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Processo Tributário
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
Processo Judicial Tributário	2
Considerações Iniciais	2
Ações de Iniciativa do Contribuinte	2
Ação Declaratória	4
Legitimidade das partes	5
Interesse de agir	6
Prazo prescricional	9
Ação Declaratória e	Repetição de Indébito	12
Ação Declaratória e Execução	12
Ação declaratória e Tutela antecipada	17
Valor da causa	18
Ação declaratória incidental	18
Ação Anulatória 	18
Depósito na ação anulatória	19
Depósito e decadência 	 23
Depósito e levantamento 	 24
Legitimidade 	 24
Interesse de agir	24
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Processo Judicial Tributário
Considerações Iniciais
Processo judicial tributário será o tema a ser abordado nas três aulas que compõem o curso.
Ele possui como objeto de estudo os aspectos teóricos e práticos das ações judiciais relativas ao direito tributário que podem ser ajuizadas pelo contribuinte (ações antiexacionais) e pela Fazenda (exacionais) no que diz respeito à obrigação e ao crédito tributário.
São ações de inciativa do contribuinte: ação anulatória, ação declaratória, ação de repetição de indébito, ação de consignação em pagamento, ação cautelar, mandado de segurança e os embargos à execução. São ações que o contribuinte se utiliza para questionar ou combater uma autuação ou reaver uma quantia que pagou indevidamente.
Noutro giro, há as ações de iniciativa do fisco que são aquelas que podem ser ajuizadas pela Fazenda Pública, pelo Poder Público com o objetivo de garantir ou receber o crédito tributário. Neste âmbito destacam-se a ação cautelar fiscal (para garantir o resultado útil de uma futura cobrança) e a execução fiscal (para cobrar o crédito tributário).
Ações de Iniciativa do Contribuinte
A doutrina estabelece marcos distintivos entre as ações declaratória, anulatória e de repetição de indébito. Vejamos.
Na ação declaratória a pretensão do contribuinte é obter um pronunciamento judicial a respeito da existência, inexistência ou modo de existir de uma relação jurídica. Assim, a pretensão do contribuinte é de uma tutela declaratória.
Embora possa, segundo entendimento do STJ, ser ajuizada depois do lançamento, geralmente a ação declaratória é ajuizada antes. Isso porque não se quer desconstituir um ato administrativo praticado pelo Poder Público e sim obter do Judiciário uma providência prévia de existência, inexistência ou modo de existir de uma relação jurídica.
Exemplo: O autor quer que o juiz declare a inexistência de relação jurídica tributária que o obrigue a pagar imposto de renda. Essa pretensão, em tese, é compatível com situações anteriores ao lançamento.
Caso já tenha ocorrido o lançamento, a pretensão passa a ser descontitutiva ou constitutiva negativa de um ato do Poder Público. Nesse caso a via adequada é a ação anulatória.
Exemplo: o contribuinte sofreu determinada fiscalização e foi lavrado um auto de infração com o qual ele não concorda. Assim, este contribuinte ajuíza uma ação para que o juiz declare o auto de infração anulado. Neste caso, a ação mais apropriada seria a anulatória, isto porque a pretensão não é apenas a declaração de existência, inexistência ou modo de existir de uma determinada relação, esta ação além do conteúdo declaratório tem também um conteúdo desconstitutivo (ou negativo) de um ato administrativo.
Então o primeiro marco utilizado foi o lançamento. O próximo marco é o pagamento.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
No que se refere à ação de repetição de indébito, o marco é o pagamento. O interesse de agir em uma ação de repetição de indébito surge a partir do pagamento indevido.
	Ações
	Declaratória Pura e Simples
	Anulatória
	Repetição de Indébito
	
	
	
	
	Marcos
	Antes do Lançamento
	Depois do Lançamento
	
	Após o Pagamento
	Interesse de Agir
	Quando o contribuinte quer a declaração de inexistência de uma obrigação
	Quando houver um auto de infração que se pretenda anular
	
	Quando o contribuinte pagar indevidamente e quiser a quantia de volta
Diversas vezes essas ações ajuizadas pelo contribuinte possuem as nomenclaturas "confusas". Com efeito, deve-se observar o efeito desejado pelo contribuinte.
Exemplo: ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária com a consequente repetição do indébito. Na verdade se trata de ação de repetição de indébito e não uma ação declaratória pura e simples (onde os efeitos declaratórios pretendidos pelo contribuinte são apenas declaratórios).
O interesse de agir para a ação anulatória surge a partir do momento em que há um auto de infração (ato administrativo) para ser anulado, quando se pretende ver a nulidade reconhecida/declarada pelo juízo. Já o interesse de agir numa ação de repetição de indébito surge a partir do momento que pessoa pagou indevidamente e pretende obter a quantia de volta.
Pode ajuizar apenas uma declaratória? Pode, pois é possível ajuizar uma ação para que o juiz reconheça a inexistência de uma relação jurídica tributária que obrigue a pagar imposto de renda em determinada situação, não houve ainda auto de infração, lançamento, mas como o lançamento pode vir a ocorrer, o contribuinte ajuíza declaratória. A doutrina chama esta de declaratória pura e simples, pois quem a ajuíza não quer nem desconstituir nem repetir o indébito.
Então é possível uma pretensão declaratória, anulatória ou de repetição de indébito. Pode haver cumulação das três pretensões.
Exemplo: Comerciante que pratica determinada atividade empresarial sobre a qual existe dúvida a respeito da alíquota do tributo a ser aplicada se é de 2% ou 3%. Pode haver cumulação dos três pedidos: para que o juiz declare a inexistência de relação jurídica tributária que o obrigue a pagar o tributo com base na alíquota de 3% e, consequentemente, declare que a alíquota é de 2%; para que o juiz determine por sentença a anulação dos lançamentos que levaram em consideração a alíquota de 3%; e por fim que a União lhe devolva aquilo que ele pagou indevidamente nos últimos cinco anos. São três pretensões distintas dentro de uma única ação judicial. O provimento aqui buscado tem que ver com o modo de existir da relação jurídica tributária.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Em conclusão, os marcos são importantes (lançamento e pagamento) porque eles permitem identificar qual a ação mais adequada em cada situação.
Ação Declaratória
O estudo da ação declaratória parte do art. 4° do CPC:
CPC. Art. 4° O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
- da existência ou da inexistência de relação jurídica;
- da autenticidade ou falsidade de documento.
Parágrafo único. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.
Na ação declaratória tributária o objeto limita-se à declaração de existência ou inexistência da relação jurídica tributária. Exemplo: há uma dúvida sobre a situação do empreendimento, o comerciante pensa que deve pagar uma alíquota de 2% e o fisco pensa que ele deve pagar 3%. Neste caso, o comerciante ajuíza uma ação declaratória porque pretende que o juiz declare o "modo de existir" desta relação jurídica tributária. Ressalte-se que é admissível a ação declaratória ainda que tenha ocorrido a violação do direito (art. 4°, p.u., CPC).
O objeto da ação declaratória limita-se, em tese,a declaração da existência ou da inexistência de uma relação jurídica tributária. O contribuinte pretende discutir a relação jurídica existente, buscando no Judiciário um provimento acerca da: (a) existência, (b) inexistência ou (c) modo de existir da relação jurídica tributária.
Exemplo: o contribuinte pretende discutir a relação jurídica existente e obter do juiz um provimento de que não deve incidir imposto de renda sobre valores recebidos a título de indenização por dano moral por não se tratar de verba tributável. Já a Fazenda entendia que incidiria o imposto sobre essa verba. Assim, quando o contribuinte recebia uma indenização por dano moral se encontrava em uma situação concreta na qual havia uma incerteza objetiva. Registre-se que hoje esse tema é pacificado e o entendimento é de que não incide imposto sobre esta indenização.
A relação tributária é um vínculo de natureza obrigacional que une um sujeito ativo a um sujeito passivo em torno de um objeto que é o pagamento do tributo. Veja que neste momento estamos discutindo os termos dessa relação tributária, isto é, quem são os sujeitos, o quantum devido, ou seja os elementos da relação jurídica tributária.
Vale destacar que não cabe ação declaratória sobre interpretação de lei em tese. Nesse sentido o acórdão:
STJ - TRIBUTÁRIO. ISS. SERVIÇO DE COMPOSIÇÃO GRAFICA. AÇÃO DECLARATÓRIA.
- A AÇÃO DECLARATÓRIA E CABIVEL PARA DECLARAR A EXISTENCIA OU A INEXISTENCIA DE UMA OBRIGAÇÃO TRIBUTARIA OU PRINCIPAL. E O MEIO PROCESSUAL ADEQUADO PARA QUE O CONTRIBUINTE OBTENHA A SEU FAVOR UMA DECISÃO JUDICIAL QUE ESTABILIZE, CARACTERIZE E INDIVIDUALIZE OS LIMITES DA OBRIGAÇÃO TRIBUTARIA EM CASOS CONCRETOS.
- O SERVIÇO DE COMPOSIÇÃO GRAFICA, DE QUALQUER ESPECIE, SOB ENCOMENDA OU FEITO PARA CONSUMIDORES GENERICOS, ESTA SUJEITO, APENAS, AO ISS.
- O FATO GERADOR, QUE E A PRESTAÇÃO DO SERVIÇO, HA DE SER LIMITADO PELA VONTADE DA LEI. O INTERPRETE, QUER POR MEIO DA DOUTRINA, QUER POR MEIO DA JURISPRUDENCIA, NÃO PODE AMPLIAR A NATUREZA DO FATO GERADOR OU FAZER DISTINÇÃO, A SEU RESPEITO, NÃO PREVISTA EM LEI.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
- PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL: RESP. N. 15.154-SP, REL. MIN.
GARCIA VIEIRA, 1A. TURMA; RESP. N. 5.010-SP, REL. MIN. ARMANDO ROLEMBERG, DJU DE 04.02.91; RESP. N. 37.967-9, SP, REL. MIN. MILTON LUIZ PEREIRA, DJU DE 08.05.95.
- RECURSO PROVIDO. (REsp 83180/RS, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/03/1996, DJ 01/04/1996, p. 9891)
Legitimidade das partes
As partes legitimadas para discutir a existência ou inexistência de uma relação jurídica tributária são os titulares da relação deduzida em juízo. A legitimidade ad causam, no processo judicial tributário, em geral, está adstrita aos sujeitos envolvidos na relação tributária material em litígio, pouco importando a tanto:
que haja responsabilidade de terceiro pelo pagamento decorrente de um contrato;
Exemplo: o proprietário de um imóvel é que tem legitimidade para discutir se incide um imposto a ele, ainda que o imóvel esteja locado à terceiro.
quem seja a entidade federativa competente para legislar sobre determinado tributo, se, em relação a ele houve delegação de capacidade tributária ativa a outra.
Exemplo: cabe a União legislar sobre a taxa de controle e fiscalização ambiental, mas quem faz a fiscalização e cobrança no dia-a-dia é o IBAMA, Autarquia Federal. Assim, a relação jurídica é entre o contribuinte e o IBAMA, assim sendo, em eventual ação judicial, o particular discutirá com o IBAMA e não com a União.
Uma questão já cobrada em prova que se diferencia daquilo já abordado até o momento diz respeito aos casos de imposto de renda retido na fonte. De acordo com o art. 157, I da CRFB é de propriedade dos Estados 100% do valor arrecadado a título de imposto de renda da pessoa física retido na fonte em relação aos pagamentos feitos pelo Estado a seus servidores.[1: - Tema cobrado pelo CESPE na prova para juiz federal do TRF da 5- Região.]
CRFB. Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:
I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;
Com efeito, o salário pago ao servidor público estadual é pago pelo Estado, com isso o imposto de renda incidente a esse salário deve ser retido na fonte e repassado para o próprio Estado. É uma situação anômala já que imposto de renda é um imposto federal, devido à União.
Caso o servidor público estadual, que é o sujeito passivo da relação jurídica tributária que o obriga a pagar imposto de renda (objeto), pretenda discutir por determinada situação concreta dele a incidência de imposto de renda sobre o valor que ele está recebendo pelo Estado, é possível indagar acerca da legitimidade passiva da causa.
Embora ele seja servidor público estadual a declaração de bens e rendimentos dele, assim como todos os cidadãos de maneira geral, é apresentada na Receita Federal. A
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
relação jurídica tributária referente ao imposto de renda é uma relação que se estabelece com a União.
Exemplo: se o servidor público estadual vende seu imóvel, há lucro imobiliário e o imposto de renda é devido à Receita Federal.
Mas a discussão que se coloca é em relação aos valores pagos pelo Estado à título de salário. O argumento dos Estados era de que 100% do valor arrecadados eram a eles pertencentes. Assim, se o servidor está discutindo a incidência ou não de um valor no qual 100% do montante arrecadado é destinado ao Estado, ele deve participar dessa discussão. Isto porque se o pedido for ao final julgado procedente quem ficará sem o dinheiro será o Estado. Não obstante isso, o imposto de renda é um imposto federal. Destarte, pergunta- se se a ação deve ser ajuizada contra a União, na Justiça Federal; contra o Estado, na Justiça Estadual ou contra ambos em litisconsórcio passivo, na Justiça Federal.
Conforme se viu, a legitimidade das partes na ação declaratória é dos titulares da relação jurídica deduzida em juízo, pouco importando quem legisla. Porém, nesta hipótese específica em que, nos termos do art. 157, I da CRFB, o Estado é destinatário do produto da arrecadação embora quem faça a arrecadação e fiscalização do imposto de renda seja a Receita Federal, a jurisprudência do STJ firmou entendimento de que a ação deve ser ajuizada contra os Estados, na Justiça Estadual. Nesse sentido a Súmula:
STJ, Súmula n° 447 - Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de restituição de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores.
Esse mesmo raciocínio, segundo o STJ, vale para as ações anulatórias e declaratórias. Assim, se o servidor pretende que se declare a inexistência de relação jurídica tributária que o obrigue a pagar imposto de renda especificamente sobre os valores pagos pelo Estado deverá litigar com o Estado na Justiça Estadual. Repise-se: caso o servidor quiser a repetição de indébito do imposto de renda retido na fonte pelo Estado, terá que ajuizar a ação contra o Estado na Justiça Estadual e não na Justiça Federal (contra a União).
Interesse de agir
Discute-se sobre o interesse de agir em se ajuizar uma ação declaratória contra lei em tese.
É sabido que não cabe ação declaratória para interpretação do direito em tese e que o Poder Judiciário não é um órgão de consulta sobre a indicação da interpretação adequada para um caso abstrato. O juiz não se pronuncia sobre a lei abstratamente, deve se pronunciar sobre situações individuais e concretas.
Assim, não se admite ação declaratória paraesclarecimento de fatos ou para interpretação do direito em tese. Nesse sentido o STJ:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO - RECURSO ESPECIAL - ICMS - FORNECIMENTO DE ALIMENTAÇÃO E BEBIDAS EM BARES, RESTAURANTES - ACÓRDÃO FUNDADO EM TEMA CONSTITUCIONAL - AÇÃO DECLARATÓRIA - FALTA DO INTERESSE DE AGIR - CABIMENTO - AÇÃO CAUTELAR - OMISSÃO DO ACÓRDÃO - PREQUESTIONAMENTO AUSENTE - PRECEDENTES DA 1* SEÇÃO SOBRE A LEGALIDADE DA COBRANÇA DO TRIBUTO - SÚMULAS 07/STJ E 280/STF.[...]
- A ação declaratória exige, para sua propositura, que haja incerteza objetiva e jurídica, isto é, relativa a direitos e obrigações já existentes e atuais e não apenas
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
possíveis, impondo-se ainda, haja dano para o autor. [...] (REsp 72417/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/12/1998, DJ 22/03/1999, p. 159)
RECURSO ESPECIAL - TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA - INCIDÊNCIA DE ICMS EM OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO - LITISPENDÊNCIA - COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA - PREQUESTIONAMENTO.
- A propositura de ação declaratória de existência ou inexistência de relação jurídico-tributária é legitimada pelo fato de o contribuinte desejar obter a certeza sobre a existência ou inexistência de uma relação jurídico-tributária (se há ou não, em relação a ele ou ao seu caso, imunidade, não-incidência ou isenção).
Não pode versar sobre a lei em tese, e sim sobre fato gerador determinado. Visa a extrair do Poder Judiciário a declaração de que o fato realizado dá ensejo a posterior exigência tributária.
- Como a obrigação tributária é uma só, a existência de uma ação anterior induz sim a litispendência e coisa julgada. Isto porque havendo imunidade, esta haverá sempre, independentemente do exercício financeiro; configurando-se hipótese de não- incidência, sempre haverá não-incidência, e, por fim, existindo isenção, sempre existirá isenção, até que advenha lei que a revogue.
(REsp 232296/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2000, DJ 09/10/2000, p. 132)
O critério do fato gerador é um critério seguro para caracterizar o interesse na ação declaratória. Ocorre quando já há a prática do fato gerador relativo à determinado tributo e paira uma incerteza relativa a como deve se constituir a relação jurídica tributária sobre aquele caso concreto levado ao Judiciário. Não se trata de uma consulta e sim de se levar ao juiz uma situação concreta a ser analisada.
Caso concreto: o contribuinte alegava que havia feito uma denúncia espontânea e ressaltava o entendimento do STJ de que a denúncia espontânea afasta as multas de caráter moratório e punitivo. E era pacífico, por seu turno, na via administrativa que a denúncia afastaria somente a multa punitiva. Assim, havia uma interpretação dada pelo STJ e outra dada pela Receita. Após a denúncia espontânea a Receita afastava apenas a multa punitiva, na prática o contribuinte fazia a denúncia espontânea e o próximo passo administrativamente, destarte, era autuá-lo para cobrança da multa moratória.
Contudo, o contribuinte não precisa esperar ser cobrado, aí reside o interesse jurídico na ação declaratória. No caso em tela, o contribuinte de maneira acertada, fez a denúncia espontânea e ao mesmo tempo ajuizou uma ação declaratória. Nesta ação alegou que havia feito a denúncia espontânea e que isto enseja, segundo o STJ, o afastamento tanto das multas de caráter punitivo quanto as multas de caráter moratório.
Porém, como é de conhecimento geral a Receita Federal em inúmeros casos análogos vinha considerando esta denúncia uma forma de afastar apenas a multa punitiva. Assim, existia uma incerteza objetiva acerca da interpretação que seria dada ao direito, mas isto estava ligado ao caso concreto, ou seja, não era uma indagação de lei em tese, não era uma questão abstrata. O contribuinte alegava que fizera uma denúncia espontânea e se o Poder Judiciário não declarar a inexistência da possibilidade da Receita Federal impor e cobrar a multa moratória, ela será efetivamente cobrada. Ora, o contribuinte não precisa esperar a imposição da multa para só depois ajuizar uma ação
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anulatória, antes da imposição da multa já há interesse de agir para ajuizar uma ação declaratória, pois já há um caso concreto, uma situação específica e individualizada.
O problema residia na outra alegação do contribuinte: o mesmo construiu a ideia de que caso, eventualmente, no futuro viesse a fazer outra denúncia espontânea o juiz declarasse desde já, que nessa situação hipotética possível, que a Receita não poderia lhe multar em caráter moratório.
O professor, no exercício da sua atividade judicante, julgou o caso da seguinte forma: há expressivo interesse de agir na primeira hipótese em ajuizar ação declaratória para que o juiz se manifeste em uma situação individual e concreta trazida pelo contribuinte ao Poder Judiciário em relação sobre a qual paira uma incerteza objetiva sobre a existência ou inexistência de uma relação jurídica tributária; por outro lado, não há interesse de agir quando se ajuíza uma ação declaratória para interpretação do direito em tese (para uma hipótese futura de praticar o fato gerador), tendo em vista que não havia uma situação sequer a ser concretizada ou em vias de se praticar o fato gerador.
Preceitua Cleide Previtalli Cais2 que a "distinção que se há de fazer entre ação anulatória e declaratória é que a anulatória pressupõe um lançamento que se pretende desconstituir ou anular; a declaratória não o pressupõe. Através desta pretende-se declarar uma relação como existente, pura e simplesmente".
A anulatória pressupõe um lançamento no sentido de pressupor algo que se pretenda desconstituir. Esse é um dos marcos que separam a ação declaratória (ainda não há crédito ou valor que se pretenda ver desconstituído) e a anulatória (quando há uma pretensão constitutiva negativa em relação ao ato administrativo já praticado).
Observação. É irrelevante a designação (o nome) dada pela parte autora ao ajuizar a ação judicial.
Exemplo1: a parte autora ingressa com ação requerendo que o juiz declare o direito de receber os valores pagos indevidamente via precatório. Na verdade não é uma declaração pura e simples de inexistência de relação jurídica e sim se pretende uma restituição. Assim, trata-se na verdade de ação de repetição de indébito.
Exemplo2: declaração de anulatória de lançamento. Isto na verdade é uma ação desconstitutiva, pois o contribuinte pretende desconstituir o lançamento.
Exemplo3: a pretensão é a declaração da inexistência da relação jurídica, neste caso é uma ação declaratória.
Essa questão gerou tanto problema que a doutrina criou uma nomenclatura que parece redundante, a "declaratória pura e simples" para tratar de situações em que o contribuinte pretende apenas uma declaração. Diferencia-se deste modo das demais ações intituladas declaratórias, mas que incluiriam outros pedidos.
	Ações
	Declaratória Pura e Simples
	Anulatória
	Repetição de Indébito
	
	
	
	
	Ao analisar o pedido o juiz
	Se há relação jurídica
	Se o auto de infração foi
	
	Se o tributo foi pago indevidamente
2
CAIS, Cleide Previtalli. O Processo tributário. Revista dos Tribunais, págs. 495/496.
Veja que para que a sentença determine a devolução do valor foi pago indevidamente ela terá que verificar se houve relação jurídica, e ainda, verificar se aquele auto de infração foi constituído ou não de forma válida. Assim, na ação de repetição de indébito passa-se pelas duas outras etapas que teriam na ação declaratória e na ação desconstitutiva.
verifica
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Conteúdo da
Sentença (caso o
pedido seja julgado
procedente)
Declaratório
Desconstitutivo
Condenatório
Isto influencia em várias coisas, como por exemplo, o prazo prescricional.
Prazo prescricional
A ação declaratória pura e simples é imprescritível segundo a doutrina tradicional, pois a todo tempo há interesse de agir na declaração de existência, inexistência ou modo de existir da relação jurídica tributária. Já se essa ação declaratória tiver um conteúdo constitutivo ou condenatória, ela passa a estar sujeita a um prazo de prescrição de cinco anos.
Nesse sentido o acórdão:
PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. IPTU, TCLLP E TIP. INCONSTITUCIONALIDADE DA COBRANÇA DO IPTU PROGRESSIVO, DA TCLLP E DA TIP. AÇÃO ANULATÓRIA DE LANÇAMENTO FISCAL. CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. TERMO A QUO. ILEGITIMIDADE DO NOVO ADQUIRENTE QUE NÃO SUPORTOU O ÔNUS FINANCEIRO. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. REDUÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULA 07 DO STJ.
1. O prazo prescricional adotado em sede de ação declaratória de nulidade de lançamentos tributários é qüinqüenal, nos moldes do art.1° do Decreto 20.910/32.
(Precedentes: AgRg no REsp 814.220/RJ, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/11/2009, DJe 02/12/2009; AgRg nos EDcl no REsp 975.651/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/04/2009, DJe 15/05/2009; REsp 925.677/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/08/2008, DJe 22/09/2008; AgRg no Ag 711.383/RJ, Rel. Min. DENISE ARRUDA, DJ 24.04.2006; REsp 755.882/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, DJ 18.12.2006) [...]
(REsp 947206/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/10/2010, DJe 26/10/2010)
O contribuinte, às vezes, maneja o nome da ação para tentar alterar os prazos.
Exemplo1: "ação declaratória de nulidade de lançamento". Deve-se assim, observar a pretensão do contribuinte incorporada na ação, a pretensão não é de uma declaração pura e simples, há uma pretensão constitutiva negativa nela incorporada, pois o autor deseja a nulidade do lançamento tributário. Neste caso o STJ diz que o prazo é de cinco anos, nos moldes do art.1° do Decreto 20.910/32.
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Exemplo2: o autor quer que o juiz declare seu direito de compensar os valores indevidamente recolhidos a título de imposto de renda e a intitula de ação declaratória. Para que o juiz faça essa declaração ele terá que reconhecer que o valor foi pago indevidamente, então a pretensão não é simplesmente declaratória. Ou reconhece quer que não havia relação jurídica tributária que obrigasse o contribuinte a pagar, que o contribuinte pagou indevidamente e ainda, declarar o direito de receber o valor de volta (o direito de compensar). Ora, para declarar o direito a compensar na via administrativa é preciso reconhecer o pagamento indevido, é preciso condenar a União a devolver, então esta sentença embora denominada declaratória, possui um conteúdo condenatório. E para pedido condenatório há prescrição, cinco anos.
Exemplo3: o contribuinte pagou indevidamente um valor há seis anos, ajuíza uma "ação declaratória do direito de compensar", pois ação declaratória é imprescritível. Ocorre que o direito de receber o valor de volta já prescreveu, pois a repetição/compensação tem prazo prescricional de cinco anos, o autor não pode pretender que o juiz declare o seu direito de repetir/compensar estes valores.
Então, na verdade a prescrição depende da pretensão do autor e não do nome da ação. A ação declaratória pura e simples é imprescritível, mas quando há pretensão condenatória, ou constitutiva negativa, ela está sujeita a prescrição.
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA. PRESCRIÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA. CONTEÚDO CONDENATÓRIO. "CINCO MAIS CINCO". 1. Ação declaratória pura é imprescritível, mas, quando também há pretensão condenatória, restituição do indevido, sujeita-se ao fenômeno da prescrição. 2. Na hipótese de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo para a propositura da ação de repetição de indébito é de 10 (dez) anos a contar do fato gerador, se a homologação for tácita (tese dos "cinco mais cinco"), e, de 5 (cinco) anos a contar da homologação, se esta for expressa. 3. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 750620/ES, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/04/2007, DJ 25/04/2007, p. 305)
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. IPTU, TIP E TCLLP. PRETENSÃO DE ANULAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO.[...]
3. A ação declaratória com carga constitutiva, como é o caso da constitutiva negativa, está sujeita à prescrição. [...]
(REsp 748966/RJ, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/03/2007, DJ 26/03/2007, p. 208)
PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. IPTU, TCLLP E TIP. INCONSTITUCIONALIDADE DA COBRANÇA DO IPTU PROGRESSIVO, DA TCLLP E DA TIP. AÇÃO ANULATÓRIA DE LANÇAMENTO FISCAL. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. APLICAÇÃO DO ART. 1° DO DECRETO 20.910/32.1. O prazo prescricional adotado em sede de ação declaratória de nulidade de lançamentos tributários é qüinqüenal, nos moldes do art. 1° do Decreto 20.910/32. (...)
(STJ - REsp: 894981 RJ 2006/0226575-8, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 06/05/2008, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/06/2008)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Não há interesse de agir em obter tutela declaratória quando, ocorrida a desconformidade entre estado de fato e estado de direito, já se encontra prescrita a ação destinada a obter a correspondente tutela reparatória. Este entendimento surgiu a partir do seguinte caso concreto: houve uma "jogada" tentada pelo contribuinte, mas que o STJ não reconheceu. Para ajuizar ação de repetição de indébito o prazo prescricional era de cinco anos e já havia passado esse prazo.
Assim, os contribuintes tentaram obter uma ação declaratória de quem não havia relação jurídica tributária que os obrigassem a pagar o IR 10 anos atrás. Em tese essa ação seria declaratória pura e simples. Mas depois o contribuinte tentou utilizar essa sentença e ingressar na via administrativa para obter a devolução dos vales pagos indevidamente. O STJ entendeu, entretanto que não haveria interesse de agir para propositura da ação declaratória. É que se já houve lesão ao direito em tese o correto seria ingressar com ação anulatória ou de repetição de indébito. Mas estabelece o art. 4°, Parágrafo único, CPC que "é admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito". E nesse ponto o STJ faz a ressalva: desde que não prescrita a ação destinada a obter a tutela reparatória, pois nesse caso não há interesse de agir em obter a declaratória. Vale trazer à colação o acórdão:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL EMBARGADA. AÇÃO DECLARATÓRIA INCIDENTAL. INTERESSE PROCESSUAL. INEXISTÊNCIA. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. 1. A propositura de ação declaratória incidental à execução fiscal já embargada denota o descabimento da impugnação autônoma por ausência de interesse de agir; mercê do descabimento da mesma em processo satisfativo onde não haverá definição de direitos. 2. O interesse jurídico-processual, uma das condições do exercício do direito de ação, deflui do binômio necessidade-utilidade da prestação jurisdicional,sendo certo que: "Encarta-se no aspecto da utilidade a escolha correta do procedimento adequado à pretensão deduzida. Assim, se a parte pede em juízo uma providência de cunho petitório e utiliza o processo possessório, da narrativa de sua petição já se observa a inadequação do remédio escolhido para a proteção que pretende; por isso, é inútil aos seus desígnios, por conseqüência, ao autor, faltará o interesse de agir. Exemplo típico da falta de interesse de agir é o que se verifica em ação meramente declaratória na qual se observa da prescrição da ação condenatória respectiva à pretensão declarada. Nesse seguimento, se a parte dispõe de título executivo para iniciar o processo satisfativo de execução e demanda determinada obrigação através do processo de conhecimento, há manifesta inutilidade da via eleita, porquanto a duplicação de processos com a prévia cognição e posterior execução revela-se desnecessária diante do documento que o exeqüente possui, ressalvada a possibilidade de utilização do documento para fins de antecipação de tutela. Expressiva hipótese de interesse de agir prevista em lei é a do art. 4°, do CPC, e seu parágrafo único, no qual o legislador permite a propositura de ação declaratória ainda que a parte possa promover, de logo, a ação condenatória. É que em toda condenação está embutida uma declaração, como de resto, em qualquer pronunciamento judicial. Entretanto, a lei permite que a parte 'pare no meio do caminho', postulando tão-somente a declaração, o	'acertamento	da
responsabilidade', para após, segundo a sua conveniência, promover ou não o pedido de condenação, com a premissa da responsabilidade previamente definida. Observe- se que, não fosse o dispositivo legal expresso, a parte que intentasse a ação declaratória podendo mover a condenatória incidiria em falta de interesse de agir." (Luiz Fux, in "Curso de Direito Processual Civil", Vol. I, 4^ Ed., Rio de Janeiro, 2008, págs. 178/179). 3. A litispendência que, em regra, constitui pressuposto processual negativo das demandas, constitui um dos requisitos de admissibilidade da ação declaratória incidental, cujo objeto é a declaração da existência ou da inexistência de
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relação jurídica da qual dependa o julgamento do pedido formulado em processo já em curso, ex vi do disposto nos artigos 5° e 325, do CPC, verbis: "Art. 5°. Se, no curso do processo, se tornar litigiosa relação jurídica de cuja existência ou inexistência depender o julgamento da lide, qualquer das partes poderá requerer que o juiz a declare por sentença. (Redação dada pela Lei n° 5.925, de 1973) (...) Art. 325. Contestando o réu o direito que constitui fundamento do pedido, o autor poderá requerer, no prazo de 10 (dez) dias, que sobre ele o juiz profira sentença incidente, se da declaração da existência ou da inexistência do direito depender, no todo ou em parte, o julgamento da lide (art. 5o)." 4. In casu, (i) a devedora, após o manejo de embargos à execução fiscal, ajuizou ação declaratória incidental, aduzindo a nulidade da CDA, em virtude de erro matemático na elaboração da conta e por inobservância dos requisitos previstos no artigo 202, do CTN; e (ii) os citados embargos à execução, opostos pela executada antes de garantida a execução, pugnam pelo seu direito à compensação de créditos e à impossibilidade de cobrança da multa, de juros pela Taxa SELIC, da cumulação de multa com juros de mora e do encargo de 20% do Decreto-Lei 1.025/69. 5. A inadequação do instrumento processual eleito ("ação declaratória incidental"), que pretende a anulação do título executivo que embasa a execução fiscal, denota a falta de interesse de agir, razão pela qual se impõe a extinção do feito sem resolução de mérito, ex vi do disposto no artigo 267, VI, do CPC, revelando-se escorreita a sentença que indeferiu liminarmente a inicial com espeque no artigo 295, III, do Codex Processual. 6. Recurso especial desprovido (STJ - REsp: 940314 RS 2007/0075868-4, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 24/03/2009, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/04/2009)
Ação Declaratória e Repetição de Indébito
A ação declaratória pode ser cumulada com a repetição de indébito; o juiz declara a inexistência de relação jurídica que lhe obrigue a pagar o tributo e também que condena o poder Público a devolver o que indevidamente recebeu.
Ação Declaratória e Execução
Indaga-se se a sentença declaratória comporta execução de valores na forma do art. 730, CPC.
CPC, Art. 730 - Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as seguintes regras:
- o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente;
- far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito.
Segundo a doutrina tradicional a ação declaratória não comporta execução porque pretende "acertar" a relação jurídica controvertida, salvo quanto à condenação ao pagamento das verbas resultantes da sucumbência.
Esse posicionamento deve ser temperado tanto com o estado atual do processo civil, quanto com a questão da nomenclatura utilizada, v.g., se for uma ação declaratória pura e simples é obvio que não poderá ser executada na forma do art. 730, CPC (receber valores).
EFICÁCIA EXECUTIVA DA SENTENÇA DECLARATÓRIA.
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1. A doutrina processual moderna rompeu o dogma de que as sentenças declaratórias nunca seriam dotadas de eficácia executiva. Passou a entender que, quando a sentença, mesmo declaratória, trouxer a definição integral da norma jurídica individualizada inexiste razão lógica para, antes da execução, ajuizar-se nova ação com o objetivo de mais uma vez certificar o provimento. Precedentes da Seção: EResp 609.266/RS, Rel Min. Teori Albino Zavascki, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/08/2006.
Vale destacar que essa discussão acerca da execução na ação declaratória surgiu a partir de casos de compensação. A compensação na área federal é regulada pelo art. 74 da Lei n. 9.430/96.
Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.
O dispositivo admite que o contribuinte que constatar que pagou indevidamente o tributo à Receita Federal poderá compensar esses valores pagos indevidamente ou a maior com importâncias devidas referentes a períodos posteriores à Receita. Exemplo: o contribuinte recolher dois DARF's no lugar de um, este contribuinte poderá compensar este valor pago a maior com importâncias devidas a períodos posteriores. Isto é, o contribuinte pode na via administrativa pedir que a União devolve o aquilo que foi pago a maior, ou pode compensar o valor com um débito (v.g., imposto de renda) referente a um período subsequente de apuração e pagamento daquele tributo.
Quando há dois DARF's recolhidos tanto o contribuinte quanto a Receita não controvertem quanto ao fato de ter havido pagamento indevido. O problema ocorre quando há discussão se o pagamento era ou não devido.
Exemplo: O contribuinte entende que não incide imposto de renda sobre indenização recebida a título de dano moral, já a Receita entende que incide. Assim, há uma dúvida sobre ter sido devido ou não o pagamento. Então não é possível que o contribuinte faça a compensação direta com base em seu entendimento, já que a Receita discordae, portanto não homologará.
Nesses casos os contribuintes passaram a ajuizar ações judiciais, geralmente denominadas ações declaratórias, para que fosse declarada a inexistência de relação jurídica tributária que o obrigasse a efetuar o pagamento, v.g., COFINS sobre a receita (entendendo ser incidente apenas sobre o faturamento) à Receita. E ainda que fosse declarado o direito de compensar os valores indevidamente recolhidos nos últimos cinco anos na via administrativa. Veja que não se trata de uma pretensão condenatória para o pagamento de precatório. A intenção do autor é levar a sentença à Receita Federal para efetuar a compensação nos termos do art. 74 da lei. O contribuinte passou a buscar uma certificação a respeito do indébito. Dessa forma a RF não poderá deixar de homologar a compensação tendo em vista que este direito já foi reconhecido pelo juiz.
Exemplo: supondo que o contribuinte entrou com a ação em 2004 e que a mesma durou dez anos para ser julgada e resultar em uma sentença transitada em julgado (ocorreu em 2014) em seu favor declarando seu direito de compensar os valores que pagou indevidamente. Ele poderá compensar os valores pagos indevidamente entre 2005 e 2010. Porém, de 2010 a 2014 houve uma modificação desses valores levando-se em consideração a sua atualização pela taxa SELIC. A empresa, em 2014, tem um faturamento muito inferior e paga muito menos de tributo em comparação ao que tem para
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compensar. A compensação demorará anos para ser feita. Supondo que o valor que ele tem para compensar gira em torno de um milhão de reais, ele passa a querer o dinheiro e não a compensação. Assim, o advogado executa a quantia de um milhão na forma do art. 730 do CPC, ainda que a sentença não seja condenatória. A União oferece embargos alegando violação à coisa julgada e que o contribuinte deve ir à via administrativa para obter a compensação. Cuidado! Nesses casos aplica-se o entendimento do STJ, qual seja:
EFICÁCIA EXECUTIVA DA SENTENÇA DECLARATÓRIA.
1. A doutrina processual moderna rompeu o dogma de que as sentenças declaratórias nunca seriam dotadas de eficácia executiva. Passou a entender que, quando a sentença, mesmo declaratória, trouxer a definição integral da norma jurídica individualizada inexiste razão lógica para, antes da execução, ajuizar-se nova ação com o objetivo de mais uma vez certificar o provimento. Precedentes da Seção: EResp 609.266/RS, Rel Min. Teori Albino Zavascki, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/08/2006.
Após uma discussão de dez anos para declarar o direito à compensação da qual o contribuinte saiu vitorioso, não seria razoável exigir que o contribuinte ajuíze nova ação, desta vez para condenar a União a pagar precatório. É que se o juiz declarou o direito do contribuinte de compensar, necessariamente na fundamentação fixou que houve pagamento indevido. Esse é o pressuposto lógico para julgar procedente pedido de declaração do direito de compensar. Da mesma forma, é certo que o juiz reconheceu o direito à restituição, o que também incito ao direito de compensar. Ressalte-se que se houvesse decorrido a prescrição o direito de compensar não seria declarado pelo magistrado.
Destarte, em que pese a alcunha de "sentença declaratória" trata-se de uma sentença muito semelhante à condenatória, porém com um plus que é o reconhecimento do direito de compensar (houve a análise se caberia ou não a compensação).[2: - Pode ocorrer que mesmo com o reconhecimento pelo magistrado de que houve pagamento indevido e direito à restituição não ser possível o reconhecimento do direito de compensar, caso a lei estabeleça de modo diverso para aquele tributo específico, caso em que o pedido de compensar seria julgado improcedente.]
Com efeito, sendo reconhecido em sentença transitada em julgado o direito do contribuinte de compensar entende o STJ que esta valerá como título executivo (apto a ser executado na forma do art. 730 do CPC). É um tema pacífico no STJ e que deve ser analisado com cuidado.
Outra situação ocorre quando o pedido do contribuinte é de declaração de inexistência de relação jurídica tributária que o obrigue a pagar imposto de renda em virtude de isenção por ele alegada. Ou seja, não pediu para anular nenhum auto de infração e não pediu a repetição de qualquer valor. Ante o pedido, o juiz reconhece e declara a inexistência de relação jurídica tributária que o obrigue aquele contribuinte a pagar imposto de renda. Suponha que o processo tramitou durante dez anos e transitou em julgado. O contribuinte faz assim, a execução dessa sentença na forma do art. 730 do CPC.
Aqui se encontra a grande diferença entre a situação anterior e esta. Veja que nesta 2- hipótese o pedido foi apena para que o juiz declarasse a inexistência de relação jurídica tributária que o obrigasse a pagar imposto. Assim, esta sentença não é título executivo tendo em vista que a análise do juiz girou em torno somente da questão declaratória. Diferentemente da primeira situação, o juiz aqui não certificou se houve ou
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não pagamento, se esse pagamento era ou não indevido e se o contribuinte tinha ou não direito de receber de volta a quantia. Portanto, esta sentença não possui eficácia executiva. Importante destacar um julgado que ilustra este entendimento:
EFICÁCIA EXECUTIVA DA SENTENÇA DECLARATÓRIA
Ocorre que o posicionamento retratado nos julgados transcritos não se aplica à hipótese dos autos. Em atenção ao pedido da ação de conhecimento, a sentença alcançada pela recorrente declarou unicamente "... a inexistência da obrigação de recolher a contribuição prevista no art. 3°, inciso I, da Lei 7.787/89 incidente sobre a remuneração paga a administradores e trabalhadores autônomos" (fls. 81). Nada decidiu, por exemplo, sobre o regime de compensação a que estaria sujeito o contribuinte, sobre a prescrição tributária ou ainda, ante o art. 166 do CTN, sobre a sua legitimidade para reaver os supostos pagamentos indevidos, matérias essenciais ao reconhecimento do direito de compensar o indébito tributário, mesmo que administrativamente. (...) (VOTO MINISTRO Relator CASTRO MEIRA - RECURSO ESPECIAL N° 602.469 - BA (2003/0195651-8)
Ressalte-se que na ação condenatória o juiz passará pelas etapas acima indicadas, 1) reconhecimento da inexistência da relação jurídica tributária; 2) verificação de que o contribuinte efetivamente pagou o tributo indevidamente ou a maior; 3) tem direito a receber de volta (só tem o direito a repetição se ainda não estiver prescrito). No caso porém, o que não foi objeto de análise pelo magistrado nesta ação declaratória em que o pedido cingiu-se apenas a declaração de inexistência de relação jurídica tributária objetivando a isenção do imposto de renda.
O STJ já manifestou dois posicionamentos acerca do tema. O Min. Teori Zavascki dizia que se tratava da eficácia executiva da sentença declaratória. Já para o Min. Luiz Fux tratava-se apenas de uma sentença denominada declaratória, mas que possuía todos os elementos de uma sentença condenatória. Destarte, denominou-a o Min. Luiz Fux de sentença condenatória.
Em que pese esses diferentes entendimentos, ambos resultavam na possibilidade de se executar na forma do art. 730, CPC uma sentença declaratória proferida contra o poder público.
Sempre que essa sentença declaratória passar por todas as etapas e certificar o indébito, possuindo um conteúdo condenatório, será possível de ser executada.
A compensação ou o pedido administrativo de devolução de valores pagos a maior são duas formas que a legislação coloca a critério do contribuinte como formas de reaver o que ele pagou indevidamente.As duas situações são formas de repetição do indébito, segundo o STJ.
Neste sentido entende o Min. Luiz Fux:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. SENTENÇA CONDENATÓRIA DO DIREITO À COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO. REPETIÇÃO POR VIA DE PRECATÓRIO.
POSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE DEDUÇÃO DE QUANTIA RETIDA NA FONTE E JÁ RESTITUÍDA POR CONTA DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL.
1. A obtenção de decisão judicial favorável transitada em julgado, proferida em ação condenatória, confere ao contribuinte a possibilidade de executar o título judicial, pretendendo o recebimento do crédito por via do precatório, ou proceder à compensação tributária.[...]
(AgRg no Ag 929194/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/05/2008, DJe 16/06/2008)
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O Min. Luiz Fux chama esta "sentença declaratória do direito a compensação" de sentença condenatória, pois condena a União a restituir e por isto cria um plus que declara o direito do contribuinte de receber a quantia via compensação.
Diz o STJ:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. ACOLHIMENTO COM EFEITOS MODIFICATIVOS. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO DE SENTENÇA. SENTENÇA CONDENATÓRIA DO DIREITO À COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO. REPETIÇÃO POR VIA DE PRECATÓRIO. POSSIBILIDADE. ORIENTAÇÃO SEDIMENTADA EM AMBAS AS TURMAS DA 1* SEÇÃO. AUSÊNCIA DE OFENSA À COISA JULGADA. (...) 2. No mérito do recurso especial interposto, a obtenção de decisão judicial favorável trânsita em julgado, proferida em ação condenatória, confere ao contribuinte a possibilidade de executar o título judicial, pretendendo o recebimento do crédito por via do precatório, ou proceder à compensação tributária. 3. Deveras, cabe ao contribuinte manifestar a opção de receber o respectivo crédito por meio de precatório regular ou compensação, haja vista que constituem, ambas as modalidades, formas de execução do julgado colocadas à disposição da parte quando procedente a ação. (...) (STJ - EDcl no AgRg no Ag: 1043399 MG 2008/0095413-4, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 05/03/2009, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 26/03/2009)
Vale trazer a lume o então entendimento do Ministro Teori Zavascki:
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VALORES INDEVIDAMENTE PAGOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SENTENÇA DECLARATÓRIA DO DIREITO DE CRÉDITO CONTRA A FAZENDA PARA FINS DE COMPENSAÇÃO. EFICÁCIA EXECUTIVA DA SENTENÇA DECLARATÓRIA, PARA HAVER A REPETIÇÃO DO INDÉBITO POR MEIO DE PRECATÓRIO.[...]
Tem eficácia executiva a sentença declaratória que traz definição integral da norma jurídica individualizada. Não há razão alguma, lógica ou jurídica, para submetê-la, antes da execução, a um segundo juízo de certificação, até porque a nova sentença não poderia chegar a resultado diferente do da anterior, sob pena de comprometimento da garantia da coisa julgada, assegurada constitucionalmente. E instaurar um processo de cognição sem oferecer às partes e ao juiz outra alternativa de resultado que não um, já prefixado, representaria atividade meramente burocrática e desnecessária, que poderia receber qualquer outro qualificativo, menos o de jurisdicional.
A sentença declaratória que, para fins de compensação tributária, certifica o direito de crédito do contribuinte que recolheu indevidamente o tributo, contém juízo de certeza e de definição exaustiva a respeito de todos os elementos da relação jurídica questionada e, como tal, é título executivo para a ação visando à satisfação, em dinheiro, do valor devido.
Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 614.577/SC, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI)
Destarte, por entendimento já sumulado do STJ hoje o contribuinte pode optar em executar pela forma do art. 730 do CPC ou por compensar na via administrativa:
STJ, Súmula n° 461 - O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.
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Ação declaratória e Tutela antecipada
Indaga-se ainda se é possível a antecipação dos efeitos da tutela na ação declaratória. Há quem diga que não, porém em matéria tributária é possível a antecipação dos efeitos da tutela, portanto cabível ao caso.
Essa antecipação dos efeitos da tutela visa a impedir a Administração de exigir, mediante execução fiscal, o pagamento do crédito em discussão.
CTN, Art. 151 - Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
V - a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial.
Este é um tema complexo. Trata-se de casos em que se ajuíza ação declaratória, pois em tese há o fato gerador, porém ainda não há lançamento. O que se quer é a declaração do juiz de inexistência de uma relação jurídica tributária. Pode ocorrer, entretanto que no decorrer do processo haja o lançamento. Assim, buscando evitar o lançamento, a constituição do crédito, o contribuinte pede uma antecipação dos efeitos da tutela.
Veja que a concessão da tutela antecipada estaria por impedir que o poder público exerça o seu poder-dever de lançar. Para o STJ não cabe ao Judiciário impedir o poder público de constituir o crédito tributário via lançamento. Na verdade o que o art. 151, CTN trata é da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, isto é, o crédito tributário uma vez constituído não poderá ser cobrado (impede a inscrição na dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal), mas o crédito tributário pode (e deve) ser lançado. O lançamento deverá ser efetuado, sob pena de decadência. A exigibilidade do crédito fica suspensa (para Brito Machado a melhor expressão seria impedir a exigibilidade) e o destino deste crédito tributário passa a depender do resultado da ação judicial. Neste caso a sentença será desconstitutiva do crédito tributário lançado durante o decorrer da ação. Já se ao final da ação "cair" a liminar o crédito passa a poder ser cobrado.
Repetindo: o juiz concedeu a cautelar, que impede o fisco de cobrar o crédito tributário até que haja uma decisão definitiva, a Fazenda Pública agrava, vai ao STJ, que reforma dizendo que o judiciário não pode impedir a administração de lançar, pois o que o art. 151 fala é em suspender a exigibilidade, então a administração deve lançar sob pena de decadência, só não pode cobrar. Lança e já consta no sistema como suspenção da exigibilidade do crédito tributário por decisão judicial, porque o juiz deferiu a liminar para suspender a exigibilidade do crédito. Se ao pedido ao final for julgado improcedente, o crédito poderá ser cobrado. Ao contrário, se o pedido for julgado procedente o crédito tributário será desconstituído, e a Fazenda Pública terá que anulá-lo.
Ou seja, se a ação é declaratória, a antecipação de tutela serve para impedir a constituição de um crédito enquanto se discute os termos da relação jurídica que rege este crédito. Então serve para impedir o lançamento enquanto não há um "acertamento" da questão. Porém o STJ não entende assim, para o Tribunal o fisco precisa lançar o crédito sob pena de haver decadência do crédito tributário. Então não é cabível liminar para impedir o lançamento, mas é cabível limitar para suspender a exigibilidade do crédito tributário (tanto em MS quanto em ação declaratória).
> É cabível antecipação dos efeitos da tutela em ação declaratória tributária?
R. Sim, porém ela não pode impedir o lançamento, serve para suspender a exigibilidade do crédito tributário.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrináriose na jurisprudência dos Tribunais.
> Como se suspende a exigibilidade de um crédito tributário se ele ainda não existe?
Tirando a discussão se o lançamento tem natureza constitutiva ou declaratória, para parte da doutrina o crédito existiria desde a obrigação, sem entrar neste mérito, ainda que se entenda que o lançamento tenha natureza constitutiva, esta liminar impede a cobrança do crédito. Embora o CTN fale em suspensão da exigibilidade do crédito, o mais técnico seria chamar de hipótese de impedimento em que a Fazenda Pública lança, notifica o contribuinte e faz constar no sistema que o crédito está com a exigibilidade suspensa por decisão judicial. Significa que o crédito ficará aguardando o resultado do processo.
AÇÃO DECLARATÓRIA E TUTELA ANTECIPADA.
De acordo com o STJ, a decisão judicial não pode impedir a Administração Pública de efetuar o lançamento, ou seja, de constituir o crédito. A decisão judicial impede apenas a prática de atos de cobrança. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário impede a Administração de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança do seu crédito, tais como inscrição em dívida ativa, execução e penhora, mas não impossibilita a Fazenda de proceder a sua regular constituição para prevenir a decadência do direito de lançar. (Rel. Min. Castro Moreira, DJ de 05.09.2005).
Valor da causa
O valor da causa das ações declaratórias deve corresponder ao conteúdo econômico pretendido.
AÇÃO DECLARATÓRIA. RESTITUIÇÃO. VALOR DA CAUSA. IMPUGNAÇÃO.
ATRIBUIÇÃO POR ESTIMATIVA. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 258 E 259, I, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. PRECEDENTES.
- Ainda que se cuide de ação declaratória, o valor da causa deve corresponder ao do seu conteúdo econômico, considerado como tal, aquele referente ao benefício que se pretende obter com a demanda, conforme os ditames dos artigos 258 e 259, I, do Código de Processo Civil. (REsp 926535/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/05/2007, DJ 14/06/2007, p. 274)
Ação declaratória incidental
Em tese é cabível quando o estado de incerteza ocorrer no curso de processo já instaurado, mas não é muito utilizada em sede de direito tributário.
Ação Anulatória
Quanto ao objeto e cabimento da ação anulatória sabe-se que esta pode ser promovida pelo contribuinte contra a Fazenda Pública, tendo como pressuposto a preexistência de um lançamento fiscal.
Ao propor uma ação anulatória relativa à tributo ou multa quando não houver crédito tributário constituído, faltará interesse de agir, porque se quer anular algo que ainda não existe.
Exemplo: há um crédito de mil reais constituído pela Fazenda contra o contribuinte e este que anular o lançamento, assim deve propor ação anulatória.
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Conforme destaca Arruda Alvim a "distinção que se há de fazer entre ação anulatória e declaratória é que a anulatória pressupõe um lançamento, que se pretende desconstituir ou anular; a declaratória não o pressupõe. Através desta pretende-se declarar uma relação jurídica como inexistente, pura e simplesmente".[3: Arruda Alvim, Processo judicial tributário, p. 169.]
Nesta ação a pretensão/objeto do contribuinte é anular um ato administrativo. Entretanto, vale ressaltar que em determinadas situações sua pretensão é anular um ato praticado por ele próprio (contribuinte) que foi obrigado a agir daquela forma em virtude da lei. O contribuinte pratica o ato, pois está obrigado por lei, e depois questiona este mesmo ato por entender que a lei que o fundamentou é inconstitucional.
Exemplo: contribuinte declara um crédito e depois entra com a ação para anulá-lo alegando que a lei que o obrigou a declarar daquela maneira é inconstitucional.
Depósito na ação anulatória
> É imprescindível o depósito na ação anulatória?
O art. 38 da Lei que trata das execuções fiscais diz o seguinte:
Lei n. 6.830/80, Art. 38 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos.
A lei, no dispositivo acima colacionado, fixa um novo marco que é a inscrição em dívida ativa. Para que seja feita a inscrição em dívida ativa deve haver um controle de legalidade e legitimidade do crédito tributário.
A inscrição em dívida ativa configuraria uma presunção de certeza e liquidez para o crédito (confere exequibilidade ao crédito tributário), assim, uma vez havendo tal inscrição somente poder-se-ia discutir o crédito uma vez garantido o juízo. A presunção é a favor do título e esta só pode ser afastada através de questionamento pelo contribuinte.
Por embargos à execução é possível discutir um crédito inscrito em dívida ativa, nos termos da Lei n. 6.830, em uma execução fiscal. Os embargos à execução pressupunha a garantia do juízo segundo a lei de execução fiscal de 1980. Assim, a garantia do juízo era um pressuposto dos embargos à execução (oferecimento de bens a penhora, fiança bancária ou depósito).
É possível ainda a impetração de mandado de segurança; o ajuizamento de ação de repetição de indébito, mas nesse caso o pagamento deveria ser feito antes de ingressar com a ação (solve et repete); ou ainda poderia ser ajuizada uma ação declaratória relativa ao ato de inscrição em dívida ativa, mas nesse caso seria necessário o depósito.
Destarte, salvo na impetração de mandado de segurança onde o direito precisa estar comprovado de plano, os demais casos pressupunham a garantia do juízo: nos embargos à execução se daria através de penhora ou depósito, na repetição de indébito através do pagamento e na ação anulatória seria necessário o depósito.
Diante deste quadro, começou uma discussão: se para a ajuizar uma ação anulatória do crédito tributário já inscrito em dívida ativa era ou não necessário o
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depósito como requisito essencial. Posicionou-se o STJ que não seria necessário o depósito nesta situação, pois tal exigência instituiria o princípio do solve et repete (paga e depois reclama); violaria a isonomia, tendo em vista que somente quem tivesse dinheiro para depositar poderia discutir.
O tema chegou a ser objeto de uma Súmula do extinto Tribunal Federal de Recursos:
Súmula do TRF n° 247 - Não constitui pressuposto da ação anulatória do débito fiscal o depósito de que cuida o Art. 38 da Lei 6.830, de 1980.
E de forma mais recente foi criada uma súmula vinculante do STF:
STF, Súmula Vinculante 28 - É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.
O depósito traz vantagens ao contribuinte. Vejamos:
A impossibilidade de cobrança do débito durante a discussão judicial, evitando a inscrição em dívida ativa e a execução fiscal, o que eventualmente pode redundar ainda em uma penhora dos bens.
Exemplo: o contribuinte tem disponibilizado cem mil reais para pagar determinado tributo e prefere depositar, pois se ganhar levantará a quantia e se perder, haverá a sua conversão em renda e a questão está resolvida de uma forma ou de outra, isto impede a cobrança do débito durante a ação judicial. Veja que se o contribuinte não depositar, ou se o juiz não conceder uma liminar suspendendo a exigibilidade, durante a ação declaratória, pode ocorrer a inscrição em dívida ativa, pode ocorrer uma execução fiscal o que pode redundar numa penhora.
A exclusão da responsabilidadedo contribuinte pelos encargos referentes ao débito. Quando se faz o depósito corretamente, depositando em juízo através de um DARF próprio para esta finalidade, não se responderá mais pelos acréscimos, juros de mora e correções pela SELIC caso o pedido seja julgado improcedente.
Impedimento ou suspensão da inscrição do contribuinte no CADIN (cadastro de inadimplentes). Isto é relevante para empresas que participam de licitações, ou tem contratos com a Administração Pública. Essa inscrição no CADIN pode prejudicar muito os negócios.
Direito do contribuinte de obter certidão positiva com efeito de negativa (art. 151, III, CTN c/c art. 206 do CTN). Trata-se da certidão positiva de débitos com efeitos negativos.
A legislação exige como requisito para a prática de determinados atos e recebimento de valores do poder público que o contribuinte tenha uma CND (certidão negativa de débitos). A falta da CND prejudica uma série de atividades relativas à empresa. Assim, na maior parte dos casos o contribuinte se preocupa com a CND ou com certidão positiva com efeito de negativa.
CTN, Art. 206 - Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.
O art. 206 do CTN traz as hipóteses em que o contribuinte terá direito a certidão positiva com efeito de negativa, quais sejam, quando há um débito já lançado, mas ainda
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não vencido; débito lançado, mas com exigibilidade suspensa ou se já uma débito lançado, mas garantido na execução fiscal por penhora.
O débito tributário estará com a exigibilidade suspensa nas hipóteses do art. 151 do CTN, sendo certo que as mais comuns nesses casos são quando há depósito (em dinheiro, que suspende a exigibilidade do crédito tributário e cobre a dívida) ou decisões judiciais.
CTN. Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
- moratória;
- o depósito do seu montante integral;
- as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo;
- a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
- a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp n° 104, de 10.1.2001)
- o parcelamento. (Incluído pela Lcp n° 104, de 10.1.2001)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes.
O depósito pode ser efetivado nos autos de qualquer ação judicial (inclusive em MS). O entendimento da doutrina mais moderna é que não há necessidade de ação própria para o depósito. Antes o depósito era feito somente através de uma cautelar de depósito. Hoje não é mais necessário esse procedimento específico. Até porque cautelar gera uma decisão judicial que não se coaduna com o depósito. Para o professor não haveria interesse de agir nesta ação cautelar, mas a jurisprudência majoritária admite que esta seja proposta para tal fim.
Hoje o depósito é feito através de um DARF em que se identifica o valor e o objetivo do depósito em item correspondente. Ao fazer o depósito via DARF no código específico, o contribuinte o junta aos autos. Além disso, o depósito pode ser feito independentemente de autorização judicial.
Por outro lado, segundo STJ, o depósito tem que ser integral e em dinheiro:
STJ. Súmula n° 112 - O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro.
Ressalte-se que depósito aqui não significa garantia do juízo, isto porque a ação não é de execução, trata-se de uma ação anulatória, é uma ação do contribuinte. Nesta ação anulatória o juiz julga procedente ou improcedente o pedido para manter aquela autuação feita pelo fisco. Desta forma, não faria sentido, v.g., garantir o juízo com pedras preciosas. Isso porque se está tratando da ação anulatória do contribuinte, daí a necessidade de ser feito em dinheiro, pois caso seja julgado improcedente o pedido o depósito se converterá em renda.
No passado o STJ chegou-se a admitir a fiança bancária, que seria um intermediário entre depósito em dinheiro e oferecimento de outros bens. Mas hoje está não é admitida para fins do art. 151 do CTN. O CTN exige depósito e o STJ diz que ele deve ser integral e em dinheiro (súmula 112, STJ).
Os argumentos utilizados para que só se admita o depósito em dinheiro são:
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a ação é de conhecimento e não de execução. Assim, se não fosse feito em dinheiro a sentença de improcedência teria ainda que ser executada para a conversão do bem em dinheiro;
o depósito em dinheiro, segundo a sistemática que o rege atualmente (Lei n. 9.703), é feito na CEF em um DARF e a CEF transfere esses valores para a C.U.T (Conta Única Do Tesouro Nacional), sendo certo que se trata de um procedimento mais eficiente.
Antes quando se depositava no banco, este pegava o dinheiro, aplicava no mercado financeiro, o que gerava uma mais valia para o banco e a gestão do dinheiro ficava com bancos privados e não com a União, que inclusive obtinham essa rentabilidade.
Por isso, hoje o depósito é feito à CEF e não é permitida a fiança bancária, em que o dinheiro também não iria para a União.
Geralmente ocorre de o contribuinte precisar da certidão positiva com efeitos negativos. Para tanto o caminho seria a suspensão da exigibilidade ou a penhora na execução fiscal.
Exemplo: havia uma dívida de cinco a seis milhões com a União a título de tributo por parte de uma empresa que prestava serviços ao DETRAN. Todo dinheiro que ela recebia vinha do DETRAN, mas para receber a empresa precisava de uma certidão positiva com efeitos negativos ou certidão negativa. O débito com a União já estava em execução fiscal ela não podia garantir porque não tinha dinheiro. Chegou determinado momento que o montante a receber do DETRAN pela empresa, o que não se dava por falta da certidão, era superior ao valor da execução fiscal. Isto é o ciclo era vicioso: a empresa não tinha como garantir o juízo para obter a certidão porque não tinha dinheiro e não tinha dinheiro porque não tinha a certidão. O juiz determinou, utilizando o bom senso, que o dinheiro fosse depositado em juízo para garanti-lo somente até o limite do valor do débito com a União.
As duas formas de obter a suspensão da exigibilidade: (1) Ajuizando uma ação anulatória para obtenção de decisão com pedido de antecipação de tutela, mas o juiz pode indeferir; (2) Depósito judicial.
Exemplo: geralmente as grandes empresas solventes, verificando que seria complicado retirar quantias tão elevadas do capital de giro para depositar em juízo, pretendem garantir com um imóvel. O advogado percebe que para aquela situação específica será difícil obter a decisão judicial por se tratar de tema muito controvertido. Não há precedente consolidado e a melhor forma seria o depósito. Como não tem dinheiro o que sobra é a penhora na execução fiscal. O prazo prescricional para o poder público ajuizar uma execução é de cinco anos, contados da data da constituição definitiva do crédito ou da data da declaração do contribuinte. O problema então é que a ação judicial pode demorar cinco anos para ser ajuizada. Assim, criou-se a figura da antecipação da garantia na futura execução fiscal.
A tese da antecipação da garantia na futura execução fiscal serve para que o contribuinte antecipe a garantia e possa oferecer um bem (que não seja dinheiro em caixa) como forma de garantir seu débito fiscal, conforme ocorreria na execução fiscal.O art. 206 do CTN diz que quando há penhora na execução fiscal se terá direito a certidão positiva com efeitos de negativa. Essa ação é admitida pelo STJ e se assemelha muito a uma cautelar para produção antecipada de provas. É na verdade uma ação
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cautelar cujo escopo é antecipar a prática de um ato processual a fim de evitar um prejuízo irreparável que será gerado pela falta da certidão.
Isso gerou vários questionamentos, principalmente de qual seria a ação principal. A ação principal na verdade será a ação de execução que será ajuizada. O STJ entendeu ser cabível essa ação:
O	contribuinte pode, após o vencimento da sua obrigação e antes da execução, garantir o juízo de forma antecipada, para o fim de obter certidão positiva com efeito de negativa. (EDcl no AgRg no REsp 1057365/RS)
Veja que essa antecipação de garantia se distingue da suspensão de exigibilidade. O contribuinte queria ser executado, como não esta não foi ainda iniciada entra com a ação (antecipação da garantia na futura execução fiscal) para obter a certidão, mas não quer a suspensão da exigibilidade. Ele quer a certidão pela penhora, garantia do juízo. Quando há suspensão da exigibilidade não é possível haver execução fiscal. São questões diametralmente opostas.
Uma premissa que vem sido seguida é que o juízo competente para analisar essa ação é o juízo da execução. Ajuizar na vara cível é incorreto. O correto é garantir a execução fiscal perante o juízo da execução fiscal. E a execução fiscal será distribuída por prevenção ao mesmo juiz.
Esse tema era tão controvertido na Justiça Federal que os juízes divergiam quanto à competência ser do juízo de execução ou da vara cível, por se tratar de cautelar e cautelar não é proposta no juízo da execução. Hoje o tema já se encontra mais pacificado de que a competência é do juízo da execução.
Essa tese é aceita porque não gera qualquer prejuízo à União permitir que o contribuinte antecipe a garantia do juízo. Nesse ponto, o Min, Luiz Fux defende que seria um caso de uma execução iniciada por interesse do próprio devedor. O art. 620 do CPC tratava de uma hipótese similar a essa, mas já foi revogado.
Depósito e decadência
Caso seja depositada uma quantia em juízo e durante dez anos em que o processo tramitou, a Fazenda não lançou, mas o pedido é julgado improcedente. Dessa forma, como não houve lançamento o advogado do contribuinte alega decadência.
Ainda assim, quem levantará a quantia depositada será a Fazenda. Isso porque o STJ entende que quando o contribuinte ajuíza uma ação judicial alegando que possui uma discussão com a Fazenda sobre se tem ou não que pagar imposto de renda, essas afirmações do contribuinte acompanhadas do depósito correspondem a uma confissão de dívida suficiente para constituir o crédito tributário. Suficiente ainda para gerar conversão em renda para a União sendo o pedido julgado improcedente, pois se estaria confessando, declarando, concordando que o valor seja entregue à União para pagar a dívida.
Assim, para o STJ a quantia depositada:
"equivale à quantia confessada pelo contribuinte como sendo a quantia devida, caso o pedido seja julgado improcedente. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação o depósito judicial faz às vezes do pagamento antecipado, de forma que a Fazenda deve efetuar o lançamento das eventuais diferenças que entenda devidas. Vide Lei 9.703/98. Assim, nos tributos lançados por homologação o depósito dispensa
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o ato formal de lançamento, não havendo falar em decadência" (STJ, EResp 686.479/RJ).
Nos casos de tributos lançados por homologação durante o processo o contribuinte poderá realizar depósitos constantes em juízo.
Em havendo diferença entre o valor depositado e a quantia devida à Fazenda, esta deverá lançar a receita omitida pelo contribuinte. A Fazenda deverá lançar a parte que não está confessado e depositado pelo contribuinte sob pena de decadência.
Já se o contribuinte confessa mais do que deposita, não será caso de lançamento e sim de cobrança por parte da Fazenda, o que se necessário poderá se dar por execução.
Veja que se difere dos casos de pedido de tutela antecipada, pois nesta ainda que haja decisão judicial impedindo que um crédito que eventualmente seja constituído tenha exigibilidade, a Fazenda deverá fazer o lançamento sob pena de decadência. Com efeito, esse é um caso de ação declaratória em que o magistrado entende que inexiste relação jurídica que obrigue o constituinte a pagar imposto de renda.
Depósito e levantamento
Segundo o STJ, o levantamento deve ser efetuado em função do resultado da demanda:
Procedente - Contribuinte levanta o valor depositado corrigido e há a extinção do crédito tributário pela sentença;
Improcedente - Conversão definitiva em renda (art. 156, VI do CTN);
Pedido parcialmente procedente - Levantamento e conversão na proporção fixada pela decisão;
Extinção sem julgamento do mérito - Segundo o STJ haverá conversão em renda do ente político. A solução dada é que em tese a Fazenda "ganhou" a ação.
Já para o professor o correto seria o juiz fixar um prazo para que seja ajuizada uma nova ação e esse depósito seja "carregado" para essa nova ação.
Na área federal os depósitos são regulados pela Lei n. 9.703/98.
Legitimidade
A legitimidade ad causam passiva e ativa na anulatória diz respeito aos sujeitos da relação obrigacional tributária que deu ensejo ao lançamento que se pretende desconstituir.
Interesse de agir
Processo Tributário
O interesse na propositura da ação anulatória do débito fiscal surge, naturalmente, após a realização do lançamento, que vem a ser o próprio objeto dela.
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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
1. Processo Judicial Tributário	2
Ações de Iniciativa do Contribuinte (cont.)	2
Ação de Repetição de Indébito	2
Cabimento	2
Legitimidade ativa e passiva	3
Tributos Indiretos	5
Contribuinte de fato e direito a repetição	8
Locatário e IPTU	11
Documentos necessários	11
Juros e correção	12
Prescrição 	13
Ação de consignação em pagamento 	 16
Procedimento	19
Sucumbência	19
Mandado de Segurança em matéria tributária	20
Mandado de segurança e lei em	tese 	 22
Mandado de segurança preventivo 	 22
Legitimidade 	 23
Competência 	 24
Desistência 	 24
Direito líquido e certo 	 24
Processo Tributário
Processo Tributário
Mandado de Segurança e Compensação 	 26
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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
1. Processo Judicial Tributário
Ações de Iniciativa do Contribuinte (cont.)
Ação de Repetição de Indébito
Vale inicialmente recapitular os marcos vistos na última aula:
	Ações
	Declaratória Pura e Simples
	
	Anulatória
	Repetição de Indébito
	
	
	
	
	
	Marcos
	Antes do
	
	Depois do
	
	Após o Pagamento
	
	Lançamento
	
	Lançamento
	
	
O marco na ação anulatória é o lançamento. Neste caso a pretensão do contribuinte é anular um crédito tributário devido a título de tributo ou multa.
Já na ação de repetição de indébito o marco é o pagamento efetuado pelo contribuinte e que este reputa como sendo um pagamento indevido. Assim há esse "plus" que seria o pagamento indevido.
Veja que os três marcos se correlacionam

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