisdição estrangeira só produz efeitos no Brasil com a homologação da sentença estrangeira, que não ocorrerá nas hipóteses de competência exclusiva.
É relativamente comum causas que envolvam pessoas que estão em mais de um país e que haja processo lá e processo aqui no Brasil. Como o CPC rege a relação entre várias
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jurisdições? O CPC coloca de maneira muito simples. Basicamente a regra é: a jurisdição estrangeira não produz qualquer efeito no Brasil ressalvada a possibilidade de homologação. Da sentença estrangeira.
Hipótese1. Existe um processo versando sobre um acidente ocorrido no Brasil envolvendo dois estrangeiros. Este processo está tramitando lá fora. A pessoa pode ajuizar a mesma ação (idêntica) aqui no Brasil? Pode, porque que existência de processo no estrangeiro não induz litispendência no Brasil.
Hipótese2. Imagine agora que este processo lá fora já tenha transitado em julgado. O caso poderia ser rediscutido no Brasil? Não há problema, a coisa julgada no estrangeiro não produz efeitos no Brasil.
Hipótese3. Imagine que o caso no Brasil geraria um processo mais amplo do que o debatido no exterior, poderia então haver continência? Lembrando que na continência distribui-se os feitos por dependência. Mais uma vez, não há conexão e nem continência entre processo brasileiro e processo que tramita no estrangeiro.
Hipótese4. A única limitação que pode ocorrer é quando se homologa a sentença estrangeira no Brasil, e aí há uma coisa julgada brasileira que é a decisão do STJ. Este é um acordão brasileiro e não estrangeiro. Aí sim,a partir da homologação da sentença estrangeira, não há mais possibilidade de repetir a mesma ação no Brasil.
Prorrogação da competência internacional
Há uma grande discussão hoje: haveria possibilidade de eleição de foro estrangeiro prorrogando a jurisdição estrangeira e derrogando a jurisdição nacional?
Pesquisando o assunto na jurisprudência do STJ encontra-se 40 acórdãos dizendo que não pode sob argumento de que um contrato privado não pode se sobrepor a soberania nacional. Porém, todos estes acórdãos versavam sobre matérias que realmente não poderiam ser julgadas lá fora, pois de alguma maneira envolvia o interessa nacional.
Exemplo: duas empresas estrangeiras pactuaram um contrato de prestação de serviço no Brasil e elegeram como foro de eleição o foro de Paris. Por que o ordenamento brasileiro deveria obrigar as partes a litigar no Brasil? Por que não prestigiar o contrato? Por que não proteger a autonomia privada? E há acordão do STJ neste sentido. O problema é que o examinador faz uma pergunta genérica "Pode eleger foro estrangeiro?" e a resposta deve que ser genérica: "Em condições normais não.".
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O seguinte acordão foi editado pela Corte Especial do STJ e foi veiculado no informativo n° 533, congrega três assuntos: competência internacional, foro estrangeiro e arbitragem.
Resumo do caso: duas partes acordaram um contrato prevendo cláusula arbitral e esta arbitragem foi questionada no estrangeiro porque uma das partes não queria se submeter a arbitragem. Esta parte ajuizou ação para anular o contrato arbitral alegando que ele não respeitava as regras de arbitragem daquele país. O pedido foi julgado improcedente, obrigando-se a instituir a arbitragem, e a sentença transitou em julgado no estrangeiro.
Então, a parte sucumbente ajuizou uma ação no Brasil para anular a arbitragem sob o fundamento de que o contrato arbitral desrespeitava as leis brasileiras. O pedido foi julgado procedente e a sentença transitou em julgado de forma a impedir a instituição da arbitragem para solver o caso. Até aqui, nenhum problema, porque o processo no estrangeiro não influi no julgamento no Brasil.
Ocorre que, a empresa que queria a instituição da arbitragem pediu a homologação da sentença estrangeira no STJ, que a homologou, mesmo já existindo uma sentença brasileira com conteúdo antagônico. Não se pode homologar a sentença estrangeira quando já há transito em julgado no Brasil. Não obstante, o STJ entendeu que não há problema, porque as causas de pedir de cada processo são diferentes, uma das causas de pedir está na lei brasileira, enquanto que o outro a causa de pedir está na lei do país estrangeiro e por isto não há o óbice da coisa julgada.
O problema é que no decorrer do acordão há o seguinte argumento "ademais já havia coisa julgada no estrangeiro" e por isto dever-se-ia aplicar a arbitragem e ação foi reproposta no Brasil, ou seja, esta é uma segunda coisa julgada. Quer dizer, ignorou-se o fato de que o processo estrangeiro não produz efeitos no Brasil (justamente por isto o STJ deve homologar a sentença estrangeira) e esqueceu-se do argumento (do próprio STJ) sobre as causas de pedir diferentes. É um acórdão com várias impropriedades técnicas, mas é a última manifestação do STJ sobre o assunto, inclusive é manifestação da Corte Especial, então é importante conhecê-lo.
Observação. Cada vez mais o STJ tem dito que cabe ao juízo arbitral observar a sua competência, aplica-se também no juízo arbitral.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E INTERNACIONAL PRIVADO. HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA QUE DETERMINE A SUBMISSÃO DE CONFLITO À ARBITRAGEM.
Pode ser homologada no Brasil a sentença judicial de estado estrangeiro que, considerando válida cláusula compromissória constante de contrato firmado sob a expressa regência da lei estrangeira, determine - em face do anterior pedido de arbitragem realizado por uma das partes - a submissão à justiça arbitral de conflito
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existente entre os contratantes, ainda que decisão proferida por juízo estatal brasileiro tenha, em momento posterior ao trânsito em julgado da sentença a ser homologada, reconhecido a nulidade da cláusula com fundamento em exigências formais típicas da legislação brasileira pertinentes ao contrato de adesão. É necessário ressaltar que estamos diante de um caso típico de competência concorrente. Assim, a primeira decisão que transita em iulaado prejudica a outra. É da essência do sistema que, se transitar em julgado primeiro a sentença estrangeira, fica prejudicada a brasileira e vice- versa. Assim, a aparente exclusão da sentença estrangeira pelo fato do trânsito em julgado do julgamento brasileiro, sob invocação da soberania nacional, não se segue, porque se está diante de clara competência concorrente. Ademais, o ingresso do pedido de arbitragem anteriormente a todas as várias ocorrências judiciais deve pesar em prol da opção pela homologação da sentença estrangeira que prestigia a opção voluntária das partes pela arbitragem. O Juízo arbitral é que era competente, no início de tudo, para examinar a cláusula arbitral devido ao princípio Komoetenz-Komoetenz. e foi isso que a sentença estrangeira assegurou. Esse princípio, que remonta à voluntariedade da opção arbitral e realça a autonomia contratual, revela o poder do árbitro para analisar e decidir sobre sua própria competência, no que tange à validade e eficácia do pacto arbitral, que lhe outorgou a referida função julgadora. Assim, o tribunal arbitral tem competência para decidir sobre a validade da cláusula compromissória, ou seja, sobre sua própria competência. A propósito, o Protocolo de Genebra de 24/9/1923, subscrito e ratificado com reservas pelo Brasil em 5/2/1932, estabelece a prioridade do Juízo Arbitral sobre a Jurisdição Estatal, estabelecendo uma presunção de competência em favor do Tribunal Arbitral. De outro modo, a negação de homologação de sentença arbitral proferida há tempos em Estado estrangeiro sob o fundamento de ocorrência da anulação da cláusula arbitral por sentença proferida no Brasil significaria a abertura de largo caminho para a procrastinação da arbitragem avençada por parte de contratantes nacionais no exterior. Atente-se que, para bloquear tal arbitragem, bastaria ao contratante brasileiro, após o pedido de instauração da arbitragem no exterior, ingressar com processo anulatório da cláusula arbitral no Brasil para, invocando peculiaridades da legislação brasileira, como as especiais exigências nacionais da cláusula de adesão (sobretudo diante do Código de Defesa do Consumidor, com inversão de ônus de prova e outros consectários do direito consumerista nacional), paralisar a arbitragem e judicializar toda a matéria contra a jurisdição estatal no Brasil. Cabe ressaltar que não há empecilho no julgamento brasileiro à homologação porque fundados o julgamento estrangeiro e o nacional em motivos técnico-jurídicos diversos, ou seja, o primeiro, na validade da cláusula arbitral ante os termos da legislação estrangeira, para contrato celebrado no estrangeiro, sem a consideração de restrições existentes no sistema jurídico brasileiro, e o segundo fundado em exigências formais de cláusula em contrato de adesão, típicas da legislação nacional. Inexiste, assim, impedimento à homologação das sentenças estrangeiras em virtude de coisa julgada nacional posterior. Pois, ajuizado o pedido de arbitragem, no Brasil ou no exterior, ao
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juízo arbitral competia julgar todas as matérias suscitadas pelas partes, inclusive a invalidade da cláusula arbitral, não se autorizando a prematura judicialização perante a atividade jurisdicional estatal. SEC 854-US, Rel. originário Min. Massami Uyeda, Rel. para acórdão Min. Sidnei Beneti, julgado em 16/10/2013.
Observação. O que é preciso guardar o caso:
1°. O caso é de "competência concorrente", sendo que a primeira coisa julgada vale sobre a segunda;
2°. O princípio da competência da competência aplica-se para a arbitragem.
3°. Existe uma presunção de prevalência da jurisdição arbitral sobre a estatal que vem do Protocolo de Genebra.
4°. A existência de sentença brasileira transitada em julgado não impede a homologação da estrangeira que tem causa de pedir distinta.
Competência da Justiça Federal
Características
O rol de competência da Justiça Federal está no art. 109, CRFB, ou seja, é um rol de competência constitucional e taxativa. O que não está previsto neste dispositivo, ou é da competência do estado ou de alguma justiça especializada. Art. 109, I a III, VIII, X, XI, CRFB:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
- as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
- as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;
- as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
- os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
- a disputa sobre direitos indígenas.
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Justiça Federal vs. Justiça Estadual
Sobre a competência da Justiça Federal é importante atentar para a dinâmica conferida por duas súmulas do STJ: súmula n. 150 e súmula n. 224, que é a dinâmica do processo entre a Justiça Federal e a Justiça Estadual.
Sobre hipótese de exceção a perpetuatio jurisdictionis em que a União ingressa no feito e altera a competência para a Justiça Federal, Súmula 150 diz que o juiz estadual não tem competência apreciar o interesse jurídico que o ente federal alega para ingressar no processo. Quase sempre a intervenção da União implica no deslocamento do feito para a Justiça Federal e o juiz estadual não pode dizer que o ente não tem interesse, então ele faz o favor de remeter o processo para a Justiça Federal.
STJ Súmula n° 150 - Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas.
Caso o juiz federal analise e perceba que não tem interesse do ente federal. O que ele deve fazer? Suscitar conflito de interesse? Não, o magistrado federal labora de acordo com os termos da Súmula 224 do STJ e restitui os autos para a Justiça Estadual.
STJ. Súmula 224 - Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito.
Observação. Nem toda intervenção do ente federal provoca o deslocamento de competência. Há uma hipótese em que isto não acontece, por isto é preciso estudar com detalhes do art. 109 CRFB.
Hipóteses de deslocamento da competência
Art. 109, I CRFB:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
Sempre que houver interesse da União, autarquia ou empresa pública na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes a competência será da Justiça Federal. Aqui há um grupo de pessoas e um conjunto de status processuais que se ocorrerem implicam a competência da Justiça Federal. Então, primeiro é preciso estudar quem são estas pessoas e também quais as condições aparecem no processo para que o feito seja deslocado para a Justiça Federal.
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Observação. Sociedade de economia mista não está no rol de pessoas no art. 109, I CRFB. Sociedade de economia mista pode eventualmente litigar na Justiça Federal, mas não pelo critério "em razão da pessoa", ou seja, não por ser uma sociedade de economia mista. Aliás, é bom conhecer algumas empresas que são empresas públicas: BNDS, INFRAERO, CEF.
Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Entes paraestatais
Exemplo1: qualquer litígio envolvendo correntista e Caixa Econômica Federal será resolvido na Justiça Federal, porque a CEF é empresa pública. Agora, correntista do Banco do Brasil litigará na Justiça Estadual porque o BB é sociedade de economia mista.
Exemplo2: casos envolvendo a Empresa de Correios e Telégrafos correrão na Justiça Federal, pois a ECT é empresa pública federal.
Exemplo3: SESC, SENAC, SEBRAI são entes paraestatais, pessoas jurídicas de direito privado, litigam em regra na Justiça Estadual.
Conselhos Profissionais e OAB
Exemplo4: OAB é autarquia federal, litiga sempre na Justiça Federal. Assim, por mais que anuidade da OAB tenha natureza tributária o rito para a cobrança não é de execução fiscal e sim de procedimento comum, mas é na Justiça Federal.
Exemplo5: Conselhos Profissionais (tanto Federais quando Regionais) de Medicina, Engenharia, etc., todos eles são autarquias federais. Os conselhos regionais são meras descentralizações administrativas de um conselho federal. São sempre autarquias federais e por isto litigam na Justiça Federal.
Rede Ferroviária Federal S/A e a REFER
Exemplo6: A Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) é uma sociedade de economia mista (uma empresa pública nunca será S/A). A RFFSA quebrou a União assumiu o passivo, por conta disto todas as ações contra a RFFSA que tramitavam no estado foram para a Justiça Federal, porque agora estas ações são contra a União. Quando a isto, súmula 367, STJ:
Súmula 365. A intervenção da União como sucessora da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) desloca a competência para a Justiça Federal ainda que a sentença tenha sido proferida por Juízo estadual.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Decorrente deste deslocamento de competência o STJ foi chamado a se manifestar sobre a sociedade privada de previdência dos funcionários da RFFSA, a chamada REFER. A União assumiu a Rede Ferroviária Federal, então os funcionários defendiam que as ações que corriam contra a REFER também deveriam ser deslocadas para a Justiça Federal.
Ocorre a personalidade da REFER não se confundia com a personalidade jurídica da RFFSA, ainda que a Rede Ferroviária ajudasse a custear esta previdência. Então a União não assumiu a REFER e por isto os feitos que envolvem a REFER não devem ser remetidos à Justiça Federal, quanto a isto, STJ Súmula 505:
SÚMULA n. 505. A competência para processar e julgar as demandas que têm por objeto obrigações decorrentes dos contratos de planos de previdência privada firmadoscom a Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social - REFER é da Justiça estadual.
MPF e MPE
Para fins de determinação de competência, o Ministério Público Federal é tido como União (em que pese a sua autonomia em relação a União). Significa que toda e qualquer ação proposta pelo MPF, tramitará na Justiça Federal. Isto possui um efeito prático enorme. Exemplo7: a LACP permite litisconsórcio entre Ministérios Públicos para ajuizamento de ACP, então se MP Estadual ajuizar ACP junto com MPF o fará na Justiça Federal.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. LEGITIMIDADE PARA A PROPOSITURA DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA EM DEFESA DE ZONA DE AMORTECIMENTO DE PARQUE NACIONAL. O MPF possui legitimidade para propor, na Justiça Federal, ação civil pública que vise à proteção de zona de amortecimento de parque nacional, ainda que a referida área não seia de domínio da União. Com efeito, tratando-se de proteção ao meio ambiente, não há competência exclusiva de um ente da Federação para promover medidas protetivas. Impõe-se amplo aparato de fiscalização a ser exercido pelos quatro entes federados, independentemente do local onde a ameaça ou o dano estejam ocorrendo e da competência para o licenciamento. Deve-se considerar que o domínio da área em que o dano ou o risco de dano se manifesta é apenas um dos critérios definidores da legitimidade para agir do MPF. Ademais, convém ressaltar que o poder-dever de fiscalização dos outros entes deve ser exercido quando determinada atividade esteja, sem o devido acompanhamento do órgão local, causando danos ao meio ambiente. AgRg no REsp 1.373.302-CE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 11/6/2013.
Intervenção da União no processo
Sobre o tema competência art. 109, I CRFB é importante frisar as seguintes súmulas:
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STF. Súmula 517. As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal, quando a união intervém como assistente ou opoente.
STJ. Súmula 270. O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal em execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a competência para a Justiça Federal.
Esta súmula 270 revela qual status processual do ente federal que desloca o feito para a Justiça Federal, não basta que a União esteja no processo, ela tem que estar como parte assistente ou oponente. A mera intervenção para protestar pela preferência de crédito não é suficiente para levar o feito à Justiça Federal. É claro que a União tem uma série de preferências creditícias e no caso concreto fará valer esta preferência, no entanto isto não está previsto no art. 109 como hipótese de deslocamento de competência.
E há outro caso de intervenção da União que também não leva o feito para a Justiça Federal, art. 5°, p.u. da Lei n. 9.469/97:
Lei 9.469/97, art. 5° parágrafo único: "As pessoas jurídicas de direito público poderão intervir independente da demonstração de interesse jurídico nas causas que possam ter reflexos de natureza econômica"
Exemplo8: uma empresa cliente no Banco do Brasil sofreu um prejuízo milionário por conta de um erro do BB e por isto ajuíza uma ação de responsabilidade civil. Ora, a União tem interesse neste processo? A União tem interesse econômico no feito, pois na sociedade de economia mista a União é sempre sócia majoritária, porém não terá interesse jurídico, porque a União não tem qualquer relação com a empresa correntista do BB.
O supracitado dispositivo diz que a União pode intervir no feito, porém esta intervenção não causará o deslocamento da competência, ou seja, o processo continua na Justiça Estadual. Parte da doutrina chama isto de intervenção anômala, já Cássio Scarpinella Bueno chama isto de amicus curiae.
O que importa é que não haverá deslocamento de competência salvo se, ao final do processo, o ente público recorrer da decisão. Recapitulando: a União pode intervir alegando interesse econômico não provoca o deslocamento de competência, mas se ela apelar, quem julgará e o TRF.
Alguns professores defendem a inconstitucionalidade do art. 5°, p.u. da Lei n. 9.469/97, porque uma lei ordinária estaria ampliando a competência da Justiça Federal, competência esta que é constitucionalmente determinada. Porém, esta norma não foi declarada inconstitucional até o momento.
Quando o art. 109, I CRFB diz que o ente federal precisa estar na condição de autor, réu, assistente ou oponente, será que não contempla as demais formas de intervenção de terceiros? Na intervenção anômala vimos que não, mas nas demais modalidades sim,
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porque nelas o terceiro interveniente vira parte do processo. Exemplo9: numa nomeação a autoria da União, ela virá ré, assim como a União vira ré numa denunciação da lide e num chamamento ao processo (também vira ré).
Observação. Fundação pública tem natureza autárquica. Exemplo10: a Fiocruz litiga na Justiça Federal.
Falência
O art. 109 exclui expressamente da Justiça Federal: falências e causas acidentárias. Falência tramita sempre na Justiça Estadual. Mas e as ações da União contra o falido, como ficaria o juízo universal da falência? Atrairia a competência para a Justiça Federal?
A falência tramita na Justiça Estadual, enquanto que as ações da União contra o falido, continuam a tramitar na Justiça Federal, o máximo que a União pode fazer é pedir a reserva de seu crédito para o juízo estadual, mas isto não desloca a competência. Por vezes, antes da decretação da quebra a União já possui execuções fiscais com bens do devedor penhorados, se o bem foi penhorado antes da decretação de falência o bem será vendido pelo juízo da execução fiscal, mas o dinheiro arrecadado será enviado para o juízo da falência, porque só ele tem a visão ampla do quadro de credores. Apenas o juízo da falência está apto a julgar de forma respeitar as preferencias dentro do quadro de credores. Nenhuma execução fiscal é atraída pelo juízo universal da falência, a execução continua na Justiça Federal, mas o pagamento não será feito na Federal, os valores serão remetidos ao juízo da falência.
Ações acidentárias
Dado o acidente podem ocorrer dois tipos de ações, uma da Justiça do Trabalho que são ações de responsabilidade contra o empregador (seja a ação movida pelo próprio empregado, por seu espólio ou por seus parentes). Agora, o benefício previdenciário decorrente do acidente do trabalho, este benefício ensejará ação contra o INSS, uma autarquia federal que litiga na Justiça Federal. Ocorre que esta ação acidentária contra o INSS tramitará na Justiça Estadual, porque o art. 109 excluiu todas as ações acidentárias da competência da Justiça Federal.
3° Horário
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Justiça do Trabalho e a Fazenda Pública Nacional
Quando a Fazenda Pública Nacional ajuíza uma execução fiscal de um tributo federal, isto tramita na Justiça Federal porque é a União que está no processo.
Assertiva de prova: "Todas as execuções de tributos federais tramitam na Justiça Federal". Errado, há uma que não tramita, pois o tributo do art. 114, VIII, CRFB é o da competência da Justiça do Trabalho.
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional n° 45, de 2004)
O empregado que ajuíza reclamação trabalhista pedindo o reconhecimento do vínculo, neste caso implica na obrigação tributária que tem porfato gerador o vínculo trabalhista e tal tributo é cobrado na Justiça do Trabalho. O próprio juiz do trabalho inicia a execução de ofício (exceção ao princípio da inércia) e intima a Fazenda Pública para que continue com a execução.
Porém, não é assim com as custas processuais decorrentes da sucumbência na Justiça do Trabalho. Estas custas são devidas à União e por isto são executadas na Justiça Federal. Só seria competência da Justiça do Trabalho se houvesse previsão expressa na CRFB.
Já sobre as multas trabalhistas aplicadas pelo Ministério do Trabalho ao empregador, esta multa será cobrada na Justiça do Trabalho, porque o art. 114 comtempla também esta hipótese:
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
Jurisprudências pertinentes
O estudo da competência da Justiça Federal é basicamente estudo da jurisprudência, por isto vejamos a jurisprudência recente.
Ocorrendo a intervenção do BACEN (v.g. como assistente do réu) haverá a modificação de competência.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL PARA APRECIAR AÇÕES ENVOLVENDO SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL, SOB A INTERVENÇÃO DO BACEN.
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Compete à Justiça Estadual, e não à Justiça Federal, processar e julgar ação proposta em face de sociedade de economia mista, ainda que se trate de instituição financeira em regime de liquidação extrajudicial, sob intervenção do Banco Central. Com efeito, inexiste previsão no art. 109 da CF que atribua a competência à Justiça Federal para processar e julgar causas envolvendo sociedades de economia mista. Ademais, o referido dispositivo constitucional é explícito ao excluir da competência da Justiça Federal as causas relativas à falência; cujo raciocínio é extensível aos procedimentos concursais administrativos, tais como a intervenção e a liquidação extrajudicial, o que aponta inequivocamente para a competência da Justiça Estadual, a qual ostenta caráter residual. Precedentes citados:
REsp 459.352-RJ, Terceira Turma, DJe 31/10/2012, e REsp 1.162.469-PR, Terceira Turma, DJe 9/5/2012. REsp 1.093.819-TO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/3/2013.
Causas envolvendo registro de diploma perante órgão público competente, a competência é federal porque envolve o Ministério da Educação, ou seja, na verdade quem estará no feito é a União.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DE DEMANDA QUE VERSE SOBRE OBTENÇÃO DE DIPLOMA DE CURSO DE ENSINO A DISTÂNCIA DE INSTITUIÇÃO NÃO CREDENCIADA PELO MEC. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). A Justiça Federal tem competência para o julgamento de demanda em que se discuta a existência de obstáculo à obtenção de diploma após conclusão de curso de ensino a distância em razão de ausência ou obstáculo ao credenciamento da instituição de ensino superior pelo Ministério da Educação. Quanto à competência para o julgamento de demandas que envolvam instituição de ensino particular, o STJ entende que, caso a demanda verse sobre questões privadas relacionadas ao contrato de prestação de serviços firmado entre a instituição de ensino superior e o aluno — inadimplemento de mensalidade, cobrança de taxas — e desde que não se trate de mandado de segurança, a competência, em regra, é da Justiça Estadual. Em contraposição, em se tratando de mandado de segurança ou referindo-se a demanda ao registro de diploma perante o órgão público competente — ou mesmo ao credenciamento da entidade perante o Ministério da Educação —, não há como negar a existência de interesse da União no feito, razão pela qual, nos termos do art. 109 da CF, a competência para julgamento da causa será da Justiça Federal. Essa conclusão também se aplica aos casos de ensino a distância. Isso porque, conforme a interpretação sistemática dos arts. 9° e 80, § 1°, da Lei 9.394/1996, à União cabe a fiscalização e o credenciamento das instituições de ensino que oferecem essa modalidade de prestação de serviço educacional. Precedentes citados do STJ: AgRg no REsp 1.335.504-PR, Segunda Turma, DJe 10/10/2012, e REsp 1.276.666-RS, Segunda Turma, DJe 17/11/2011; e do STF: AgRg no RE 698.440-RS, Primeira Turma, DJe 2/10/2012. REsp 1.344.771-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24/4/2013.
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ACP ajuizada na Justiça Federal
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. Em ação civil pública ajuizada na Justiça Federal, não é cabível a cumulação subjetiva de demandas com o objetivo de formar um litisconsórcio passivo facultativo comum, quando apenas um dos demandados estiver submetido, em razão de regra de competência ratione personae, à jurisdição da Justiça Federal, ao passo que a Justiça Estadual seja a competente para apreciar os pedidos relacionados aos demais demandados. De fato, a fixação do foro para o julgamento de ação civil pública leva em consideração uma espécie sui generis de competência territorial absoluta, que se fixa primeiramente em razão do local e extensão do dano (art. 2° da Lei 7.347/1985), desencadeando a partir daí uma competência relativa concorrente entres os outros juízos absolutamente competentes. Entretanto, isso não derroga as regras alusivas à competência também absoluta da Justiça Federal, que têm estatura constitucional e que, na verdade, definem hipótese de jurisdição especial, o que não exclui a observância do critério da extensão e do local do dano no âmbito federal. Desse modo, a Justiça Federal também tem competência funcional e territorial sobre o local de qualquer dano, circunstância que torna as regras constitucionais de definição de sua competência rigorosamente compatíveis e harmônicas com aquelas previstas nos diplomas legais sobre processo coletivo que levam em conta também o local e a extensão do dano. A respeito do litisconsórcio facultativo comum, cabe ressaltar que esse traduz um verdadeiro cúmulo de demandas, que buscam vários provimentos somados em uma sentença formalmente única. Sendo assim, e levando-se em conta que todo cúmulo subjetivo tem por substrato um cúmulo objetivo, com causas de pedir e pedidos materialmente diversos (embora formalmente únicos), para a formação de litisconsórcio facultativo comum há de ser observada a limitação segundo a qual só é lícita a cumulação de pedidos se o juízo for igualmente competente para conhecer de todos eles (art. 292, § 1°, II, do CPC). Portanto, como no litisconsórcio facultativo comum o cúmulo subjetivo ocasiona cumulação de pedidos, não sendo o juízo competente para conhecer de todos eles, ficará inviabilizado o próprio litisconsórcio, notadamente nos casos em que a competência se define ratione personae, como é a jurisdição cível da Justiça Federal. Ademais, tal conclusão se harmoniza, inclusive, com a regra segundo a qual "os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos" (art. 48 do CPC). REsp 1.120.169-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/8/2013.
Observação sobre o supracitado acordão: a Defensoria Pública de União (DPU) ajuizou ação civil pública, com pedido de antecipação de tutela, em face de onze instituições financeiras, entre elas a Caixa Econômica Federal (CEF). O STJ disse que as questões contra a CEF continuariam na Justiça Federal e todo o resto deverá ser discutido na Justiça Estadual. Porém o STJ esqueceu que a DPU litiga na Justiça Federal sempre, porque é órgão da União.
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A jurisprudência do STJ deveria evoluir no mesmo raciocínio utilizado para o MPF, não haveria motivo algum para não pensar assim com a DPU. Este acordão foi compilado aqui para que se tenha conhecimento dele, mas o acordão é contrário a jurisprudência contumaz do STJ.
Art. 109, II, CRFB
Compete a Justiça Federal julgar as causas que tenham de um lado, estado estrangeiro ou organismo internacional e de outro lado, município ou pessoa residente ou domiciliada no Brasil.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;
Observação^ Se ao invés de município por um estado da Federação ou a própria União litigando no feito, a competência é originária do STF. Só vai para a competência original de 1° grau se for município ou pessoa.
Observação2. Peculiaridade: o agravo de instrumento das decisões interlocutórias serão propostas no STJ, o TRF não atua como instância recursal neste caso. Então da sentença cabe Recurso Ordinário para o STJ, que equivaleria uma apelação no STJ (com rito e prazo idêntico da apelação).
Observação3. Das imunidades de jurisdição. É possível ajuizar uma causa contra estado estrangeiro na jurisdição brasileira, quem representa o Estado é a embaixada. É comum ocorrerem relações cíveis entre a embaixada e prestadores de serviço, relações trabalhistas, ou seu veículo oficial dá causa a um acidente. E estas relações quando entram em crise podem gerar um processo no judiciário. Há uma imunidade mais ampla que existe tanto no processo de conhecimento quanto na execução, que envolvem atos de império (soberania do estado).
Exemplo: milionário brasileiro navegando em Crimeia, e é atingido por um torpedo russo, poderá ajuizar ação de reparação civil no Brasil contra a Rússia. A primeira coisa que o juiz deve saber é se a Rússia abre mão ou não de sua imunidade, vez que aquilo foi um ato de império.
Por outro lado, ação sobre litígio que envolva um vínculo trabalhista na embaixada russa no Brasil, pode tranquilamente ser ajuizada, porque isto não envolve um ato de império, envolve tão somente um ato de gestão.
Então no processo de execução só há imunidade para o ato de império e não para atos de gestão. Agora, os países tem também uma imunidade patrimonial ampla, então é
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possível falar em imunidade de execução, assim, não importa a razão da dívida, não dá para penhorar bens da embaixada.
O juiz pode então simplesmente indeferir a petição inicial por impossibilidade jurídica do pedido? Não pode, é preciso oferecer ao Estado réu a oportunidade de "abrir mão" de sua imunidade. Então mesmo em caso de indeferimento da petição inicial o juiz deve citar o Estado estrangeiro.
Execução fiscal contra estrangeiro é possível? Há duas Convenções de Viena (de 1961 e 1963) que concedem imunidade tributária aos Estados Estrangeiros e o Brasil é signatário.
Art. 109, III, CRFB
Este é critério razão da matéria, significa que não importa quem esteja no feito, se a causa versar sobre tratado/contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional, a competência será da Justiça Federal.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
Exemplo^ o estudante deseja que uma Universidade Privada aceite o seu diploma de mestrado feito no Canadá afim de concorrer a uma vaga de doutorado e a instituição privada não quer reconhecer o diploma. Ocorre que o Brasil tem um tratado internacional com o Canadá dizendo que mestrado feito no Canadá vale no Brasil e vice-versa, este é o fundamento do pedido. Este feito tramitará na Justiça Federal. Sempre que o fundamento do pedido envolver um tratado internacional a competência será da Justiça Federal, não importa quem figure como parte no processo.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE FEDERAL. REVALIDAÇÃO E REGISTRO DE DIPLOMA ESTRANGEIRO. AÇÃO ORDINÁRIA FUNDADA EM CONVENÇÃO E ACORDO INTERNACIONAIS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL COMUM. 3. É competente a Justiça Federal Comum para a análise da ação ordinária que busca a revalidação e registro de diploma estrangeiro, com base em Convenção e Acordo Internacionais, como se deduz do exame conjunto dos arts. 3° da Lei n° 10.259/01 e 109, da CF. 4. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 3$ Vara da Seção Judiciária do Estado do Maranhão, ora suscitado. CC104102 / MA.
Por vezes, há um tratado internacional sobre o assunto, mas que não se aplica ao caso concreto. Exemplo2: Convenção de Montreal sobre transportes aéreos e CDC. Se por um acaso pleiteia-se uma indenização por extravio de bagagem, aplica-se o CDC e não o tratado, a competência então será da Justiça Estadual. A não ser que se ajuíze a ação contra a Infraero, a competência será da Justiça Federal em razão do art. 109, I, CRFB.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Exemplo3: alimentos e busca e apreensão de menores no Brasil. O caso no menino Sean Goldman era regido pela Convenção de Nova Iorque, então foi julgado na Justiça Federal.
Art. 109, VIII, CRFB
Os casos de mandado de segurança e habeas data contra ato de autoridade federal. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
Envolvendo algum ente federal a competência já seria da Justiça Federal por força do art. 109, I, CRFB, aparentemente a disposição do inciso VIII estaria reprisando a previsão do inciso I. Ocorre que a Constituição não traz dispositivos inúteis, então este inciso VIII está no art. 109, CRFB por alguma razão. E são duas as razões:
A primeira razão: o que é autoridade federal para fins de MS e determinação de competência. Quem nos diz é a Lei do MS: a autoridade será considerada federal sempre que a União ou seus entes sofrer os reflexos econômicos do ato atacado. Então se o critério é "reflexos e econômicos" e não jurídicos, uma autoridade pode ser considerada federal ainda que não seja a União ou de uma autarquia federal. Exemplo^ um diretor de uma universidade privada, diretor responsável por licitação em uma sociedade de economia mista, porque pode ser que os reflexos recaiam na União.
A segunda razão do inciso VIII: os casos de delegação de competência da Justiça Federal para a Justiça Estadual. A Justiça Estadual é muito mais capilarizada do que a Justiça Federal, em muitas localidades do juízo federal é distante do domicílio do indivíduo, então, em prol do acesso a justiça a Constituição entendeu que em alguns casos, principalmente previdenciários, o segurado ele poderá ajuizar a ação na Justiça Estadual.
Exemplo2: o sujeito vem recebendo uma pensão por morte e o INSS faz um revisão cancelando o benefício, o sujeito impetra MS. Sobre a competência para julgar este MS, o STJ entende com base na súmula 216 do Tribunal Federal de Recursos, que não há delegação de competência em matéria de MS.
Súmula 216 do Tribunal Federal de Recursos "Compete à JF processar e julgar Mandado de Segurança impetrado contra autoridade previdenciária ainda que localizada em comarca do interior"(STJ CC 31437-MG)
O Tribunal Federal de Recursos é anterior à Constituição, porém o STJ tem o mesmo entendimento até hoje: não há delegação de competência para a Justiça Federal em se tratando de MS.
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Art. 109, X, CRFB
Este inciso traz três causas de competência para a Justiça Federal: execução de carta rogatória ou de sentença estrangeira e causas referentes à nacionalidade.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
"Causas de nacionalidade" são causas que versam sobre aquisição ou perda ou modificação de nacionalidade, não abrange causas burocráticas de registro de estrangeiros, isto é ato notarial e competência é da Justiça Estadual.
Sobre a carta rogatória a homologação da sentença estrangeira, o STJ dá o "exequatur" e depois a carta rogatória/sentença estrangeira será executada pelo juízo federal de primeiro grau. Definir qual juízo de primeiro grau ficará por conta das regras específicas do CPC, em regra é o foro do domicílio do réu.
Art. 109, XI, CRFB
A Constituição diz que compete a Justiça Federal julgar causas que envolvam disputa sobre direitos indígenas.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
O dispositivo faz um corte coletivo/transindividual, o índio entendido em sua coletividade e não individualmente, remete-se aos parâmetros: art. 231, 215 216 da CRFB, direitos concedidos ao individuo por ser índio. Cuidado porque há demandas em que apesar de envolver um índio, não envolve direito indígena, neste caso a competência é estadual.
Exemplo1: o índio foi atropelado, ele ajuizará ação na Justiça Estadual.
Exemplo2: o inventário de um índio também tramitará na estadual.
Exemplo3: demanda envolvendo uma demarcação de terra indígena será na Justiça Federal.
Exemplo4: demanda versando sobre reintegração de posse de terra ocupada por índios aí sim será na Justiça Federal.
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AGRAVO REGIMENTAL - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - BUSCA E APREENSÃO DE MENOR - INTERESSE MERAMENTE PARTICULAR - DIREITOS INDÍGENAS - NÃO CONFIGURAÇÃO - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA - IMPROVIMENTO. I. O fato do autor ou do réu de uma determinada ação ser índio, por si só, não é capaz de ensejar a competência da Justiça Federal, principalmente quando a ação visar um interesse ou direito particular. Precedentes. IV. O agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a conclusão alvitrada, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. Agravo Regimental improvido. AgRg no CC112250
Competência territorial na Justiça Federal
Se a União estiver no processo, observa-se a Constituição. Se a União não estiver como parte, olha-se para o CPC, e aí são as regras: foro do domicílio do réu como regra, local da situação da coisa se for ação que verse sobre direito real de bem imóvel, local ou do ato ou fato e etc. Agora, quando a União é autora ou ré só vale o que está na Constituição, vale as disposições do art. 109, § 1° e § 2°, CRFB:
Art. 109. § 1° - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
§ 2° - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
União como autora
Quando a União for autora, afora na seção do domicílio do réu. Exemplo: a União pleiteia a propriedade de um bem imóvel. Pela regra do CPC, aplicar-se-ia o art. 95 (local da coisa imóvel), mas a regra aqui é foro do domicílio do réu de acordo com a Constituição. Então sempre a que a União for autora a ação será ajuizada no domicílio do réu.
União como ré
Quando a União for ré, haverá vários foros concorrentes competentes. O autor da ação pode ajuizar a ação no foro do seu próprio domicílio. Ou então, poderia ajuizar do domicílio da União (da ré), que seria o Distrito Federal.
Toda ação contra a União pode ser ajuizada na Justiça Federal do DF ou então no local da coisa, no local do ato ou fato que originou a demanda se isto tiver relação com a causa de pedir. Mas estes são foros são sempre concorrentes e não uma imposição.
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Exemplo: litígio de indivíduo contra a União envolvendo a posse de um bem imóvel. Pode até ajuizar a ação no local do imóvel, mas pode também ajuizar a ação do domicílio do réu ou até mesmo no DF.
AG. REG. NO RE N. 641.449-RJ. RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI. EMENTA: Agravo regimental no recurso extraordinário. Ações propostas contra a União. Competência. Justiça Federal. 1. A jurisprudência desta Corte firmou entendimento no sentido de que a parte autora pode optar pelo ajuizamento da ação contra a União na capital do Estado- membro, mesmo quando instalada Vara da Justiça Federal no município do mesmo Estado em que domiciliada. 2. Agravo regimental não provido.
Direito Processual Civil
Observação. Não é porque a competência da Justiça Federal está prevista na constituição que a competência é absoluta, pois os critérios previstos na Constituição podem ser relativos (domicílio do réu, local do ato ou fato) - são critérios que visam facilitar a vida do particular. O problema ocorre quando se erra entre a competência da Justiça Estadual e a Federal.
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Sumário
Competência (cont.)	4
Competência Federal delegada para a Justiça do Estado (art. 109, § 3° e § 4°,
CRFB)	4
Demais hipótese de delegação	4
Usucapião Especial (Lei n. 6969/81)	4
 Direito de Mineração (Dec. Lei n. 227/67)	5
 Organização da Justiça Federal (Lei n. 5010/66)	5
Competência delegada é imposição ou possibilidade?	6
Inauguração de vara federal altera competência?	7
Conflito de competência	8
Mandado de segurança contra autoridade federal em	localidade sem vara
Justiça Federal 	9
Jurisprudências importantes 	9
Conflito de competência entre JEF e vara federal (Súmula 428 STJ) 	9
Conexão e continência entre ACP's (Súmula 489 STJ)	10
Reconhecimento de união estável em processo previdenciário	10
Hipóteses de modificação de competência	12
Prorrogação	12
Derrogação 	12
Contrato de adesão	12
Foro estrangeiro	13
Conexão entre execução e anulação de débito	14
Jurisdição 	15
Princípios (características) da Jurisdição 	15
Substitutividade 	15
Investidura 	15
Aderência ao território 	16
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Impessoalidade	16
Indelegabilidade	17
Inafastabilidade	17
Jurisdição Administrativa	18
Proibição do "solve et repete"	18
Proibição do non liquet	19
Tutela jurisdicional	19
Há exceções ao princípio da inafastabilidade da jurisdição?	25
Inevitabilidade da jurisdição	26
Inevitabilidade e Mandado de Segurança 	26
Inevitabilidade obriga a litigar?	28
Definitividade	29
Inércia	30
Jurisdição voluntária 	31
Teoria administrativista (Guido Zanobi)	31
Teoria revisionista (Carnelutti)	31
Direito Processual Civil
Direito Processual Civil
Arbitragem	321
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ERRATA
Prezado (a) Aluno (a),
No presente resumo restaram identificados os seguintes erros.
Na página 12, onde se lê:
"Derroga-se competência através da cláusula de eleição de foro. Isto só é possível dentro de contratos obrigacionais que versem sobre direitos reais."
Deve-se ler:
"Derroga-se competência através da cláusula de eleição de foro. Isto só é possível dentro de contratos obrigacionais e não nos contratos que versem sobre direitos reais."
Na página 13, onde se lê:
"De acordo com o art. 111 só nos casos de contrato de adesão."
Deve-se ler:
"De acordo com o art. 112, p.u., CPC só nos casos de contrato de adesão."
Bons estudos. Atenciosamente, Coordenação da Monitoria.
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Competência (cont.)
Competência Federal delegada para a Justiça do Estado (art. 109, § 3° e § 4°, CRFB)
Art. 109. § 3° - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.
§ 4° - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
A Justiça Federal não tem a capilaridade da Justiça do Estado, então o foro da Federal (seção ou subseção) é mais amplo territorialmente que os foros da Justiça Estadual (comarca).
Havia uma discussão de longa data sobre a competência para julgar casos envolvendo direito previdenciário, isto porque a Justiça Federal não está tão próxima dos segurados como está a Justiça Estadual, pressupondo-se a hipossuficiência de quem busca um benefício previdenciário (seja por idade ou doença) preferiu-se delegar competência à Justiça Estadual. A Justiça Federal ainda concentra-se nas maiores cidades, então desde 1967 decidiu-se que para causas de natureza previdenciárias em as comarcas do domicilio do segurado que não fossem atendidas por vara da Justiça Federal, a ação seria ajuizada na Justiça Estadual.
E além disto, é preciso ressaltar que o juiz estadual atuaria como juiz federal submetido ao TRF, com todos os recursos direcionados àquele tribunal.
Demais hipótese de delegação
A Constituição de 1988 permitiu que a lei estabelecesse outros casos de delegação de competência, basta que a lei federal indique as mesmas condições. Quais são estas outras leis? Lei n. 5.010/66 (organização da Justiça Federal), Lei n. 6969/81 (usucapião especial) e Decreto- Lei n. 227/67 (direito de mineração).
Usucapião Especial (Lei n. 6969/81)
A primeira delas está bem representada na súmula 11, STJ:
STJ. Súmula 11. A presença da União ou de qualquer de seus entes, na ação de usucapião especial, não afasta a competência do foro da situação do imóvel.
A usucapião especial ou usucapião constitucional é aquele que tem previsão constitucional passível de ocorrer em 5 anos em módulos rurais pequenos ou em prédios urbanos pequenos - usucapião pró-moradia ou pro labore. Há um procedimento especial para que seja declarada esta usucapião, este procedimento está na Lei n. 6969/81. Pela
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dicção da lei o foro competente para conhecer a ação é o foro do imóvel. Esta é uma ação entre dois particulares (pois não é possível usucapir imóvel público), mas pode ser que a União manifeste interesse. Como é de praxe em qualquer ação de usucapião, os entes públicos são intimados para que possam alegar interesse naquele imóvel.
Suponha que a União ingresse no processo eventualmente para assistir as partes ou então ingresse em qualquer outra modalidade de intervenção. O ingresso da União no feito arrasta o processo para a Justiça Federal. Porém, se não houver vara da Justiça Federal na comarca da situação da coisa, o processo continua a tramitar na Justiça Estadual. Aliás, a presença da União no processo não afasta a competência do juízo do foro da situação do imóvel ainda que seja um juízo estadual. E este é o teor da Súmula 11, STJ que na verdade reflete a dicção da Lei n. 6969/81. Lembrando que se houver vara da Justiça Federal na comarca, o feito será remitido à ela normalmente.
Direito de Mineração (Dec. Lei n. 227/67)
O Dec. Lei n. 227 também tem outro caso de delegação de competência: nas ações que envolvem direito de mineração, o foro competente é o foro do local da lavra, onde a mina é explorada. Havendo a presença do ente federal a competência será da Justiça Federal do local da lavra. Se ali não houver vara Federal, a competência ficará na vara estadual e o juízo estadual atuará por delegação exercendo competência federal.
Apesar de a União estar no processo, se não houver vara da Justiça Federal naquela comarca, a competência não será deslocada, será realmente caso de delegação à Justiça Estadual. Isto porque o Dec. Lei n. 227 delegou esta competência para a Justiça do Estado.
Organização da Justiça Federal (Lei n. 5010/66)
Muitas vezes o indivíduo pretende um pleito diante da administração, mas lhe falta algum documento. Exemplo: o indivíduo quer pleitear aposentadoria por tempo de serviço, porém não consegue comprovar o tempo de serviço, porque faltam documentos, os períodos mais antigos são de difícil comprovação e as empresas fecharam. Porém, é possível obter esta prova através de uma cautelar de justificação, que a priori é ajuizada perante a Justiça Federal.
Ocorre que se no foro do domicílio do segurado não houver Justiça Federal, mas uma vez, é hipótese de delegação para a Justiça do Estado. Então a Lei n. 5010/66 diz que delegam-se para a Justiça Estadual vistorias e justificações tendentes a produzir provas a serem utilizadas em pleitos administrativos perante a administração pública federal. Não
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havendo vara federal na comarca esta ação será julgada pela Justiça Estadual por delegação (art. 15, II, Lei n. 5010/66).
Ainda há um caso de delegação importante, as execuções fiscais. As execuções fiscais são executadas no foro do domicílio fiscal do executado, se não houver ali vara federal, a execução tramitará perante a justiça dos estados (art. 15, I, Lei n. 5010/66).
Art. 15. Nas Comarcas do interior onde não funcionar Vara da Justiça Federal (artigo 12), os Juízes Estaduais são competentes para processar e julgar:
- os executivos fiscais da União e de suas autarquias, ajuizados contra devedores domiciliados nas respectivas Comarcas; (Vide Decreto-Lei n° 488, de 1969)
- as vistorias e justificações destinadas a fazer prova perante a administração federal, centralizada ou autárquica, quando o requerente fôr domiciliado na Comarca;
(Vide Decreto-Lei n° 488, de 1969)
- os feitos ajuizados contra instituições previdenciárias por segurados ou beneficiários residentes na Comarca, que se referirem a benefícios de natureza pecuniária. (Vide Decreto-Lei n° 488, de 1969)
- as ações de qualquer natureza, inclusive os processos acessórios e incidentes a elas relativos, propostas por sociedades de economia mista com participação majoritária federal contra pessoas domiciliadasna Comarca, ou que versem sôbre bens nela situados.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 42 desta Lei e no art. 1.213 do Código de Processo Civil, poderão os Juízes e auxiliares da Justiça Federal praticar atos e diligências processuais no território de qualquer dos Municípios abrangidos pela seção, subseção ou circunscrição da respectiva Vara Federal.
Competência delegada é imposição ou possibilidade?
Do ponto de vista do particular seria a competência delegada uma imposição ou uma possibilidade? Pense no segurado beneficiário, ele é obrigado a ir na Justiça do Estado ou ele pode ir à Justiça Federal? Isto já foi muito discutido e chegou-se a conclusão de que isto é uma opção.
É claro que é muito mais confortável e barato litigar perante a Justiça do Estado que está próxima de casa. Mas pode ser que a vara estadual seja muito lenta e pode ser que o processo tramite com mais celeridade na vara federal. Ora, se a pessoa tiver condições de fazer o deslocamento, ainda mais hoje com o processo digital, lhe é conferida a possibilidade de escolher litigar na Justiça Federal ou na Justiça Estadual. Então trata-se uma opção do particular a delegação e não uma imposição.
Sum 8 (TRF 4) "Subsiste no novo texto constitucional a opção do segurado para ajuizar ações contra a Previdência Social no foro estadual do seu domicílio ou no juizo federal".
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Mas há outro lado da moeda, no caso das execuções fiscais o autor é o estado, pergunta-se: é opção do Estado executar na vara estadual por ausência da federal ou o Estado é obrigado a litigar na Justiça Estadual?
Não havia posicionamento claro do STJ, tinha-se apenas o entendimento de que a competência delegada é uma opção. Porém, neste caso quem está no polo autoral é o Estado. Então recentemente em julgamento de recurso repetitivo, o STJ entendeu que a competência delegada à Justiça Estadual não é possibilidade, é obrigatória.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR EXECUÇÃO FISCAL. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). Na hipótese em que, em razão da inexistência de vara da Justiça Federal na localidade do domicílio do devedor, execução fiscal tenha sido ajuizada pela União ou por suas autarquias em vara da Justiça Federal sediada em local diverso, o juiz federal poderá declinar, de ofício, da competência para processar e julgar a demanda, determinando a remessa dos autos para o juízo de direito da comarca do domicílio do executado. Isso porque, nas comarcas do interior onde não funcionar vara da Justiça Federal, os juízes estaduais são competentes para processar e julgar os executivos fiscais da União e de suas autarquias ajuizados contra devedores domiciliados nas respectivas comarcas (art. 15, I, da Lei 5.010/1966). Portanto, a decisão do juiz federal que declina da competência quando a norma do art. 15, I, da Lei 5.010/1966 deixa de ser observada não está sujeita à Súmula 33 do STJ, segundo a qual "a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício". No mesmo sentido é o teor da Súmula 40 do TFR, segundo a qual "a execução fiscal da Fazenda Pública Federal será proposta perante o Juiz de Direito da comarca do domicílio do devedor, desde que não seja ela sede de vara da Justiça Federal". "Será proposta", diz o texto, a significar que não há opção, nem relatividade. Cabe ressaltar, ademais, que essa regra pretende facilitar tanto a defesa do devedor quanto o aparelhamento da execução, que assim não fica, em regra, sujeita a cumprimento de atos por cartas precatórias. REsp 1.146.194-SC, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Ari Pargendler, julgado em 14/8/2013.
Então há uma imposição de delegação de competência na execução fiscal quando não houver vara da Justiça Federal no domicílio fiscal do executado. Mas há uma diferença fundamental para as outras delegações, nas hipóteses anteriores todos os autores eram particulares, daí a possibilidade de escolha entre o foro estadual ou federal. Já na execução fiscal o particular é réu, não é ele quem escolhe o foro que lhe adenta melhor, por isto a delegação é imposta.
Inauguração de vara federal altera competência?
Imagine que incidiu a regra da competência delegada e algumas ações previdenciárias estejam tramitando perante o juízo estadual. Em determinado momento,
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dentro daquela comarca inaugura-se uma vara federal. Pergunta-se: o que ocorre com os processos que estão tramitando por delegação de competência? Permanecem na Justiça Estadual ou serão encaminhados para a Justiça Federal? Resposta: inaugurada a vara federal na localidade serão remetidos de imediato todos os processos pendentes de sentença.
Neste caso não se aplica a regra da perpetuatio jurisdictionis? Lembrar que a regra diz que circunstâncias supervenientes não podem alterar a competência. Não se aplica? Esta regra não se aplica aqui, no momento que a vara federal é instalada, deixa de existir o motivo da delegação. E aí passa a ter um problema de competência de jurisdição, porque a Justiça Estadual passa a ser incompetente para processar aquelas ações. E como se sabe, a competência da Justiça Federal é absoluta. Então quando circunstâncias supervenientes mexem em critérios absolutos de competência, não há que se falar em perpetuação da competência. O seja, ocorrerá a modificação sim e os feitos serão remetidos para a Justiça Federal.
Conflito de competência
Imagine que se estabeleça um conflito de competência: o juiz estadual quer exercer a competência federal delegada, mas o juiz federal responsável pela seção judiciária que abrange aquela comarca entende que não é caso de delegação. Como fica a questão? Quando o juiz estadual exerce a competência delegada, age como se fosse juiz federal, então há um conflito de competência entre "dois juízes federais", significa que o próprio TRF julgará o conflito. Então o conflito de competência entre juiz federal e o juiz estadual que exerce competência federal por delegação será julgado pelo TRF.
Porém, o contrário também pode acontecer. É possível que o juiz estadual não queira exercer a competência delegada e encaminhe o processo para o juiz federal, que por sua vez entende que o caso é de competência federal delegada para a Justiça Estadual. Neste caso há um conflito negativo de competência. Quando há conflito negativo de competência, de um lado temos um juiz federal e de outro há um juiz estadual que não está exercendo a competência delegada, então o juiz estadual reafirma a sua condição de juiz do estado.
Quem julga este conflito de competência? O Superior Tribunal de Justiça, porque há de um lado um juiz estadual e do outro juiz federal, juízes submetidos a Tribunais diferentes. Conflito de competência entre juízes submetidos a tribunais distintos é sempre julgado pelo STJ.
Então conflito positivo: quem julga é o TRF. Conflito negativo, quem julga é o STJ.
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Mandado de segurança contra autoridade federal em localidade sem vara Justiça
Federal
Sum 216 do Tribunal Federal de Recursos "Compete à JF processar e julgar Mandado de Segurança impetrado contra autoridade previdenciária ainda que localizada em comarca do interior" (STJ CC 31437-MG)
Esta é uma súmula do antigo Tribunal Federal de Recursos, apesar de antiga, esta súmula vem sendo reafirmada pelo STJ várias vezes.
O inciso I do art. 109, CRFB prevê a competência da Justiça Federal

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