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ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 252 252 CAPÍTULO 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO 9.1-INTRODUÇÃO Pode-se dizer que o detalhamento de peças protendidas pode ser separado em dois grandes grupos: o detalhamento de peças submetidas a protensão com aderência posterior e o grupo das protendidas com aderência posterior. As peças com protensão sem aderência têm detalhamento similar às com aderência posterior. Assim como o detalhamento da armadura a operação de protensão nas diversas situações merece ser estudada pois há diversas particularidades que só podem ser cumpridas por profissional especializado. Nos próximos itens são detalhados portanto os princípios do detalhamento de vigas de concreto protendido e suas operações respectivas de protensão. 9.3-Detalhamento da armadura na seção transversal O Detalhamento da armadura da seção transversal é função de disposições construtivas tais como espaçamento mínimo entre as armaduras de maneira que se permita a passagem de concreto e garante a aderência aço-concreto e de durabilidade,ou seja, cobrimentos mínimos que garantam a durabilidade adequada da armadura. Em relação ao cobrimento deve-se, em função da classe de agressividade do ambiente (ver TABELA 7.2- Classes de Agressividade Ambiental segundo a NB6118:2003 capítulo 7), adotar valores de cobrimento mínimo estabelecidos pela tabela 9.1. Tabela 9.1 - Correspondência entre classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal para .c = 10 mm Acrescenta-se ainda aos valores da tabela anterior o caso especial de estruturas pré- fabricadas que são regulamentadas pela NBR.9062 – Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré-Moldado .... ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 253 253 Nos elementos de concreto pré-fabricados, conforme definido no Capítulo 3 da NBR9062, com resistência característica fck não inferior a 25 MPa e consumo mínimo de 400 kg de cimento por metro cúbico e fator água/cimento menor ou igual a 0,45, qualquer barra da armadura inclusive de distribuição, de montagem, de ligação e estribos, deve ter cobrimento de concreto não menor que: a) para elementos em meio não agressivo, os valores da Tabela 9.2; TABELA 9.2 – Cobrimentos para peças pré-fabricadas Localização Tipos de Elementos Pré-fabricados No interior do edifício Ao ar livre Lajes, mesas das vias T, placas de vedação não estruturais e elementos construtivos sujeitos a cargas até 3 kN/m² 1,0 1,5 Vigas, pilares, arcos, nervuras das vigas T e placas de vedação estruturais 1,5 2,0 Para elementos em meio medianamente agressivo e em meio muito úmido, como por exemplo: cozinhas, lavanderias, estabelecimentos de banhos e piscinas cobertas, os cobrimentos especificados na Tabela 9.2 devem ser aumentados de 0,5 cm; Para elementos em contato com o solo, 2,5 cm, sendo que, se o solo não for rochoso, sob a estrutura deve ser interposta uma camada de concreto simples, não considerada no cálculo, com O consumo mínimo de 250 kg de cimento por metro cúbico e espessura de pelo menos 5 cm; Para concreto em meio fortemente agressivo, 3,5 cm, sendo que, para cobrimento maior que 6 cm, deve-se colocar uma armadura de pele complementar, em rede, cujo cobrimento não deve ser inferior aos limites especificados nesta alínea; No caso de estacas, admite-se como suficiente o cobrimento necessário para a situação anterior a cravação; as condições/ após a cravação devem ser verificadas como concreto simples e de acordo com a NBR 6122 especialmente quando se tratar do caso de resistência por atrito lateral, eventualmente prejudicada pela corrosão da armadura e desagregação do concreto do cobrimento; No caso de postes, moirões, tubos e lajes, devem ser aplicadas as normas especificas para esses elementos estruturais, prevalecendo as suas prescrições no que estiverem em desacordo com esta Norma. No caso de estruturas que devem ser resistentes ao fogo, o cobrimento deve atender as exigências da NBR 5627 além das especificadas neste item. Caso haja previsão de revestimento posterior do concreto com argamassa de espessura mínima de 1 cm, os cobrimentos em peças usuais indicados anteriormente podem ser reduzidos de 0,5 cm. Caso haja previsão de revestimento posterior do concreto com pintura protetora, a eficácia da proteção e sua durabilidade em relação ao meio a que o elemento estará exposto devem ser comprovadas experimentalmente em laboratório nacional especializado. Neste caso, os cobrimentos indicados em 9.2.1.1-a), b), c) e d) podem ser reduzidos até o l imite dos va1ores Indicados na Tabela 3, diminuídos de 0,5 cm. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 254 254 Para concretos com resistência característica fck inferior a 25 MPa ou consumo menor que 400 kg de cimento por metro cúbico. assim como em elementos não caracterizados como pré-fabricados, aplica-se o determinado na NBR 6118. Ainda em relação a seção transversal é preciso fazer com que os elementos da armadura de protensão devem estar suficientemente afastados entre si, de modo a ficar garantido o seu perfeito envolvimento pelo concreto. Assim, a NBR6118 estabelece os valores de espaçamentos mínimos apresentados nas tabelas 9.3 e 9.4 Tabela 9.3 –Espaçamentos mínimos- Caso de pós tração aaaa ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 255 255 9.4-Traçado de cabos em vigas com aderência posterior e sem aderência Embora cada projeto tenha suas peculiaridades há preceitos gerais que conduzem ao melhor detalhamento da armadura longitudinal de protensão. Em se tratando de protensão com aderência posterior pode-se dizer, de uma maneira geral, que os cabos (fios) terão trajetórias (traçados) semelhantes aos do diagrama (ou envoltória) de momento fletores, usando-se sempre a máxima “Onde houver tração que se leve a protensão”. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 256 256 Diagrama de Momentos Traçado do Cabo representante Carga equivalente Viga Contínua trecho 1 trecho 2 trecho 3 trecho 4 Figura 9-1 Exemplo de viga contínua submetida a ação vertical uniforme, diagrama de momento fletor respectivo, traçado do cabo representante e ações de protensão equivalente. Na figura 9.1 mostra-se um exemplo típico de traçado de cabo (no caso apenas o representante) de uma viga contínua submetida à ação de carga uniforme. A trajetória do cabo tem praticamente a mesma forma que o diagrama de momento fletor, apenas na região próxima ao apoio central existe uma concavidade ao contrário para não haverconcentração de tensão no concreto provocado pelo cabo. Uma das diferenças básicas de detalhamento em relação ao concreto armado é que neste caso trabalha-se com um elemento contínuo, cabo ou fio, enquanto no concreto armado as barras são interrompidas e ancoradas na medida em que já não se tornam necessárias ao combate à flexão. No concreto protendido o mesmo elemento deve prover de compressão tanto a face inferior quanto a superior. Assim, o cabo da figura 9.1 nos trechos 1 e 3 têm mais a função de combater o cisalhamento do que a flexão. Na seção extrema como não há momento fletor devido às cargas atuantes ele deve ser posicionado junto ao centro gravidade da seção para não causar flexão. No trecho 2 o cabo, situado próximo à borda inferior combate os momentos fletores positivos e no trecho quatro, situado próximo ao bordo superior, combate os momentos negativos. Como se percebe ainda pela observação da figura 9.1 os trechos curvos que necessariamente ocorrem no cabo para que possa ir de uma fibra a outra tem que obedecer a raios mínimos a fim de evitar uma compressão excessiva no concreto ou ainda que a bainha durante o seu posicionamento fissure e não se torne mais estanque. Desta forma nos próximos itens serão discutidas as técnicas para o detalhamento da trajetória da armadura longitudinal, seguindo os preceitos adotados no pré-dimensionamento feito no capítulo anterior e como devem repassar estas informações, através de plantas executivas, para a obra. Os mesmos princípios que regem o traçado dos cabos com a aderência posterior são os que regem os cabos sem aderência diferenciando-se em geral em relação às unidades de protensão que no caso de sem aderência costumam ser menores. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 257 257 Tão importante como o projeto, detalhamento e execução da armadura a operação de protensão é uma atividade técnica que requer o conhecimento dos princípios da protensão de quem a executa, o engenheiro da obra, e de quem fornece as informações para executá-la, o engenheiro projetista. Assim, são abordados os principais aspectos sobre a operação de protensão nos próximos itens. 9.3- DESENVOLVIMENTO DA TRAJETORIA DOS CABOS COM ADERÊNCIA POSTERIOR O problema que se deseja resolver agora é como pode ser efetuado o traçado de todos os cabos a partir do pré-dimensionamento feito baseado no cabo representante visto no capítulo anterior e de tal sorte que sejam atendidas as condições de fissuração e de ruptura. São conhecidos o número de cabos necessários na seção mais solicitada e a posição dos mesmos na seção transversal em questão (ver capítulo anterior) de maneira que atendam as duas condições (a do ELU e a do ELS). São colocadas três premissas para executar este desenho dos cabos ao longo da viga: a) Todos os cabos se estendam de uma seção extrema até a outra, b) quando os cabos atravessam a região da alma o façam de forma isolada ou em outras palavras nesta região os cabos se espraiam c) que o centro de gravidade dos cabos em uma seção esteja contido dentro de uma região chamada de feixe limite. trecho 6trecho 5trecho 4trecho 3trecho 2trecho 1 trecho 7 Figura 9-2 Exemplo de viga contínua com traçado dos cabos destacando-se trechos 3, 5 e 7 em que os cabos se concentram próximos às fibras mais tracionadas e os trechos 2,4 e 6 em que se espraiam na região da alma combatendo o cisalhamento. O trecho 1 tem uma parte com cabos espraiados (balanço) e outra concentrada primeiro apoio. equivalente. Na figura 9.2 é mostrado um traçado de cabos em que se atendem as premissas dos itens a e b descritos anteriormente. Os cabos empregados na viga em questão percorrem a viga de uma extremidade a outra possibilitando a protensão nas duas extremidades e portanto cada cabo tem duas ancoragens ativas. Isto é possível se a geometria da seção extrema permitir a colocação de todas estas ancoragens ativas cuja geometria é discutida nos outros itens. Não havendo esta possibilidade é possível que ocorra situações como a vista na figura 9-3. Cabo1 Cabo2 Cabo3 Figura 9-3 Exemplo de viga contínua com cabo saindo na laje superior (cabo 1), saindo dentro da célula junto à laje superior (cabo 2) e junto à laje inferior (cabo 3). ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 258 258 Na figura 9.3 o cabo 1 é executado por não haver lugar suficiente para acomodação da ancoragem na seção extremo ou porque haveria mudança de geometria na seção (peças pré- moldadas em que lajes são acrescentadas à estrutura) e na seção anterior a protensão seria excessiva. Os cabos C2 e C3, quando se trata de seção celular, podem ser usados para que se tenha na seção do meio do vão cabos mais curtos com pouca ondulação e assim poucas perdas e grande eficiência de protensão. As saídas dos cabos junto à laje superior, inferior e lateralmente às vigas cujos esquemas genéricos estão mostrados na figura 9.4. Em ambas as situações é preciso garantir um trecho reto de cabo próximo à saída e a obediência do raio mínimo de curvatura, lembrando também que devido a curvatura vertical ou horizontal do cabo haverá a tendência de se criar um esforço de tração de “arrancamento” da saliência que deverá ser combatido por estribos devidamente detalhados na região. Fig. 9.4 – Saída de cabos dentro de uma seção celular: junto à laje superior e junto à viga Nos trechos em que os cabos precisam percorrer a alma das vigas a largura, em geral é de espessura tal que só permite a passagem de um único ou no máximo dois cabos. Assim torna-se necessário que os cabos se ¨espraiem¨, ou seja, sigam trajetórias distintas como pode ser visto nos trechos 2, 4 e 6. Finalmente a condição de que o centro de gravidade deve estar contida pelo feixe limite é o mesmo que dizer que em todas as seções as condições de verificação a fissuração estarão respeitadas. Assim, feixe limite, por definição é a região da seção transversal que o centro de aplicação da força de protensão deve estar para que as condições de fissuração estejam atendidas. Assim no caso de protensão limitada (ver capítulo 7) têm-se as seguintes situações: Estado limite de formação de fissuras (E.L.S-F).→Combinação de ações Freqüente Os limites neste caso serão Tração → fct,m = -0,3. 3 2ckf Compressão → estado limite de compressão excessiva (ELS-CE) → 0,7 fck ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 259 259 BORDA INFERIOR σi= i g2g1 i pp W M W .N A N +++ e i máxq,1 W .Mψ+ e σi = i g2g1 i pp W M W .N A N +++ e i minq,1 W .Mψ+ BORDA SUPERIOR σs= s g2g1 s pp W M W .N A N +++ e s máxq,1 W .Mψ+ e σs= s g2g1 s pp W M W .N A N +++ e s minq,1 W .Mψ+ Estado limite de formação de descompressão (E.L.S-D).→Combinação de ações Quase Permanente Os limites neste caso serão ckf,7,00 ≤≤σ BORDA INFERIOR σi= i g2g1 i pp W M W .N A N +++ e i máxq,2 W .Mψ+σi= i g2g1 i pp W M W .N A N +++ e i minq,2 W .Mψ+ BORDA SUPERIOR σs= s g2g1 s pp W M W .N A N +++ e i máxq,2 W .Mψ+ σs= s g2g1 s pp W M W .N A N +++ e i q.min2 W .Mψ+ Impondo as condições limites para as expressões anteriores, os valores de e (excentricidade da resultante de compressão) podem ser determinados uma vez que na seção em questão todos as demais variáveis são já conhecidas no pré-dimensionamento: Np – força total de protensão atuante na seção A – área da seção transversal de concreto W- módulo de resistência da seção (I/y) Mg1+g2- momento da carga permanente e sobrecarga permanente Mq,máx – momento máximo de carga acidental Mq,máx – momento mínimo de carga acidental • Observação importante – Nesta situação está se considerando que a estrutura é isostática caso contrario deve-se acrescentar na seção o efeito do hiperestático de protensão. EXEMPLO NUMÉRICO 1 - Calcular o feixe limite de uma seção submetida a protensão limitada que tem como características A=4,925 m2; ys=0,7 m; h=2 m; Wi=2,18 m3, de maneira que as tensões fiquem dentro do limite fck=35 MPa Considerar Mg1+g2= -3000 kN.m Mq,máx=-1300 kN.m e Mq,min= 1000 kN.m. Np,t=∞= 11000 kN. RESOLUÇÃO Características Geométricas ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 260 260 A=4,925 m2; Como ys=0,7 m e h=2 m então yi=2-0,7=1,3 m Com Wi=2,18 m3 e W=I/y I=2,18x1,3 = 2,834 m4 Ws=2,834/0,7=4,048 m3 • Verificação do Estado limite de formação de descompressão (E.L.S-D).→Combinação de ações Quase Permanente Limites Os limites neste caso serão ckf7,00 ≤≤ σ portanto 245000 ≤≤ σ kN/m2 σi= 2,18 3000 2,18 .11000 4,925 11000 ++ e 2,18 .13003,0+ 24500≤ kN/m2 → e 10,4≤ m σi= 2,18 3000 2,18 .11000 4,925 11000 ++ e 2,18 .10003,0− 0≥ kN/m2 → e 68,0−≥ m σs= 4,05 3000 4,05 .11000 4,925 11000 −− e 4,05 .13003,0− 0≥ kN/m2 → e 81,0≤ m σs= 4,05 3000 4,05 .11000 4,925 11000 −− e 2,18 .10003,0+ 24500≤ kN/m2 → e 44,8−≥ m • Estado limite de formação de fissuras (E.L.S-F).→Combinação de ações Freqüente Os limites neste caso serão Tração → fct,m = -0,3. 3 2ckf Compressão → estado limite de compressão excessiva (ELS-CE) → 0,7 fck Substituindo fck=35 chega-se a condição ds limites que neste caso serão: 22 245003210 m kN m kN ≤≤− σ σi= 2,18 3000 2,18 .11000 4,925 11000 ++ e 2,18 .1300,0+ 24500≤ kN/m2 → e 09,4≤ m σi= 2,18 3000 2,18 .11000 4,925 11000 ++ e 2,18 .10004,0− 3210−≥ kN/m2 → e 31,1−≥ m σs= 4,05 3000 4,05 .11000 4,925 11000 −− e 4,05 .13004,0− 3210−≥ kN/m2 → e 68,1≤ m σs= 4,05 3000 4,05 .11000 4,925 11000 −− e 2,18 .10004,0+ 24500≤ kN/m2 → e 17,9−≥ m A região encontrada pelos valores de e está indicada na figura 9-5. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 261 261 Seção s y =1,30 y =0,7m i s 0,51 1,68 m 4,09 m 4,10 m -1,31 -8,44 -9,17 m -0,68 Fig. 9.5 – Feixe limite para a seção S, região achureada. 9.4 – DESENHO DA ARMADURA DE PROTENSÃO (PLANTA DE AÇO DOCE) COM ADERÊNCIA POSTERIOR O desenho da armadura deve ser efetuado pelo projetista pensando no pré- dimensionamento e feito de maneira que contenha todas as informações necessárias para a execução na obra. É importante que o projetista pense no desenho do cabo como um todo considerando a interferência das demais armaduras e as dificuldades em se realizar certos detalhes. Fig. 9.6 – Esquema estrutural da viga de ponte cuja armadura longitudinal será detalhada e ações permanentes atuantes. Para executar o desenho para ficar mais simples de explicar toma-se como modelo uma viga de ponte que necessita 9 cabos na seção do meio do vão. A viga é simétrica têm dois apoios e dois balanços e pertence a uma ponte com seção transversal celular. No ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 262 262 desenho da figura 9-6 está indicado o esquema estrutural da mesma e as ações permanentes atuantes. Na fase do pré-dimensionamento já se concluiu a necessidade dos sete cabos de 12φ ½¨ e consegue-se dispor a armadura como indica o desenho da figura 9-7 Fig. 9.7 – Detalhe da parte inferior da seção transversal do meio do vão com os cabos detalhados. Os próximos passos para efetuar o desenho neste caso são: 1) escolher a disposição dos cabos na seção de extremidade da peça (Sextr. bal.) e 2) escolher a disposição dos cabos na seção do apoio. Para escolher a disposição dos cabos na seção de extremidade é preciso lembrar que nesta seção é que se dará a ancoragem da extremidade do cabo. Assim, inicialmente é preciso conhecer os detalhes da ancoragem do sistema de protensão empregado. Tais detalhes estarão descritos no próximo item, no momento precisa-se apenas saber qual é a distância mínima a se empregar entre cada uma das ancoragens entre sí ou entre cada uma delas e a face exterior da seção. Estas distâncias mínimas são apresentadas no desenho da figura 9-8. Fig. 9.8– Distâncias mínimas entre ancoragens de um cabo 12φ1/2¨. Assim, para o exemplo em questão escolhe-se a posição dos cabos na seção de extremidade da viga conforme, por exemplo, o disposto na figura 9.9. Verificar que é importante fazer com que o centro de forças de protensão fique o mais próximo do centro de gravidade de protensão para não se impor um momento de protensão em uma seção que praticamente não tem esforço externo de flexão (a não ser Mc). Desta maneira começa-se a ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 263 263 posicionar os cabos de cima para baixo e aproveitando a mísula superior usa-se três cabos no primeiro nível. S0Sext. bal Figura 9-9– Seções transversais da extremidade e SO do exemplo com a posição dos diversos cabos. Também na figura 9-9 apresenta-se o posicionamento dos cabos na seção S0, em cima do apoio, que poderia Ter outras disposições desde que o centro de gravidade dos cabos esteja contido no feixe limite. Na situação em questão escolheu-se colocar três cabos na primeira, segunda e terceira camada. S0 S1 S2 S3Sext. bal. S4 S5 ext. bal.S S0 S2S1 S3 S5S4 Figura 9-10– Elevação da viga mostrando as escolhas dos níveis de cabos em Sext. bal. , S0, S5 e as trajetórias finais. Na figura 9.10 mostra-se inicialmente como ficaria a elevação da viga com os níveis dos cabos nas seções extrema, S0 e S5. Logo abaixo aparece o desenho final contendo a trajetória de todos os cabos. Para mostrar como a trajetória pode ser feita inicia-se pela discussão do trecho do balanço entre a seção Sextrema e S0. Na figura 9-11 sãomostradas as etapas do traçado do trecho curvo de um cabo junto a ancoragem. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 264 264 • Na etapa 1- através do segmento horizontal passando pelo nível do cabo na seção S0 (ponto B) e o segmento de reta inclinado de α, na seção de extremidade, ou seja o ponto A, obtêm-se o ponto de intercessão I.. O ângulo α pode ser 4 ou 60 ou valor tal que a média dos cabos no balanço tenham a inclinação prevista no pré- dimensionamento. Aproveita-se ainda nesta etapa para traçar os segmentos R1 e R2 perpendiculares ao segmento AI e BI respectivamente. • Na etapa 2 traça-se o círculo com centro em I para determinar os pontos de tangência do trecho curvo do cabo T1 e T2. Notar que o ponto T1 fica determinado pela distância k a partir do ponto A. A distância k deve ter comprimento pelo menos igual ao da trombeta (ver item seguinte). • Paralelas aos segmentos R1 e R2 passando por T1 e T2 são traçadas na etapa 3 permitindo determinar o ponto O centro do círculo que resultará o trecho curvo do cabo. • Na etapa 4 traça-se o circulo com centro em O e raio O-T1, lembrando que o raio r= O-T1 deve ser maior que o raio mínimo previsto para o cabo em questão e finalmente apresenta-se o traçado final do cabo na etapa 5. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 265 265 r r Figura 9-11– Traçado do trecho curvo de um cabo junto a ancoragem. Etapa 1- Determinação de I e segmentos de retas R1 e R2, 2) Círculo em I para determinar T1 e T2, 3) Paralelas a R1 e R2 determinando O, 4) Traçado do círculo com centro em o e raio O-T1 e 5)Traçado Final. A NBR6118 recomenda raios mínimos, na falta de experimentação, de 4, 8 e 12 m para fios, barras e cordoalhas respectivamente. Em relação às cordoalhas o valor parece ser alto exceto para a de 12φ1/2¨ recomendando-se assim, que se consulte os catálogos dos sistemas de protensão. Os trechos curvos do cabo no tramo são traçados da mesma forma que no caso do balanço tendo-se apenas dois trechos de concavidades distintas. Na figura 9-12 pode ser visto um destes cabos em que os trecos curvos são respectivamente T1-I e I-T3, sendo neste caso o ponto de inflexão pertence aos dois circulo com centros em O1 e O2. Em algumas situações pode-se considerar um trecho reto entre as duas curvas como é o caso do traçado final usado ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 266 266 na figura 9.10. Novamente chama-se a atenção para que r1 e r2 sejam maiores que o raio mínimo. A inclinação da tangente em I neste caso foi de 90 e novamente deve-se usar o valor preciso no pré-dimensionamento ou então de modo que a média dos ângulos seja igual a este valor. Figura 9-13– Traçado do trecho curvo de um cabo junto no tramo. Existem dois trechos curvos de diferentes concavidades. Finalmente cabe destacar que é preciso verificar quantas trajetórias de cabos serão necessárias para ir de uma seção a outra. Isto é feito na figura 9.14 Para tanto são seguidos os seguintes passos: • Desenha-se entre em torno da seção S2 um feixe de segmentos de retas paralelas com a inclinação do ângulo usado no pré-dimensionamenteo (em torno de 9 graus). O espaçãmento entre estes segmentos dve se ro mínino necessário exigido pela norma (no caso de 12φ1/2” o valor é de 14 cm). A quantidade dos segmentos é tal que cada um deles representará no máximo 2 cabos. Verifique que no traçado da figura 9.14 (figura superior) estão indicados em cada nível a quantidades de cabos representada através de pequenos traços inclinados. Dois traços dois cabos, um traço e assim sucessivamente. • É repetido o roteiro usado anteriormente para o trecho dos cabos no balanço lembrando somente que agora cada trajetória de cabo terá dois trechos curvos de concavidade distinta. Na figura 9.14 do centro são mostrados já os trechos curvos dos cabos do nível mais baixo de S0 (C1, C2 e C3) que se alojarão no nível mais baixo de S5. • Finalmente repete-se a sistemática para os outros cabos obtendo-se a figura inferior de 9.14 • Salientar que até se chegar a trajetória final talvez seja preciso fazer diversas tentativas porque os cabos no nível inferior (C1, C2 e C3) pode requere um raio pequeno para ter o ponto de tangencia em SO. Assim, pode-se usar, ao invés de um feixe de segmentos paralelos um feixe de segmentos de reta com inclinação variável de maneira que a média fique em torno do valor previsto no anteprojeto. • Verificar ainda que em todas as seções o cg dos cabos está dentro dos feixes limites. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 267 267 S0 S2S1 S3 S5S4 S4 S5S3S1 S2S0 S0 S2S1 S3 S5S4 FIGURA 9.14 – Traçado dos cabos entre a seção do apoio e do meio do vão. Na figura 9.15 pode-se ver que a numeração dos cabos na seção transversal é importante pois define a trajetória dos mesmos que deve ser a mais simples possível. C1 C2C3 C1 C2C3 C4 C4 SEÇÃO S0 SEÇÃO S5 FIGURA 9.15 – Numerção dos cabos nas seções S0 e S5 definem a trajetória dos cabos entre ambas Finalmente na figura 9.16 vê-se o desenho completo dos cabos e as seções transversais obtidas através do traçado das trajetórias longitudinais. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 268 268 ex t. ba l. S S0 S2 S1 S3 S5 S4 30 30 30 30 10,5 14 14 10,5 1,3 14,6 11,8 15,2 15,2 43,6 15,2 20 3030 30 30 33 20 30 20 Se çã o Ex tre m a do b al an ço Se çã o S0 20 30 20 10,5 134,5 14 14 Se çã o S1 C 3 C 1 C 2 C 4 C 9 11,8 10,5 14 14 14 11,8 C 6 C 8 C 7 C 5 C 1 C 3 C 2 C 4 C 5 C 6 C 9 C 8 C 7 C 7 C 9 C 5 C 4C 2 C 8C 1 C 3 C 6 Figura 9.16 Desenho completo dos cabos e as seções transversais. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 269 269 9.5- EXECUÇÃO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO PARA ADERÊNCIA POSTERIOR A execução da armadura de protensão e a própria operação de protensão dependem fundamentalmente do projeto e do detalhamento apresentado na planta de armação. Assim, o projetista precisa conhecer as operações e dificuldades que serão encontradas na prática assim como o engenheiro da obra deve ter conhecimento, pelomenos elementar do cálculo, para tomar decisões adequadas que não ponham em risco a segurança da estrutura. Muitas das dúvidas que ocorrem na obra decorrem fundamentalmente de duas razões: a) falta de conhecimento do processo; b) mau detalhamento, falta ou imprecisão nas informações. Como exemplo são enunciadas aqui algumas situações que podem ocorrer na obra causando dúvidas que serão elucidadas ao longo do texto. 1) O carpinteiro tem dúvidas como deve proceder par fazer a forma externa da seção extrema assim como a saída dos cabos na parte superior da viga. 2) O mestre de obras acredita que o comprimento das cordoalhas que farão parte dos cabos indicados na lista de ferro não estão corretos e se forem cortadas com este comprimento não será possível protende-las posteriormente. 3) O mesmo profissional tem dúvidas sobre o comprimento das cordoalhas de um cabo com ancoragem passiva em laço. 4) O pessoal da armação não sabe como posicionar o cabo na posição correta e perguntam se é mesmo necessária a colocação das cordoalhas dentro das bainhas. 5) O pessoal da armação não sabe como montar as extremidades dos cabos, quais são os cuidados neste caso 6) Eles não sabem o que significa a indicação na planta de “colocar respiros”. 7) Querem saber como montarão a ancoragem passiva em laço, quais os cuidados? 8) A equipe que executará a protensão quer saber se pode efetuar a mesma ou devem esperar mais alguns dias, ou seja qual a data que a idade do concreto permitirá a protensão? 9) Perguntam qual tensão que podem aplicar no macaco para efetuar a protensão. 10) Perguntam se podem usar apenas um macaco e não dois apesar do cabo ser de ancoragem ativa e ativa. 11) Efetuada a protensão dizem que o cabo está bloqueado em dois pontos pelo concreto, ou seja, durante a concretagem o vibrador arrebentou a bainha em dois pontos. Como saber se isso é verdade? Qual a providencia a efetuar em se constatando o problema? 12) Avisam que o cabo sofreu escoamento, como saber que isto aconteceu? e qual a providencia a se tomar. . 13) Há uma seqüência de protensão a se executar nos diversos cabos ? 14) A equipe de protensão avisa que apesar do macaco ter alcançado a sua abertura máxima a tensão no manômetro ainda não foi a indicada pelo projetista. 15) Durante a protensão dos cabos, quando faltam poucos cabos a serem protendidos, ocorre um barulho como se fosse um estalo, o que deve ser e quais providencias a tomar? 16) Quando se deve efetuar a injeção da nata de cimento nos cabos? 17) Como saber que efetivamente a nata foi injetada? 18) Quando pode ser retirado o escoramento da peça? ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 270 270 19) Após a protensão quando foram chamados para cortar as extremidades das cordoalhas os funcionários pedem um maçarico de acetileno para efetuar a tarefa. Eles podem usa-lo? 20) É preciso tomar alguma providencia em relação aos nichos extremos e junto à face superior terminada a protensão e injeção da nata de cimento. Estas perguntas podem ser respondidas na sua grande maioria ao se conhecer os princípios da protensão, como funcionam os diversos equipamentos e os princípios básicos do funcionamento da teoria de cálculo. Desta forma nos três próximos itens que abordarão a montagem das formas, armaduras e a a operação de protensão será possível responder as questões 9.5-1 EXECUÇÃO DA FORMA A execução da forma de uma viga em concreto protendido segue os mesmos princípios que uma de concreto armado.Há porem alguns detalhes em que deverá tomar bastante cuidado na execução como é caso os nichos, entradas ou saliências onde estarão dispostas as ancoragens ativas dos cabos de protensão. Os nichos são reentrâncias na estrutura de concreto que deverão existir de modo que o macaco possa se apoiar perpendicularmente a uma superfície de concreto para efetuar a distensão do cabo. Fig. 9.17- Nicho para saída de cabos nas faces verticais de vigas Nas figuras 9.17 e 9.18 mostra-se um cabo que sai junto a extremidade da peça com um ângulo α em relação a horizontal. Neste caso o macaco deve se apoiar, para efetuar a protensão, em uma superfície perpendicular a esta direção (direção que forma ângulo α com a horizontal ).Assim, o nicho é uma reentrância criada, geralmente na extremidade das vigas, para possibilitar que o macaco se apóie normalmente à superfície do concreto (figura 9.18) e consiga estirar a armadura que será ancorada em seguida e seja possível posteriormente preencher este espaço com argamassa de cimento para proteger de corrosão a extremidade do cabo e a ancoragem. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 271 271 Cordoalhas Macaco curso aberto Macaco com A B 90° L0 Srmadura de fretahem Srmadura de fretahem Fig. 9.18–Vista lateral de macaco apoiado normalmente à face externa da viga para promover a protensão das cordoalhas de um cabo. Em todas as ancoragens coloca-se (ver figura 9,18) uma armadura de fretagem (cintamento ou fendilhamento) que evita a abertura de fissuras por tração transversal no concreto devido ao carregamento parcial do concreto junto a ancoragem. Verificar também que devido a presença da trombeta é interessante que o projetista considere que o cabo seja reto em um trecho, por exemplo, de um metro contado a partir da face da viga para evitar, quando do estiramento da armadura concentração de tensões. Fig. 9.19– Corte das cordoalhas, seu rebatimento e preenchimento do nicho para proteção da extremidade do cabo. Após a injeção da nata de cimento na bainha (ver nos próximos itens quando o cabo pode ser liberado para receber injeção) pode-se efetuar o corte das extremidades das cordoalhas, rebater as pontas das mesmas para dentro desta reentrância e preencher esta região com argamassa de cimento que evitará a corrosão na extremidade do cabo, como pode ser visto na figura 9.19. ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 272 272 O corte das cordoalhas, quando se trata de cabos com múltiplas cordoalhas, deve ser feito com serra de esmeril ou guilhotina especial pois maçaricos podem fazer com que o aço perda tempera junto a ancoragem. É importante salientar porem que em casos de monocordoalhas engraxadas (sem aderência) o corte é feiti usualmente com maçarico. Quando o cabo tem inclinação com a horizontal de α o formato deste nicho é de um tronco de pirâmide com bases não paralelas. Desta maneira para fazer a forma que molde o nicho no concreto aconselha-se usar as informações contidas nos manuais do sistema de protensão usado como o da figura 9.20 que já leva em conta as dimensões do macaco. Para que o carpinteiro não incorra em erro o ideal é reproduzir em peças de papelão um modelo que será transferido para uma peça de madeira. As dimensões dos nichos são função do sistema de protensão utilizado e a unidade de protensão escolhida. No pré-simensionamento da armadura longitudinal definiu-se como sistema de protensão o conjunto de macaco, ancoragem e peças suplementares utilizadas durante a protensão.Assim o tamanho do nicho deverá ser função do macaco empregado (função da unidade de protensão empregada), sendo necessário desta forma escolher um sistema, uma unidade de protensão e consultar o manual da empresa do sistema de protensão, que geralmente fornece as informações necessárias. Como exemplo fornece-se na figura 9.20 as dimensões de um nicho na parede vertical do sistema MAC de protensão onde o número após a sigla MAC informa quantas cordoalhas de diâmetro de ½” compoem o cabo. Tipo de ancoragem a(mm) b(mm) MAC 1 100 120 MAC 2 100 120-140 MAC 4 –5 100 160 MAC 6-7 110 195 MAC 12 120 270 MAC 19-20 150 340 αsen 21 bah += αsen 22 bah −= b = dimensão da placa de distribuição mais 2 cm Fig. 9.20– Dimensões de Nicho para saída de cabos nas faces verticais de vigas usando o sistema MAC. As saídas dos cabos pela superfície superior da viga devem também atender a detalhes similares ao dos nichos de extremidade e as dimensões para os mesmos são obtidas nos manuais dos processos tais como o apresentado na figura 9.21. Neste caso há ainda a ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 273 273 necessidade de dobrar a armadura transversal da laje para cima desobstruindo a região do mesmo para a colocação do macaco. Após a protensão, ancoragem, injeção de nata de cimento e corte das extremidades das cordoalhas os ferros seriam desdobrados e colocados em posição para que se efetue a concretagem ou lançamento de pasta de cimento na região protegendo a armadura de protensão. αtan2 bc = ; αsen1 =a ; αα sensen2 b ca −= Tipo ancoragem Φ =1/2” b(mm) cmin(mm ) =α 200 cmin(mm ) =α 300 MAC 1 120 100 160 MAC 2 120-140 100/120 160-190 MAC 4-5 160 140 215 MAC 6-7 195 165 265 MAC 12 270 230 370 MAC 19-20 345 290 465 00 3020 ≤≤α αcos3 ba = b = dimensão da placa de distribuição mais 2 cm e≥ gabarito do macaco Fig. 9.21 – Dimensões de nicho para saída de cabos na face superior de vigas usando o sistema MAC. 9.5-2 EXECUÇÃO DA ARMAÇÃO DE PROTENSÃO- DESENHO DE AÇO DURO A execução da armadura de protensão é feita através da planta de aço “duro” (armadura ativa) que deverá, assim, conter todas as informações necessárias para que na obra se realize aquilo que se projetou. O primeiro passo para a confecção dos cabos é o corte das cordoalhas com comprimento adequado, pois as mesmas são fornecidas em carreteis com grande comprimento. Para posicionar o cabo de protensão nas vigas, usualmente coloca-se em posição estribos construtivos rígidos (diâmetros acima de 12,5 mm) que servirão de gabarito para a colocação das bainhas já com as cordoalhas ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 274 274 Fig. 9.22 – Exemplo de cabos circular em viga isostática de comprimento total de 30m. No caso do exemplo da figura 9.22 podem ser calculados, por exemplo o comprimento de um cabo circular passando pelos pontos A e B de uma de comprimento total de 30 m e com altura 1,796m. Considerando que no ponto B o cabo passa a 0,105 m da borda inferior pode-se montar as seguintes equações (ver desenho) R- R cosα=0,883 R senα = 15 Elevando as duas expressões ao quadrado e somando-as chega-se a R=127,84 m e α=6,7370 Sendo assim o comprimento retificado do arco AB é dado por: ∩. .BA = 84,127.. 180 737,6 π =15,03 m contra um comprimento reto de 15,00 m Fig. 9.23 – Exemplo de cabos circular em viga isostática caso limite angulo de saída de 300. Considerando o caso limite, apresentado na figura 7n+7 em que se tem uma saída superior com 260 e usando as expressões do caso anterior chega-se a R=15,23m e ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 275 275 comprimento curvo do trecho AB de 6,91 contra um valor reto de 6,68m uma diferença de 23 cm. Como se vê a discrepância de se considerar o cabo pela projeção horizontal em detrimento do valor dele retificado depende fundamentalmente dos ângulos de desvio que o cabo tem na sua trajetória. Como já foi visto no pré-dimensionamento os ângulos empregados estão em torno dos 100 que levariam a um erro de cerca de 5 cm para cada trecho curvo considerando que poderá em um tramo (intermediário) no máximo existir quatro destes teria- se um desvio máximo de valores de 20 cm por tramo. Desta forma se o projetista, ao confeccionar a lista de aço, não quiser calcular exatamente o comprimento retificado pode acrescer para cada vão no comprimento reto do cabo 20 cm. No caso de cabos com a saída vertical superior o valor seria dobrado (duas saídas no mesmo tramo). Deverá ser acrescido o comprimento L0 (ver figura 7n+1) necessário nas extremidades ativas para que o macaco consiga executar a protensão (valor fornecido nos manuais de sistema de protensão). Há que se considerar tambem que o cabo tem trajetória curva nos planos horizontais devendo ser para tanto assumido mais 10 cm. Assim, finalmente, por tramo o cabo teria L total = n. L0 + L reto + m. (0,20+0,10) (em m) Com n- número de ancoragens ativas m- número de tramos L total = comprimento a ser indicado na lista para corte das cordoalhas L0 = comprimento a ser acrescido para o macaco prender o cabo na extremidade L reto = comprimento da projeção horizontal do cabo ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 276 276 chapa metálica Ancoragem a b c d Raio dimensões MAC 1-2 500 270 30 - 120 40x350x3,2 MAC 4-5 600 270 30 10 120 55x350x4,8 MAC 6-7 600 330 30 10 150 80x420x4,8 MAC 12 600 330 30 10 150 150x420x4,8 MAC 19-20 700 380 30 10 175 235x500x4,8 Fig. 9.24Detalhe de ancoragem passiva (morta) em laço- Sistema MAC. 9.5- OPERAÇÃO DE PROTENSÃO A operação de protensão deve ser cuidadosa, pois nesta etapa em alguns pontos o aço estará solicitado ao maior esforço em todo sua vida útil. A operação é bastante específica e necessita que todos os envolvidos tenham conhecimento tanto de como funcionam os equipamentos assim como os conceitos envolvidos. Fig7 esquema da bomba e macaco Inicialmente pode-se dizer que a protensão é efetuado com o auxílio de um macaco hidráulico uma bomba que injeta óleo sobre pressão no mesmo. O macaco esquematicamente é composto por um cilindro e um embolo (ver fig...) e válvulas de entrada e saída de óleo. Ao se injetar o óleo com pressão no interior do cilindro força-se o embolo a movimentar. As cordoalhas estão presas a estrutura do embolo enquanto o cilindro se apóia na estrutura de concreto (viga) permitindo assim que haja compressão no concreto e tração na armadura. Desta forma pode-se escrever: ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUSTCARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 277 277 . póleo x Aembolo x η = Acabo x σpi com póleo – pressão atuante no óleo dentro do macaco Aembolo – Área do embolo do macaco η - Coeficiente de perda por atrito do macaco Acabo – Área do cabo σpi – tensão inicial de protensão Através da fórmula anterior é possível determinar a pressão do óleo que deve ser imprimida quando se executa a protensão de um cabo, sendo que os valores da área do embolo, coeficiente de perda por atrito e área do cabo podem ser encrontados nos manuais dos sistemas de protensão EXEMPLO NUMÉRICO N- Calcular a pressão que deverá ser atingida no mostrados do manômetro de um macaco que deve protender cabos de 12φ1/2” a uma tensão de 1213 MPa. Dados: Área interna do macaco (cilindro e embolo praticamente com mesma área) 392,9 cm2, área de um cabo de 12φ1/2”- 12,02 cm2, coeficiente de perda por atrito bomba-macaco 3%. RESOLUÇÃO Basta a fórmula dada anteriormente : póleo x Aembolo x η = Acabo x σpi póleo x 392,9 x 0,97= 12,02 x 1312 póleo = 41,37 MPa Desta forma fica claro que é muito importante frisar que na planta da armadura de protensão é preciso especificar com clareza qual é o valor de tensão de protensão a se aplicar, pois há situações em que se pretende protender o aço com um valor abaixo dos máximos permitidos pela Norma. Por exemplo se no caso do cabo do exemplo anterior o aço for o CP190 RB os valores de fptk e fyk ao respectivamente 190m MPa e 1600 MPa e de acordo com o 8.5.1.2 da NB1 o valor da tensão, como já foi visto no capítulo 2, está limitado a : • 0,74 fptk = 0,74 x 1900 = 1406 • 0,82 fyk = 0,82 x 1600 = 1312 No caso do exemplo anterior o aço foi esticado ao valor máximo permitido que é de 1312 MPa mas o projetista poderia muito bem ter optado por um valor menor que conduziria a outro valor de pressão manométrica. A partir da descrição resumida da protensão pode-se tirar outras informações. Uma delas é a verificação, mesmo que simplificada, se a protensão foi realmente efetivada. Para tanto é necessário ter o cuidado de efetuar a injeção do óleo no macaco por etapa de, pó exemplo, 5 em 5 MPa e anotar os alongamento que o cabo sofre neste intervalo. Assim após posicionar o macaco faz-se uma marca (com um pedaço de giz) no cabo e medes-se para cada ESTRUTURAS EM CONCRETO PROTENDIDO: CÁLCULO E DATALHAMENTO CAP 9- DETALHAMENTO DA ARMADURA DE PROTENSÃO E OPERAÇÃO DE PROTENSÃO ROBERTO CHUST CARVALHO- -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 278 278 cada etapa quanto este ponto se afastou da face do elemento protendido. Com isto é possível confeccionar uma tabela similar a tabela N. TABELA N- EXEMPLO DE TABELA DE CONTRÔLE DE PROTENSÃO Pressão (kgf/cm2) Alongamento Real (mm) LADO A B TOTAL 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 Para o uso em obra a planilha apresentada na tabela N seria complementada com outras informações tais como o nome da obra, da firma executora, o no me do encarregado, data, esquema do cabo indicando a posições Ae B, indicação da unidade de protensão, o alongamento teórico (será definido posteriormente) número do cabo, espaço para aprovação e liberação para o preenchimento da nata de cimento. De posse dos valores medidos na obra é possível conhecer os alongamentos reais (que realmente acontecem na obra) e compara-los com os obtidos por um cálculo teórico. O cálculo do alongamento teórico é feito da mesma forma que a perda provocada pelo recuo da ancoragem assim tem-se a expressão de Δ l = Ep x A BIBLIOGRAFIA NBR.9062 – Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré-Moldado
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