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Pesquisa em administração

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EaD
1
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃOUNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ
VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO – VRG
COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CEaD
Coleção Educação a Distância
Série Livro-Texto
Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil
2009
Enise Barth Teixeira
Luciano Zamberlan
Pedro Carlos Rasia
PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
2
 2009, Editora Unijuí
Rua do Comércio, 1364
98700-000 - Ijuí - RS - Brasil
Fone: (0__55) 3332-0217
Fax: (0__55) 3332-0216
E-mail: editora@unijui.edu.br
www.editoraunijui.com.br
Editor: Gilmar Antonio Bedin
Editor-adjunto: Joel Corso
Capa: Elias Ricardo Schüssler
Revisão: Véra Fischer
Designer Educacional: Jociane Dal Molin Berbaum
Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa:
Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)
Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí
T266p Teixeira, Enise Barth.
Pesquisa em administração / Enise Barth Teixeira,
Luciano Zamberlan, Pedro Carlos Rasia. – Ijuí : Ed. Unijuí,
2009. – 232 p. – (Coleção educação a distância. Série li-
vro-texto).
ISBN 978-85-7429-783-5
1. Pesquisa. 2. Administração. 3. Conhecimento. 4. Tra-
balhos acadêmicos. 4. Pesquisa científica. 5. Normas téc-
nicas. I. Zamberlan, Luciano. II. Rasia, Pedro Carlos. III.
Título. IV. Série.
 CDU : 001.8:658
 658:001.8
EaD
3
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
SumárioSumárioSumárioSumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................7
CONHECENDO OS AUTORES ....................................................................................................9
O QUE VAMOS ESTUDAR .........................................................................................................13
UNIDADE 1 – CONHECIMENTO CIENTÍFICO
 E OUTRAS FORMAS DE CONHECIMENTO ...............................................17
Seção 1.1 – Tipos de Conhecimento ............................................................................................17
Seção 1.2 – Conhecimento e Método Científico .......................................................................22
UNIDADE 2 – A PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO ............................................................29
Seção 2.1 – O que é Pesquisa? .....................................................................................................29
Seção 2.2 – Objetivos da Pesquisa Científica ............................................................................32
Seção 2.3 – Importância da Pesquisa Científica para o Profissional de Administração .....36
UNIDADE 3 – OS PROCESSOS E ATIVIDADES ACADÊMICAS ........................................43
Seção 3.1 – O Contexto Universitário ........................................................................................43
Seção 3.2 – Processos Acadêmicos ..............................................................................................49
3.2.1 – Estudo Individual ..................................................................................................50
3.2.2 – Leitura .....................................................................................................................57
3.2.3 – Seminários ..............................................................................................................63
3.2.4 – Estudo de Caso ......................................................................................................64
3.2.5 – Vivências .................................................................................................................66
3.2.6 – O Método da Pesquisa .........................................................................................68
3.2.7 – Outras Atividades Acadêmicas ............................................................................69
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
4
Seção 3.3 – Desenvolvendo a Capacidade para Pensar ...........................................................70
3.3.1 – Operações de Pensamento ...................................................................................70
3.3.2 – Características de Comportamento e Reflexão .................................................77
UNIDADE 4 – TRABALHOS ACADÊMICOS E SEUS FORMATOS ....................................81
Seção 4.1 – Fichamento ................................................................................................................82
Seção 4.2 – Resumo .......................................................................................................................87
4.2.1 – Resumo Crítico, Resenha ou Recensão..............................................................88
4.2.2 – Resumo Indicativo ................................................................................................89
4.2.3 – Resumo Informativo ..............................................................................................90
4.2.4 – Resumo Expandido ...............................................................................................91
Seção 4.3 – Paper ...........................................................................................................................92
4.3.1 – Short paper ou issue paper ...................................................................................94
4.3.2 – Paper – comunicação científica...........................................................................95
4.3.3 – Position paper .........................................................................................................96
Seção 4.4 – Memorial ....................................................................................................................97
Seção 4.5 – Artigo ....................................................................................................................... 102
4.5.1 – A Estrutura dos Artigos ..................................................................................... 104
4.5.2 – Formatação ......................................................................................................... 105
Seção 4.6 – Ensaio...................................................................................................................... 106
Seção 4.7 – Planos e Projetos .................................................................................................... 107
4.7.1 – Planos e Planos de Ações .................................................................................. 107
4.7.2 – Projetos ................................................................................................................ 108
4.7.3 – Relatório .............................................................................................................. 108
UNIDADE 5 – PESQUISA CIENTÍFICA E SUAS CLASSIFICAÇÕES .............................. 111
Seção 5.1 – Tipos de Pesquisas ................................................................................................. 111
Seção 5.2 – Pesquisa quanto à Natureza ................................................................................ 112
Seção 5.3 – Pesquisa quanto à Abordagem ............................................................................ 113
Seção 5.4 – Pesquisa Quanto aos Objetivos ........................................................................... 114
5.4.1 – Pesquisa Exploratória ........................................................................................ 114
5.4.2 – Pesquisa Descritiva ............................................................................................ 116
5.4.3 – Pesquisa Explicativa ..........................................................................................117
Seção 5.5 – Pesquisa Quanto aos Procedimentos Técnicos ................................................. 118
UNIDADE 6 – PROJETO DE PESQUISA .............................................................................. 121
Seção 6.1 – O que é um Projeto de Pesquisa? ........................................................................ 121
Seção 6.2 – Fases Para Elaboração de Projeto de Pesquisa .................................................. 123
UNIDADE 7 – COLETA DE DADOS ....................................................................................... 139
Seção 7.1 – O Processo de Coleta de Dados ........................................................................... 139
Seção 7.2 – Técnicas de Coleta de Dados ............................................................................... 142
7.2.1 – Levantamento ou Survey ................................................................................... 143
7.2.2 – Observação .......................................................................................................... 144
7.2.3 – Entrevistas tipo Grupos de Foco (Focus Group) ............................................ 145
7.2.4 – Entrevistas em Profundidade ............................................................................ 147
7.2.5 – Técnicas Projetivas ............................................................................................ 148
7.2.6 – Escalas de Mensuração ou Medição .............................................................. 149
7.2.7 – Questionário ....................................................................................................... 154
Seção 7.3 – Amostragem ............................................................................................................ 158
7.3.1 – Técnicas de Amostragem Não-Probabilísticas ............................................... 161
7.3.2 – Técnicas de Amostragem Probabilísticas ........................................................ 163
7.3.3 – Determinação do Tamanho da Amostra .......................................................... 165
UNIDADE 8 – ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................... 169
Seção 8.1 – O Processo de Análise e Interpretação dos Dados ............................................ 169
Seção 8.2 – Técnicas de Análise dos Dados ............................................................................ 175
Seção 8.3 – Procedimentos Estatísticos de Análise ............................................................... 178
8.3.1 – Distribuição de Freqüência ............................................................................... 178
8.3.2 – Medidas de Tendência Central ......................................................................... 180
UNIDADE 9 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
 DE ESTUDOS E PESQUISAS – RELATÓRIO ............................................ 183
Seção 9.1 – Preparação e Apresentação do Relatório de Pesquisa ...................................... 183
9.1.1 – Socialização dos Resultados da Pesquisa....................................................... 185
9.1.2 – Apresentação por Escrito na Forma de Relatório.......................................... 185
Seção 9.2 – O Artigo para Apresentação e Socialização dos Resultados de Pesquisa .... 190
9.2.1 – Estrutura e Elementos dos Artigos Científicos .............................................. 191
9.2.1.1 – A Estrutura dos Artigos ................................................................................. 192
9.2.1.2 – Formatação do Artigo ..................................................................................... 192
Seção 9.3 – Apresentação Oral dos Resultados de Estudos e Pesquisas ............................ 193
UNIDADE 10 – ÉTICA NA PESQUISA .................................................................................. 197
Seção 10.1 – A Ética na Pesquisa............................................................................................. 197
Seção 10.2 – Princípios Éticos a Serem Considerados na Pesquisa .................................... 201
10.2.1 – A Ética e o Patrocinador ................................................................................. 201
10.2.2 – A Ética e os Pesquisadores .............................................................................. 202
10.2.3 – A Ética e os Pesquisados ................................................................................. 203
UNIDADE 11 – NORMAS TÉCNICAS PARA ELABORAÇÃO
 E PREPARAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS ................................ 205
Seção 11.1 – Elaboração e Apresentação de Trabalhos Acadêmicos .................................. 205
11.1.1 – Elementos Pré-Textuais ................................................................................... 207
11.1.2 – Elementos Textuais .......................................................................................... 209
11.1.3 – Elementos Pós-Textuais ................................................................................... 219
Seção 11.2 – Regras Gerais de Apresentação ......................................................................... 224
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 227
EaD
7
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
ApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentação
O componente curricular (CC) Pesquisa em Administração (PA) integra a grade
curricular do curso de Graduação em Administração, bacharelado – modalidade Educação
a Distância (EaD) do Departamento de Estudos da Administração da Unijuí.
De acordo com o Projeto Político-Pedagógico do curso, Pesquisa em Administração
integra área temática Pesquisa e Ensino da Administração e o conteúdo de Formação Pro-
fissional previstos nas diretrizes curriculares do MEC.
Ao trabalhar com o Eixo Pesquisa-Conhecimento está-se propondo um caminho ao
longo do curso que possa criar as condições objetivas para os sujeitos/alunos refletirem os
saberes constituintes da prática profissional, que são os saberes científicos, da experiência e
da gestão.
A metodologia de pesquisa destina-se a iniciar e inserir o aluno no contexto acadêmi-
co, realiza a discussão e a reflexão quer sobre o conhecimento em seus diversos tipos, quer
sobre os métodos e processos de acesso ao conhecimento acumulado, bem como de sua
produção, desde o estudo individual, a pesquisa bibliográfica, de campo e outros procedi-
mentos técnicos apropriados para o estudo de fenômenos organizacionais.
O estudo de métodos e técnicas de pesquisa pode dar a você o conhecimento e a habi-
lidade necessários para identificar e solucionar problemas. Além disso, aplicação correta
das técnicas de pesquisa resulta em estudos que podem fornecer importantes subsídios para
o processo de tomada de decisão e ações dos gestores.
Pesquisa em Administração pode ser considerado um componente curricular que tem
potencial de apoiar e subsidiar cada campo de formação como os demais que compõem as
áreas temáticas do DEAd, em especial articular os demais CCs integrantes da grade curricular
do curso. Ressalta-se, ainda, que os conhecimentos desenvolvidos qualificarão a formação
dos acadêmicos e a atuação dos futuros profissionais em qualquer das funções das organi-
zações ou entidades.
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
8
Esta proposta desafia os envolvidos no processo de ensino/aprendizagem a aderirem
com forte vinculação à sistematização e à pesquisa, como ferramentas de construção e re-
construção dos conhecimentos necessários para a capacitação dos futuros profissionais.
Este conjunto de unidades pretende apresentar e remeter a conteúdos da literatura
disponível, considerados especialmente úteis aos alunos durante sua vida acadêmica, para
facilitar sua formação, mas que certamenteacompanharão de forma perene na atividade
profissional. Expressa também a experiência dos professores no exercício do magistério su-
perior, em cursos de Graduação, de Especialização e de Mestrado.
Destina-se a qualquer pessoa que precise ou deseje iniciar-se na metodologia do estu-
do e da pesquisa bibliográfica e de campo, para poder realizar com mais proveito suas ativi-
dades acadêmicas.
A metodologia proposta para a leitura e análise de cada unidade deste livro-texto
parte do entendimento de que o aluno é um sujeito ativo no processo de ensino-aprendiza-
gem, desenvolvendo sua criatividade, sua autonomia e sua capacidade crítica.
Este livro-texto está estruturado em unidades e seções de forma a subsidiar os estudos
deste CC neste bimestre para a produção de conhecimentos por intermédio da pesquisa
científica.
EaD
9
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
Conhecendo os AutoresConhecendo os AutoresConhecendo os AutoresConhecendo os Autores
Enise Barth Teixeira
Sou natural de Não-Me-Toque/RS e resido em Ijuí desde 1982.
Minha formação acadêmica iniciou-se com o curso Superior
de Tecnologia em Cooperativismo pela Fundação de Integração,
Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado do RS (1984).
Na seqüência cursei Administração na Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (1986). A realização da
especialização em Teorias e Estratégias de Metodologia de Ensino
Superior na Unijuí, finalizada em 1987, fez-se necessária para
qualificar minha atuação no magistério superior. Em 1991 conclui
o Mestrado em Administração pelo Programa de Pós-Graduação
em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Nor-
te (PPGA/UFRN). E em 2005 defendi o Doutorado em Engenharia
de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina.
No vínculo com a Unijuí, desde 1984, venho desenvolvendo
atividades de ensino, de extensão, de pesquisa e de gestão univer-
sitária. Fui chefe do Departamento de Estudos da Administração
(1997-1999), coordenadora do Colegiado do Curso de Administra-
ção (1992-1996) e Coordenadora de Pesquisa do DEAd (2005-atu-
al). Leciono nos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Admi-
nistração e no Mestrado em Desenvolvimento.
Exerço a função de avaliadora ad hoc do Inep/MEC desde
2001. Atuo também como consultora ad hoc dos periódicos RCA e
RCC da UFSC e membro do Comitê Editorial da Revista Desenvol-
vimento em Questão da Unijuí. Lidero o Grupo de Estudos e Pes-
quisas em Organizações, Gestão e Aprendizagem (Gepog). As mi-
nhas áreas de interesse em pesquisa são: Estudos Organizacionais,
Ensino e Pesquisa em Administração, Aprendizagem
Organizacional e Educação Continuada Corporativa, Micro e Pe-
quenas Empresas, Empresa Familiar.
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
10
Luciano Zamberlan
Sou gaúcho, natural do município de Três de Maio, região
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Sou bacharel em Admi-
nistração. Em 1996 fiz parte do Programa de Pós-Graduação em
Gestão Empresarial com ênfase em Recursos Humanos (Setrem/
UFRGS). Em 1998 participei do curso de especialização em Siste-
mas de Informação (UFSC). Comecei a atuar como docente em
1995 em cursos técnicos e a partir de 1997 no ensino superior.
Nessa mesma época, paralelamente às atividades de ensino, pos-
suía uma empresa que prestava assessoria na área de marketing.
Ingressei na Unijuí em 1999 e desde então estou alocado ao
Departamento de Estudos da Administração – DEAd – que abriga
o curso de Administração e o Programa de Formação Superior de
Tecnologia em Gestão de Negócios. Motivado pelo ambiente de
trabalho e pela incessante busca pelo aprimoramento contínuo da
equipe de professores do DEAd, ingressei no Mestrado em Gestão
Empresarial da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. Atu-
almente sou doutorando em Administração e atuo como professor
em cursos de Graduação e Pós-Graduação nas áreas de Adminis-
tração de Marketing e Vendas, Sistemas de Informação e Pesquisa
de Marketing, Serviços, Marketing Cooperativo, Marketing Go-
vernamental, Gestão de Produtos e Marcas, Marketing de Varejo,
Endomarketing, Marketing Eletrônico e como coordenador de
Estágios Supervisionados em Administração da Unijuí. Além das
atividades de ensino, também participo ativamente de projetos de
pesquisa institucionais nas áreas de serviços e de agronegócios e
também de um projeto de extensão na área do varejo.
EaD
11
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
Pedro Carlos Rasia
Sou natural de Ijuí, município que integra o Conselho Regio-
nal de Desenvolvimento do Noroeste Colonial (Corede-Norc) do
Rio Grande do Sul.
Minha iniciação profissional se deu em virtude da oportuni-
dade de iniciação científica como auxiliar de pesquisa no Instituto
de Pesquisa e Planejamento (IPP) da Fidene. Esse envolvimento
com a pesquisa, pesquisadores e estudos sobre a realidade regio-
nal despertou e revelou a importância da investigação científica
para o conhecimento e para subsidiar o planejamento e o processo
de desenvolvimento. Na década de 80 atuei como assistente de
planejamento e projetos no Setor de Planejamento, Projetos e In-
formações (SePPI) da Fidene/Unijuí.
Minha formação acadêmica iniciou-se com os cursos de
Tecnólogo em Cooperativismo (1979) e Bacharelado em Adminis-
tração (1984), ambos na Fidene. Realizei também o curso de Gra-
duação em Licenciatura para Professor de Matérias Técnicas de
Segundo Grau pela Unijuí, em 1986, o que me possibilitou a inicia-
ção no magistério pelo Ensino Técnico em colégios de Ensino
Médio. Os estudos de Pós-Graduação iniciaram-se em 1987 com o
Mestrado em Administração na Universidade Federal de Santa
Catarina (PPGA/UFSC) e em 1991, com o curso de Especialização
em Ciências da Computação realizado na PUC/POA/RS.
Desde o início da década de 90 participo de grupos de Pes-
quisa, Planejamento e Avaliação Institucional. No período de 2002
a 2006 fui avaliador ad hoc do Inep/MEC sobre as condições de
funcionamento para fins de reconhecimento de cursos de Admi-
nistração (Empresas e Pública). Atualmente integro a Comissão
Própria de Avaliação (CPA) da Unijuí.
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
12
Desde 1987 estou alocado ao Departamento de Estudos da
Administração (DEAd) da Unijuí, que mantém programas de ensi-
no como o curso de Administração (presencial e EaD) e o Progra-
ma de Formação Superior de Tecnologia em Gestão e Negócios,
além de Programas de Pesquisa e Extensão nos quais tenho
envolvimento e interesse com as práticas, instrumentos e sistemas
de gestão em micro, pequenas e médios empreendimentos (MPMEs)
e no Programa Interdepartamental: Incubadora de Economia So-
lidária e Desenvolvimento Sustentável.
EaD
13
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
No componente curricular Pesquisa em Administração serão abordados conteúdos referen-
tes às diferentes formas de conhecimento, os meios para sua obtenção, os métodos científicos, a
importância da pesquisa, os processos e atividades acadêmicas, a pesquisa científica e suas clas-
sificações e etapas que envolvem: planejamento, execução e apresentação de dados, com o intui-
to de discutir a importância da informação para a tomada de decisão. Você terá contato com os
principais métodos de pesquisa e receberá orientações para a elaboração de projetos e relatórios
de pesquisa, bem como subsídios para a elaboração de trabalhos acadêmicos.
Considerando que pesquisar é produzir conhecimento, temos como propósi to
instrumentalizá-lo para realizar investigações científicas. Para tanto, vamos apresentar as
etapas que constituem o processo de pesquisa, para que você possa ao final ter uma visão
global dos aspectos que envolvem esta atividade.
Os fundamentos de metodologia da pesquisa estão estruturados nesta obra em 11
Unidades, que abordarão os seguintes conteúdos:
UNIDADE 1 – CONHECIMENTO CIENTÍFICO E OUTRAS FORMAS DE CONHECIMENTO
Iniciamos esta unidade destacandoque no decorrer da história humana levaram ao
desenvolvimento de diversos níveis ou formas de saber. Este cabedal reflete a evolução da
vida em sociedade, da própria humanidade, das formas de concepção da realidade e seus
entendimentos. Apresentamos os tipos de conhecimento, os meios para sua obtenção, as
formas de classificação das ciências e áreas de estudo e, por fim, os principais métodos cien-
tíficos aplicados em Pesquisa em Administração.
UNIDADE 2 – PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Nesta unidade você irá conhecer a importância da coleta de informações de qualidade
e como isso pode dar suporte aos sistemas de informação de uma organização. Para tanto
serão abordados as concepções e os propósitos da pesquisa, evidenciando seu papel nas
O Que Vamos EstudarO Que Vamos EstudarO Que Vamos EstudarO Que Vamos Estudar
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
14
tomadas de decisão gerenciais em organizações. Também procuraremos frisar a importância
de conhecimentos e habilidades para desenvolver investigações na atividade profissional de
gestor.
UNIDADE 3 – OS PROCESSOS E ATIVIDADES ACADÊMICAS
A inserção do acadêmico no âmbito da educação superior requer a compreensão tanto
do papel da universidade quanto do estudante. Esta unidade pretende apresentar processos
e atividades acadêmicas inerentes à formação, como o ato de estudar, a prática da leitura
analítica e operações de pensamento que venham a promover a capacidade de aprender a
pensar e produzir conhecimento científico.
UNIDADE 4 – TRABALHOS ACADÊMICOS E SEUS FORMATOS
Nesta unidade apresentamos e discutimos elementos a serem considerados na elabora-
ção de alguns dos trabalhos acadêmicos a serem produzidos ao longo do curso. Entre os
formatos explicitados tem-se fichamentos, resumos, artigos, projetos e relatórios de pesquisa.
UNIDADE 5 – PESQUISA CIENTÍFICA E SUAS CLASSIFICAÇÕES
Uma pesquisa bem-sucedida é aquela que melhor consegue compatibilizar os objetivos
da investigação com os procedimentos metodológicos. Nesta unidade serão descritos os dife-
rentes tipos de pesquisa, sobretudo aqueles adotados nas Ciências Sociais Aplicadas, com
suas características e possibilidades de emprego. O estudo sobre a classificação da pesquisa
contempla as dimensões: natureza, abordagem, objetivos e procedimentos técnicos.
UNIDADE 6 – PROJETO DE PESQUISA
Nesta unidade você irá entender a importância de planejarmos a pesquisa de forma
metódica, mediante a elaboração de um projeto. Descreveremos as etapas que compõem um
Projeto de Pesquisa, desde a definição do tema e problema de pesquisa, objetivos, até a
relação de bibliografia utilizada para a montagem do estudo. Além disso, você receberá um
roteiro para a formulação de projetos de pesquisa.
EaD
15
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
UNIDADE 7 – COLETA DE DADOS
Nesta unidade você conhecerá os conceitos fundamentais de coleta de dados. Apre-
sentaremos as principais técnicas de coleta de dados empregadas em estudos quantitativos
e quali tativos. Você receberá, também, informações sobre amostragem e as técnicas
probabilísticas e não-probabilísticas de classificação.
UNIDADE 8 – ANÁLISE DOS DADOS
Os conceitos fundamentais de análise dos dados serão abordados nesta unidade. Apre-
sentaremos as principais técnicas de análise dos dados empregadas em pesquisas quantita-
tivas e qualitativas.
UNIDADE 9 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DE ESTUDOS E PESQUISAS – RELATÓRIO
Nesta unidade vamos desenvolver idéias em relação ao significado de registrar as
atividades e resultados da pesquisa como forma de subsidiar o processo decisório com as
informações que ela proporcionou. Discutiremos a importância de apresentar os resulta-
dos da pesquisa na forma de relatório técnico, sua estrutura e o que deve conter cada uma
de suas partes. Avaliaremos o significado de socializar seus resultados mediante apresen-
tação de documentos científicos para avanços no conhecimento na área de sua realiza-
ção. Também abordaremos a estrutura, elementos e informações necessários para comuni-
cações científicas.
UNIDADE 10 – ÉTICA NA PESQUISA
Aqui serão discutidos os princípios éticos em pesquisas e quais são os aspectos a serem
levados em consideração. Avaliaremos os diferentes problemas éticos que possam surgir no
processo de pesquisa e as responsabilidades dos pesquisadores. Você receberá informações
de como a ética abrange os diferentes atores envolvidos na pesquisa: o patrocinador, o pes-
quisador e o pesquisado.
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
16
UNIDADE 11 – NORMAS TÉCNICAS PARA ELABORAÇÃO E PREPARAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS
Esta última unidade se propõe a indicar as principais normas técnicas definidas pela
ABNT que devem ser observadas e seguidas na elaboração, preparação e apresentação de
trabalhos acadêmicos para que estes assegurem a qualidade e o padrão de uma produção
científica.
EaD
17
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
Unidade 1Unidade 1Unidade 1Unidade 1
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
E OUTRAS FORMAS DE CONHECIMENTO
OBJETIVOS DESTA UNIDADE
• Apresentar as principais formas e os tipos de conhecimento.
• Descrever os caminhos metodológicos para a obtenção do conhecimento.
AS SEÇÕES DESTA UNIDADE
Seção 1.1 – Tipos de Conhecimento
Seção 1.2 – Classificação das Ciências e Áreas de Estudo
Seção 1.3 – Conhecimento e Método Científico
Seção 1.1
Tipos de Conhecimento
Uma das características do ser humano é a sua histórica preocu-
pação com a busca de conhecimento da realidade. Esta capacidade,
iniciativa e perspectiva de saber, compreender e melhorar a realidade
onde vive proporcionaram um legado que tem permitido a continuida-
de e o desenvolvimento da espécie humana.
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
18
Ao observarmos o mundo, constatamos que ele é constituído por fenômenos e objetos
de natureza material e espiritual. A realidade objetiva, que fica fora da nossa consciência
(as organizações, as escolas, as matérias-primas, as pessoas, as árvores, etc.), constituem os
objetos e fenômenos materiais. Denominamos de fenômenos ideais ou espirituais todos aque-
les que ocorrem em nossa consciência (pensamentos, idéias, atitudes, crenças, sentimentos,
juízos...) (Triviños, 1987).
A tarefa de esclarecer a relação entre a consciência e a realidade objetiva, entre o mate-
rial e o espiritual, entre o pensar e o ser, tem desafiado os pensadores de todos os tempos.
Na maneira de adquirir conhecimento, Fachin (2001, p. 13) considera a existência de
uma relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto estudado. Na essência
do conhecimento, ou seja, nos aspectos em que se relacionam conhecimento, sujeito e obje-
to, figuram as seguintes formas mentais:
1) existência real do sujeito;
2) existência real do objeto;
3) captação real do sujeito pelo objeto; e
4) modelação do sujeito pela ação do objeto.
Neste sentido, o conhecimento é uma adequação do sujeito ao objeto; o sujeito tem
seus meios de conhecimento e o objeto se revela a ele conforme tais meios. Os sentidos nos
informam a maneira de ser das coisas ou objetos. E o que conhecemos das coisas ou objeto
vai depender de nossos sentidos.
A Figura 1 esquematiza as relações que se estabelecem entre sujeito e objeto no pro-
cesso de conhecimento.
EaD
19
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
Figura 1: Relações entre suje ito e objeto na maneira de adquirir conhecimento
Fonte: Fachin (2001, p. 13).
O conhecimento, como explica Oliveira (1997), é o reflexo e a reprodução do objeto na
nossa mente. Dessa forma, no processo de construção do conhecimento participam os sen-
tidos, a razão e a intuição.
As diferentes preocupações, interesses e perspectivas no decorrer da história humana
levaram ao desenvolvimento de diversos níveis ou formas de saber.
As principais formas específicas de conhecimento atualmente reconhecidas são refle-
xos das várias fases da evolução da vidaem sociedade e da própria humanidade, das formas
de concepção da realidade e de entendimento na busca da verdade.
Estudiosos como Trujillo Ferrari (1974, p. 11), Lakatos e Marconi (1991, p. 15), Olivei-
ra (1997, p. 70-74), Fachin (2001, p. 5) e Cervo e Bervian (2002, p. 8) apresentam, respecti-
vamente, os seguintes tipos, formas, graus ou níveis de conhecimento: popular, religioso ou
teológico, filosófico e científico.
No Quadro 1, a seguir, são apresentadas de forma sistematizada características dos
tipos de conhecimento.
 CONHECER 
CONHECIMENTO 
RELAÇÃO DETERMINADA 
SUJEITO OBJETO 
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
20
Quadro 1: T ipos de conhecimento e características
Fonte: Trujillo (1974 apud Lakatos; Marconi, 1991, p. 15).
Os tipos de conhecimento, na visão de D’Onófrio (2000, p. 25), podem assumir a seguinte
classificação: genérico, empírico, técnico, mítico, filosófico, científico e artístico. Para cada co-
nhecimento é indicado o principal meio empregado para sua obtenção. Veja o Quadro 2.
Quadro 2: T ipos de conhecimento e meios ut ilizados para sua obtenção
Fonte: D’Onófrio (2000, p. 25).
Com a emergência da sociedade do conhecimento, estudiosos de gestão do conheci-
mento Nonaka e Takeuchi (1997) discutem sobre a criação do conhecimento no âmbito
organizacional, classificando-o em tácito e explícito. Na visão destes autores, os gestores
das organizações precisam levar em conta a importância do conhecimento tácito – aquilo
que sabemos implicitamente, por dentro, e como ele difere do conhecimento explícito – aqui-
lo que sabemos formalmente.
Conhecimento 
Popular/Empírico 
Conhecimento 
Religioso/Teológico 
Conhecimento 
Filosófico 
Conhecimento 
Científico 
Valorativo 
Reflexivo 
Assistemático 
Verificável 
Falível 
Inexato 
Valorativo 
Inspiracional 
Sistemático 
Não verificável 
Infalível 
Exato 
Valorativo 
Racional 
Sistemático 
Não verificável 
Infalível 
Exato 
Real (factual) 
Contingente 
Sistemático 
Verificável 
Falível 
Aproximadamente exato 
 
TIPO DE CONHECIMENTO MEIO EMPREGADO 
Genérico Reflexão 
Empírico Experiência 
Técnico Aprendizagem 
Mítico Crença 
Filosófico Razão 
Científico Experimentação 
Artístico Fantasia 
 
EaD
21
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
O conhecimento tácito é pessoal, específico do contexto e, portanto, difícil de formalizar e comu-
nicar. O conhecimento explícito ou “codificado”, por outro lado, refere-se ao conhecimento que
é transmissível em linguagem formal e sistemática (Nonaka; Takeuchi, 1997, p. 59).
Convidamos você a buscar mais informações relativas a estas e outras
formas de conhecer, ampliando assim sua compreensão sobre o mundo.
Vale destacar que estas formas de saber estão sujeitas a mudanças e questionamentos
a partir de novas visões de mundo. Cada uma tem suas peculiaridades e importância. É
necessário observar que as formas não são excludentes, mas sim, em muitos casos, interativas.
A área da Administração é um exemplo de interdisciplinaridade.
Outro debate que perpassa o saber da Administração refere-se ao seu enquadramento
como:
Os componentes curriculares referentes às Teorias Organizacionais contribuem signi-
ficativamente para este debate, tendo em vista que as práticas de gestão no atual cenário
socioorganizacional precisam estar fundamentadas no pensamento administrativo. A rela-
ção teoria e prática é, portanto, constante na geração e disseminação do conhecimento
organizacional.
Oliveira (1997, p. 51) observa que muitos pensadores e estudiosos do assunto têm
buscado classificar a ciência e reconhecem que ainda não existe uma linguagem única. No
Quadro 3 você pode visualizar as classificações das ciências:
 
Ciência
 Técnica 
Arte 
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
22
Quadro 3: Classificação das Ciências
Fonte: Adaptado de Oliveira (1997, p. 51).
O atual panorama da pesquisa em Ciências Sociais, especialmente nas últimas duas
décadas, segundo Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998, p. 144), tem se caracterizado
por uma busca de novos caminhos, o que tem resultado em uma multiplicidade de pressu-
postos e lógicas de investigação, procedimentos e técnicas.
Pelo enfoque do conteúdo deste componente curricular, neste material, vamos nos
deter mais especificamente ao conhecimento científico, nas Ciências Sociais Aplicadas, nas
quais se enquadra o estudo das organizações sociais e a Administração/Gestão.
Seção 1.2
Conhecimento e Método Científico
A ciência tem sido bastante reconhecida e aplicada
pela sua preocupação em buscar conhecimento e explica-
ções sobre causas de fenômenos da realidade, de forma
sistemática.
Filosofia/Lógica 
Exatas Matemática, ... 
 
FORMAIS 
(Puras) Tecnológica Computação, ... 
Naturais Biologia, Física, Química, ... 
Humanas Educação, Sociologia, Psicologia, 
Filosofia, ... 
 
 
 
CIÊNCIAS 
 
FACTUAIS 
(Aplicadas) 
Sociais 
Aplicadas 
Administração, Comunicação Social, 
Ciências Contábeis, Economia e Direito. 
 
 
No mundo acadêmico, 
fazer ciência é 
importante para todos, 
porque é por meio dela 
que se descobre e se 
inventa 
(Oliveira, 1997, p. 47). 
EaD
23
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
A ciência é “um processo permanente de busca da verdade, de sinalização sistemática
de erros e correções, predominantemente racional” (Vergara, 1998, p. 11). É ainda “a
efervescência de reflexões, discussões, contradições, sistematizações e resistematizações que
lhe dão vitalidade” (p. 11).
O conhecimento científico resulta de um processo de construção coletiva e
cada vez mais requer uma pesquisa metodológica, sistemática do contexto factual
que procura analisar, a fim de descobrir causas e relações.
O surgimento, a evolução e o reconhecimento da ciência estiveram sempre muito liga-
dos aos métodos, tanto que “não há ciência sem o emprego de métodos científicos” (Lakatos;
Marconi, 1991, p. 39).
A escolha do caminho para a obtenção do resultado que se busca como solução de um
problema ou novas descobertas necessita da adoção de procedimentos e meios adequados
(métodos, estratégias e técnicas).
O método, como bem expressa Oliveira (1997, p. 59), leva-nos a examinar de uma
maneira mais ordenada as questões: Por que ocorre? Como ocorre? Onde ocorre? Quando
ocorre? O que ocorre?
Por sua vez, Cervo e Bervian (2002, p. 27) entendem que existe um método fundamen-
talmente idêntico para todas as ciências, que compreende um certo número de procedimen-
tos ou operações científicas levadas a efeito em qualquer tipo de pesquisa. Estes procedi-
mentos podem ser assim resumidos:
a) formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses;
b) efetuar observações e medidas;
c) registrar tão cuidadosamente quanto possível os dados observados com o intuito de
responder às perguntas formuladas ou comprovar a hipótese levantada;
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
24
d) elaborar explicações ou rever conclusões, idéias ou opiniões que estejam em desa-
cordo com as observações ou com as respostas resultantes;
e) generalizar, isto é, estender as conclusões obtidas a todos os casos que envolvem
condições similares; a generalização é tarefa do processo chamado indução;
f) prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de se esperar que
surjam determinadas relações.
O método, contudo, pode e deve ser adaptado às diversas ciências, à medida que a
investigação de seu objeto o impõe, ao pesquisador cabe lançar mão de técnicas
especializadas.
De acordo com o propósito ou com a natureza específica de cada problema a ser inves-
tigado é necessário estabelecer a escolha dos métodos apropriados para alcançar o objetivo
que se pretende (Fachin, 2001; Roesch, 1996). Esta escolha está sempre muito ligada à for-
ma como se explora a natureza do objeto a que se aplica e ao objetivo que se tem em vista
com a investigação.
O método científicoé um plano de ações, formado por um conjunto de regras e de pro-
cedimentos, com etapas e passos (estratégias) ordenadamente dispostos que possibilitam me-
lhor diagnosticar e compreender uma realidade e, se possível, levar a novas descobertas.
A investigação científica depende de um “conjunto de procedimentos intelectuais e
técnicos” (Gil, 1999, p. 26) para que seus objetivos sejam atingidos: os métodos científicos.
Método científico é concebido por Silva e Menezes (2001, p. 26) como “o conjunto de pro-
cessos ou operações mentais que se devem empregar na investigação. É a linha de raciocí-
nio adotada no processo de pesquisa”.
Os métodos científicos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo,
indutivo, hipotético-dedutivo, fenomenológico e dialético (Gil, 1999; Lakatos; Marconi,
1991).
EaD
25
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
Silva e Menezes (2001, p. 26-28) apresentam, de forma sucinta, em que bases lógicas
estão pautados tais métodos.
– Método Dedutivo: Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz, o
qual pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro.
O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermé-
dio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular,
chega a uma conclusão. Aplica o silogismo, construção lógica para, a partir de duas premis-
sas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclu-
são (Gil, 1999; Lakatos; Marconi, 1991). Veja um clássico exemplo de raciocínio dedutivo:
Todo homem é mortal. ...........................................(premissa maior)
Pedro é homem. .....................................................(premissa menor)
Logo, Pedro é mortal. .............................................(conclusão)
Este método parte do Geral para o Particular.
– Método Indutivo: Proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Considera
que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta princípios
preestabelecidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de casos
da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generaliza-
ções (Gil, 1999; Lakatos; Marconi, 1991).
Veja um clássico exemplo de raciocínio indutivo:
Antônio é mortal. João é mortal.
Paulo é mortal.
Carlos é mortal.
Ora, Antônio, João, Paulo e Carlos são homens.
Logo, (todos) os homens são mortais.
O método indutivo parte do Particular para o Geral.
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
26
– Método Hipotético-Dedutivo/Positivista. Proposto por Popper, consiste na adoção
da seguinte linha de raciocínio: “quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado
assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar
explicar a dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses.
Das hipóteses formuladas, deduzem-se conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas.
Falsear s ignifica tornar falsas as conseqüências deduzidas das hipóteses. Enquanto no mé-
todo dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo,
ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la” (Gil, 1999, p. 30).
A seguir apresentamos um exemplo de aplicação deste Método (Triviños, 1987).
Tema: O fracasso escolar
Delimitação do Problema: O fracasso escolar nas escolas estaduais de 1º
grau da cidade de POA/RS.
Formulação do Problema: Existem relações entre o fracasso escolar nas
escolas estaduais de 1º grau da cidade de POA/RS e o nível socioeconômico da
família, escolaridade dos pais, lugar onde está situada a escola, centro ou perife-
ria, sexo dos educandos, anos de magistério dos professores e grau de formação
profissional dos mesmos?
– Método Fenomenológico. Preconizado por Husserl, o método fenomenológico não é de-
dutivo nem indutivo. Preocupa-se com a descrição direta da experiência tal como ela é. A
realidade é construída socialmente e entendida como o compreendido, o interpretado, o
comunicado. Então, a realidade não é única: existem tantas quantas forem as suas inter-
pretações e comunicações. O sujeito/ator é reconhecidamente importante no processo de
construção do conhecimento (Gil, 1999; Triviños, 1987). É empregado em pesquisa qua-
litativa.
Veja um exemplo elaborado por Triviños (1987).
EaD
27
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
Tema: O fracasso escolar
Delimitação do Problema: O fracasso escolar nas escolas estaduais de 1º
grau da cidade de POA/RS.
Formulação do Problema: Quais são as causas, segundo a percepção dos
alunos repetentes, dos pais e dos professores, do fracasso escolar e o significado
que este tem para a vida dos estudantes que fracassaram, segundo estes mesmos,
os pais e os educadores das escolas estaduais de 1º grau da cidade de POA/RS?
– Método Dialético. Fundamenta-se na dialética proposta por Hegel, segundo a qual as
contradições se transcendem, dando origem a novas contradições que passam a requerer
solução. É um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Adverte que
os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social, político, econômico, etc.
Empregado em pesquisa qualitativa (Gil, 1999; Lakatos; Marconi, 1991). O exemplo apre-
sentado por Triviños (1987) ajuda a entender melhor sua aplicação.
Tema: O fracasso escolar
Delimitação do Problema: O fracasso escolar nas escolas estaduais de 1º
grau da cidade de POA/RS.
Formulação do Problema: Quais são os aspectos do desenvolvimento do
fracasso escolar em âmbito local, regional e nacional e suas relações com o pro-
cesso de educação e da comunidade nacional e como se apresentam as contradi-
ções, primordialmente, em relação ao currículo, formação e desempenho profissi-
onal dos professores e a situação de lugar da escola, centro ou periferia, dos
alunos que fracassam, e especificamente nas escolas estaduais de 1º grau da
cidade de POA/RS?
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
28
Na atual era do caos, da complexidade, da imprevisibilidade, do indeterminismo e da
incerteza (Bauer, 1999), os métodos científicos andam com seu prestígio abalado. Apesar da
sua reconhecida importância, hoje, mais do que nunca, constata-se que a ciência não é
fruto de um roteiro de criação totalmente previsível. Não há, portanto, apenas uma forma de
raciocínio capaz de dar conta do complexo mundo das investigações científicas. O ideal
seria você empregar métodos – e não um em particular – que ampliem as possibilidades de
análise e obtenção de respostas para o problema proposto na pesquisa.
Além dos métodos, que são um meio de acesso, a inteligência, a reflexão e o “sopro
divino” do potencial criativo do investigador descobrem o que os fatos e os fenômenos real-
mente são, possibilitando a construção da realidade (Cervo; Bervian, 2002; Minayo, 1994).
Na sua função de desvendar, os métodos não estão sozinhos, eles têm sido apoiados
em seus principais passos por técnicas ou procedimentos científicos reconhecidos como ins-
trumentos, ou seja, os meios ou táticas para assegurar que a investigação (descoberta, apren-
dizado, soluções, invenção) seja bem realizada e seus resultados reconhecidos.
SÍNTESE DA UNIDADE 1
Nesta unidade demos início aos seus estudos sobre o conhecimen-
to e seus desdobramentos.
Isso proporcionou/revelou que existem diferentes possibilidades de
conhecer e meios para sua obtenção. Destacamos a área de estudo
da Administração, enquadrada nas Ciências Sociais Aplicadas.
Reforçamos que o conhecimento e os métodos científicos são in-
trínsecos a produção de saber no âmbito universitário, alicerçando
as atividades de pesquisa, para desvendar a realidade.
EaD
29
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
Unidade 2Unidade 2Unidade 2Unidade 2
A PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
OBJETIVOS DESTA UNIDADE
• Apresentar definições de pesquisa e ospropósitos teórico-práticos em realizá-la.
• Destacar a importância dos conhecimentos, habilidades e atitudes relativos à pesquisa
científica na formação do administrador.
AS SEÇÕES DESTA UNIDADE
Seção 2.1 – O que é Pesquisa?
Seção 2.2 – Objetivos da Pesquisa Científica
Seção 2.3 – Importância da Pesquisa Científica para o Profissional de Administração
Seção 2.1
O que é Pesquisa?
Iniciamos esta seção indagando:
• O que é pesquisa?
• Por que a realizamos?
• Aonde queremos chegar?
• Enfim, o que significa pesquisar?
Imagem disponível em: <http://
www.protecao.com.br/novo/imgbanco/
imagens/Re-Anuario%202007/
Pesquisa-Ilustracao.jpg>. Acesso em
19 mar. 2009.
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
30
Como você definiria o ato de pesquisar? Exponha aqui sua opinião.
Bem, agora veja se sua opinião coincide com a nossa apoiada em estudiosos de
metodologia da pesquisa.
Pesquisar, de modo geral, é reunir informações necessárias para encontrar resposta a
uma pergunta e assim chegar à solução de um problema. Significa procurar respostas para
indagações propostas.
Na visão de Minayo (1994, p. 23), pesquisa é:
Atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude e uma
prática teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e perma-
nente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma
combinação particular entre teoria e dados.
Demo (1996, p. 34) define a pesquisa como atividade cotidiana, considerando-a uma
atitude, um “questionamento sistemático, crítico e criativo, mais a intervenção competente
na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e prático”.
Para Gil (1999, p. 42), a pesquisa tem um caráter pragmático, é um “processo formal e
sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é
descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”.
Pesquisa é um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução de um proble-
ma, que têm por base procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quan-
do se está diante de um problema e não se possui informações para solucioná-lo.
EaD
31
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
O desafio central da universidade é a produção de conhecimento próprio com qualida-
de formal e política, capaz de promover o desenvolvimento. Isso só é possível mediante pes-
quisa como estratégia de geração de conhecimento e de promoção da cidadania.
Pesquisa significa diálogo crítico e criativo com a realidade, culminando na elaboração própria
e na capacidade de intervenção [...] é a atitude de aprender a aprender, faz parte de um processo
educativo e emancipatório, que implica uma atitude processual cotidiana (Demo, 1993, p. 128).
É pela pesquisa que se alimenta a atividade de ensino, mantendo-a atualizada diante das
mudanças da realidade mundial. A pesquisa “vincula pensamento e ação” (Minayo, 1994, p. 17).
Pesquisar significa realizar empreendimentos para descobrir, para conhecer algo. A
pesquisa constitui um ato dinâmico de questionamento, indagação e aprofundamento. Con-
siste na tentativa de desvelamento de determinados objetos. É a busca de uma resposta
significativa a uma dúvida ou problema.
Fazer pesquisa é indagar-se, inquietar-se e, diante disso, ir em busca de conhecimen-
tos, observações e investigações que permitam a realização de uma ação coerente com esta
realidade. A vivência investigada e reflexiva sobre a prática funciona como a possibilidade
da formação de um profissional autônomo. O ato de refletir na e sobre a prática exige um
esforço de descentração dela a fim de poder analisá-la criticamente.
Além dos conceitos de pesquisa já descritos, consideramos importante apresentar mais
algumas definições clássicas de pesquisa científica:
“Pesquisa Científica é a realização concreta de uma investigação planejada, desen-
volvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas pela ciência”
(Ruiz, 2006, p. 48).
“A Pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas, através do em-
prego de processos científicos” (Cervo; Bervian, 2002, p. 50).
“Pesquisa Científica é o conjunto de procedimentos sistemáticos, baseados no raciocí-
nio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para os problemas propostos, me-
diante o emprego de métodos científicos” (Andrade, 1995, p. 12).
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
32
Em síntese, Pesquisa:
• é um processo de perguntas e investigação;
• é sistemática e metódica; e
• aumenta o conhecimento.
Seção 2.2
Objetivos da Pesquisa Científica
É consenso que toda ação que desenvolvemos visa a atingir um alvo. Para você, qual
a finalidade de realizar uma pesquisa? A seguir relacione alguns objetivos para a realização
de uma investigação.
Bem, ao realizar uma pesquisa pode-se, no entendimento de Collis e Hussey (2005, p.
16), ter como objetivos:
• revisar e sintetizar o conhecimento existente;
• investigar alguma situação ou problema existente;
• encontrar soluções para um problema;
 
EaD
33
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
• explorar e analisar questões mais gerais;
• construir ou criar um novo procedimento ou sistema;
• explicar um novo fenômeno;
• gerar novo conhecimento;
• uma combinação de quaisquer dos itens anteriores.
No objetivo de pensarmos a operacionalização de uma Pesquisa em Administração,
buscamos em Roesch (1996, p. 65) uma classificação de estudos, a partir de seus propósitos,
conforme se visualiza no quadro a seguir:
Pesquisa Aplicada
(Gerar soluções potenciais para os problemas humanos).
Avaliação de Resultados
(Julgar a efetividade de um plano ou programa).
Avaliação Formativa
(Melhorar um programa ou plano; acompanhar sua efetivação).
Proposição de Planos
(Apresentar soluções para problemas já diagnosticados. Pode ou não incluir a exe-
cução do plano).
Pesquisa-Diagnóstico
(Explorar o ambiente; levantar e definir problemas).
Quadro 1: Tipos de projetos e objetivos pretendidos
Fonte: Roesch (1996, p. 65).
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
34
Pesquisa Aplicada
A pesquisa aplicada ocupa-se com problemas da realidade, em entender a natureza de
um problema para que se possa controlar o ambiente. A fonte das questões de pesquisa é
centrada em problemas e preocupações das pessoas e o propósito é gerar soluções potenci-
ais para os problemas humanos. A pesquisa aplicada refere-se à discussão de problemas,
empregando um referencial teórico de determinada área de saber, e à apresentação de solu-
ções alternativas.
Exemplos: Resistência à mudança de novos processos gerenciais. Fatores que explicam
o comportamento do consumidor diante de novos serviços.
Avaliação dos Resultados
Avaliar significa atribuir valor a alguma coisa. É importante, pois, estabelecer critérios
de avaliação claros no projeto e definir do ponto de vista de quem será feita a avaliação.
Avaliar envolve sempre uma comparação. A comparação pode ocorrer entre uma situação
anterior e posterior à utilização de determinado sistema ou plano.
Exemplo: Avaliação do desempenho dos colaboradores antes e depois de um programa
de treinamento e desenvolvimento.
Avaliação Formativa
O objetivo é melhorar ou aperfeiçoar sistemas ou processos. A avaliação formativa
normalmente implica um diagnóstico do sistema em vigor e sugestões para sua reformulação;
por isso requer certa familiaridade com o sistema e idealmente a possibilidade de pôr em
prática as mudanças sugeridas e observar seus efeitos.
Exemplos: Avaliação do processo de estabelecimento de um sistema de informações.
Avaliação das políticas e estratégias organizacionais referentes ao meio ambiente. Avaliação
do processo de instituição de um sistema com instrumento de gestão informatizado.
EaD
35
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
Proposição dePlanos
Apresentar propostas de planos ou sistemas para solucionar problemas organizacionais
constitui-se no principal objetivo desta pesquisa. Alguns visam a burocratizar e controlar
sistemas; outros buscam maior flexibilidade.
Exemplos: Elaboração de um sistema de mala direta. Introdução de um programa de
gestão ambiental.
Pesquisa-Diagnóstico
A obtenção de diagnóstico interno ou do ambiente organizacional é o que este tipo de
pesquisa almeja.
Exemplos: Levantamento dos índices de satisfação no trabalho. Estudo sobre satisfação
em relação ao programa de saúde do trabalhador. Investigar o potencial de demanda de de-
terminado produto ou serviço.
Assim, cada tipo de projeto tem um propósito específico: propor soluções, diagnosticar
problemas, avaliar processos, avaliar resultados ou resolver problemas mais amplos. A tipologia
apresentada por Roesch (1996) não é para defender a posição de que os projetos tenham de
ser unitários. O argumento é que estes deveriam ser preponderantemente de um mesmo
tipo.
Vale ressaltar ainda que o propósito (preponderante) orienta a escolha de
uma metodologia de trabalho, sobretudo no que diz respeito à coleta e análise
de dados.
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
36
Seção 2.3
Importância da Pesquisa Científica para o Profissional de Administração
A gestão contemporânea requer do profissional que atua em organizações certo nível
de familiaridade com o método científico, buscando tomadas de decisão baseadas em fatos e
não em suposições. É aí que reside a importância de saber pesquisar empregando procedi-
mentos metodológico-científicos. Qual sua opinião?
A Pesquisa em Administração, neste novo milênio, traz muitos desafios para os admi-
nistradores, exigindo destes uma rápida tomada de decisão e de forma mais precisa. O aces-
so à informação e ao conhecimento não é mais barreira, num contexto em que cada vez
mais tecnologias são postas ao alcance das organizações. Para Hair Jr. et al (2005), os
gestores precisam adotar esse recurso, uma vez que sem ele não é possível se beneficiar da
inteligência que emerge da expansão das informações.
Torna-se então necessário para os profissionais de Administração a intimidade com a
“pesquisa ação”, com a gestão do conhecimento e com as mudanças constantes. Nestes
novos tempos, as organizações irão se deparar com a questão de poder emanada do conhe-
cimento, porém para chegar ao poder os administradores terão de converter muita informa-
ção neste conhecimento esperado (Hair Jr., 2005). Uma das utilidades da pesquisa para o
administrador pode ser o aprimoramento de seus métodos de produção, grau de organiza-
ção e sustentabilidade dos empreendimentos.
A oportunidade de pesquisar durante o processo de formação está associada à idéia de
“aprender a aprender”, segundo a qual o acadêmico vai produzindo e reconstruindo o
conhecimento em processo interativo com a prática. Nessa linha, a pesquisa tem uma fun-
EaD
37
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
ção cotidiana ou, como assevera Demo (1993), é o próprio oxigênio da universidade, aquilo
que a tudo move e justifica e que se faz a toda hora. A vivência e a experienciação dessa
dinâmica no curso de formação propiciam ao acadêmico a atitude de pesquisa durante o
processo de ensino-aprendizagem e, ao mesmo tempo, possibilitam-lhe uma melhor atuação
futura, possivelmente como gestor com espírito de investigação.
Cerca-nos um ambiente organizacional em que predomina a demanda por informação
para as tomadas de decisão. Vive-se uma realidade em que o mercado está cada vez mais
exigente, seja o cliente na busca da satisfação de seus desejos e necessidades, seja a organi-
zação na formação de suas equipes de trabalho. Isso torna o saber e o conhecer imprescin-
díveis ao bom desenvolvimento pessoal e organizacional.
Sabe-se que as pessoas convivem nos mais diversificados ambientes, adquirindo cada
qual um aprendizado. Dessa forma, constata-se que a aprendizagem consiste em um grande
patrimônio que a pessoa assimila no dia-a-dia por meio do intelecto e dos sentidos. As pes-
soas buscam espaços profissionais que lhes permitam qualificar suas condições de vida e
receber valorização pessoal e profissional. Cresce, assim, a procura pelo ensino superior
como meio para essa qualificação e valorização, como é o caso do curso de Administração.
O estudante encontra na universidade, na maioria dos cursos de Graduação, uma oportuni-
dade de construir a sua trajetória de formação profissional, uma formação integral que re-
conhece o homem como sujeito de sua história e ainda, uma formação acadêmica que visa
ao preparo de um trabalhador capaz de interagir com a sociedade, inserir-se no mundo do
trabalho, respondendo às necessidades de seu campo de atuação.
As organizações, diante da necessidade de adaptação e em resposta às mudanças no
ambiente de negócios, passam a exigir gestores com características que se identificam com
flexibilidade, adaptabilidade, responsabilidade social e comprometimento com a aprendiza-
gem.
As mentalidades e as características pessoais relacionadas por Rhinesmith, citado por
Vergara (2000), representam o lado ser da gestão, enquanto as competências referem-se ao
lado fazer. Para este autor, competência é “uma capacidade específica de executar a ação
em um nível de habilidade que seja suficiente para alcançar o efeito desejado”.
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
38
Uma competência é desenvolvida pelo fluxo constante entre mentalidade, prática e tarefa; por-
tanto, mentalidade não é competência. Na verdade, uma competência só se estabelece quando a
mentalidade é transformada em comportamento. Da mesma forma, característica não é compe-
tência. Uma pessoa pode ser sensível para lidar com diferenças individuais e, no entanto, não
aplicar essa sensibilidade no trabalho em equipe. A sensibilidade transforma-se em competência
gerencial quando o gestor a usa para conhecer a si e aos outros, bem como para criar, desenvol-
ver e manter equipes de trabalho (Vergara, 2000, p. 38).
Fleury e Fleury (2000, p. 21) definem competência como: “um saber agir responsável e
reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilida-
des, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”.
Figura 1: Competências do profissional
Fonte: Fleury e Fleury (2000, p. 22).
 
Saber agir 
 
 
 
• Saber o que e por que faz. 
• Saber julgar, escolher, decidir. 
 
 
Saber mobilizar 
 • Saber mobilizar recursos de pessoas 
e financeiros, criando sinergia entre 
eles. 
 
 
Saber comunicar 
 • Compreender, processar, transmitir 
informações e conhecimentos, 
assegurando o entendimento da 
mensagem pelos outros. 
 
 
 
Saber aprender 
 • Trabalhar o conhecimento e a 
experiência. 
• Rever modelos mentais. 
• Saber desenvolver-se e propiciar o 
desenvolvimento dos outros. 
 
 
Saber comprometer-se 
 • Saber engajar-se e comprometer-se 
com os objetivos da organização. 
 
 
Saber assumir 
responsabilidades 
 • Ser responsável, assumindo os riscos 
e as conseqüências de suas ações, e 
ser, por isso, reconhecido. 
 
 
Ter visão estratégica 
 • Conhecer e entender o negócio da 
organização, seu ambiente, 
identificando oportunidades, 
alternativas. 
 
 
EaD
39
PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
Espera-se e exige-se do universitário que realiza curso de Administração que:
a) adquira, elabore e sistematize os conhecimentos (conceitos, teorias, enfoques, modelos
de análise) básicos de cada componente que integra seu curso;
b) desenvolva habilidades para ler analiticamente como instrumentalização para obter, sis-
tematizar, assimilar criticamente uma grande quantidade de informações sobre adminis-
tração e áreas contíguas do conhecimento;
c) conheça e exercite técnicas administrativas, de modo a assimilá-las e ter facilidade para
empregá-las no exercício de sua profissão;d) desenvolva hábitos e atitudes como: espírito crítico perante a realidade, exigência de
rigor científico ou gosto pela investigação e ação metódicas, responsabilidade, busca de
aprimoramento constante, iniciativa e criatividade. Sendo assim, um bom profissional
em Administração precisa de conhecimento sobre a área, habilidades e atitudes, ou seja,
um conjunto de competências já elencadas por Fleury e Fleury (2000, p. 21).
Já vimos que um gestor deve contar com múltiplas competências. E como os conheci-
mentos em pesquisa podem contribuir na formação acadêmico-profissional? Explicite aqui
seu entendimento.
Há uma significativa afinidade entre as competências do profissional demandadas pelo
mundo do trabalho das organizações e as qualidades e habilidades de um pesquisador defi-
nidas por Collis e Hussey (2005) na figura a seguir.
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
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Figura 2: Qualidades e habilidades necessárias ao pesquisador
Fonte: Collis e Hussey (2005, p. 17).
Do exposto ficam evidenciados os desafios e as competências requeridas do gestor no
mundo contemporâneo marcado pela incerteza, pela instabilidade e pela imprevisibilidade.
Conclui-se, também, que é fundamental desenvolver competências para se constituir num
gestor com perfil de questionador sistemático.
A universidade, diante da sociedade da informação, deve, mais do que nunca, ser um
espaço de criação e de inovação, em que a pesquisa assuma importante papel, desenvolven-
do nos estudantes as habilidades essenciais do cidadão e do trabalhador atuais: aprender a
aprender e saber pensar, para intervir de modo inovador.
Para finalizar esta seção lembramos que além do domínio dos conhecimentos da
metodologia da pesquisa, o estudante deve atender, segundo Goldenberg (2000), a algumas
exigências para o desenvolvimento de um trabalho criterioso, baseando-se no confronto
permanente entre o desejo e a realidade, entre o conhecimento e a ignorância, que são:
• Curiosidade
• Criatividade
• Disciplina
• Paixão
 
EaD
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PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
SÍNTESE DA UNIDADE 2
Nesta unidade procuramos refletir sobre o que é pesquisar, com
base na concepção de diferentes autores.
Abordamos os objetivos da pesquisa científica, em particular para
subsidiar o processo decisório na Administração.
Destacamos a oportunidade de pesquisar para os estudantes como
forma de “aprender a aprender” e contribuir para sua formação
acadêmico-profissional.
EaD
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PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
Unidade 3Unidade 3Unidade 3Unidade 3
OS PROCESSOS E ATIVIDADES ACADÊMICAS
OBJETIVOS DESTA UNIDADE
• Apresentar aspectos inerentes ao mundo acadêmico, desde a função da universidade ao
papel do estudante.
• Discutir os principais processos didático-pedagógicos empregados no ensino superior.
• Conhecer e desenvolver processos para aprender a pensar.
AS SEÇÕES DESTA UNIDADE
Seção 3.1 – O Contexto Universitário
Seção 3.2 – Processos Acadêmicos
Seção 3.3 – Desenvolvendo a Capacidade para Pensar
Seção 3.1
O Contexto Universitário
O aluno que acaba de ingressar num curso superior precisa tomar consciência de que
a universidade se constitui para ele em situação nova e desafiadora, exigindo-lhe mudanças
muito significativas.
O estudante deve ser reconhecido como o principal responsável por sua aprendiza-
gem, sobretudo no ensino superior.
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
44
A universidade, além de sua função informativa, precisa desempenhar sua função de
formadora de profissionais altamente qualificados, bem como ser um centro de reflexão crí-
tica, de produção e difusão do conhecimento, e de intervenção inovadora.
O resultado fundamental que o aluno deve buscar na universidade é “saber pensar e
aprender a aprender” (Demo, 1994, p. 9).
Para que estes objetivos da universidade se realizem será necessário que os processos
didático-pedagógicos ou de estudo e pesquisa, tais como a aula, o estudo individual, o
seminário, a leitura, apresentem uma dinâmica em que se destaque a atuação do aluno
como sujeito, não como agente passivo, posto que não cabe ao professor o papel de trans-
missor de conhecimentos, mas de facilitador/mediador da aprendizagem que será realizada
unicamente pelo aluno.
Visando a ampliar e aprofundar estas considerações, tratar-se-á, no tópico seguinte,
da proposta da universidade, isto é, do que se pressupõe que deva ser das funções que se
atribui à esta instituição de ensino superior. Na mesma perspectiva, serão abordados em
tópicos posteriores: (1) alguns processos didático-pedagógicos, como aula expositiva, estu-
do individual, seminário e leitura; (2) desenvolvimento da capacidade de pensar; (3) carac-
terísticas de comportamento que facilitam e conferem maior eficácia à reflexão e contribuem
para o desenvolvimento de uma vida mais intelectualizada.
A vida acadêmica, as atividades todas do estudante estarão sempre em relação a con-
cepção de universidade que se tenha. Sem esta proposta de universidade como fundamento,
os componentes curriculares de um curso, a metodologia científica, uma disciplina essencial-
mente instrumental, careceriam de rumo, de sentido.
A concepção de universidade ou de escola de nível superior evoluiu através dos tem-
pos. Na Antiguidade clássica, principalmente na Grécia e depois em Roma, discípulos dó-
ceis e atentos se reuniam em torno de um mestre, cuja bagagem de conhecimentos era zelo-
samente transmitida.
Na Idade Média a Igreja Católica, para fundamentar sua ação política e religiosa,
para formar seus quadros, o clero, organizou e unificou o ensino em escolas chamadas uni-
versidades. Nelas se promovia o estudo e a discussão, mas sempre sob severa vigilância para
preservar a ortodoxia, ou a conformidade aos dogmas religiosos.
EaD
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PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
Os movimentos da Renascença, da Reforma e Contra-Reforma (século 16) dão início à
Idade Moderna. Com Galileu Galilei (1564-1642), Bacon (1561-1626) e Descartes (1596-1650)
inicia-se o desenvolvimento da ciência moderna. O conhecimento humano se diversifica.
A universidade, sob a vigilância da ortodoxia e do dogmatismo religioso, se aliena, se
distancia dos movimentos de vanguarda da sociedade.
O ensino, organizado em summas medievais, torna-se autoritário. As verdades incon-
testáveis estão nos livros-textos ou manuais. O professor transmite um saber considerado
pronto e definitivo aos alunos, que devem continuar a repeti-lo.
No século 18 os enciclopedistas e iluministas continuaram a luta contra o dogmatismo
medieval. Preparam o terreno para que no século 19 se criasse na França a universidade
napoleônica, com caráter profissionalizante, espírito positivista, pragmático e utilitarista, e
uma organização fragmentada do saber.
Em 1810, é criada a Universidade de Berlim (Alemanha), por Humboldt, marco inicial
da universidade atual, voltada para a pesquisa, caracterizada pela autonomia para questi-
onar, investigar e propor soluções, tanto quanto possível científicas, para os problemas (per-
guntas, indagações) de qualquer tipo levantados pela atividade humana.
Como afirma a ex-Retirora da UFRGS, Wrana Panizzi (2004, p. 82), atualmente ocorre
um debate globalizado sobre o destino da Universidade, uma vez que o conhecimento, hoje
mais do que em décadas passadas, é absolutamente estratégico para o desenvolvimento das
nações, das organizações e das pessoas.
A instituição universitária, ao longo dos séculos, ganhou legitimidade social ao de-
sempenhar três grandes funções: “a preservação de identidades, culturas e valores; a media-
ção democrática de conflitos sociais, políticos e ideológicos; e a inovação, procurada em
todos os domínios do conhecimento – das artes às ciências” (Panizzi, 2004).
 
E como deve ser 
hoje a universidade? 
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
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O desafio central da universidade é a produção de conhecimentopróprio com qualidade
formal e política, capaz de promover o desenvolvimento. Isso só é possível mediante pesquisa
como estratégia de geração de conhecimento e de promoção da cidadania. “Pesquisa significa
diálogo crítico e criativo com a realidade, culminando na elaboração própria e na capacidade
de intervenção” (...) é “a atitude de aprender a aprender, faz parte de um processo educativo e
emancipatório”, que implica “uma atitude processual cotidiana” (Demo, 1993, p. 128).
A integração no tripé ensino, pesquisa e extensão é uma preocupação de Marques
(2001, p. 134), como expressa sua afirmação:
A pesquisa que imaginamos alma da universidade deve fazer-se presente em toda a universidade
e informá-la por inteiro. Trata-se evidentemente de níveis diferenciados de pesquisa, cada qual
com suas próprias exigências de articulação e de especialização. A universidade por inteiro a
pensamos como abrangente articulação de linhas institucionais programáticas de pesquisa em
que se insiram projetos específicos, plurais e diferenciados [...].
A função da universidade, portanto, vai muito além da que se lhe costuma atribuir, na
prática, em nosso país, a de instituição dedicada, sobretudo, à formação profissional, no
segmento do ensino superior. Esta é certamente uma de suas missões, contudo o papel
social da universidade é muito mais amplo e fundamental. Tem de se mostrar capaz de exer-
cer ações que explorem e ampliem as fronteiras do conhecimento, gerando condições para
avanços do desenvolvimento econômico e humano.
Não queremos uma universidade, como expressam Luckesi et al (1991, p. 39), que seja
apenas escola, em que se faça apenas ensino repetitivo, verbalístico, desvinculado da reali-
dade, que não identifica e não analisa problemas concretos, não exercita a criatividade,
não desenvolve o espírito crítico. Não queremos uma universidade conservadora, que não
propõe inovações e que repete verdades geradas há anos em outros países e em outros con-
textos socioeconômicos, sem a devida adequação ao espaço geográfico e ao contexto cultu-
ral em que atua.
Rejeitamos a universidade em que o professor se constitui em único sujeito do proces-
so ensino-aprendizagem, ditando verdades prontas e indiscutíveis, para alunos ouvintes,
receptores passivos.
EaD
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PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
Então, que universidade queremos?
Queremos uma universidade, como bem expressam Luckesi et al (1991, p. 40), em que
a pesquisa, em sentido amplo, a avaliação crít ica, o trabalho criativo, sejam suas preocupa-
ções centrais. Buscamos uma universidade em que o ensino se realize com o máximo de
informações atualizadas em todos os níveis, de forma que a realidade que nos circunda seja
percebida, questionada, avaliada e entendida em todos seus ângulos e relações, com rigor
científico, para que possa ser transformada.
Queremos uma universidade, em que professores, alunos e funcionários, com maturi-
dade, competência e responsabilidade, em clima de liberdade, de reflexão, de intercâmbio de
idéias, de participação em iniciativas criativas, ajam sempre como sujeitos, nunca como
objetos, no desempenho de suas respectivas funções.
Cabe à escola em geral e, principalmente, à universidade como objetivo fundamental
de todo seu trabalho, desenvolver nos alunos as competências essenciais do cidadão e do
trabalhador atual: aprender a aprender e saber pensar, para intervir de modo inovador.
Em outros termos, um cidadão que contribua para a construção da sociedade brasilei-
ra que se deseja:
Mais democrática, solidária, justa e próspera.
Em síntese, as funções do ensino superior resumem-se no trinômio ensino, pesquisa e
extensão (intervenção inovadora), realizados de forma integrada e simultaneamente, histo-
ricamente situados.
EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia
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Operacionalmente, à semelhança do que ocorre com os universitários que realizam
qualquer outro curso de formação profissional, espera-se e exige-se do estudante de Admi-
nistração que:
a) adquira, elabore e sistematize os conhecimentos (conceitos, teorias, enfoques, modelos
de análise) básicos de cada matéria que compõe seu curso;
b) desenvolva habilidades para ler analiticamente como instrumentalização para obter, sis-
tematizar, assimilar criticamente uma grande quantidade de informações sobre Adminis-
tração e áreas contíguas do conhecimento;
c) conheça e exercite técnicas administrativas, de tal modo a assimilá-las e ter facilidade
para aplicá-las no exercício de sua profissão;
d) desenvolva hábitos e atitudes como: espírito crítico perante a realidade, exigência de
rigor científico ou gosto pela investigação e ação metódicas, responsabilidade, busca de
aprimoramento constante, iniciativa e criatividade.
Um bom profissional em Administração precisa possuir um conjunto de competências,
em termos de: 1) conhecimento sobre a área; 2) habilidades e 3) atitudes.
O que um estudante pode esperar e deve buscar num curso superior é uma sólida
formação teórica, conhecimentos consistentes sobre conceitos, teorias e técnicas, que facili-
tem a análise, a compreensão de situações práticas para que possa tomar decisões mais
acertadas, mais eficazes e eficientes na realização de objetivos organizacionais e, em certos
limites, pessoais.
Em síntese, é preciso superar o senso comum e adotar um comportamento administra-
tivo caracterizado por um alto grau de rigor científico. Num mundo de mudanças acelera-
das e constantes, em que o volume de informações “dobra a cada 18 meses”, sempre teremos
problemas novos pela frente. É preciso que se desenvolva a capacidade para enfrentá-los. É
necessário aprender a definir e analisar problemas, a exercitar a observação para a coleta e
a sistematização de dados originais e a discussão de alternativas de solução.
EaD
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PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO
Sugestões de atividades:
1) Ler e discutir o “Perfil do Profissional que o Curso Pretende Formar”, verificar mais infor-
mações sobre o administrador no site do Conselho Federal de Administração (CFA)
www.cfa.org.br
2) Responder individualmente às questões: Qual seu projeto de vida? O que você quer ser?
Como você pretende se realizar?
3) Faça uma análise de como é você como estudante, considerando os seguintes aspectos:
Nas aulas e nas leituras, você é ativo (crítico, criativo, interessado) ou passivo (preocupado
em memorizar e reproduzir o que o professor diz, sem avaliar o que está sendo proposto,
preocupado apenas em obter boas notas...)? Como você vê a relação entre teoria e prática?
4) Ler outros textos sobre proposta da universidade. Ex.: Nicolini, Alexandre. Educação: os
novos desafios da universidade. RAE – Revista de Administração de Empresas, São Pau-
lo, v. 44, n. 1, p. 130-131, jan./mar. 2004.
5) Tomar conhecimento, analisar o projeto da universidade em que você estuda e se possível
de outras universidades, conhecer sua história, suas características. Mais informações da
Unijuí podem ser obtidas no site www.unijui.edu.br
Seção 3.2
Processos Acadêmicos
Alguns processos didático-pedagógicos são intensamente empregados no ensino su-
perior, como estudo individual da leitura, estudo de caso, vivências e pesquisa.
Como pessoas que vivem na era da informação, em que o conhecimento desponta
como principal recurso da atual sociedade precisamos ter a consciência que a educação ao
longo da vida (Delors, 1999) deve nortear nossa condição de cidadãos do mundo globalizado.
E como futuros profissionais em Administração é fundamental atualizar-se constantemen-
te, como sugere Marin (2000) ao referi r-se a educação continuada.
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3.2.1 – ESTUDO INDIVIDUAL
Como estudante você já passou pelo menos 11 anos em sala de aula. Ao ingressar no
curso de Bacharelado em Administração está se propondo a dedicar no mínimo mais quatro
anos para sua formação acadêmica.
Ao estudante compete principalmente

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