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Bretton Woods II - A4

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Joselino Ferreira Gomes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OOO sssuuubbbcccooonnnsssuuummmiiisssmmmooo eee aaasss ddduuuaaasss ttteeeooorrriiiaaasss eeecccooonnnôôômmmiiicccaaasss 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
SUMÁRIO 
 
- SUPERACUMULACIONISTAS X SUBCONSUMISTAS E MARXISTAS ............................... 05 
- ANÁLISE GLOBAL E HISTÓRIA ACERCA DA CRISE ............................................................ 10 
- TUDO TEM O SEU PREÇO: OS CAMINHOS E PREÇOS A PAGAR ........................................ 13 
- REFLEXÕES SOBRE O PARADIGMA SALARIAL ................................................................... 20 
- BRETTON WOODS II……. ......................................................................................................... 23 
- AS DUAS TEORIAS ECONÔMICAS................................................................................................29 
- ANEXO I: (DES) REPOSIÇÃO SALARIAL - UMA ABORDAGEM FILOSÓFICA.....................33 
- ANEXO II: INTER E INTRACONCORRENCIALIDADE SALARIAL (UM ENSAIO).................36 
- APÊNDICE I........................................................................................................................................39 
- ANEXO III: RENDIMENTOS MÁXIMOS (UM ENSAIO).............................................................40 
- ANEXO IV: O ESQUEMA PERVERSO DA COMPETITIVIDADE...............................................43 
- APÊNDICE II........................................................................................................... ...........................46 
- ANEXO V: O CONTROLE DA NATALIDADE COMO EQUALIZADOR-CHAVE...........,,,.......47 
- APÊNDICE III....................................................................................................................................50 
- ANEXO VIII: A DESINDEXAÇÃO PROGRESSIVA......................................................................53 
- ANEXO IX: O CORPORATIVISMO É CAPITALISMO PURO......................................................55 
- ANEXO VI: CRESCIMENTO ECONÔMICO: SOLUÇÃO OU PROBLEMA?..............................57 
- ANEXO VII: A INFLAÇÃO DE CUSTOS E A ATUAÇÃO DO BANCO CENTRAL...................59 
- ANEXO X: ORIGEM DA CRISE (CAPITAL E TRABALHO)........................................................61 
- ANEXO XI: DIREITA E ESQUERDA...............................................................................................63 
- ANEXO XII: O GRANDE PROBLEMA DO MUNDO É A SUPERPOPULAÇÃO........................65 
- ANEXO XIII: QUEM GOVERNA O MUNDO?................................................................................67 
- ANEXO XIV: ESCREVENDO ALGUMAS BOBAGENS................................................................69 
- ANEXO XV: OS ZEROS DO GOVERNO LULA.............................................................................71 
- ANEXO XVI: ESPERTEZA OU BURRICE?....................................................................................73 
- ANEXO XVII: AS DISTORÇÕES ECONÔMICAS DA FALTA DE SOLIDARIEDADE.............76 
- ANEXO XVIII: O GOVERNO NÃO É DONO DO PIB...................................................................78 
- ANEXO XIX: TRÊS EQUÍVOCOS ECONÔMICOS........................................................................79 
- ANEXO XX: DESABAFO DE UM INCOMPREENDIDO...............................................................81 
- ANEXO XXI: A MAIS-VALIA EM QUESTÃO...............................................................................83 
- ANEXO XXII: A SOCIEDADE SEM CLASSES..............................................................................85 
- ANEXO XXIII: A UNIVERSALIZAÇÃO DO CÂMBIO FLUTUANTE.........................................87 
- ANEXO XXIV: O MURO DA INSENSATEZ..................................................................................89 
- ANEXO XXV: IGUALDADE DE OPORTUNIDADES, VIA CONTROLE DA NATALIDADE..90 
- ANEXO XXVI: PREPARO É O QUE CONTA.................................................................................92 
 4 
- ANEXO XXVII: COMO DESARMAR A BOMBA-RELÓGIO DA DÍVIDA INTERNA..............94 
- ANEXO XXVIII: COMO VIVENCIAR, NA PRÁTICA, O COMUNISMO....................................95 
- ANEXO XXIX: A MESMA ORIGEM DE SEMPRE: SUPERPOPULAÇÃO.................................96 
- ANEXO XXX: PLENO EMPREGO SADIO X PLENO EMPREGO DOENTIO...........................97 
- ANEXO XXXI: O QUINTETO DE OURO DO EQUILÍBRIO ECONOMICO E DA PROSPERI- 
 DADE GERAL...........................................................................................................99 
- ANEXO XXXII: A IMPERATIVIDADE DO DIREITO INTERNACIONAL ECONÔMICO 
 NUMA ERA DE JUSTIÇA...................................................................................101 
- ANEXO XXXIII: MOEDAS-RESERVA INTERNACIONAIS.......................................................103 
- ANEXO XXXIV: PERSPECTIVAS FUTURAS DA ECONOMIA MUNDIAL.............................105 
- ANEXO XXXV: ECONOMISTAS MESSIÂNICOS.......................................................................106 
- ANEXO XXXVI: IMPOSTO ÚNICO...............................................................................................108 
- ANEXO XXXVII: A POUPANÇA EM QUESTÃO.........................................................................111 
- ANEXO XXXVIII: SALVAMENTO DE BANCOS........................................................................112 
- ANEXO XXXIX: KEYNES, É MAIS QUE A POLÍTICA, ESTÚPIDO!.......................................113 
- ANEXO XL: QUAL É O MAIOR PROBLEMA DO BRASIL E COMO RESOLVÊ-LO..............115 
- BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL................……….….........................................................................116 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
SUPERACUMULACIONISTAS X SUBCONSUMISTAS E MARXISTAS 
 
 
A existência tem um sentido? Tem um fim? A existência, intrinsecamente, implica um 
fim, uma utilidade1. 
E, quais são os pré-requisitos para a existência... da existência? Em primeiro lugar, tem 
que existir DIFERENCIAÇÃO2, o que implica que, em tempos simultâneos, têm que existir 
PÓLOS OPOSTOS3. Em segundo lugar, não basta que haja existência diferenciada. Ou seja, 
isoladamente (e estaticamente), os pólos opostos não têm nenhuma função/utilidade... não se 
realizam, não se expressam, não potencializam sua potencialidade: para que isso ocorra, tem 
que haver RELAÇÃO/CONTATO. Por sua vez, só há relação/contato...se houver 
MOVIMENTO/DESLOCAMENTO...de um pólo em direção ao outro, seu contrário4. 
Portanto, só assim pode haver “atrito” (contato)...e o fenômeno se realizar, se manifestar, se 
expressar. 
Mas, vejamos agora se as determinações do capital obedecem às mesmas determinações 
da Natureza. 
Com este intuito, apliquemos ao capital o mesmo questionamento feito ao mundo 
natural: o capital pode ser algo “existente para si mesmo”? Pode ser autossuficiente? Pode ser 
 
1 Somente o que não existe, o vazio, não tem sentido. 
2 Pois “a mera fusão de tudo o que é (existe de diferente) seria o nada do indefinido” (o Absoluto). 
3 Peguemos a VIDA, como objeto de análise. Indaguemos: seria possível existir o homem (vida CONSCIENTE) sem o seu 
pólo oposto, sem a existência da “Natureza” (vida INCONSCIENTE)? Ou seja, sem os alimentos (que nos suprem demassa 
e energia corporais), sem o chão (que nos sustenta), sem o sol (que nos ilumina), sem as paredes e tetos (que nos abrigam), 
sem o ar (com o qual respiramos), etc? Ora, nesta hipótese, ter-se-ia o seguinte quadro: no lugar dos alimentos... estariam os 
homens, no lugar do chão... estariam os homens, no lugar do vaso sanitário... estariam os homens, no lugar das paredes e 
tetos... estariam os homens, no lugar do ar... estariam os homens. Mas, neste caso, você já pensou nas seguintes situações: 
homens sendo degustados (... por si próprios), sendo pisados (... por si próprios), recebendo excrementos na cara (... de si 
próprios), servindo de abrigo (... para si próprios)? (a). E, no caso do ar... seria possível um homem entrar pelo nariz do 
outro, percorrer células e artérias do outro? Além do mais, o espaço aéreo desapareceria: do chão às estrelas... só teríamos... 
homens... atulhados uns nos outros. E, ainda, para reforçar o entendimento, peguemos outro objeto: uma MAÇÃ. Ora, uma 
maçã não pode ter valor/utilidade para si própria. Ou seja, ela não pode nutrir-se de si mesma. Se o fizesse, estaria decretando 
o seu autoconsumo, a sua autodestruição, a sua própria eliminação. Assim, ela (e/ou seus nutrientes), só tem valor/utilidade 
PARA OS OUTROS: por exemplo, para outra maçã (sua congênere). Mas, a questão não se encerra por aí. Esta solução é 
parcial, intermediária, incompleta, quantitativa apenas: o ciclo só se completa quando a maçã (inconsciente) atinge o outro 
pólo (consciente), quando ela passa a ter CONSCIÊNCIA... da existência (b). Portanto, na medida em que a PLENA (c) 
realização do estrato inconsciente só se dá com o seu contrário, explicita-se a necessidade de DEPENDÊNCIA e, 
reversivamente, elimina-se a possibilidade de que algo (equilibrado) possa ser “existente para si mesmo”. 
(a) Justamente por ter consciência, nenhum homem (mentalmente sadio) aceitaria desempenhar tais funções. 
(b) É claro, para que isto ocorra, a maçã tem que passar, antes, por uma série de metamorfoses físico-químicas. 
Ou seja, se ela passa a desempenhar novas funções (agora, num corpo consciente), necessariamente, ela tem 
que se revestir de propriedades novas – o que implica que sua consistência física também tem que ser... nova, 
diferente da anterior: a cada FUNÇÃO... uma CONSISTÊNCIA física (aparência física) ... diferente. 
(c) No seu sentido QUALITATIVO. 
4 Aliás, é isto que Marx revela no estudo da mercadoria: o valor de uma mercadoria, na forma relativa, “pode (...) ser 
expresso apenas (...) por meio de outra mercadoria”, na forma equivalente. Ou, ainda: uma mercadoria não pode “nunca 
expressar sua própria grandeza”. Isto só ocorre à medida que tal mercadoria “se converta na forma de seu contrário”. 
 6 
calcado apenas num pólo? Pode ser calcado apenas na produção? Pode dispensar a 
demanda/consumo? 
Quanto especificamente a esta última pergunta, os economistas seriam unânimes em 
responder: não!5 Mas, tal unanimidade logo acabaria quando se perguntasse: que tipo de 
demanda? Aqui, a divergência de opiniões se revelaria latente, constatando-se, assim, a 
divisão entre os economistas. E, qual seria a divisão básica? 
De um lado, encontraríamos os, digamos, superacumulacionistas. De outro lado, os 
subconsumistas e marxistas. 
Vamos aos SUPERACUMULACIONISTAS. Vejamos suas opiniões acerca do 
PERFIL DA DEMANDA. Para Mazzucchelli, “o grosso da demanda é a demanda 
intersetorial ou intercapitalista, estando o consumo (...) dos capitalistas e o consumo dos 
trabalhadores numa posição subordinada (...) vis-à-vis a acumulação de capital”. Para Lênin, 
“a produção capitalista, ao se desenvolver, cria seu próprio mercado, às expensas, 
fundamentalmente, dos meios de produção”. Para Maria da Conceição Tavares, “o 
componente ativo não é o ‘consumo futuro’, mas o investimento presente”. Para Miglioli, “os 
elementos-chave no processo de realização dos lucros e da produção como um todo são a 
acumulação de capital e o consumo capitalistas”. Assim, “não é o crescimento do montante de 
salários na economia como um todo que provoca o crescimento da produção; muito pelo 
contrário, o montante de salários cresce em função do processo de reprodução ampliada, 
como resultante da acumulação de capital nos dois departamentos” (DI e DII), de forma que 
“a crescente demanda necessária para absorver a crescente produção (...) deve, portanto, 
provir dos próprios capitalistas”. 
Continuemos abordando as opiniões dos superacumulacionistas, só que, agora, no 
tocante às CRISES. Para Mazzucchelli, as crises de superprodução: 1) “brotam do caráter 
instável e descoordenado do investimento, qualquer que seja o perfil de distribuição da 
renda”; 2) se devem à queda no “ritmo de crescimento do capital”6; 3) se devem à 
 
5 Quanto a isto, Marx afirma: “o valor de uso (a produção) realiza-se somente no uso ou consumo”. 
6 Ou seja, avaliação dos capitalistas “(no auge do ciclo) é que já se investiu suficientemente, não sendo prudente 
a manutenção do ritmo pretérito de acumulação. Pois bem, é quando, em consonância com tais previsões, declina 
a taxa de acumulação, que o ‘excesso de capital’ surge, ou se se preferir, é quando cai o ritmo de crescimento do 
capital que, objetivamente, desencadeia-se a superacumulação de capital” (d). Assim, “O capital adicional 
(acumulado a um ritmo já inferior) passa a ser excessivo ou redundante: a taxa efetiva de lucros que consegue 
realizar revela-se inferior à realizada anteriormente pelo conjunto do capital. As previsões individuais tornam-se, 
então, mais pessimistas (e), o que redunda em nova queda da taxa agregada de acumulação, novo declínio da 
taxa efetiva de lucros (f) para o capital adicional, e assim sucessivamente”. 
(d) Acreditar nesse ABSURDO é acreditar que, inversamente, quando aumenta o ritmo de 
crescimento do capital, diminui a superacumulação de capital. 
 7 
“desproporção no crescimento dos setores produtivos, que servem de mercado uns aos 
outros”; 4) se devem à “uma avaliação problemática quanto à taxa esperada7 de lucros que 
impede os capitalistas de manter uma taxa de acumulação uniforme”. Para Keynes, a 
insuficiência da demanda ‘não é realmente devida a uma ausência da capacidade de consumo 
(subconsumo), se não ao declínio das rendas’, declínio este, provocado pelo declínio do 
investimento – de forma que ‘o declínio do investimento, reduzindo as rendas abaixo do 
normal, aparenta produzir um excesso de bens de consumo’. 
Vamos agora aos SUBCONSUMISTAS E MARXISTAS. Igualmente, vejamos suas 
opiniões acerca do PERFIL DA DEMANDA. Segundo Schmidt, interpretado por 
Mazzucchelli, “a demanda de meios de produção (...) ‘se funda sempre na demanda de bens 
de consumo’, que se constitui, destarte, na ‘força vivificante que (...) mantém em movimento 
o intricado labirinto da produção’”. Segundo Kautsky, como “produzir significa elaborar 
meios de consumo para o uso humano”8, a demanda determinante no capitalismo é a demanda 
de meios de consumo. Segundo Hobson, “o volume de bens de produção, assim como o 
volume do trabalho produtivo feito e do emprego (...) são determinados pelo volume de 
consumo”. Para Rosdolsky, interpretado por Mazzucchelli, “a dominância do mercado de 
meios de produção ‘é certamente correta para todos os países que se encontram na etapa da 
revolução industrial, e que ainda devem criar os fundamentos para um industria moderna’. 
Entretanto, (...) uma vez concluída a industrialização (...), ‘o aparato industrial criado terá que 
produzir bens para consumo individual’, e aí ‘o problema do poder aquisitivo das massas 
passa então a ocupar o primeiro plano, (...) a não ser que se creia ... (na) fantástica idéia 
relativa à produção das máquinas pelas próprias máquinas’”.Vejamos, agora, suas opiniões acerca das CRISES. Para Malthus, “se o consumo (de 
bens de consumo) excede a produção, o capital (investimento) do país deve ser diminuído 
(bloqueado), e sua riqueza, deve ser gradualmente destruída (bloqueada) por carência de 
poder de produção; se a produção estiver muito acima do consumo, o motivo de acumulação e 
produção deve cessar por carência de demanda efetiva nas pessoas que detêm os principais 
 
(e) Ora, se é verdade que o pessimismo EMPRESARIAL (e não o do consumidor) reduz a taxa de 
lucro, como sugere Mazzucchelli, basta que os empresários contratem BÔBOS DA CÔRTE... 
para aumentar o astral dos mesmos, tornando-os otimistas. 
(f) Acreditar que o (aumento do) investimento possa gerar lucro é o mesmo que acreditar que o 
espermatozóide, sozinho, sem o seu contrário, o óvulo, possa gerar filho. 
 
7 O problema não é a “taxa esperada” de lucro – que sempre é positiva (haja vista que ninguém investe com a 
intenção de ter prejuízo). O problema é a taxa EFETIVA de lucro, que é afetada negativamente pelo 
superinvestimento. 
 8 
meios de compra. Os dois extremos são óbvios (maléficos); e segue-se daí que deve haver 
algum ponto intermediário (...) onde, tomando em consideração tanto o poder de produzir 
como o desejo de consumir, o encorajamento (incentivo) ao crescimento da riqueza seja o 
máximo”. Para Hobson: 1) “uma superprodução (...) geral configura somente (...) um 
verdadeiro sintoma externo da verdadeira enfermidade. A moléstia é o subconsumo 
(concentração da renda) ou excesso de poupança (superinvestimento), e uma coisa implica a 
outra”; 2) “o conhecimento de que já se investiu numa indústria bastante capital para atender 
plenamente a todas as demandas correntes, a preços lucrativos, não tem força para impedir o 
investimento de novo capital desde que os novos investidores tenham motivo para acreditar 
que podem desalojar o capital já existente, de propriedade dos outros”. Para Labini, “por não 
existir demanda que assegure uma absorção rentável da produção acrescida”, surge “um 
problema de poupança (...), porém, não por motivos psicológicos, e sim por elementos 
objetivos que condicionam as decisões dos administradores”. Para Marx, ‘a razão última de 
toda verdadeira crise é sempre a pobreza e a capacidade restrita de consumo das massas, que 
contrasta com a tendência da produção capitalista a desenvolver as forças produtivas como se 
não tivessem mais limite que a capacidade absoluta de consumo da sociedade’. 
Agora, façamos outros questionamentos acerca dos postulados que nos parecem 
equivocados: os superacumulacionistas. 
A. É verdade que nas economias capitalistas há uma “dominância dos meios de 
produção em relação aos meios de consumo”? Ora, se pagarmos as contas nacionais de 
qualquer país, constataremos justamente o contrário: a dominância é dos meios de consumo 
final9. 
B. Segundo Maria da Conceição Tavares, “o investimento (...) é o elemento cíclico por 
sua própria natureza”. Ora, não se trata de algo natural, imanente, intrínseco. Ele só será o 
“elemento cíclico” na medida em que seja excessivo/exagerado. 
C. A crise é fruto apenas de uma simples “desproporção no crescimento dos setores 
produtivos que servem de mercado uns aos outros”, desproporção esta resultante de uma 
simples “descoordenação das decisões de investimento”? Ora, Schmidt nos dá a resposta (nas 
 
8 Com isto, ele quer dizer que não se consome capital fixo (apenas se utiliza-o como ferramenta/acessório... para a produção). 
Consome-se, sim, apenas a matéria-prima transformada, o “produto”. Ou já se viu algum consumidor utilizar capital fixo 
para comer, locomover-se, vestir-se, etc? 
9 Segundo nos mostra Labini, o PNB dos EUA, em 1959, atingiu “cerca de 478 bilhões, assim divididos: consumo, 309; 
investimentos privados, 71 (...); gastos governamentais em bens e serviços, 98”. Ou seja, o consumo representou nada menos 
que 65% do PNB – ou praticamente o dobro do investimento. Neste mesmo sentido, os dados brasileiros para o terceiro 
trimestre de 2004 são os seguintes: consumo das famílias no valor de 55% do PIB, consumo do governo no valor de 18% do 
PIB, investimento (formação bruta de capital fixo) no valor de 21% do PIB e uma capacidade de financiamento da economia 
no valor de 6% do PIB. Os números são incontestáveis, revelam o equívoco mazzucchelliano (que molda a sua versão 
superinvestimentista). 
 9 
palavras de Mazzucchelli): “de nada adiantaria que a produção se transcorresse de modo 
‘proporcional’, como supunha Tugan: mesmo neste caso a superprodução seria inexorável ‘se 
o incremento na demanda de bens de consumo permanecesse em constante e considerável 
atraso com respeito ao ritmo de aumento da produção’”. Mais precisamente, “se a demanda 
(renda individual) não crescesse adequadamente, a ‘produção proporcional’ apenas alteraria a 
forma de superprodução: ao invés de uma superprodução concentrada em determinados 
ramos, (ter-se-ia) uma superprodução ‘diluída’ por toda a indústria”10. Em suma, a diluição da 
superacumulação socializa o prejuízo, enquanto a concentração da superacumulação 
parcializa o prejuízo (significando que o lucro de uns se dá à custa do prejuízo dos outros). 
D. Se os próprios superacumulacionistas sabem que o seu receituário é inviável para 
debelar as crises de superprodução11, por que então, ambiguamente, continuam a nos vender 
uma solução que não é solução, uma solução-crise? Ora, a resposta é simples: NÃO 
INTERESSA À ELITE12 O FIM DA CRISE. Em primeiro lugar, porque é a própria elite 
que se beneficia da concentração da renda13 (a verdadeira causa da crise)14. Em segundo 
lugar, porque não é a elite quem paga o preço da crise: São os mais pobres15. 
 
10 Já a problemática da superacumulação, na FORMA MONETÁRIA, pode ser enfocada sob o seguinte 
aspecto: o não-reinvestimento do lucro (deixando de inundar o mercado com muitas mercadorias) “tende 
continuamente a empurrar para baixo a massa de capital investido em mercadorias, (...) de modo que os lucros 
obtidos no comércio e na produção sobem (com a recuperação dos preços) e os obtidos nos empréstimos e na 
especulação caem” – parênteses nossos. 
11 Segundo Mazzucchelli, é a “própria lógica do investimento (exagerado) que determina que a aceleração da 
acumulação leve à crise” – parênteses nossos. 
12 Estamos falando, aqui, da elite clássica: a selvagem. 
13 Quanto menor o número de contemplados, maior o risco; mas, maior o prêmio. Assim, a selvageria só é 
vantajosa para aqueles (poucos) que têm condições de galgar o topo da pirâmide: Só interessa aos mais fortes. 
Ou seja, pouco importa se os riscos são grandes, na medida em que a possibilidade destes obterem prêmios 
polpudos também é grande – e dane-se quem ficar de fora da “festa”. Em outras palavras: se houvesse uma 
redução da população mundial (com a conseqüente elevação dos salários mais baixos) num primeiro momento 
manter-se-ia a demanda agregada ou total. Somente num segundo momento é que haveria uma redução da 
demanda agregada, com a continuada redução da população mundial (até estabilizar-se). Em conseqüência disso, 
tenderia a haver uma redução dos lucros excepcionais localizados – convergindo para a média do mercado 
(tendo em vista que a conseqüente melhoria da distribuição da renda tenderia a deixar a economia de mercado 
menos imperfeita). Portanto, no que tangeao empresariado, a elite empresarial de hoje perderia e os segmentos 
hoje mais fracos sairiam ganhando no futuro (pois diminuiria o risco para estes). 
14 Aliás, Mazzucchelli tem o intuito de esconder a verdadeira causa da crise (ou seria apenas um caso de 
bagagem teórica equivocada?). Assim, se a pobreza não tem nada a ver com a causa, não há porque se preocupar 
com tal pobreza. Então, que os trabalhadores, burramente e ineficazmente, combatam coisas subjetivas e/ou 
etéreas como o “pessimismo” empresarial, como a falta de coordenação intercapitalista, etc. Em suma, ele quer 
converter os trabalhadores em zumbis caça-fantasmas... em verdadeiros idiotas. É o supra-sumo da enganação 
(ou da alienação). Definitivamente, quem afirma ... apenas para se travestir de cordeiro, que “trata-se (o 
capitalismo) de um regime de produção não absoluto (....), que cria ao mesmo tempo as condições de sua própria 
superação” ... quer apenas fazer uma “média”, esconder que é um alienomista selvagem e ardiloso (ou que tem 
uma bagagem teórica distorcida) – criador de monstrinhos alienados. Ainda, indo no mesmo sentido, 
Mazzucchelli chega a uma conclusão absurda quando diz que “supor (...) que a baixa capacidade aquisitiva ‘das 
massas’ é a razão imediata das crises significa admitir que o capitalismo produz (sic), fundamentalmente, para 
‘as massas’”. Ora, inversamente, significa admitir que o capitalismo NÃO produz “fundamentalmente para ‘as 
 10 
ANÁLISE GLOBAL E HISTÓRICA ACERCA DA CRISE 
 
Os bens de produção não são um fim em si mesmo, o fim é sempre o consumo. Por sua 
vez, a concentração da renda/riqueza encolhe o mercado consumidor – ao mesmo tempo que 
amplia a produção. O capitalista, na falta de mercado, não vai produzir para estocar (seu lucro 
só se realiza se houver vendas). 
Portanto, depara-se com um problema: a insuficiência da demanda de bens de consumo. 
Mas, “se não temos mercado interno, vamos buscar mercados externos”. E, assim, na medida 
em que boa parte dos países ultrapassaram as fronteiras nacionais e se lançaram à tarefa de 
conquistar mercados externos, o que se viu foi o acirramento da disputa internacional e a 
eclosão de diversas guerras. E, quanto a estas, note-se: “a partir do final do século XIX 
registrou-se notável crescimento da produção industrial e agropecuária dos EUA. Com a 
diminuição de seus campos cultivados (decorrência da I Guerra Mundial), a Europa tornou-se 
excelente mercado para os produtos norte-americanos que, entre 1913 e 1919, aumentaram 
em mais de 50% a sua produção de trigo. Em 1920, a sua indústria era responsável por 47% 
da produção mundial (...). No entanto, o final da guerra determinou a recuperação da 
agricultura da Europa Ocidental, com a inevitável quebra nas vendas norte-americanas. Os 
EUA não resistiram à retração dos mercados externos e, em 29/10/1929, eclodiu a crise 
industrial, financeira e agrícola com a quebra da Bolsa de Nova York”. Portanto, como 
concentradora da renda e indutora de violentas desproporções produtivas (interpaíses), a 
guerra só tende a agravar a problemática capitalista. 
Pois bem, ignorando (ou querendo ignorar) estes aspectos fundamentais, a doutrina do 
liberalismo econômico postulava que “as livres forças do mercado” seriam capazes de 
corrigir, de forma natural e automática, os desajustes eventuais do sistema capitalista. Ou seja, 
uma “mão invisível” todo-poderosa guiaria o sistema rumo ao equilíbrio, impedindo-o de sair 
do eixo. 
Veio a Grande Depressão de 1929 e a doutrina liberal caiu por terra, dando lugar à 
doutrina keynesiana que, corretamente, detectou a existência de uma baixa demanda efetiva16 
e propôs como solução a intervenção do Estado na economia – tanto como agente 
planejador/regulador quanto como “agente responsável pela formação de capital”. 
 
massas’” – e isto é que gera a crise. Aqui, percebe-se claramente como Mazzucchelli é mestre em inverter ou 
deturpar a realidade. 
15 Aliás, já que estamos falando de pobres, aqui vai um lembrete: o verdadeiro partido de pobre não é o PC 
(Partido Comunista), mas, o PF (Poucos Filhos). Este, respaldado pela Lei da Oferta e da Procura, é infalível! 
 11 
 
Aplicou-se a doutrina keynesiana e o Estado assumiu uma “função central de 
liderança”. Mas, para salvar as empresas e os empregos, ele passou a comprar/gastar como 
nunca, resultando no aparecimento do orçamento desequilibrado ou no tão falado “déficit 
público”17. 
Assim, o Estado não só se tornou guia de cego (planejador/regulador) como foi usado 
como muleta (comprador suicida) para assegurar a manutenção da taxa de lucro da iniciativa 
privada que, com isso, recuperou-se e o capitalismo experimentou o maior desenvolvimento 
de toda sua história. Mas, se a concentração da renda (portanto, o obstáculo) continuou 
existindo18, como é que o sistema ressurgiu com todo aquele vigor? Ora, esse crescimento 
extra se deu, basicamente, à custa do Estado (e do futuro). 
No entanto, se isso era possível no passado, hoje não o é: o Estado encontra-se, de certa 
forma, “quebrado”. Além do mais, adverte Labini: “os gastos públicos (...) não podem crescer 
indefinidamente: em certo ponto, encontra-se um limite crítico, além do qual, os atritos se 
tornam crescentes”. Portanto, o endividamento estatal também não constitui uma solução de 
longuíssimo prazo para as crises de superprodução. 
Aliás, no mais, a atuação estatal deveria restringir-se ao seguinte papel, apenas: como o 
grande mal é a concentração relativa da renda, ela deveria ser erradicada. Enquanto isso não 
ocorresse, acionar-se-ia o Estado que, ao suprir a demanda faltante, acumular-se-ia déficits até 
que se esgotasse sua capacidade de endividamento. Assim, se fosse o caso (paliativo e 
agravante), esse seria o prazo máximo que os empregadores teriam para fazer a redistribuição 
da renda e matar o mal pela raiz. 
Feito isso, de forma unânime e/ou a nível mundial, estaria definitivamente afastada a 
ocorrência de grandes depressões no sistema capitalista19 e o Estado poderia sair de cena20 e 
posteriormente ser saneado. 
 
16 Ainda sob a ótica superinvestimentista, embora, ambiguamente, recomendasse o aumento do consumo (via redistribuição 
da renda). 
17 Aliás, o déficit público é o resultado de todo tipo de excesso produzido pelo homem: alta taxa de natalidade, 
grande distância entre os salários, alta velocidade da inovação tecnológica, corrupção (a qual também gera o 
excesso, a concentração... da renda), guerras caríssimas, etc. Assim, basta reduzir tais excessos ou concentrações 
para livrar-se da necessidade de utilizar o déficit público como remédio econômico – da mesma forma que ao 
cuidarmos bem de nossa saúde, ao fortalecermos nosso corpo, ao equilibrá-lo, ao moderarmos os nossos atos, 
nos livramos da necessidade de utilizar qualquer tipo de remédio (sejam os analgésicos, os antiinflamatórios, os 
antibióticos, etc). 
18 Principalmente no que se refere ao fosso aberto entre o Primeiro Mundo (rico) e o Terceiro Mundo (pobre). 
19 Sistema capitalista... é aquele que concentra a renda/riqueza, independentemente de os meios de produção estarem nas 
mãos da iniciativa privada ou do Estado. E, sistema socialista é aquele que consegue construir uma sociedade 
hegemonicamente de classe média. O resto, é delírio de esquerdista, é pobreza filosófica. Assim, a saída é o socialismo de 
mercado. No entanto, ele não pode ser restrito (PrimeiroMundo x Terceiro Mundo), para poucos – como o é atualmente 
(basicamente em função da diferença de fecundidade entre o Primeiro Mundo e o Terceiro Mundo). 
 12 
Portanto, a solução definitiva da problemática capitalista passa pela desconcentração da 
renda/riqueza21 e, quaisquer outras medidas (exportação22, guerras, déficit público, etc) não 
terão uma eficácia duradoura, mas, apenas constituir-se-ão em anestésicos ou paliativos. Ou, 
então, constituir-se-ão apenas em “categorias de remédios que curam a doença matando o 
paciente”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 Deixando de ser um salvador suicida e restringindo-se a ser um guardião da justiça social. 
21 O que se consegue com o controle da natalidade. 
22 Estamos falando de exportação (líquida, superavitária) resultante de uma selvageria interna, de exportação predatória, 
forçada. E não de uma exportação saudável, integrável com o mundo, complementar. 
 13 
TUDO TEM O SEU PREÇO: OS CAMINHOS E PREÇOS A PAGAR 
 
 
1 – APRESENTAÇÃO SINTÉTICA DO PROBLEMA. Este subtítulo trata de crise 
econômica. E, a análise, aqui desenvolvida, gira em torno do embate entre dois paradigmas 
do pensamento econômico: o subconsumista e o keynesiano. Nesse contexto, faz-se, 
preparatoriamente, uma descrição do teor de cada paradigma ou caminho. Prosseguindo-se, 
procura-se mostrar os preços (benefícios e custos, prós e contras) de cada caminho – para que 
as pessoas façam suas opções e, depois, não venham alegar que não sabiam de nada, que não 
sabiam que isso poderia dar naquilo. Feito isso, e concluindo-se que o caminho 
subconsumista é o mais consistente e equilibrado (considerando-se o longuíssimo prazo e a 
economia como um todo), procura-se mostrar formas gerais de operacionalização do mesmo. 
E, para finalizar, são feitos comentários finais. 
 
2 – PARALELO INTRODUTÓRIO. Antes de mais nada, devemos frisar que as teses 
subconsumistas são as mais coerentes/consistentes/equilibradas da teoria econômica 
(formando um todo harmônico) – ao contrário das teses keynesianas, que são incoerentes/ 
contraditórias e, como tal, são frágeis/inconsistentes. Aliás, o que o keynesianismo tem de 
consistente não é originariamente dele, mas é cópia ou influência do subconsumismo – o 
subconsumista que mais influenciou Keynes, o inglês Hobson, já falava em “pleno emprego”, 
“acordos internacionais”, “controle público”, etc. Tanto é assim que as incoerências de 
Keynes surgem quando ele começa a afastar-se do subconsumismo e/ou a deturpá-lo: quando, 
por exemplo, recomenda o gasto público (extraordinário) como forma de regular a demanda 
efetiva – muito diferentemente dos subconsumistas, que recomendam apenas uma melhoria na 
distribuição da renda. (E, no mais, a intervenção estatal preconizada por estes visa somente 
preservar a concorrência e proteger os direitos dos consumidores/trabalhadores). 
 
3 – CRISE: VISÃO SUBCONSUMISTA. Segundo a visão subconsumista, a 
problemática da crise tem dois lados. Por um lado, está ligada ao excesso ou abuso – 
traduzido pela rapidez ou concentração no tempo. Por outro, está ligada à carência ou 
privação. Assim, de um lado, a crise resulta da “prática exagerada do hábito de poupar”, do 
“excesso geral ou líquido de oferta”, da “superprodução geral de maquinaria e mercadorias”, 
do “desejo imoderado de adiar o consumo”, da excessiva “liberdade de ação dos interesses 
 14 
individuais”- tudo isso, com o intuito de “acumular muito depressa” e promover as 
“transformações rápidas”. De outro, a crise resulta do “subconsumo” ou da “insuficiência do 
poder aquisitivo”. E, juntando os dois lados, temos que: a crise advém da superprodução que, 
por uma vez, advém do subconsumo – e uma coisa implica a outra, leva à outra, é apenas 
conseqüência da outra. Em outras palavras: o problema é que “a produção (...) é incentivada 
indevidamente, ao passo que a demanda de bens de consumo é contida” – gerando-se “um 
excedente de oferta desnecessário para suprir o consumo corrente”, um excedente de oferta 
superior ao que a estrutura de distribuição da renda permite consumir. E, o resultado é que 
“somas consideráveis de dinheiro (na medida em que são excedentes... em termos globais) 
não conseguem encontrar investimento remunerativo seguro” (lucrativo) – o que acaba 
arrastando a economia para a especulação e para a crise. 
 
4 – CRISE: VISÃO KEYNESIANA. As teses Keynesianas, por serem 
incoerentes/contraditórias, apresentam duas fases opostas: uma água 
(consistente/subconsumista) e outra vinho (inconsistente/superinvestimentista). 
4.A. – TESES TÍPICAS DA FASE ÁGUA (SUBCONSUMISTA): “não é 
razoável que uma comunidade sensata concorde em depender de paliativos”; “quando 
compramos bens (de consumo) aumentamos o emprego... (já que) alguém terá de fazê-los e, 
se não comprarmos, as lojas não reduzirão seus estoques, não terão de renovar as encomendas 
e alguém perderá ocupação”; “o consumo – para repetir o óbvio – é o único fim e objetivo da 
atividade econômica”; “o capital (a produção) não é uma entidade que subsista por si mesma, 
independentemente do consumo, pelo contrário, cada enfraquecimento da propensão a 
consumir levará a demanda de capital a enfraquecer-se, juntamente com a demanda de 
consumo”; “as satisfações de amanhã (a demanda efetiva maior... na fase de prosperidade)23 
são absolutamente indispensáveis para justificar as privações de hoje” (na fase de recessão); 
“os principais defeitos da sociedade econômica em que vivemos são a sua incapacidade para 
proporcionar o pleno emprego e a sua arbitrária e desigual distribuição da riqueza e das 
rendas”; “os novos investimentos, durante os cincos anos anteriores (a 1929), tinham-se, na 
realidade, realizado em tão grande escala, em conjunto, que o rendimento provável dos 
investimentos suplementares, analisado com frieza, estava decaindo rapidamente”; etc. 
 
23 Como sabemos, para colher (consumir no futuro) é necessário antes plantar (investir hoje). O sacrifício de hoje 
terá de ser recompensado no futuro. Mas, da colheita futura deve-se descontar a poupança bruta, aquela 
poupança destinada a repor o capital obsoleto/depreciado/velho/gasto. Assim, o consumo maior da fase de 
prosperidade deverá ser aquele propiciado pelo investimento líquido (investimento total – investimento de 
reposição). 
 15 
4.B. – TESES TÍPICAS DA FASE VINHO (SUPERINVESTIMENTISTA): 
“A fraqueza da propensão a investir tem sido, em todos os tempos, a chave do problema 
econômico...”; o desemprego e a crise advém de uma “propensão relativamente fraca a 
consumir”, a qual, para ser revestida, “deveria ser acompanhada (...) de um volume 
compensador de novo investimento”; “um (eventual) plano para cobrar impostos mais 
elevados das grandes rendas e heranças poderia ter o inconveniente de conduzir ao pleno 
emprego com uma taxa de acumulação bastante inferior ao nível corrente”; “praticamente, a 
única diferença entre essas correntes de pensamento (subconsumistas) e a minha é que num 
momento em que há ainda muitas vantagens sociais a esperar de um acréscimo do 
investimento, elas parecem dar uma ênfase um tanto exagerada ao incremento do consumo”; 
etc. 
5 – PRÓS E CONTRAS DAS DUAS VISÕES. Antes de mais nada, vamos chamar de 
visão Keynesiana a parte ou fase que chamamos de vinho (superinvestimentista) pois, de 
resto, não há diferenças entre os dois paradigmas ou visões. Feito isto, vamos aos prós e 
contrasde cada um. 
5.A. – CONTRAS SUBCONSUMISTAS. Em se adotando o caminho subconsumista 
neomalthusiano, tem-se, fundamentalmente, uma diminuição do ritmo produtivo da economia 
(no longuíssimo prazo) e também uma perda de renda/riqueza por parte dos mais ricos. 
5.B. – PRÓS SUBCONSUMISTAS. Em se adotando o caminho subconsumista, quais 
são os ganhos? Tem-se uma diminuição da violência (seqüestros, assaltos, etc) e de outras 
mazelas advindas da pobreza (mendicância, favelização, etc). Conseqüentemente, tem-se uma 
melhoria das estatísticas sociais, da qualidade de vida geral do planeta – além de, do ponto de 
vista técnico, tornar a economia menos instável. O ganho fundamental, aqui, é em termos de 
tranqüilidade/segurança/paz. 
 
6 – FORMAS GERAIS DE OPERACIONALIZAÇÃO DO CAMINHO 
SUBCONSUMISTA. O requisito básico do modelo subconsumista é uma boa distribuição da 
renda – o que equivale à igualdade de oportunidades, à mobilidade de equilíbrio24. O resto é 
 
24 O que se consegue, como já dissemos anteriormente, com o controle da natalidade nos países subdesenvolvidos. A nível 
interpaíses, e suplementarmente, seria uma aproximação do que em economia se chama de “concorrência perfeita” - mero 
gatilho de equilíbrio. E, constituir-se-ia num ajustamento, para baixo, da carga horária de trabalho dos países ricos cuja 
competitividade (ao nível da conta corrente do balanço de pagamentos) extrapolasse os limites da razoabilidade, causando 
uma perturbação sistêmica sobre o futuro. Neste sentido, lembremos que ‘por serem providos de freios, os automóveis 
rodam mais depressa do que fariam (sem eles)’ – Ou seja, os custos de uma desaceleração integrativa (apenas por parte dos 
líderes da competitividade mundial... e recuperadora) são bem menores do que os custos de uma desaceleração 
desintegrativa (generalizada... e destruidora) do sistema econômico global. Resta ainda acrescentar que: 1) tal sistemática não 
teria como meta principal a redução do desemprego mas, sim, a diminuição do fosso entre as nações – via encarecimento do 
custo de produção (trabalho) dos países ricos excessivamente competitivos; 2) tal sistemática seria provisória/reversível, de 
 16 
apenas conseqüência: sintonia entre investimento presente e consumo futuro, processo de 
transformações não-frenético. É recomendável, na medida do possível, que os salários sejam 
comissionados25 – a fim de aumentar a justiça e a eficiência econômicas. 
E, é necessário: que haja uma sintonia entre o governo e a iniciativa privada; que o Estado 
seja aparelhado para fazer cumprir as novas leis (civilizadas); que o modelo subconsumista 
seja adotado por todos os países – pois, do contrário, haver-se-ia “vazamentos” que minariam 
o seu funcionamento. 
Em termos gerais, Hobson afirma que o mais saudável para a economia seria manter 
uma proporção adequada entre poupança/investimento e consumo, de modo que se 
mobilizasse “em cada momento o volume exato de poupança economicamente exigida 
(lastreada) para fomentar o progresso da indústria e assegurar as necessidades reais de 
consumo posterior” – parênteses nossos. 
7 – COMENTÁRIOS FINAIS. Primeiro, o fato de que a taxa geral de lucros seja mais 
alta nos momentos de grande consumo do que nos momentos de baixo consumo só favorecem 
as teses subconsumistas26. Aliás, o grande detector ou indicador de crises é o nível de 
concentração da renda: quanto maior, maior a crise (e vice-versa) – considerando-se o 
longuíssimo prazo. 
Segundo, a coerência e a estabilidade econômicas requerem um preço: uma boa 
distribuição da renda. E, o problema é que isto tem sido indesejável para as elites mais 
selvagens ou incompatível com o desenvolvimento acelerado preconizado por elas. Portanto, 
a questão é que só o subconsumismo tem a solução para as crises (sem paliativos ou 
artificialidades de curto prazo) mas, ao mesmo tempo, quem dá as cartas, quem tem o poder, 
são as elites mais selvagens – e, por falta de interesse, o subconsumismo não é adotado. 
Terceiro, Keynes combina momentos de progressismo com momentos de 
conservadorismo. Aliás, a incoerência é a sua marca registrada. 
Quarto, é inconcebível como um economista tão importante e moderno como Hobson 
seja tão desprestigiado na estrutura curricular do curso de economia, ao passo que outros 
absolutamente inconsistentes sejam objetos de minucioso estudo. 
 
forma que após atingidos os objetivos de integração, de redução das desigualdades mundiais, poder-se-ia retornar à carga 
horária de trabalho prevalecente anteriormente nos países líderes; e 3) além de contribuir para a estabilidade da economia 
mundial, os países líderes teriam como compensação o desfrute de mais horas de lazer por parte de seus cidadãos. 
25 Ou, então, sejam mistos: tenham uma parte fixa e uma parte variável (ligada à eficiência). 
26 Aliás, o lucro mais alto nas fases de prosperidade da economia, numa ambiente capitalista de mercado, se deve 
à providencial artificialidade de consumo provocada pelo maior endividamento das famílias (já que algumas, 
com receitas restritas, acabam se endividando além de suas posses). Assim, é comprometendo o consumo futuro 
que o capitalismo de mercado consegue aumentar, em parte, o consumo presente (na fase de prosperidade). É a 
 17 
Quinto, acaso ocorra uma nova Grande Depressão no futuro, não tenham dúvida: o 
subconsumismo tem a solução verdadeira. É só desconcentrar a renda, redistribuindo-a27, na 
dosagem correta (ao invés de sacrificar o Estado, como propôs Keynes). 
Sexto, quando Keynes diz que Hobson “põe demasiada ênfase (...) no subconsumo que 
leva ao superinvestimento”, ele deveria perceber que não se trata de uma questão de ênfase, 
mas, de se investigar se está correto ou não o raciocínio de Hobson. Portanto, trata-se de 
perguntar: o subconsumo leva ao superinvestimento? Leva!... Pois, através do baixo consumo 
(subconsumo), eleva-se a poupança das famílias – o componente mais importante ou 
maximizador, é bom que se frise. O outro componente do investimento é o lucro das empresas 
(sejam privadas, públicas ou de economia mista). Assim, tem-se uma elevação do excedente 
inversível (elevação da poupança + lucro). Assim, está configurada a potencialidade. Mas, é 
de se perguntar: a potencialidade se transforma em efetividade? Boa parte do excedente é 
investido? Keynes argumenta que “um volume compensador de novo investimento (...) é 
geralmente impedido pela baixa do lucro esperado a um nível inferior ao fixado pela taxa de 
juros”28, o que frearia os investimentos. Mas, ele se esquece de que a noção de que já se 
investiu o bastante não é suficiente para frear os novos investimentos na medida em que se 
acredite que se pode OCUPAR O ESPAÇO DOS EMPREENDIMENTOS ANTIGOS, na 
medida em que se acredite que se pode SAIR NA FRENTE e abocanhar uma fatia do 
mercado, antes que as fatias lastreadas (reais) de consumo da sociedade se esgotem, se 
preencham29 – o que mostra a impotência da eficiência marginal do capital30 como elemento 
regulador da atividade econômica. Portanto, a única forma de se evitar o superinvestimento 
 
solução que permite maximizar a taxa de lucro (embora, compensatoriamente, os riscos competitivos ou as 
disputas por mercado sejam maiores, neste ambiente de renda concentrada). 
27 Ou seja, num primeiro momento, baixa-se os juros – a fim de dar um fim na abundância, no excedente. Agora, se aresposta for muito lenta ou insuficiente, parte-se para a segunda etapa, elevando-se os salários ou rendimentos menores – até 
porque, UM dos atributos da estabilidade é a pouca distância entre os salários ou rendimentos menores e os maiores (por 
exemplo, em dois dos países mais estáveis do mundo, Suíça e Alemanha, os operários especializados ganham 11 e 10 vezes 
menos, respectivamente, que os presidentes de empresas – ao passo que em países menos estáveis, como México e Brasil, o 
hiato se estende, respectivamente, a 52 e 66 vezes). 
28 Em outras palavras: Segundo esta visão, quando o rendimento do investimento (lucro) perde para o 
rendimento da aplicação financeira (juros), cessa este mesmo investimento. 
29 Aliás, ao concentrar a renda (e reduzir os mercados consumidores) o capitalismo transforma-se na 
SOCIEDADE DO RISCO MÁXIMO* – ao passo que uma desconcentração da renda diminuiria 
proporcionalmente tais riscos econômicos. 
* Não é por acaso que a propaganda ocupa um papel importante no rol de prioridades das 
empresas: os empresários percebem que, num mercado restrito, “a propaganda é a alma do 
negócio”. Ou, em outras palavras: os empresários percebem que o negócio é sair na frente, 
conquistar a sua fatia do mercado e deixar os retardatários comendo poeira (reservar a eles os 
eventuais prejuízos, decorrentes das baixas vendas). 
30 Para o leigo em economia, cabe esclarecer que a eficiência marginal do capital é o nível de lucratividade 
(positiva ou negativa) propiciado pelo último empreendimento implantado, num determinado momento. 
Portanto, é o rendimento do acrescido, do novo, do mais recente – do que está na margem. E, segundo a teoria 
 18 
relativo é reduzir o excedente inversível, é impedir que ele cresça muito/desmesuradamente. 
Ou seja, reduzindo-se a potencialidade, reduz-se a efetividade. E, isto só é conseguido através 
de uma boa (e pactuada) distribuição da renda. 
Sétimo, o modelo subconsumista não descarta medidas extra-econômicas, como o 
planejamento familiar31. Aliás, o básico do subconsumismo é a busca do equilíbrio, da 
harmonia (em qualquer área). 
Oitavo, Keynes se esquece de que se o déficit público é antidepressivo num primeiro 
momento, ele o é justamente depressivo num segundo momento (na hora de se pagar a conta). 
Assim, o feitiço volta-se contra o feiticeiro. Portanto, o déficit público é mais do que um falso 
remédio, é um veneno – que cura a doença “matando o paciente”. 
Nono, para o Keynes superinvestimentista, a demanda efetiva é composta de dois 
elementos: o consumo e o investimento. E, os dois são independentes um do outro. Dessa 
forma, uma diminuição do consumo pode ser compensada por um aumento do investimento, e 
vice-versa. Mais do que isso: o pleno investimento é profícuo, na medida em que gera um 
“aumento do consumo” (só que intercapitalista, gerado pelo comércio entre os próprios 
 
tradicional, o acréscimo expressivo de capital tenderia a reduzir a sua lucratividade (eficiência marginal), o que 
frearia os investimentos. 
31 Em primeiro lugar, a redução da população mundial só melhoraria as condições de vida das pessoas – pois 
reduziria as necessidades de consumo e, conseqüentemente, de destruição da Natureza (sobrando mais com 
menos destruição). Em segundo lugar, seria mais uma forma de se contrapor aos efeitos preocupantes do 
desemprego tecnológico contemporâneo. Observação: há quem afirme que a redução da natalidade traria 
problemas à previdência social - na medida que reduziria a base de contribuição (calcada nos trabalhadores da 
ativa), ao mesmo tempo em que aumentaria a base dos beneficiados (calcada nos aposentados e pensionistas), 
posto que, face aos avanços da medicina, por exemplo, aumentaria a expectativa de vida destes últimos. Assim, 
haveria cada vez mais gente recebendo e menos gente contribuindo, quebrando a previdência social. Ora, é bom 
que façamos alguns esclarecimentos. Quanto ao primeiro ponto, redução da base de contribuição (via redução da 
natalidade), cabe colocar que a redução da quantidade absoluta de pessoas ou contribuidores significa a 
redução também da quantidade absoluta de futuros recebedores. Outra questão: a adoção de um sistema de 
capitalização ou misto (que conjugue repartição e capitalização, como o nosso modelo descrito maisà frente) 
resolveria o problema de caixa da previdência social. Quanto ao aumento do tempo de recebimento dos inativos, 
supondo que os mesmos tenham expectativas de vida cada vez maiores, cabe colocar que basta relativizar a 
idade mínima para se aposentar – fixando-a em 85%, por exemplo, da expectativa média de vida da população 
(de modo que se aumentasse tal expectativa, aumentar-se-ia proporcionalmente a idade mínima para se aposentar 
e vice-versa). E, em último caso, reduzir-se-ia o valor das pensões e aposentadorias exageradas. Vale ressaltar: 
deve-se mexer apenas no que está desequilibrado (exagerado), buscando atingir o equilíbrio que ainda não existe. 
Nesse sentido, o ponto de equilíbrio seria atingido mexendo-se nas seguintes variáveis: idade mínima para se 
aposentar, alíquota de contribuição, fórmula de desembolso (que faça com que o aposentado não receba nenhum 
tostão a mais do que aquilo que tenha contribuído: desembolso = contribuição), além de outras medidas de 
racionalidade operacional por parte da Previdência Social (até se atingir o ponto de equilíbrio). Uma última 
observação: a boa filosofia diz que a todo MAIS deve corresponder um MENOS respectivo. Assim, uma 
gastança exagerada que desemboque em déficit público na atualidade implica uma economia por parte das 
gerações futuras, implica um sacrifício por parte das gerações futuras. Aliás, vide um exemplo no campo da 
demografia: no passado, os chineses se reproduziram descontroladamente. Resultado: atualmente, tiveram que 
limitar o número de filhos por casal. E, muitos outros países pobres, principalmente os africanos, caminham para 
esta alternativa coercitiva. Portanto, devemos lutar para que não produzamos irresponsavelmente um MAIS (um 
excesso) no presente, o que obrigaria as gerações futuras a produzirem compensatoriamente um MENOS (uma 
restrição). Busquemos o EQUILÍBRIO (seja no campo da demografia, seja no campo das finanças públicas, etc). 
 19 
empresários). Ora, o Keynes superinvestimentista não percebe que isso só é válido 
temporariamente, durante a fase pré-operacional32 dos empreendimentos – e que, passada tal 
fase, a lucratividade dos mesmos passa a depender do consumo final. Portanto, o erro de 
Keynes é supor uma independência que não existe, que é apenas TEMPORÁRIA: o 
investimento foi feito para o consumo e o consumo para o investimento33. Aliás, a pobreza 
filosófica do Keynes superinvestimentista não lhe permite enxergar que a DEPENDÊNCIA 
ENTRE OS OPOSTOS é condição primária de equilíbrio, de harmonia, de sobrevivência, de 
perpetuação, de continuidade34. 
Décimo, os três princípios básicos que nortearam este subtítulo foram: 1) tudo, na vida, 
tem suas VANTAGENS E DESVANTAGENS; 2) tudo, na vida, tem o seu PREÇO (e se 
você não o paga, outro alguém acaba pagando-o, em seu lugar); 3) a diferença entre o remédio 
e o veneno está na DOSAGEM (ou, analogamente, os pólos opostos ou concorrentes não 
devem-se afastar muito, pois um precisa do outro – pois a existência implica dependência). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 Para o leigo em economia, cabe esclarecer que a fase pré-operacional é aquela de preparação, anterior à 
abertura das portas do empreendimento. É a fase em que secompra o terreno e se constrói o prédio (comprando-
se cimento, tijolos, telhas, esquadrias, tintas, madeiras, etc). O próximo passo é comprar prateleiras, notas 
fiscais, embalagens, calculadoras, computadores, etc. Pois bem, nesta fase, realmente, o pretendente a capitalista 
consome ou compra dos outros capitalistas já em operação – tendo as vendas destes incrementadas pelas 
compras dos pretendentes a capitalistas. 
33 E, o desconhecimento disso leva à concentração. Por sua vez, a concentração do consumo leva à inflação e a concentração 
do investimento leva à deflação. Portanto, percebe-se que a preocupação keynesiana de apenas aumentar a demanda efetiva 
ou a demanda total da economia não basta. Não basta crescer pura e simplesmente, desorganizadamente, aleatoriamente. Há 
que crescer planejadamente (ajustando o investimento presente ao consumo futuro, distribuindo a renda de forma justa após o 
esforço da poupança prévia). Sem este pacto social não se alcançará a estabilidade da economia mundial. 
 20 
REFLEXÕES SOBRE O PARADIGMA SALARIAL 
 
1 – APRESENTAÇÃO SINTÉTICA DO PROBLEMA. Quanto deve ganhar um 
trabalhador assalariado? Por que alguns devem ganhar mais que outros? Qual o salário 
justo? É justamente sobre este assunto que trata este subtítulo. E, a abordagem terá dois 
enfoques: um estrutural e um conjuntural. Outra coisa: o que vai discutido aqui não vale para 
os autônomos, mas apenas para os assalariados – e exclui também a questão dos direitos/ 
recolhimentos sociais (FGTS, PIS/PASEP, etc.), ao mesmo tempo que já contempla a 
participação dos empregados nos lucros das empresas. Finalmente, seria aplicado tanto à 
esfera pública quanto à privada, na maioria dos casos. 
 
2 – ABORDAGEM ESTRUTURAL. Na nossa opinião, o salário direto poderia ser 
constituído dos possíveis componentes35: salário-base; adicionais de insalubridade, noturno, 
de periculosidade, de produtividade/capacidade, de intemperiedade, de desatratividade 
geográfica, de abrangência de função, de independência, de sinistros, de plantão; abono de 
férias; 13º salário; hora extra; auxílio-professor; auxílio-pesquisa; e comissão. 
Agora, façamos uma breve análise de cada um (significado, titularidade e justificativa). 
Pois bem, o salário-base seria o componente principal do salário, o qual contemplaria o 
tempo básico de estudo de cada um – desde que se estivesse trabalhando na sua área (ou, pelo 
menos, correlata). Seria extensivo à grande maioria das profissões assalariadas. 
Quanto ao adicional noturno, ao abono de férias, ao 13º salário e à hora extra, não 
há o que comentar (por já serem bem compreendidos). 
Quanto ao adicional de insalubridade, ele é aplicado a todos que trabalham em 
ambientes que podem transmitir doenças, como: hospitais, IML, coleta de lixo, etc. 
Quanto ao adicional de produtividade/capacidade, ele corresponderia, na esfera 
privada, à participação dos empregados nos lucros das empresas; na esfera pública, ele levaria 
em conta o desempenho funcional – e, no caso dos mais graduados, levaria em conta o nível 
de especialização que ultrapassasse o básico intraprofissional (desde que se atuasse na sua 
área de formação), visando incentivar a capacitação/especialização. 
Quanto ao adicional de desatratividade geográfica, ele é aplicado a quem trabalha em 
regiões desabitadas e/ou pouco desenvolvidas (cidadezinhas do interior, rodovias, etc.). 
 
34 Por exemplo, se o mundo se tornasse 100% homossexual, cessaria a vida na terra. 
35 Não se trata, aqui, de fazer uma abordagem exaustiva sobre o assunto, mas, apenas, de dar ao leitor uma visão reduzida, 
básica, inicial, panorâmica, superficial.. 
 21 
Quanto ao adicional de periculosidade, ele é extensivo a quem trabalha em situações 
de risco, como é o caso de: mergulhadores, policiais, pedreiros/serventes/pintores que 
trabalham em andaimes, etc. 
Quanto ao adicional de abrangência de função, ele refere-se ao nível de comando 
(começando pelos chefes e indo até os presidentes de empresas/instituições). E, seria 
proporcional ao nível de comando de cada um. 
Quanto ao auxílio-professor, ele seria exclusivo dos professores – dado o papel 
estratégico que desempenham, tendo em vista que todas as outras profissões são derivadas 
desta (em menor ou maior grau). 
Quanto ao adicional de independência, ele seria extensivo a: auditores fiscais, fiscais, 
alto escalão de instituições públicas (Banco Central, STF, procuradores, embaixadores, 
ministros, presidentes da república, deputados, etc.) – com o intuito de não lhes dar a desculpa 
de que são mal pagos, no caso de eventualmente se corromperem e, com isso, perderem a 
isenção que se espera deles. 
Quanto ao adicional de intemperiedade, ele seria extensivo a quem trabalha exposto à 
chuva e ao sol/calor, como é o caso de: cabistas, bóias-frias, peões, entregadores (tijolos, por 
exemplo), etc. 
Quanto ao adicional de sinistros, ele seria extensivo a quem trabalha em ambientes 
onde é comum o desespero/dor (provocado por sinistros de ordem visual e/ou auditiva), como 
é o caso de: médicos (principalmente os cirurgiões), enfermeiros, recepcionistas de hospitais, 
coveiros, etc. 
Quanto ao adicional de plantão, ele é extensivo a quem trabalha em finais de semana e 
feriados. 
Quanto ao auxílio-pesquisa, ele seria extensivo aos cientistas, que poderiam ainda 
ganhar comissões sobre seus inventos/descobertas. 
Quanto à comissão (percentual), ela é extensiva a: vendedores, escritores, cantores, etc. 
– que recebem em função da quantidade qualitativa dos seus trabalhos. 
Quanto ao auxílio-maternidade e ao salário-família, seria melhor que fossem extintos 
– tendo em vista fomentarem a procriação (já excessiva). 
 
3 – COMENTÁRIOS FINAIS. Primeiro, você pode pensar: um presidente da 
República, por exemplo, ganha muito dinheiro. Ora, é mais do que justo que ele ganhe muito 
bem, dado o grande volume de atribuições que possui. Além do mais, ele é apenas UM. Não 
são milhares ou milhões, num mesmo país. Já por outro lado, se todos os outros assalariados 
 22 
ganhassem o mesmo que ele, o país quebraria – dado que são milhões. 
Segundo, não vamos arbitrar valores (absolutos e/ou relativos) para todos os possíveis 
componentes salariais, de cada caso inter ou intraprofissional, porque nesta oportunidade 
estamos fazendo apenas um ensaio prévio e superficial – com o intuito de definir parâmetros 
ou referências salariais para o país. 
Terceiro, e finalmente, a nossa preocupação é evitar que um jardineiro ganhe mais que 
um pedreiro que trabalha em andaimes, ou que um professor com doutorado ganhe o mesmo 
que um professor apenas graduado, ou que um professor do ensino básico ou médio ganhe 
menos que um agente administrativo, ou que um xerocador do Congresso Nacional ganhe 
mais que um professor universitário ou mesmo primário – aliás, um xerocador tem uma 
importância estratégica e tanto para o país, para ganhar tão bem, não? –, etc. Mas, enfim, a 
questão é que o país mais viável do mundo é aquele que é justo: tudo funciona melhor 
(menores são os riscos, os sustos, os desgastes, as perdas de tempo com conflitos – e os 
prejuízos!). Além do mais, quando um salário é injusto, um trabalhador está SUBSIDIANDO 
o outro – tendo em vista que a participação dos salários no PIB, a curto prazo, é mais ou 
menos rígida (e também que, no extremo, chega um momento em que ela atinge um teto 
máximo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 23 
BRETTON WOODS II 
 
1 – No reino da dependência, a crise éum desequilíbrio entre os opostos ou 
concorrentes: um desequilíbrio relativo. E, resolvê-la significa combater os tais desequilíbrios. 
Mas, onde estes são mais acentuados? São mais acentuados em quem está desempregado, 
excluído, sem renda (e, também, muito provavelmente, sem educação/qualificação... 
suficiente – dado o caráter eminentemente seletivo, competitivo das economias 
contemporâneas). Portanto, a rede de proteção deveria começar pela assistência aos 
desempregados. Especificamente quanto a isto, quando o controle da natalidade desse os seus 
frutos, reduzindo-se a população, criar-se-ia frentes suplementares de trabalho36 (e o seguro-
desemprego, seria substituído pelo seguro-qualificação, ou seja, por cursos profissionalizantes 
gratuitos e remunerados, tendo em vista que, se por um lado sobram desempregados, por 
outro, sobram vagas também, em algumas ocupações, que não são preenchidas por falta de 
qualificação)37. Mas, isso tudo não seria suficiente. Se considerarmos que o salário mínimo 
atual no Brasil (para uma jornada de trabalho de no mínimo 6 horas diárias) é ridículo, não é 
capaz de proporcionar ao trabalhador um nível de vida minimamente humano, teremos que 
 
36 O leitor pode questionar: o emprego para todos não seria um resquício das discretas economias comunistas de 
outrora? E, mais, ainda: não levaria invariavelmente à queda da produtividade (produção por trabalhador) da 
economia? Quanto à primeira indagação, temos a responder que a boa filosofia manda que os opostos 
aproximem-se. Assim, o alto emprego seria uma contribuição positiva do comunismo – de modo que tal alto 
emprego seria bem vindo. (É claro, o capitalismo também tem suas contribuições positivas, como a liberdade – 
pelo menos potencial -, a inovação, a qualidade, etc.) Quanto à segunda indagação, a resposta é que 
evidentemente a produtividade seria afetada, arrastada para baixo – não dá para ser absoluto, completo: não nos 
esqueçamos que tudo, como manda a Incompletude ou preço, possui vantagens e desvantagens. No entanto, a 
neurose por produtividade não se justifica: o importante é a produção agregada ou total – que se manteria estável 
no curto prazo e se reduziria apenas no longuíssimo prazo (quando os frutos do controle de natalidade 
eliminariam a necessidade premente de promover o crescimento econômico). Há ainda a vantagem de diminuir a 
sobrecarga sobre os trabalhadores já empregados, contribuindo para reduzir o nível de estresse dos mesmos. 
Outro aspecto a ser levantado é que os setores mais dinâmicos da economia não seriam afetados, posto que as 
frentes suplementares de trabalho só seriam extensivas ao setor estatal e aos pequenos empreendimentos. Por 
último, estimularia e/ou fortaleceria os pequenos empreendimentos. Em suma: manter-se-ia a concorrência 
(heterogeneidade) salarial, pressuposto para a inovação, e melhorar-se-ia a configuração social do país. Obs.: em 
países mais desenvolvidos, onde o número absoluto de desempregados é pequeno, poder-se-ia criar de imediato 
as frentes suplementares de trabalho. 
37Sabe-se que determinados trabalhadores pouco qualificados não estudam, não fazem cursos profissionalizantes 
porque têm que usar o seu tempo para trabalhar precariamente para sobreviver. Havendo um apoio financeiro do 
Estado, o trabalhador ganha condições de estudar e se qualificar com tranqüilidade. Cabe observar que o apoio 
financeiro do Estado seria simbólico, suficiente apenas para suprir as necessidades básicas do trabalhador 
(alimentação e transporte) e os cursos profissionalizantes seriam gratuitos. Cabe observar também que numa 
situação de curto e médio prazos, em que o excedente de desempregados ainda é considerável, a adoção do 
seguro-desemprego ainda é necessária. 
 24 
concluir que ele deveria ser aumentado38. E, aí, surgiria toda uma chiadeira de: a) prefeitos e 
governadores; b) previdência social e c) micro empresas. E agora? O que fazer? 
Quanto à A, prefeitos e governadores, detecta-se três níveis de gastos: custeio, 
investimento e dívida financeira. Ora, os investimentos são sagrados39. O custeio da máquina 
pública, por sua vez, tem como principal componente a folha salarial40. Então, é nela que 
devemos ater-nos. E, a primeira medida a se considerar seria pagar salários justos (em termos 
relativos) a seus servidores. A segunda, seria cumprir o preceito constitucional que limita os 
gastos com pessoal a, no máximo, 60% da receita. A terceira, seria proibir quaisquer 
contratações que implicassem na ultrapassagem desse limite, a fim de evitar as demissões 
políticas e, a conseqüente e maléfica rotatividade do quadro funcional. Restou, então, a 
questão da dívida financeira. Ora, fundamentalmente, a sua solução passa pelo rigoroso 
cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, pelo controle da natalidade dos pobres e pela 
não adoção da taxa básica de juros como remunerador dos títulos públicos. 
Quanto à B, previdência social, ela teria que: 1) estabelecer o equilíbrio entre os 
aposentados da rede pública e os da rede privada; 2) estabelecer uma idade mínima para se 
aposentar, de aproximadamente 90% da expectativa média de vida da população – o que 
equivale, hoje, no Brasil, a 65 anos; 3) pagar salários justos, em termos relativos, aos seus 
servidores; 4) criar dois salários mínimos distintos: o dos trabalhadores ativos e o dos 
trabalhadores inativos41; 5) implementar algumas inovações na forma de recolhimento das 
contribuições42; 6) estabelecer, ao final das contas, uma fórmula que levasse em conta tanto 
uma idade mínima para se aposentar quanto o tempo de contribuição. Ou seja, ninguém 
poderia aposentar-se antes dos 65 anos43. Mas, o valor da aposentadoria seria proporcional 
tanto à renda quanto ao tempo de contribuição – a fim de quem começasse a 
trabalhar/depositar mais cedo não fosse injustiçado, não fosse igualado a quem começasse a 
trabalhar/depositar mais tarde (e contribuísse por menos tempo). Enfim, a fórmula seria a 
 
38 Atingindo um valor da ordem de R$ 2.255,84* ou 1,0 salário mínimo do Dieese - SMD. Obs.: Este valor seria 
de longo prazo, passando por valores menores, que seriam aumentados paulatinamente, à medida que o controle 
da natalidade fosse produzindo seus plenos efeitos. 
 *cálculo feito para abril de 2011. 
39 Não confundir investimento (mínimo, normal, sensato) com superinvestimento (irresponsável e populista). 
40 Isso não impede que, simultaneamente, se tome medidas de racionalização administrativa com economia de: 
material de expediente, gasto com telefone/energia, etc. 
41 Com o intuito de punir aqueles que deixassem de contribuir ou contribuíssem muito pouco – que receberiam 
menos do que aqueles que contribuíssem regularmente -,estimulando, assim, a contribuição em massa. 
42 Primeira, o débito em conta, para quem tem conta corrente em banco ou cartão de crédito. Segunda, a adoção 
de carnês para quem não tiver conta corrente em banco ou cartão de crédito. Com isto, reduzir-se-ia o risco de 
ocorrência das apropriações indébitas, atualmente praticadas por parte dos empregadores – sejam privados ou 
públicos. 
43 O que valeria tanto para homens quanto para mulheres. 
 25 
seguinte: 
 
 
 VA =  RBC_ X 1 + (TIC - TMGC) X 0,7044. Onde: 
  MC TMGC 
 
VA = Valor da Aposentadoria; 
RBC = Renda Base de Contribuição (Somatória); 
MC = Meses de Contribuição (Somatória); 
TIC = Tempo INDIVIDUAL de Contribuição (Meses); 
TMGC = Tempo Médio GERAL de Contribuição (Meses). 
 
Observação: a fórmula supra só seria adotadapara VAs acima do salário mínimo dos 
inativos – o qual seria da ordem de R$ 545,00 (valor para abril/2011). 
 
Quanto à C, micro empresas, teríamos que considerar o seguinte: 1) Com o aumento do 
salário mínimo, aumentar-se-ia o consumo e, conseqüentemente, o faturamento das empresas 
(bem como, a receita tributária do governo) – o que provocaria um efeito contrabalançador ao 
aumento da massa salarial; e 2) num caso extremo e emergencial, eventualmente constatado, 
poderia o Estado conceder isenção fiscal àquelas estruturalmente mais frágeis, situadas na 
PERIFERIA dos centros consumidores. 
2 – COMENTÁRIOS. Primeiro, como o salário mínimo dos ativos é uma referência 
importante, é de se perguntar: por que o nosso salário mínimo (dos ativos) tem que ser 
aproximadamente seis vezes inferior ao salário mínimo médio dos países desenvolvidos?45 
Mas, e concretamente, a definição do valor do nosso salário mínimo, no ajuste ora proposto 
 
44 O redutor se justifica? É o que demonstraremos a seguir. Pois bem, antes de mais nada, façamos algumas 
suposições. Suponhamos que alguém se aposente, tendo contribuído por um período (TIC) de 35 anos. 
Suponhamos que o tempo médio geral de contribuição (TMGC) também seja de 35 anos. Consideremos uma 
renda base de contribuição (RBC) média de R$ 5.000,00. Consideremos a incidência de uma alíquota de 11% 
sobre a mesma. Ora, então, o valor pago à previdência social durante os 35 anos de contribuição (455 meses) 
será da ordem de R$ 250.250, 00: [455 x (R$ 5.000,00 x 0,11)]. Se considerarmos que o tempo médio de vida, 
no Brasil, é de aproximadamente 73 anos, constataremos que a previdência social terá uma despesa para com tal 
aposentado, após descontada a taxação dos inativos de 11%, da ordem de R$ 323.960,00: R$5.000,00 x 104 
meses x 0,89 x 0,70. E, é claro, por uma questão de progressividade distributiva, o redutor poderia não incidir 
sobre os mais pobres. Resta ainda acrescentar que se o indivíduo começar a contribuir mais cedo e/ou se 
aposentar mais tarde, terá um bônus – que vai-se contrapor ao redutor. 
45 O reflexo disso é que nos países ricos ocorre o nivelamento por cima (consumo e poupança altos, em termos 
ABSOLUTOS), enquanto nos países pobres ocorre o nivelamento por baixo (consumo e poupança baixos, em 
termos ABSOLUTOS). 
 26 
por nós, é também um problema político – e, qualquer avanço dependerá fundamentalmente 
da implementação de uma “internacional natalista”46 (que só produziria seus resultados a 
longuíssimo prazo). 
Segundo, não basta promover somente reformas econômicas. Como tudo está ligado a 
tudo, somente uma abordagem holística pode ser eficaz na resolução dos problemas atuais. 
Assim, ter-se-ia que disseminar mundo afora uma legislação eleitoral que coibisse o abuso do 
poder econômico (financiamento público de campanha, com a proibição de doações de 
particulares – tanto pessoa jurídica quanto pessoa física, etc); ter-se-ia que disseminar mundo 
afora um judiciário forte e atuante - com o intuito de combater a corrupção, os desmandos, as 
irresponsabilidades, as usurpações do dinheiro público; ter-se-ia que eliminar coisas 
potencialmente imorais, como as contas bancárias numeradas/secretas – na medida em que 
podem abrigar o dinheiro oriundo do crime e/ou da corrupção, estimulando-os, principalmente 
no Terceiro Mundo, onde o judiciário é desaparelhado ou fraco; ter-se-ia que isolar os 
governos constituídos a partir de um golpe de Estado, a fim de coibir a truculência, o uso da 
força, os desmandos ditatoriais (como os outrora promovidos no Haiti, na Indonésia e nas 
Filipinas); etc. 
Terceiro, os aumentos salariais na base seriam compensados em parte com uma redução 
dos salários no topo (aqueles exageradamente altos)47, bem como, seriam compensados em 
parte com a menor necessidade de gastos com segurança (construção de presídios, etc), com 
saúde (tendo em vista que algumas doenças da população são de origem carencial), etc. 
Quarto, uma política agressiva de exportação e de substituição de importações 
(juntamente com a reforma da Previdência Social, a reforma trabalhista e a reforma tributária) 
proporcionaria a redução dos juros reais para patamares civilizados – com a dupla vantagem 
de liberar recursos para o combate à pobreza e de eliminar um dos principais componentes do 
“custo Brasil”, que é o juro escorchante. 
Quinto, as medidas práticas aqui elencadas referem-se especificamente ao caso 
brasileiro, de forma que cada país terceiro-mundista é soberano para adotar medidas e/ou 
variações de outras ordens quaisquer – eventualmente mais adaptadas à realidade de cada um. 
Mas, independentemente de variações na forma, o conteúdo básico é o seguinte: começa-se de 
baixo para cima, começa-se humanizando a vida dos mais necessitados (no entanto, adotando-
 
46 Já existe uma experiência tímida de Internacional Natalista, que é a criação da Federação Internacional de 
Planejamento Familiar (IPPF, em inglês), uma organização que atua em 180 países, baseada no voluntariado, 
com sede em Londres. Ela é tímida porque não conta com as vantagens do Estado, que tem acesso a volumosos 
recursos financeiros, acesso às leis, acesso aos meios de comunicação. Dessa forma, ela só será mais eficiente se 
abraçada pelos políticos. 
 27 
se medidas justas/equilibradas/sensatas). Este (acordo) seria o Bretton Woods II48 de 
transição, sendo que o Bretton Woods II definitivo seria atingido quando o controle da 
natalidade produzisse seus frutos nos países subdesenvolvidos (Internacional Natalista). 
3 – REQUISITOS PRÉVIOS À IMPLEMENTAÇÃO. Atração de investimentos 
diretos estrangeiros (sendo que apenas os investimentos substitutivos de importações 
gozariam de isenções fiscais), aprovação da reforma definitiva da previdência social, 
aprovação de uma reforma trabalhista e tributária. A longo prazo, ter-se-ia a implementação 
internacional do que nós chamamos de “mobilidade de equilíbrio”. Outros requisitos, como a 
reformulação criteriosa dos salários da economia, principalmente no setor público, só 
produziriam resultados no futuro - devido ao amparo legal do “direito adquirido”. 
4 – MEMÓRIA ILUSTRATIVA DE CÁLCULO (PARA ABRIL/2011). 
 a) despesas extras com frentes suplementares de trabalho, considerando-se um salário 
mínimo dos ativos de R$ 2.255,84/mês. 
6,2 milhões de desempregados x R$ 2.255,84 x 13 meses = R$ 181,82 bilhões/ano 
adicionais; 
b) despesas extras com o aumento do salário mínimo dos ativos, no setor público, 
considerando-se uma diferença de R$ 1.710,8449: R$ 1.710,84 x 13 meses x 1,2 milhão = R$ 
26,69 bilhões/ano adicionais; 
 c) total adicional: a + b = R$ 208,51 bilhões/ano adicionais. 
Este seria o projeto transitório, de ajustamento de baixo para cima, de dignificação do 
povo brasileiro. No curto prazo, no entanto, dado o nível elevado de recursos necessários, 
parece de difícil implementação. Então, qual seria a opção de curto prazo? Seria implementar 
um projeto de renda mínima, considerando-se que, no Brasil, existem 16,2 milhões de pessoas 
consideradas indigentes. Assim, este contingente de 16,2 milhões de indigentes poderia 
receber uma ajuda do Estado da ordem de R$ 150,00 per capita50 – totalizando um volume de 
recursos da ordem de R$ 29,16 bilhões/ano. Paulatinamente, à medida que as reformas 
 
47 Para maiores detalhes, vide o anexo III, na página 40. 
48 A título de esclarecimento, cabe ressaltar que o Bretton Woods I refere-se a uma conferência

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