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Resenha da parte III do livro Antropologia da doença -F. Laplantine

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Resumo do livro
Antropologia da doença – parte III
François Laplantine
Marciane Montagner Missio
INTRODUÇÃO
O presente resumo trata-se de uma análise crítica da obra do autor e que busca propiciar uma visão geral do conteúdo a ser tratado no mesmo, bem como destaque de partes importantes e comparações que relacionam os temas trabalhado na disciplina de Introdução à Antropologia Social para a Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria.
O livro aborda como os estudos da Antropologia contribuem para a reflexão na ciência médica e formação dos profissionais entendedores de saúde, doença, tratamento e cura.
A Antropologia conforme sua postura utiliza-se de comparações e pesquisas para promover uma reflexão.
A obra, conforme Laplantine (1986) se refere, “visa construir modelos operatórios que não se substituem à realidade empírica mas ajudam a pensá-la e a pôr em evidência o que ela não diz.”
De acordo com o prefácio de Thomas, Laplantine (1986, p.5)
 é um autor que jamais cede a polêmica, jamais entra no conflito, hoje tão em moda, ‘viva a medicina/abaixo a medicina’, jamais cede à tentação de opor medicina tradicional a medicina moderna, de acordo com o espírito simplista dos tipologistas americanos.
O autor faz uma abordagem de apresentação de modelos teóricos que pontuam e organizam todas manifestações sobre saúde. A parte III trata-se das formas elementares da cura, de acordo com os modelos terapêuticos composto pelo modelo alopático e homeopático, aditivo e substrativo, exorcista e adorcista, sedativo e excitativo.
Segundo Laplantine (1986, p.173), a homeopatia trata-se de combater o mal (a doença) estimulando-o contra ele mesmo, ou seja, utilizar “as defesas do corpo a fim de favorecer a produção de anticorpos.”
A Alopatia é uma terapia extremamente brutal, “provocando principalmente efeitos colaterais que podem ser piores do que a doença que se procura tratar.”(Ibid., p.162).
No modelo subtrativo, a doença é tratada pela via da eliminação, expulsão. O modelo aditivo trata-se de um reforço propriamente dito, por exemplo, a prescrição de alimentos com altas calorias, fortificantes ou vitaminas.
O modelo exorcista é a terceira alternativa terapêutica, o exorcista é quem cura e engaja-se “em uma verdadeira guerra contra a doença que ele procura extrair do corpo ou do espírito de seu cliente e anulá-la.”(JUCÁ et al.,2012)
No adorcismo segundo Jucá2 et al (2012) “envolve uma reinterpretação do que, no Ocidente, percebemos como mal, que passa a adquirir valor positivo possibilitando determinados procedimentos terapêuticos. Laplantine (1986) mostra como exemplo “os casos de possessão onde o espírito que assume o corpo do curador é aliado no processo de cura e não causa adoecimento, ou mesmo, sinal de patologia pré-existente.
No modelo sedativo encontra-se na sedação o centro de sua terapêutica e isto para apaziguar o estado patológico.
O excitativo por sua vez, ainda conforme Jucá2 et al (2012) é um modelo que “envolve um tratamento ‘tônico’ para ativar organismos ou personalidade quando os mecanismos de defesa não mais funcionam a contento.
Além de realizar uma relação entre a etiologia e a terapêutica.
O objetivo do livro e o que o autor espera mostrar é que a Antropologia da saúde também deve se voltar para o sujeito, a doença pode influenciar na vida do indivíduo, assim como a cultura da pessoa pode intervir na forma como ela será compreendida.
DESENVOVIMENTO
Laplantine (1986) em seu livro utiliza duas variantes: a homeopatia e a psicanálise.
São dois modelos centrados no doente, atribuem ao sujeito a responsabilidade da construção da doença. Contrasta-se com a Alopatia que é um modelo que visa eliminar o sintoma pelo seu contrário.
A ação médica tanto no seu sentido tradicional ou a biomedicina, sempre tenta fazer uma ligação entre a patologia (o doente ou o órgão doente) e a terapia a ser usada (qual o tratamento a ser prescrito).
A medicina ainda utiliza-se das concepções de fragmentar o sujeito e tratar cada parte separadamente sem considerar o sujeito na sua totalidade, além de utilizar-se dos mesmos métodos e terapias para indivíduos de sociedades e culturas diferentes.
Vale ressaltar que essa concepção contraria os princípios e métodos da Terapia Ocupacional, que visa o sujeito na sua totalidade, considerando sua história de vida, o meio onde ele está inserido e suas condutas de acordo com suas particularidades e tradições herdadas de seus antecedentes.
Assim como a Antropologia , a Terapia Ocupacional considera o indivíduo dentro do seu contexto, o homem é considerado um ser que tem sentimentos, pensamentos, aflições e não uma mera estrutura biológica que foi acometida por uma patologia que precisa ser “exorcizada”.
A medicina tratará uma doença em indivíduos diferentes e com uma mesma patologia através da mesma abordagem terapêutica. O texto de Helman1 (p.23) enfatiza que os princípios de uma cultura herdada vão moldar o comportamento dos sujeitos. Esses princípios mostram “a forma de ver o mundo, de vivenciá-lo emocionalmente e de comportar-se dentro dele em relação a outras pessoas, a deuses ou forças sobrenaturais e ao meio ambiente natural.
Ainda conforme Helman1:
[...] para compreender a saúde e a doença é importante evitar ‘culpar a vítima’, isto é, ver seu mau estado de saúde como decorrente exclusivamente da cultura em que vive ao invés de considerar também sua situação econômica e social. (p.25)
 Uma cultura, segundo Helman1(p.25) “nunca pode ser analisada num vácuo, mas sim como um componente de um complexo de influências que se refere aquilo em que as pessoas acreditam e ao modo como vivem.” 
Segundo Laplantine (1986, p.207) a prática médica ainda “está longe de sempre obedecer ao esquema da anterioridade do conhecimento das causas que levam à pesquisa e à determinação do remédio apropriado”. Considerando-se que os médicos conhecem a “eficácia de um medicamento, mas pouco sabem ou nada conhece de seu processo de ação, e ainda menos da causa da doença que ele está tratando.”
 CONCLUSÃO
No texto, Laplantine aborda que quando uma patologia acomete um indivíduo e “se a causalidade não está claramente demonstrada, não deixava de ser pressentida ou procurada[...]”.
 Aplicando a realidade, essa afirmação não é efetiva porque na maioria dos casos os médicos não buscam uma explicação para a doença mas seguem um padrão de terapia e medicação que foram eficazes no tratamento para tal patologia. Atualmente não se faz a identificação e procura de futuras conseqüências para cada decisão tomada pelo médico, usa-se parâmetros quantitativos e numéricos para uma maioria, desclassificando os valores numéricos que não são muito freqüentes.
Por exemplo, quando um medicamento funciona eficazmente em 49 indivíduos pesquisados e em 1 indivíduo não é eficaz e torna-se prejudicial. Utiliza-se a concepção da maioria, no momento da escolha de um medicamento o médico supõe que o doente se enquadrará nos parâmetros dos 49 que utilizaram o medicamento e obtiveram a cura.
O câncer também foi considerado uma doença com várias concepções, popularmente considerado como um castigo divino ou manifestação maligna de um espírito mau. Hoje essa visão é ultrapassada pelo fato de se ter descoberto maneiras de lidar e tentar eliminá-lo do corpo, além de se compreender que trata-se de uma produção anormal de células indiferenciadas que podem se propagar pelo corpo. Há muito tempo atrás o câncer não era tratado pela medicina, principalmente em sociedades dominadas pela religião havia uma idéia de que através da sua crença no divino a pessoa seria curada e exorcizada o espírito que se apossou daquele corpo.
O livro de Laplantine através de seus modelos de exorcismo e adorcismo deixa um ponto negativo para reflexão, porque pode nos levar a pensar e associar a doença ao espiritismo. Dessa maneira o espiritismo considera o câncer como uma maneira de reequilibrar a vida, ele surge na pessoa porque o indivíduo tentou suportar problemasmaiores do que podia.
O espiritismo assim como a maioria das outras religiões se contrapõe a visão da medicina, na qual o câncer não é motivado por um falta de equilíbrio emocional ou incapacidade de suportar momentos difíceis como na visão espírita mas sim uma série de fatores de risco associado aos fatores genéticos. 
O livro em nossa opinião coloca no leitor essa curiosidade de conhecer e pensar sobre como a doença é considerada por essas religiões e se condiz ou não com a nossa realidade.
O autor, conforme diz o prefácio do livro, é uma pessoa que não entra no conflito, não cede a polêmica, analisando-o criticamente faz boas explicações sobre o que procura estudar mas se esquece ou propositalmente não critica nem toma um posicionamento a respeito do que estuda. O livro deixa a desejar nesse aspecto, não leva ao leitor contrariar ou se por a favor das idéias do autor.
Portanto concluímos que, e talvez seja esta a proposta de Laplantine, que o leitor analise o que foi estudado e então faça suas próprias interpretações e críticas sobre os temas que se aplicam ou não a realidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
HELMAN, Cecil G. A abrangência da Antropologia médica, in Cultura, Saúde e Doença. Porto Alegre: ARTMED Ed. 2003, p. 21-29.
JUCÁ, Vládia; FILHO, Naomar de Almeida. Atos de saúde: tratamento, cura e conceitos correlatos.[s.n.]. Disponível em: <http://atosdesaude.blogspot.com.br/p/
 inicio.html>. Acesso em: 5 jul 2014
LAPLANTINE, François.Antropologia da Doença.São Paulo: Martins Fontes.3. ed.,2004.

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