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MAPAS MENTAIS Enriquecendo Inteligências Manual de aprendizagem e desenvolvimento de inteligências: captação, seleção, organização, síntese, criação e gerenciamento de conhecimentos Walther Hermann & Viviani Bovo 2005 2a Edição Capa: Kellyn Yuri Teruya, Gilson da Silva Domingues e Pietro Teruya Domingues Editoração e fotolitos: Join Bureau Impressão: Art Color Mapas mentais: Walther Hermann e Viviani Bovo Ilustrações: Viviani Bovo, Rafael Bovo, Anderson Freitas dos Passos e Bruna Meirelles Foto: Rafael Bovo (2a capa) Revisões: 1a revisão: Cleide Vieira de Queiroz Cabral 2a revisão: Hebe Ester Lucas 3a revisão: Danae Stephan Elaboração e edição: Walther Hermann e Viviani Bovo Direitos reservados: Walther Hermann e Viviani Bovo 2a Edição Hermann, Walther Mapas mentais : enriquecendo inteligências : captação, seleção, or- ganização, síntese, criação e gerenciamento de informação / Walther Hermann, Viviani Bovo. – Campinas, SP, 2005. ISBN: 85-87778-07-2 1. Aprendizagem 2. Psicologia da aprendizagem I. Hermann, Walther. II. Título. 05-4079 CDD-370.1523 Índice para catálogo sistemático: 1. Mapas mentais : aprendizagem : Psicologia educacional 370.1523 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índice Abertura Prefácio da Segunda Edição .............................................................. IX Prólogo ................................................................................................ XIII Dedicatória .......................................................................................... XV Primeira Parte – Fundamentos Introdução .......................................................................................... 3 Aprendendo a Aprender ................................................................... 21 Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos ................................... 79 Segunda Parte – Desenvolvendo Habilidades Memorização ...................................................................................... 109 Comparação, Classificação, Analogias e Metáforas ...................... 147 Ordenação e Hierarquia de Informações ....................................... 165 Refinando sua Capacidade de Síntese ............................................. 189 Ilustrações ........................................................................................... 213 Resgatando sua Criatividade ............................................................ 237 Mapas Mentais – Elaboração ........................................................... 265 Índice • VII Terceira Parte – Conteúdos Complementares Apêndice 1 – Para Pais, Educadores e Professores ......................... 303 Apêndice 2 – Elaborar Mapas Mentais: Melhor à Mão ou em Software? .............................. 313 Apêndice 3 – Programa de Enriquecimento Instrumental .......... 323 Apêndice 4 – Inteligências Múltiplas .............................................. 333 Apêndice 5 – Autocinética – Focalizando sua Mente .................. 337 Conclusão ................................................................................................... 345 Encerramento Bibliografia ......................................................................................... XVII Links úteis na Internet ...................................................................... XX Sobre os autores ................................................................................. XXI Atividades do IDPH .......................................................................... XXVI Obs.: Para compreender melhor como ler este livro fora da ordem seqüencial, consulte previamente o fluxograma da página 83. Primeira Parte Fundamentos Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos Agora que você já está um pouco familiarizado com os mapas mentais, vamos tratar mais detalhadamente desse assunto: Mapa Mental é essen- cialmente um diagrama hierarquizado de informações, no qual podemos fa- cilmente identificar as relações e os vínculos entre os dados. Neste capítulo, vamos repetir algumas idéias já propostas, não somente porque são muito importantes, mas também para permitir que a leitura desta seção possa ser fei- ta fora da ordem seqüencial do livro. Assim, durante a revisão de alguns con- ceitos, apelos e evidências, você poderá fixar melhor esses princípios. Há diferentes formas de mapear ou registrar graficamente as informa- ções, desde as menos estruturadas, como os mapas ou aglomerados (cachos) de idéias e informações (Clustering), até as mais complexas, tais como os flu- xogramas. Veja a seguir alguns exemplos. A primeira ilustração é do Clustering (cachos). 80 • MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos • 81 Um outro método gráfico de registro de informações são os mapas de memória, nos quais é possível representar uma seqüência de operações. No exemplo de mapa mnemônico abaixo, descrevemos o roteiro da Estratégia de Aprendizagem de Línguas Estrangeiras, conforme proposto pelo método OLeLaS apresentado no livro Domesticando o Dragão. 82 • MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências Outra possibilidade é a paisagem mental, como no exemplo abaixo, que apresenta um resumo do livro O Pequeno Príncipe. Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos • 83 Um sistema mais organizado, conforme mencionamos, é composto pe- los fluxogramas abaixo. Eles contêm símbolos e formas determinadas que re- presentam procedimentos, além de opções de tomada de decisão. 84 • MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências O fluxograma é um gráfico que demonstra a seqüência operacional do de- senvolvimento de um processo, o qual pode caracterizar: um trabalho a ser rea- lizado, as definições de tempo de cada etapa, distâncias, quem está realizando o trabalho e como ele flui entre os participantes deste processo. A descrição de cada operação é inserida em uma caixa de texto que, de acordo com o seu forma- to e/ou cor, indica o tipo de procedimento. Isso permite ao leitor obter uma vista panorâmica do processo e compreendê-lo globalmente, inclusive as to- madas de decisão necessárias ao se percorrer o fluxo das atividades. Há também os mapas conceituais. Eles podem conter mais de um centro e as relações podem ser expressas por linguagem, de acordo com a necessida- de. Esse método possui grande flexibilidade de expressão, sendo que as pró- prias técnicas de anotação dependerão do conteúdo a ser tratado. Adaptação feita de IMS/SOLS Teaching Assistant Orientation, 1992. Os Diagramas de Ishikawa, originários de metodologias de gestão da qualidade (Qualidade Total, Six Sigma etc.), também conhecidos como Espi- nha de Peixe, constituem uma “ferramenta” de solução de problemas bastante eficaz. Observando-os com cuidado, podemos notar uma grande semelhança estrutural com os mapas mentais, embora graficamente a disposição das in- formações não irradiem de um centro nem se usem cores, símbolos ou ilus- trações. Veja a seguir um exemplo que pretende comparar as diversas formas de registro gráfico de informações: Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos • 85 86 • MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências E, por fim, em nossa apresentação, há os mapas mentais. O exemplo a seguir mostra os objetivos desta seção: Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos • 87 Comecemos então por uma avaliação bastante simples para que você possa concluir por si mesmo o valor deste método. Desejamos que você jul- gue qual das duas formas de registro de informações oferece mais informação com menos ocupação de espaço e de forma mais simples. Vamos apresentar a seguir uma descrição por itens e tópicos, das mesmas informações disponíveis nomapa imediatamente anterior (por uma questão de praticidade, utiliza- mos apenas as palavras-chave, sem completá-las com frases inteiras e estrutu- radas). Compare as duas formas de apresentação das mesmas informações; qual delas parece conter informações mais acessíveis? Objetivos deste livro 1. CONHECER 1.1 Mapas Mentais 1.1.1 Origem 1.1.2 Aplicações 2. APRENDER 2.1 Funcionamento 2.2 Aplicações 2.2.1 Estudos 2.2.2 Pessoal 2.2.3 Profissional 2.3 Exemplos 3. ESTIMULAR 3.1 Criatividade 3.2 Memorização 3.3 Organização de Informações 3.3.1 Registro 3.3.2 Classificação 3.3.3 Hierarquia 4. DESENVOLVER 4.1 Inteligência 4.2 “Ferramentas” Cognitivas 4.3 Substituir Velhos Paradigmas 4.4 Superar Bloqueios 88 • MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências 5. APRIMORAR 5.1 Gerenciamento 5.1.1 Dados 5.1.2 Informações 5.1.3 Tempo 5.2 Habilidade 5.2.1 Síntese 5.2.2 Estratégias 5.2.2.1 Anotação 5.2.2.2 Pensamento 5.3 Competências de Aprendizado 5.3.1 mais 5.3.1.1 Flexibilidade 5.3.1.2 Eficácia 5.3.1.3 Velocidade 5.3.2 menos esforço Cremos que seja desnecessário repetir tais informações num texto em forma de prosa para que você faça ainda mais uma comparação, pois tais idéias já foram exploradas anteriormente e ainda serão esmiuçadas adiante. Se você desejar, pode agora experimentar elaborar um texto fluente com as idéias contidas neste mesmo mapa. Evidentemente, os mapas mentais não contêm todas as informações de um texto corrido, mas servem para nos fazer lem- brar o encadeamento das informações ou servem como “esqueletos” para a construção de textos. Vamos supor que você deseje montar um quebra-cabeça daqueles que possuem 2 mil, 3 mil ou 5 mil peças (ou mesmo de mil peças, se for um iniciante nesse hobby). Que resultados você imagina obter se não lhe for mos- trada a imagem que deverá montar? Pois bem, a imagem ou paisagem a ser montada funciona como um guia para que você possa orientar-se melhor durante a brincadeira. Assim como o guia de ruas e avenidas que compramos para economizar tempo e dinheiro quando estamos procurando um novo local, ou como um mapa da cidade, do estado ou do país, que nos permite localizar aquilo que desejamos, os mapas mentais oferecem uma visão global de extremo valor para que possamos transitar mais facilmente através das informações – eles não con- têm todas as informações, mas possuem as mais importantes. Eles também nos oferecem uma imagem que utilizamos para compreender as informações de forma simples e rápida, revelando algumas de suas relações e sua hierarquia. Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos • 89 Além disso, as principais ruas e avenidas de uma cidade também são vias de ligação entre locais, tais como as linhas e sinalizações de um mapa mental servem para relacionar conhecimentos. Se mencionarmos algo sobre a dinâ- mica de nossa memória, será mais fácil compreender a importância desses vínculos: quando estamos entre amigos contando piadas, cada nova piada nos faz lembrar de outras, e assim o divertimento continua. Se alguém muda de assunto para contar uma tragédia qualquer, então cada um dos amigos terá um caso para contar, como se nossa memória fosse estruturada em “cachos” (pastas ou diretórios) e cada conteúdo fosse uma das “uvas” (os arquivos) – uma informação pode ativar um grupo de memórias semelhantes ou relacionadas de alguma forma. Por exemplo, quando adolescente fiz minha primeira viagem aos EUA em uma excursão. Durante a viagem, um frasco inteiro de colônia vazou em minha mala. Ainda hoje, mais de 30 anos depois, quando sinto aquele perfu- me, lembro-me imediatamente daquela viagem. Adiante vamos tratar breve- mente do desenvolvimento da memória. Ela nos interessa muito, pois os mapas mentais constituem-se numa ferramenta muito eficaz para organizá-la e desenvolvê-la. Além disso eles parecem ser excelentes analogias para descre- ver a estrutura associativa da memória. Alguns dos mais modernos modelos de explicação do funcionamento da memória em nosso cérebro evocam as ligações elétricas e neuroquímicas (sinapses) entre os axônios e os dendritos (terminações nervosas dos neurônios, células nervosas do nosso cérebro). Utilizando um pouco sua imaginação, quan- do você vir uma foto de um grupo de neurônios, poderá facilmente lembrar-se de um conjunto intrincado de mapas mentais, pois é assim que se parecem. Sobre a memória, podemos facilmente recordar uma época em que ter conhecimento ou cultura significava ter a habilidade de memorizar fatos e informações, dos mais diversos, e repeti-los sempre que nos fosse solicitado – havia uma grande ênfase no armazenamento do conteúdo. Porém, no mundo em que vivemos, há uma enorme quantidade de informações sendo produzi- da e sendo descartada a cada segundo: não haveria nem tempo para obter- mos todas elas e, caso houvesse, seriam pouco significativas, pois muito rapidamente elas já teriam se tornado desatualizadas. Dessa forma, atualmente temos nossa memória armazenada em compu- tadores, agendas eletrônicas, livros etc. Já não é mais tão importante ter in- formações – o mais valioso no presente é saber onde encontrá-las atualizadas. Assim, podemos nos concentrar em realizar aquelas atividades e tarefas que as máquinas não podem fazer: criar, intuir e planejar, além de desenvolver o sen- so crítico, a percepção e a sensibilidade para processarmos os conhecimentos. 90 • MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências Tendo em conta tal cenário, o método de anotações chamado de mapea- mento mental pode ser um valioso recurso no gerenciamento de informações. Sugere-se que os mapas sejam elaborados em folhas de papel deitadas (na disposição de paisagem), com algumas canetas coloridas e um pouco de tem- po e imaginação, ou com o auxílio de um computador (veja no Apêndice 2 mais informações sobre softwares para elaboração de mapas mentais) – como foi feito em vários dos mapas apresentados neste livro. O valor de tal “ferramenta” pode ser avaliado mais uma vez, caso você se lembre das últimas vezes em que tentou anotar informações em uma palestra ou seminário. Em várias dessas ocasiões, o esforço de tomar notas do que é dito nos priva da lucidez de processar as informações e de despertar dúvidas, especialmente quando o palestrante fala rapidamente. E depois disso, quantas vezes você recorreu às suas anotações? É uma tarefa um tanto cansativa e pouco produtiva principalmente porque, ao revermos nossas anotações, descobri- As setas indicam o sentido da propagação do impulso nervoso. Dendrito curto Axônio Corpo celular Terminações do axônio Axônio longo Dendrito longo Axônio curto Dendrito Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos • 91 mos que muitas podem não fazer sentido algum, da forma como foram ano- tadas. Os mapas mentais podem ser muito úteis para essas ocasiões em que temos que anotar muitas informações rapidamente. Também podem ser muito úteis para o caso da elaboração de relatórios, aulas, palestras, planejamentos de negociações, agenda etc. Basicamente, em quaisquer situações nas quais as informações possam ser referenciadas pelas suas palavras-chave, desenhos, diagramas ou símbolos. Mapa Mental é um valioso sistema de expressão escrita: rápido, eficaz e divertido – muito útil para registrar informações nos casos de anotações de aulas ou de idéias que fluem em grande quantidade, velozmente, como no processo criativo, e que podem ser perdidas no esquecimento caso tentemos registrá-las em um texto seqüencial. Enfim, os Mapas Mentais constituem-se numa poderosa técnica de registro visual e conceitual de informações e podem ser elaborados por qualquer pessoa, em praticamente qualquer idade. Evidentemente, caso você considere o uso de ilustrações em seus mapas, certamente sua elaboração poderá parecer muito mais demorada do que se simplesmente utilizar a linguagem verbalescrita. Afinal de contas, ela foi cons- truída para substituir a escrita pictográfica e a ideográfica (a forma de escrita pictográfica é observada em culturas que utilizavam ilustrações para repre- sentar informações, como pinturas na pedra; a escrita ideográfica, mais adi- antada, utilizava símbolos e desenhos para representar idéias abstratas e fatos). No caso do uso desses recursos mais demorados, devemos considerar que eles podem ser preteridos em condições de anotação rápida e resgatados nos momentos mais oportunos em que reconstruímos nossos diagramas com a finalidade de organizarmos, processarmos, sintetizarmos e memorizarmos seus conteúdos, pois o uso desses recursos permite uma fixação mais sólida e du- radoura dos conhecimentos na memória. Além disso, você já deve ter notado como as formas lineares de redação de textos muitas vezes obscurecem a visão global e a importância de algumas informações, que ficam perdidas num mundo de palavras. Também não esti- mulam o estabelecimento de novas conexões e descobertas, exceto aquelas reveladas no próprio texto. Sem a percepção geral, muitas vezes não conse- guimos distinguir o que é relevante das informações acessórias. É o caso típico daquelas pessoas cujas mensagens importantes contêm uma quantidade muito grande de informações supérfluas. Quem não conhece alguém que, quando deseja dizer algo muito importante, perde-se nos detalhes, expres- sando-se de forma confusa e obscura e não consegue ser simples e objetivo? De fato, esta seção não contém muitas novidades, comparando-se com o que já foi visto, porém servirá para mostrar em detalhes alguns recursos e 92 • MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências qualidades dos mapas mentais que possam ter passado despercebidos. Por mais complexo que seja o conjunto de informações abordado na construção de um mapa, como no exemplo a seguir, os procedimentos para sua organização são bastante simples. Outra característica interessante dessa “ferramenta” é que ela pode ser elaborada por várias pessoas conjuntamente, desde que os símbolos, códigos e palavras-chave sejam de conhecimento de todos. Pois, em geral, os mapas mentais são diagramas de uso pessoal, já que contêm símbolos e informações dispostos na ordem e hierarquia que o usuário faz deles, exceto quando sua arquitetura é previamente comunicada – como no caso dos mapas em forma de resumo que incluímos neste livro. Pessoas diferentes podem selecionar in- formações diferentes e organizá-las de formas diversas, a partir de sua com- preensão e encadeamento de memória. Não obstante, essa forma de anotação parece ser muito mais familiar e natural para uma criança, principalmente quando ela ainda não foi adestra- da nos formatos lineares de disposição das informações em textos. A utiliza- ção de palavras-chave e de recursos de vinculação de informações torna os mapas mentais mais simples, mais claros e mais práticos, principalmente para quem ainda não domina bem a sintaxe da linguagem de textos e a habilidade de interpretá-los. Nesse caso, eles também são importantes aliados na educação especial, como no caso de disléxicos, surdos ou portadores de desabilidades. De fato, a menor quantidade de regras de sintaxe do método de mapea- mento mental proporciona muito mais liberdade para criar, recriar ou adap- Um manual técnico da Boeing Aircraft que foi condensado em um mapa mental de aproximadamente oito metros de comprimento possibilitou uma economia de mais de 10 milhões de dólares e várias semanas de dedicação e estudo no treinamento de novos engenheiros, segundo divulgado no livro The Mind Map Book. Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos • 93 tar informações, além de induzir à descoberta de novas relações entre os da- dos aparentes e à identificação de novas informações ou de permitir reinserções em categorias mais gerais. As únicas regras, que mais se parecem com dicas e sugestões, são: 1) O uso de um conceito central, que possa preferencialmente ser tam- bém representado por uma ilustração ou imagem. 2) A utilização da menor quantidade possível de palavras, restringindo- se, de preferência, às palavras-chave (escritas na horizontal, para faci- litar a leitura), símbolos, códigos ou ilustrações, todos ligados por linhas de vinculação de informações, de acordo com sua relação. 3) O uso de cores, realces, caixas de texto, setas, agrupamentos de informações e mesmo espaços vazios, especialmente em áreas que possam receber posteriormente mais informações devido à sua importância. 4) O aproveitamento do espaço visual para estruturar melhor a com- preensão das idéias e sua importância, de modo que informações mais gerais estejam mais próximas do centro do mapa e os detalhes sejam apresentados à medida que caminhamos para a periferia dele. De um modo geral, conforme comentamos, essas sugestões constituem- se num conjunto de regras observadas como sendo os procedimentos mais comuns utilizados por pessoas com extraordinário desempenho de aprendi- zagem e retenção de conhecimentos. Muitas delas descobriram tais métodos ao acaso, ou identificando quais eram as ações de melhores resultados, tais como o uso de esquemas, diagramas, indicações etc. A pesquisa e a organiza- ção desse conjunto de estratégias foram empreendidas por Tony Buzan, um dos mais conhecidos pesquisadores do assunto. Não obstante, há alguns outros métodos, criados por outros autores, cuja natureza é bastante semelhante às propostas de Tony Buzan. Colin Rose apresentou em seu livro Accelerated Learning um modelo chamado de “Mapas de Memória”, que funciona como roteiros ilustrados de informações seqüen- ciadas (pág. 81). Michael Gelb, americano, palestrante e autor de vários li- vros, desenvolveu uma forma de ensinar o mapeamento mental, sendo pioneiro na utilização dos mapas mentais como um instrumento para o de- senvolvimento da inteligência e de estratégias de pensamento. Entre as várias habilidades que constituem as nossas inteligências (veja o Apêndice 4 (pág. 333) sobre Inteligências Múltiplas, segundo Howard Gardner), o mapeamento de informações desenvolve uma flexibilidade de 94 • MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências raciocínio que proporciona aos seus usuários uma grande agilidade no deta- lhamento e na generalização de informações. As habilidades exercitadas nos mapas mentais contêm essencialmente cinco dos 14 instrumentos de desenvolvimento cognitivo do Programa de En- riquecimento Instrumental (PEI), criado pelo romeno radicado em Israel Dr. Reuven Feuerstein: comparação, classificação, percepção analítica, relações transitivas e ilustrações – veja mais detalhes sobre o PEI no Apêndice 3 (pág. 323). No passado, a aplicabilidade do PEI foi avaliada com o uso de sistemas psicométricos já obsoletos e testes de Quociente de Inteligência (QI) que, ain- da assim, puderam diagnosticar um aumento de até 15 pontos no QI dos can- didatos, após sua aplicação. Tratando do desenvolvimento dessas habilidades cognitivas, uma das quais é também conhecida como pensamento radial (que se assemelha a um sistema de busca de vínculos entre grupos de informações armazenados em nossa memória, mecanismo valioso no uso da criatividade de segunda ordem – aquela cujo processo criativo é elaborado a partir de distorções de conhe- cimentos prévios ou re-contextualizações de estruturas observadas em outros campos do conhecimento), é evidente que o uso dos mapas mentais auxiliará no desenvolvimento dessas competências de forma lenta e gradativa, enquan- to alteramos nossas estratégias de anotação e organização do pensamento. Isto é, enquanto o mapeamento é uma “ferramenta” veloz de registro de informações (pois abrevia significativamente os textos ao utilizar-se apenas das palavras-chave, símbolos e sistemas gráficos de vinculação de informa- ções – lembre-se da constatação de que 80% da informaçãoútil está registra- da em apenas 20% das palavras de um texto em prosa), constitui-se num mecanismo lento e gradual de desenvolvimento cognitivo, porém poderoso, simples e natural. Assim, será tanto melhor quanto for exercitado desde a mais tenra idade, de modo que seja percebido, desde o início, como uma estratégia complementar na organização e na estruturação do pensamento. Portanto, considerando o que expusemos até agora sobre as descobertas da ciência a respeito das especialidades do processamento cerebral, os mapas mentais apresentam-se como uma das melhores “ferramentas” para manipu- lar informações (anotação e organização de pensamento), à medida que in- duzem o processamento coordenado de ambos os hemisférios cerebrais, isto é, além de utilizarmos palavras, números, ordenações, cronologia (seqüencia- mento no tempo), seqüências e linhas, tudo em preto e branco, incluímos e associamos cores, imagens, ilustrações, dimensões e símbolos, referências glo- bais e simultâneas. Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos • 95 Aplicações A natureza dos mapas mentais, conforme já dissemos, está intimamente relacionada com as funções e operações da mente de encadear, relacionar, comparar, classificar etc., ou seja, processar, de uma forma geral, as informa- ções coletadas tanto do universo exterior (objetivas) quanto do interior (sub- jetivas). Dessa forma, o mapeamento mental pode ser utilizado em quase todas as atividades nas quais o pensamento, a memória, o planejamento e a criati- vidade estejam envolvidos. Vamos agora relacionar algumas das principais situações em que os mapas mentais podem ser utilizados, com seus benefícios e sua simplicidade: ❑ Telefonemas, registrando assuntos, detalhes, datas e acompanha- mentos, pois é freqüente que pessoas que recebem ligações solicitan- do providências para três assuntos diferentes esqueçam-se de um ou dois, ou pelo menos de algum detalhe. ❑ Entrevistas de candidatos, dividindo a parte acadêmica com cores frias e a parte da personalidade e das atitudes com cores quentes, e ainda elaborando/registrando o roteiro das perguntas a serem feitas. ❑ Análise de contratos: separando por cláusula os assuntos a serem discutidos ou separando o que é negociável do que não é negociável ou é desnecessário. ❑ Perfil de clientes: tempo de relacionamento com detalhes importan- tes para mostrar que você conhece e se lembra bem do cliente, como 96 • MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos • 97 eventos importantes relatados por ele, nomes de esposa ou filhos, datas de comemorações, preferências. O cliente se sentirá extrema- mente diferenciado e importante se, após um ano sem encontrá-lo, você se lembrar do nome de seus filhos, de sua comida favorita ou bebida predileta. ❑ Resumo de livros: dividido em três passos. O primeiro é folhear o livro procurando o índice, letras em itálico, tópicos principais, negritos, fotos, desenhos ou gravuras; isso deve levar cerca de 5 mi- nutos. O segundo passo é montar o mapa mental com os capítulos ou divisões do índice nos troncos principais e as seções e subseções nas ramificações (ramos). O terceiro passo é ler o livro e completar o mapa com os detalhes que você considerar relevantes, de acordo com os seus objetivos prévios da leitura. ❑ Brain storming: é uma estratégia muito utilizada para a criação de novas idéias; nesse caso, os mapas mentais funcionam simplesmente para anotar as idéias livremente numa primeira etapa. A seguir, pode-se refazer o mapa agrupando idéias semelhantes em categorias, no caso de algumas dessas idéias serem subcategorias de outras, uti- lizando-se o recurso de hierarquização de informações próprio dos mapas mentais (raiz, troncos, galhos, ramos e folhas). ❑ Reuniões: para fazer uma pauta ou a ata, um plano de ação, ou ainda, durante uma negociação, para trocar informações confidenciais com al- gum outro membro da própria equipe (caso no qual se combina, previamente, um código de comunicação utilizando-se diferentes co- res de canetas com os colegas; por exemplo, utilizar a cor verde para indicar a opinião de uma negociação boa e a cor azul para sinalizar que a negociação não está se encaminhando conforme o esperado). Podemos ainda incluir uma lista bem mais detalhada, que abarque muito mais situações nas quais os mapas mentais podem ser úteis; entretanto, se ava- liarmos os contextos anteriores como se fossem categorias, poderemos genera- lizar o uso dos mapas para todas aquelas classes de atividades. Ao utilizarmos os itens anteriores para construir o mapa seguinte, observe que a inclusão de muitas informações em um único mapa pode congestioná-lo, tornando-o me- nos interessante. Por outro lado, enquanto recurso de resgate de informações, talvez seja conveniente incluirmos mais conteúdo em algumas ocasiões. Essa é uma das limitações do uso dos mapas: eles aceitam o que colocar- mos neles! Logo, caso as idéias, relações e hierarquia não estejam bem defini- das previamente, possivelmente tenhamos que reelaborá-los algumas vezes, 98 • MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências até alcançar o grau de compactação ideal das informações do assunto trata- do. Essa é uma das maiores vantagens do uso de softwares para elaboração de mapas, já que podemos alterá-los e simulá-los quantas vezes forem necessá- rias antes ou depois de utilizá-los. Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos • 99 Benefícios Já comentamos muitas vezes os inúmeros benefícios obtidos com a utili- zação regular dos mapas mentais, por isso, não vamos nos alongar muito nesta seção. De um modo geral, é uma excelente “ferramenta” que complementa nossa linguagem escrita, enriquece nossa expressão criativa e desenvolve mais flexibilidade e recursos mentais. 100 • MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências Outros Exemplos O mapa abaixo é um resumo do livro Domesticando o Dragão – Aprendi- zagem Acelerada de Línguas Estrangeiras. Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos • 101 O mapa seguinte constitui um resumo do livro O Pequeno Príncipe. 102 • MAPAS MENTAIS – Enriquecendo Inteligências A seguir, temos um exemplo escolar bastante simples do estudo de geografia: Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos • 103 Para finalizar esta seção, apresentamos um mapa completo de resumo do que foi aqui tratado:
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