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Livro Texto Unidade I Teoria Politica

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Autora: Profa. Angélica Lúcia Carlini
Colaboradora: Amarilis Tudella Nanias
Teoria Política
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Professora conteudista: Angélica Lúcia Carlini
Angélica Carlini é graduada em Direito pela PUC de São Paulo. É Mestre em História Contemporânea, Mestre em 
Direito Civil, Doutora em Educação e Doutora em Direito Político e Econômico.
É professora do curso de Direito da Universidade Paulista – UNIP e membro da Comissão de Qualificação e Avaliação 
– CQA. É professora convidada em cursos de pós‑graduação em várias universidades brasileiras.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C282t Carlini, Angélica Lúcia.
Teoria política. / Angélica Lúcia Carlini. – São Paulo: Editora Sol, 2014.
116 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XIX, n. 2‑036/14, ISSN 1517‑9230.
1. Teoria política. 2. Formas de governo. 3. Pensamento político 
moderno. I. Título.
CDU 32
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Cristina Z. Fraracio
 Amanda Casale
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Sumário
Teoria Política
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 AS FORMAS DE GOVERNO ........................................................................................................................... 13
2 A REPÚBLICA E O PODER NA IDADE MÉDIA ........................................................................................ 27
2.1 República ................................................................................................................................................. 27
2.2 O poder na Idade Média: subordinação da política à religião, ausência de 
Estado soberano e poderes locais ......................................................................................................... 31
3 O PENSAMENTO POLÍTICO MODERNO E A FORMAÇÃO DO ESTADO MODERNO .................. 38
4 OS PENSADORES MAQUIAVEL E HOBBES ............................................................................................. 41
4.1 Nicolau Maquiavel ............................................................................................................................... 41
4.2 Thomas Hobbes ..................................................................................................................................... 47
Unidade II
5 O PENSAMENTO POLÍTICO CONTEMPORÂNEO E A DEMOCRACIA .............................................. 58
6 AS REVOLUÇÕES LIBERAIS OU REVOLUÇÕES BURGUESAS ........................................................... 69
6.1 A Revolução Russa ............................................................................................................................... 76
6.2 O Estado Nacional‑Socialista .......................................................................................................... 79
6.3 O Estado do Bem‑estar Social ......................................................................................................... 80
6.4 Doutrina social da Igreja ................................................................................................................... 82
7 CONCEPÇÕES DE ESTADO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO ........................................................... 89
8 DEMOCRACIA .................................................................................................................................................... 98
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APRESENTAÇÃO
Vamos analisar as formas de governo mais conhecidas entre os grupamentos sociais ao longo da 
História que são a monarquia, a aristocracia e a democracia.
Também estudaremos o sentido de república em suas diversas formas históricas e recuperaremos os 
principais aspectos da história do poder na Idade Média, período marcado pela subordinação da política 
à religião, pela ausência de um Estado soberano e pela preponderância de poderes locais.
Esses saberes estudados de forma organizada formarão uma base intelectual interessante para que 
seja possível avançar na formação do pensamento crítico sobre as ideias políticas de que trataremos ao 
longo do livro‑texto.
Estudaremos o Pensamento Político Moderno e o Estado Moderno, começando nossa discussão com 
as ideias de Maquiavel sobre a autonomia política e sobre a moral própria daqueles que ocupam o poder. 
Em seguida, refletiremos sobre a contribuição do pensamento de Thomas Hobbes e o papel do Estado, 
que ele chamou de Leviatã.
Em seguida, nosso foco será o pensamento político contemporâneo e a democracia, com especial 
atenção para as lutas liberais burguesas que marcaram a derrubada do absolutismo e a instauração de 
um Estado liberal com forte atenção à proteção da propriedade. A contribuição da Revolução Francesa 
merecerá especial atenção em razão de sua importância e enorme repercussão para a formação da 
democracia moderna.
Estudaremos, além disso, as contribuições de John Locke e de Jean Jacques Rousseau, bem como o 
pensamento iluminista.
Trataremos da contribuição de Montesquieu sobre a tripartição de poderes, conhecimento essencial 
para a análise do que acontece na atualidade no Brasil, quando se pode constatar a fragilidade dessa 
divisão de poderes e certa supremacia do Poder Judiciário sobre o Executivo e o Legislativo. O julgamento 
do “mensalão”, transmitido ao vivo para todo o país e que mobilizou fortemente o debate público ao 
longo de 2013, é um bom exemplo de que, entre nós, a teoria da divisão de poderes merece novos e 
complexos estudos.
Por fim, falaremos sobre as concepções do Estado no mundo contemporâneo, com especial ênfase no 
estudo do Estado do bem‑estar social e no Estado democrático de direito, suas principais características 
e contribuições.
Também nos dedicaremos ao estudo do Estado neoliberal e globalizado que temos atualmente e, não 
como exercício de futurologia, mas como exercício de reflexão, tentaremos traçar as características do 
Estado no século XXI, marcado por problemas antigos, como a fome e a pobreza em muitos países e por 
problemascom os quais os homens estão só aprendendo a lidar, como o terrorismo e sua destruição em 
massa de civis em atentados que aterrorizam parte da Europa e, em especial, os países do Oriente Médio.
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Depois dessa trajetória, temos a expectativa de que nosso aluno esteja preparado para compreender 
melhor o mundo em que vive e para decidir suas ações políticas e sociais com fundamento e convicção, 
porque será detentor de conhecimento capaz de orientá‑lo e de permitir a análise profunda e rigorosa 
que se espera de um profissional de Serviço Social.
INTRODUÇÃO
A expressão “política” assumiu em nossos tempos um sentido quase pejorativo. Não é raro 
encontrarmos quem se referira a coisas ruins como “coisa da política”, associando situações negativas 
com práticas que conteriam um sentido escuso, ou pouco transparente.
O mesmo sentimento negativo prevalece, quase sempre, quando nos referimos a alguém que ocupa 
um cargo no Poder Legislativo, no Executivo ou no Judiciário. É comum encontrarmos quem afirme 
que políticos nunca são honestos, que não possuem sensibilidade para proteger o bem comum e que se 
apropriam indevidamente do que não lhes pertence.
Não será difícil encontrar entre seus amigos, familiares e colegas de trabalho quem associe o trabalho 
dos políticos com inutilidade e defenda o fim dos cargos legislativos de vereador ou deputado sob a 
alegação de que “eles não fazem nada mesmo”.
Por que teria a política caído em tanto descrédito entre nós? Por que uma atividade que foi tão nobre 
em momentos marcantes da história da Humanidade, como na Grécia Antiga e no Império Romano, 
estaria atualmente, em especial no Brasil, relegada a tanto descrédito e desconfiança da população?
Tentaremos responder a esses e outros questionamentos ao longo deste trabalho, que tem por 
objetivo principal permitir que o aluno construa uma visão ampla e crítica sobre a política, seus conceitos 
e fundamentos.
E o que seria uma visão crítica?
É aquela que se pode obter a partir da análise de conceitos, de fatos históricos, de impactos sociais 
de decisões adotadas por lideranças políticas em diversos momentos da história, de ideias e teorias que 
formam a herança política da Humanidade.
Mas a visão crítica não serve apenas para análise de fatos passados, pois é fundamental para fornecer 
subsídios para decisões no presente e no futuro. É por isso que um aluno de curso universitário que está 
se preparando para o exercício de uma determinada profissão precisa possuir visão crítica da política e 
da sociedade: porque muito breve ele estará em posição profissional de tomar decisões e precisará de 
subsídios para fundamentar as razões de suas escolhas.
Se tomar decisões é relevante em várias profissões que conhecemos, na área de Serviço Social, a 
tomada de decisões é essencial e muito significativa. O profissional de Serviço Social, ao decidir deve, 
quase sempre, apresentar argumentos que sustentem sua decisão perante a equipe (uma vez que o 
trabalho, nessa área, frequentemente é coletivo) e que convençam os gestores públicos e privados 
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responsáveis por disponibilizar recursos para que o projeto seja implantado. Além disso, principalmente, 
é necessário que possuia fundamentação para dialogar com todos aqueles que serão destinatários das 
decisões adotadas.
Imagine que você, como membro de uma equipe da Secretaria de Serviço Social da Prefeitura Municipal 
de Xantinhoraí (essa cidade é imaginária, não se preocupe em procurá‑la no mapa do Brasil), deva defender 
posição em favor de uma determinada ação afirmativa, por exemplo, em relação a uma comunidade indígena 
existente no local. Você intenciona que nessa comunidade seja construída uma escola de música para preservar 
a cultura musical daquela etnia indígena, mas enfrenta forte resistência daqueles que argumentam que os 
recursos públicos devem ser utilizados em benefício de muitos e não de pequenos grupos.
Com conhecimentos históricos, políticos, culturais e sociais sólidos e bem organizados, você estará 
muito mais preparado para enfrentar o debate sobre as razões que justificam a organização da escola de 
música na comunidade indígena. Basta, por exemplo, que você argumente sobre a histórica ausência de 
políticas sociais em favor da preservação da cultura indígena, sobre como o Brasil ignorou solenemente 
a importância dessa cultura e somente há pouco tempo tem se dedicado com maior vigor a estudar 
e preservar as diferentes manifestações culturais dos diferentes povos indígenas do país. Será ainda 
preciso que você explique a razão de os gestores públicos brasileiros em diferentes níveis, municipal, 
estadual e federal, haverem menosprezado a preservação da cultura indígena como importante forma 
de construção da identidade nacional. Por que as escolhas oficiais dos governantes têm sido sempre o 
desprezo à cultura indígena e a valorização da cultura europeia, por exemplo?
Essas escolhas não são aleatórias, ao contrário, são fruto de decisões aparentemente racionais, mas 
que nem sempre estão municiadas de dados políticos, históricos, sociais e culturais de maior relevância.
Muito provavelmente você, ao estudar teoria política, vai conseguir desenvolver argumentos para 
suas escolhas que as tornem mais defensáveis, mais fundamentadas e, com certeza, melhores para a 
sociedade destinatária de seu trabalho profissional.
O profissional de Serviço Social, ao longo de sua carreira, estabelece diálogo permanente 
com a sociedade e com os gestores públicos. Diálogo quase sempre tenso, marcado por demandas 
historicamente negadas às camadas de baixa renda da população (saúde, educação, moradia, transporte 
público, segurança, creches, entre outros) e por interesses políticos nem sempre coincidentes com essas 
demandas sociais. Construir pontes, viadutos e prédios suntuosos dá muito maior visibilidade que 
construir estações de tratamento de esgoto ou ampliar a rede de captação de esgoto. Em meio a tensões 
dessa natureza é que o profissional de Serviço Social exerce suas atividades.
Conhecimento sobre política ajuda o profissional de Serviço Social a compreender, analisar e tomar 
decisões corretas. Um dos objetivos deste livro é exatamente este: fornecer material teórico que permita 
ao futuro profissional possuir subsídios para suas escolhas e decisões.
Mas existe outro objetivo igualmente importante que este livro pretende conseguir: tornar você 
mais preparado para o exercício da cidadania ativa, aquela que não se esgota no voto obrigatório para 
escolha de cargos eletivos.
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Ser cidadão é muito mais que comparecer às urnas e votar, é participar do debate político em 
todos os lugares em que ele acontece, seja nas conversas da família, dos amigos, nas redes sociais, 
nos espaços de participação que estão à disposição da sociedade e que nem sempre são utilizados de 
forma adequada, como acontece com os conselhos municipais de saúde, de educação, de segurança, 
de proteção da criança e do adolescente, ou ainda nas audiências públicas convocadas pelos órgãos de 
governo para discutir projetos de lei, orçamento comunitário ou participativo, entre outros.
Esses espaços de participação política existem no Brasil por força da Constituição Federal de 1988, 
mas nem sempre são utilizados de forma adequada porque poucas pessoas se interessam por participar 
de reuniões, estudar os documentos oficiais que subsidiam o debate e aprofundar o conhecimento sobre 
aspectos técnicos dos projetos ou iniciativas públicas que estejam sendo discutidos.
A AgênciaNacional de Saúde Suplementar, por exemplo, que é o órgão regulador da atividade de 
saúde privada no país, disponibiliza em seu portal na rede mundial de computadores alguns projetos de 
resoluções que vai adotar e fixa um prazo para que toda a sociedade possa participar com o envio de 
sugestões para aprimorar a regulação que será feita.
Os planos de saúde são contratados no Brasil na atualidade por quase cinquenta milhões de pessoas. 
Muitos trabalhadores da indústria, do comércio e da prestação de serviços são usuários de planos de saúde 
privados custeados no todo ou em parte por seus empregadores. Ser usuário de um plano de saúde é uma 
realidade que atinge cinquenta milhões de pessoas e, ao mesmo tempo, é um sonho de muitos outros 
milhões de pessoas que desejam sair do Sistema Único de Saúde – SUS e utilizar um sistema privado 
que lhes dê maior conforto e segurança. No entanto, poucos usuários de planos de saúde privados têm 
conhecimento de que podem participar da melhoria da regulamentação do sistema por meio de sugestões. 
E entre os não usuários, essa possibilidade de participação, muitas vezes, sequer é conhecida.
As Câmaras Municipais e as Prefeituras dos Municípios também podem organizar audiências públicas 
para ouvir a população sobre temas de maior relevância, inclusive sobre prioridade na utilização de 
verbas do orçamento público. No entanto, embora exista previsão legal para que isso aconteça, na 
prática, ainda há pouca utilização desse instrumento de participação popular.
Ao estudar Teoria Política, você estará mais preparado para atuar em situações como essas, em 
que a opinião da população é essencial e deve ser ouvida pelos gestores públicos. Também estará mais 
preparado para organizar grupos de pressão que possam defender interesses sociais relevantes perante 
o poder público, como grupos de moradores de um determinado bairro, ou grupos de pais de uma 
determinada escola rural que não esteja sendo atendida de forma adequada, ou, ainda, usuários de um 
posto de saúde que precisa de melhorias.
Em todas essas situações, seu conhecimento estará a serviço da sociedade e, o que é ainda melhor, 
sendo utilizado em benefício dela. Os frutos de seus estudos estarão à disposição para fortalecer a 
cidadania ativa, a participação direta da população nos temas de seu próprio interesse.
Por essas razões, de ordem profissional e social, a expectativa é que este trabalho seja muito útil para 
você.
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Para começar a aquecer suas reflexões sobre Teoria Política, leia com atenção o poema a seguir, de 
Bertold Brecht:
O Analfabeto Político
O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do 
sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a 
política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor 
abandonado e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e 
lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
Fonte: BRECHT (s.d.).
Eugen Berthold Friedrich Brecht foi um importante dramaturgo e poeta alemão do século XX. Viveu 
o período das duas grandes guerras mundiais e, por causa do nazismo, teve que abandonar seu país 
natal para viver em outros países da Europa. Note que esse poema, com certeza, é uma excelente forma 
de começar uma reflexão sobre Política e sua importância na nossa formação profissional e cidadã.
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TEORIA POLÍTICA
Unidade I
A partir de agora vamos nos dedicar ao estudo das formas de governo, da República e do poder na 
Idade Média.
1 AS FORMAS DE GOVERNO
O Homem sempre viveu em grupos mais ou menos organizados e isso se deu por uma 
razão de grande importância: a sobrevivência. Só em grupo o Homem conseguia dar conta de 
todos os muitos tipos de ameaças naturais, como ataques de animais ferozes, tempestades e 
raios que destruíam e incendiavam campos e abrigos. Contudo, também era em grupos que 
o Homem conseguia empreender melhores esforços para dar conta de sua sobrevivência e da 
procriação.
Assim, o trabalho em grupo da busca da alimentação, de abrigo, de construção de mecanismos 
que permitissem a vida mais tranquila e confortável, foi desde logo percebido como um valor 
a ser preservado. A organização de poder nesses grupos, no entanto, é até os dias de hoje um 
problema de grande envergadura nas diversas sociedades organizadas que temos em todo o 
planeta.
Não há, a princípio, uma forma de organização de poder que agrade a todos e que não suscite 
críticas. Exercer o poder, ou seja, governar é angariar adeptos e críticos, amigos e inimigos, conviver com 
elogios e, principalmente, com muitas críticas.
Vários estudiosos de política se dedicaram a tentar sistematizar as diversas formas de governo que 
o mundo já vivenciou e aprofundar o conhecimento sobre como elas se desenvolveram. Neste trabalho, 
vamos nos deter na avaliação da classificação de governo construída por três célebres estudiosos: 
Aristóteles, Maquiavel e Montesquieu.
Aristóteles nasceu em Estagira, na Grécia, em 384 a.C. e faleceu em Cálcis, Eubeia, também na 
Grécia, em 322 a.C. Foi discípulo de Platão, tutor de Alexandre, o Grande, e é considerado o pai da 
Ciência Política Ocidental. Foi o fundador em Atenas de uma escola que desenvolveu pesquisas em 
várias áreas do conhecimento e que tinha o nome de Liceu. Contudo, o grande destaque de Aristóteles 
foram os estudos de política e de filosofia.
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Unidade I
Figura 1 – Aristóteles
Uma interessante reflexão de Aristóteles em seu livro A Política pode ser utilizada até os dias de hoje 
para nos auxiliar na compreensão da sociedade em que vivemos. Afirmava Aristóteles (2000, p. 5):
Assim, o homem é um animal cívico (político), mais social do que as abelhas 
e os outros animais que vivem juntos. [...] O Estado, ou sociedade política, 
é até mesmo o primeiro objetivo a que se propôs a natureza. O todo existe 
necessariamente antes da parte. As sociedades domésticas e os indivíduos 
não são senão as partes integrantes da Cidade, todos subordinados ao 
corpo inteiro, todas distintas por seus poderes e suas funções, e todas 
inúteis quando desarticuladas, semelhantes às mãos e aos pés que, uma vez 
separados do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem a realidade, 
como uma mão de pedra. O mesmo ocorre com os membros da Cidade: 
nenhum pode bastar‑se a si mesmo. Aquele que não precisa dos outros 
homens, ou que não pode resolver‑se a ficar com eles, ou é um deus ou 
é um bruto. Assim a inclinação natural leva os homens a este gênero de 
sociedade.
Para Aristóteles, a sociedade é o eixo do indivíduo e, salvo se for um deus, ou seja, uma figura mítica 
capaz de solucionar todos os seus problemas e ter total domínio sobre seu destino – o que, sabemos, é 
completamente imaginário e irreal – o Homem só desenvolverá plenamente seu potencial se inserido 
em uma sociedade.
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TEORIA POLÍTICA
Esse pensamento é, no mínimo, curioso para todos nós, que vivemos no mundo contemporâneo, 
marcado por excessivo individualismo e no qual as discussões sobre o bem‑estar social perdem em 
importância para as discussões sobre consumo e aquisição de produtos e serviços que satisfaçamo 
prazer individual.
Anne Perkins (2009, p. 10) afirma que:
Como Platão, Aristóteles acreditava que todas as coisas tinham uma finalidade, e que a do ser 
humano era ser bom. Aristóteles pretendia organizar a sociedade de maneira que as pessoas fossem 
capazes de realizar com sucesso seu pleno potencial: que fossem cultas, racionais e autoconscientes. A 
pólis, ou mundo político que Aristóteles preferia, era o ambiente singular da cidade‑Estado. O homem, 
em sua célebre afirmação, é um animal político, pois vive com outros semelhantes e se distingue dos 
outros animais pelo poder de julgamento moral e pela capacidade de comunicar as ideias de certo 
e errado. O Estado ideal uniria seus cidadãos para o bem comum. Porém, assim como a natureza é 
infinitamente variada, e os animais cumprem uma variedade de funções, as pessoas também serviriam 
para diferentes funções, de acordo com sua capacidade, na busca da meta geral.
O Prof. Dr. A. L. Mascaro ressalta a importância da sociedade para o indivíduo no pensamento de 
Aristóteles:
[...] a vida social, para Aristóteles, não tem por razão simplesmente ser 
um agrupamento quantitativo que sirva para socorrer os indivíduos em 
suas necessidades. A vida social tem uma razão mais profunda, que é a 
própria felicidade da comunidade. As sociedades visam a um certo bem, 
que não é só o bem de cada indivíduo particularizado. Ao contrário dos 
modernos, que dizem que a vida social existe para o benefício de cada 
indivíduo, Aristóteles dirá que a comunidade existe para o benefício social 
(MASCARO, 2010, p. 84).
Novamente cabe a reflexão sobre a sociedade contemporânea e seus problemas, muitos dos quais 
motivados pelo excessivo individualismo das pessoas, que entendem que tudo existe para satisfazê‑las 
e não o contrário. Na atualidade, só conseguimos construir reflexões e ações mais coletivas quando 
se trata de temas muito específicos, como a preservação do meio ambiente, por exemplo, e mesmo 
assim, não de forma totalmente coletiva, porque muitos atores sociais não se incomodam em destruir o 
Planeta, se isso lhes der a garantia de resultado econômico.
O individualismo é marcante em muitas sociedades contemporâneas e, não raro, deparamos com 
notícias de pessoas que mantiveram seus familiares em cárcere privado por décadas sem que os 
vizinhos tivessem a preocupação solidária de querer saber para onde tinham ido as pessoas que haviam 
desaparecido do convívio social.
A preservação da privacidade tem entre nós contornos tão exagerados que, não raro, resulta em 
egoísmo que nega qualquer importância ao social e, em decorrência disso, afasta a reflexão sobre o 
político e sobre as ações sociais que possam contribuir para uma sociedade mais justa e solidária.
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Unidade I
Mas, voltando ao pensamento aristotélico, nem todas as reflexões do grande filósofo são 
compreendidas de forma pacífica. Suas ideias sobre a escravidão, por exemplo, são absurdas para nós, 
embora possam ser compreendidas no bojo da estrutura histórica e social em que ele vivia.
Aristóteles entendia que a relação entre senhor e escravo era uma relação privada, o que, de 
certa forma, permitia ao senhor o exercício despótico do poder. E esse despotismo se justificaria em 
razão da convicção de que a justiça devia ser realizada entre os cidadãos e, como os escravos não 
eram cidadãos e não participavam da política, então para eles não valeriam as mesmas regras de 
justiça adotadas para os cidadãos. Além disso, ele considerava natural que o escravo que nascera 
nessa condição assim se mantivesse, o que impediria qualquer reflexão sobre a transformação 
dessa condição, sobre o direito à liberdade dos escravos nascidos como tal. Caso diferente seria o 
dos escravos levados a essa condição por dívidas ou por guerras, porque eles poderiam transformar 
sua situação quitando as dívidas ou se seu povo tomasse o poder. Mas o escravo natural nunca 
teria outra condição.
Evidente que o pensamento contemporâneo de justiça e democracia não pode acolher as ideias 
de Aristóteles sobre a escravidão, mas isso não nos impede de conhecer e refletir sobre suas ideias de 
formas de governo.
Para ele existiam seis tipos possíveis de governo, a partir da finalidade deles. Assim temos:
• Se o exercício do poder é no interesse de todos, teremos a monarquia, aristocracia ou a república.
• Se o exercício do poder é no interesse próprio, teremos a tirania, a oligarquia ou a democracia.
• Ele classifica, ainda, o exercício do poder conforme a quantidade de pessoas que o exercerão: se 
uma só pessoa, se alguns ou se a maioria.
Então, para Aristóteles:
• Exercício do poder por uma só pessoa no interesse de todos: monarquia.
• Exercício do poder por alguns no interesse de todos: aristocracia.
• Exercício do poder pela maioria no interesse de todos: república.
• Exercício do poder por uma só pessoa no interesse próprio: tirania.
• Exercício do poder por alguns no interesse próprio: oligarquia.
• Exercício do poder pela maioria no interesse próprio: democracia.
A principal preocupação de Aristóteles como podemos perceber é com a finalidade.
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Sobre isso, Mascaro (2010, p. 87) nos lembra que:
Para Aristóteles, embora seja uma sociedade de modo similar ao mando 
do senhor sobre os filhos, a mulher e os escravos, a política se faz entre 
os iguais. Assim sendo, não se pode imaginar que, entre tais iguais, haja 
interesses particulares que se sobreponham a todos os demais. O governo 
é bom, para Aristóteles, quando busca a felicidade comum a todos os 
cidadãos. Isso não quer dizer que todos devam, necessariamente, mandar 
ao mesmo tempo. Há aptidões para o governo que não são comuns a 
todos, e há sociedades que se arranjam segundo variados modos e 
propósitos. Por isso, o governo que é bom a todos não necessariamente 
é aquele cuja soberania é partilhada por todos. O bom governo, antes de 
ser necessariamente o que é governado por todos, é o que alcança, como 
resultado, a felicidade de todos.
Para Aristóteles, perdida a finalidade, os governos se degenerariam, ou seja, a monarquia degenaria 
em tirania; a aristocracia em oligarquia e a república em democracia. Para ele, a tirania era a monarquia 
voltada para a utilidade do monarca, a oligarquia para a utilidade dos ricos e a democracia para a 
utilidade dos pobres. E nenhuma delas agradava o filósofo, porque a finalidade essencial era o 
interesse público.
Ao analisar as ideias de Aristóteles sobre as formas de governo, levando em conta exclusivamente o 
caráter político de organização, Paulo Bonavides (2006, p. 208) nos ensina:
A monarquia, a primeira dessas formas, representa, segundo Aristóteles, o 
governo de um só. Atende o sistema monárquico à exigência unitária na 
organização do poder político, exprimindo uma forma de governo na qual 
se faz mister o respeito às leis.
A aristocracia, como segunda forma, na classificação de Aristóteles, 
significa o governo de alguns, o governo dos melhores. Na etimologia da 
palavra “aristocracia”, deparamos já com a ideia de força. Essa raiz evolve 
naturalmente para a acepção de força da cultura, força da inteligência, 
força entendida de modo qualitativo, força, por conseguinte, dos 
melhores, dos que tomam as rédeas do governo. A exigência de todo 
governo aristocrático deve ser, segundo Aristóteles, selecionar os mais 
capazes, os melhores.
Quanto ao terceiro tipo de governo, contido nessa classificação, Aristóteles 
fá‑lo corresponder à democracia, governo que deve atender na sociedade 
aos reclamos de conservação e observância dos princípios de liberdade e de 
igualdade.
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 Observação
Etimologia Gr. Aristokratía “poder, autoridade, governo dos melhores”, 
através do lat. Aristocratĭa “id”; ver aristo‑ e –cracia; f.hist. 1734 aristocrácia, 
1767 aristocracîa, 1771 aristocratia, 1783 aristocracìa. Disponível em: <http://
houaiss.uol.com.br/busca?palavra=aristocracia>. Acesso em: 2 fev. 2014.
E a respeito da degeneração dessas formas de governo, Bonavides (2006) nos lembra que, para 
Aristóteles, o governo será considerado soberano quando tiver em vista exclusivamente o interesse 
comum. O contrário disso é considerado governo impuro, no qual prevalece o interesse pessoal contra 
o interesse geral da coletividade.
Observe que enfrentamos esse problema até a atualidade. Quantas decisões de governo não são 
adotadas em nome de interesses pessoais dos governantes sem que sejam levados em conta os interesses 
gerais da coletividade?
Quantas vezes não tomamos conhecimento, pela imprensa, de que um prefeito liberou dinheiro 
público para construir um portal na entrada da cidade, por vezes de gosto duvidoso, mas de agrado de 
sua esposa, enquanto o Município padece com falta de escolas de boa qualidade ou postos de saúde 
para atender à população. Ou, ainda, quantas vezes não ficamos sabendo de verbas públicas sendo 
destinadas a blocos de carnaval ou escolas de samba em detrimento da compra da merenda escolar para 
as crianças das creches e das escolas públicas?
Paulo Bonavides (2006, p. 209) ressalta que:
Quando esses interesses pessoais se sobrepõem, na gestão dos negócios 
públicos, aos interesses da sociedade, aquelas formas de governo já 
mencionadas se degeneram por completo.
Desvirtuada de seu significado essencial de governo que respeita as leis, a 
monarquia se converte em tirania, a saber, o governo de um só, que vota o 
desprezo da ordem jurídica.
A aristocracia depravada se transmuda em oligarquia, plutocracia ou 
despotismo, como governo do dinheiro, da riqueza desonesta, dos interesses 
econômicos antissociais.
A democracia decaída se transfaz em demagogia, governo das multidões 
rudes, ignaras e despóticas.
As ideias de Aristóteles devem ser compreendidas no contexto da realidade de sua época, conforme 
já afirmamos. Além de não inserir escravos e mulheres entre aqueles que podiam participar da política, 
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também não deveriam ser incluídos os artesãos, ou seja, aqueles que vivessem do seu trabalho. Somente 
os homens que conseguissem viver do rendimento do trabalho de seus escravos ou empregados é que 
poderiam se dedicar à política.
Essas restrições provocam nossa reflexão sobre o que é, afinal, o interesse público que Aristóteles 
considera a finalidade maior do governo? Quem é que compõe o público ao qual o governo deve servir 
e atender de modo a trazer‑lhe felicidade na sociedade?
A noção de interesse público no pensamento aristotélico é infinitamente menor do que aquela 
que temos na atualidade. Contudo, é possível reconhecer que muitas das preocupações do filósofo 
sobre as práticas políticas nas formas de governo são preocupações que temos até os dias de hoje, 
como governos demagógicos que parecem querer agradar a todos quando, na verdade, visam 
exclusivamente ao interesse pessoal do próprio governante; ou governos tirânicos que fazem aprovar 
apenas leis que interessam aos objetivos dos próprios governantes (por exemplo, na modificação da 
constituição do país para permitir sucessivas reeleições sem dar chance de alternância no poder a 
outros grupos políticos).
De todo modo, conhecer o pensamento de Aristóteles nos auxilia na formação do conhecimento 
crítico, capaz de pensar em ideias para mudanças na sociedade em que vivemos.
De todo modo, temos três ideias fundamentais quando se trata de entender formas de governo: 
monarquia, aristocracia e democracia. Duas delas estão um pouco mais distantes da nossa realidade 
contemporânea: a monarquia e a aristocracia. E a democracia ocupa, ou deveria ocupar, o centro das 
nossas atenções e reflexões, porque, além de ser difícil definir democracia, é igualmente difícil garantir 
que, em uma sociedade tão complexa como aquela em que vivemos, a democracia seja a mesma para 
todos os segmentos sociais e a todos beneficie em igualdade de condições.
Mas é importante termos algumas definições, como veremos agora.
Giampaolo Zuchini (apud BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 2004, p. 57) definem aristocracia da 
seguinte forma:
Aristokratía, literalmente, “governo dos melhores”, é uma das três formas 
clássicas de governo e precisamente aquela em que o poder (krátos – 
domínio, comando) está nas mãos dos áristoi, os melhores, que não 
equivalem, necessariamente, à casta dos nobres, mesmo se, normalmente, 
os segundos são identificados com os primeiros.
A definição de monarquia é de Paolo Colliva (apud BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 2004, p. 776):
Entende‑se comumente por monarquia aquele sistema de dirigir a res 
publica, que se centraliza estavelmente numa só pessoa investida de poderes 
especialíssimos, exatamente monárquicos, que a colocam claramente em 
todo o conjunto dos governados.
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Por monarquia, portanto, se entende – na complexa formação histórica desse 
instituto – um regime substancial, mas não exclusivamente monopessoal, 
baseado no consenso, geralmente fundado em bases hereditárias e dotado 
daquelas atribuições que a tradição define com o termo de soberania.
Muitos países do mundo utilizaram e ainda utilizam a monarquia como forma de governo. A mais 
conhecida entre nós, brasileiros, é a monarquia inglesa, cujos membros da família real constantemente 
são notícia. A seguir, temos uma foto da famosa Catedral de Westminster, situada em Londres, na 
Inglaterra, que sempre é utilizada para a coroação de reis e rainhas inglesas, como também para as 
grandes solenidades da família real. Recentemente um dos prováveis herdeiros do trono inglês se casou 
nessa catedral e isso foi notícia em todo o mundo.
Figura 2 – Catedral de Westminster, em Londres
A seguir, podemos observar outros dois ícones da monarquia inglesa: o Palácio de Buckingham 
e a troca da Guarda Real, que acontece em frente ao referido Palácio. São tradições inglesas muito 
respeitadas pelos súditos da rainha Elizabeth II, que é rainha da Inglaterra desde 1952.
Figura 3 – Palácio de Buckingham
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Figura 4 – Troca da Guarda Real
O Brasil também teve seu período de monarquia, no século XIX, iniciado em 1808 com a chegada do Rei 
Dom João VI, que vinha com a família real instalar‑se aqui para fugir das tropas de Napoleão Bonaparte. 
Depois que Dom João VI retornou a Portugal, em 1821, seu filho, Dom Pedro I, assumiu o governo como 
príncipe regente e, após proclamar a independência em 7 de setembro de 1822, tornou‑se imperador.
Mas a monarquia não chegou a se constituir como tradição no Brasil. Ela deixou de existir com a Proclamação 
da República, em 15 de novembro de 1889, e, embora ainda existam alguns poucos brasileiros que defendem 
a volta da monarquia, o assunto quase não é levado a sério pela maioria das pessoas que opinam sobre isso.
A monarquia quase sempre possui três características fundamentais, conforme nos ensina Dalmo de 
Abreu Dallari (2010, p. 227):
Vitaliciedade – o monarca não governa por um tempo certo e limitado, 
podendo governar enquanto viver ou enquanto tiver condições para 
continuargovernando.
Hereditariedade – a escolha do monarca se faz pela simples verificação 
da linha de sucessão. Quando morre o monarca ou deixa o governo por 
qualquer outra razão, é imediatamente substituído pelo herdeiro da coroa. 
Houve alguns casos de monarquias eletivas, em que o monarca era escolhido 
por meio de eleições, podendo votar apenas os príncipes eleitores. Mas a 
regra sempre foi a hereditariedade.
Irresponsabilidade – o monarca não tem responsabilidade política, isto é, 
não deve explicações ao povo ou a qualquer órgão sobre os motivos pelos 
quais adotou certa posição política.
Existem defensores e críticos das monarquias. Os defensores utilizam basicamente o argumento de 
que o monarca está acima de interesses políticos e partidários, porque é vitalício e hereditário e isso 
seria suficiente para assegurar estabilidade e segurança ao governo. Também afirmam que o monarca já 
nasce sabendo que será rei e, por isso, é adequadamente preparado para exercer essa função.
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Os críticos sustentam como principal argumento que a monarquia é antidemocrática, porque todas 
as decisões ficam na dependência de um único sujeito, que não é isento diante da pressão de grupos com 
interesses econômicos e políticos e, dessa forma, pode favorecer alguns em detrimento de outros. Também 
convém lembrar que manter o rei e toda a família real é muito caro. Além disso, todos os cidadãos ficam 
na dependência dos interesses e humores de uma só pessoa, com grande poder em suas mãos.
As vantagens e desvantagens da monarquia são discutidas até mesmo nos países que a adotam e 
não é incomum, na atualidade, encontrarmos mais críticos do que defensores. No geral, no entanto, 
monarquias como a inglesa e a dos Países Baixos (Holanda) são bem aceitas por seus súditos, que vivem 
em paz com esse regime porque, na verdade, os reis pouco mandam. Quem exerce o poder efetivamente 
é o primeiro‑ministro e o parlamento, conforme veremos mais à frente.
A forma de governo mais debatida é, no entanto, a democracia, que é adotada por muitos países em 
todo o mundo ocidental, como acontece com o Brasil, por exemplo.
Quando se trata de discutir democracia, o debate já tem início na definição. Não há consenso entre os 
estudiosos sobre uma concepção única e definitiva para o conceito. E nem poderia ser diferente, porque democracia 
é um conceito vivo, que tem diferentes conotações nas diferentes épocas históricas que a Humanidade já viveu.
Streck e Bolzan de Morais (2006, p. 109) afirmam:
Desnecessário dizer que a conceituação de democracia é uma tarefa quase 
impossível, mormente porque o termo “democracia”, com o passar do 
tempo, foi transformado em um estereótipo contaminado por uma anemia 
significativa (Warat). Daí que parece acertado dizer que a razão está com 
Claude Lefort, para quem a democracia é uma constante invenção, isto é, 
deve ser inventada cotidianamente. É nessa esteira que Marilena Chauí diz 
que “A democracia é invenção porque, longe de ser mera conservação de 
direitos, é a criação ininterrupta de novos direitos, a subversão contínua dos 
estabelecidos, a reinstituição permanente do social e do político.” Ou como 
assevera Castoriadis, para quem “uma sociedade justa não é uma sociedade 
que adotou, de uma vez para sempre, as leis justas. Uma sociedade justa é 
uma sociedade onde a questão da justiça permanece constantemente aberta.
Leia mais uma vez, atentamente, os conceitos complementares de Claude Lefort, filósofo francês; Marilena 
Chauí, importante filósofa brasileira; e do filósofo, economista e psicanalista Cornelius Castoriadis sobre democracia.
O que salta aos nossos olhos como mais importante? A ideia de que democracia é um conceito em 
construção, que não está pronta e acabada e que deve ser sistematicamente repensada e pesquisada, de 
forma que possamos ter a melhor democracia possível em cada diferente época da história de uma nação.
Além disso, ao caracterizar a ideia de democracia pelo movimento de atualização que ela deve 
vivenciar, os autores nos convidam a pensar de que forma podemos contribuir para que a democracia 
não se torne ultrapassada para os valores e objetivos de uma determinada sociedade.
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Streck e Bolzan de Morais (2006, p. 109‑110) ainda nos ensinam:
De pronto, ainda com Chauí, é possível dizer, a par da dificuldade de conceituar 
a democracia, que existem alguns traços que a distinguem de outras formas 
sociais e políticas: em primeiro lugar, a democracia é a única sociedade 
e o único regime político que considera o conflito legítimo, uma vez que 
não só trabalha politicamente os conflitos de necessidades e de interesses, 
como procura instituí‑los como direitos e, como tais, exige que sejam 
reconhecidos e respeitados. Mais do que isso, nas sociedades democráticas, 
indivíduos e grupos organizam‑se em associações, movimentos sociais e 
populares, classes se organizam em sindicatos, criando um contra poder 
social que, direta ou indiretamente, limita o poder do Estado; em segundo 
lugar, a democracia é a sociedade verdadeiramente histórica, isto é, aberta 
ao tempo, ao possível, às transformações e ao novo.
As lutas históricas em prol da democracia nos mostram quão duro é 
alcançá‑la e, muito mais do que isto, conservá‑la.
Os dois aspectos apontados são de grande importância: na democracia, o conflito não apenas é 
bem-vindo, como também é parte integrante do sistema, porque, depois de certo tempo, pode 
transformar‑se em direito; e a democracia agrega o novo e as transformações como essenciais, ou 
seja, não pode recusar as novas ideias e propostas sob alegação de que causariam instabilidade.
É por isso que as sociedades verdadeiramente democráticas vivem bem com as tensões dos conflitos 
e transformam‑se para incorporar novos direitos para os cidadãos como resultado desse processo de 
constante transformação.
Figura 5 – Passeata de estudantes
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A foto anterior retrata uma das muitas passeatas ocorridas no Brasil durante o período da Ditadura 
Militar, que perdurou de 1964 a 1985. Essas passeatas eram fortemente reprimidas pela polícia militar e 
por soldados do Exército, que tinham ordens expressas para acabar com as manifestações para manter 
a ordem e a tranquilidade sociais.
As fotos a seguir retratam com clareza que a repressão às passeatas e aos manifestantes era violenta. 
Ou seja, o conflito de ideias não era visto como positivo para a sociedade, mas como algo que precisava 
ser banido, reprimido e extinto para não atrapalhar o poder político da época.
Figura 6 – Repressão às manifestações
Figura 7 – Policiais militares praticando repressão contra manifestantes
Em períodos de ditadura isso é comum, o poder político que atua em regime de força não aceita 
ideias que se contraponham a ele e, portanto, reage até de forma violenta para impedir que ideias 
contrárias se disseminem entre os diferentes grupos sociais.
Os governos autoritários não aceitam ideias contrárias, só a democracia convive, ou deve conviver, 
com as ideias divergentes.
Outra característica importante da democracia é que, com o tempo, as ideias contrárias podem ser 
incorporadas a ponto de se constituírem como novos direitos.
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Vejamos um exemplo contemporâneo: a sociedade brasileira democrática construída após o final 
da ditadura militar não aceitava o casamentocivil entre pessoas do mesmo sexo porque entendia 
que o casamento deveria ser reconhecido quando realizado por um homem e uma mulher. Com o 
passar do tempo, a sociedade brasileira se organizou em grupos que passaram a defender o direito ao 
reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo.
Existem defensores e críticos dessa ideia, ou seja, há um conflito de ideias na sociedade sobre esse 
assunto. Apesar disso, o Supremo Tribunal Federal reconheceu, em 2011, que as pessoas do mesmo 
sexo podem oficializar sua relação conjugal. Ainda não há uma lei federal que regule a matéria e 
obrigue todos a fazê‑lo, mas, desde 14 de maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça aprovou uma 
resolução que obriga todos os cartórios do país a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. 
A resolução foi aprovada para remover obstáculos administrativos contra a efetivação da decisão do 
Supremo, em 2011.
Em resumo, uma reivindicação de parte da sociedade organizada foi transformada em direito, ainda 
que existam, e com certeza continuarão a existir, aqueles que são totalmente contrários a ela.
Democracia, portanto, não é uma forma de governo em que todos pensam da mesma maneira, mas 
em que os conflitos são tratados de maneira organizada, em locais próprios, como o Poder Judiciário 
e o Poder Legislativo, ou seja, é uma forma de governo na qual a sociedade tem amplo direito de se 
manifestar.
A democracia que conhecemos atualmente é muito diferente daquela vivida em outros momentos 
históricos. Para os gregos, democracia era a participação direta dos cidadãos, que opinavam sobre os 
problemas e destinos da sociedade. Mas lembremo‑nos de que “cidadão” era um conceito muito mais 
restrito do que aquele que temos nos dias de hoje: mulheres, escravos e mesmo os que eram livres, 
mas tinham que trabalhar para sobreviver, como artesãos, não eram considerados cidadãos em Atenas. 
Na atualidade, o conceito de democracia está mais próximo da ideia de liberdade para escolher os 
representantes que vão decidir o que é bom para a sociedade.
É por isso que a democracia, nos estudos que realizamos na atualidade, é classificada em democracia 
direta, semidireta e representativa.
A democracia direta seria aquela exercida pelos cidadãos por meio de manifestações diretas em uma 
assembleia. Evidentemente, isso só seria possível em lugares com pequeno número de habitantes, o 
que na atualidade é inviável, em especial em países como o Brasil. No futuro, contudo, podemos pensar 
que a participação política dos cidadãos poderá ser ampliada em razão dos recursos tecnológicos, que 
permitirão que todos se manifestem por computador, tablet ou mesmo pelo telefone celular.
Em algumas instâncias de governo, essa participação já é possível, como acontece nas consultas 
públicas realizadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, por exemplo, antes de deliberar uma 
medida administrativa para regulação do setor de saúde privada. Essa experiência ainda está restrita 
àqueles que contratam planos ou seguros saúde, mas o amadurecimento dessa vivência poderá nos dar 
subsídios para que, no futuro, o Poder Legislativo, o Poder Executivo e até o Poder Judiciário se organizem 
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para receber a contribuição direta de milhões de brasileiros antes de decidir uma determinada questão 
de maior importância.
A democracia semidireta tem características semelhantes à democracia que vivemos no Brasil na 
atualidade. Nela, o povo se manifesta pelo voto direto para todos os cargos do Legislativo, do Executivo 
e também por instrumentos criados pela lei para opinar em situações específicas.
Um dos instrumentos criados pela lei é o referendum. Segundo Dallari (2010, p. 154) esse instrumento
[...] consiste na consulta à opinião pública para a introdução de uma emenda 
constitucional ou mesmo de uma lei ordinária, quando esta afeta um 
interesse público relevante. [...] Uma peculiaridade importante do referendo 
é que ele consiste numa consulta que se faz à opinião pública depois de 
tomada uma decisão, para que esta seja ou não confirmada.
Outro relevante instrumento da democracia semidireta é o plebiscito. Dallari (2010, p. 154) explica 
que:
O plebiscito é um instituto que tem suas raízes na Roma Antiga e tem 
sido bastante utilizado modernamente, às vezes para obter previamente 
a opinião do povo sobre uma futura iniciativa legislativa em cogitação. 
Outras vezes o plebiscito tem sido utilizado para que se conheça a opinião 
do povo sobre algum ponto fundamental que se pretende alterar na 
política de governo.
Iniciativa popular, veto popular e recall são outros instrumentos que a Constituição dos países 
inclui para permitir a participação semidireta do povo. A iniciativa popular se refere à possibilidade dos 
cidadãos de apresentarem propostas legislativas para serem votadas no Congresso Nacional (Senado 
Federal e Câmara Federal). O veto popular tem semelhança com o referendum, ou seja, é uma consulta 
à população sobre um texto de lei já aprovado no Legislativo para saber se os cidadãos aprovam a lei 
que não entrará em vigor antes da consulta. Já recall, o mais interessante desses instrumentos, é uma 
criação norte‑americana que permite revogar a eleição de um legislador ou funcionário eletivo ou 
reformar a decisão judicial sobre a constitucionalidade de uma lei.
Em todos esses casos, a democracia será classificada como semidireta porque não há participação 
popular pela livre expressão do pensamento, mas situações específicas são levadas ao cidadão para que 
ele manifeste sua aprovação ou discordância.
Por fim, a democracia será representativa quando, segundo Dallari (2010, p. 156):
[...] o povo concede um mandato a alguns cidadãos, para, na condição de 
representantes, externarem a vontade popular e tomarem decisões em seu 
nome, como se o próprio povo estivesse governando.
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Na democracia representativa, o povo vota para escolher representantes que governarão durante 
um determinado período de tempo obedecendo a regras pré‑fixadas pela lei. Assim, ficam garantidos os 
limites de tempo e de atuação. O representante do povo não faz o que deseja, mas apenas aquilo que a 
lei permite que ele faça; também não fica no poder durante o tempo que desejar, mas somente durante 
um intervalo de tempo. Por vezes, poderá se candidatar novamente de imediato (no caso de cargos 
que permitem a reeleição indefinidamente, como os de vereador, deputado estadual, deputado federal 
e senador). Outras vezes, a lei não permite a reeleição (como acontece com o cargo de presidente da 
República no Chile, por exemplo), ou a permite apenas uma vez (como acontece no Brasil, com os cargos 
do Executivo: presidência, governo do estado e prefeito).
A democracia representativa tem sido muito criticada no Brasil, porque os políticos eleitos nem 
sempre agem em consonância com a lei e com o interesse público e, no entanto, isso não necessariamente, 
sempre que devido, acarreta a cassação do mandato (de 4 anos em quase todos os cargos e 8 no caso 
do senado federal).
Bobbio (2000, p. 374) afirma que:
Poderíamos também dizer da seguinte maneira: a democracia de hoje é 
uma democracia representativa às vezes complementada por formas de 
participação popular direta; a democracia dos antigos era uma democracia 
direta, às vezes corrigida pela eleição de algumas magistraturas.
No Brasil, a democracia tem sido muito mais representativa do que direta, até porque a ausência de 
maior interesse da população por política contribui para que não haja pressão popular no sentido de 
que sejam criadas situações de maior participação. A maturidade políticabrasileira poderá, no futuro, 
contribuir para que sejam utilizados com maior frequência os espaços de participação que já existem na 
legislação e que precisam apenas ser colocados em prática.
Exemplo de aplicação
Aproveite para pesquisar na rede mundial de computadores quais foram o último referendum e o 
último plebiscito que ocorreram no Brasil.
2 A REPÚBLICA E O PODER NA IDADE MÉDIA
2.1 República
A palavra república tem origem no latim e significa “aquilo que pertence ao povo”. Em sentido 
lato, significa exatamente “coisa (res) pública”. O sentido mais completo, portanto, é “tudo o que é 
próprio da sociedade, que interessa a ela”, ou ainda, “interesse público”.
A palavra está presente no nome do Brasil, que é República Federativa do Brasil. Portanto, compreender 
o conceito e o sentido de República é fundamental.
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Soares (2008, p. 340‑341) explica:
A república é a forma de governo típica da coletividade, em que o poder e 
o exercício da soberania são atribuídos não mais a uma pessoa física, mas 
ao povo.
[...]
A república, no entendimento de Canotilho (1998, p. 271 et seq.), significa 
uma comunidade política, isto é, uma unidade coletiva de indivíduos que 
se autodetermina politicamente através da criação e da manutenção de 
instituições políticas próprias, legitimadas na tomada de decisões e na 
participação dos cidadãos no governo.
[...]
Segundo a teoria republicana, a política é uma dimensão constitutiva da 
formação da vontade democrática e por isso:
• assume a forma de um compromisso ético‑político, referente a uma 
identidade coletiva no seio da comunidade;
• não existe espaço social fora do espaço político, ao traduzir‑se a 
política numa forma de reflexão de interesse público;
• a democracia é, desta forma, a auto‑organização política da 
comunidade no seu conjunto.
É possível compreender, desde o início, que República é uma ideia que se sustenta na coletividade, 
na expressão da vontade do conjunto de pessoas que reside em um determinado território e possui 
objetivos comuns a serem alcançados. Ou seja, o coletivo de pessoas se torna uma comunidade que 
busca garantir seus interesses comuns e, para isso, cria e mantém instituições políticas que possam 
realizar esses interesses.
Essas instituições são compostas por representantes dessa comunidade e devem se limitar a realizar 
aquilo que é de interesse público, aquilo que tenha por princípio efetivar o ideal daquela comunidade.
Dallari (2010, p. 228‑229) nos auxilia a compreender isso quando fornece referências históricas 
sobre a ideia de República:
A república, que é a forma de governo que se opõe à monarquia, tem um 
sentido muito próximo do significado de democracia, uma vez que indica a 
possibilidade de participação do povo no governo.
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[...]
O desenvolvimento da ideia republicana se deu através das lutas contra a 
monarquia absoluta e pela afirmação da soberania popular. Desde o início 
do século XVIII, muitos teóricos e líderes pregavam a abolição da monarquia, 
considerada um mal em si mesma, não lhes parecendo que bastasse limitá‑la 
por qualquer meio. Exemplo bem expressivo dessa opinião são os escritos de 
Jefferson, que chegou a dizer que as sociedades sem governo ainda são 
melhores que as monarquias.
Figura 8 – Thomas Jefferson
Thomas Jefferson foi o terceiro presidente dos Estados Unidos da América do Norte e governou 
entre 1801 e 1809. Foi um dos principais autores da Declaração de Independência, em 1776, e muito 
conhecido pela defesa dos ideais do republicanismo. Para ele, os Estados Unidos deveriam ser a “República 
da Liberdade”, em contraponto ao que acontecia na Inglaterra naquele momento histórico, que era 
governada por uma monarquia tirânica e despótica.
A república surge, portanto, como proposta de governo em contraposição à monarquia. Embora 
tenhamos dito que algumas monarquias, como a inglesa e holandesa, são, até os dias atuais, respeitadas 
e amadas por seus súditos, a história da Humanidade demonstra que grande parte das monarquias foi 
despótica, violenta e cruel com seus súditos, que eram também seus mantenedores, na medida em que 
pagavam impostos para subsidiar os luxos das famílias reais.
O próprio Jefferson (apud DALLARI, 2010, p. 229) declara:
Eu era inimigo ferrenho de monarquias antes de minha vinda à Europa. Sou dez 
mil vezes mais desde que vi o que elas são. Não há, dificilmente, um mal que se 
conheça nestes países, cuja origem não possa ser atribuída a seus reis, nem um 
bem que não derive das pequenas fibras de republicanismo existente entre elas.
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Unidade I
A República, como fruto de construção histórica de vários povos diferentes, se constrói de múltiplas 
formas e com características singulares em cada sociedade, mas alguns atributos essenciais podem ser 
encontrados nas mais diversas experiências republicanas em todo o mundo e compõem o núcleo central 
desse sistema político. São eles:
• Temporariedade – os governantes são eleitos por um determinado período de tempo, denominado 
mandato. Há restrição para eleições sucessivas, ou seja, a reeleição pode até ocorrer, mas não de 
forma indefinida no âmbito do Executivo.
• Eletividade – O chefe do governo é eleito pelo povo, sem qualquer chance de hereditariedade ou 
alguma outra forma que suplante a escolha pelo povo.
• Responsabilidade – o chefe de governo é responsável por seus atos, seja no âmbito político, 
seja no âmbito econômico. Ele deverá prestar contas de suas decisões e poderá ser fiscalizado 
sistematicamente.
Essas características são essenciais para garantir que o governo republicano seja confiável no sentido 
de colocar sempre em primeiro lugar o interesse público. O representante do povo será eleito, terá um 
tempo para governar e será responsável por seus atos mesmo após a finalização do mandato. Sempre 
que for identificado um erro do governante que tenha causado danos ao interesse público, ele será 
responsabilizado e, dependendo da gravidade, poderá ser impedido de voltar a se candidatar a um cargo 
público.
Essa responsabilidade é fundamental para a garantia de que o governante levará mais em conta os 
interesses da sociedade do que seus interesses pessoais ou políticos. Evidente que, para que isso ocorra 
de forma eficiente, os atos praticados deverão ser fiscalizados de maneira constante, por órgãos de 
governo e pela própria população.
Na atualidade, em muitas democracias republicanas, como a que existe no Brasil, por exemplo, existe 
enorme dificuldade para implantar a total transparência dos atos de governo, de forma a permitir que 
os governantes sejam responsabilizados por seus atos.
Essa reflexão nos permite concluir que, embora as características da temporariedade, eletividade 
e responsabilidade sejam essenciais para garantir o espírito republicano, ou seja, a supremacia do 
interesse público, elas não são por si só suficientes para garantir a eficiência do governo. Para isso, é 
necessário que a população participe o máximo possível politicamente para exigir e fiscalizar a atividade 
de seus governantes, porque na república todos os espaços sociais são espaços políticos e comportam 
a participação popular.
Essas ideias fundamentais sobre a república, seu significado e suas características nos permitem 
começar a avaliar de forma mais crítica a república Brasileira e, principalmente, sua capacidade de 
cumprir os objetivos traçados na Constituição Federal.
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Exemplo de aplicação
Pesquise na rede mundial de computadores o Artigo 3º da Constituição Federal, no qual constam os 
objetivos da República Federativa do Brasil:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Texto constitucional promulgado em 5 de 
outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nº 1/92 a 42/2003 e pelas 
Emendas Constitucionais nº 1 a 6/94. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2004. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 6 
mar. 2014.
Depois da leitura, analise se a democracia e a república estão preparadas, neste momento, para dar 
conta dos objetivos delimitados.
2.2 O poder na Idade Média: subordinação da política à religião, ausência 
de Estado soberano e poderes locais
Este título tem por finalidade estudar a forma como o poder político se desenvolveu ao longo do 
período histórico classificado como Idade Média.
O objetivo é analisar como o poder político era organizado, sua ligação estreita com a religião e as 
organizações religiosas e, ainda, como o Estado atrelado ao poder da Igreja deixava de ser soberano e 
exercido em prol dos interesses próprios dos governantes.
Há muita dificuldade em conceituar o que foi a Idade Média, porque esse período histórico foi 
marcado por fases diferentes e, por isso, não há um conceito ou características únicas que possam 
uniformizar o pensamento sobre esse período.
Souto Maior (1976, p. 205) nos ensina:
A expressão Idade Média foi usada pelos humanistas no século XV e XVI para 
designar o período compreendido entre a Antiguidade Clássica e a época de 
profundas modificações que foi o Renascimento.
A Idade Media teve início na Europa com o esfacelamento do Império Romano, após as invasões 
dos bárbaros, no século V. Esse período é comumente caracterizado pela ausência de um poder central, 
pela economia ruralizada, pela supremacia do pensamento da Igreja Católica e pelo enfraquecimento 
da atividade comercial.
José de Souza Teodoro Pereira Júnior (2008, p. 23) ressalta:
[...] após a desagregação do Império Romano no Ocidente, com as invasões 
bárbaras e muçulmanas, a Europa fechou‑se sobre si mesma. Dadas as 
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sucessivas guerras e saques, aliadas ao cerco muçulmano do Mediterrâneo, o 
comércio tornou‑se inviável. Não havia instituições que pudessem substituir 
o antigo Império, de modo que não havia leis ou economia unificada. Em face 
a essa profunda crise, não restou alternativa senão direcionar a economia 
para a agricultura e para a pecuária de subsistência.
Durante esse processo, a Igreja Católica apresentou‑se como a instituição 
mais bem estruturada do período. Após séculos de expansão do Cristianismo, 
a Igreja alcançara respeito e prestígio em boa parte da Europa, tendo, 
inclusive, convertido ao Cristianismo inúmeros chefes bárbaros. Natural, 
portanto, que a reestruturação europeia ocorresse às sombras das catedrais, 
reconfiguração essa que deu início ao denominado período feudal.
De Cicco e Gonzaga (2008, p. 167) explicitam:
O final do Império Romano do Ocidente trouxe um dos períodos mais 
conturbados da história ocidental, quando as tribos bárbaras destruíram 
física e intelectualmente o legado de Roma. Cada chefe de tribo se 
considerava rei ou mesmo imperador, querendo imitar os Césares. As tribos 
germânicas eram muito atrasadas, não constituíam propriamente Estados e 
muitas viviam nômades, no meio da anarquia reinante.
A única instituição que permanecia organizada era a Igreja Católica, a qual 
empreendeu a conversão e civilização dos bárbaros e conseguiu reunir todas 
as nações germânicas sob o comando de Carlos, rei dos francos, que foi 
aclamado imperador romano-cristão e sagrado pelo papa em Roma, no 
Natal de 800. Infelizmente, morto Carlos Magno, seus filhos partilharam o 
imenso império que cobria toda a Europa Ocidental. Começou, então, em 
meio aos ataques dos vikings do norte e sarracenos do sul, o período de 
sobrevivência chamado de feudalismo, em que a descentralização política 
atingiu o máximo grau possível e cada senhor de terra era rei absoluto sobre 
seus vassalos e servos.
Todo o poder político, jurídico, econômico e social se concentrou nos senhores feudais, que eram 
donos das propriedades de terra onde moravam os vassalos, terras onde eram produzidos os alimentos 
e produtos necessários à subsistência. O direito de governar era um privilégio pertencente a todo 
proprietário de um feudo.
Na prática, o regime feudal era um sistema de suserania e vassalagem baseado na concessão e posse 
de feudos. O feudo era um benefício que se tornava hereditário e que normalmente era materializado 
em terras, mas poderia se consubstanciar em algum outro benefício, por exemplo, o direito de cobrar 
tributos em uma ponte, de cunhar moedas, de criar um mercado de troca de mercadorias ou de obter 
algum outro tipo de forma de subsistência.
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O suserano era o doador do feudo e o vassalo, que podia ser um nobre ou um cavaleiro, era quem 
recebia o feudo e poderia transmiti‑lo por herança para seus descendentes.
O direito de governar era exercido como um direito de propriedade. A relação entre o suserano e seus 
vassalos era uma relação contratual que previa obrigações recíprocas. Em troca da proteção econômica e 
social que recebiam, os vassalos obedeciam ao suserano e serviam a ele com lealdade, pagando tributos 
em razão dos serviços por ele prestados.
A propriedade rural senhorial era o principal polo econômico do sistema feudal. O sistema de campo 
aberto era utilizado para que todos os camponeses trabalhassem em regime de cooperação, até porque, 
sozinhos, dificilmente tinham a quantidade necessária de gado para arar a terra.
Em troca da doação dos lotes de terra pelo suserano, o vassalo fazia um juramento de fidelidade e, 
em consequência, prestava a seu senhor vários serviços, principalmente para participar de seu exército 
e defendê‑lo de ataques.
Existiam valores de honra e lealdade entre senhores e vassalos. O juramento de fidelidade era a 
maior prova desse compromisso. Por outro lado, possuir um feudo era também possuir obrigações e não 
cumpri‑las poderia significar até a perda do feudo. O senhor feudal tinha obrigações a cumprir tanto 
quanto seus vassalos, mas era, sem dúvida, o poder máximo daquela comunidade.
As leis adotadas nesse período histórico eram humanas e divinas e deveriam ser cumpridas com 
justiça e rigor. Evidentemente, a igreja tinha enorme poder porque a ela cabia dizer o que era a vontade 
de Deus.
O governo feudal tinha traços de um governo de lei e não de homens, ou seja, era uma soberania 
limitada que se opunha à autoridade absoluta. Nenhum governante podia impor sua vontade, porque a 
lei era fruto dos costumes e da autoridade divina.
O vassalo podia até repudiar seu senhor por ato de injustiça ou por negligência na proteção que lhe 
era devida, mas os vassalos também tinham enormes obrigações a cumprir. Estavam entre elas prestar 
serviço militar durante certo número de dias por ano; comparecer ao tribunal para julgar casos entre 
vassalos; e resgatar seu senhor quando ele fosse feito prisioneiro por inimigos.
A concessão de imunidades aos nobres também foi característica do feudalismo, o que provocou o 
surgimento de autoridade pública pelo nobre, que muitas vezes se portava como soberano independente 
que se submetia à vontade do rei de modo apenas formal.
O feudalismo não foi igual em todosos países da Europa ocidental. As características universais 
foram próprias da França; em países como a Itália e a Alemanha, foram outras as formas de feudalismo.
A influência da Igreja foi maior na primeira fase da Idade Média, que se seguiu à queda do Império 
Romano.
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Nesse sentido, Burns (1973, p. 353) nos ensina:
Temos salientado mais de uma vez que a civilização da Europa Ocidental, 
entre 800 e 1300, foi profundamente diversa da que existiu no começo do 
período medieval. Em nenhum setor o contrataste foi mais flagrante do que 
na esfera religiosa e intelectual. A atitude religiosa e intelectual da primeira 
fase da Idade Média era produto de uma época de transição e de um enorme 
caos. A estrutura política e social romana se desintegrara e ainda não 
emergira um novo regime para substituí‑la. Daí o ter‑se o pensamento dessa 
época orientado diretamente para o pessimismo e para as preocupações 
extraterrenas. Naquelas condições de barbarismo e de decadência, não 
parecia haver muita esperança para o futuro terreno do homem, nem muitos 
motivos para confiar nos poderes do espírito. Mas, depois do século IX, essas 
atitudes pouco a pouco deram lugar a sentimentos mais otimistas e a um 
interesse crescente pelas coisas terrenas. As causas originais relacionavam‑se 
diretamente com o progresso da educação monástica, com o aparecimento 
de um governo mais estável e com o aumento de segurança econômica. 
Mais tarde, outros fatores, como a influência das civilizações sarracena e 
bizantina e a prosperidade das cidades e vilas, levaram a cultura da época 
feudal a um apogeu magnífico de realizações intelectuais, no séculos XII 
e XIII. Ao mesmo tempo, a religião tomou um aspecto menos abstrato e 
se transformou numa instituição mais profundamente preocupada com os 
assuntos dessa vida.
O final do feudalismo foi resultante de vários fatores, entre eles: a volta do comércio com o Oriente 
próximo, o desenvolvimento das cidades pela procura de produtos agrícolas, a expansão do comércio e 
da indústria e o surgimento de empregos, a abertura de novas terras para trabalho de cultivo (em troca 
do qual os camponeses teriam liberdade), o surgimento de exércitos profissionais e o fortalecimento das 
monarquias nacionais.
Como podemos perceber, não existiu uma única Idade Média, mas sim um período que ficou 
historicamente conhecido por esse nome e que teve diferentes formas ao longo dos anos, desde um 
momento mais tormentoso, em que o Homem não acreditava em esperança em razão do grande 
desequilíbrio político, econômico e social que o fim do Império Romano provocara naquela região da 
Europa, até uma fase mais pujante, em que retornaram as atividades comerciais, houve maior segurança 
política e social e o Homem se nutriu de maiores esperanças em relação a seu futuro na Terra.
De todo modo, dos diferentes períodos que existiram durante a Idade Média, um traço podemos 
considerar como distintivo: o poder da Igreja, que se mostrou, por vezes, bastante despótico e rígido, 
ainda que supostamente amparado em valores de justiça e nos ditames de Deus.
Também é uma característica desse período histórico a ausência de um poder central, caracterizado 
como temos atualmente no Estado, a irradiar suas determinações para serem cumpridas por todos. 
Embora o poder durante a Idade Média tivesse limites porque era fundamentado em leis, não era 
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central, mas sim atomizado, porque irradiava de múltiplos lugares e atingia aqueles que estavam sob 
determinado domínio territorial.
Não existiu um Estado soberano, um poder central, mas isso não significa que não houvesse 
organização e limites legais para governar.
O que podemos destacar, ainda, é que a interpretação das melhores práticas de governo feita pela 
Igreja com base nas Escrituras era interpretativa. Em outras palavras, o clero interpretava a vontade de 
Deus e a transmitia ao rei e aos senhores feudais que governavam e essa interpretação, com certeza, 
era a que melhor se adequava a seus próprios interesses pessoais de manutenção do poder que haviam 
conquistado nesse período histórico.
A participação do povo inexistia, estava limitada ao cumprimento das ordens e, no máximo, à 
exigência de segurança e alimentação daqueles a quem prestavam serviços na condição de vassalos. 
Mas a definição de regras de governo e de prioridades de organização não era assunto de vassalos, 
a discussão política era destinada apenas àqueles que tinham poder e definiam com exclusividade as 
formas de exercê‑lo.
Dois pensadores políticos são importantes no período da Idade Média: São Tomás de Aquino e John 
de Salisbury.
Figura 9 – Vitral retratando a imagem de São Tomás de Aquino
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O primeiro deles, São Tomás de Aquino, que é mais conhecido de todos nós, era um dominicano 
italiano, nascido em 1225 e falecido em 1274, que escreveu a importante obra denominada Do Governo 
dos Príncipes, na qual defendia que a monarquia era a melhor forma de governo, desde que não fosse 
absolutista como a dos césares romanos e sim limitada pelo poder da Igreja, da corte dos nobres, das 
universidades e também das corporações de ofícios dos artesãos.
As leis para limitar o poder do rei deveriam ser leis emanadas do poder legislativo do Estado, 
do poder natural, ou seja, da razão dos homens e também das leis divinas. Essas últimas, na 
concepção de São Tomás de Aquino, deveriam ser as mais importantes, hierarquicamente 
superiores às demais.
O outro pensador importante desse período foi John de Salisbury.
Figura 10 – John de Salisbury
John de Salisbury nasceu na Inglaterra entre 1115 e 1120 e faleceu na França, em 1180. O pensador 
ocupou importantes cargos na hierarquia da Igreja Católica ao longo de sua vida.
Destacou‑se pelo pensamento construído em sua obra Policraticus, na qual defendeu a 
limitação de poderes do rei, por meio de leis. Ele construiu uma interessante analogia entre o 
funcionamento correto da sociedade e os órgãos do corpo humano para demonstrar que o melhor 
funcionamento para um grupo social seria aquele em que cada parte tivesse uma função e a 
exercesse com eficiência. Assim, os pés seriam os trabalhadores, as mãos os combatentes, a alma 
a Igreja, o coração o conselho, de modo que todos tivessem sua função e importância. O rei não 
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podia pretender ser mais importante que todos que compunham a sociedade e, exatamente por 
isso, deveria governar sob o império das leis.
Foram as ideias de John de Salisbury que serviram de inspiração para a elaboração do documento 
denominado Magna Carta, datado de 1215, que, até a atualidade, é considerado o precursor dos direitos 
humanos de primeira dimensão, aqueles direitos que restringem o poder do rei e o obrigam a respeitar 
a vida e a liberdade dos súditos. São os chamados direitos do cidadão contra o Estado autoritário, ou, 
mais modernamente, direitos civis e políticos.
Outros pensadores também se destacaram nesse período e Miguel Reale, importante jurista brasileiro, 
chamou a Idade Média de: “[...] Idade inicial, da qual brotaram variadas formas de organização e de 
pensamento político” (apud DE CICCO; GONZAGA, 2008, p. 169).
Exemplo de aplicação
Os historiadores dividem a Idade Média em vários períodos. Pesquise em livros de História Geral as 
diferentes fases que são incluídas como Idade Média.

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