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Apostila - site Processo Civil - Processo de Conhecimento

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Direito Processual Civil II 
 Prof. Juliana Lourenço de Oliveira 
 1 
 
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO 
 
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO 
 
 
O Código de Processo Civil, a partir do art. 282, trata do procedimento ordinário, que 
está dividido em quatro fases: 
 
 Fase Postulatória: Fase em que o Autor apresenta à petição inicial e o Réu a 
resposta. Nesta fase prevalecem os atos de requerimentos das partes. 
 
 Fase Ordinatória: Fase em que o Juiz saneia o processo e aprecia os 
requerimentos de provas formulados pelas partes. 
 
 Fase Instrutória : Fase em que são produzidas as provas. 
 
 Fase Decisória: Fase em que será prolatada a Sentença. 
 
 
Essa divisão foi realizada considerando o tipo de ato predominante em cada fase. 
 
FASE POSTULATÓRIA 
 
 
Nesta fase, prevalecem os atos de requerimento das partes. Mas isso não 
significa que já não sejam produzidas provas (em regra documentais, que irão instruir a 
petição inicial, por exemplo). 
 
 
1 - PETIÇÃO INICIAL 
 
1.1 – CONCEITO 
 
A fase postulatória inicia-se com a propositura da demanda. A Petição inicial é a 
peça por meio da qual se faz a propositura da ação. 
 
Nelson Nery Jr. e Maria de Andrade Nery (Código de Processo Civil Comentado e 
Legislação Extravagante, 10, Ed., São Paulo, RT, 2007) conceituam: “A petição inicial 
é a peça inaugural do processo, pela qual o autor provoca a atividade 
jurisdicional, que é inerte (art. 2 º e 262 do CPC). É a peça processual mais 
importante pelo autor, porque é nela que se fixam os limites da lide (CPC 128 e 
460), devendo o autor deduzir toda a pretensão, sob pena de preclusão 
consumativa, isto é, de só poder fazer outro pedido por ação distinta.” 
 
A petição inicial é o ato processual através do qual o Autor, materializando o 
exercício de direito de ação, provoca a atividade do Estado- Juiz, solicitando a entrega 
da prestação jurisidicional. 
 
 
 Direito Processual Civil II 
 Prof. Juliana Lourenço de Oliveira 
 2 
 É por seu intermédio que se fixam os contornos da pretensão, pois nela são 
indicados os pedidos do Autor e os fundamentos nos quais eles estão baseados, 
indicando quem ocupará os pólos ativo e passivo da ação, contendo os seus elementos 
identificadores. 
 
É pelo seu exame que se verificará quais são os limites e os contornos do pedido 
e de seus fundamentos. Por causa disso, o exame da inicial tem enorme repercussão 
sobre a distinção ou identidade entre duas ações e para outras questões. 
 
 
 
1.2 REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL 
 
A petição inicial deverá obedecer aos requisitos enumerados nos arts. 282 e 283 
do Código de Processo Civil. 
 
No art. 282, estão elencados os requisitos intrínsecos, isto é, aqueles que devem 
ser observados na própria peça que a veicula. 
 
Já no art. 283, estão os requisitos extrínsecos, relacionados a documentos que 
deve, necessariamente, acompanhar a peça. 
 
 
Determina o art. 282 do Código Processual Civil que a inicial indique: 
 
a) O Juiz ou o Tribunal a que é dirigida: A petição inicial contém um 
requerimento e deve indicar a quem ele é dirigido. 
 
Se houver erro na indicação, e a demanda for proposta perante Juízo ou Tribunal 
incompetente, nem por isso a inicial deverá ser indeferida, mas remetida ao 
competente. 
 
b) Os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicilio e residência do 
Autor e do Réu: as partes constituem um dos elementos identificadores da 
ação. Por isso, a inicial deve designar os seus nomes e qualificação, que 
permitem a sua identificação. 
 
Em relação aos nomes e à qualificação dos Autores, a exigência não pode ser 
afastada, pois, sendo eles que propõem a demanda, não terão como identificar-se. 
 
Mas pode haver dificuldade para nomear ou qualificar os réus. Pequenos equívocos 
na indicação do nome ou da qualificação das partes são considerados meros erros 
materiais, não implicando nulidade, desde que não tragam prejuízos. 
 
c) O fato e os fundamentos jurídicos do pedido: Esse é um dos requisitos de 
maior importância da petição inicial. O que efetivamente vincula o juiz é a 
descrição dos fatos, e não os fundamentos jurídicos, pois ele conhece o direito e 
deve aplicá-lo, ainda que tenha havido equívoco na sua indicação. 
 
 
 Direito Processual Civil II 
 Prof. Juliana Lourenço de Oliveira 
 3 
A narração dos fatos deve ser feita de foram inteligível, e manter estreita correção 
lógica com a pretensão inicial. Não basta ao Autor narrar a violação de seu direito, 
mas é preciso que ele descreva também os fatos em que ele está fundado. 
 
d) O pedido e suas especificações: Com a causa de pedir e a indicação das 
partes, o pedido forma o núcleo essencial da petição inicial. 
 
Ao formulá-lo, o Autor deve indicar ao juiz o provimento jurisdicional postulado 
(pedido imediato) e o bem da vida que se quer obter (pedido mediato). O pedido 
deve ser redigido com clareza e ser especificado, pois será ele, somado à causa de 
pedir, que dará o contorno dos limites objetivos da lide. 
 
 
e) O valor causa: Estabelece o art. 258 do CPC, que a toda causa será atribuído 
um valor certo, ainda que não tenha conteúdo imediato. O valor da causa deve 
corresponder ao do conteúdo econômico do pedido. 
 
Mas existem ações que não o têm, ou em que esse conteúdo é inestimável. Nelas, 
o valor da causa será fixado por estimativa ou de acordo com os critérios 
estabelecidos nos regimentos ou leis estaduais de custas. 
 
Todas as demandas devem indicar o valor da causa, o que inclui a reconvenção, a 
oposição e o embargo do devedor. Critérios para fixação do valor da causa: os arts. 
259 e 260 do CPC fornecem os requisitos para fixação do valor da causa. 
 
De uma maneira geral, ele deve corresponder ao conteúdo econômico da 
pretensão, embora até as causas que não tenham valor econômico devam indicá-lo 
por estimativa. 
 
f) As provas com que o Autor pretende provar a verdade dos fatos alegados: 
Tem havido tolerância quanto ao descumprimento desta exigência. A sua falta 
não enseja o indeferimento da inicial, nem torna preclusa a oportunidade de o 
autor, posteriormente requerer às provas que lhe pareçam cabíveis. Isso se 
justifica porque o Autor não tem como saber quais as matérias fáticas que se 
tornarão controvertidas antes da resposta. 
 
g) O requerimento da citação do Réu : Este é outro requisito da inicial cuja 
ausência tem sido tolerada. O pedido de citação está implícito no ajuizamento da 
demanda e não há razão para que o juiz a mande emendar ou indefira por falta 
de requerimento. 
 
h) O endereço do advogado do Autor: Dispõe o CPC, art. 39, I que a inicial 
indicará o endereço em que ele receberá as intimações. O parágrafo único 
estabelece que, em caso de omissão, o juiz concederá o prazo de 48 horas para 
que ela seja suprida, sob pena de indeferimento da inicial. 
 
 
Além dos requisitos intrínsecos, a inicial deve preencher outros que não 
propriamente formais, nem dizemrespeito ao seu conteúdo. Por isso, são chamados 
extrínsecos. 
 
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 4 
 
Estabelece ao art. 283 que a petição inicial deverá vir instruída com os 
documentos indispensáveis. 
 
Por exemplo, em uma ação reivindicatória de imóveis, é necessário instruir a 
petição inicial com a certidão do cartório de registro de imóveis que atribui propriedade 
ao autor; em uma revisão de contrato, o seu instrumento, em uma anulação de 
casamento, a respectiva certidão. São documentos sem os quais o juiz não pode 
apreciar o pedido do autor. 
 
Na falta de documento indispensável, o juiz concederá ao autor prazo de dez dias 
para trazê-lo, sob pena de indeferimento da inicial. 
 
 
1.3 Emenda à Petição Inicial 
 
 
Se a petição inicial não cumprir os requisitos do art. 282, ou não for 
suficientemente clara, contendo aspectos obscuros, de modo a impossibilitar o 
julgamento, o juiz mandará que o Autor a complemente ou esclareça, no prazo de 10 
dias, sob pena de indeferimento. 
 
A essa alteração da petição inicial o art. 284 denominou Emenda. 
 
A emenda à petição inicial apresente dupla função : ao mesmo tempo em que se 
destina a esclarecer o juiz sobre os elementos da causa, também se presta a dar ao 
réu amplitude em sua defesa, pois somente poderá o réu exercê-la totalmente caso 
tenha perfeita compreensão do que esta expresso na petição inicial. 
 
 
1.4 – Indeferimento da Inicial 
 
 
 
O indeferimento da petição inicial ocorre nas hipóteses previstas no art. 295 do 
Código de Processo Civil, gerando uma frustração em relação ao autor, que assistirá 
ao desate da ação fora do seu tempo esperado. 
 
Contudo, esse desfecho abreviado da ação justifica-se pela impossibilidade do 
aproveitamento da petição inicial, por vir desacompanhada de uma condição da ação 
ou de um pressuposto processual, também admitindo-se o indeferimento nas hipóteses 
relativas à decadência ou prescrição. 
 
O indeferimento ocorrerá, nos termos em dispõe o art. 295, nas seguintes 
hipóteses: 
 
a) Quando a petição inicial for inepta: Inépcia da inicial é a incapacidade de 
produzir resultados (não apta) quando: 
 - Não contiver pedido ou causa de pedir 
 - Da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão 
 
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 - O pedido for juridicamente impossível 
 - Contiver pedidos incompatíveis entre si. 
 
b) Por ilegitimidade de parte. 
 
c) Quando faltar interesse processual. 
 
d) Se for verificável, desde logo, a ocorrência da decadência ou 
prescrição. Esses institutos têm o condão de impedir que a relação 
processual vá adiante, por retirar, de plano, a possibilidade de atuação 
jurisdicional sobre o caso. 
 
e) Se não for adequado o procedimento escolhido. Essa causa de 
indeferimento tem sido largamente abrandada pela jurisprudência, pelo 
entendimento de ser lícito ao juiz determinar, via Emenda, as alterações 
que se fizerem necessárias para a correta adequação do rito. 
 
f) Quando não constar o endereço do advogado (art. 39 CPC) ou quando 
o autor não cumprir com a determinação de emenda (art. 284 CPC). 
 
 
1.5 – PEDIDO 
 
 
O art. 282 do CPC estabelece como requisito fundamental da inicial a indicação 
do pedido com suas especificações. Dada a importância do assunto, a lei o trata em 
Seção própria, nos arts. 286 a 294. 
 
Esses dispositivos cuidam da formulação do pedido genérico, dos pedidos 
implícitos e da impossibilidade de cumulação. 
 
 
 - Pedido Certo e Determinado. Art. 286 
 
 
 - Pedido Genérico: ART. 286 – É pedido certo quanto à existência, quanto ao 
gênero, mas não individualizado/determinado no que diz respeito à quantidade 
 
• Nas ações universais 
• Quando não for possível determinar de modo definitivo as conseqüências do fato 
ilícito. 
• Quando a determinação do valor depender do ato que deva ser praticado pelo 
Réu. 
 
 - Pedido Cominatório: art. 287 - Quando o pedido consistir na imposição ao Réu 
do dever de não praticar algum ato, tolerar alguma atividade, ou ainda, na imposição de 
uma obrigação de fazer, será lícito o pleito acessório de aplicação de multa processual 
(multa pecuniária) para o caso de descumprimento de decisão judicial. 
 
 
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 6 
A cominação de multa pecuniária consiste num meio indireto de coagir o Réu a 
cumprir obrigação de fazer ou não fazer. 
 
 
 - Pedido Alternativo –O art. 288 determina que o Autor formulará pedido 
alternativo sempre que, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumpri a 
prestação de mais de um modo. Ver Art. 252 Código Civil. 
 
 
 - Pedido de Prestações Periódicas – Art. 290 
 
Nas relações jurídicas de trato sucessivo (ou seja, prestações que vencem em 
regime de repetição, geralmente a cada novo período de 30 dias). 
 
Mesmo que não haja expressa menção no pedido, serão as prestações 
periódicas incluídas nas sentença, que abrangerá as prestações vencidas no tempo da 
propositura da demanda, como também as que vencerem no curso do processo. A 
finalidade da norma é evitar que sucessivas demandas sejam propostas para a 
obtenção da mesma coisa. 
 
 - Pedido de Prestação Indivisível: art. 291 - Nos casos de obrigação indivisível, 
qualquer dos credores pode cobrar a divida por inteiro, art. 260 e 267 do CC. Todavia, 
em razão de a decisão ser uniforme para todos os credores, mesmo aquele que não 
participou do processo pode levantar a sua parte na proporção de seu crédito. 
 
 
 - Cumulação de Pedidos - Consiste na formulação de mais de um pedido contra 
o Réu, a fim de que o Juiz conheça ambos conjuntamente. 
 
 
• Simples: Quando o Autor formula, em face do mesmo réu, dois ou mais pedidos 
somados, pretendendo obter êxito em todos. Para que a cumulação seja simples, é 
preciso que os pedidos sejam interdependentes e que o resultado de um não dependa 
do outro. 
 
• Cumulação Sucessiva Própria – Quando o Autor formula mais de um pedido, 
existindo entre eles uma relação de prejudicialidade. Nesta, existirá sempre conexão 
entre os fundamentos dos pedidos. 
 
Há uma relação de dependência entre os pedidos, de forma que o acolhimento de 
um pressupõe o acolhimento do outro. 
 
• Cumulação Sucessiva Imprópria / Subsidiária/ Eventual: É aquela em que o 
Autor formula dois ou mais pedidos, esperando que apenas um deles seja acolhido, em 
detrimento dos demais, mas estabelecendo uma ordem de preferência. Nesta, o juiz 
apreciará primeiro aquele pedido que foi formulado preferencialmente. Se for acolhido, 
não aprecia os demais. Os pedidos subsidiários só serão apreciados na eventualidadedo principal ser rejeitado. 
 
 
 
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 7 
1.6 - INTERPRETAÇÃO DO PEDIDO 
 
 
Os pedidos serão interpretados restritivamente –art. 293 –ou seja, limitado ao que 
foi pedido expressamente pela parte. 
 
Contudo, há alguns pedidos que podem ser deferidos pelo magistrado ao Autor 
independente de sua formulação na inicial, e mesmo que não requeridas 
expressamente na inicial. 
 
A existência do pedido implícito encontra guarida nas situações em que existe 
expressa previsão da lei para a sua existência. 
 
Exemplos: condenação honorários advocatícios e despesas processuais - art. 20 
CPC 
 
Juros legais – art. 293 
 
Prestações periódicas. 
 
 
1.7 - ADITAMENTO A INICIAL – Consiste na possibilidade de o Autor acrescentar 
outro pedido ao pedido original. 
 
O Aditamento a Inicial é livremente permitido antes da citação do Réu. 
 
Após a citação é possível o aditamento, desde que haja consentimento expresso 
do Réu, e até o momento em que ano tenha ocorrido o saneamento do processo. 
 
 
 
2 – CITAÇÃO (art. 213 – 233) 
 
 
2.1 – Conceito 
 
A relação jurídica processual começa a formar-se com a propositura da Ação, 
mediante distribuição ao juízo ou despacho na petição inicial. 
 
Até esse momento, a relação jurídica processual tem configuração bilateral, 
ligando apenas o Autor e o Juiz. A relação processual ainda não se encontra 
completada pela ausência do Réu, que não teve ciência da demanda contra si 
proposta. 
 
 Antes da citação já há processo, mas a relação processual esta incompleta, 
porque só produz vinculo ente o Autor e o Juiz. 
 
É a citação que irá completá-la com a inserção do Réu ao processo. Somente com 
a citação do Réu é que a relação jurídica processual assume a configuração triangular. 
 
 
 Direito Processual Civil II 
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 8 
O Código de Processo Civil, no art. 213, define a citação como “o ato pelo qual se 
chama a juízo o Réu ou interessado, a fim de se defender.” 
 
A citação é, portanto, ato de cientificação, de comunicação ao Réu, para que 
possa exercer o direito de defesa, direito este constitucionalmente assegurado no art. 
5º, LV da Constituição Federal, posto que o mesmo só poderá exercer o seu direito de 
resposta se tiver ciência da demanda que contra ele é movida. 
 
Tão importante é a citação, que não se pode falar na existência de processo sem 
que tenha ocorrido a citação do Réu. Isso porque nenhum efeito terá a sentença, se ao 
Réu não se tiver dado a oportunidade de se defender. 
 
Trata-se do princípio da bilateralidade da audiência, ou seja, a impossibilidade de 
atuação jurisdicional sem que se assegure ao Réu a oportunidade de se fazer ouvir. 
 
Por esta razão, dispõe o art. 214 do CPC “para a validade do processo é 
indispensável a citação inicial do Réu.” 
 
A citação é necessária, tanto no processo de conhecimento, quanto no processo 
de execução ou no cautelar. Nesses três tipos de processo, não se pode falar em 
atividade processual válida e eficaz em face do Réu, sem que se atenda ao 
pressuposto da citação. 
 
 
2.2 – Comparecimento espontâneo do Réu. 
 
A citação é indispensável como meio de abertura do contraditório, na instauração 
da relação processual. Sua importância é tanta que, não havendo citação ou sendo 
nula, nenhum efeito produzirá a sentença eventualmente proferida em tal processo. 
 
Nessa hipótese, o Réu poderá argüir a falta ou a nulidade da citação a qualquer 
tempo. 
 
Todavia, determina o parágrafo primeiro do art. 214 que “o comparecimento 
espontâneo do réu supre, entretanto, a falta de citação.” 
 
Embora a citação seja ato processual que apresenta requisitos específicos, sua 
finalidade essencial é dar ciência ao Réu que a demanda foi proposta. Se por outro 
modo a ciência chegou ao destinatário, e por isso houve o comparecimento 
espontâneo, não há necessidade de se realizar a citação: a falta será suprida. 
 
Mas o comparecimento espontâneo do Réu pode ocasionar conseqüências 
diversas. Se o Réu comparece e exercita a defesa, tanto a falta de citação quanto a 
nulidade deixam de produzir efeito, pois o Réu, com a defesa, demonstrou ter tido 
conhecimento da propositura da Ação e agiu, como se a citação valida tivesse havido. 
 
Mas o Réu pode comparecer apenas para alegar a nulidade da citação. 
 
A nulidade pode ocorrer tanto porque a modalidade de citação escolhida não 
corresponde aos pressupostos fáticos (citação por edital quando o Réu não se 
 
 Direito Processual Civil II 
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 9 
encontrar em lugar incerto e não sabido) como também quando, embora correta a 
modalidade tenha faltado algum requisito exigido pela lei. 
 
Nessa situação em que o Réu alega a existência de nulidade e não exercita a 
defesa, cumpre ao Juiz analisar o vício da citação e decretar a nulidade, considerando-
se como realizada a citação na data em que o Réu ou seu advogado tiverem sido 
intimados da decisão que decretou a nulidade, para só então abrir-se o prazo para 
resposta, sem necessidade de nova citação. 
 
 
2.3 – Local onde se realiza a citação. 
 
Embora cumpra ao Autor fornecer o endereço do Réu, para a realização da 
citação, esta pode ocorrer em qualquer lugar onde o Réu seja encontrado, nos termos 
do caput do art. 216 do CPC. 
 
Se, por exemplo, o oficial de justiça tiver conhecimento de outro local onde 
encontrar o Réu, que não a residência ou domicilio deste, e ai citá-lo, isto não anula a 
citação realizada. 
 
 
2.4 – Casos em que a citação não se realiza. 
 
 
O Código aponta duas situações em que a citação não deve se realizar: 
 
 
I – Por respeito a dignidade da pessoa humana : Não se realizara a citação, 
exceto para evitar perecimento do direito, daquele que estiver presenciando ato ou 
culto religioso, ao cônjuge ou parente de pessoa falecida, no dia do falecimento e nos 
sete dias seguintes, aos noivos, no dia do casamento e nos três dias seguintes, e aos 
doentes, enquanto se tratar de doença grave. 
 
Trata-se de proibição momentânea, pois, vencido o obstáculo, a citação ocorrerá. 
 
II – Ao demente ou a quem estiver impossibilitado (art. 218). Nessa hipótese fica 
vedada a citação do Réu. Verificando o oficial de justiça (é vedada a citação pelo 
correio) que o Réu não apresenta condições mentais para entender o ato, deverá 
diligenciar para verificar se o Réu já foi interditado. Caso positivo, a citação se dará na 
pessoa do curador. Caso contrário, o oficial de justiça deverá certificar a ocorrência, 
informando ao juiz, que designará pericia médica, e reconhecendo a impossibilidade, 
nomeará curador para o Réu. 
 
 
2.5 – ClassificaçãoSão as seguintes modalidades de citação: 
 
 
 
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I – Citação Real: Assim denominada porque, nessa, exige a certeza jurídica que o 
Réu foi cientificado da propositura da Ação. Nessa categoria, incluem-se: 
 
 
I.1 – pelo correio : A citação pelo correio é a regra do Código de Processo 
Civil,somente não sendo admissível nas ações de estado (por exemplo: nas ações de 
família, e as que se refiram ao estado da pessoa, como nas ações de filiação e 
parentesco. Nesses casos, considerando que as ações correm em segredo de justiça, 
não seria de se admitir a efetivação da citação postal, ante a insegurança e a incerteza 
de que o documento judicial seja efetivamente recepcionado pelo seu destinatário.), 
quando o Réu for incapaz ( já que pela sua falta de discernimento, não tem capacidade 
processual; quando a Ré for pessoa jurídica de direito público, na Ação de Execução 
(considerando que o mandado extraído desse processo não é apenas de citação, 
sendo esta diligencia acompanhada da determinação da penhora, na hipótese de o 
devedor não cumprir a obrigação no prazo contido no mandado), se o Réu residir em 
local não atendido pela entrega postal; e se o Autor requerer seja a citação por outro 
meio , decidindo renunciar a citação pelo correio, no sentido de garantir que a mesma 
se realize com a dinâmica e eficiência esperada. 
 
 
Na citação pelo correio, será remetida ao Réu uma carta de citação, contendo 
obrigatoriamente cópia da petição inicial e do despacho do juiz, fazendo a menção ao 
prazo para oferecer a resposta, e o endereço do juízo. 
 
 
A carta será registrada com o Aviso de Recebimento, sendo que, ao ser citado, 
deverá o Réu assinar o respectivo recibo que, ao ser devolvido, será juntado aos autos 
como comprovante de entrega da carta. Sendo o Réu pessoa jurídica, considera-se 
realizada a citação com a entrega da carta a pessoa com poderes de gerência ou 
administração. 
 
 
 
I.2 - por oficial de justiça: Somente nos casos em que for inadequada a citação 
pelo correio, ou quando frustrada esta, a citação se dará por oficial de justiça, em 
cumprimento a mandado para tanto expedido (art. 2247). 
 
De posse do mandado, cumpre ao oficial de justiça efetuar as diligencias 
necessárias para a citação, quais sejam, procurar o Réu no endereço constante do 
mandado ou onde o encontrar, e efetuar a citação mediante a leitura do mandado e a 
entrega da contrafé, a lavratura de certidão, e a assinatura de ciente do Réu. 
 
 
I. 3 – Por meio eletrônico: Conforme a Lei 11.419/2006, que acrescentou o inciso 
IV no art. 221. O art. 6° da Lei 11.416 expressamente prevê que as citações, 
intimações, poderão ser feitas por meio eletrônico, desde que a íntegra dos autos seja 
acessível ao citando. 
 
 
 
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 11 
Ocorre que o art. 6° da lei 11.419/06 prevê que as citações, possam ser feitas por 
meios eletrônicos, observem as formas e as cautelas do art. 5º da mesma lei. 
 
Entre as exigências do art.5º, está o credenciamento prévio no órgão do Poder 
Judiciário ordenador da citação. Isso deve constituir significativa limitação ao emprego 
da citação eletrônica num primeiro momento. É que o cadastro a que se refere ao art. 
2° normalmente dirá respeito ao procurador das partes, e não às próprias partes. 
Então, a autorização de citação eletrônica servirá, sobretudo para aqueles casos em 
que tal ato pode ocorrer na pessoa do próprio advogado, já credenciado, e não na 
pessoa da parte (quando o advogado possuir poderes específicos para receber citação 
ou quando a lei expressamente autorizar a citação na pessoa do advogado, como por 
exemplo, no caso do art. 740) 
 
 
Para que a regra da citação eletrônica tenha um alcance maior, será preciso uma 
generalização do cadastramento dos próprios jurisdicionados. 
 
 
II – Citação Ficta : Nesta, não existe uma certeza jurídica, mas a suposição de 
que a notícia da propositura da Ação chegou até o Réu. Somente é admissível na 
hipótese de frustração real. Incluem-se: 
 
 
II.1 – por edital : Somente se admite a citação por edital se o Autor demonstrar 
ter esgotado as tentativas de localizá-los, pois sempre será preferível a citação real. 
 
O Código exige (Art. 232, I), para o deferimento da citação por edital, que o Autor 
afirme, ou o oficial de Justiça, ser o Réu desconhecido ou incerto, ou ainda, que 
conhecido, que se encontra em local ignorado, incerto. Caso se verifique que o Autor 
faz tais afirmações dolosamente, ou seja, com o intuito de frustrar a citação real, 
incorrerá em multa em favor do Réu (art. 233). 
 
Deferida essa modalidade, será expedido o edital, que obedecerá aos seguintes 
requisitos: 
 
 
• Será publicado por, no mínimo, três vezes: uma no órgão oficial e pelo menos 
duas vezes em jornal local, sendo que o prazo entre as publicações não pode exceder 
quinze dias. 
• Afixação do edital na sede do juízo, certificada nos autos pelo escrivão. 
• Fixação pelo juiz, do prazo do edital (vinte e sessenta dias) 
• Menção a admissão de veracidade os falos alegados pelo Autor. 
 
 
O prazo do edital é necessário para a determinação do momento em que 
considera realizada a citação. Assim, fixado o prazo pelo juiz, conta-se a partir da 
primeira publicação. Vencido este, considera-se o Réu citado, passando então a fluir o 
prazo para a resposta. 
 
 
 
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 12 
Citado por edital, se o Réu não comparecer, ser-lhe-á nomeado curador (art. 9°, 
II). 
 
II – com hora certa. Trata-se de citação realizada por oficial de justiça, mas 
também sem a certeza jurídica de que o Réu foi cientificado da propositura da ação. 
 
 
Expedido o mandado, deve o oficial de justiça procurar o Réu primeiramente na 
residência ou domicilio deste. Se, todavia, por três vezes, o oficial de justiça não 
encontrar o Réu, e suspeitando que este está se ocultando, a citação se dará com hora 
certa, ou seja, o oficial de justiça intimará qualquer pessoa da família do Réu, ou 
mesmo qualquer vizinho, que retornará no dia imediato,em hora especifica, para 
realizar a citação. 
 
Na hora por ele mesmo designada, o oficial de justiça retornará ao endereço do 
Réu. Se o encontrar, realizará a citação pessoal (art. 228). Caso contrário, após 
procurar informações acerca dos motivos da ausência do Réu, dará por feita a citação, 
lavrando a respectiva certidão, e entregando a contrafé a pessoa da família do Réu, ou 
a qualquer vizinho, mencionando na certidão o nome de quem a entregou. 
 
Concluída a diligencia, deve o oficial de justiça devolver o mandado assim 
cumprido. O escrivão, paravalidar a citação para validar a citação com hora certa, 
remeterá ao Réu carta (ou telegrama, ou radiograma, nos termos do art. 229) 
comunicando o ocorrido. 
 
Assim como ocorre com na citação por edital, também será nomeado curador ao 
réu citado por hora certa. 
 
 
3- RESPOSTA DO RÉU (arts. 297 a 318 CPC) 
 
3.1 - Introdução 
 
 
O Réu, quando citado, pode apresentar uma série de reações, além de, 
propriamente, responder a ação. 
 
De fato, pode ter o réu diversas reações, que vão desde a pura e simples omissão 
até a apresentação de pedido contra o autor, passando pelo reconhecimento do pedido 
ou pela reconvenção e pela apresentação de defesa propriamente dita. 
 
Entretanto, é importante ressaltar que o Código Processual Civil considera apenas 
três institutos como resposta do réu propriamente dita. São elas a Contestação, 
Reconvenção e Exceção. 
 
 
 
 
 
 
 
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 13 
3.2 – DIREITO DE DEFESA 
 
 
O direito de defesa pode ser exercido de diversas formas, que comportam a 
seguinte classificação: 
 
I - DEFESA DE MÉRITO 
 
Nessa modalidade, o réu procura resistir ao pedido mediato do autor, ou seja, visa 
atacar o mérito da causa e não o processo. É defesa por excelência, pois o réu objetiva 
demonstrar que ao autor não assiste razão naquilo que postula. Subdivide-se em: 
 
I.1 – Defesa de mérito direta 
 
 
Na defesa de mérito direta, o réu nega a ocorrência dos fatos que o autor alegou 
na petição inicial, afirmando que tais fatos não ocorreram, ou que ocorreram de 
maneira diversa, ou aceita como verdadeiros os fatos, mas discorda das 
conseqüências jurídicas pretendidas pelo autor. 
 
I.2 – Defesa de mérito indireta 
 
 
Já na defesa de mérito indireta, o réu admite os fatos, como apresentados na 
petição inicial, mas a estes contrapõe outros, que sejam impeditivos, modificativos ou 
extintivos do direito do autor. O réu, então, não busca se defender nem dos fatos nem 
das conseqüências jurídicas expressadas pelo autor, mas traz ao processo fatos 
novos, que podem ter o condão de alterar o destino da causa, por conduzirem, se 
reconhecidos, à improcedência do pedido. 
 
 
II- DEFESA PROCESSUAL 
 
 
Além de defender-se atacando o mérito propriamente dito, poderá o réu atacar a 
relação jurídica processual instaurada, buscando atingir o processo e não a relação 
jurídica que lhe está subjacente. 
 
 
II.1 – Defesa processual própria (ou peremptória) 
 
 
Como o objetivo do réu na defesa processual é retirar do autor o instrumento para 
obtenção do pedido mediato (o processo), chama-se defesa processual própria (ou 
peremptória) aquela que, se reconhecida, tem o condão de extinguir o processo, sem 
gerar sentença de mérito. São exemplos a s alegações de ilegitimidade, coisa julgada, 
perempção 
 
 
 
 
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II.1 – Defesa processual imprópria (ou dilatória) 
 
Na defesa processual imprópria (ou dilatória), as alegações do réu, mesmo sendo 
acolhidas, não ocasionam a extinção do processo, mas apenas sua momentânea 
paralisação, pois a matéria trazida pelo réu visa o ajuste de uma questão processual, e 
não o fim prematuro. Vencido o obstáculo, o processo prosseguirá, pois o mérito não é 
alcançado por essa modalidade de defesa. 
 
 
 
3.3 - PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DA RESPOSTA 
 
O prazo para apresentação da Contestação, Reconvenção ou Exceção é de 
quinze dias (art. 297 do CPC), devendo ser observadas as seguintes regras: 
 
 
a) Quando a citação for realizada pelo correio ou por oficial de justiça, o prazo 
para apresentação da resposta inicia-se com a partir da juntada aos autos 
do aviso de recebimento (AR) ou do mandado de citação cumprido. 
 
 
b) Quando a citação for procedida por meio eletrônico, o prazo correrá da data 
do efetivo acesso ao teor da citação acompanhada da íntegra eletrônica 
dos autos ou no primeiro dia útil a tal acesso se ele ocorrer em dia não útil. 
 
 
c) Quando a citação for por edital, o prazo começará a transcorrer após o 
aperfeiçoamento da citação, que se dá com o encerramento do prazo do 
edital, ou seja, aquele fixado pelo juiz como prazo de validade do edital, 
que pode variar entre vinte e sessenta dias (art. 232, IV) 
 
d) Se houver vários réus, o prazo para resposta é comum (art. 298), mas só 
se inicia após realizadas todas as citações. 
 
e) Quando a citação ocorrer por carta de ordem, carta precatória ou carta 
rogatória, o prazo é contado da juntada da carta aos autos, devidamente 
cumprida. 
 
 
3.4 - FORMA 
 
A defesa, em regra, deve ser apresentada por escrito. 
 
Todavia, no procedimento sumário, é autorizada a apresentação de resposta oral 
(art. 278). 
 
De qualquer modo, a resposta escrita ou oral precisa ser apresentada por 
advogado, e por isso, deve vir acompanhada de procuração. 
 
 
 
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3.5 - CONTESTAÇÃO 
 
 
É a peça processual que veicula a defesa do Réu. Constitui o meio, por 
excelência, de contraposição ao pedido inicial, devendo concentrar todas as 
manifestações de resistências à pretensão do autor, salvo aquelas para as quais haja 
previsão de mecanismos próprios. 
 
O direito de defesa, exercido por meio da contestação, é um contraponto ao direito 
de ação, Se é assegurado ao autor o direito de formular uma pretensão, é garantido ao 
réu o direito de contrapor-se a ela, de expor as suas razões e fundamentos e requerer 
o seu não acolhimento. 
 
A contestação, tal como a inicial, contém uma pretensão: a de que o pedido do 
autor seja desacolhido. 
 
Na petição inicial, o autor formulará o pedido, e na contestação o réu opor-se-á a 
essa pretensão e formulará a sua, que será sempre única: a de que o juiz declare que 
o autor não tem razão. 
 
Em síntese, a contestação não se presta a formulação de pedidos (salvo nas 
ações de natureza dúplices) contra o autor, mas ela pode conter fatos novos que 
sirvam para fundamentar o não acolhimento dos pedidos iniciais. 
 
3.5.1 – ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. 
 
O art. 302, caput, expressa o ônus que tem o réu de impugnar especificamente os 
fatos narrados na petição inicial. 
 
Nas alegações apresentadas na contestação, cabe ao Réu manifestar-se precisa 
e especificamente sobre cada um dos fatos alegados pelo autor. 
 
Se o réu não impugnar os fatos (ou um fato) apresentado pelo autor, estes serão 
admitidos como verdadeiros. 
 
Disso resulta não ser admissível a apresentação de contestação por negativa 
geral. 
O ônus da impugnação especifica exige que o réu, além de manifestar-se 
precisamente sobre cada umdeles, expresse fundamentação em suas alegações, ou 
seja, cumpre ao réu dizer como os fatos ocorreram e por que nega os fatos 
apresentados pelo autor. 
 
Não impugnados os fatos narrados na petição inicial, sobre eles não haverá 
necessidade de produção de provas, por se tornarem fatos incontroversos (art. 334,III). 
 
Ou seja, se o réu não impugnar especificamente um ou alguns fatos, sobre eles 
não surge controvérsia, e a prova é desnecessária, porque se entende que, se o réu 
não os impugnou, os aceitou como verdadeiros. 
 
 
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 16 
A regra da impugnação específica não se aplica em relação aos fatos 
inadmissíveis de serem confessados (art. 351) se a petição estiver desacompanhada 
de instrumento público que a lei desacompanhada de instrumento público que a lei 
considere como da substância do ato ou quando os fatos não impugnados estiverem 
em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto (art. 302, I, II e III), e, 
ainda em relação ao advogado dativo, ao curador especial e ao Ministério Público (art. 
302, parágrafo único). 
 
 
 
 
3.5.2 – CONTEÚDO DA CONTESTAÇÃO 
 
 
O art. 300 do CPC dispõe que “compete ao réu alegar, na contestação, toda a 
matéria de defesa, expondo as razoes de fato e de direito, com que impugna o pedido 
do autor e especificando as provas que pretende produzir”. 
 
Este artigo consagra o principio da eventualidade, que determina que o réu deverá 
apresentar na contestação toas as matérias que possa invocar em sua defesa, sob 
pena de preclusão. 
 
 
 
Denominam-se preliminares as matérias previstas no art. 301, porque sua análise 
precede a analise de mérito. Assim, antes de contestar o mérito, cabe ao réu alegar: 
 
 
 
a) Inexistência ou nulidade de citação: Não existindo, ou sendo nula a citação, 
o processo não terá se formado, e a eventual sentença proferida em 
processo sem citação válida não produzirá efeito. 
 
b) Incompetência absoluta: A alegação de incompetência absoluta independe 
de exceção e pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição 
(art. 113). Todavia, porque é nulo todo e qualquer ato decisório proferido 
por juiz absolutamente incompetente, deve o réu, por economia processual, 
argüir a incompetência absoluta, se existente, já ao inicio da contestação, 
caso contrário, responderá integralmente pelas custas resultantes do 
retardo (art. 113, § 1°) 
 
 
c) Inépcia da petição inicial 
 
d) Perempção: é a proibição de o autor intentar novamente a ação, contra o 
mesmo réu e com o mesmo objeto, se deu causa, por três vezes, à 
extinção do processo por não promover os atos e diligencias que lhe 
competiam (art. 268, parágrafo único, e art. 267, III) 
 
e) Litispendência e coisa julgada. 
 
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 17 
 
f) Conexão: Trata-se de defesa processual imprópria, porque a conexão, se 
verificada, não extingue o processo, mas apenas ocasiona a modificação 
da competência relativa, reunindo dois ou mais processos que se 
encontram em juízos de idêntica competência, para sejam julgados 
simultaneamente (art. 105). 
 
g) Incapacidade de parte, defeito de representação ou falta de autorização. 
São pressupostos processuais, cuja falta pode acarretar a extinção do 
processo, sem julgamento do mérito. Alegado o vício, o juiz suspenderá a 
tramitação do processo, marcando prazo razoável para que o defeito seja 
sanado (art. 13). Caso o autor não cumpra a determinação no prazo 
assinalado, os atos por ele praticados serão anulados (art. 13, I) 
ocasionando a extinção do processo, sem julgamento do mérito (art. 267, 
IV). 
 
h) Convenção de Arbitragem (lei 9.307/96) 
 
i) Carência de Ação: É a conseqüência da falta de qualquer das condições 
para o exercício do direito de ação (legitimidade, interesse processual e 
possibilidade jurídica do pedido). Faltando qualquer delas, o processo será 
extinto, sem julgamento do mérito (art. 267, VI) 
 
j) Falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar. Há 
casos em que a lei exige, para a propositura da ação, que o autor preste 
caução, como ocorre, por exemplo, quando o autor residir fora do Brasil, ou 
dele se ausentar na pendência da demanda, e não tiver, no País, bens 
imóveis suficientes para garantir o pagamento das custas e honorários 
advocatícias da parte contrária. 
 
 
Finalmente, deve o Réu especificar as provas que pretende produzir (art. 300 ) e 
juntar à Contestação os documentos destinados a provar suas alegações(art. 396). 
Também deve acompanhar a contestação a procuração outorgada pelo Réu ao 
advogado, sendo imprescindível a assinatura deste na contestação escrita. 
 
 
3.6 - RECONVENÇÃO 
 
 
A Reconvenção é uma nova ação, proposta pelo réu contra o autor, no bojo do 
mesmo procedimento já em curso e foi iniciado pelo autor. 
 
Os festejados doutrinadores Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery,na 
obra Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante, conceituam a 
reconvenção como “um modo de exercício do direito de ação, sob a forma de 
contra-ataque do réu contra o autor, dentro de processo já iniciado, ensejando 
processamento simultâneo com a ação principal (simultaneus processus), a fim 
de que o juiz resolva as duas lides na mesma sentença (318 CPC)” 
 
 
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 18 
 É um modo de cumulação de ações, pois o réu, tendo pedido a deduzir em face do 
autor, exerce o direito de cão, no mesmo procedimento em que está sendo 
demandado. A reconvenção não substitui a defesa, pois, mesmo que o Réu apresente 
reconvenção, não está isento do ônus da impugnação ao pedido da ação principal. 
 
A Reconvenção não é obrigatória, o que se verifica no art. 315 ao dispor que o réu 
pode reconvir. É que a reconvenção funda-se no princípio da economia processual. Se 
o réu tem pedido a formular contra o autor, ligado àquele que contra si foi formulado, 
não há necessidade de instaurar ação em separado, se um processo já pende entre as 
mesmas partes. Todavia, se o réu não reconvier, poderá promover ação autônoma. 
 
 
3.6.1 – AUTONOMIA DA RECONVENÇÃO 
 
 
Apesar de inserida no mesmo procedimento da ação principal, a ação 
reconvencional é autônoma, não estando sujeita ao destino da ação principal. 
 
Ambas ficam, apenas, unidas pelo liame procedimental da conexão. Assim, se o 
autor desistir da ação principal, ou ocorrer qualquer motivo de sua extinção, a 
reconvenção poderá prosseguir, pois não há qualquer traço de acessoriedade. E, 
também, em sentido inverso: se houver desistência ou extinção da reconvenção, a 
ação principal não é, por isso, afetada.Como são duas ações, distintas uma da outra, nada impede que ambas sejam 
julgadas procedentes, tanto a ação principal quanto a ação reconvencional. 
 
 
3.6.2 – PRESSUPOSTOS 
 
A Reconvenção, como ação que é, está subordinada aos pressupostos processuais 
e condições para o exercício do direito de ação, que são exigíveis para qualquer ação. 
Além disso, apresenta os seguintes pressupostos específicos: 
 
 
a) Conexão com a ação principal ou com fundamento da defesa 
b) Competência 
c) Procedimento idêntico 
d) Identidade de partes 
 
 
 
3.6.3 – PROCESSOS E PROCEDIMENTOS EM QUE CABE A RECONVENÇÃO 
 
 
O campo específico para o ajuizamento da reconvenção é o processo de 
conhecimento. Não é possível reconvir em execuções, nem em processos cautelares. 
 
Não é possível reconvir em execuções, nem em processos cautelares. 
 
 
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No processo de conhecimento, só cabe reconvenção nos procedimentos de 
jurisdição contenciosa, e não nos de jurisdição voluntária. 
 
Não cabe, também, nos processos de procedimento sumário e no sumaríssimo 
(art. 31 da lei 9.099/95) 
 
 
 
3.6.4 – PROCEDIMENTO 
 
 
O prazo para apresentação da reconvenção é o mesmo da resposta: quinze dias. 
 
Todavia, é imperioso ressaltar que a reconvenção deve ser apresentada 
simultaneamente a contestação, em peças autônomas (art. 299), não podendo 
apresentar reconvenção posteriormente à contestação, ainda que no prazo. 
 
A reconvenção será formulada por petição escrita e juntada aos autos principais, 
porque ambas as ações seguirão no mesmo processo. 
 
O prazo para apresentação da contestação é de quinze dias, incidindo todas as 
regras dos arts. 300 a 303, porque se trata de defesa à ação reconvencional. 
 
 
 
3.7 – EXCEÇÕES (art. 304 a 314) 
 
 
As exceções são incidentes processuais, que podem ser provocados por qualquer 
das partes (art. 304), mas que, ainda que acatadas, não ocasionam a extinção do 
processo, pois objetivam apenas o acerto de alguma irregularidade de que o processo 
padece. 
 
As exceções emergem na sistemática processual com o propósito de afastar a 
imparcialidade do magistrado ou a sua incompetência para atuar no feito. 
 
Em qualquer das espécies (incompetência relativa, impedimento ou suspeição), 
apresenta-se como incidente processual, dando ensejo à formação de procedimento 
em apartado aos autos da ação principal, não se caracterizando como ação judicial, 
razão pela qual não, não se submete ao preenchimento dos requisitos da petição inicial 
(art. 282 ). 
 
É que as exceções não originam a formação de outro processo, a ponto de 
estabelecer o surgimento de relação processual em paralelo. Têm a finalidade de que 
os autos da ação principal sejam retirados da esfera de atuação do magistrado que 
conduz o feito, com a pretensão de que sejam remetidos ao juízo competente (na 
hipótese da exceção de incompetência relativa) ou ao juiz substituto (na hipótese das 
exceções de impedimento e de suspeição). 
 
 
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 20 
Como incidente processual, a exceção, em qualquer das suas espécies, é 
encerrada através de pronunciamento judicial que assume a natureza judicial de 
decisão interlocutória, contra a qual cabível a interposição de recurso de agravo. 
 
 
3.7.1 – EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA RELATIVA 
 
 
Modalidade mais comum em termos de utilização na rotina forense, a exceção de 
incompetência relativa mostra-se como instrumento processual que objetiva o 
reconhecimento da incompetência relativa do juiz que conduz o processo, em razão do 
valor da causa ou do território. 
 
O caso mais comum da exceção de incompetência relativa refere-se ao 
descumprimento, pelo autor, da norma contida no art. 94 do CPC 
 
“Art. 94 - A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real 
sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.” 
 
 
Somente a incompetência relativa é argüida por meio de exceção. A absoluta 
deve ser alegada pelo réu como preliminar em contestação, embora não esteja sujeita 
à preclusão, podendo ser reconhecida em outras fases do processo. 
 
A incompetência relativa, porém, tem de ser alegada por exceção ritual, sob pena 
de tornar-se preclusa. Não pode ser conhecida de ofício (súmula 33 do STJ), nem se 
for alegada por outro meio que não a exceção. 
 
Não oposta a exceção de incompetência no prazo, ocorre o fenômeno da 
prorrogação de competência. 
 
O prazo para opor a exceção de incompetência relativa segue regras um tanto 
diferente das demais. A primeira distinção é que somente o réu tem legitimidade para 
argui-la. A razão é simples, afinal, o autor é quem escolheu propor a ação naquele 
juízo, não lhe cabendo, após a propositura, invocar a incompetência. 
 
A incompetência relativa é um fato conhecido pelo réu desde o momento em que 
ele toma ciência da existência da demanda, através da citação. 
 
Portanto, o prazo de quinze dias para a apresentação da exceção de 
incompetência relativa deve sempre transcorrer da data da juntada da citação aos 
autos. 
 
 
Apresentada a exceção e autuada em apenso, os autos serão conclusos ao juiz, 
que ouvirá o excepto no prazo de dez dias. Se ele concordar com os termos da 
exceção, o juiz fica obrigado a remeter os autos ao juízo competente. 
 
Se não houver concordância, a exceção será julgada pelo juiz que preside o 
processo no prazo de 10 dias. 
 
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3.7.2 – EXCEÇÃO DE IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO 
 
 
As causas de impedimento e suspeição do juiz estão elencadas nos arts. 134 e 
135 do CPC. 
 
“ Art. 134 - É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário: 
 
I - de que for parte; 
 
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do 
Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha; 
 
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão; 
 
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente 
seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau; 
 
V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na 
colateral, até o terceiro grau; 
 
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa. 
 
Parágrafo único - No caso do nº IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava 
exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o 
impedimento do juiz.”Sua finalidade é assegurar que o processo seja julgado por um juiz imparcial. Mas 
há importantes diferenças entre o impedimento e a suspeição 
 
 
“Art. 135 - Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando: 
 
I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; 
 
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em 
linha reta ou na colateral até o terceiro grau; 
 
III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; 
 
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca 
do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio; 
 
V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes. 
 
Parágrafo único - Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.” 
 
 
Estas espécies de exceção são marcadas não pela incompetência do magistrado, 
mas pelo traço da sua parcialidade, porque ligado à causa em decorrência de uma 
pessoa que lhe é próxima, por ter ali atuado numa outra condição processual e etc. 
 
 
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Nestes casos, a necessidade de afastamento do magistrado decorre da sua maior 
ou menor imparcialidade, não tendo como conduzir e sentenciar o processo com a 
esperada isenção de opinião. 
 
A finalidade da exceção de impedimento e suspeição é assegurar que o processo 
seja julgado por juiz imparcial. Mas há importantes diferenças entre o impedimento e a 
suspeição. 
 
A suspeição é matéria que se torna preclusa para a parte, se não alegada no 
momento oportuno. O impedimento, por sua maior gravidade, constitui verdadeira 
objeção processual, não preclui. 
 
O prazo para opor as exceções de impedimento ou suspeição variará conforme a 
causa seja conhecida desde o inicio do processo ou posteriormente. Se é conhecida 
desde logo, o prazo será de quinze dias para o autor, a contar da data da distribuição 
da demanda, pois a partir daí ele tomará conhecimento de qual juiz que julgará. Para o 
réu, o prazo será o da resposta. 
 
Quando a causa do impedimento ou suspeição for conhecida somente no curso 
do processo, o prazo será de quinze dias para ambas as partes, a contar do momento 
em que elas tiverem conhecimento de tais causas. 
 
 
Apresentada a exceção, o juiz da causa poderá ter as seguintes atitudes: 
 
 Reconhecer o impedimento ou a suspeição, determinando a remessa dos 
autos ao seu substituto automático. 
 Não reconhecê-las, caso em que ofertará as suas razões no prazo de dez 
dias, também instruídas com documentos. Em seguida, determinará a 
remessa dos autos ao órgão competente para julgar a exceção. 
 
Da decisão do órgão superior que reconhecer o impedimento ou a suspeição não 
caberá recurso. 
 
Pode acontecer que o fato causador do impedimento ou suspeição só venha a ser 
conhecido das partes depois de prolatada a sentença. Se isso acontecer, não caberá 
mais exceção, mas as partes poderão recorrer, postulando a sua nulidade, por ter sido 
proferida por juiz que não era imparcial. 
 
3.8 – IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA – (art. 261 CPC) 
 
 
Conforme mencionado anteriormente, apesar do artigo 297 referir-se apenas à 
contestação, à exceção e à reconvenção como modalidades de resposta, ao ser citado, 
pode o réu praticar outros atos processuais, alguns com o nítido objetivo de promover 
sua defesa. 
 
Neste sentido, embora não expressamente mencionada no referido artigo, a 
impugnação ao valor da causa é também uma forma de resposta do réu, que vem 
disciplinada no art. 261, vejamos: 
 
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 23 
 
Art. 261 - O réu poderá impugnar, no prazo da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor. A 
impugnação será autuada em apenso, ouvindo-se o autor no prazo de 5 (cinco) dias. Em seguida o juiz, 
sem suspender o processo, servindo-se, quando necessário, do auxílio de perito, determinará, no prazo 
de 10 (dez) dias, o valor da causa. 
Parágrafo único - Não havendo impugnação, presume-se aceito o valor atribuído à causa na 
petição inicial. 
 
 
Trata-se de incidente processual, no qual objetiva o réu alterar o valor atribuído à 
causa pelo autor, visto que esse valor tem reflexo importante sobre o réu. 
 
O art. 20 do CPC determina que a sentença condenará o vencido a pagar o 
vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. 
 
Assim, tem o réu o interesse em provocar a alteração do valor que o autor deu à 
causa, pois, na hipótese de restar vencido na demanda, o valor da causa determinará o 
valor dessas despesas. 
 
As custas processuais são calculadas com base no valor da causa e integram as 
despesas a que alude o art. 20 do CPC. Quanto aos honorários advocatícios, embora o 
art. 20,§ 3º, disponha que estes serão fixados entre 10% e 20% sobre o valor da 
condenação (como, por exemplo, a ação declaratória), diz-se que serão calculados 
sobre o valor da causa. 
 
Por isso, a impugnação ao valor da causa integra a defesa do réu, no sentido 
amplo, pois, mesmo que ele venha a ser vencido na demanda, tem direito de se 
defender quanto às verbas de sucumbência. 
 
O prazo para oferecimento de impugnação ao valor da causa é o mesmo da 
contestação e sobre ele incidem as mesmas regras de contagem do prazo. 
 
A impugnação ao valor da causa deve ser elaborada em petição apartada, que 
será autuada em apenso, sem suspender o trâmite do processo principal.Ambos, 
processo principal e impugnação, seguem paralelamente. 
 
Apresentada impugnação ao valor da causa, o autor da ação principal manifestará 
no prazo de cinco dias, e, em seguida, o juiz decidirá, no prazo de dez dias. 
 
Julgando procedente o incidente, o juiz determinará a alteração do valor da causa 
atribuído pelo autor. Caso julgue improcedente, o valor da causa será mantido. 
 
Se o Réu não impugnar o valor da causa, tem-se que aceitou como consta na 
petição inicial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3.9 – REVELIA 
 
 
A defesa não é um dever do réu. Trata-se, na verdade, de um ônus, no sentido de 
que, não cumprido, produz conseqüências processuais negativas para quem o tenha 
descumprido. 
 
A defesa é o comportamento que se espera do réu, ante a ação que lhe foi 
proposta em juízo pelo autor. 
 
Mas pode ocorrer de o réu permanecer absolutamente inerte, ou não exercitar 
algumas modalidades de defesa. 
 
Revelia, em sentido estrito, é a situação que se coloca o réu que não 
contesta. Pouco importa tenha ele se utilizado dos outros modos de defesa (exceção 
ou reconvenção). Será revel se não praticaro ato processual consistente em 
contestar, com todos os seus requisitos, ou seja, praticado no prazo, através de 
advogado regularmente habilitado. 
 
Assim, ocorrerá revelia se o réu, citado: 
 
a) Não apresenta contestação 
 
b) Apresenta contestação, mas desacompanhado de advogado 
 
c) Apresenta contestação intempestiva 
 
d) Apresenta contestação, mas não impugna especificamente os fatos 
narrados pelo autor na petição inicial. 
 
No procedimento sumário (art. 277,§2º) e nos Juizados Especiais Cíveis (lei 
9.099/95, art. 20) há outra circunstancia que também produz revelia: a ausência 
injustificada do réu à audiência. 
 
 
 
3.9.1 - EFEITOS DA REVELIA 
 
 
Dois são os efeitos decorrentes da revelia: 
 
 
3.9.1.1) DESNECESSIDADE DE PROVA (art. 319) - Não ocorrendo contestação, 
os fatos narrados pelo autor podem ser reputados verdadeiros ( presunção 
relativa de veracidade dos fatos), e por isso sobre eles não há necessidade de 
provas. 
 
Os fatos alegados pelo autor tornam-se incontroversos (fato alegado pelo autor e 
não impugnado pelo réu) pela falta de contestação, e, nesse caso, tais fatos não 
dependem de prova (art.334, IV). 
 
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A presunção relativa de veracidade dos fatos narrados pelo autor não significa 
automática procedência do pedido, pois o efeito da revelia alcança apenas os fatos 
alegados na petição inicial, e não o direito que se postula. Pode ocorrer, por 
exemplo, de mesmo reputando-se verdadeiros, os fatos narrados pelo autor serem 
inverossímeis, insuscetíveis de credibilidade, e o juiz não está obrigado a aceitar como 
verdadeiros fatos impossíveis de terem ocorrido. 
 
A simples ausência da contestação não pode fazer o juiz presumir verdadeiros 
fatos que contrariam o senso comum ou que se mostram inverossímeis, improváveis ou 
que contrariem outros elementos dos autos. 
 
Por isso, nada impede que, mesmo em caso de revelia, o juiz profira sentença de 
improcedência do pedido. 
 
 
3.9.1.2) DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÕES – Se o réu se coloca na posição 
de revel e não constitui advogado nos autos, os prazos passarão a transcorrer 
independentemente de intimação. 
 
No entanto, o revel poderá intervir no processo a qualquer tempo. A partir do 
momento em que ele demonstre interesse de participar e intervenha, o juiz determinará 
que seja intimado dos atos subseqüentes. 
 
Todavia, o revel receberá o processo no estado em que se encontrar, isso 
significa dizer que se terá operado preclusão em relação aos atos processuais já 
ocorridos antes do comparecimento, não se repetindo qualquer deles pelo fato de o 
revel ter comparecido. 
 
 
 
3.9.2 – NÃO OCORRENCIA DOS EFEITOS DA REVELIA (art. CPC) 
 
 
Nada obstante tenha havido revelia, isto é, ausência de contestação, a norma 
enumera os casos em que mesmo não tenha sido apresentada a contestação, os 
efeitos da revelia não ocorrem: 
 
 
a) Contestação apresentada por algum litisconsorte. Quando vários 
forem os réus, a contestação apresentada por algum deles aproveita aos 
demais, no sentido de afastar o efeito do art. 319. 
 
Assim, não serão considerados verdadeiros os fatos alegados pelo autor 
em relação réu que não contestou, se houver contestação de qualquer 
outro. Afastado o efeito da revelia, a prova torna-se necessária. 
 
Todavia, pode ocorrer de os litisconsortes terem interesses conflitantes. 
Nesta situação, a contestação apresentada por um deles não tem o 
 
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 26 
condão de afastar o efeito da revelia e serão reputados verdadeiros os 
fatos alegados em desfavor daquele que não contestou. 
 
Ainda, é possível que a cada litisconsorte sejam imputados fatos diversos. 
Nessa situação, em que não há identidade de fatos a justificar o 
litisconsórcio, a contestação de um deles, não aproveita aos outros. 
 
Assim, se o fato alegado pelo autor diz respeito a todos os litisconsortes, 
a contestação de um afasta o efeito da revelia em relação a esse fato. 
Mas, se o fato alegado diz respeito apenas a pessoa do revel, a falta de 
contestação torna o fato incontroverso. 
 
b) Se a ação versar sobre direitos indisponíveis. A indisponibilidade do 
direito sobre o qual versa a lide afasta a desnecessidade da prova, assim 
como impede a confissão (art. 351), ou torna nula a convenção que 
distribui de maneira diversa o ônus da prova (art. 333,§único, I). Nessa 
hipótese, os fatos alegados pelo autor deverão ser provados, não 
podendo o juiz julgar antecipadamente. 
 
c) Falta de instrumento indispensável (prova indispensável) – Há atos 
jurídicos em que a lei considera o instrumento público como da essência 
do próprio ato, como por exemplo, a escritura pública para aquisição de 
imóvel. Tal instrumento mostra-se indispensável à propositura da ação, 
sendo obrigatória sua juntada à petição inicial. Faltando o instrumento 
indispensável, não se tem o fato provado, cabendo ao autor produzir a 
prova. 
 
 
 
FASE ORDINATÓRIA 
 
 
 
4 - PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES (ART. 323 – 328) 
 
 
O Código de Processo Civil instituiu certas medidas que o juiz, eventualmente, 
deve tomar findo o prazo para a apresentação da Resposta do Réu, e que se destinam 
a encerrar a fase postulatória do processo e início da fase ordinatória. 
 
A conduta do juiz na fase ordinatória variará de acordo com a atitude das partes 
no processo. 
 
O primeiro passo é verificar se o Réu apresentou ou não a Contestação, sendo 
que: 
 
a) Se o Réu apresentou Contestação, cumpre ao juiz examinar a presença das 
matérias previstas nos arts. 326 (quando o Réu apresentar fato impeditivo, modificativo 
ou extintivo do direito do Autor) e 327 (se o Réu alegar qualquer das matérias 
elencadas no art. 301 CPC – inexistência ou nulidade da citação; incompetência 
 
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absoluta; inépcia da inicial; perempção; litispendência; coisa julgada; conexão; 
incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; convenção de 
arbitragem;carência de cão; falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como 
preliminar). 
 
 
Se o Réu na peça Contestatória alegar as matérias previstas nos artigos 
supramencionados, o Autor deverá ser intimado para manifestar-se em Réplica 
(manifestação do Autor sobre a Contestação), no prazo de 10 dias. 
 
A matéria a ser alegada na Réplica é restrita àquilo que o Réu tenha argüido em 
sua Contestação, como preliminar ou como fato extintivo, impeditivo ou modificativo do 
direito do Autor. 
 
Com a Réplica, o Autor poderá apresentar documentos novos, sobre os quais o 
juiz determinaráa intimação do Réu para manifestação. 
 
Salienta-se que não há previsão em nosso ordenamento jurídico de apresentação 
de Tréplica, isto é, de nova manifestação do Réu, agora sobre a réplica do Autor. A 
oportunidade que se concede ao Réu é de manifestar unicamente acerca do 
documento novo trazido pelo Autor na Réplica. 
 
Após a apresentação da Réplica e da manifestação do Réu, se for o caso, as 
partes serão intimadas para especificarem as provas que pretendem produzir. 
 
Seguindo o entendimento do festejado doutrinador Marcos Vinícius Rios 
Gonçalves, o prazo para especificação de provas é de 05 dias, e é necessário que as 
partes justifiquem ao juiz a necessidade de sua realização. 
 
 
a.1) Se o Réu apresentou Contestação, mas não alegou as matérias 
previstas no art. 326 e 327, o Autor não será intimado a manifestar acerca da 
Contestação, passando o juiz a examinar a necessidade de produção de provas. 
 
 
b) Se o Réu não apresentou Contestação, o juiz deverá examinar se o Réu foi 
validamente citado. Tendo sido citado e transcorrido o prazo para resposta em branco 
(ou tendo ocorrido as situações que ocasionam a revelia, tais como a apresentação de 
contestação intempestiva; contestação desacompanhada de advogado e outros) o juiz 
verificará se a revelia produz efeitos ou não os seus efeitos. 
 
Estando presentes as hipóteses previstas no art. 320 do CPC( hipóteses em que 
o Réu, apesar de revel, não sofrerá os efeitos da revelia), o efeito de presunção de 
veracidade dos fatos decorrente da revelia é afastado, razão pela qual deverá o juiz, 
intimar as partes para que especifiquem as provas que pretendem produzir. 
 
 
b.1) Verificado que o Réu não apresentou Contestação e portanto a revelia produz 
os seus efeitos ( desnecessidade de produção de prova – presunção de veracidade 
dos fatos – fato não impugnado, não haverá necessidade de produção de prova – art. 
 
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 28 
334, III), o juiz promoverá o julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 330, II do 
CPC. 
 
4.1 – Do julgamento conforme o estado do processo 
 
O instituto do julgamento conforme o estado do processo tem, sobretudo, um 
conteúdo temporal, ou seja, julgar o processo no estado em que ele se encontra 
significa julgá-lo fora do momento “normal”. 
 
4.2 – Hipóteses 
 
 
Alguns fenômenos podem ocorrer para ensejar o julgamento conforme o estado 
do processo, que podem gerar tanto sentenças de extinção do processo sem 
julgamento do mérito quanto sentenças de mérito. 
 
 
4.2.1– Extinção sem resolução de mérito 
 
Quando verificar a existência de vícios insanáveis, que constituam óbice ao 
julgamento do pedido, o juiz extinguirá o processo sem resolução do mérito (art. 329). 
O processo não terá cumprido a sua função, nem terá atingido o seu objetivo, mas 
nada restará a fazer se estiverem ausentes os requisitos indispensáveis para que o juiz 
aprecie o pedido. 
 
 
 
4.2.2 – Julgamento antecipado da lide 
 
O julgamento antecipado da lide ocorre sempre que o juiz verificar a 
desnecessidade, após as providências preliminares, de outras provas, além daquelas 
que já constam dos autos. 
 
 
Há três situações fundamentais em que não haverá necessidade de produção de 
provas, todas elas descritas no art. 330 do CPC, que permite o julgamento antecipado 
da lide: 
 
a) Quando a questão de mérito for unicamente de direito 
b) Quando a questão de mérito for de direito e de fato e não houver necessidade 
de produzir prova em audiência. 
c) Quando ocorrer a revelia. 
 
 
O art. 327 do CPC, parte final, determina que, ”verificando a existência de 
irregularidades ou de nulidades sanáveis, o juiz mandará suprí-las, fixando à parte 
prazo nunca superior a trinta dias”. 
 
 
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Esse dispositivo só tem aplicação quando a irregularidade for sanável. As que não 
podem ser superadas conduzirão à extinção do processo sem resolução do mérito. Se 
o vício for sanável, o juiz determinara a regularização. 
 
É preciso lembrar, por fim, que essa não é a única oportunidade que o juiz tem de 
determinar a regularização do processo. Desde a fase inicial, verificando qualquer 
irregularidade, ele pode mandar proceder à correção, não havendo por que aguardar a 
fase ordinatória, quando deverá examinar com toda minúcia o processo, buscando 
saná-lo de qualquer vício, para que ele possa seguir sem problemas. 
 
 
4.3 – AUDIÊNCIA PRELIMINAR 
 
 
Superada a fase das providências preliminares, e não ocorrendo as hipóteses 
previstas nos arts. 329 e 330 do CPC – extinção do processo sem exame do mérito, ou 
com exame do mérito em razão de autocomposição, prescrição, decadência ou 
julgamento antecipado da lide, caberá ao juiz designar audiência preliminar, situação 
em que tentará promover a conciliação das partes. 
 
A audiência de conciliação obrigatória, introduzida no art. 331 do CPC em 
dezembro de 1994, sofreu sua primeira reforma com a edição da Lei Federal n° 
10.444/2002. 
 
Uma das mudanças foi terminológica: a audiência passou a chamar-se de 
“audiência preliminar”. 
 
A mudança do nome do instituto para “audiência preliminar” justifica-se 
plenamente. É que a doutrina, de modo geral, já reconhecia nessa audiência funções 
outras além da simples tentativa de conciliação. 
 
Como bem afirma Cândido Rangel Dinamarco, possuía essa audiência um tríplice 
escopo: conciliação, saneamento do processo e delimitação da instrução1. 
 
De fato. Iniciada a audiência preliminar, o magistrado tentará alcançar a 
conciliação. Não obtida à conciliação, o magistrado deverá resolver as questões 
processuais pendentes e fixar os pontos controvertidos do processo, isto é, identificar 
as questões que devem ser objeto da fase de instrução probatória. 
 
Após isso, o magistrado deve delimitar a fase de produção de provas: admitir e 
não admitir a produção de certos meios de prova, designar perito e formular o rol dos 
quesitos (se for o caso), marcar audiência de instrução e julgamento, determinar, se for 
o caso, inspeção judicial, oitiva de testemunhas, depoimento da parte e etc.. 
 
 
 
 
 
 
1 A reforma do Código de Processo Civil. 4ª edição, São Paulo, Editora Malheiros 
 
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4.3.1 – DESNECESSIDADE DA AUDIÊNCIA PRELIMINAR 
 
O art. 331,§3º dispõe acerca das situações em que a audiência preliminar pode 
ser dispensada, cabendo ao juiz sanear o processo e decidir sobre a prova, por escrito, 
sem a sua designação. 
 
“Art. 331 - Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas

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