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Ponto 12 - Processo Civil

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PONTO 12
Dos Recursos. Disposições Gerais. Apelação. Agravo. Embargos de Declaração.
Felipe Potrich
TEORIA GERAL DOS RECURSOS.
CONCEITO E NOÇÕES GERAIS. 
Conceito. Os meios de impugnação das decisões judiciais se dividem em: (i) recursos; (ii) ações autônomas de impugnação (demanda que gera um processo novo com objetivo de impugnar uma decisão judicial – ex. ação rescisória, querela nullitatis, reclamação, mandado de segurança contra ato judicial e outros); e (iii) sucedâneos recursais (conceito residual, abrange tudo aquilo que serve para impugnar uma decisão judicial, mas que de recurso ou ação autônoma de impugnação não se trata – ex. reexame necessário, pedido de suspensão de segurança, correição parcial, pedido de reconsideração etc.). Em alguns livros, pode-se encontrar classificação diversa da acima esposada (Fredie Didier). E esta classificação diversa abrange apenas dois grupos: os recursos e as ações autônomas de impugnação (aqui se inserindo os sucedâneos recursais). 
Para Daniel Amorim Assumpção Neves, o conceito de recurso deve ser construído partindo-se de cinco características essenciais a esse meio de impugnação: (a) voluntariedade; (b) expressa previsão em lei federal; (c) desenvolvimento no próprio processo no qual a decisão impugnada foi proferida; (d) manejável pelas partes, terceiros prejudicados e Ministério Público; e (e) com o objetivo de reformar, anular, integrar ou esclarecer decisão judicial. 
Em outras palavras, recurso é meio de impugnação voluntário, previsto em lei, para, no mesmo processo, reformar, invalidar, integrar ou esclarecer uma decisão judicial. (Barbosa Moreira)
Recurso como meio de impugnação voluntário significa que só há recurso mediante provocação do interessado; por conta dessa característica, o reexame necessário não é recurso.
Recurso é meio de impugnação voluntário previsto em lei: a parte não pode criar um recurso. O agravo regimental não seria uma exceção a essa característica, eis que previsto em lei e apenas regulamentado por regimento interno de Tribunal. “No mesmo processo” significa que recurso prolonga a existência de um processo já existente, diferentemente das ações autônomas de impugnação, que geram novo processo. 
Todo o recurso é uma demanda. Logo, todo o recurso tem pedido e causa de pedir. 
	CAUSA DE PEDIR
	PEDIDO
	ERROR IN IUDICANDO (decisão injusta, seja ela processual ou não, de mérito ou não)
	REFORMA
	ERROR IN PROCEDENDO (decisão defeituosa; tem problema formal que compromete a sua validade)
	INVALIDAÇÃO
	OMISSÃO
	INTEGRAÇÃO
	OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO
	ESCLARECIMENTO
Princípios. 
- Duplo Grau: reexame da decisão da causa por juízo de grau hierárquico superior. Trata-se de instrumento apto a minimizar a falibilidade humana e a afastar a figura do juiz despótico. Por outro lado, compromete o princípio da oralidade, a identidade física do juiz, a celeridade processual e o prestígio da primeira instância. Impõe que qualquer decisão judicial, da qual possa resultar algum prejuízo admita a revisão judicial por outro órgão pertencente ao Judiciário. Há exceções, como sentenças proferidas em execuções fiscais de até 50 OTN (embargos infringentes de alçada) e nas ações de competência originária do STF. Por isso é majoritário o entendimento que é princípio constitucional implícito não absoluto, extraído da organização do Poder Judiciário de forma hierarquizada na CF e do inciso LV do art. 5º da CF. 
Argumentos favoráveis: (i) controle da atividade do juiz (Luiz e Tereza Wambier, apud Didier, p. 21); (ii) devido processo constitucional para evitar sofismas e distorções maliciosas (Calmon de Passos, apud Didier, p. 22.), (iii) maior experiência dos juízes de 2ª grau. 
Argumentos desfavoráveis (Marinoni e Arenhart, passim, p.491-498. Didier, passim, p. 23-26): (i) dificuldade de acesso à justiça; (ii) desprestígio da 1ª instância; (iii) quebra de unidade do poder jurisdicional – insegurança; (iv) afastamento da verdade mais próxima da real; (v) inutilidade do procedimento oral; (vi) dificulta a tutela jurisdicional tempestiva e adequada; (vii) a CF não garante o duplo grau. Há previsão expressa no Pacto de São José, art. 8º, “h” “direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior”.
- Taxatividade ou Legalidade: somente pode ser considerado recurso o instrumento de impugnação que estiver expressamente previsto em lei federal como tal (art.22, I, da CF). 
- Singularidade, Unirrecorribilidade ou Unicidade: admite tão somente uma espécie recursal como meio de impugnação de cada decisão judicial como um todo indivisível. Exceções: (i) interposição de recurso especial e recurso extraordinário contra o mesmo acórdão; e (ii) havendo mandado de segurança de competência originária do Tribunal de segundo grau parcialmente acolhido, desse capítulo da decisão caberá recurso especial e/ou recurso extraordinário, enquanto do capítulo denegatório caberá recurso ordinário constitucional. 
- Voluntariedade: condiciona-se a existência de um recurso exclusivamente à vontade da parte; prestigia-se o princípio dispositivo. 	
- Dialeticidade: Delimita a elaboração das contrarrazões e fixa os limites da atuação do Tribunal. O princípio em exame diz com o elemento descritivo do recurso, exigindo do recorrente a exposição da fundamentação recursal (causa de pedir) e do pedido (anulação, reforma, esclarecimento ou integração). 
- Fungibilidade: um recurso indevidamente apresentado pode ser aproveitado como o recurso correto. Ao contrário do CPC de 1939, que previa o princípio da fungibilidade expressamente, o sistema recursal do CPC de 1973 não o contempla; não obstante, o princípio da fungibilidade é plenamente admitido como decorrência da aplicação do art. 244 do CPC�. Requisitos para sua admissão: (i) dúvida fundada/objetiva a respeito do recurso cabível; (ii) inexistência de erro grosseiro; e (iii) tempestividade (o STJ vem sistematicamente aplicando a teoria do prazo menor para se aferir a existência de má-fé na interposição do recurso, apesar da crítica doutrinária; dessa forma, só é aplicado o princípio da fungibilidade quando o recorrente, ao escolher o recurso a ser interposto, o faz no menor prazo). 
- Proibição da reformatio in pejus: não se admite que a situação do recorrente seja piorada em virtude do julgamento de seu próprio recurso. A reformatio in pejus é excepcionalmente admitida na aplicação do efeito translativo (profundidade do efeito devolutivo) dos recursos, por meio do qual fica o tribunal autorizado a conhecer de ofício matéria de ordem pública, limitada à extensão do efeito devolutivo (o poder do tribunal de conhecer matérias de ordem pública de ofício limita-se aos capítulos impugnados pelo recorrente). Apesar de o reexame necessário não ter natureza recursal, aplica-se o princípio da proibição da reformatio in pejus em seu julgamento, não se admitindo piora na situação da Fazenda Pública.
- Complementaridade: a parte recorrente poderá complementar as razões de recurso já interposto sempre que no julgamento dos embargos de declaração interpostos pela parte contrária for criada uma nova sucumbência.
Classificação dos Recursos. 
- Quanto à abrangência da matéria impugnada: (i) recurso total (tem por objeto a integralidade da parcela da decisão que tenha gerado sucumbência à parte recorrente) e (ii) recurso parcial (somente uma parcela da decisão que gerou a sucumbência da parte recorrente é objeto de recurso; a irresignação recai somente sobre parte daquilo que se poderia impugnar). Há, todavia, quem entenda por recurso total aquele que impugna toda a decisão e por recurso parcial aquele que rebate apenas parte dessa decisão. 
- Quanto à fundamentação recursal (causa de pedir): (i) recurso de fundamentação livre (é aquele pelo qual se pode afirmar qualquer causa de pedir – ex. apelação) e (ii) recurso de fundamentação vinculada (o recorrente não está autorizado a alegar qualquermatéria que desejar, estando sua fundamentação vinculada às matérias previstas em lei – recurso especial, recurso extraordinário e embargos de declaração).
- Quanto à independência ou subordinação: (i) recurso independente ou principal (é aquele oferecido pela parte dentro do prazo recursal sem importar a postura adotada pela parte contrária diante da decisão impugnada) e (ii) recurso subordinado ou adesivo (é aquele interposto no prazo de contrarrazões de recurso apresentado pela parte contrária, motivado não pela vontade originária de impugnar a decisão, mas como contraposição ao recurso oferecido pela outra parte). A possibilidade de interposição de recurso adesivo requer a ocorrência de duas circunstâncias, no caso concreto: sucumbência recíproca, de forma que ambas as partes tenham interesse recursal + interposição de recurso na forma principal por somente uma das partes, já que o recurso adesivo é destinado àquele que não pretendia recorrer. 
O STJ entende inaplicável o princípio da fungibilidade para receber recurso principal intempestivo como recurso adesivo. Também não cabe recurso adesivo na hipótese de interposição de recurso principal parcial, não podendo a parte se valer de recurso adesivo para complementar o recurso interposto de forma principal. 	
Efeitos dos recursos
1) Obstativo: efeito de impedir a preclusão temporal (trânsito em julgado), pois o recurso prolonga a litispendência (vida do processo). 
2) Devolutivo: “devolve”/transfere ao órgão ad quem o conhecimento de matérias analisadas no juízo a quo. Dimensões: A) horizontal = extensão = tantun devolutum quanto appellatum (515,caput): o recorrente determina o que o tribunal deverá reexaminar (ficando o Tribunal limitado a esta extensão, sob pena de decidir ultra ou extra petita); “a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada”; B) vertical = profundidade = efeito translativo (515, §§ 1º e 2º): determina quais as questões deverão ser examinadas pelo órgão ad quem para decidir a questão principal do recurso (delimitada pelo recorrente); é automático (independem da vontade do recorrente), mas nos limites daquilo que foi impugnado e, apenas, se o processo estiver “maduro para julgamento”. Sobem: todas as questões já suscitadas no processo + todas as questões de ordem pública, ainda que não suscitadas. Não sobem: questões sobre as quais já se operou a preclusão. “Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.”
Observação 1: “A extensão bitola a profundidade” – sobem com o recurso todas estas questões acima mencionadas, desde que relacionadas ao capítulo impugnado (sobe tudo, de tudo quanto foi impugnado). A profundidade é infinita, mas limitada pela extensão.
Observação 2: Art. 516, CPC (ficam também submetidas ao Tribunal as questões anteriores à sentença ainda não decididas): não se confunde com a profundidade do efeito devolutivo. Trata da devolução ao tribunal de questões (incidentais) anteriores à sentença, que deveriam (por decisão interlocutória), mas ainda não foram decididas. Ex.: impugnação ao valor da causa não decidida; impugnação à AJG não resolvida; pedido de condenação por litigância de má-fé não enfrentado).
Observação 3: Possibilidade de o tribunal conhecer matérias de ordem pública de ofício? A) Recursos ordinários: possível em razão do efeito translativo (mas limitado à extensão do efeito devolutivo, ou seja, à matéria efetivamente impugnada). B) Recursos extraordinários: 1ª) STF, Barbosa Moreira, Nery, Wambier, Medina: inaplicável o efeito translativo, de modo que matérias de ordem pública só podem ser analisadas se prequestionadas; 2ª) STJ, Daniel Neves: o prequestionamento é mero requisito especial de admissibilidade, de modo que o conhecimento do REsp/RExt autoriza a aplicação do efeito translativo, nos limites da matéria devolvida. Didier também observa que, após recebido o recurso (satisfeito o requisito do prequestionamento), a “jurisdição dos STJ/STF se abre”, aí conhece tudo relacionado àquele Ponto impugnado e recebido. ATENÇÃO: STJ/ AgRg EDcl REsp 1304093, 17.05.12: “O entendimento de que é possível conhecer das questões de ordem pública de ofício, ainda que não prequestionadas ou suscitadas, na excepcional hipótese de o recurso especial ter sido conhecido por outros fundamentos, em razão do efeito translativo, foi superado em nova análise pela Corte Especial, que concluiu pela necessidade do requisito do prequestionamento na instância extraordinária. Precedente: AgRg EREsp 999.342/SP,Corte Especial, DJe 01/02/2012”.
3) Suspensivo: prolonga a ineficácia da decisão. A doutrina diz que o que suspende a eficácia não é o recurso, mas a recorribilidade da decisão; de modo que a decisão recorrível por recurso com efeito suspensivo já surge no mundo jurídico ineficaz; por outro lado, a decisão recorrível por recurso sem esse efeito produz efeitos desde logo. 
Obs.: Um recurso pode ter efeito suspensivo por força de lei (ope legis), chamado de efeito suspensivo próprio (suspende automaticamente a decisão – ex.: apelação; efeito ex tunc) ou por decisão judicial (ope iudicis), chamado de efeito suspensivo impróprio (aplica o 558; o recurso não tem efeito suspensivo automático, mas a parte pede que o juiz atribua este efeito ao recurso – ex.: agravo de instrumento; efeito ex nunc).
4) Expansivo: A) Subjetivo (art. 509): possibilidade, excepcional, de o recurso produzir efeitos (aproveitar) outros sujeitos além do recorrente. Ex.: recurso de litisconsorte unitário; recurso de devedor solidário, desde que a defesa seja comum (não seja pessoal). Obs.: Embargos de declaração interrompem o prazo recursal para ambas as partes; B) Objetivo: b1) objetivo interno: decisão atinge capítulos não impugnados, em razão de sua prejudicialidade (= Exemplo: ônus sucumbenciais); b2) objetivo externo: decisão do recurso atinge outros atos processuais que não a decisão recorrida. Ex.: recurso que não têm efeito suspensivo permite a execução provisória, ainda que na pendência de julgamento, logo, reformada ou anulada a decisão, anulada estará a execução provisória; o provimento de agravo contra indeferimento de prova pericial gera a nulidade de eventual sentença de improcedência, pois todo ato posterior dependente do ato anulado será também atingido.
5) Substitutivo (art. 512): o julgamento do recurso, desde que conhecido, substitui a decisão recorrida. A última decisão (sentença ou acórdão de provimento ou improvimento do recurso) é a que poderá ser objeto de rescisória. A decisão de não conhecimento só tem importância para fins de início de contagem do prazo para rescisória. Em todos os outros casos em que o tribunal julgar o mérito do recurso, haverá substituição, mesmo nos casos em que o tribunal mantém a decisão! Se o tribunal nega provimento ao recurso, há substituição. Exceção (não há efeito substitutivo): decisão posterior apenas anula a decisão recorrida (error in procedendo), pois nesse caso nova decisão deverá ser proferida em seu lugar. 
6) Regressivo: possibilidade de o prolator rever a própria decisão, juízo de retratação pelo juízo a quo. Hipóteses: agravo; apelação interposta contra indeferimento da inicial ou julgamento de improcedência prima facie.
7) Diferido: quando o conhecimento do recurso depende de recurso a ser interposto contra outra ou a mesma decisão (Ex.: agravo retido; recurso adesivo; REsp e Rext contra o mesmo acórdão).
Pressupostos recursais
Juízo de Admissibilidade. é o juízo sobre a validade do procedimento instaurado pela demanda; é anterior ao juízo de mérito. Regra: o recurso deve ser interposto perante o órgão que proferiu a decisão recorrida, e este órgão remete ao juízo ad quem, competente para o julgamento do recurso (duplo crivo). Ainda que dois ou mais órgãos jurisdicionais realizem o juízo de admissibilidade, não existe vinculação entre eles, porque, sendo o juízo de admissibilidade matéria deordem pública, não haverá preclusão. 
Corrente doutrinária e STJ entendem que, apesar da natureza declaratória, o juízo de admissibilidade, quando negativo, tem eficácia ex nunc, em prol da segurança jurídica, de forma que a preclusão ou a coisa julgada decorrente da decisão impugnada só seja computada a partir da inadmissibilidade do recurso. Quando positivo o juízo de admissibilidade, possui natureza declaratória com eficácia ex tunc.
- Pressupostos intrínsecos: 
(i) Cabimento: o pronunciamento deve ser recorrível e o recurso interposto, o adequado, ou seja, aquele indicado pela lei para impugnar determinado pronunciamento judicial. Concernente ao cabimento, a doutrina costuma referir três princípios: taxatividade, singularidade e fungibilidade. 
]ii) Legitimidade: segundo o art.499 do CPC, o recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público. Por parte entende-se parte no processo, o que inclui autor, réu e terceiros intervenientes. Cumpre destacar, neste Ponto, que o STJ reconhece a legitimidade concorrente entre a parte e o seu advogado para recorrer do capítulo referente aos honorários advocatícios. No que se refere ao terceiro prejudicado, deve haver interesse jurídico que justifique sua intervenção no processo por meio de recurso, consubstanciado na possibilidade de relação jurídica da qual é titular ser afetada pela decisão recorrida, gerando-lhe um prejuízo. Terceiro prejudicado é todo aquele que poderia ter intervindo no processo, mas não o fez, como o assistente, nomeado à autoria, denunciado à lide ou chamado ao processo, com exceção daquele que poderia ter sido opoente (oposição só é admitida até ser proferida a sentença – art.56 do CPC). 
(iii) Interesse recursal: à semelhança do que acontece com o interesse de agir, o recurso deve ser útil e necessário, sendo preciso que o recurso propicie alguma melhora para o recorrente. Neste sentido, a súmula 126 do STJ (“É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.”). 
Não se admite recurso, porque desnecessário, somente com o objetivo de modificar a fundamentação da decisão, porque a coisa julgada incide sobre o dispositivo.
Nas ações coletivas, todavia, há o regime da coisa julgada secundum eventum probationis, que admite a repropositura de idêntica ação coletiva já julgada improcedente com sentença transitada em julgado, na hipótese de prova nova, caso em que o interesse recursal do réu mostra-se inegável. Hoje, cogita-se, ainda, de interesse recursal para discutir o precedente (que se situa na fundamentação), sem discutir o dispositivo. 
iv) Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer: a doutrina destaca três fatos que não devem ocorrer para que o recurso seja conhecido – renúncia ao direito de recorrer (art.502 do CPC), aceitação da decisão (art.503 do CPC) e desistência do recurso (art.501 do CPC). 
- Pressupostos extrínsecos: 
(i) Tempestividade: o recurso deve ser interposto dentro do prazo previsto para tanto, sob pena de preclusão temporal. Em sendo parte a Fazenda Pública ou o Ministério Público, os prazos recursais são computados em dobro (art.188 do CPC); também, havendo no processo litisconsortes com advogados distintos, os prazos para recursos são contados em dobro (art.191 do CPC + súmula 641 do STF - “Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido”). De outra parte, os prazo recursais, embora não admitam dilação por acordo entre as partes, podem ser prorrogados em caso de calamidade pública ou de outra justa causa que impeça a prática do ato no tempo oportuno (arts. 182 e 183, do CPC). 
Recurso Prematuro ou Recurso Precoce: tese criada no STF, segundo a qual o recurso é intempestivo quando interposto fora do prazo, o que pode ocorrer depois de finda ou antes de iniciada a sua contagem (intempestividade ante tempus). Com esse raciocínio, tem-se por intempestivo o recurso interposto antes da intimação das partes, sem que haja a devida ratificação do ato (STF - HC 112228 AgR e AI 811724 ED). O STJ, muito embora já tenha proferido decisões no sentido de rejeitar a tese criada pelo STF, parece tê-la encampado (súmula 418 do STJ – “É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação.”).
 
Observação 1: Ao julgar os ED no HC 101.132, em 24/04/2012, a Primeira Turma do STF alterou sua jurisprudência em relação aos recursos prematuros, que passaram a ser admitidos. Nas palavras do ministro Luiz Fux, redator do acórdão, "a preclusão não pode prejudicar a parte que contribui para a celeridade do processo".
Observação 2: A mesma Primeira Turma, entretanto, em 16/10/2012, no julgamento do AgRg no RE 376.596, voltou a afirmar que a ausência de ratificação do recurso interposto antes do início da abertura do prazo legal implica o não conhecimento do extraordinário por extemporaneidade. Este tem sido também o entendimento da Segunda Turma da Corte. 
Momento da Prova da Tempestividade: os Tribunais Superiores haviam consagrado o entendimento de que a tempestividade deve ser provada pelo recorrente no momento da interposição do recurso, sob pena de preclusão consumativa. O STF, todavia, em março de 2012, por meio do julgamento do AgRg no RE 626.358, decidiu reavaliar a jurisprudência até então vigente na Corte, para admitir prova posterior de tempestividade de um recurso, quando ele chegar ao Supremo com aparente intempestividade. Tal situação se verifica quando diante da ocorrência de uma causa interruptiva ou suspensiva do prazo, como, por exemplo, o juízo de origem não ter funcionado em data incluída na contagem do prazo ou ter havido feriado no Estado ou Município do juízo de origem, sem que isto tenha sido atestado, de pronto, pela parte. A partir de agora, em tais casos, o STF passará a receber o recurso, e a parte poderá, posteriormente, trazer aos autos um atestado da Secretaria do respectivo tribunal, informando que houve causa suspensiva ou interruptiva do prazo. 
(ii) Preparo (art. 511 do CPC): compreende taxas e porte de remessa e retorno dos autos. Estão dispensados do recolhimento de preparo, segundo o §1º do art.511 do CPC, o Ministério Público, a União, Estados, Municípios e respectivas autarquias. Também são isentas as pessoas jurídicas de direito público federais, estaduais e municipais (art.1º-A da Lei n.º 9.494/97), além dos beneficiários da assistência judiciária. Sobre o tema, ver também: súmula 178 do STJ (“O INSS não goza de isenção do pagamento de custas e emolumentos, nas ações acidentárias e de benefícios propostas na Justiça Estadual”), art.4º da Lei n.º 9.289/1996 e art.11 da Lei Estadual n.º 8.121/1985. Além disso, não há preparo nos embargos de declaração (art. 536), no agravo retido (art. 522), recursos do ECA (art. 198, I, ECA), o agravo interno (art. 557, §1º), agravo de instrumento contra decisão denegatória de seguimento de RE ou RESP.
O art.511, caput, do CPC prevê que o recorrente deve comprovar o recolhimento do preparo no momento da interposição do recurso. Interposto o recurso sem essa comprovação, ainda que antes do término do prazo recursal, o recurso será considerado deserto. Excepcionam essa regra os Juizados Especiais (art.42, §1º, da Lei n.º 9.099/1995) e os processos que tramitam na Justiça Federal (art.14, II, da Lei n.º 9.289/1996).
STJ – RESP. 1.122.064 (repetitivo): “o encerramento do expediente bancário antes do encerramento do expediente forense constitui causa de justo impedimento, a afastar a deserção, nos termos do artigo 519 do Código de Processo Civil, desde que, comprovadamente, o recurso seja protocolizado durante o expediente forense, mas após cessado o expediente bancário, e que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil subsequentede atividade bancária”. 
(iii) Regularidade formal: o exercício do direito de recorrer submete-se aos ditames legais para a interposição e tramitação do recurso; o recurso somente será admissível se o procedimento utilizado pautar-se estritamente pelos critérios descritos em lei. 
Juízo de Mérito. Sendo positivo o juízo de admissibilidade recursal, o órgão jurisdicional passa ao exame do mérito do recurso. O órgão jurisdicional deve enfrentar antes o error in procedendo, em razão de sua prejudicialidade em relação ao error in judicando. 
APELAÇÃO
1. Conceito.
Recurso cabível contra sentença, definitiva ou terminativa.
Ensinam Wambier e Talamini que a apelação é o recurso que cabe de toda e qualquer sentença, seja ela proferida em processo de conhecimento, cautelar ou execução, em qualquer tipo de rito, comum (ordinário ou sumário) e especial. Também é apelável a sentença proferida em jurisdição voluntária e contenciosa. Exceção à regra é o rito sumaríssimo (juizados especiais), no qual o recurso que se interpõe da sentença não recebe o nome de apelação.
2. Objeto. é a sentença. Sentença, no dizer de Wambier e Talamini, é o ato do juiz que põe fim à fase cognitiva do processo em primeiro grau de jurisdição, julgando ou não o mérito.
3. Prazo. Em regra 15 (quinze) dias. Excepcionalmente será de 10 (dez) dias, no caso da apelação em processos do ECA. Também nos processos do juizado especial o prazo do recurso da sentença será de 10 (dez) dias. No juizado o recurso não recebe a denominação da apelação, mas o seu processamento é semelhante ao da apelação.
4. Legitimidade. Têm legitimidade para apelar: a) as partes, sendo que haverá interesse apenas daquela que for sucumbente; b) o terceiro interessado (aquele que poderia ter sido assistente e não foi); c) Ministério Público, quer na condição de parte (quando sucumbente) quer na de fiscal da lei.
5. Reexame necessário. Há discussão na doutrina se o reexame necessário tem ou não natureza jurídica de recurso. Ainda que não se considere a remessa "ex-officio" um recurso, somente tem lugar quando proferida sentença.
6. O que se denuncia na apelação. Erros (ou vícios) de julgamento ("error in judicando") ou erros (ou vícios) de procedimento ("error in procedendo”). Erros de julgamento estão ligados ao mérito do processo (má análise das provas, aplicação errônea da lei etc.). Os primeiros levam, em regra, à reforma da decisão, e os segundos à sua anulação e devolução dos autos para que o juiz promova o julgamento de mérito, salvo se a causa estiver "madura" (art. 515, §3º, CPC).
Se o tribunal constatar nulidade sanável, poderá determinar a renovação ou realização do ato processo processual, intimando as partes; cumprida a diligência, se possível, prosseguirá com o julgamento da apelação (515, §4º, CPC).
7. Juízo de retratação. A possibilidade de juízo de retratação na apelação é excepcional. São três as situações nas quais permite-se: a) indeferimento da petição inicial (art. 296, "caput"); b) julgamento liminar de improcedência do pedido (art. 285-A, §1º, do CPC); c) art. 198, VII, do ECA, na qual está prevista que antes de ordenar a remessa dos autos à superior instância, o juiz proferirá decisão motivada mantendo ou não a sua decisão.
8. Conteúdo. De acordo com o art. 514, incisos II e III, do CPC, a apelação deve conter os fundamentos de fato e de direito que infirmam a sentença e o pedido de nova decisão, sob pena de ser declarada inepta. Assim, as razões do inconformismo devem guardar relação com os fundamentos da sentença, sob pena de não ser conhecida pelo tribunal.
9. Efeitos. Obstativo, devolutivo, translativo e suspensivo.
Quanto ao efeito translativo, “somente as questões de ordem pública decididas no primeiro grau e não efetivamente impugnadas por agravo de instrumento ou retido, é que não precluem e ficam sujeitas ao efeito translativo do recurso de apelação" (Nery Jr., 1024).
Julgada "improcedente a ação, os fundamentos da defesa que não foram apreciados na sentença podem ser objeto de exame pelo tribunal, sem que haja necessidade de o vencedor recorrer (RSTJ 30/433)" (Nery Jr., 1024).
Em geral, a apelação tem efeito suspensivo, de modo que prolonga-se no tempo a ineficácia da sentença. Exceções: a) homologar a divisão ou a demarcação (520, I, CPC); b) condenar à prestação de alimentos (520, II, CPC); c) decidir o processo cautelar (520, IV, CPC); d) rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes (520, V, CPC); e) julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem (520, VI, CPC); f) confirmar a antecipação dos efeitos da tutela (520, VII, CPC), valendo destacar que neste caso, o efeito não será suspensivo tão somente em relação à matéria trata na antecipação da tutela; g) sentença que concede mandado de segurança, salvo nos casos em que é vedada a concessão de liminar (art. 14, §3º, Lei 12.016/09); h) sentença que concede habeas data (art. 15, parágrafo único, Lei n. 9.507/97); i) sentença em ação civil pública, lembrando que o juiz poderá atribuir efeito suspensivo para evitar dano irreparável à parte (art. 14, Lei 7.343/85); j) sentença que decreta interdição (1.184, CPC); k) sentença em ação de despejo, porém a execução demanda caução (art. 63, §4º, Lei 8.245/91); l) sentença que julga pedido de alimentos ou de exoneração do encargo (REsp. 1.280.181).
10. Processamento em primeiro grau. Apresentada a apelação o juiz decidirá se a recebe ou não. Recebida, indicará se será atribuído efeito suspensivo, mandando dar vistas dos autos à parte contrária para responder. Apresentada a resposta, é facultado ao juiz reexaminar os pressupostos de admissibilidade (518, §2º, CPC).
O exame de admissibilidade feito pelo juiz é provisório e não vincula o tribunal. Se o juiz decidir pelo não recebimento da apelação, caberá agravo de instrumento (art. 522, "caput", CPC). Caso contrário, os autos serão remetidos para o tribunal.
11. Súmula impeditiva. A Lei 11.276/2006 atribuiu poder ao juiz de primeiro grau para não receber o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal (art. 518, §1º).
O juiz não é obrigado a seguir a súmula, não é efeito vinculante. Mas, se ele seguir, impede o recurso.
Súmulas do STF: qualquer súmula é impeditiva.
O que se impede no art. 518, §1º é que o recurso discuta a tese sumulada. Todavia, possível apelação discuta que a súmula não se aplica ao caso, nesse caso, está se realizando o "distinguishing". Também possível apelação para suscitar o "overruling", que é a possibilidade de superação do precedente mediante argumentos não analisados na elaboração da súmula.
Se a apelação for por error in procedendo, também deverá ser encaminhada ao tribunal, pois não se discute a súmula, mas irregularidades na decisão.
12. Inovação em matéria de fato na apelação.
O art. 517 do CPC proíbe seja suscitadas na apelação as questões de fato não propostas no juízo inferior, salvo se a parte provar que o deixou de fazê-lo por motivo de força maior. "Por inovação, entende-se todo elemento que pode servir de base para a decisão do tribunal, que não foi arguido ou discutido no processo, no procedimento de primeiro grau de jursdição" (Nery Jr., 1025). Logo, não é possível às partes alterar a causa de pedir ou o pedido.
Esta vedação "não atinge situações que envolvam matéria de ordem pública, já transferidas ao exame do tribunal pelo efeito translativo do recurso, bem como aquelas sobre as quais há autorização legal expressa no sentido de que possam ser arguidas a qualquer tempo e grau de jurisdição (v.g. prescrição). Também não é proibido alegar a superveniência de fato ou de direito que possa, de alguma maneira, influir no julgamento do recurso (CPC 462), desde que não seja alterada a causa de pedir nem o pedido" (Nery Jr., pág. 1026).
Fatos supervenientes são os que aconteceram depois da sentença. Fatos novos sãoos que haviam acontecido antes da sentença, mas que a parte não quis ou não os pôde arguir. Somente aqueles que não puderam ser alegados por motivo de força maior é que poderão ser aduzidos na apelação, cabendo à parte comprovar esse motivo, o qual será avaliado pelo tribunal. 
“Somente fatos ainda não ocorridos até o último momento em que a parte poderia tê-los eficazmente arguido em primeiro grau de jurisdição, ou os de que a arte não tinha conhecimento é que podem ser suscitados em apelação ou durante seu processamento. Inocorrendo qualquer exceção ou força maior, de se concluir pela inadimissibilidade de apreciação dos fatos novos arguidos, devendo-se julgar a matéria impugnada no recurso com o princípio tantum devolutum quantum appellatum” (RT 638/159).
13. Processamento em segundo grau. No tribunal, a apelação será registrada e distribuída (arts. 547-548, CPC). Em regra há revisor nas apelações. Entretanto, em se tratando de apelação contra sentença proferida em causas de procedimento sumário, de despejo e nos casos de indeferimento liminar de petição inicial, não haverá revisor (art. 551, §3º, CPC).
A sessão de julgamento é designada pelo Presidente do órgão fracionário, sendo que a pauta de julgamento deve ser publicada com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas da data do julgamento. Na sessão de julgamento é permitida sustentação oral pelo apelante e pelo apelado. O prazo para cada um será de 15 (quinze) minutos.
Se houver relevante questão de direito, que faça conveniente prevenir ou compor divergência entre os órgãos fracionários, poderá o relator propor que o recurso seja julgado pelo órgão que o regimento indicar (Seção, Corte Especial ou Plenário), nos termos do art. 555, §1º, CPC. Trata-se, assim, de um novo mecanismo de uniformização de jurisprudência, distinto daquele previsto nos arts. 476 a 479 do CPC.
Importante destacar que a apelação poderá ser julgada monocraticamente (art. 557, CPC), quando o recurso for manifestamente inadmissível, improcedente ou prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior.
"O artigo 557 do CPC, ao conferir poderes ao relator para julgar recursos monocraticamente, não estabelece exigência de jurisprudência pacífica sobre as questões postas em juízo, o que exige sendo decisão motivada em jurisprudência dominante, conceitos estes que são diversos e não se confundem e por jurisprudência dominante entendendo-se a que prevalece no colegiado, ainda que encontre oposição em outros julgados" (TRF 3, AGRAVO DE INSTRUMENTO – 445684).
14. Apelação contra sentença terminativa (CPC, Art. 515, §3º).
A apelação contra sentença terminativa pode viabilizar uma decisão de mérito pelo tribunal, quando preenchidos os seguintes pressupostos: a) provimento da apelação; b) se trate de apelação por error in judicando: pedido de reforma, pois para invalidação exige retorno para nova decisão; c) a causa esteja madura: pronta para ser julgada.
O recurso abre a possibilidade de julgamento do mérito que não foi feito em primeiro grau. Por isso, quem entenda que este dispositivo consagra o efeito desobstrutivo da apelação.
Aceita-se a aplicação do art. 515, §3º a outros recursos: a)	JEC: recurso inominado; b) RO constitucional. Há tendência em se expandir a outros recursos.
15. Casuística.
STJ/Súmula 331. A apelação interposta contra sentença que julga embargos à arrematação tem efeito meramente devolutivo.
STJ/Súmula 317. É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação contra sentença que julgue improcedentes os embargos.
1. Por força da amplitude e profundidade do efeito devolutivo da apelação, todas as questões suscitadas e discutidas no processo devem ser objeto de apreciação do Tribunal quando do julgamento da apelação, mesmo que o Juiz tenha acolhido apenas um dos fundamentos do pedido ou da defesa (art. 515, §§ 1º e 2º, do CPC). 2. Se a ação for julgada improcedente, somente os autores têm interesse de recorrer, dispensando-se a apelação do vencedor, mesmo que não tenha o juiz examinado todos os aspectos de sua contestação. 3. Ante o princípio do tantum devolutum quantum appellatum, a questão da decadência, discutida pelas partes e abordada na sentença deve ser examinada pelo Tribunal. 4. Impõe-se o rejulgamento da apelação, para correção das omissões apontadas nos embargos de declaração. (REsp 1008249/DF).
É inepta a apelação quando o recorrente deixa de demonstrar os fundamentos de fato e de direito para a reforma pleiteada ou deixa de impugnar, ainda que em tese, os argumentos da sentença. (REsp 1.320.527-RS).
JULGAMENTO MONOCRÁTICO. ANÁLISE DE PROVAS. O relator pode julgar monocraticamente, de acordo com o art. 557 do CPC, os recursos manifestamente inadmissíveis ou questões repetitivas a respeito das quais já haja jurisprudência pacificada. Porém, no caso, o relator, ao apreciar a apelação, modificou a sentença baseado na reanálise das provas. Portanto, não houve julgamento de matéria exclusivamente de direito com aplicação de jurisprudência consolidada para autorizar o julgamento unipessoal do recurso. Assim, a Turma anulou o julgamento promovido; pois, quando é necessário reapreciar as provas, isso deve ser feito pelo colegiado. (REsp 1.261.902-RJ).
CÓPIA. SENTENÇAS ANTERIORES. DISPENSABILIDADE. ART. 285-A DO CPC. In casu, a ação de cobrança foi julgada improcedente na origem e o TJ deu provimento a apelo não para reformar a sentença e sim para anulá-la, tendo em vista um vício de procedimento. Aquele tribunal argumentou que o art. 285-A do CPC exige, implicitamente, que o juiz não apenas transcreva as sentenças proferidas anteriormente que servem de paradigma para a solução abreviada do feito, como, ainda, providencie a juntada de cópias dessas sentenças para que se verifique a coincidência entre o seu conteúdo e o que foi reproduzido no corpo da decisão. Neste Superior Tribunal, entre outras considerações, o Min. Relator ressaltou que a exigência acessória de que sejam juntadas as cópias das sentenças quando já houve a transcrição do seu conteúdo depõe contra os princípios da celeridade e economia processual, que serviram justamente de inspiração da lei. E que a interpretação da norma realizada pelo tribunal de origem evidencia uma desconfiança injustificada quanto à honestidade argumentativa do magistrado sentenciante. Esse entendimento foi acompanhado pelos demais ministros, que deram provimento ao REsp e determinaram o retorno dos autos ao tribunal a quo a fim de que, dispensada a apresentação de cópia das sentenças, processe e julgue o recurso de apelação como entender de direito. REsp 1.086.991-MG, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 16/8/2011.
AGRAVO
O recurso de agravo é gênero, do qual são espécies: agravo de instrumento; agravo retido; agravo interno, regimental, e o agravo para destrancamento de recursos excepcionais.
Em nenhuma hipótese de agravo há previsão de efeito suspensivo ope legis. Ao agravo retido, por sua natureza de não comportar situação urgente, não cabe a atribuição de efeito suspensivo ope judici. Para o agravo de instrumento há previsão de atribuição de efeito suspensivo se presentes os requisitos previstos no art. 527, III c/c art. 558, CPC, ou seja, quando houver relevância na fundamentação e possibilidade de dano irreparável ou de difícil reparação. Nos demais casos, caberia ação cautelar inominada na tentativa de atribuição do efeito suspensivo (Flávio Cheim Jorge).
Há 2 agravos contra decisões interlocutórias: retido e de instrumento. 
Agravo retido é aquele que evita a preclusão, mas não é processado imediatamente, ficado retido até futura ratificação na apelação ou contrarrazões de apelação. Se o agravo retido não for ratificado, ele não será conhecido. O agravo retido dispensa preparo e deve ser oposto perante o juiz a quo: (a) oralmente, contra decisões orais proferidas em audiência de instruçãoe julgamento (a decisão proferida em audiência preliminar não está subordinada ao art. 523, parágrafo 4, do CPC), oposto imediatamente; (b) por escrito, contra decisões escritas, em 10 dias. Interposto o agravo retido, o agravado será intimado para, em 10 dias, responder ao recurso, ao que o juiz pode se retratar.
Não há opção para o agravante: ou cabe agravo retido ou cabe agravo de instrumento. 
Existem 3 regras básicas de cabimento do agravo de instrumento:
• Situações de urgência: Se não há urgência, o relator converte o agravo de instrumento em retido. Da decisão do relator que converte o agravo de instrumento em retido, a lei não prevê cabimento de agravo interno, levando as pessoas a ingressar com mandado de segurança. No RESP 1115445, o STJ admitiu agravo interno contra decisão do relator que converte agravo de instrumento em retido. Atenção: se o juiz antecipa a tutela em audiência, oralmente, essa decisão deve ser impugnada por agravo de instrumento, e não retido, porque, ainda que a decisão seja proferida em audiência, não cabe agravo retido diante da situação de urgência.
• Quando a lei disser que é hipótese de agravo de instrumento; não é preciso nem demonstrar a urgência. Exemplos: agravo contra decisão que não recebe a apelação ou que recebe a apelação em efeitos diversos, decisão em liquidação de sentença (CPC, art. 475-H), decisão que recebe inicial da ação de improbidade administrativa, decisão que resolve a impugnação ao cumprimento de sentença sem importar em extinção da execução (art. 475-M, §3º), decisão denegatória de recurso especial ou extraordinário (art. 544).
• Quando agravo retido é incompatível. Ex: decisão interlocutória em execução.
O agravo de instrumento é interposto diretamente no tribunal, no prazo de 10 dias. Cabe ao agravante apresentar no juízo a quo a cópia do agravo, o protocolo de interposição e a relação dos documentos que instruíram o recurso (CPC, art. 526). Se não fizer isso em 3 dias e o agravado alegar essa falta, o agravo não será conhecido. Para o STJ, “nos termos do parágrafo único do art. 526 do CPC, a ausência de juntada aos autos principais da petição de agravo de instrumento nos três dias subsequentes à interposição, no regime posterior à edição da Lei 10.352/2001, alegada e comprovada pelo agravado, é causa de inadmissão do recurso. A partir de então, deixou de ter relevância a comprovação da ausência de prejuízo para a parte agravada.”AgRg no AREsp 23.139/MA, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 15/12/2011, DJe 01/02/2012; cf. também: AgRg no Ag 1322035/MT, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/08/2012, DJe 09/08/2012).
Cabe ao agravante formar o instrumento do agravo, juntando peças obrigatórias (decisão agravada, procuração das partes e certidão de intimação da decisão agravada) e peças facultativas (essas pecas podem ser essenciais ou necessárias para a compreensão da controvérsia, conforme súmula 288/STF). O agravo de instrumento não tem efeito suspensivo automático, cabendo ao agravante pedi-lo ao relator, inclusive, para que o Relator conceda de logo o que foi negado em 1ª instância. É o efeito suspensivo ativo ou antecipação da tutela recursal (CPC, art. 527, III). 
Em caso de prolação de sentença, o recurso de agravo ficará prejudicado:
“A posterior prolação de sentença julgando procedente o pedido (mantida por acórdão que nega provimento ao apelo), acarreta a perda do objeto do agravo de instrumento interposto contra decisão que deferiu a antecipação dos efeitos da tutela.”(AgRg no AREsp 47.270/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/12/2012, DJe 04/02/2013)
Observações sobre a distinção entre agravo e apelação:
- Para alguns autores, a decisão parcial (CPC, art. 273, §6º) é interlocutória, impugnável por agravo; para outros, é sentença parcial, contra a qual cabe apelação ou agravo de instrumento.
- Se há decretação da falência, a sentença será impugnável por agravo de instrumento (Lei 11.101, art. 100). Já na denegação do pedido de falência, a sentença será impugnável por apelação.
- Liquidação de sentença é decidida por sentença, mas cabe agravo de instrumento.
- Nos Juizados Especiais Estaduais, não cabe agravo contra as decisões interlocutórias. As matérias decididas em decisão interlocutória poderão fazer parte do recurso contra a sentença. Nos Juizados Especiais Federais só cabe agravo em decisão interlocutória de tutela de urgência.
O agravo regimental ou interno é um recurso contra a decisão monocrática do relator, Presidente e Vice de Tribunal para o próprio órgão colegiado a que pertence o magistrado, para ver se ele agiu corretamente.
“Quando se faz a distinção entre ‘agravo inominado’ e ‘agravo regimental’, e, se procura evidenciar que são espécies de procedimentos distintos de um mesmo recurso, é que apesar de estares disciplinados por legislações diferentes, na prática, tudo isso tem pouca importância, por um motivo bem simples: ambos (legislação federal e regimentos internos) acabaram adotando o mesmo procedimento: são interpostos, geralmente, em 5 dias, não possuem efeito suspensivo; é permitida a retratação; como regra não possuem resposta, são levados a julgamento na próxima seção do órgão julgado. (op.cit.p.181)”
O STJ entende que o art. 39 da Lei 8038/90 (que dispõe sobre recursos no STJ e STF) se aplica de forma genérica a todos os tribunais do país. Uma lei avulsa modificou o CPC para excluir o cabimento do agravo regimental contra decisão do relator que concede ou não pedido liminar (art. 527, §único), mas esse dispositivo, na prática, é inaplicável, porque os tribunais aceitam o agravo regimental ou o mandado de segurança. A súmula 622 do STF também exclui o cabimento de agravo regimental contra decisão do relator que indefere liminar em mandado de segurança, mas essa súmula não vem sendo aplicada mais, principalmente diante do disposto no art. 10, §1º da Lei 12016/09.
O julgamento do agravo regimental pelo colegiado assume a natureza do julgamento do recurso que fora decidido monocraticamente pelo relator. Assim, podem caber embargos infringentes contra acórdão de agravo regimental (quando a decisão do regimental tiver natureza de acórdão de apelação).
Também cabem embargos de divergência contra acórdão de agravo regimental quando a decisão do regimental tiver natureza de acórdão de especial/extraordinário (nesse sentido, a súmula 316 do STJ).
O STJ, revendo o seu entendimento, passou a admitir a intimação do agravante para complementação do instrumento no que tange às peças facultativas para o deslinde da questão:
REPETITIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AUSÊNCIA DE PEÇAS FACULTATIVAS. A Corte, ao rever seu posicionamento sob o regime do art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ , firmou o entendimento de que a ausência de peças facultativas no ato de interposição do agravo de instrumento, ou seja, aquelas consideradas necessárias à compreensão da controvérsia (art. 525, II, do CPC), não enseja a inadmissão liminar do recurso. Segundo se afirmou, deve ser oportunizada ao agravante a complementação do instrumento.REsp 1.102.467-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 2/5/2012. (inf. 496)
“O Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido a incidência do princípio da fungibilidade recebendo os embargos de declaração como agravo interno quando manejados contra decisões monocráticas naquele órgão e pleiteiem efeitos infringentes, bem como em hipóteses inversas, ou seja, quando se usa do agravo interposto sob a alegação de omissão na decisão. Neste último caso o agravo é recebido como embargos de declaração.” (op.cit.p.214)
“Caso o Presidente ou o Vice-Presidente do Tribunal a quo negue seguimento ao agravo do art. 544, caberá reclamação constitucional do STJ ou STF, conforme o caso (súmula 727 do STF). (Código de Processo Civil para concursos, 3 ed, P. 651)
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
1. Noções Gerais. No processo civil comum - prazode 05 (cinco) dias contra qualquer decisão, em regra, para sanar obscuridade, contradição, omissão. Nos Juizados Especiais, também são cabíveis para resolver dúvida. Admite-se, ainda, a interposição de embargos declaratórios na hipótese de erros materiais e de fato. Os tribunais superiores entendem não caber declaratórios contra decisões monocráticas do relator, pois cabe agravo interno. Quando tal ocorre, os embargos de declaração acabam sendo conhecidos como agravo interno.
Contudo, há exceções, conforme a seguinte questão de ordem decidida pelo STJ: QO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. JULGAMENTO MONOCRÁTICO. Em questão de ordem, a Turma decidiu que é da competência do relator julgar monocraticamente embargos de declaração contra decisão sua proferida no processo, e não do órgão colegiado, sob pena de afastar-se a possibilidade do exame do mérito da decisão mediante a interposição de agravo regimental. Precedente citado: REsp 401.366-SC, DJ 24/2/2003. (AREsp 23.916-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 8/5/2012).
2. Caso excepcional. O STF tem o entendimento de que não cabem embargos contra decisão, proferida por tribunal de segundo grau, que denega o seguimento de recurso extraordinário.
3. Efeitos da Interposição. Para Barbosa Moreira (minoritário) os declaratórios não tem efeito devolutivo, que pressupõe a devolução da matéria a outro juízo.
A oposição de embargos declaratórios interrompe o prazo recursal, exceto quando oposto de sentença em Juizado Especial, quando haverá a suspensão do prazo judicial. Mas se no Juizado for oposto embargos de decisão de Turma Recursal, então haverá a interrupção do prazo recursal. Se os embargos forem ajuizados intempestivamente não haverá nem interrupção e nem suspensão do prazo.
Os declaratórios terão efeito suspensivo apenas se o recurso cabível contra a decisão embargada também tiver efeito suspensivo.
Efeitos modificativos ou infringentes. Excepcionalmente admite-se a atribuição de efeitos infringentes em caso de omissão, contradição, decisão teratológica. Se houver pedido infringente, a parte contrária deverá ser necessariamente ouvida, sob pena de anulação da decisão por cerceamento do direito de defesa.
Reformatio in pejus. Segundo a doutrina, é possível reformatio in pejus no julgamento dos embargos, como na hipótese em que se elimina a contradição.
Admite-se complementar a apelação já interposta antes ou depois da oposição dos embargos de declaração. Mas se o recurso foi interposto antes do julgamento dos declaratórios, a parte deverá ratificá-lo, sob pena de não ser conhecido. 
Súmula 418 do STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação.
4. Fundamentação vinculada: diz-se que é vinculada a fundamentação, porque somente são cabíveis os declaratórios nos casos de omissão, obscuridade, contradição ou dúvida, neste último caso apenas nos Juizados (art. 48, Lei 9.099/95). A jurisprudência admite embargos de declaração para sanar erro material (que é corrigível até de ofício).
5. Prequestionamento. Os recursos especial e extraordinários somente são admitidos se a questão federal ou constitucional for devidamente debatida pelo acórdão. Assim, é comum a oposição de embargos declaratórios para que a parte obtenha o prequestionamento da matéria, o que levou o STJ a editar a Súmula n. 98, no sentido de não permitir a aplicação de multa quando os declaratórios são ajuizados com o intuito de prequestionamento.
6. Casuística.
Súmula 211/STJ: Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo.
Súmula 98/STJ: Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NÃO INTERRUPÇÃO DO PRAZO RECURSAL. Os embargos de declaração consistentes em mero pedido de reconsideração não interrompem o prazo recursal. Os embargos de declaração, ainda que rejeitados, interrompem o prazo recursal. Todavia, em se tratando de pedido de reconsideração, mascarado sob o rótulo dos aclaratórios, não há que se cogitar da referida interrupção. (AgRg no AREsp 187.507-MG).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ERRO MATERIAL. CORREÇÃO. O erro material passível de ser corrigido de ofício e não sujeito à preclusão é o reconhecido primu ictu oculi, consistente em equívocos materiais sem conteúdo decisório propriamente dito. O art. 463, I e II, do CPC autoriza ao juiz alterar a sentença de ofício ou a requerimento da parte, ainda que encerrada a função jurisdicional para correção de inexatidões materiais ou erros de cálculo, bem como mediante a interposição de embargos de declaração. (REsp 1.151.982-ES).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EDCL CONTRA DECISÃO QUE NEGA SEGUIMENTO A RESP. São manifestamente incabíveis os embargos de declaração (EDcl) opostos contra decisão de admissibilidade do recurso especial proferida pelo tribunal de origem. [...]Se porventura fossem admitidos os embargos de declaração, haveria postergação injustificável do trâmite processual, mormente porque, se cabíveis os primeiros embargos de declaração de uma das partes, nada impediria sucessivos embargos de declaração das demais partes, ao invés da pronta interposição do cabível recurso de agravo para o Tribunal ad quem. (AgRg no Ag 1.341.818-RS).
� Art. 244. Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, Ihe alcançar a finalidade.

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