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Matéria Filosofia AV2

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As Teorias Contratualistas - Hobbes, Locke e Rousseau
	
	
Três grandes pensadores modernos marcaram a reflexão sobre a questão política: Hobbes, Locke e Rousseau. Um ponto comum perpassa o pensamento desses três filósofos a respeito da política: a idéia de que a origem do Estado está no contrato social. Parte-se do princípio de que o Estado foi constituído a partir de um contrato firmado entre as pessoas. Aqui entende-se o contrato como um acordo, consenso, não como um documento registrado em cartório. Além disso, a preocupação não é estabelecer um momento histórico (data) sobre a origem do Estado. A idéia é defender que o Estado se originou de um consenso das pessoas em torno de alguns elementos essenciais para garantir a existência social. Porém, existem algumas divergências entre eles, que veremos a seguir:
Hobbes (1588-1679) acreditava que o contrato foi feito porque o homem é o lobo do próprio homem. Há no homem um desejo de destruição e de manter o domínio sobre o seu semelhante (competição constante, estado de guerra). Por isso, torna-se necessário existir um poder que esteja acima das pessoas individualmente para que o estado de guerra seja controlado, isto é, para que o instinto destrutivo do homem seja dominado. Neste sentido, o Estado surge como forma de controlar os "instintos de lobo" que existem no ser humano e, assim, garantir a preservação da vida das pessoas. Para que isso aconteça, é necessário que o soberano tenha amplos poderes sobre os súditos. Os cidadãos devem transferir o seu poder ao governante, que irá agir como soberano absoluto a fim de manter a ordem.
Locke (1632-1704) parte do princípio de que o Estado existe não porque o homemé o lobo do homem, mas em função da necessidade de existir uma instância acima do julgamento parcial de cada cidadão, de acordo com os seus interesses. Os cidadãos livremente escolhem o seu governante, delegando-lhe poder para conduzir o Estado, a fim de garantir os direitos essenciais expressos no pacto social. O Estado deve preservar o direito à liberdade e à propriedade privada. As leis devem ser expressão da vontade da assembléia e não fruto da vontade de um soberano. Locke é um opositor ferrenho da tirania e do absolutismo, colocando-se contra toda tese que defenda a idéia de um poder inato dos governantes, ou seja, de pessoas que já nascem com o poder (por exemplo, a monarquia). 
Rousseau (1712-1778) considera que o ser humano é essencialmente bom, porém, a sociedade o corrompe. Ele considera que o povo tem a soberania. Daí, conclui que todo o poder emana (tem sua origem) do povo e, em seu nome, deve ser exercido. O governante nada mais é do que o representante do povo, ou seja, recebe uma delegação para exercer o poder em nome do povo. Rousseau defende que o Estado se origina de um pacto formado entre os cidadãos livres que renunciam à sua vontade individual para garantir a realização da vontade geral. Um tema muito interessante no pensamento político de Rousseau é a questão da democracia direta e da democracia representativa. A democracia direta supõe a participação de todo o povo na hora de tomar uma decisão. A democracia representativa supõe a escolha de pessoas para agirem em nome de toda a população no processo de gerenciamento das atividades comuns do Estado.
Resumo:
Kant criou um critério de universalidade que se torna viável, a formulação do direito, pois, todo cumprimento do dever jurídico é também um dever moral, visto que a obediência da ordem jurídica emana do imperativo categórico.
CONCEITOS E PRINCÍPIOS DA FILOSOFIA KANTIANA E SUA CORRELAÇÃO COM O DIREITO
 
INTRODUÇÃO
 
O filósofo Imannuel Kant, inaugurou uma nova forma de pensar ao rejeitar o dogmatismo e ceticismo, algo que revolucionou o pensamento filosófico conhecido até então. O sujeito apenas pode conhecer os fenômenos, objetos da intuição empírica, pois, tudo o que não passar nessa verificação, é incognoscível.
A razão especulativa falha em definir questões sobre a alma, Deus, liberdade e moral. Conseqüentemente, esses elementos serão abordados pela razão prática, visto que não é possível em outro campo.
Na doutrina de deveres, Kant elabora duas divisões: A doutrina das virtudes, que trata da moral e a doutrina do direito.
Quanto à moralidade, é a vontade boa que para Kant é responsável por tudo o que existe de melhor no planeta. Sem a moralidade, torna-se impossível conceber o bem, pois o homem possui vontades que são determinadas por certas regras, sendo que essas regras se constituem através de máximas, que se reduzem ao principio subjetivo do querer. Através dessa concepção, Kant pode definir a fórmula do imperativo categórico que ordena que devemos agir de tal forma que a nossa máxima se constitua em lei universal.
Pois, é justamente nesse critério de universalidade que se torna viável, a formulação do direito em Kant, pois, todo cumprimento do dever jurídico é também um dever moral, visto que a obediência da ordem jurídica emana do imperativo categórico e é ele que constitui a verificação de legitimidade dos conteúdos da ordem jurídica.
Kant distingue a liberdade na moral e no direito, pois, no primeiro caso ela é interna e não admite qualquer forma de coerção, enquanto que no direito, a liberdade é externa e depende da coerção para ser cumprida. O ideal para Kant seria que as ações morais fossem cumpridas pelo puro respeito ao dever e pela coação da razão.
1 O CONHECIMENTO EM KANT:
 
Como tese principal, Kant defende que não somos capazes de conhecer as coisas tais como elas são em si mesmas. Para REGO, ele recusa tanto o dogmatismo, quanto o ceticismo. [1]
Tudo o que podemos conhecer são os fenômenos e não as coisas em si, mesmo sendo viável pensar as coisas em si. [2]
Na visão do escritor PASCAL, o filósofo estabelece a distinção entre sensibilidade e entendimento. A sensibilidade é a faculdade das intuições humanas e o entendimento é a faculdade dos conceitos. [3]
Segundo Kant, as intuições podem ser puras, de espaço e tempo, ou empíricas, elas são a maneira como recebemos os dados que nos afetam do exterior. Antes de tomar contato com os objetos, sentimos através da intuição o tempo e o espaço. Tudo o que podemos ter acesso através da experiência possui uma ordem no tempo e um lugar no espaço[4].
Já o conhecimento puro conduz a juízos analíticos e sintéticos. Os juízos sintéticos podem ser a priori (não dependem diretamente da experiência), e são universais e imprescindíveis; ou também podem ser a posteriori (dependem diretamente da experiência), sendo contingentes e particulares. O juízo analítico está relacionado diretamente com a experiência, é universal e necessário, porém não é capaz de ampliar o conhecimento.
Explica PASCAL que os conceitos puros do entendimento são os princípios que condicionam a possibilidade da experiência. São através das categorias que a multiplicidade sensível se une em objetos e se torna pensável. A categoria serve para o conhecimento das coisas, e para a aplicação em objetos de experiência. [5]
COTRIM acredita que em suas investigações, Kant negou ser possível conhecermos realidades que não perpassam pelo conhecimento sensível. [6]
De outro giro, REGO afirma que para o filósofo, o fracasso da razão especulativa significa que é a razão prática que cabe a tarefa da decisão. Os problemas, então da alma, da liberdade e de Deus dependem da moral, ou seja, da razão prática. A fé moral, só se torna possível, porque a razão especulativa é insuficiente. Assim resolvem-se os problemas levantados pela crítica da razão pura, sendo  analisados pelo campo da metafísica. [7]
Porém, existe outro domínio fora o fenomênico: o supra-sensível, que indica tudo o que não é fenômeno. [8]
Desse domínio a metafísica se encarrega, pois Kant defendia que a única coisa que não podemos pretender conhecer é esse incondicionado, que não é causado por nada, ou seja, a definição de conhecimento só é válida quando ligamos nossos conceitos (compreendidos através de categorias),às nossas intuições sensíveis. O objeto incondicionado da metafísica é incognoscível. Portanto, o acesso ao incondicionado é um acesso que Kant denomina de ”prático.” Esse prático tem o sentido de escolha, de decisão do homem, pois o ser humano possui um arbítrio, ele pode sempre responder por aquilo que é. [9]
Para o mesmo autor, Kant define que o homem é um ser livre e essa liberdade torna-se o principal tema da filosofia prática kantiana. É exatamente nesse domínio prático que Kant se indaga se podemos extrair leis para regular o comportamento humano, leis morais.  Será que a liberdade do arbítrio humano é compatível com a idéia de uma lei governando e se submetendo a esse arbítrio? [10].
 2 A LEI MORAL
 
            A razão pura é a busca do incondicionado. Ele é a recusa, a não aceitação do inacabado, da dependência, do inexplicável.
            Para Kant, o conceito significa uma ligação do múltiplo dado na intuição sensível e o mundo empírico não nos satisfaz, pois ele é apenas um conjunto de fenômenos. PASCAL explica que a razão exige mais, ela exige a apresentação do mundo como uma totalidade acabada. Portanto, o domínio moral vai se dar na razão prática que se interessa pelas ideias. [11]
            Pois bem, a alma, o mundo e Deus são incognoscíveis. Como não há intuição possível aplicada a esses objetos, também não há conceitos, nem o conhecimento. Se não se pode conferir um papel constitutivo às ideias, elas podem ganhar outro papel, o papel regulador.
            Para o mesmo autor supracitado, esses princípios da razão não têm nenhum principio constitutivo, pois não constituem conhecimento de fato, mas possuem um uso regulado; não determinam objetos, constituirão somente máximas. [12]
            Para Kant, não é possível conhecer nada além da experiência. A razão especulativa pode afirmar nada ao que se refere à alma, a Deus e a liberdade, deixando esse campo para a razão prática. Ou seja, os problemas de Deus, da liberdade e da alma dependem da razão prática, da moral, pois Kant afirmou ser impossível demonstrar especulativamente a mortalidade da alma ou a existência de Deus.
Destarte, A fundamentação da metafísica dos costumes é a obra que vai tratar da pesquisa e da determinação do principio supremo da moralidade. [13]
 
3 A VONTADE BOA E O DEVER
 
            Kant defende que: “Não é possível conceber coisa alguma no mundo, ou mesmo fora do mundo, que sem restrição possa ser considerada boa, a não ser uma só: a boa vontade.” [14]
Para tornar uma vontade boa, é necessário, ela ser de acordo com o princípio do querer, ela é boa por si mesma pelo simples querer. Para a ação resultante dessa vontade boa  ter valor moral, a ação deve ser por dever.
PASCAL afirma que a ação boa pode ser executada por dever, porém só tem o valor moral, aquela que é cumprida por puro dever. A ação conforme o dever pode ter como origem uma intenção egoísta ou uma inclinação imediata, sendo assim essa ação não tem verdadeiro valor moral. Isso só é possível, quando ela é executada por dever, ou seja, a sua ação é incondicionada.  Mas, o que seria o dever? O dever pode ser conceituado como a necessidade de cumprir uma ação por respeito à lei. [15]
Como ser racional, o homem possui vontades e age de acordo com regras e essas regras constituem máximas. Se elas são válidas para a vontade subjetiva, são máximas, mas a partir do momento que elas passam a serem válidas para qualquer sujeito racional, elas se transformam em leis. [16]
  
4 IMPERATIVO CATEGÓRICO
 
As leis da razão apresentam à vontade na forma de mandamentos, pois, a vontade não é perfeita. Para a vontade humana que está sujeita as inclinações da sensibilidade, as leis racionais são na forma de imperativos.
Existem dois tipos de imperativos; os categóricos e os hipotéticos. Os hipotéticos nos revelam uma ação como necessária para alcançar certo fim, enquanto que os categóricos nos mostram uma ação como necessária em si mesma, incondicionalmente.
A fórmula do imperativo categórico pode ser definida como: “Procede apenas segundo aquela máxima, em virtude da qual podes querer ao mesmo tempo que ela se torne em lei universal.”[17]
Para PASCAL, o fim deverá ter valor em si mesmo, ou seja, um valor universal. As pessoas têm valor absoluto e isto permite a existência do imperativo categórico. Eis a sua segunda formulação: “Procede de maneira que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de todos os outros, sempre ao mesmo tempo como fim, e nunca como puro meio.”[18]
Para Kant, a vontade dá-se a si mesma a sua lei: ela é autônoma. Assim podemos ter a terceira fórmula do imperativo categórico: “agir somente segundo uma máxima tal que a vontade possa, mercê de sua máxima, considerar-se como promulgadora de uma legislação universal.”[19]
Sendo assim, a autonomia é como o principio da dignidade da natureza humana, ou seja, o princípio supremo da moralidade. Então podemos inferir que na vontade boa, a máxima convertida em lei universal, não pode se contradizer.
Além disso, Kant defende que a lei moral humilha nosso egoísmo, mas ao mesmo tempo força o nosso respeito, pois a noção do respeito está ligada á do dever e à do mérito. Sendo assim, é agindo por dever que se pode ser digno de respeito. [20] 
5 IMPERATIVO HIPOTÉTICO
 
São aqueles que prescrevem uma ação boa para alcançar certo fim.
 
Eles podem ser:
a) Técnicos ou de habilidade, cuja fórmula é; “se você quer alcançar B, deve executar a ação A”.
 
b) Pragmáticos ou de prudência, cuja fórmula é:” porque você deve alcançar B, deve executar a ação A.”
 
A moral conhece apenas os categóricos, e na visão de BOBBIO, os imperativos jurídicos são hipotéticos. [21]
 
6 SENTIMENTOS EM KANT
 
6.1 A FELICIDADE
 
PASCAL interpretando Kant entende que na dialética da razão pura prática, o acordo entre a virtude e a felicidade é o bem supremo. O que nos faz dignos da felicidade é ter virtude.
Kant afirma que a felicidade está presente na vida de qualquer ser racional e ela transcorre conforme os desejos e a vontade desse ser racional. A lei moral nos permite tornarmos ao menos dignos de felicidade. A felicidade então se corresponde com o acordo entre a ordem da natureza, os desejos do homem e a lei moral. Deus, criador do mundo, propôs como fim o bem supremo, que faz depender a felicidade dos homens de sua moralidade. [22]
 
7 O CONCEITO KANTIANO DE LIBERDADE
 
Ser livre é ser capaz de obedecer à razão. De acordo com o pensamento kantiano, a liberdade é a independência da vontade em relação a toda a outra lei que não seja a lei moral. [23]
No entanto, será que a coerção é um obstáculo ou uma resistência para a liberdade e sendo assim é injusta? A resposta para BOBBIO é não. Eis por que:
 
“Quando certo uso da própria liberdade é um impedimento pra própria liberdade segundo leis universais (ou seja, é injusto), então a coerção oposta a tal uso, enquanto serve para impedir um obstáculo posto a liberdade, está de acordo com a própria  liberdade, segundo leis universais, ou seja, é justo.” [24]
 
8 DOUTRINA GERAL DOS DEVERES
Kant escreveu várias obras e criou diversos conceitos, entre eles a doutrina geral dos deveres que se divide em doutrina do direito e em doutrina da virtude. Mas, para LEITE, a liberdade dentre todas as outras idéias da razão especulativa, é a única que se é possível saber a possibilidade a priori sem a discernir, porque ela é a condição da lei moral que o homem conhece. Ela é de fato, a condição da lei moral que se revela no respeito e na obediência. O exame da liberdade será objeto da obraCrítica da razão prática, através da realidade da obrigação moral. [25]
 
8.1 DOUTRINA DAS VIRTUDES
 
No ponto de vista dessa doutrina, ela diz respeito à moralidade da lei.
De acordo com BECKENKAMP, a moral, em um sentido amplo encobre todas as leis da liberdade em Kant, toda a legislação prática que poderíamos dizer. [26]
A legislação ética exige que a lei constitua o móbil, já a legislação jurídica, se constitui na medida em que é implementadana esfera da coerção externa, como a causa de um móbil, diferente do respeito à lei moral, pois é externa. [27]
 
8.2 DOUTRINA DO DIREITO
 
Conforme Kant, a doutrina do direito compreende três partes:
1) O direito privado
2) O direito público
3) O direito cosmopolítico
 
Em Kant, a lei moral tem como fundamento a liberdade, a propriedade da razão ser lei para si mesma. O homem se torna autolegislador, assim como Rousseau também pensava. Ele então repudia a heteronímia, pois as éticas devem ter como fundamento o dever interno à razão.
Uma ética deve privilegiar o sujeito e a razão, pois isso é que possibilita o agir mediante leis de forma autônoma.
Para Kant, a liberdade, a autonomia, é o fundamento da lei moral, que tem para o homem, um ser ao mesmo tempo sensível e inteligível, a forma imperativa. O homem só é livre porque é submetido à lei da razão. A razão precisa ordenar certas condutas, pois o homem não é apenas um ser racional, ele possui inclinações e essas condutas denominam-se em obrigações, sendo que a razão a chama de imperativos.
Esse imperativo categórico possui três formulas: a fórmula da lei universal, a fórmula da humanidade e a fórmula do reino dos fins. [28]
Kant distingue moral e direito. Ele afirma que as leis da liberdade podem ser internas demandando apenas, a conformidade com o dever. A concordância com as primeiras é denominada moralidade da ação; a concordância com as segundas é denominada de ética da ação. A ação legal é a ação em conformidade com o dever. Não é importante, no caso do direito, se o motivo da ação é por dever, interessa só o cumprimento do dever. A ação moral exige que se alguém cumpre um dever moral por motivo externo à razão, ou seja, coagido por algo que não seja o respeito ao dever, a ação não é moral. O direito aceita a coação exterior. O direito está sempre ligado à possibilidade da coação exterior, pois é lei externa. O cumprimento de todo dever jurídico é um dever moral. A obediência à ordem jurídica emana do imperativo categórico e ele constitui a verificação da legitimidade do conteúdo jurídico. [29]
Para GOMES, a moral não exige que soframos, exige apenas a conformidade com o dever. O ideal é que cumpramos nossos deveres por respeito à lei moral, pela coação da razão. No direito basta que uma exteriorização do livre uso da liberdade de escolha que não entre em choque com a exteriorização do livre uso da liberdade de escolha de outro, já que a escolha pode decorrer de motivos exteriores à razão. [30] O direito é uma espécie de médium entre o reino dos fins e o estado de natureza, entre um mundo em que o outro é sempre tratado como fim, nunca como meio e um mundo em que não há lei, em que reina o arbítrio bruto. [31] O direito representa para Kant, de acordo com GOMES, ‘’o ponto de equilíbrio entre o idealismo do mundo numenal e a facticidade do mundo fenomenal. ’’ [32]
No entendimento de LEITE, a vontade jurídica é heterônoma, ela recebe a lei de seu exterior, sendo que a lei moral é autônoma, pois o sujeito espontaneamente resolve agir cumprindo o seu dever. [33]
 
8.2.1 A Coerência na Doutrina do Direito:
 
Para distinguir deveres de virtude de deveres jurídicos, GOMES entende ser necessário levar em consideração que os deveres de virtude não podem ser impostos através da coerção, enquanto que nos deveres jurídicos ela é essencial, pois admite coerção externa e o autoconstrangimento. [34].
Kant define o direito como: ‘‘a soma das condições sob as quais a escolha de alguém pode ser unida à escolha de outrem de acordo com uma lei universal de liberdade. ”[35].
Para Kant, a coação não é imoral, pois ela apenas viola certo uso da liberdade de escolha de alguém quando esse executa essa violação da lei universal. No plano da ética, a coerção não é admitida, pois, a vontade de agir por dever deve ser natural, não havendo qualquer forma de coação. [36]
O principio supremo da filosofia prática de Kant, é o agir em conformidade com uma lei universal da razão. [37]
O direito regulando a relação dos livres-arbítrios deve garantir a liberdade individual. E isso apenas realiza-se se houver uma legislação universal, pois a garantia da liberdade individual implica a garantia da liberdade geral, para todos. Kant estabelece que haja uma Constituição civil justa, que provém do conceito de direito, e realizá-la consiste num dever. O problema é alcançar uma sociedade civil que administre o direito de forma universal.
De fato, para o mesmo autor, essa liberdade significa que o homem não deve ser considerado como meio, somente fim em si mesmo. [38]
 
8.2.2  Autonomia e Heteronomia
 
Esses dois conceitos são notadamente kantianos, eis o que significam: A autonomia da vontade é a qualidade que significa que a vontade tem de ser uma lei para si mesma. A autonomia é atribuída à vontade moral, pois as leis devem ser dadas por si mesmo, pelo próprio sujeito, a vontade moral é, portanto, uma vontade autônoma.
Para BOBBIO, a heteronomia é quando a vontade busca a lei, não em si mesma, mas em outro lugar, exterior a si mesma. Porém Kant nunca afirmou se o direito compõe a esfera da heteronomia.[39] E essa é uma questão que os pesquisadores custam a obter uma certeza.
Após a apresentação das principais contribuições e reflexões de Kant acerca da filosofia e do direito, é necessário abordarmos, por fim, mais dois conceitos: a paz perpétua e o pós-positivismo.
 
8.2.3  A Paz Perpétua
 
Conforme a visão de LEITE, a paz perpétua, é elaborada a partir da idéia de paz perpétua entre os Estados e de uma comunidade de pátrias. Como diria Boutroux “a doutrina de Kant não é o reflexo de uma época nem sequer a expressão do pensamento de um povo: pertence à humanidade.”[40]
Para MOI e OLIVEIRA, Kant compreendeu que para que seja possível que a paz seja assegurada para sempre, os Estados devem transpor o estado de natureza em que vivem, no plano internacional, para o estado civil, e, além disso, a presença de guerra deve ser limitada, para conservar a própria humanidade e o mundo. [41]
 
 
8.2.4 O Pós–positivismo
 
Kant e sua filosofia crítica tornaram-se muito importantes para o estudo hodierno do direito. Podemos citar duas questões principais: o fundamento da validade do direito e a argumentação por princípios e o senso de adequação. [42]
Kant resolve o problema da busca da integração da dimensão ética ao direito, sem adotar um direito natural heterônomo, então assim ele supera o positivismo antes dele surgir nas palavras de GOMES. [43]
 BENJAMIN CONSTANT-INTRODUÇÃO
O presente texto se passa em um discurso proferido por Benjamin Constant, ao comparar a liberdade dos antigos e dos modernos. Inicialmente, o autor constata através de Roma, a plenitude do exercício dos direitos políticos na Antiguidade, com a ausência do sistema representativo de governo, inserido pela organização social da época. Contrapõem a liberdade dos modernos como mais independente, com a relativização da liberdade, dada por um governo representativo, dotado de liberdade política, bem como seus cidadãos e de plena legitimidade para o exercício do poder.
DESENVOLVIMENTO
A obra, primariamente apresentada, parece uma contradição enfática, uma vez que o autor da publicação foi o idealizador do Poder Moderador, quarto poder este instituído pela Constituição de 1824, durante o período imperial em terrae brasilis, caracterizado por ser um recurso de armazenamento de poder dos mais perigosos, com a concentração das decisões a livre convencimento do líder do Estado.
Constant induz ao leitor moderno à, de início, ter certa preferência pela liberdade dos antigos, dada pelo ostracismo de Atenas, pelo governo das virtudes, com sistemas fechados de governo e a ausência de governos representativos, ou seja, com os direitos de participação exercidos de forma direta pelo poder coletivo. Para os antigos, liberdade seria exatamente isso, com o governo praticado por todos os entes de mesma pátria, buscando, através da liberdade, as garantias e os privilégios. Antes de transitar para aliberdade dos modernos, o autor critrica o desapego dos antigos de suas liberdades individuais.
No tocante à liberdade dos modernos, Constant critica as influências modernas do autor Jean Jacques Rousseau sobre a sociedade contemporânea, estabelecendo um contrasenso entre a busca pela maximização da liberdade individual, a continuidade do exercício das liberdades políticas e o pensamento iluminista de Rousseau, que afirmava, quanto à concretude do Contrato Social, a partir da renúncia de alguns direitos e garantias fundamentais da sociedade em favor do Estado. Logo, um total contraposto às garantias de liberdades individuais, como hoje se busca efetivar e ampliar a sua proteção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, ao pontuar sobre o perigo das duas liberdades, aplicadas de maneira excludente (ou uma ou a outra), o autor demonstra a sua vontade da busca pela combinação das liberdades, sem garantir-se tão somente a participação da sociedade nas decisões políticas, em verdadeira democracia direta, mas nem tão somente a garantia do exercício das liberdades e interesses particulares, sob pena de ora desapegar-se dos direitos e garantias fundamentais, ora pelo desapego da efetiva concretização das liberdades políticas, manifestadas através da participação política.
Jürgen Habermas
Filósofo e sociólogo alemão, Jürgen Habermas nasceu a 18 de junho de 1929, em Düsseldorf, na Alemanha, tendo lecionado na Universidade de Heidelberg (1961-64) e na Universidade de Frankfurt (1964-71 e 1982- ). Foi Presidente do Instituto Max Planck, em Starnberg (1971-82). 
Retomou e renovou contributos dos que o precederam e contribuiu para novos desenvolvimentos teóricos, por vezes criticando os seus influenciadores. 
Grande nome da Teoria Crítica originada na Escola de Frankfurt, Habermas abriu-a a um largo espetro teórico, que vai das questões epistemológicas e relacionadas com a dinâmica das sociedades capitalistas avançadas, à filosofia analítica, filosofia das ciências, linguística, ciência política, funcionalismo estrutural, teoria sistémica e desenvolvimento moral e cognitivo.
Na sua primeira grande obra, Strukturwandel der Öffentlichkeit(1962), abordou historicamente, no quadro da teoria crítica, a ascensão, a posterior decadência e a atual substituição daquilo a que chamou a "esfera pública da burguesia", pelos mass media, pela administração tecnocrata e pela despolitização da sociedade. 
No brilhante estudo Erkenntnis und Interessen (1968), onde aborda a epistemologia e a crítica social desde Kant até à atualidade, criticou a "cientização da política", que permite que nas sociedades modernas a racionalidade técnica e científica funcione por vezes como ideologia. Habermas identificou três formas de conhecimento científico: 
- "empírico-analítico", preocupado com o estabelecimento de relações de causa e efeito e procurando um controlo da natureza; 
- "hermenêutico", derivado da necessidade humana de comunicação; 
- "crítico e emancipatório", que ultrapassa os limites dos dois anteriores. 
Na sua perspetiva, a verdadeira racionalidade só pode ser atingida em situações ideais de discurso, onde todas as partes têm igual oportunidade de se envolverem no diálogo, sem restrições nem distorções ideológicas. Um conhecimento válido só pode emergir de uma situação de diálogo livre, aberto e ininterrupto. Só este modelo, difícil de realizar, estabelece as condições para uma ciência social crítica e verdadeiramente emancipada. 
Segundo Habermas, nós coordenamos as nossas ações através da comunicação. A base subjacente a todas as formas de comunidade humana é a "racionalidade comunicativa", que permitirá a compreensão intersubjetiva e a resolução consensual de conflitos. 
Só a teoria crítica poderá expor as contradições económicas e de classe, bem como revelar a distorção da racionalidade inerente às sociedades capitalistas. A progressiva "legitimação da crise" ocorre num contexto em que as formas tradicionais de legitimação perderam força. Contudo, a crise do capitalismo não terá forçosamente que conduzir ao desaparecimento das sociedades capitalistas. 
Habermas debateu profundamente a relação entre teoria e prática e os desenvolvimentos da teoria da "ação comunicativa". 
Em 2003 foi galardoado com o Prémio Príncipe das Astúrias para as Ciências Sociais. 
CONCLUSÃO
Kant realizou o exame cuidadoso sobre o que a razão humana pode conhecer e até onde ela pode chegar.
É com certeza na questão da moral e do direito que se encontram os grandes conflitos na filosofia prática kantiana, pois em algumas questões o filósofo não conseguiu encontrar respostas.
O princípio supremo dessa filosofia prática em Kant é o agir em conformidade com uma lei universal da razão, e ele reconhece que uma ação por dever, ou seja, que tem verdadeiro valor moral é extremamente rara.
Na questão do direito, o imperativo categórico constitui o teste verificador da legitimidade dos conteúdos da ordem jurídica, porém não se pode afirmar que todas essas ordens presentes no Direito passaram neste teste verificador.
Por fim, quando Kant escreveu a “Paz Perpétua” ele se preocupou com algo que nunca será dispensável na história da humanidade: a paz mundial.
JOHN RAWLS 1. INTRODUÇÃO
John Rawls, o mais conhecido e celebrado filósofo político norte-americano, falecido aos 81 anos, em 2002, A sua obra Uma Teoria de justiça completa-se no aperfeiçoamento e condensação de inúmeros artigos, pesquisas que, encaminharam sua trajetória acadêmica durante toda sua vida. A obra1basicamente propõe desígnios claros sistematicamente do que se trata o tema justiça. Seus ideais são objetivos e vivos, na medida em que se refere a “discussão do intuicionismo e o utilitarismo”. De forma que, o sistema econômico2 para Rawls está interligado ao conceito de justiça, o homem deve-se guiar na medida em que o sistema é melhor para ele. De acordo com Rawls não podemos separar à justiça da moral ou da política ou do sistema econômico.O conceito de justiça dar-se-ia através de dois pontos, um deles é a equidade que está conduzindo todo o espectro de reflexões introduzido por Rwals em torno do conceito, nas palavras de Bittar em seu livro “Curso de Filosofia do Direito” define claramente o conceito de equidade para Rawls“A equidade dá-se quando do momento inicial em que se definem as premissas com as quais se construirão as estruturas institucionais da sociedade (BITTAR, E. C. B. 2001)”.No segundo ponto, do qual John Rwals concebe o seu conceito de justiça é na forma do contratualismo. Ele não sendo o único neo-contratualista contemporâneo, mas esta é uma das suas características mais marcantes. Desta forma, busca através de estudos, pesquisas, desenvolturas explorar grade dos conceitos, através de um contratualismo3 contemporâneo.Desta forma, pensar em justiça4 é pensar a cerca do justo e do injusto de cada instituição, para Rawls a melhor forma de administrar a justiça seria través das instituições sociais. Não caracterizando cada indivíduo a sua necessidade de ética, mas sim uma ação humana, com pluralidade, com conseqüências relevantes, concepções plúrimas que possam produzir sobre justiça.
2. CONCEITO DE JUSTIÇA
O conceito apresentado pelo filosofo John Rawls a respeito de justiça é uma concepção de justiça como equidade e com leve teor do contratualismo do século XVII, para Rawls o conceito de justiça como equidade trata-se de uma posição original de igualdade que corresponde ao estado de natureza na teoria tradicional do contrato social. Esses são os princípios que pessoas livres e racionais preocupadas em promover seus próprios interesses, aceitariam uma posição inicial de igualdade como definidores dos termos fundamentais de sua associação (CER. BITTAR, p. 411).No entanto estes princípios devem regular todos os acordos subseqüentes, especificando o tipo de cooperação social que se pode assumir. São as formas de governo que se podem estabelecer, aqueles que se comprometem na cooperação social escolhem juntos numa ação conjunta. Os princípios que se devem atribuiros direitos e deveres básicos e determinar a visão de benefícios sociais, como Rawls especifica em seu livro “Uma Teoria de Justiça”:Como cada pessoa deve decidir com o uso da razão ou que constitui o seu bem, isto é, o sistema de finalidade que, de acordo com a sua razão, ela deve buscar, assim um grupo de pessoas deve decidir uma vez por todas tudo aquilo que entre elas se deve considerar justo ou injusto (RAWLS, J. 2000, p. 13).E com base no acordo inicial que se pode discutir as partes que se aderem ao contrato, o contrato não é uma doutrina incomum para Rawls, visto que, na posição original é capaz de facultar a simulação das condições ideais para que, nesse momento, se possam escolher os princípios diretórios da sociedade, como Bittar expõe em seu livro “Curso de Filosofia do Direito”:Não se trata de um acordo histórico, e sim hipotético. Esse acordo vem marcado pela idéia de uma igualdade original para optar por direito e deveres; é essa igualdade o pilar de toda teoria. Mais que isso, a idéia de recorrer ao contrato social, e de estudar os sujeitos pactuantes na origem da sociedade numa posição original, não tem outro fito senão o de demonstrar a necessidade de se visualizarem as partes num momento de igualdade inicial. Eis aí a equidade (fairness) de sua teoria (BITTAR, E.C.B. 2001, p. 378).No momento do pacto inicial não há nada a mais a escolher a não ser as estruturas fundamentais de uma sociedade e seus alicerces. Os princípios da justiça são escolhidos sob um véu de ignorância, isso garantia que nenhuma pessoa, ou melhor, nenhum pactuante, seja favorecido ou desfavorecido na escolhas dos princípios pelo resultado do acaso natural ou pela contingência de circunstâncias sociais. De tal modo, uma vez que todos estão numa esfera semelhante e ninguém pode denominar princípios para favores sua condição particular, os princípios da justiça são resultado de um consenso ou ajusto eqüitativo nas palavras de Rawls:Isso explica o propriedade da frase “justiça como equidade”: ela transmite a idéia de que os princípios da justiça são acordados numa situação inicial que é eqüitativa. A frase não significa que os conceitos de justiça e equidade sejam a mesma coisa, assim como a frase “poesia como metáfora” não significa que os conceitos de justiça e metáfora sejam a mesma coisa (RAWLS, J. 2000, p. 14).Todavia uma das características marcantes da justiça como equidade é a de gerar as partes na situação inicial como racionais e mutuamente abnegado. No entanto isso não significa que as partes sejam egoístas, isto é, indivíduos com apenas certo tipos de interesses. Mas estas são concebidas como pessoas que não tem interesses nos interesses dos outras, no sentido que as pessoas na situação inicial escolheriam no momento do pacto inicial dois princípios bastantes diferentes: o primeiro exige igualdade5 na atribuição de deveres e direito básicos, enquanto o segundo afirma que desigualdade econômica e sociais, por exemplo: desigualdade de riqueza e autoridade, são justas apenas se resultam em benefícios compensatórios para cada um, e particularmente para os membros menos favorecidos da sociedade (CER. RAWLS, p. 15).Não há injustiça nos benefícios maiores conseguidos por uns poucos desde que, a situação dos menos afortunados seja com isso melhorada. Deste modo vale a pena ressaltar que o início da justiça como equidade como outra visão contratualista, consiste em duas partes, a primeira uma interpretação de uma situação inicial e do problema da escolha colocado naquele momento, e a segunda se procura demonstrar seriam aceitos consensualmente. A palavra contrato sugere essa pluralidade, bem como a condição que a divisão apropriada de benefícios aconteça de acordo com os princípios aceitáveis para ambas as partes (CER. RAWLS, p. 16).
3. PRINCÍPIOS DA TEORIA DA JUSTIÇA
Os princípios vêm, no inicio do pacto original, como igualdade e liberdade para deliberar sobre, direito, deveres, obrigações, benefícios e ônus a serem regidos. A primeira formulação de tais princípios ainda é um esboço, no qual o contrato é estruturado tomando por base dois princípios basilares de seu sistema acerca de justiça, que são:
Primeiro: cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente sistema de liberdades básicas iguais que seja compatível com um sistema semelhante de liberdades para as outras.Segundo: as desigualdades sociais e econômicas devem ser ordenadas de tal modo que sejam ao mesmo tempo (a) consideradas como vantajosas para todos dentro dos limites do razoável, e (b) vinculadas a posição e cargos acessíveis a todos (RAWLS, J. 2000, p. 64).
Aplicam-se estes princípios primeiramente à estrutura básica da sociedade, governam a atribuição de direitos e deveres e regulam as vantagens econômicas e sociais. O primeiro princípio determina as liberdades, enquanto o segundo princípio regula a aplicabilidade do primeiro, corrigindo assim as desigualdades que possam ocorrem, é certo que não há como erradicar as desigualdades econômicas e sociais entre as pessoas, ou melhor, entre os pactuantes, as associações devem prever organismos suficientes para o equilíbrio das deficiências e desigualdades, de forma que estes se voltem em benefícios da própria sociedade.
Contudo essa liberdade descrita no momento inicial do contrato é extremamente significante, uma vez que assegura a igualdade e a equidade relacionadas aos princípios originais. É fundamental ressaltar que é admissível determinar uma lista dessas liberdades, conforme Rawls dispõe em seu livro:
As mais importantes entre elas são a liberdade política (o direito de votar e ocupar um cargo público) e a liberdade de expressão e reunião; a liberdade de consciência e de pensamento; as liberdades da pessoa, que incluem a proteção contra opressão psicológica e a agressão física (integridade da pessoa); o direito à propriedade privada e a proteção contra a prisão e a detenção arbitrárias, de acordo com o conceito de estado de direito. Segundo o primeiro princípio, essas liberdades devem ser iguais (RAWLS, J. 2000, p. 6
Esses princípios devem, a qualquer forma, satisfazer a uma ordem seqüencial, o primeiro antecedendo o segundo, e a aplicabilidade destes princípios resultam na concretização da justiça como equidade e igualdade. Pois, trata-se de uma teoria que busca identificar as desigualdades naturais e corrigi-las. Uma vez que, aplicando corretamente os princípios, cada um da sua forma, o primeiro buscando a igualdade e equidade através de suas liberdades, o segundo princípio fazendo com o que o primeiro se cumpra corretamente, e ajudando a corrigir as desigualdades que por ventura possam ocorrer, temos a justiça como amplitude igualmente atribuída conforme as imputações necessárias.
Então, após ocorrer o contrato inicial e as escolhas dos princípios a serem regidos, os pactuantes, devem escolher uma constituição a ser seguida. A constituição constituir um governo de legalidade, do qual as normas dos princípios a serem seguidos, devem estabelecer a igualdade e a publicidade, como nas palavras de Bittar:
É dever natural de justiça que propulsiona, diz Rawls, o cidadão à obediência da constituição e das leis. É a lei a garantia de que situações iguais serão igualmente tratadas. E a lei aqui não é sinônimo de constrição, mas de liberdade. Consciente das dificuldades que engentram a discussão do tema da justiça nessa base, e dos comprometimentos de seus postulados teóricos, é que Rawls está preocupado em demonstrar materialmente a realizabilidade dos dois princípios (menciona a formação da constituição, dos processos legislativos, as formas de execução da lei etc.) nas instituições deve medrar o que se chama de justiça material (BITTAR, 2001, p. 385).
Enfim, todo este sistema leva a idéia de estabilidade, a justiça se aplicada desde o princípio como forma de equidade, igualdade, e liberdade, torna-se algo estável a sociedade. Essa estabilidade nada mais nada menos seria a pura conseqüência da justiça institucional, e a forma de atuação das pessoas nas instituições públicas.Cada indivíduo com o seu elo de ligação através do contrato inicial, respeitando os seus direitos deveres de todos, dando-lhes benefícios ou ônus, conforme as situações de cada associação. Significa uma sociedade bem organizada caminhando naturalmente e sem lapso para a estabilidade de suas instituições.
4. CARACTERÍSTICAS DA TEORIA DE JUSTIÇA
Rawls na sua concepção de justiça analisa a justiça como equidade, e que através de um contrato inicial ou de um pacto social inicial, busca a igualdade, liberdade, e, no momento do pacto são escolhidas as premissas de operação da sociedade. São esses os princípios regularizadores de toda atividade institucional que vise distribuir direitos e deveres, enquanto o primeiro princípio determina as liberdades, o segundo princípio regula a aplicabilidade do primeiro, corrigindo assim as desigualdades que possam ocorrem , após a escolha destes princípios, as partes contratantes vinculam-se a ponto de escolherem uma Constituição, uma forma de governo de legalidade, fazendo as leis e normas a serem seguidas dando-lhe publicidade a tudo. Isso leva as instituições à idéia de estabilidade, de algo estável a sociedade.
As características da teoria de justiça de Rawls são elas: O contrato inicial, (primeira principal característica, surge como base/pilar de toda teoria) a visão de justiça como equidade (segunda principal característica, uma equidade de forma de igualdade, direito de cada um), os princípios (esses fortaleceram o contrato e buscam concretizar os direitos e deveres de cada um, e reparar as desigualdades que possam ocorrer), a Constituição (surge como forma de impor as leis e uma forma de escolha de governo, assegurando o cumprimento do contrato e seus princípios com base na equidade, igualdade e liberdade).
5. ANÁLISE DAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS COM PENSAMENTOS DE OUTROS FILÓSOFOS.
O Estado de natureza trazido no momento do pacto assemelha-se com o estado de natureza apresentado pelos filósofos teóricos do contrato social, como Hobbes e Locke6, postulavam um 'estado de natureza' original em que não haveria nenhuma autoridade política e argumentavam que era do interesse de cada indivíduo entrar em acordo com os demais para estabelecer um governo comum. Os termos desse acordo é que determinariam a forma e alcance do governo estabelecido: absoluto, segundo Hobbes, limitado constitucionalmente, segundo Locke. Na concepção não-absolutista do poder, considerava-se que, caso o governo ultrapassasse os limites estipulados, o contrato estaria quebrado e os sujeitos teriam o direito de se rebelar (CER. BITTAR, p. 409).
O Contrato inicial7 seria uma concepção do contratualismo apresentado pelo filósofo Rousseau, no qual apresenta o contrato social como bens protegidos e a pessoa, unindo-se às outras, obedece a si mesma, conservando a liberdade. O pacto social pode ser definido quando cada um de nós coloca sua pessoa e sua potência sob a direção suprema da vontade geral, não há dúvidas que há nuança do contratualismo do século XVII no contrato inicial da teoria de justiça de Rwals, pois sendo Rawls um néo-contratualista contemporâneo (CER. BITTAR, p. 409).
A justiça como equidade apresentada por Jonh Rawls se diferencia da equidade apresentada pelo filosofo Aristóteles8, uma vez que para Rawls a justiça como equidade dar-se no momento do contrato como forma de que todos obtem igualmente o conhecimento, raciociono e o dever de obrigações e benefícios em relação ao pacto, e não igualando os indivíduos economicamente e nem buscando o bem igualmente para todos, já Aristóteles no seu livro Ética a Nicômacos diz que: “Uma prova disso é o fato de dizermos que uma pessoa eqüitativa é, mais do que todas as outras, um juiz compreensivo, e identificarmos a equidade com o julgamento compreensivo acerca de certos fatos” (ARISTÓTELES, Ética a Nicômacos, página.123). Aristóteles busca o bem comum, o interesse publico, a igualdade de todos para todos, a equidade é no sentido universal, não apenas viver em conjunto, mas o bem viver em conjunto.
CONCLUSÃO
A concepção de justiça é apresentada da forma de justiça como equidade, e com fortes traços do contratualismo do século XVII, buscando nos princípios e o pacto inicial bases para construir instituições estáveis. A justiça como equidade reside como igualitarismo da posição original, ou seja, no estado do contrato inicial, momento esse hipotético. Rawls procura através das instituições e por meio de sua objetividade a justiça que é racionalmente compartilhada no convívio social.
Por fim, o fato de igualar a justiça como prática de virtude, ou igualar a justiça como a procura do justo meio, não faz com que o Filosofo conceituado John Rawls um teórico antagônico a qualquer tipo de investigação. Rawls busca a igualdade, a equidade, o véu do contratualismo, a construção humana que beneficia a todos. Essa teoria, trata-se de um modelo de governo, baseado em dois grandes princípios, regidos por instituições, princípios que garantes a liberdade, e a igual distribuição de direitos e deveres à todos.
Ronald Dworkin 
Dentre as principais ideias apresentadas pelo Autor, estão a atitude interpretativa frente ao Direito, a interpretação como forma de enxergar a norma sob sua melhor luz, os diferentes estágios da interpretação (etapa pré, etapa interpretativa, etapa pós-interpretativa), o Direito orientado por um ideal político de integridade, e a distinção entre conceito e concepções de Direito.
Para Dworkin, o Direito é um conceito interpretativo. A partir daqui, o autor apresenta diversas formas de interpretar uma norma ou prática social (intenção do autor, sentido literal da lei) para afirmar uma em detrimento de outras: a interpretação sob a melhor luz. Essa é, para uma teoria do Direito, a interpretação que se assemelha à interpretação artística - uma que consiga trazer o propósito de uma obra da forma com que ela mais alcance valor. Por exemplo, das interpretações do texto de Hamlet haverá uma que proverá a dimensão dos conflitos do personagem respeitando a coerência interna e a integridade do texto. Transpondo essa atitude interpretativa para o Direito, uma boa interpretação é aquela que considera o histórico da norma, a tradição que ela está vinculada, e seu propósito.
Dworkin demonstra também a existência de diferentes etapas interpretativas de uma regra com o exemplo da cortesia. Uma sociedade que observe a regra social de que um homem tira o chapéu para cada mulher passante pode entender esta regra, num primeiro momento, como inquestionável e natural; num segundo momento pode questionar os contextos apropriados ao uso da mesma regra, e numa terceira fase, pode radicalizar e mudar o entendimento inicial sobre a regra social. Esta é a explicação do autor para o percurso dos institutos jurídicos ao longo da história.5
A atitude interpretativa reivindicada por Dworkin pode ser entendida em oposição a outros projetos teóricos dos seus adversários intelectuais. Para o autor, a mera descrição empírica distingue-se da interpretação. Observar um fenômeno ou fazer um enunciado normativo não é o mesmo que investir uma norma de significado. Esta terceira função envolve sempre o papel da interpretação, que sempre depende de algo ter um sentido (point).
A teoria Dworkiniana comporta espaço para divergências sobre o que é o Direito. A explicação para estas divergências está em diferentes conceitos de Direito, como também em concepções concorrentes sobre como o Direito pode ser interpretado. Concepções distintas sobre como interpretar o Direito evidenciarão os valores e as razões de cada intérprete.
Alguns traços da Teoria do Direito de Dworkin são distintivos e traduzem o alcance da sua teoria. É uma teoria que enfatiza o papel dos juízes e dos tribunais, além de possuir um projeto de interpretação. Ela exclui o âmbito da filosofia política – não reflete como opções políticas e governamentais influenciam o Direito. Desconsidera também, o papel do interesse e do poder como influências negativas à interpretação, melhor dizendo, como influênciasque podem comprometer a legitimidade dos Tribunais e dos juízes.
Evolução Teórica[
O trabalho de Dworkin passou por diferentes mudanças ao longo de sua carreira. No final dos anos de 1970, o autor americano produziu a teoria, destacando as falhas do positivismo em reconhecer os argumentos de princípio. Tal teoria está contida no livro "Levando os direitos a sério". Dworkin recebeu críticas devido ao aparente pragmatismo e ativismo de sua teoria. Ele reformulou sua teoria.
Desta reformulação, surgiu o livro "Uma questão de princípio". Neste livro, Dworkin começa a estudar o direito sob um prisma interpretativo. As proposições jurídicas, na visão do autor, seriam interpretativas. Segue-se que elas não seriam proposições factuais, mas proposições em que intérpretes dão o melhor sentido para as práticas postas em vigor pela comunidade. Mas daí não se pode concluir que não haja objetividade e verdade em direito. Dworkin defende a objetividade da interpretação.
O livro seguinte de Dworkin foi O império do Direito. Esse foi o livro mais impactante. Nele, Dworkin defende a teoria do direito como integridade. Segundo essa concepção, as proposições jurídicas seriam verdadeiras apenas quando decorressem dos princípios de equidade, justiça e devido processo legal que uma dada sociedade colocou em vigor. A teoria do direito como integridade opõe-se a outras formulações como o pragmatismo e o convencionalismo jurídico.
Por convencionalismo jurídico entende-se uma concepção para o qual as proposições jurídicas seriam verdadeiras quando decorressem de convenções jurídicas. Na teoria convencionalista, quando as convenções não resolvem os casos o juiz deve recorrer de modo honesto ao seu poder discricionário.O convencionalismo é, por assim dizer, uma visão interpretativa do positivismo jurídico.
O pragmatismo jurídico assinala que o juiz deve na medida do possível trabalhar para o bem estar da comunidade e para garantir uma futuro digno. Um juiz pragmatista acredita que é mais importante criar um futuro melhor do que prender-se a decisões políticas do passado.
Dworkin não deixou de debater questões polêmicas. Num conhecido livro ele argumentou a respeito de temas polêmicos como aborto, eutanásia
As quatro categorias da justiça
Na concepção de Thomas Hobbes justiça tem conformidade com a legislação, restringindo-a a manutenção dos pactos, quer dizer, estar de acordo com uma regra pactuada. Após constituir a idéia de um Estado de natureza, onde há uma guerra entre todos, ele chega à seguinte conclusão de que, nessa situação, os entendimentos de justiça e de injustiça são inconcebíveis, bem como as de certo e errado. Já para Aristóteles, a justiça é a virtude da "Eqüidade", que tem por objeto ordenar e dirigir a convivência humana segundo o critério dessa "Eqüidade". O filósofo se deparou com um conflito na tentativa de encontrar a definição de justiça. Reconhecendo-a como um termo incerto, a relacionou com a virtude. Existem quatro categorias de justiça. Todas são indispensáveis à vida em sociedade: Justiça comutativa. É a que deve existir entre você, por exemplo, e seus colegas; entre você e seus familiares; entre você e seus professores; empregados e patrões. Exigindo que cada pessoa dê a outra o que lhe é devido. Justiça Legal. Geralmente, essa justiça legal é o nosso dever de cooperar com os governantes, para que eles possam trabalhar pelo bem comum. O dinheiro recolhido da cobrança dos impostos, por exemplo, é empregado na construção de estradas, escolas, pontes, em Serviços Públicos tais como: Pronto-Socorro, Corpo de Bombeiros, Correios e Telégrafos, Delegacia de Polícia etc. Justiça Distributiva. Essa justiça atinge os governantes. Eles devem repartir, com justiça, os bens e os encargos entre os membros da comunidade. Significa a distribuição eqüitativa e apropriada na sociedade determinada para justificar normas que estruturam os termos da cooperação social. Por isso, os Serviços Públicos são regulados pela Constituição. Em geral, justiça distributiva é a responsabilidade dos governantes de promover o bem-estar e a paz de todos os cidadãos. Justiça social. A justiça social é um dever que abrange todos os membros da comunidade. Em caso de calamidade pública, por exemplo, devemos socorrer de alguma forma as vítimas. Os problemas da fome, da falta de moradia e do analfabetismo competem também a toda a sociedade resolver em conjunto, unida, solidária.  Em suma, justiça entende-se pelo principio basilar de um pactoque objetiva manter a ordem social através da preservação dos direitos em sua forma positivista ou na sua aplicação a casos litigiosos.

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