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Ponto 15 - Processo Civil

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Ponto 15 – Processo Civil
Embargos do Devedor. Embargos de Terceiros. Ação Monitoria. Exceção de Pré-Executividade. Remição. Suspensão e Extinção do Processo de Execução. Cumprimento da sentença.
Embargos do Devedor
- Tem natureza jurídica de ação e constitui o meio de defesa do devedor em processo de execução, quer de natureza substantiva, quer de natureza processual. 
- Prazo para oferecimento de embargos: 15 dias/Fazenda Pública: 30 dias.
- Obs.: Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo mandado citatório, salvo tratando-se de cônjuges. Não há prazo em dobro para litisconsortes com diferentes procuradores. 
- A concessão de efeito suspensivo dependerá de estar garantida a execução por penhora, depósito ou caução suficiente.
- Obs.: art. 739-A, § 5o  Quando o excesso de execução for fundamento dos embargos, o embargante deverá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento. – esse artigo tem grande utilidade prática, mas deve ser visto com cuidado e sob o prisma do acesso à justiça. Não é razoável esperar que uma parte pobre e sem estudo elabore uma planilha de cálculo, por exemplo. Tem precedente no STJ nesse sentido, mas lembrar que a nossa banca é bastante fazendária. 
Em execução contra a Fazenda Pública, só é possível alegar: falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; inexigibilidade do título; ilegitimidade das partes (não é possível reabrir discussão acerca de ilegitimidade, ou seja, o defeito deve ser restrito à fase executiva); cumulação indevida de execuções; excesso de execução; qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença; Vll - incompetência do juízo da execução, bem como suspeição ou impedimento do juiz.
Atenção! Considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. – De acordo com a jurisprudência do STF, esse artigo deve ser lido preservando-se a coisa julgada. Portanto, só se aplica dentro do prazo de ação rescisória. Súmula 487, STJ: O parágrafo único do art. 741 do CPC não se aplica às sentenças transitadas em julgado em data anterior à da sua vigência.
Art. 742. Será oferecida, juntamente com os embargos, a exceção de incompetência do juízo, bem como a de suspeição ou de impedimento do juiz.
Matéria que pode ser ventilada em Embargos: nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado; penhora incorreta ou avaliação errônea; excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento; retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega de coisa certa (art. 621):
Atenção! 
DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. RETENÇÃO POR BENFEITORIAS. EXERCÍCIO MEDIANTE AÇÃO DIRETA. DIREITO QUE NÃO FORA EXERCIDO QUANDO DA CONTESTAÇÃO, NO PROCESSO DE CONHECIMENTO. SENTENÇAS COM ACENTUADA CARGA EXECUTIVA. NECESSIDADE. 1. A jurisprudência desta Corte tem se firmado no sentido de que a pretensão ao exercício do direito de retenção por benfeitorias tem de ser exercida no momento da contestação de ação de cunho possessório, sob pena de preclusão. 2. Na hipótese de ação declaratória de invalidade de compromisso de compra e venda, com pedido de imediata restituição do imóvel, o direito de retenção deve ser exercido na contestação por força da elevada carga executiva contida nessa ação. O pedido de restituição somente pode ser objeto de cumprimento forçado pela forma estabelecida no art. 461-A do CPC, que não mais prevê a possibilidade de discussão, na fase executiva, do direito de retenção. 3. Esse entendimento, válido para o fim de impedir a apresentação de embargos de retenção, deve ser invocado também para impedir a propositura de uma ação autônoma de retenção, com pedido de antecipação de tutela. O mesmo resultado não pode ser vedado quando perseguido por uma via processual, e aceito por outra via. 4. Recurso especial conhecido e improvido. (REsp 1278094/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/08/2012, DJe 22/08/2012)
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE RETENÇÃO POR BENFEITORIAS (ART. 744 DO CPC). DISCUSSÃO AUSENTE NO PROCESSO COGNITIVO. DISTINÇÃO. AÇÕES POSSESSÓRIAS. IMPOSSIBILIDADE.
PRECLUSÃO. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. CARÁTER NÃO-EXECUTIVO.
POSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO PARA DAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. I - Em se tratando de ações possessórias, para que se abra à parte a via dos embargos de retenção por benfeitorias, que tinham previsão no art. 744 do Código de Processo Civil, necessário que a discussão acerca de eventual direito de retenção seja ventilada na ação cognitiva, havendo preclusão. Precedentes. II - Na hipótese dos autos, em se tratando de ação reivindicatória, a ausência de discussão acerca do direito de retenção por benfeitorias no processo de conhecimento não obsta o manejo dos embargos de retenção por benfeitorias. Precedentes. III - Agravo regimental a que se dá provimento para prover o recurso especial. (AgRg no REsp 652.394/RJ, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 28/09/2010, DJe 06/10/2010)
Art. 745-A. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês. (entende-se que se trata de faculdade do executado. Preenchidos os requisitos legais, não pode o juiz indeferir o parcelamento. Prevalece na doutrina que esse artigo se aplica ao cumprimento de sentença, com base no art. 475-R do CPC).
Súmula 46 do STJ: Na execução por carta, os embargos do devedor serão decididos no juízo deprecante, salvo se versarem unicamente vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação dos bens.
Dos embargos de terceiro
Segundo o art. 1.046, CPC, quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, sequestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer lhe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos. Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas possuidor. Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens que, pelo título de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser atingidos pela apreensão judicial. Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens dotais, próprios, reservados ou de sua meação.
Embargos de terceiro não é ação possessória. É graças ao § 1º do art. 1.046, que os embargos de terceiro não são considerados ação possessória, pois a causa de pedir pode ser propriedade.
Legitimação extraordinária. O caso do § 2º do art. 1.046 do CPC é a única hipótese em que quem é parte no processo pode propor embargos de terceiro. Trata-se de uma hipótese de legitimação extraordinária, em que o devedor defende bens que não são seus. Exemplo: devedor interpõe embargos de terceiro para defender um carro alugado que foi penhorado, logo, defende um bem que é da locadora.
Proteção da meação. Há quem sustente que a proteção da meação pelo cônjuge não é mais possível (falta de interesse processual) à luz do art. 655-B do CPC. Esse dispositivo determina que, “tratando-se de penhora de bem indivisível, a meação do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienaçãodo bem”. Segundo a súmula 134 do STJ, “embora intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do executado pode opor embargos de terceiro para defesa de sua meação”.
Cônjuge não executado intimado da penhora. Se o cônjuge não é co-executado e a penhora recaiu sobre bem imóvel, o art. 655, § 2º, do CPC, determina que o cônjuge deverá ser intimado. Nesse caso, não obstante intimado, o cônjuge continua sem ser parte. A súmula do STJ é para essa situação: se o cônjuge quiser defender a meação ou o bem de família, proporá embargos de terceiro, caso queira, entretanto, atacar os fundamentos da própria execução (ex.: não existe dívida), poderá propor embargos à execução.
Em conformidade com o art. 1.047, CPC, admitem-se, ainda, embargos de terceiro:
I - 	para a defesa da posse, quando, nas ações de divisão ou de demarcação, for o imóvel sujeito a atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da fixação de rumos;
II - 	para o credor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da hipoteca, penhor ou anticrese.
Ação de desapropriação e embargos de terceiro. Há uma única hipótese em que não cabem embargos de terceiro: ação de desapropriação. Segundo o art. 31 do DL 3.365/41, ficam sub-rogados no preço quaisquer ônus ou direitos sobre o bem desapropriado.
Embargos de terceiro x Embargos à execução. Há duas diferenças claras:
Legitimidade. O devedor propõe os embargos à execução. Os embargos de terceiro são propostos por um terceiro alheio à relação jurídica.
Objeto. Os embargos de terceiro são a defesa somente sobre o bem constrito. Por sua vez, os embargos à execução podem versar sobre qualquer das matérias do art. 745 do CPC.
Segundo o art. 1.048, CPC, os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença, e, no processo de execução, até 5 dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
De acordo com o art. 1.049, CPC, os embargos serão distribuídos por dependência e correrão em autos distintos perante o mesmo juiz que ordenou a apreensão.
Execução por carta. Na execução por carta (art. 747), aplicam-se as súmulas 46 do STJ e 33 do TFR, destarte, quando a apreensão for ordenada pelo próprio juízo deprecado, a ele competirá o julgamento dos embargos de terceiro, do contrário, caso a apreensão tenha sido determinada pelo juízo deprecante, a competência será dele.
Interposição de embargos de terceiro em ação tramitando em segundo grau de jurisdição. Os embargos de terceiro sempre são julgados em primeiro grau de jurisdição, mesmo que ação de conhecidamente esteja em grau de recurso.
De acordo com o art. 1.050, CPC, o embargante, em petição elaborada com observância do disposto no art. 282, CPC, fará a prova sumária de sua posse e a qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas. É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz. O possuidor direto pode alegar, com a sua posse, domínio alheio.
Dispõe o art. 1.051, CPC que, julgando suficientemente provada a posse, o juiz deferirá liminarmente os embargos e ordenará a expedição de mandado de manutenção ou de restituição em favor do embargante, que só receberá os bens depois de prestar caução de os devolver com seus rendimentos, caso sejam afinal declarados improcedentes.
De acordo com o art. 1.052, CPC, quando os embargos versarem sobre todos os bens, determinará o juiz a suspensão do curso do processo principal; versando sobre alguns deles, prosseguirá o processo principal somente quanto aos bens não embargados.
Em conformidade com o art. 1.053, CPC, os embargos poderão ser contestados no prazo de 10 dias, findo o qual proceder-se-á de acordo com o disposto no art. 803, CPC.
Segundo o art. 1.054, CPC, contra os embargos do credor com garantia real, somente poderá o embargado alegar que:
I - 	o devedor comum é insolvente;
II - 	o título é nulo ou não obriga a terceiro;
III -	 outra é a coisa dada em garantia.
Rediscussão em sede de embargos de terceiro da fraude à execução já declarada na ação principal. Nada impede que o embargante rediscuta o reconhecimento da fraude à execução já declarada no processo principal em sede de embargos de terceiro. Isso é possível porque o embargante não é parte na execução, podendo rediscutir a questão. Há também a possibilidade de se requerer o reconhecimento de fraude à execução na contestação de embargos de terceiro interposta pelo beneficiário da constrição.
Fraude contra credores em sede de contestação de embargos de terceiro. A súmula 195 do STJ determina que “em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra credores”. Assim, não é possível o reconhecimento de fraude contra credores por meio de contestação, devendo ser proposta ação pauliana revocatória.
Posse de imóvel advinda de promessa de compra e venda e embargos de terceiro. A súmula 84 do STJ dispõe que “é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido de registro”. No caso de ausência de registro, como quem deu causa à constrição foi o próprio comprador (embargante), de acordo com a súmula 303 do STJ “em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os honorários advocatícios”, ele pagará a sucumbência.
Da ação monitória
De acordo com o art. 1.102.a, CPC, a ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel. Assim, a ação monitória serve para acelerar a produção de um título executivo judicial, em razão de já ter o credor prova escrita.
A inicial deve vir acompanhada da prova escrita do crédito. Diante disso, o juiz pode tomar as seguintes providências:
aceitar a inicial, mas não como veiculadora de uma ação monitória, por entender não ser suficiente a prova, recebendo-a como ação ordinária;
indeferir a petição inicial;
aceitar a ação monitória, reconhecendo como verossímeis as alegações do autor e minimamente provado o crédito, determinando a expedição de mandado monitório para que o réu pague a dívida, sem o acréscimo de custas e honorários (art. 1.102-c, § 1º, do CPC).
Cabe ação monitória contra a Fazenda Pública – Súmula 339 STJ.
Expedido o mandado monitório, o réu será citado e poderá:
cumprir a obrigação, sendo dispensado do pagamento das custas e honorários advocatícios;
ser revel. Se o réu é revel em ação monitória, a decisão inicial proferida pelo juiz automaticamente se torna definitiva. O que era um mandado monitório torna-se um mandado executivo, podendo o oficial de justiça penhorar bens do devedor;
 defender-se, por meio dos embargos monitórios. É uma contestação à monitória com nome de embargos. São autuados nos mesmo autos, não há pagamento de custas, nem prévia penhora ou garantia do juízo. O réu pode, além de embargar, reconvir (Súm. 292 STJ).
Com o oferecimento dos embargos, o procedimento torna-se ordinário. Se o juiz rejeitar a defesa, a decisão inicial torna-se definitiva.
Importante ressaltar que na monitória a cognição é exauriente secundum eventum defensionis, isto é, a cognição será exauriente a partir do comportamento do demandado.
Nada impede que o credor portador de título executivo extrajudicial interponha ação monitória ao invés de ação de execução, nos termos do seguinte entendimento do STJ: Assim como a jurisprudência da Casa é firme acerca da possibilidade de propositura de ação de conhecimento pelo detentor de título executivo - uma vez não existir prejuízo ao réu em procedimento que lhe franqueia ampliados meios de defesa -, pelos mesmos fundamentos o detentor de título executivo extrajudicial poderá ajuizar ação monitória para perseguir seus créditos, não obstante também o pudesse fazer pela via do processo de execução. (REsp 981440/StgP, Rel. MinistroLuis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 12/04/2012, DJe 02/05/2012).
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
Natureza jurídica de simples petição. Prevalece que a melhor nomenclatura seria “objeção de executividade” (Marinoni), pois, a exceção refere-se a argumentos meramente processuais, ao passo que a objeção constitui matéria afeta ao mérito. 
A exceção de executividade é possível quando a matéria é de ordem pública, ou, mesmo não sendo de ordem pública, não há necessidade de dilação probatória (a prova deve ser pré-constituída). A exceção de executividade não implica a suspensão da execução fiscal. De qualquer maneira, não há um prazo para a arguição da exceção: pode ser empregada a qualquer tempo, enquanto não extinto o processo (REsp 818.453/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, 1ª Turma, julgado em 16/9/2008, DJe 2/10/2008), mesmo que expirado o prazo para embargos. Deve-se lembrar que: 1) a apresentação de exceção não suspende a execução; 2) o contraditório é obrigatório, devendo o exequente pronunciar-se em 30 (trinta) dias (LEF, art. 17, analogia); 3) a decisão que acolhe a exceção de pré-executividade é sentença, podendo ser ela desafiada por meio de apelação e remessa obrigatória (CPC, artigo 475, §§ 1º e 3º); 4) não obstante a previsão do art. 1º-D da Lei 9.494/97, cabe condenação em honorários contra a Fazenda Pública, pois o STF realizou interpretação do dispositivo conforme a CF e definiu que somente se aplicaria às execuções contra a Fazenda Pública realizadas por precatório (RE 420816 ED, Relator(a) Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, julgado em 21/3/2007). Ver súmula 393 do STJ: “A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória”; 5) a decisão que rejeita a exceção é mera decisão, sendo incabível a condenação em honorários advocatícios. 
Exceção de pré-executividade: amparo normativo.
Embora a exceção de pré-executividade seja um instituto supralegal, tem lastro em, pelo menos, dois princípios: o princípio da razoabilidade (pois não é racional que o juiz postergue o conhecimento de questões que poderiam e/ou deveriam ser levantadas liminarmente, condicionando-lhes o conhecimento à constituição de penhora, que muitas vezes é gravosa ao patrimônio do executado) e o princípio da proporcionalidade stricto sensu (pois a necessidade de que execuções infundadas sejam evitadas justifica, por vezes, a renúncia à cognição nos embargos) (CASTRO, Carlos Alberto Siqueira. O devido processo legal e os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 205, pp. 141. e ss).
Há quem defenda que, em sede de execução de título executivo extrajudicial, não mais subsiste a figura da exceção de pré-executividade, pois não há mais a necessidade de o executado garantir o juízo para poder defender-se (artigo 736 do CPC). Nesse sentido é a exposição de motivos da Lei 11.382/2006. Todavia há pensamentos divergentes, pois pode ser interesse do devedor a extinção da execução independentemente de penhora. Ora, 3 dias após a citação, o oficial de justiça efetuará a penhora (art. 652, § 1º, do CPC) e o prazo dos embargos é de 15 dias contados da juntada do mandado de citação (art. 738, caput, do CPC), ademais, o efeito suspensivo dos embargos só se dá com a penhora, já na exceção de pré-executividade, é possível pedi-lo independentemente de garantia do juízo. Por fim ressalte-se a celeridade de julgamento da exceção de pré-executividade, já que procedimento interno do processo, mero incidente.
REMIÇÃO
Art. 651. Antes de adjudicados ou alienados os bens, pode o executado, a todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, mais juros, custas e honorários advocatícios.
De acordo com o art. 685-B, a adjudicação considera-se perfeita e acabada com a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicante, pelo escrivão e, se for presente, pelo executado, expedindo-se a respectiva carta, se bem imóvel, ou mandado de entrega ao adjudicante, se bem móvel.
Por sua vez, o art. 685-C, § 2o , dispõe que a alienação será formalizada por termo nos autos, assinado pelo juiz, pelo exeqüente, pelo adquirente e, se for presente, pelo executado, expedindo-se carta de alienação do imóvel para o devido registro imobiliário, ou, se bem móvel, mandado de entrega ao adquirente.
Em relação à arrematação, dispõe o art. 694. que assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da justiça ou leiloeiro, considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável.
A remição, portanto, é limitada a tais momentos do processo executivo, aplicando-se a mesma regra à execução fiscal. 
SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO
Suspensão e extinção do processo de execução. 
Observação geral. As causas de suspensão e extinção do processo se aplicam tanto a execução de título extrajudicial quanto ao cumprimento de sentença.
Suspensão. 
Conceito. “Consiste a suspensão da execução numa situação jurídica provisória e temporária, durante a qual o processo não deixa de existir e produzir seus efeitos normais, mas sofre uma paralisação em seu curso, não se permitindo que nenhum ato processual novo seja praticado enquanto dure a referida crise. A eficácia da suspensão, é, pois, a de ‘congelar o processo’, de sorte que, cessada a causa que a motivou, o procedimento retoma, automaticamente, seu curso normal, a partir da fase ou momento processual em que se deu a paralisação” (HTJ, Curso, vol. II, 2009, p. 471).
Espécies. A suspensão pode ser: (i) necessária (como se dá com as exceções); (ii) voluntária (como no caso de acordo entre as partes).
Hipóteses. Suspende-se a execução: 
Embargos do devedor com efeito suspensivo. A regra atual é que os embargos do devedor não tenham efeito suspensivo (art. 739-A). Entretanto, “o juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes” (art. 739-A, §1o, CPC). Os embargos parciais (opostos contra parte da dívida) só podem suspender a execução no que diz respeito a seu objeto. Os embargos opostos por um executado não suspende a execução para os demais, salvo se o fundamento lhes aproveitar. Nessas hipóteses, a concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de penhora e de avaliação dos bens.
Hipóteses previstas no art. 265, I a III, CPC. O art. 265, CPC, elenca inúmeras causas de suspensão do processo de conhecimento. As três primeiras estão relacionadas, respectivamente, a: (i) pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador; (ii) II - pela convenção das partes; (iii) quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz. Ao excluir dos demais incisos do art. 265, CPC, o legislador aparentemente não quis que as outras causas se aplicassem aqui. No entanto, HTJ e Marinoni admitem a suspensão nas demais hipóteses, argumentando que as regras do processo de conhecimento aplicam-se subsidiariamente à execução (art. 598, CPC) e, em especial, reconhece que o processo de conhecimento pode ficar suspenso em razão de prejudicialidade externa (inciso IV, alínea “a” do art. 265), citando o exemplo da ação anulatória ajuizada antes da execução� e desde que presentes os requisitos do art. 739A, §1o, CPC.
Ausência de bens penhoráveis. Sobre a ausência de bens penhoráveis a questão mais polêmica procura se perguntar por quanto tempo a suspensão pode durar. Alguns precedentes afirmam que a suspensão dura pelo prazo da prescrição e, ao seu termo, a prescrição poderia ser reconhecida pelo Juiz (prescrição intercorrente civil). HTJ é contra, propugnando que o processo fique suspenso “sine die” (Curso,vol. II, 2009, p. 474). Alguns precedentes do TJDFT também são contrários a essa prescrição intercorrente�. Mas, no STJ, prevalece a suspensão da prescrição sine die. 
Embargos de terceiro. Nos termos do art. 1.052, CPC, “a concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de penhora e de avaliação dos bens”.
Acordo entre as partes. Convindo as partes, o juiz declarará suspensa a execução durante o prazo concedido pelo credor, para que o devedor cumpra voluntariamente a obrigação. Findo o prazo sem cumprimento da obrigação, o processo retomará o seu curso. Quando há acordo, muitos juízes simplesmente extinguem o processo, mas, “não se pode extinguir o processo de execução com fulcro no art. 794, II, do CPC, se não houver a remição total da dívida, mas mero acerto entre as partes para o cumprimento da obrigação em prazo especificado no acordo, impondo-se, tão-somente, a suspensão do processo executivo” (TJDFT, APC 2002.01.5.007090-9, Rel. Des. Carmelita Brasil, in DJ 23.04.2003; no mesmo sentido, 20060610108147APC, Relator WALDIR LEÔNCIO C. LOPES JÚNIOR, 2ª Turma Cível, julgado em 27/05/2009, DJ 15/06/2009 p. 110).
Art. 745A, §1o, CPC. Referido artigo trouxe uma hipótese de parcelamento judicial da dívida. Assim, “no prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês”. Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exeqüente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos; caso indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito.  O não pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno direito, o vencimento das subseqüentes e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos atos executivos, imposta ao executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e vedada a oposição de embargos. 
Falência. Nos termos do artigo 52, inciso III, combinado com o artigo 6º da Lei 11.101/2005, deferido o processamento da recuperação judicial, ressalvadas as exceções legais, o juiz ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor.
Recuperação judicial. 2. Em regra, uma vez deferido o processamento ou, a fortiori, aprovado o plano de recuperação judicial, revela-se incabível o prosseguimento automático das execuções individuais, mesmo após decorrido o prazo de 180 dias previsto no art. 6º, § 4, da Lei 11.101/2005. Precedentes. (AgRg no CC 117.211/GO, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 08/02/2012, DJe 14/02/2012)
Efeitos. Suspensa a execução, é defeso praticar quaisquer atos processuais. O juiz poderá, entretanto, ordenar providências cautelares urgentes, como venda de bens perecíveis, avaliações, etc. 
Medida cautelar. A jurisprudência majoritária vem entendo que, antes do ajuizamento da execução, o devedor não detém a faculdade de buscar, via medida cautelar, a suspensão (ou impedir que a execução seja ajuizada), pois, de modo contrário, se violaria o direito constitucional de ação. 
Extinção. Nos termos do art. 794, CPC, “extingue-se a execução quando: I - o devedor satisfaz a obrigação [o que naturalmente pressupõe integralidade do pagamento, com principal, juros, correção e multa]; II - o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro meio, a remissão total da dívida; III - o credor renunciar ao crédito”. Embora não tenham sido mencionados no texto da lei, ainda se admite extinção por: (i) procedência dos embargos do devedor; (ii) desistência da execução, que pode ser feita mesmo sem o consentimento do devedor [a renúncia opera no plano do direito material; a desistência, no plano processual; com isso, “quem desiste pode voltar a disputar a mesma prestacão em nova relação processual (cf. HTJ, Curso, vol. II, 2009, p. 476)]; e (iii) indeferimento da inicial, entre outros. De modo contrário, se a satisfação do crédito foi apenas parcial, a execução prossegue pela diferença nos mesmos autos, com nova penhora, avaliação, etc..
Sentença. A extinção só produz efeitos quando declarada por sentença (art. 795). Contra essa sentença, cabe apelação. Em regra, essa sentença não transita em julgado. Assim, se foi executado e pagou, posteriormente é possível ação de repetição de indébito (art. 574, CPC). Mas, eventualmente, pode ocorrer que esse julgamento contenha mérito, quando, após um exercício de cognição feito nos próprios autos da execução, o juiz soluciona incidente surgido entre as partes, como a suficiência do pagamento, sendo, então, capaz de transitar em julgado (HTJ, Curso, vol. II, 2009, p. 477)
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Natureza jurídica do cumprimento da sentença.
A execução de título judicial não é um processo autônomo, mas é um procedimento. O legislador substituiu a expressão “execução de título judicial” por “cumprimento de sentença” para fixar o entendimento de que o processo é um só. Todavia, esse procedimento ainda é uma execução (art. 475-I). Da mesma forma, o transporte dos artigos do Livro II do CPC para o Livro I confirma essa finalidade. O termo execução de título judicial é melhor, pois nem todo título judicial é sentença.
O procedimento de cumprimento de sentença é um procedimento autônomo por três razões:
a) Ainda há prescrição no cumprimento de sentença, pois o art. 475-L, VI, prevê a hipótese de prescrição superveniente à sentença como causa de impugnação ao seu cumprimento.
b) Ainda há condenação em honorários no cumprimento de sentença, pois o art. 20, § 4º c/c o art. 475-I permitem concluir que é devido os honorários nas execuções, embargadas ou não. Essa é a posição do STJ (REsp 978545). Logo, se o executado cumprir a obrigação em 15 dias, não haverá os honorários da execução, mas apenas os da fase de conhecimento. Por outro lado, passado esse prazo, sendo necessário o requerimento da expedição do mandado de penhora e avaliação, caberá condenação em honorários.
c) Matéria de ordem pública pode ser conhecida de ofício a qualquer tempo e grau de jurisdição (arts. 267, § 3º e 301, § 4º). Assim, em regra, o juiz não pode conhecer de matéria de ordem pública da fase de conhecimento na fase de cumprimento de sentença, pois já há coisa julgada, devendo ser proposta a ação rescisória, salvo a hipótese do art. 475-L, I – falta ou nulidade da citação se o processo correu à revelia –, que é chamada pela doutrina de vício transrescisório, pois mesmo que passe o prazo da ação rescisória, esse vício ainda pode ser alegado.
A execução de sentença ainda conviverá com a exceção de pré-executividade, pois ainda existe a necessidade de o executado garantir o juízo para poder defender-se. Segundo o STJ (REsp 1.195.929-SP, 3ª Turma, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 24/4/2012), a garantia do juízo é pressuposto para o processamento da impugnação ao cumprimento de sentença (art. 475-J, § 1º, do CPC).
Natureza jurídica da impugnação.
A doutrina ainda diverge quanto à natureza da impugnação ao cumprimento de sentença: (a) para parte da doutrina, a impugnação teria natureza de ação (Arruda Alvim, Araken de Assis, João Batista Lopes e Paulo Henrique Lucon); (b) para outra corrente, teria natureza de defesa (Carreira Alvim, Athos Gusmão Carneiro, Marinoni, Fredie Didier e Antônio Notariano); (c) uma terceira posição entende que seja um misto de ação e defesa (Nelson Nery); (d) para outra corrente, teria natureza de ação ou defesa a depender do conteúdo (Wambier, Wambier e Medina e Eduardo Arruda Alvim); e (e) há ainda quem argumente que seria uma nova figura (Misael Montenegro). A posição que tende a prevalecer é a que considera a impugnação uma defesa. Há algumas consequências práticas quanto à definição da sua natureza como defesa: (a) o prazo será contado em dobro para os litisconsortes com procuradores diferentes, nos termos do art. 191 doCPC; (b) não requer o pagamento de custas; (c) aplica-se o princípio da eventualidade, ou seja, toda a matéria de defesa deve ser apresentada na impugnação, salvo algumas exceções, como, por exemplo, matéria de ordem pública.
Decisão que julga impugnação e coisa julgada material.
A natureza jurídica da decisão que julga a impugnação dependerá do resultado: (a) sentença: se a decisão da impugnação acarretar a extinção da execução, terá natureza de sentença e caberá apelação (nesse caso, alguns autores afirmam que a apelação será recebida apenas com efeito devolutivo, para outros, seria recebida com duplo efeito, suspensivo e devolutivo); (b) decisão interlocutória: se a decisão da impugnação não acarretar a extinção da execução, terá natureza de decisão interlocutória e caberá agravo de instrumento. O tema não é pacífico, pois há quem considere que sempre será sentença, e há quem julgue que sempre será decisão interlocutória. Apesar das divergências, essa decisão faz coisa julgada material.
Cumprimento de sentença e prescrição intercorrente.
Não há mais sentido em falar-se aqui em “prescrição intercorrente”, pois a execução de sentença passou a dar-se per officium iudicis: após a intimação da sentença, o devedor terá o prazo de 15 (quinze) dias para pagar, sob pena de acrescer-se ao montante da dívida uma multa no percentual de 10% (dez por cento) (CPC, art. 475-J, 1ª parte). Entretanto, há autores que entendem ser possível prescrição intercorrente em razão da demora na provocação do cumprimento de sentença. O fundamento dessa posição está nos arts. 475-J, segunda parte – exige requerimento do credor –, e 475-L, VI, do CPC – possibilidade de se alegar prescrição na impugnação. 
Início do cumprimento de sentença e princípio dispositivo.
Para os casos de obrigação de pagar, a jurisprudência dominante do STJ, com apoio da doutrina majoritária, entende que depende de iniciativa da parte. Para os casos de obrigação de fazer, não-fazer e entrega de coisa é que o próprio juiz pode dar início de ofício ao cumprimento da sentença.
Embora haja uma unidade procedimental entre o processo de conhecimento e o cumprimento de sentença, a iniciativa do juiz na determinação do início do cumprimento não fere o princípio dispositivo. Ora, trata-se de princípio e, como princípio que é, admite exceções. É importante transcrever a seguinte decisão do STJ acerca da necessidade de requerimento do credor: PROCESSUAL CIVIL. LEI N. 11.232, DE 23.12.2005. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA. JUÍZO COMPETENTE. ART. 475-P, INCISO II, E PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. TERMO INICIAL DO PRAZO DE 15 DIAS. INTIMAÇÃO NA PESSOA DO ADVOGADO PELA PUBLICAÇÃO NA IMPRENSA OFICIAL. ART. 475-J DO CPC. MULTA. JUROS COMPENSATÓRIOS. INEXIGIBILIDADE. 1. O cumprimento da sentença não se efetiva de forma automática, ou seja, logo após o trânsito em julgado da decisão. De acordo com o art. 475-J combinado com os arts. 475-B e 614, II, todos do CPC, cabe ao credor o exercício de atos para o regular cumprimento da decisão condenatória, especialmente requerer ao juízo que dê ciência ao devedor sobre o montante apurado, consoante memória de cálculo discriminada e atualizada. 2. Na hipótese em que o trânsito em julgado da sentença condenatória com força de executiva (sentença executiva) ocorrer em sede de instância recursal (STF, STJ, TJ e TRF), após a baixa dos autos à Comarca de origem e a aposição do "cumpra-se" pelo juiz de primeiro grau, o devedor haverá de ser intimado na pessoa do seu advogado, por publicação na imprensa oficial, para efetuar o pagamento no prazo de quinze dias, a partir de quando, caso não o efetue, passará a incidir sobre o montante da condenação, a multa de 10% (dez por cento) prevista no art. 475-J, caput, do Código de Processo Civil.(REsp 940274/MS, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 07/04/2010, DJe 31/05/2010).
Cumprimento de sentença e ações autônomas de impugnação de decisões judiciais.
Nada impede que haja ajuizamento de ação rescisória, ou de ação declaratória de inexistência de relação processual (querella nullitatis insanabilis), contra toda e qualquer sentença condenatória, mesmo após o advento da Lei 11.232/2005.
Sentença declaratória e título executivo.
O art. 475-N, I, do CPC (que substituiu o art. 485, I), fala em sentença que reconheça a existência de obrigação. Diversamente, antes da reforma, o CPC falava em sentença condenatória. O atual dispositivo incluiu as tutelas mandamental e executiva lato senso. Além disso, também incluiu as tutelas declaratória e constitutiva, ou seja, na prática, sentenças declaratórias e constitutivas também podem ser executadas, desde que haja um direito de prestação. Esse direito de prestação surgirá como efeito anexo, ou decorrência lógica da sentença.
Tempus iudicati e multa.
De acordo com o art. 475-J, caput, do CPC, o devedor tem o prazo de quinze dias para pagar a quantia certa ou já fixada em liquidação, sob pena de incorrer em multa de 10% (dez por cento) sobre o montante da condenação. O prazo tem início com a intimação do advogado do devedor por meio da imprensa oficial (REsp 940274/MS, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 07/04/2010, DJe 31/05/2010). Há dúvida, porém, no que respeita ao termo inicial para a contagem do prazo a que alude esse art. 475-J do Código de Processo Civil, nas hipóteses de cumprimento de sentença arbitral, de sentença penal condenatória, de sentença estrangeira homologada, de transação extrajudicial homologada judicialmente e de formal ou certidão de partilha. Aqui, o termo inicial só pode ser a data a partir da qual se torna exigível a obrigação reconhecida no título executivo judicial em tela. Por exemplo: se na sentença homologatória de transação extrajudicial o devedor se obrigar a pagar quantia certa em 60 (sessenta) dias após a data da homologação do acordo, o prazo de quinze dias, aludido pelo artigo 475-J, passará a fluir desde o 61º dia após a homologação. Se houver a necessidade de ajuizar-se ação executiva autônoma para o cumprimento da sentença (p.ex.: sentença estrangeira homologada), esse prazo será deflagrado a partir da citação in executivis (Parágrafo único do art. 475-N do CPC). Ou seja, nas hipóteses dos incisos II, IV e VI do artigo 475-N do CPC, o termo inicial do prazo é a citação; nas hipóteses dos incisos I, III, V e VII, o termo inicial é a data em que ganha exigibilidade a obrigação declarada no título executivo. 
Natureza jurídica da multa.
Trata-se de uma multa moratória intraprocessual, caso não realizado o pagamento espontâneo pelo devedor no tempus iudicati de 15 (quinze) dias fixados em lei. É uma multa de índole material, e não de índole processual, pois é ela reduzida na proporção em que reduzido o quantum debeatur. Não se trata de multa coercitiva, tal como a multa do § 4º do artigo 461 do CPC, que visa compelir o devedor ao cumprimento da obrigação. A multa coercitiva, esta sim, pode ser relevada ou modulada caso não se revele eficaz para compelir o devedor. No caso de multa moratória, isto não se dá.
Desconsideração da pessoa jurídica no cumprimento da sentença.
Em caso de desconsideração da personalidade jurídica da empresa devedora, haverá legitimaçãopassiva superveniente de seus sócios. Neste caso, cada qual deles deve ser citado (e não apenas intimado, porquanto ainda não são partes na demanda condenatório-executiva) da sentença líquida ou da decisão de liquidação, para pagarem em 15 (quinze) dias, sob pena de acrescer-se uma multa de 10% (dez por cento) sobre o montante da condenação. Não “herdam”, portanto, o acréscimo anteriormente impingido à pessoa jurídica, porque não podem ser responsabilizados por fato de terceiro. Sem que se lhes dê o ensejo para o pagamento, contra eles não incide a multa prevista no artigo 475-J do CPC.
Condenação em honorários no cumprimento de sentença.
O STJ admite a condenação em honorários advocatícios no cumprimento de sentença (EDcl no AgRg no Ag 1319115/PR, Rel. Ministro MARCO BUZZI, 4ª Turma, julgado em 07/08/2012, DJe 13/08/2012 e AgRg no AREsp 167.952/MS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, 3ª Turma, julgado em 19/06/2012, DJe 27/06/2012). Fredie Didier discorda em parte desse entendimento: “Em se tratando de ações sincréticas que visem impor uma prestação de fazer ou não fazer ou de entrega de coisa, certamente não serão devidos honorários advocatícios. Todavia, cuidando-se de cumprimento de sentença de pagar quantia, que depende de provocação da parte e segue um procedimento específico, será justa a fixação de honorários”. 
Cumprimento de sentença e “impugnação de segunda fase”.
Aplicando-se ao cumprimento de sentença, no que couber, a disciplina da execução lastreada em título executivo extrajudicial, pode-se falar em impugnação de segunda fase. Interpretando-se o Capítulo IV do Título III do Livro II, em conjugação funcional com a realidade específica do “cumprimento da sentença”, nada impede que o devedor ofereça a “impugnação à arrematação, ou à adjudicação”, fundada em nulidade da execução, pagamento, novação, transação ou prescrição supervenientes, desde que supervenientes à penhora, além de nulidade da própria arrematação, ou da adjudicação.
Cumprimento de sentença e usufruto de imóvel ou de empresa.
Não desapareceram, com o advento do cumprimento da sentença, os instrumentos executórios consistentes no usufruto de imóvel ou de empresa. A Lei 11.232/2006 não revogou os artigos 716 a 729 do CPC.
Cumprimento de sentença e art. 42 do CPC.
O artigo 42 do CPC não atua no cumprimento de sentença. Esse dispositivo tem como âmbito de incidência a atividade cognitiva. Se a alienação ou a cessão se passou na fase do cumprimento da sentença por execução forçada ou no processo de execução, a sucessão na posição de exequente independe do consentimento do executado (STJ, 2ª turma, REsp 687.761/RS, rel. Min. Eliana Calmon, j. 06/12/2005). Para o âmbito da atividade executória (de que é exemplo o cumprimento de sentença), aplica-se o inciso II do art. 567 do CPC. Na doutrina, é controversa essa continuidade, embora a jurisprudência do STJ seja relativamente tranquila nesse sentido. 
Art. 475-L, § 1º, do CPC: inexigibilidade do título ou rescisão do julgado?
A incidência do art. 475-L, § 1º, do CPC, apenas torna o título inexigível, não rescindindo o julgado. A sentença permanece incólume. Não há rescisão do julgado. Contra este – caso se entenda haver ele recrudescido uma “coisa julgada inconstitucional” –, cabe apenas o ajuizamento de ação rescisória (caso se entenda que o vício é de nulidade), ou de ação declarativa de inexistência de relação processual (caso se entenda que o vício é de inexistência). A impugnação fundada no art. 475, inciso II c.c. § 1º, do Código, volta-se contra os atos executivos pós-sentenciais, não contra a sentença em si. 
Segundo MARINONI, as normas do art. 475-L, §1º, do CPC permitem apenas uma interpretação constitucional: a de que o executado poderá alegar a pronúncia do STF quando a sentença exequenda houver aplicado lei que já havia sido declarada inconstitucional ou tiver adotado interpretação que já havia sido declarada incompatível com a Constitucional. 
Lei 11.232/2005 e liquidação.
No CPC/1939 a liquidação era um incidente do processo. No CPC/1973, passou a ser um processo autônomo. Na reforma do CPC de 1994, a liquidação por cálculo do contador deixou de ser processo autônomo, passando a ser incidente processual. Com a reforma de 2005, todas as espécies de liquidação passaram a ser incidentes, procedimentos. Antigamente exigia-se uma petição inicial para o início da liquidação, hoje, basta um requerimento. Antes exigia-se a citação, não obstante ser na pessoa do advogado. Hoje, faz-se intimação. Antes o recurso cabível era apelação, hoje, cabe agravo de instrumento. Ocorrerá citação nos casos em que não houve processo de conhecimento no juízo cível. Temos três casos: (a) sentença penal condenatória; (b) sentença arbitral; e (c) sentença estrangeira homologada pelo STJ; e (d) sentença coletiva, cujo processo de liquidação é diferente por comportar maior carga cognitiva. Ainda que a forma de liquidação seja disposta na sentença, não recebe tal comando a imutabilidade da coisa julgada, nos termos do enunciado 344 do STJ. 
� “A execução ajuizada após a propositura de ação que tem por objeto a desconstituição do título extrajudicial dispensa a oposição de embargos do devedor e, ultimada a penhora, fica suspensa até a sentença proferida na ação de conhecimento – não além disso, sob pena de a ação ordinária, substitutiva dos embargos do devedor, ter eficácia maior do que estes teriam; efeito exclusivamente devolutivo, excepcional, do recurso interposto contra a sentença que julga, no todo ou em parte, improcedente a ação ordinária substitutiva dos embargos do devedor” (REsp 437.167/RS, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/08/2002, DJ 02/12/2002 p. 308)
� “1. A citação válida suspende o curso da prescrição, conforme preceitua o artigo 219, caput, do Código de Processo Civil, nos seguintes termos: ‘a citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição’.
2. O prazo prescricional não se encontra em curso, quando o processo está suspenso, ante a ausência de bens passíveis de penhora”
(TJDFT, 20090750005800APC, Relator LECIR MANOEL DA LUZ, 5ª Turma Cível, julgado em 27/05/2009, DJ 04/06/2009 p. 132). “1.A citação válida suspende o curso da prescrição (art. 219, caput, CPC). Desta feita, se houve a citação do devedor, à evidência que o prazo prescricional não está em curso; portanto, jamais poderia ser considerada prescrita a ação.
2.A decisão que considera prescrita a ação executiva, sem observância das causas específicas de suspensão e interrupção prescricional, viola a Súmula n.º 150 do Excelso Pretório.
3.Mesmo diante da aplicação do art. 267, III, do CPC, ao processo de execução, a intimação da parte para dar andamento ao feito, sob pena de extinção, há de ser pessoal, não se admitindo seja substituída por simples publicação no Diário da Justiça. 
4.Recurso conhecido e provido. Unânime” (20030111119312APC, Relator ROMEU GONZAGA NEIVA, 5ª Turma Cível, julgado em 19/11/2008, DJ 09/02/2009 p. 117). No mesmo sentido: “Prescrição intercorrente. Suspensa a execução de cheque por não possuir o devedor bens penhoráveis, já estando citado, não corre nenhum prazo prescricional, irrelevante que o processo esteja sem andamento há 12 anos. Recurso provido para afastar a prescrição. (1º TACivSP, AP 474243, rel. Elliot Ackel, j. 5.4.1993).” TJDFT, 20090150001801APC, Relator LECIR MANOEL DA LUZ, 5ª Turma Cível, julgado em 27/05/2009, DJ 04/06/2009 p. 132.

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