Buscar

AS ESTRATÉGIAS DO AGRESSOR SEXUAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO 
 SOCIAL 
AS ESTRATÉGIAS DO AGRESSOR SEXUAL 
LV• 
visous?.6.Jkl. 
 
Trabalho de Conclusão do Curso de 
Graduação em Serviço Social, apresentado 
Universidade Federal de Santa Catarina, 
Curso de Graduação em Serviço Social, 
para obtenção do titulo de Assistente Social. 
ty a Matys Costa 
de Serviço Social 
CSE/UPSC 
JOSIANE DUARTE 
ORIENTADORA: JUCILIA CASTRO VIEIRA 
SUPERVISORA: LILIAN KELI RECH 
JUNHO DE 2001 
Agradecimentos 
Em primeira 
 quero agradecer a Deus, pat ter dada forças 
para vencer esta "batalha" , 
 que apesar de dificeis e muitas vezes 
ifTIFICreaSiWiS, cheguei aqui. 
Aos melts 
 pais, em especial, peter empenha e dedicação que 
prestaratn e ofereceram em fauna de 
 educação e apoio. mesmo 
nutita vezes estanca longe fisicamente, mas presente pelas 
 ora-
c.eies e vigília. 
Aos meus familiares„ minhas braids, meu cunhado e amigos. 
que me ajudaram no momenta mais dificil, casamento, universi-
dade e a separação, durante perioda de quarto anos decisivos na 
minha vida. 
Aos profissionais da SO-S 
 Criança, que me 
 auxiliaram 
 em 
todo 
 este 
 trajeta e que me auxiliaran't no- meu crescimento profissi-
onal, em especial a minha supervisora Lilian Neb. Rech, pelo empe-
nho, pelos conselhos e peter 
 carinho prestado incessantemente. 
Agradeço a minhas amigas, em especial Madene. Sonia. 
Sheila e a Eveline, que muitas vezes 
 estiveram 
 ao meu (ado me 
auxiliando e me acolhendo com carinho e dedicação. 
Ao grupa de jovem RENASCER que me auxiliou , dando-me 
forças em momentos decisivos de minha vida, em especial a Luzia 
que me auxiliou 
 na redação, digitação- e organização deste Traba-
they de Conclusão-, assim coma tat/them em outros. 
As p ofessatas jucilia e XiIva, pot suas orientações presta-
das em todo o- estagio e diretamente da TCC, o meu sincero agra-
decimento 
E poi fun, a 
 instituição Universidade Federal de Santa Catarina 
pot ter-me dada a oportunidade de me tornar tuna profissional e 
ainda, 
 uma pessoa com mais oportunidade 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO 	 8 
CAPÍTULO I 	 11 
0 PROGRAMA SOS CRIANÇA 	
 11 
1.1 Objetivos: 	 
1.2 Dinâmica Atual do Trabalho na Instituição 	 14 
CAPÍTULO II 
	 18 
DEFINIÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA 
	 18 
2.1 Metodologia da Pesquisa 	 19 
2.2 Aspectos éticos da pesquisa 	 19 
2.3 Sistematização da coleta de dados 	 20 
CAPÍTULO III 	 24 
A VIOLÊNCIA PRATICADA CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE 	 24 
3.1 Violência Sexual 	 27 
CAPÍTULO IV 	 31 
OS AGRESSORES SEXUAIS 	 31 
4.1 Incesto 	 32 
4.1.1 0 agressor incestuoso 	 35 
4.1.2 Estratégias do agressor incestuoso 	 36 
4.2 A pedofilia 	 38 
4.2.2 Estratégias do agressor pedófilo 	 40 
4.3 As estratégias comum do abuso incestuoso e pedófilo 	 40 
4.4 Resgate histórico do perfil bio-psicológico dos agressores sexuais 	 41 
CAPÍTULO V 	 43 
DETALHAMENTO DA PESQUISA 
 QUALITATIVA 	 43 
5.1 Descrição e interpretação 	 44 
5.1.2 Segundo Caso: Agressor Incestuoso 	 47 
5.1.3 Terceiro Caso: Agressor Pedófilo 	 51 
5.1.4 Quarto caso: Agressor Pedófilo 	 54 
5.2 Análise 	 56 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 	 ss 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 	 61 
 
ANEXO 	 63 
1 0 
daremos maior ênfase 
 a violência sexual, apresentando suas conceituações, seus si-
nais de alerta e as pistas para a identificação. 
No quarto capitulo iremos falar sobre a figura do agressor, dividindo suas cate-
gorias: agressor incestuoso e o agressor ped6filo e faremos um breve histórico sobre o 
resgate histórico do perfil bio-psicológico do agressor nas duas categorias. 
E finalmente no quinto capitulo, iremos detalhar a pesquisa qualitativa, relatan-
do quatro casos, sendo dois de violência sexual incestuosa e dois de violência sexual 
pedófi la. 
CAPÍTULO I 
0 PROGRAMA SOS CRIANÇA 
12 
0 SOS criança é um rograma de proteção especial a crianças e adolescentes, 
vitimas de violência com abrangência restrita ao 
 município 
 de Florianópolis. Dentro 
do contexto institucional o Programa está ligado a Divisão da Criança e do Adolescen-
te a qual faz parte da Secretaria de Habitação, Trabalho e Desenvolvimento Social. 
0 SOS atua em consonância 
 com a Constituição Federal em seu artigo 227, 
sendo respaldado pela lei 8069/00 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual 
nos coloca que: 
"6 dever da família, da sociedade e do estado assegurar A criança e ao 
adolescente, direito A saúde, á 
 alimentação, 
 à 
 educação, ao lazer, 
profissionalização, A cultura, e A convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda negligência, discriminação, explo-
ração, violência, crueldade e opressão". 
Em Florianópolis, o Programa foi criado em 1991, pelo governo do Estado e 
atendia toda a grande 
 Florianópolis 
 (Palhoça, Sao José, etc). Mas em 1993, o Progra-
ma foi municipalizado e permaneceu atendendo a esses usuários (Grande Florianópolis) 
até outubro de 1995, quando se tornou restrito ao município 
 de Florianópolis. 
0 SOS atua como um Programa de proteção e defesa de toda e qualquer criança 
e adolescente (0-18 anos incompletos), vitimas de violência, exceto nos casos de ex-
ploração sexual e violência institucional. São classificados como vitimas crianças e 
adolescentes que venham a sofrer danos fisicos (corn lesões ou sem lesões), sexuais, 
psicológicos e aqueles negligenciados 
0 atendimento do programa é prestado por uma equipe multidisciplinar compos-
ta por profissionais da Area das ciências humanas (Serviço Social e outras de nível 
médio), funcionando em sistema de plantão de 12 horas, das 08:00 As 20:00, receben-
do denúncias anônimas através das linhas telefônicas 
 1407 (discagem gratuita) e 228 
8611 (linha convencional) na sede do programa ou no local de atendimento. A sede do 
Programa se localiza na Rua Rui Barbosa, n.677 (fundos), Agronômica - 
 Florianópolis. 
 
E preciso ressaltar que o programa funcionava anteriormente em plantões de 24 
horas ininterruptas, mas foi extinto no ano 2000, deixando a desejar o trabalho desses 
profissionais que deveria ser prestado em caráter 
 emergencial. 
13 
1.1 Objetivos: 
Geral 
• Assegurar o atendimento da 
 Política 
 Especializada à 
 crianças e adolescentes 
vitimas de crime contra a pessoa e contra costumes determinados na constituição Fe-
deral e Estadual, Lei 
 Orgânica 
 Municipal e Lei Especifica 8069/90 - ECA. 
• Proporcionar atendimento em caráter emergencial de proteção e defesa, orien-
tação psicológica e social direto As vitimas de crime pessoal e contra os costumes, 
população infanto-juvenil e a suas familias, e/ou responsáveis, visando a reestruturação 
física, psicológica e social. 
Objetivos 
 Específicos 
 
• Receber, averiguar e encaminhar, quando se fizer necessário, aos órgãos com-
petentes, denúncias de crimes contra a pessoa e/ou costumes, praticado contra 
crianças e adolescentes (vitima de violência 
 física, sexual, psicológica e negli-
gência). 
• Primizar atendimentos as vitimas junto aos órgãos públicos atuantes no muni-
cípio de Florianópolis, tais como, hospitais, delegacias, Instituto Médico Legal 
(IML) Ministério Público, Poder Judiciário, Conselhos Tutelares e outros. 
• Favorecer o estudo de cada caso, em particular e os devidos encaminhamentos. 
• Resgatar, sempre que possível, os vínculos familiares. 
• Prevenir a incidência de violência nas famílias no município 
 de Florianópolis, 
direta ou indiretamente. 
Nos casos em que na ação e intervenção do Programa fique evidenciado a neces-
sidade de interferência da esfera judicial, ministério público e poder judiciário, dar-se-
os seguintes procedimentos: 
- solicitação de guia paraexame de corpo delito (Instituto 
 Médico Legal), se 
detectado lesões evidentes, seqUelas por agressões anteriores e indícios ou comprova-
cão de violência sexual; 
- analisada a gravidade da situação e havendo impedimentos ao atendimento, 
sera solicitado à autoridade competente mandado de busca e apreensão; 
14 
- encaminhamento da vitima para atendimento médico hospitalar. 
Prioritariamente a criança e/ou adolescente, vitima de crimes contra pessoas e 
costumes 
 permanecerá 
 com a 
 família 
 e/ou responsável, salvo em situações que persis-
tir o risco de vida, onde por medida de segurança 
 será 
 afastada do convívio com o 
agressor. 
1.2 Dinâmica 
 Atual do Trabalho na 
 Instituição 
A violência doméstica contra criança e adolescente é como um cancer silencio-
samente espalhado pelas casas de qualquer cidade. E preciso 
 então 
 prevenir e erradicar 
os casos já em processo. 
Os programas de proteção à criança e adolescente são os responsáveis a assumir 
este papel. No SOS criança os atendimentos se dão primeiramente pelo atendimento 
do 1407, uma linha telefônica reservada à população para 
 denúncias 
 de violência con-
tra crianças e adolescentes, nas formas 
 físicas, 
 sexual, negligência e psicológica. Além 
desta, há uma outra convencional 2288611 sendo que as denúncias ainda poderão ser 
feitas pela procura 
 espontânea 
 na sede do Programa. 
O número de denúncias aumenta consideravelmente a cada dia tanto no Progra-
ma quanto na sede, devido a consciência crescente em torno da violência praticada 
contra criança e adolescente, consicência de que determinados recursos educativos 
caracterizam-se como violentos. Esse processo pode ser evidenciado pelo grande nú-
mero de denúncias 
 recebidas pelo programa nos 
 últimos 
 anos, e no número de denún-
cias em espera de atendimento e pela quantidade de casos assumidos pelas Assistentes 
Sociais e pelos técnicos do programa. 
No período de estagio de abril de 1999 a fevereiro de 2001, participamos de 
algumas mudanças na rotina do Programa, que se colocaram mais pelo diminuto nú-
mero de profissionais, do que pela solicitação da equipe. 
Citamos alguns exemplos destas mudanças: 
- ern 1996 o programa dispunha de 14 profissionais de 
 nível 
 superior que efetu-
avam o atendimento, na data da finalização deste trabalho havia apenas quatro profis-
sionais de nível superior. 
15 
- retorno de 7 profissionais (nível 
 médio e superior) à secretaria de origem, não 
havendo reposição deste pessoal; 
- eliminação do "chefe de plantão", que tinha como objetivo de organizar os 
plantões, que até então eram ininterruptos, bem como definir o atendimento dos casos 
mais graves e dar apoio técnico aos técnicos de campo; 
- o telefone 1407 era atendido pelos técnicos de nível 
 superior, atualmente este 
trabalho é feito por telefonistas de 
 nível 
 ginasial e/ou secundário (2g grau). 
- no período 
 de estágio, houve a rotatividade de 3 coordenadores, sendo que um 
deles "implantou" um sistema de atendimento emergencial por profissionais de 
 nível 
médio. Estes profissionais efetuavam o primeiro atendimento (P visita 
 domiciliar) e 
após o caso ou seria encerrado ou ficava aguardando ser absorvido por uma Assistente 
Social, sendo que este podia ficar esperando até 1 ano o referido atendimento. Essa 
metodologia de trabalho persistiu até nossa 
 saída 
 do campo de estagio. 
Podemos evidenciar que surgiram várias dificuldades durante o período de está-
gio, 
 nos plantões podíamos 
 ouvir alguns relatos, como se segue: 
"Hoje estamos fechando o plantão com mais de 80 denúncias pen-
dentes, há um tempo atrás, entregávamos o plantão sem nenhuma 
denúncia pendente". (AS) 
Em determinados plantões 
 víamos 
 a indignação de alguns profissionais frentes 
há situações, onde estes não conseguiam proceder e dar a eles os devidos encaminha-
mentos. 
"Precisamos de mais pessoal, pois não conseguimos dar conta 
da demanda que nos chega, e já estamos passando por incompeten-
tes" (técnico). 
E evidente que a falta de investimento da instituição mantenedora do programa, 
afeta o andamento e a efetividade nos problemas em torno da violência, afetando 
assim também a figura do profissional da Assistência social que ali atua. 
Sabemos que em nosso código de ética de 13 de março de 1993, em seu artigo 7 
(item a) nos é garantindo condições de trabalhos condignas, seja em entidade pública 
OU privada, de forma a garantir a qualidade do exercício profissional da Assistente 
16 
Social". 
Atualmente o Assistente social atende os casos de denúncias procedente, que já 
passaram pela intervenção do técnico do primeiro atendimento, com exceção dos ca-
sos de violência sexual, onde hd o atendimento do Assistente Social dada as complexi-
dades que este pode conter. É 
 preciso salientar que em todos os casos quem 
 irá 
 solici-
tar os encaminhamentos e dará o diagnóstico 
 final sera sempre o Assistente Social. 
0 Assistente Social dentro do Programa se orienta da seguinte forma: 
A intervenção irá se nortear através do teor da denúncia, recebido pela telefonis-
ta ou técnico que a registrou. 
0 Assistente Social possui os seguintes instrumentais: 
- abordagens: vitima/familiares/suposto agressor/ comunitária/ institucionais/ 
outros; 
- visitas domiciliares; 
- visitas institucionais; 
- investigações extras: prontuários médicos, consulta de antecedentes/ a outras 
comarcas; 
- relatórios de outros Órgãos, Programas e Instituições. 
Em seus diagnósticos este deve contemplar: 
- se a violência ocorreu, em que 
 nível; 
- se há risco de a vitima permanecer no lugar da agressão; 
- se há outras crianças e adolescentes, também correndo riscos; 
- se houve conseqüências organicas e psicológicas; 
- apontar medidas "adequadas" de intervenção; 
- nortear ações preventivas. 
O diagnóstico pode ser: 
Diagnóstico sumario/emergencial ou diagnóstico muhiprofissional, ficha de de-
núncia e acompanhamento do caso, laudo social, laudo psicológico e laudo médico. 
As medidas a serem tomadas pelo profissional podem incluir (Azevedo & Guer-
ra, 1989): 
- medidas sociais; 
- medidas judiciais; 
17 
- medidas médicas; 
- medidas psicoterapeuticas. 
importante salientar que é necessário após os atendimentos serem encerrados, 
se dar o processo de supervisão, o qual deve ser feito por uma equipe de um ou mais 
Assistentes Sociais e/ou técnicos, tendo a participação de estagiários. Esse processo 
de 
 supervisão 
 dos casos, atualmente não está ocorrendo devido à escassez de profissi-
onais no Programa. 
No que se refere A, 
 prática 
 profissional do assistente social é válido ressaltar que 
este, para atuar, deve acima de tudo estar preparado para enfrentar as grandes dificul-
dades e barreiras que existem dentro da 
 dinâmica 
 relacionada ao trabalho que desen-
volvemos, devido à complexidade de nossas ações. 
CAPÍTULO II 
DEFINIÇÃO DO OBJETO DE 
PESQUISA 
19 
2.1 Metodologia da Pesquisa 
Como já descrevemos anteriormente, a pesquisa que fizemos nos 
 prontuários e 
nos atendimentos conjuntos, como estagiária do Program teve como objetivo princi-
pal levantar os dados que nos subsidiaram para estudo da figura do agressor sexual. 
preciso primeiro salientar, segundo os critério adotado pelo programa, os aten-
dimentos se dão da seguinte forma: primeiro a denúncia é registrada em 
 prontuário 
para o acompanhamento de todo o processo de atendimento. São várias as fichas que 
o compõem: o boletim de ocorrência (caso foi registrado) o parecer psicológico, me- 
morandos, pareceres enviados de outras instituições e todos os documentos que o 
profissional achar necessário anexar. 
Esses prontuários 
 são documentos os quaispor nós foram analisados e o êxito de 
nossa pesquisa se dará pelas informações neles contidos. 
O estudo se realizou através de pesquisa documental, a qual segundo Gil (1993, 
p.11), 
"vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analíti-
co, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos 
da pesquisa". 
Analisamos os documentos chamados de "documentos de segunda mão" (Gil, 
1993). Pois, estes documentos de alguma forma já foram avaliados e explorados ante-
riormente, no caso de nossa pesquisa trata-se dos relatórios e prontuários 
 dos casos 
selecionados para análise. 
A pesquisa documental consiste em um tipo de pesquisa qualitativa, que segundo 
Bogdam apud Godoy (1995, p.), define como: 
"as 
 características básicas que a pesquisa qualitativa possui é ter um 
ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como 
instrumento fundamental, é descritiva e o significado que as pessoas 
dão as coisas e à vida é a preocupação essencial da investigação, a 
preocupação do pesquisador é com o processo e não simplesmente 
com os resultados". 
2.2 Aspectos éticos da pesquisa 
Devido a estarmos trabalhando com seres humanos optamos em utilizar nomes 
fictícios, para resguardar o anonimato dos atores envolvidos na pesquisa conforme 
rege o código de ética do Serviço Social em seu artigo 16, que diz: 
Número de Casos Período 
setembro a dezembro de 1999 
Janeiro a dezembro de 2000 
50 casos 
107 casos 
20 
"o sigilo 
 protegerá o usuário em tudo aquilo de que o Assistente Soci-
al tome conhecimento, como decorrência da atividade profissional. 
Em trabalho multidisciplinar só poderão ser prestados informações 
dentro dos limites do estritamente necessário" 
2.3 Sistematização 
 da coleta de dados 
Optamos por uma pesquisa quanti-qualitativa realizada nos documentos do Pro-
grama no período 
 de setembro de 1999 a dezembro de 2000. Na parte quantitativa, 
coletamos vários dados, tanto da vitima quanto do agressor, além de dados sobre a 
localização e a sua procedência (verdadeiros ou não). 
No estudo de caso, 
 serão 
 analisados quatro(4) prontuários, dois de agressores 
incestuosos e dois de agressores pedófilos. Em nosso estudo optamos em nos direcionar 
para a figura do agressor, o perverso causador daquelas situações. Veremos que eles, 
quase sempre, possuem estratégias especificas para abordarem suas vitimas ou para 
manterem o abuso e o segredo deste. 
Através da pesquisa, 
 tínhamos 
 como objetivo levantar os dados que dessem 
 sub-
sídios para discussões 
 em torno de estratégias e métodos utilizados pelos agressores.Ao 
definirmos o objeto de pesquisa nos deparamos com a falta de dados sistematizados 
pela instituição, então criamos um instrumento de pesquisa (em anexo) para nos auxi-
liar no levantamento dos casos de violência sexual encerrados de setembro de 1999 a 
dezembro de 2000. 
Na pesquisa quantitativa dos casos encerrados de violência sexual realizado en-
tre o período 
 de setembro de 1999 a dezembro de 2000, obtivemos os números descri-
tos na Tabela 1. 
Tabela 1 - Número de casos analisados 
Fonte: Pesquisa de prontuários 
21 
Outro item analisado foi à 
 procedência dos casos, que podemos veri ficar no grá- 
fico 
Gráfico 1 - Veracidade (De acordo com os atendimentos prestados) 
60 - 
50-" 
40-v 
30-V 
 
20-v 	 c--1-5-_-_----. 
10-V 
Set. a Dez de 1999 Jan. a Dez de 2000 
Sem informação Dim procedente OProcedentel 
Após veremos a figura da vitima, qual a faixa etária e o sexo destas. 
Gráfico 2 - Sexo da Vitima 
 
Om asculino 
Ofem inino 
 
No gráfico 2, veremos a figura da vitima segundo a sua faixa etária. 
Gráfico 3- Idade da Vitima 
33% 
 
32°/ 
 
Doa 5 anos 
011 a 15 anos 
ElSem nformagão 
 
D6à 10 anos 
016 A 18 anos 
 
22 
No 
 gráfico 4, veremos a figura central de nosso estudo, a quem se destina 
figura do agressor. 
Gráfico 4- 
 Denúncias por regiões do 
 município 
 de Florianópolis 
18% 
27% 
Sul 
o 
 Ce ntral 
O Co ntine n te 
O Norte 
OSem Inform ação 
Gráfico 5- Agressores 
19 
43 
37 
O Pal 	 12 	 O Pad rast22 	 V izinho 
O Desconhecido O Outros 	 Sem Informação 
Devido a pouca informação registrada nos 
 prontuários 
 sobre os agressores sexu-
ais, somente 30 casos haviam as informações a seguir representadas graficamente. 
Gráfico 
 6- Agressor segundo cor 
O Branca O Negros O PardosOS/Informação 
Gráfico 
 7- Agressor segundo idade 
23 
3 
13 
8 
	
0 20-30 	 031-40 	 041-50 
	
051-60 	 0 mais de 60 OS/Informação 
Gráfico 8 - Agressor segundo escolaridade 
4 
 
15 
 
 
 
 
1 
0 Prim Arlo 	 D l. Grau Incompleto 
Dl. Grau Com pleto 0 2. Grau Com pleto 
03. Grau 
 Completo Os/Informação 
Gráfico 9- Agressor segundo profissão 
Ll• 
2 
0 Autônomo 
O Pedreiro 
0 Guardador de carros 
O Medico 
0 Aposentado 
O S/Informacâo 
0 Biscate 
0 Motorista 
0 Comerciante 
0 Desempregado 
El Vigia 
CAPÍTULO III 
A VIOLÊNCIA PRATICADA 
CONTRA CRIANÇA E ADO- 
LESCENTE 
25 
A violência é um fenômeno complexo que atinge de maneira alarmante todas as 
classes sociais independentes de idade, sexo, raça ou 
 religião, 
 fazendo parte atual-
mente de nosso cotidiano. 
Para compreendermos tal fenômeno, nos valemos de Azevedo & Guerra (1998, 
p. 176) que nos conceituam violência como: 
"uma realização das relações de form tanto em termos de classes 
sociais quanto em termos interpessoais. Em lugar de tomarmos a vio-
lência como violação e transgressão de normas, regras e leis, preferi-
mos considera-la sob dois outros ângulos. Em primeiro em urna rela-
ção hierárquica com fms de dominação, de exploração e de opressão, 
e em segundo lugar, como a ação que trata um ser humano não como 
sujeito, mas como coisa". 
Sabemos que em nossa Sociedade impera a "lei do silêncio", onde casos de vio-
lência praticados contra crianças e adolescentes são encobertos, e o principal "16cus" 
destas manifestações está no seio familiar. 
como nos coloca as autoras Azevedo e Guerra, (1995, p. 23), 
"sabemos, que a instituição familiar atravessa intensa crise, passan-
do a não garantir de forma segura a integridade fisica ou moral de v 
mostrando, muitas vezes, uma face cruel ao invés de sagrada, a 
 famí-
lia não pode ser considerada o centro de proteção para seus membros, 
pois viola muitas vezes os direitos fundamentais que lhes são própri-
os". 
neste contexto que abordaremos a família, não de forma idealizada , 
 mas fala-
remos de nossas famílias concretas, com virtudes e defeitos, inseridos em uma socie-
dade que enfrenta grandes desafios, influenciando e sendo influenciados por ela. 
Para melhor compreendermos a violência doméstica contra criança e adolescen-
te, tomaremos como base conceitual à 
 definição desse fenômeno que segue: 
"Todo ato de omissão praticado por pais, parentes ou responsáveis, 
contra crianças e/ou adolescentes que sendo capaz de causar dano 
fisico, sexual e/ou psicológico 
 à vitima, implica de um lado, numa 
transgressão do poder/dever de proteção do adulto, e de outro, numa 
coisificação da infância, isto, 6, numa negação do direito que a crian-
ça e adolescente tem de serem tratados como sujeitos e pessoas em 
condições peculiares de desenvolvimento" (Azevedo e Guerra, 1995). 
26 
A violência contra crianças e adolescentes não é um fenômeno novo em nossa 
história, sabe-se que desde os primórdios as crianças eram submetidas a várias formas 
de relações violentas. 
"As crianças e os adolescentes estiveram, em muitos 
 períodos da his-
tória, sujeitas desde a tenra idade a todos os castigos e sanções desti-
nadas ao adulto,incluindo até a pena capital. A história das crianças 
tem sido também a história de um mundo de violências perpetradas 
contra elas na forma de escravidão, abandono, mutilação, filicídio e 
espancamento. (Guerra apud , 1984, p. 21). 
Philipes Aries (1978) fala do assassinato de várias crianças pela história. Sendo 
que um dos métodos utilizados era o travesseiro que tirava a vida de muitos 
 bebês 
 
quando estes choravam durante a noite. Na sociedade espartana, Guerra (1984) narra 
que as crianças nascidas com defeitos fisicos 
 morrei-riam 
 assassinados porque não 
poderiam ser guerreiros, a violência contra crianças e adolescentes vai se dando dife-
rentemente em cada momento da história, permanecendo até os dias atuais. 
A violência doméstica contra crianças e adolescentes, classifica-se em quatro 
modalidades: violência sexual, violência fisica, negligência e violência psicológica. 
Violência psicológica "a interferência negativa do adulto (ou pessoa mais velha) 
sobre a competência social da criança, produzindo um padrão de comportamento 
destrutivo. Formas mais praticadas: rejeitar - quando não se reconhece o valor da 
criança/adolescente, nem a legitimidade de suas necessidades; aterrorizar quando da 
pratica de agressões verbais, instaurando clima de medo, atemorizando-a e fazendo-a 
crer que o mundo é hostil; isolar 
 - quando se afasta a criança de experiências comuns 
a sua idade e meio social; ignorar 
 - quando não se estimula o crescimento emocional e 
intelectual; corromper 
 - quando se induz à prostituição, ao crime, ao uso de drogas, 
produzir expectativas irreais ou extremadas, exigências sobre o rendimento (escolar, 
intelectual, esportivo, cultural)" (Deslandes apud Cavalazzi, 1995, p. 32). 
Violência Física é entendida como "o emprego da força 
 física 
 contra criança ou 
adolescente, de forma não acidental, causando-lhes diversos tipos de ferimentos e 
perpetrada pelos pais, irmãos ou responsáveis, ou seja, o emprego da força 
 física no 
processo disciplinar. (Guerra apud Cavallazi, 1995, p. 32). 
27 
Negligência "são os atos de omissão nos quais o adulto responsável não provê 
adequadamente os nutrientes para o corpo e psiquismo da criança e/ou adolescente: 
não oferece 
 supervisão e proteção adequada e está fisica e emocionalmente indisponi-
vel para a criança e/ou adolescentes" (Farinati apud Cavalazzi, 1995, p. 32). 
3.1 Violência Sexual 
Agora iremos nos deter a violência sexual por ela ser o alvo de nossos estudos. 
A violência sexual é um assunto delicado e perturbador, pois 
 implica na violação 
de tabus sociais como o incesto, passando a causar desconforto na 
 família 
 e principal-
mente na vitima. 
O abuso sexual é uma situação, onde a criança ou o adolescente é usado para 
gratificação sexual de um adulto ou mesmo de adolescente mais velho, baseado em 
uma relação de poder que pode incluir desde caricias até o abuso em si. 
A etiologia e os fatores determinantes do abuso, tem implicações diversas, pois 
envolvem questões culturais (caso de incesto) e de relacionamento (dependência soci-
al e afetiva entre os membros da 
 família), 
 o que dificulta a notificação e perpetua o 
-muro do silencio" (Abreu, 1997, p. 7). 
O abuso sexual compreende uma série de situações segundo Abreu (1997, p. 8), 
como o "voyerismo" a manipulação da genitalia, a pornografia, o exibicionismo, o 
assédio sexual, o estupro, o incesto e a prostituição 
 infantil, dividindo-se em dois tipos 
básicos: abuso sexual sem contato fisico e abuso sexual com contato fisico. 
a) Abuso Sexual sem contato fisico: 
1) Abuso sexual verbal: conversas abertas sobre atividades sexuais destinadas a 
despertar o interesse da criança ou do adolescente ou a 
 chocá-los. 
 
2) Telefonemas Obscenos: a maioria é feita por adultos, especialmente do sexo 
masculino, podendo gerar ansiedade na criança, no adolescente e na 
 família. 
 
3) Exibicionismo: a intenção, neste caso é chocar a vitima. O exibicionista é, em 
parte motivado por esta reação. A experiência pode ser assustadora para as vitimas. 
4) Voyerismo: o voyer obtém sua gratificação através da observação de atos ou 
órgãos sexuais de outras pessoas, estando normalmente em local onde não seja perce-
bido pelos demais. A experiência pode perturbar e assustar a vitima. 
28 
b) Abuso sex uaI corn contato físico 
 
1) Atos fisico-genitais incluem relações sexuais com penetração vaginal, tentati-
va de relações sexuais, caricias nos órgãos 
 genitais, masturbação, sexo oral e penetra-
cão 
 anal. 
2) Sadismo: abuso sexual incluindo flagelação, torturas e surras. 
3) Pornografia e prostituição de crianças e adolescentes 
 são 
 essencialmente ca-
sos de exploração sexual, visando fins econômicos. 
Devemos salientar que atualmente não usamos mais a nomenclatura prostitui-
ção, agora é usada a denominação exploração sexual, pois ha sempre um adulto envoi-
vido, usando a criança ou adolescente para objetivo próprio. 
c) Violência 
 Sexual Doméstica: sinais de alerta (Caravieri, 1997, p. 93-94) 
Indicadores na conduta da criança/adolescente 
1) Mudanças extremas, súbitas e inexplicadas no comportamento infantil ou ado-
lescente, como no apetite (anorexias, bulimias), mudanças na escola, mudanças de 
humor, etc. 
2) Pesadelos freqüentes, padrões de sono perturbados, medo de escuro, suores, 
gritos ou agitação noturna; 
3) regressão a comportamentos infantis, tais como: choro excessivo, neurose. 
chupar dedos; 
4) roupas rasgadas ou manchadas de sangue; 
5) hemorragia vaginal ou retal, dor e cólicas intestinais, genitais com prurido ou 
inchados ou secreção vaginal, evidência de infecções genitais (inclusive AIDS), sernem 
na boca, genitais, roupa; 
6) Qualquer interesse ou conhecimentos súbitos e não 
 usuais sobre questões 
sexuais. Insto incluiria o expressar afeto para crianças e adultos de modo inapropriado 
para uma criança daquela idade. Dois outros sinais são quando a criança desenvolve 
brincadeiras sexuais persistentes com amigos, brinquedos ou animais ou quando co-
meça a masturbar-se compulsivamente; 
7) medo de uma certa pessoa ou um sentimento generalizado de desagrado ao ser 
deixada sozinha em algum lugar ou com alguém; 
29 
8) comportamento agressivo, raiva, comportamento desruptivo, alheiamento, fuga, 
maus desempenho escolar; 
9) Uma série de dores e problems fisicos tais como: 
 erupções 
 na pele, 
 vômitos 
e dores de cabeça sem qualquer explicação médica; 
10) gravidez precoce; 
11) poucas relações com colegas, companheiros; 
12) Não quer mudar de roupa frente a outras pessoas; 
13) Fuga de casa, pratica de delitos; 
14) tentativa de 
 suicídio, depressões crônicas, psicoses; 
15) Diz ter sido atacado(a) sexualmente por parente ou responsável; 
16) Prostituição infanto-juvenil; 
17) Toxicomania e alcoolismo; 
18) Nanismo psicossocial. 
_ 
MITO FATO 
1. A vitimização sexual é rara Pesquisas recentes indicam que 1 em 3 A 4 meninas em I 
em 6 ã 10 meninos serão vitimas de abuso sexual até a 
idade de 18 anos. 
2. As crianças menores de 10 anos 
estão a salvo Mais de um terço das notificações envolvem crianças de 
5 anos ou menores. 
3. Se as crianças forem ensinadas a 
evitar "estranhos perigosos" elas não 
serão sexualmente vitimizadas. 
85-90% dos agressores são conhecidos da criança. 
Qualquer adulto ou criança mais velha pode ser urn 
agressor sexual. 
4. Os agressores são homens velhos 
violentos, alcoólatras e 
desempregados, são sexualmente 
depravados, homossexuais, 
retardados ou loucos , 
Geralmente os agressores parecem normais, sob vários 
aspectos. Os crimes sexuais têm sido cometidos em todos 
os níveis sócio-econômicos e em todos os grupos raciais, 
religiosos e étnicos. Crianças são vitimizadas no campo e 
nacidade. A maioria dos agressores sexuais são homens 
heterossexuais e têm acesso a relação sexuais com 
adultos. 
5. Se uma criança "consente", é porque 
deve ter gostado, se ela não diz "não" 
é porque não é abuso 
Vitimização sexual nunca é culpa ou responsabilidade da 
criança. 0 agressor sexual tem inteira 
 responsabilidade 
 
pelo crime, qualquer que seja forma por ele assumida 
muito abuso se dá sem uso da força fisica. 
1 
30 
6. Vitimização sexual costuma ser um 
único ato violento que envolve 
conjunção carnal, 
A vitimização sexual pode incluir telefonemas obscenos. 
exposição de genitais ou seios, mostrar a uma criança 
materiais pornográficos, prática 
 de atos 
libidinosos(incluindo masturbações), 
 relação (ou 
tentativas) sexuais orais/anais/vaginais e exploração da 
criança através de prostituição e/ou produção de 
pornografia. 
7. Se os agressores são detidos e 
prometem parar, geralmente o fazem 
Os agressores nunca procuram um tratamento para 
parar um abuso voluntariamente, eles podem parar de 
vitimizar uma dada criança, mas logo podem fazer o 
mesmo contra outra. A vitimização quase sempre 
continua de um modo de outro, a menos que o agressor 
esteja em tratamento em alguma instituição 
especializada. 
8. A maioria das crianças esquecerá 
 a 
vitimização, desde que os adultos não 
lhes relembre-na. 
Quando não costumam esquecer. Elas podem tentar 
ocultar seu sofrimento, sua confusão e seus ódios 
porque acreditam que os adultos não querem ouvir falar 
disso. Elas podem interpretar o silêncio adulto como 
censura de raiva. t muito, importante que a vitima, o 
agressor e o pai (mãe) não agressor recebam tratamento 
terapêutico especializado. 
9. Crianças só não revelam "o segredo" 
se tiverem sido ameaçadas com 
violência 
Crianças podem não falar por medo de violência contra 
si ou contra alguém 
 que amam. Elas também não 
contam quando temem censura e temem acarretar 
ruptura da família. 
I O. Falar sobre "toque" e vitimização 
sexual fará com que pais e filhos se 
sintam desconfortáveis em relação 
ao afeto normal. 
Todas as pessoas necessitam contatos 
 físicos. Abuso 
sexual não deve ser confundido com contatos entre um 
adulto e uma criança que estiverem expressando 
amor. Contatos sexualmente abusivos são em 
beneficios do agressor, não da criança. 
I 1. Crianças inventam histórias de 
vitimização 
Crianças raramente inventam histórias de vitimização 
sexual. Crianças geralmente falam a partir de sua 
própria experiência e não podem fabricar informação, a 
menos que tenham sido exposta a ela. 
12. Meu (minha) filho 9a) jamais sera 
sexualmente vitimizado 
Toda as crianças são vulneráveis i vitimização sexual 
devido A sua inocência, confiança nos adultos, tamanho, 
vontade de agradar e necessidade de afeto. 
Fonte: Des/andes (1994). 
CAPÍTULO IV 
OS AGRESSORES SEXUAIS 
32 
4.1 Incesto 
Quando falamos em violência sexual devemos esclarecer que há duas categorias 
a qua] iremos nos deter, a primeira é a categoria do incesto e a em segundo a pedofilia. 
Iremos 
 começar pela categoria do incesto a qual é definida por Forward & Buck 
(1989, p. 11) por duas definições: a defmição legal e a defmição psicológica. 
A definição legal se limita A, relação sexual entre 
 indivíduos 
 com um grau próxi-
mo de parentesco. Esta defmição passa ao largo de uma enorme variedade de experi-
ências e abusos sexuais e é uma das razões porque muitas vitimas que forma submeti-
das a caricias, forçadas a sujeitar-se ou a realizar sexo oral, fotografadas ou invadidas 
e exploradas de outras formas, sequer perceberam que foram vitimas de incesto. 
A definição psicológica de incesto é mais abrangente e esta afirma que o incesto 
é qualquer contato abertamente sexual entre pessoas que tenham um grau de parentes-
co ou que acreditem tê-lo. Esta definição, inclui padrasto e madrasta, meio-irmãos, 
avós por afinidade e até mesmo amantes que morem junto com o pai ou com a mãe, 
caso eles assumam o papel de pais. Esta definição que utilizamos para levantar os 
dados da pesquisa; 
A violência sexual doméstica de natureza incestuosa segundo Azevedo & Guer-
ra (1997) é considerada um tabu, isto 6, uma interdição social já que se trata de "um 
escândalo na estrutura familiar". No Brasil, o incesto -incluindo ou não menores de 18 
 
anos de idade - era considerado desde os tempos da colônia como crime abominável a 
Deus e aos homens, visto que por ele se tirava a confiança que deve haver entre os 
parentes (Araújo, 1993). 
Vigarello (1998) nos mostra que esse tipo de violência no século XVII, era con-
siderado como um pecado, e que tanto a vitima como o agressor teriam a mesma 
culpa. 
Para compreendermos, devemos observar, em relatos da época: 
"Em 1768, em Damarcourt, a adolescente após ser solicitada e vio-
lentada por seu pai, é condenada a um banimento de cinco anos sem 
que a razão fosse explicitada, assim também como o agressor foi con-
denado há nove anos nas Galés" (Vigarello, 1998, p. 41). 
33 
A referência à violência se apaga diante da referência a abjeção, isto 6, ao último 
grau de baixeza moral, a adolescente se torna culpada, depois de ter sido vitima, con-
denada após ter sido violentada, suspeita de ter concedido ao abuso. 
Nesta época o abuso é considerado igual tanto para mulher já adulta quanto para 
a criança, mas isso não perdura muito, pois se começa a questionar a figura do pai até 
então patriarca, 
 inquestionável, 
 tornando as vitimas mais independentes de seus tuto-
res e do erro moral a qual estavam submetidas. (Vigarello, 1998). 
Mas à distância no firn deste século, entre o ideal, ainda é distante, a legitimação 
dos direitos da criança é lenta e gradual, começa-se a aumentar o registro de denúncias 
de violência praticada contra a criança e adolescentes e começa-se agora ter o apoio da 
opinião pública, como ação punitiva e protetora. 
0 incesto é um fenômeno que ocorre nas 
 famílias 
 ditas incestogenicas e estas 
possuem 
 características 
 próprias que segundo Azevedo e Guerra (1999) são: 
a) o afeto (pelo menos entre certos membros) é dado de forma erotizada; 
b) a comunicação não pré-aberta, possibilitando a instalação e manutenção de 
um cômodo (para o agressor) complet de silêncio na qual a criança vitima se cala, 
enquanto os demais membros se cegam a enxergar a realidade; 
c) o ideário e as práticas familiares incluem como regras de ouro: o respeito 
inconteste á autoridade do pai de 
 família, 
 a obediência necessária dos filhos, a discri-
minação entre papéis de gênero com conseqüente defesa da mulher-criança como ob-
jeto sexual do poder masculino; 
d) é uma família 
 na qual faltam limites claros em termos inter ou intrageracionais 
o que decorre de sua estrutura e funcionamento básicos tal como se 
 indicará mais 
ad iante. 
 
A 
 família incestogenica é aquela na qual as 
 interações 
 entre seus membros atra-
vés de mensagens verbais e não verbais, implícitas e explicitas, são manipuladas da 
criança ou adolescente vitima, 
 forçando-a 
 a uma transação interdita 
 culturalmente: o 
incesto. (Azevedo & Guerra, 1999, p. 11). 
Segundo Azevedo & Guerra (1993, p. 11-12) a 
 família 
 incestuosa enquanto sis-
tema social apresenta várias 
 características. 
 
34 
Primeira: é uma família 
 capaz de produzir e reproduzir o abuso incestuoso, 
 gra-
ças 
 as suas condições concretas de estrutura e funcionamento, ou seja, ela é gestadora 
e alimentadora da violência incestuosa. 
Segunda: a Gênese e o desenvolvimento da violência sexual incestuosa são 
 pos-
síveis 
 porque a 
 família 
 incestogênica é um sistema no qual há: 
a) uma grande confusão em 
 nível 
 das fronteiras intergeracionais e das identida-des de seus membros. Por exemplo, no incesto pai-filha, a transgressões das fronteiras 
é clara no momento em que a filha passa a ser "esposa" do pai, nivelando ao mesmo 
tempo mãe e filha. 
b) fronteira organizacional muito pouco 
 permeável 
 ao exterior. A conseqüência, 
é a de um "viver 
 simbiótico", 
 com relações exteriores rarefeitas e pouco consistentes. 
Ao mesmo tempo, as relações intrafamiliares são rígidas, estruturadas no principio da 
homeostase, segundo o qual qualquer mudança seria um terror a evitar. A família 
incestogenica 6, portanto, uma 
 família 
 resistente a mudanças; 
c) uma organização fundada num segredo o qual as vezes persiste de geração a 
geração. 0 segredo é o não dito que contribui para fazer incesto um crime perfeito: só 
a vitima por testemunha, silenciosa ante a ameaça sempre presente - das 
 terríveis 
 
conseqüências de uma possível 
 revelação do segredo (descrédito, morte, desestruturação 
familiar, etc). 
d) Uma aparente coesão. 
 Na família 
 incestogenica, ligação incestuosas funciona 
com um sistema, cuja função é a de manter a 
 família 
 temporariamente unida, embora 
já este desunida. Por isso mesmo, há autores que consideram a 
 família 
 incestogenica 
como um subtipo da 
 família 
 disfuncional, cujo protótipo seria o da família 
 desunida - 
reunida pela reinteração da violência sexual. 
e) A constelação de forças configura o que podemos chamar de ditadura familiar. 
0 poder, em geral, se exerce despoticamente: concentrada na figura do pai (patriarca) 
ou seu representante. Discricionário em relação aos fracos do sistema porque depen-
dem daquele (mulher, filhos, etc). Imprevisível: o patriarca faz as leis de forma abso-
lutista e as transgride na medida de seus interesses e desejos. Nutre-se do terror da 
revelação (do abuso) como uma das formas de impedir a subversão de ordem familiar 
e assegurar o domínio 
 sobre os fracos do sistema. 
35 
Mitologicamente, o incesto é considerado como ato cometido por um adulto 
mentalmente "perturbado" sobre uma pequena vitima, haja vista ser comprovada um 
pequeno número de agressores com problemas mentais. Para Weinberg (1995) descre-
veu dois tipos de 
 famílias 
 incestuosas: a) família 
 que vive no "deboche", sem nenhu-
ma regra, onde os pais desse tipo são associados muitas vezes ao alcoolismo, têm 
grande liberdade de costumes e apresentam desvios importantes; b) o segundo tipo é o 
"endogamico" que é totalmente diferente. A 
 família 
 não se faz notar, nem apresenta 
desvios de comportamento associal nem as crianças têm dificuldades escolares. 
Para Ana Freud apud Caravieri (1997, p. 94-95) existem alguns indicadores de 
conduta de pais ou responsáveis de 
 famílias incestuosas: 
- são extremamente protetores ou zelosos da criança e/ou adolescente; 
- estimulam a suas crianças/adolescentes a práticas sexuais e/ou prostituição; 
- enfrentam dificuldades conjugais; 
- abusam de álcool e/ou drogas; 
- freqüentemente são ausentes do lar; 
- são sedutores insinuantes, especialmente com crianças e/o adolescentes. 
Muitos desses sinais podem ser indicadores como apenas sinais de perturbação 
emocional de todos os tipos, não indicando necessariamente o abuso sexual. mas um 
conjunto deles aumenta a possibilidade da ocorrência de um abuso sexual incestuo- 
SOS. 
4.1.1 0 agressor incestuoso 
Passamos agora a nos centrar na figura do agressor incestuoso, o qual não só 
acomete o abuso para satisfazer necessidades puramente sexuais, mas também, usam 
o sexo como tentativa baldada de satisfazer uma série de necessidades emocionais. As 
vezes, para se defender de sentimentos profundos de desajuste. 
Para Vieira & Abreu (1997), um pai comete incesto como um 
 exercício de poder, 
uma demonstração de poder por isto muitas vezes é frustrado fora de casa, ou em suas 
relações familiares com adultos. 
0 molestador incestuoso é usualmente o adulto do sexo masculino (pai, padrasto 
ou namorado da mãe que mora junto) que molesta dentre as crianças do sexo femini- 
36 
no, segundo 
 estatísticas, 
 Vieira & Abreu (1997). Dentre os agressores sexuais a pre-
sença feminina é diminuta, este dado, aliados a outros, sugere que o abuso de meninas 
e adolescentes constitui um componente importante da socialização da mulher para 
submeter-se ao poder do homem. Isto não significa a inexistência de abusos sexuais 
de meninos, embora pesquisas revelem o percentual de meninas sendo o dobro. (Aze-
vedo e Guerra, 1989, 
 P. 18). 
4.1.2 Estratégias do agressor incestuoso 
Embora possa ocorrer abuso fisico o molestamento é usualmente reservado e 
efetuado 
 através 
 de ameaças ou constrangimentos mentais onde eos agressores afir-
mam que a vitima sera banida da 
 família 
 se ela não sucumbir aos seus desejos; que ela 
sera culpada por magoar a 
 família 
 se o ele for preso, ou que um irmão ou irmã possa 
ser vitimizado se ela não consentir ao abuso. Através da intimidação, a vitima é levada 
a se sentir responsável pelo abuso e por guardar os atos como segredo. Este segredo é 
guardado pela vitima e pelo agressor, ou intimamente dentro da 
 família (família 
incestogenica). 
E como aponta Furniss (1993, p. 21): 
"espera-se que o pai em seu papel de progenitor, trace as fronteiras 
adequadas, dele espera-se a guarda da honra, da integridade fisica e 
moral de seus filhos até a maturidade, zelando pela sobrevivência e 
pelo desenvolvimento bio-psíquico-moral de seus filhos, até que es-
tes respondam por sua própria atividade sexual. Isso significa que 
mesmo que uma criança se comportasse de maneira abertamente se-
xual, seria sempre responsabilidade do pai estabelecer 
 "limites". 
 
Nem mesmo o mais sexualizado ou sedutor comportamento, jamais poderia tor-
nar a criança responsável pela resposta adulta de abuso sexual, sabemos que a pessoa 
que comete abuso satisfaz seu próprio desejo sexual, ern resposta à necessidade da 
criança de cuidado emocional. As crianças pedem amor e carinho, mais os adultos 
abusivos lhes dão sexo. 
4.2 A pedofilia 
Dentre os tabus sexuais mais repelidos pela ideologia ocidental contemporânea 
está a pedofilia, pois tendo como pressuposto que o sexo é sinônimo de pecado, que a 
37 
sexualidade destina-se à reprodução da espécie e só pode ser praticado por seres ma-
duros, 
 aproximá-los 
 dos prazeres eróticos equivaleria a profanar a sua própria nature-
za. 
Esta categoria dos chamados pedófilos, é conceituada segundo a literatura, por 
estes terem preferência sexual por crianças e adolescentes. Pedofilia é um diagnóstico 
psiquiátrico, 
 da Americam PsychIotric Assocition (Associação Psiquiátrica America-
na) que define pedofolia como o "ato de envolver em atividade sexual com criança 
pré-pubere como método exclusivo, ou repetidamente preferido de conseguir excita-
ção sexual. Em termos genéricos o pedófilo é um indivíduo mais velho cujas fantasias 
e/ou atos eróticos tem a criança ou o adolescente como foco. 
Em nossa tradução luso-brasileira, as relações entre adultos e crianças e/ou ado-
lescentes, além de freqüentes, não eram condutas das mais condenadas pela Teologia 
Moral, pois mesmo quando realizada com 
 violência, 
 a pedofilia em si nunca chegou a 
ser considerada um crime específico por parte da inquisição. 
E como podemos observar no exemplo a seguir: "em 1746, um menino de 5 anos 
foi levado para um porão e usado por traz por um moço de 20 e tanto anos". 
A casos deste tipo os reverendos dos inquisitores não davam a menor importân-
cia 
 a essas cruéis violências e arquivavam as denúncias (Priores, 1995). 
Os casos de pedofilia na antiga França ainda poderiam ser constatados na segun-
da metade do século XIX como fato cometido por pessoas como vemos no relato. 
"Um homem acusado de tentativasinfames, contra a pessoa de duas 
crianças fora absolvido por uma razão julgada na época evidente, os 
encantos de sua mulher que era de uma beleza notável, contrastavam 
com a fisionomia comum e sem graça das queixosas, sendo que o 
acusado não poderia atacar crianças sendo casado corn uma mulher 
tão bela (Vigarelo, 1998, p. 173). 
Vieira & Abreu (1997, p. 123) nos descrevem que a 
 família com só a mãe, é 
particularmente vulnerável à 
 pedofilia. O pai ou a mãe normalmente tem um trabalho 
durante o dia e está tentando preencher, ocupar a função de pai e mãe 
 ao mesmo 
tempo. Em muitos casos o pai ou a mãe é simplesmente incapaz de dar suporte psico-
lógico de que a crianças necessita. Estes fatores podem contribuir para o sucesso do 
38 
pedófilo, 
 já que este pode e vai prover o cuidado e a atenção, apesar do quão superfi-
cial possa ser, o qual pode estar faltando em casa. E claro, problemas em 
 famílias 
 
completas também podem tornar as crianças vulneráveis aos pedófilos. 
4.2.1 0 agressor pedófilo 
Como já colocamos, a pedofilia é um diagnóstico psiquiátrico, mas para poder-
mos identificá-lo iremos levantar agora algumas 
 características 
 que podem nos ajudar 
a caracterizar um agressor deste tipo. 
Os pedófilos se orgulham de seu interesse sexual por criança ou adolescente, 
mas estes, por possuirem medo de serem apreendidos, podem nunca molestar fisica-
mente uma criança mas lucram com gratificações sexuais através de pornografia in-
fantil e/ou erotismo infantil. 0 pedófilo é o produto e o consumidor, sendo muitas 
vezes o distribuidor comercial de pornografia infantil. Seu desejo 6 fazer com que a 
criança obedeça a seus pedidos e não informar a ninguém a natureza de seu relaciona-
mento abusivo (Vieira & Abreu, 1997). 
Segundo Abreu & Vieira (1997, p. 122) estudos já mostraram que muitos pedófilos 
preferem crianças de uma faixa etária especifica ou determinada 
 estágio 
 de desenvol-
vimento. Quando as crianças passarem desta idade, o pedófilo em geral 
 irá 
 determinar 
este relacionamento esteja neste estágio de desenvolvimento. 
Este tipo de agressor usa de material pornográfico descrevendo crianças ou ado-
lescentes envolvidos em atividades sexuais que freqüentemente usado para induzir 
novas vitimas. O pedófilo costuma dizer a eles que a atividade sexual é normal, e 
fotografias, revistas, filmes e videos são usados com evidencia disso. 
Para compreendermos melhor a figura do agressor pedófilo iremos agora citar 
algumas 
 características e indicadores comportamentais segundo as autoras Vieira & 
Abreu (1997, p. 124-125) as quais nos colocam que o agressor pode ser: 
1) Comumente um adulto do sexo masculino; 
2) Usualmente é solteiro; 
3) Trabalha num vasto campo de ocupações, desde trabalhador sem instrução até 
um executivo de corporação; 
4) Se relaciona melhor com crianças do que com adultos; 
5) Se socializa com poucos adultos, a menos que sejam pedófilos; 
39 
6) Usualmente preferem crianças de uma faixa etária especifica. 
7) usualmente preferem tantos meninos como meninas, poder ser bissexual. 
8) Pode procurar por emprego ou programa de voluntários envolvendo crianças 
e adolescentes. 
9) Persegue crianças para fazer propostas sexuais. 
10) Freqüentemente fotografa ou coleciona fotografas de suas vitimas, tanto ves-
tidas quanto nuas, ou em atos sexuais 
 explícitos. 
 
11) Coleciona erotismo infantil e pornografia com criança e adulto: 
a) para diminuir a inibição das crianças; 
b) para fantasiar quando nenhuma vítima potencial esta disponível; 
c) para aliviar as atividades sexuais; 
d) para justificar suas atividades. 
12) Pode possuir e fornecer 
 narcóticos 
 para suas vitimas como 
 propósito 
 de di-. 
minuir suas inibições. 
13) 
 É suficientemente inteligente para reconhecer que ele tem um problema 
pessoal e entende a severidade dele. 
14) Pode atingir graus elevados para tentar esconder suas atividades 
 ilícitas. 
 
15) Normalmente racionaliza suas atividades 
 ilícitas 
 enfatizando impacto positi-
vo sobre a vitima e reprimindo sentimentos quanto ao mal que ele causou. 
16) Normalmente retrata a criança como agressora. 
17) fala a respeito da criança como se falasse de amante ou esposa adulta. 
18) 
 É normalmente vitima de molestação infantil (com freqüência procura por 
vitimas no mesmo estágio de desenvolvimento que estava quando foi molestado). 
19) Freqüentemente procura por pub licações e organizações que dêem suporte 
as suas crenças e práticas 
 sexuais. 
20) Usualmente se corresponde com outros pedófilos e troca pornografia infanti l 
 
com prova do envolvimento. 
21) Em geral não é violento e não tem problemas com a justiça (são 
freqüentemente membros respeitados da comunidade). 
40 
4.2.2 Estratégias do agressor pedófilo 
Os pedófilos passam tempo desenvolvendo relacionamentos com as crianças que 
desejam explorar. Segundo Vieira & Abreu (1997), eles as levam para o parque, uma 
praia ou a qualquer lugar que a criança deseja ir, em adição estes podem oferecer-lhes 
presentes, qualquer coisa desde um doce ou um brinquedo até uma viagem ou um 
carro. Quando uma aproximação positiva foi desenvolvida, estes fazem suas investidas 
sexuais. 
Algumas vezes os agressores dão as suas vitimas bebidas alcoólicas, drogas ou 
narcóticos para embotar seus sentidos e toma-las mais susceptíveis 
 ao abuso durante 
este tempo, ped6filos continuamente encorajam suas vitimas dizendo a elas que não 
há nada de errado com a atividade sexual: "se eles (crianças fotografadas, podem fazer 
isso você pode fazer 
 também) Vieira & Abreu (1997). 
necessário salientar que tais características, nos ajudar a detectar o possível 
diagnóstico de pedofilia, mas isso se estes forem analisados em conjunto. 
4.3 As estratégias comum do abuso incestuoso e pedófilo 
Há um processo comum a vários casos de abuso, querem eles tenham sido come-
tidos por parentes ou por uma pessoa fora da família. Os agressores tern uma estraté-
gia relativamente clara para envolver suas vitimas. Mas um aviso precisa ser dado 
antes de se desconsiderarem as fases típicas de um abuso. 
A primeira vista, existem tantas variações e exceções à regra que praticamente 
invalidam a suposição de que há um padrão. 0 fato é que os detalhes variam conforme 
o caso: cada pessoa sofre o abuso de um modo (mica. Então, qual é o objetivo de se 
discutir um padrão comum se existem tantas variações? O 
 propósito é o mesmo de se 
estudar a gramática de uma lingua qualquer. Pode haver mais exceções à 
 regra do que 
a própria regra, mas se a regra é aprendida, as exceções podem ser tratadas. 
Na maioria dos casos, o abuso não é algo que acontece a partir do nada, de 
repente e de maneira imprevista, praticada por alguém que se esconde atrás dos arbus-
tos e espera por uma criança inocente que passe por seu caminho. De fato, a grande 
maioria dos abusos ocorre entre membros da família ou por alguém conhecido da 
vitima (Allender, 1999). 
- 
41 
0 abuso sexual normalmente segue uma seqüência de estágios, segundo Allender: 
Primeiro estágio: desenvolvimento de intimidação e discrição. Sua essência é a 
oferta de um relacionamento de intimidade, privilégios especiais e de recompensa. 
Segundo estágio: contato fisico aparentemente apropriado. Esse segundo está-
gio é essencialmente a aproximação através de contato 
 físico 
 sexual, este estagio é a 
seqüência lógica da introdução da intimidade relacional e da disposição de ocultar 
algo. 
Terceiro estágio: o abuso, este acontece num contexto de vazio, confusão e soli-
dão, um contexto que prepara a vitima para um desconcertante 
 relacionamento 
 de 
traição, ambivalência e impotência A medida que o adulto passa de uma fase A outra do 
processo. 0 envolvimentoinicial se mostra como algo que nutre a alma e, quando o 
toque fisico é oferecido, os sentidos são misturados com a excitação do relacionamen-
to e o despertar de vida. 
Quarto estágio: a manutenção do abuso - o estágio final do abuso 6, de muitas 
maneiras similar ao primeiro estágio: o desenvolvimento de intimidade e discrição. 
Ern oposição ao primeiro estágio, contudo, os dias gloriosos se foram para nunca mais 
voltar. 0 agressor vai usar qualquer artimanha a seu alcance para instalar lealdade e 
temor no coração da vitima, visando assegurar silencio e complacência. 0 medo é 
introduzido através de ameaças e a lealdade através de privilégios. Normalmente o 
medo está baseado em ameaças físicas ou psicológicas, ou uso real de força e violên-
cia. 
4.4 Resgate histórico do perfil bio-psicológico dos agressores sexuais 
Na França antiga, a imprensa e os estudiosos buscavam uma fisionomia do agressor 
sexual. As 
 transgressões 
 violentas, neste período 
 visavam primeiro aos seres mais 
frágeis, como crianças, domésticas, &fa's e outras. 
0 agressor sexual passou a ser identificado primeiramente por Gall apud Vigarello 
(1998) como alguém que possuísse um desenvolvimento excessivo de cerebelo, o 
órgão da "energia generativa", e por seus relevos e protuberâncias na nuca. 
Mas tarde, o exame passa a não se limitar mais no rosto, agora estende-se ao 
conjunto do corpo onde enfermidades e taras hereditárias poderiam inverter o progres- 
42 
so favorecendo atos transgressivos. Os criminosos seriam 
 então, indivíduos 
 que flea-
riam para trás na evolução, constituiriam uma "raça 6 parte" (Vigarello, 1998). 
0 homem violento é transformado em um ser de sinais variados, os levantamen-
tos se acumulam: medidas detalhadas da anatomia e comparações antropométricas 
dos acusados. No entanto, essa busca ilimitada de traços fisicos não podia continuar 
merecendo crédito durante muito tempo. 
0 agressor passa então a ser visto sob novos olhares no final do século XIX, os 
atentados sexuais passa a ter uma referência de cultura, o agressor passa a ser visto 
como "herói fracassado", como um "tirano timido", a figura de homens selvagens 
agora é destruída. 
Em meados do século XIX, as cifras de denúncias ilustravam os efeitos de uma 
menor tolerância à violência, mostrando as mudanças na percepção da infância; Como 
o investimento nesta muda a forma e intensidade. Começa-se um novo controle das 
famílias, 
 associando-as a novas expectativas pedagógicas leis sobre o trabalho de cri-
anças e leis sobre a infância maltratada. 
Segundo Vigarello (1998, p. 247) o agressor ou o estuprador continua atualmen-
te sendo percebido como um ser marginal, indigente ou vagabundo, 
 indivíduo degene-
rado ameaçando como que de fora um mundo que supostamente o exclui. Sua nocividade 
contra suas vitimas continua sendo também em grande parte social, mobilizando uma 
inquietação que não é a nossa: temor das aprendizagens pervertidas, efeitos centrados 
na depravação e menos na integridade interior ou na perda de si. A criança violentada 
seria depravada tanto quanto a vitima, prisioneira de maus exemplos, maculada tanto 
quanto transviada. 
importante que nos detenhamos a vermos que a figura do agressor incestuoso 
não pode ser definido, pois este se encontra democraticamente presente em todas as 
classes sociais. 
CAPITULO V 
DETALHAMENTO DA PESQUISi 
QUALITATIVA 
44 
Neste capitulo, vamos apresentar através de estudo e análise, 
 os dois tipos de 
violência sexual, o incesto e a pedófilia, os relacionamentos com a teoria apresentada 
no transcorrer do trabalho com a realidade que serão aqui apresentadas. 
5.1 Descrição e interpretação 
5.1.1 Primeiro Caso: Agressor Incestuoso 
I - Identificação 
Nome: Mariana 
Idade: 9 anos 
Nome do agressor: João 
Idade: 22 anos 
Vinculo: padrasto 
II - Resumo da 
 situação denunciada 
Na data de 29 de março de 2000, o Programa registrou a denúncia de que o 
padrasto, estava abusando sexualmente de sua enteada e que este exibia seus órgãos 
genitais a ela, além de agredir psicológica e fisicamente tanto a ela quanto a seus 
irmãos (Michele 8a Pedro 6 a) . 
HI - Abordagem com a Vitima 
Na primeira abordagem, a vitima relatou-lhes que seu padrasto era muito "bra-
vo" e não aceitava que estes fizessem nenhum tipo de barulho. 
Relatou-lhes em outra abordagem que este, gostava de agarrá-la pelas costas e 
pedia para cariciar seu pênis, além disso, à chamava de "rapariga", termo usado para 
prostitutas no Nordeste, lugar de origem do agressor, que gostava de "desfilar nu" pela 
casa e a abrigava a tomar banho em sua presença. Colocou-lhes ainda que este batia 
em seus irmãos e os colocava para fora da casa, quando este queria "fazer coisas". 
IV Abordagem Comunitária 
Em abordagens comunitárias, os vizinhos colocaram que Sr. João, é "louco", 
pois todos ali tem medo de sua pessoa, pois age sem pensar, e bate tanto na esposa 
quanto nas crianças na frente de todos, sem a "menor cerimônia" quando bebe, os 
45 
vizinhos acham que ele também faz uso de drogas pois a casa é visitada por pessoas 
suspeitas. 
V Abordagem com a Genitora 
Em abordagem com a genitora, esta relatou que a 
 família é proveniente do nor-
deste do pais (Recife) e que mora há pouco mais de um ano em Florianópolis, que foi 
casada com o pai das crianças, mas o casamento não deu certo. 
 Após 
 a separação 
conheceu João, que de inicio demonstrava ser uma boa pessoa, mas que depois de 
algum tempo começou a ficar extremamente violento e com freqüência fazia uso de 
álcool e drogas (maconha e cocaína). 
 
VI Abordagem com o Agressor 
Em abordagem, o Sr. Joao se mostrou "desequilibrado -, pois relatou ter tentado 
se suicidar, mostrando alguns arranhões na testa. 
Quando questionado sobre a denúncia, este colocou que não gostava de Mariana, 
por ela ser uma menina que mentia, e verbalizou "isto é o que cld ter mulher em casa, 
s6 incomoda". Colocou que apenas brincava com ela "pois não tinha mais o que 
fazer", disse que queria que a genitora voltasse para casa, mas que as crianças poderi-
am morar com a avó. 
VII Procedimentos 
Após a intervenção do Programa o agressor, ameaçou a esposa e os filhos de 
morte e estes foram todos abrigados na Casa de Passagem, instituição de apoio aos 
programas de proteção 6. criança e ao adolescente. A 
 família 
 ainda recebeu atendimen-
to psicológico promovido pelo Programa. 0 caso foi registrado na 6 4 
 Delegacia da 
Capital, sendo após efetuado o exame de lesões corporais, o caso foi repassado ao 
Conselho Tutelar do Continente e ao Juizado da Infância, sendo a esses enviado rela-
tórios. 
VIII Situação da Vitima após atendimento 
Após a intervenção do Programa, a 
 família 
 foi repassada aos cuidados do C.T. e 
Juizado da Infância, 
 sendo que o agressor foi afastado da vitima e da genitora, sob 
46 
pena de prisão. 
Algum tempo depois fomos informados que a genitora voltou a conviver mari-
talmente com o agressor, colocando novamente a vitima sob risco de agressão. 
Programa novamente comunicou via relatório o Juizado da Infância, a ()A Delegacia de 
Policia e o Conselho Tutelar para que tomassem providências, pois haviam evadido-se 
do antigo endereço e que agora, responsabiliza-se a genitora por conivência a tal situ-
ação. 
IX Estratégia do agressor 
Neste caso de abuso incestuoso padrasto e entedada, o agressor usou como estra-
tégia a violência psicológica (ameaças de surras e de morte), pois a convivência com a 
vitima diariamente dava suporte para que este conheçese e compreendesse os medos 
da vitima os quais ele iria usar para conseguir o abuso. 
X Interpretação 
Trata-se de uma forma de incesto entre padrasto e enteada. Ao analisarmos o 
prontuário 
 aqui descrito, vimos que a vitima além daviolência sexual (assédio, atos 
libidinosos) sofreu também violência fisica e psicológica por parte do agressor. Fica 
claro através dos relatos aqui descritos, que o agressor possui comportamento 
disfuncional, pois além de andar nu pela casa na presença das crianças, relatou tentar 
suicídio coin a saída 
 da genitora do lar e as 
 ameaçasse 
 de morte caso estas não voltas-
sem. 
A família 
 aqui analisada se encaixa no sistema social, apresentado pelas autoras 
Azevedo & Guerra (1993) a qual apresenta várias 
 características. 
 Vejamos algumas: 
primeira a família 
 incestuosa é capaz de produzir ou reproduzir o abuso, pois ela 
mesma é geradora e alimentadora da violência, outra 
 característica é a confusão ao 
nível de fronteiras das identidades de seus membros, onde a vitima é nivelada a posi-
ção de esposa, tendo que agir como se fosse. E uma outra característica é a constela-
ção de forças que configura o que podemos chamar de ditadura familiar, concentrada, 
neste caso, na figura do padrasto. 
47 
5.1.2 Segundo Caso: Agressor Incestuoso 
1 
 Identificação 
 
Nome: Viviane 
Idade: 15 anos 
Nome do agressor: Antônio 
Idade: 40 anos 
Vinculo: padrasto 
II Resumo da denúncia 
 
Em 08 de junho de 2000,0 Programa registrou denúncia de que o Sr. Antônio era 
alcoolista e desde 1998, vinha assediando sexualmente sua enteada. Sendo que a poli-
cia militar era chamada constantemente devido As agressões e investidas sexuais, já há 
porém, 
 registro na 64 
 Delegacia de Policia e processo no Fórum. 
III Situação das Vitimas 
Com faz parte dos procedimentos do Programa, o técnico constatou que a 
 famí-
lia já havia sido atendida, onde a mesma vitima tinha chegado com lesões fisicas 
decorrente de uma surra perpetrada pelo padrasto (Sr. Antônio). 
Na ocasião, a criança em abordagem confirmou os fatos, porém suas lesões no 
pescoço estavam praticamente imperceptíveis. 0 padrasto alegou fazer uso de violên-
cia 
 física 
 como método disciplinar, sendo que a mãe defendeu o companheiro. 
Na ocasião foi verificado que o padrasto era alcoolista, que deveria fazer o uso 
de medicação psicotrópica e não o fazia, e também que havia abandonado o tratamen-
to psiquiátrico, 
 alegando que iria 
 retomá-lo. 
Na oportunidade foram agendados inúmeros 
 horários 
 com a 
 psicóloga do Pro-
grama, porém a genitora compareceu com Viviane em apenas uma sessão. 
Considerando os aspectos deficitários da 
 família, o caso foi repassado para inter-
venção do Conselho Tutelar da Ilha, em 1997. 
Após, constatada a reincidência, tendo agora o agravante da violência sexual o 
programa, esteve na residência onde conversou com Viviane. 
48 
IV Abordagem com a vitima 
Em abordagem com Viviane, a mesma nos relatou que vem sofrendo atos obsce-
nos e atos libidinosos, onde o padrasto, mostra seu pênis, 
 masturba-se, entra no ba-
nheiro quando esta tomava banho, vai até a sua cama de madrugada, mexe nos seus 
seios e em sua vagina. Fala obscenidades, tais como: "vou te comer, vem cá sua gosto-
sa..." 
Relatou-nos ainda que o mesmo bebe muito, que bate nos irmãos e na mãe, exige 
que a mãe transe com ele diariamente, na mesma cama onde dormem mais dois 
 irmãos 
 
(Paulo e Fabieli). Que manda as crianças "dormirem" e que a 
 mãe 
 chora durante a 
relação sexual. 
Contou-nos que o mesmo já manteve relações sexuais consigo, por duas 
 ocasi-
ões. 
 Na primeira (1998) era virgem e a mãe esteve na delegacia, porém foram chama-
dos algumas vezes e nada aconteceu, por isso julga que as investidas sexuais nunca 
vão cessar. 
0 agressor, quando a ameaça, se "vangloria", que quando é chamado na delega-
cia, não acontece nada. "sou bem tratado, nada vai acontecer. Só vou la para perder 
tempo". 
Colocou ainda que muitas investidas ocorrem antes do amanhecer, quando está 
dormindo no chão com os irmãos, e o mesmo coloca a mão em seus órgãos genitais. 
Viviane, colocou-nos que já fugiu de casa, dormiu nas ruas, chegou quase a fazer 
programas junto com as primas, não realizando por não ter coragem, porém sempre 
volta para casa, pois gosta muito da 
 mãe e dos irmãos. Colocou que o padrasto a 
proibe de ter namorados ou amigos, pois "diz que a quer s6 para si". 
V Abordagem com a genitora 
A genitora em abordagem confirmou o relato de Viviane, dizendo que não sabe 
mais o que fazer, pois está desacreditada da justiça e dos órgãos de proteção, pois até 
agora "nada aconteceu" e as violências persistem. Que a mesma precisa manter a 
família, 
 sai para trabalhar sempre preocupada, pois as outras crianças permanecem em 
casa e Sr. Antônio faz biscates nas proximidades. Que procura proteger os fi lhos na 
medida do possível, 
 embora compreenda que a maior vitima é Viviane. 
49 
Informou-nos que julga que "não adianta" conseguir o afastamento de Antônio 
de casa, pois o mesmo já informou que não sai. 
VI Abordagem com a 
 irmã 
 Fabieli 
A kind de Viviane, nos relatou em abordagem que "o pai tira as cobertas para 
espiar" Viviane, espia e vai atrás quando ela vai ao banheiro, diz para ela que se ela 
contar "vou dizer que é tudo mentira". Completou: "tia, ele vai ao juiz e fala mentira e 
o senhora sabe que se deve falar a verdade". 
A adolescente demonstrou ter conhecimento da vida sexual dos pais, que "a mãe 
não quer, mas o pai quer", e que "depois que a tia falou com a mãe, ela mandou eu e o 
Paulo dormir na sala, junto com os outros". 
A adolescente referiu que gostaria de morar somente com a mãe. 
 
VII Abordagem com Paulo, irmão da vitima 
Em abordagem Paulo, estava mais insistente em falar, porém, disse-nos que gos-
taria que o pai saísse 
 de casa, que ele "passa a 
 mãe e sobe em cima de Viviane, mas que 
a mãe 
 "atropela ele", chega na hora ou acorda. 
VIII Abordagem com o agressor 
No dia da abordagem, Sr. Antônio exalava forte cheiro de álcool. Disse que 
"mexe!" em Viviane, e que sua esposa o viu certa vez pegando o nené que estava em 
cima de Viviane e "inventou esta história". Disse-nos que "não pode se separar, pois 
tem declaração psiquiátrica, dizendo que não pode andar sozinho". Que não toma 
mais remédio porque não precisa. 
Falou-nos sobre o comportamento de Viviane, que "transa com vários homens", 
anda nas ruas, nos morros e não aceita conselhos dele. 
Orientamos sobre o comportamento sexual inadequado e que o caso seria apre-
sentado a justiça. 
IX Abordagem Comunitária 
Dentro da investigação 
 conseguiu-se 
 abordar uma vizinha da 
 família 
 a qual nos 
relatou que: "A genitora e Viviane sempre lhe relatavam sobre as investidas sexuais de 
50 
Antônio, que o mesmo as aterrorizava, corria atras com facas, 
 pedaços 
 de madeira 
para agredir tanto a genitora quanto aos filhos. Além disso, explorava sua esposa eco-
nomicamente e tinha ciúmes 
 doentios de seus 
 patrões. 
 Disse-nos ainda que o Sr. Antô-
nio já assediou outras vizinhas e temem as crianças da comunidade, muito mais os 
outros filho dele, relatou-nos que seu comportamento se agrava quando está alcoolizado. 
Colocou-nos que Viviane já apresenta comportamento promiscuo, devido a tudo 
o que ocorreu consigo e com o que presencia há anos, além de suspeitar que, por 
determinado período, Antônio aliciava sexualmente Viviane em troca de dinheiro. 
X Procedimentos adotados 
0 caso foi novamente registrado na 6 3
- delegacia de policia da capital, sendo 
realizado exame de lesões corporais no JML. A vitima foi encaminhada para atendi-
mento psicológico junto ao Procevic. 0 relatório do caso foi enviado ao Conselho 
Tutelar, ao Juizado da 
 Infância 64 
 Delegacia de Policia. 
Para constar, o caso já esta na segunda vara criminal sob processo devido a pri-
meira denúncia de violência sexual. 
XI Estratégias doagressor 
Neste caso o abuso ocorre também entre a enteada e o padrasto, sendo que o 
agressor novamente usou de violência psicológica, surras, ameaças de morte, de abu-
sar de outros irmãos, 
 novamente este tipo de violência é facilitada pelos envolvidos 
morarem no mesmo lar. 
Em situações incestuosas o agressor repassa a vitima a culpa pelo abuso e a faz 
manter segredo sob pena de ameaças e ou gratificações, neste caso Viviane era 
constrangida através de 
 ameaças. 
XII Interpretação 
Através do estudo pudemos observar que se trata de uma forma de incesto entre 
padrasto e enteada. Pudemos observar que no caso ocorrem mais violências (fisica, 
psicológica, social) além da violência sexual e que estas ocorrem há anos, onde a 
impunidade do agressor é o aspecto mais gritante, pois ele vale-se disso para continuar 
51 
perpetrando sua conduta violenta. 
Outro aspecto a considerar é o suposto distúrbio psiquiátrico, 
 que este em ne-
nhum momento apresentou tal documento, mas que se houverem são agravados pelo 
uso de álcool. 
A família ern 
 questão, 
 segundo Weimberg (1995) vive no "deboche", sem ne-
nhuma regra, isto é 
 possível 
 ser observado quando é relatado que o agressor vive as 
custas da genitora, toda a 
 família 
 sabe do abuso e convive com ele. E o agressor se vale 
da impunidade para reincidir com a violência sem temer as conseqüências que 
 pode-
rão 
 causar as vitimas. 
0 caso de agrava devido à ausência da genitora no lar, quando todos os filhos 
ficam sob sua guarda, pois a mãe é quem sustenta economicamente toda a 
 família. 
 
5.1.3 Terceiro Caso: Agressor Pedófilo 
I 
 Identificação 
 
Nome da vitima 1 - Caroline 
Idade: 12 anos 
Nome da Vitima 2: Ana 
Idade: 13 anos 
Agressor: Sr. José 
Idade: 50 anos 
Vinculo: desconhecido 
II Resumo da denúncia 
Em 25 de março 
 de 2000, o Programa registrou denúncia de que duas irmãs . 
 
Caroline e Ana eram "contratadas por um homem com um passat verde para `lavar 
loucinhas' e praticar sexo por R$ 10,00". 
III 
 Abordagem com as vitimas 
Em abordagem com as vitimas estas relataram que conhecem uma terceira meni-
na que é conhecida por "Dinha" e foi ela quem as levou até o Sr. José, a qual o chama 
de avô. Quando entraram no carro sentaram no banco traseiro do carro e que a amiga 
52 
foi no banco da frente. Foram até uma praia e que ao chegar, esta disse que iria mastur-
bar o tal Senhor, então este determinou que não contassem a ninguém, após abriu o 
ziper da calça e tirou o pênis para fora, e que Dinha o masturbava, e elas também o 
fizeram e quando Ana o fazia ele ejaculou. Quando iam embora este as levou para 
fazer um lanche em Cacupé, num bar. Neste mesmo dia o St José colocou a mão 
dentro da calcinha de Dinha e após marcaram encontro para o dia seguinte. 
No dia seguinte, foram novamente a Cacupé, onde ele as levou para o Costão da 
praia e Id praticou sexo oral e pediu para que deixassem ele introduzir o pênis, mas 
estas negaram que este passava a 
 mãos 
 em seus seios e que todos chuparam seu pênis 
 
após 
 ele "chupou" suas vaginas, e quando marcou novo encontro pediu para que vies-
sem "todas bem cheirosinhas". Neste dia ele as presenteou com uma calça, uma mo-
chila, R$ 5,00 e ainda fizeram lanche. 
Caroline e Ana, não sabiam o endereço de Dinha, nem como 
 podíamos encontrá-
la, 
 pois os pais haviam proibido estas de 
 saírem 
 com a tal 
 amiga. 
IV Abordagem com os responsáveis 
 
Em abordagem este nos informaram que não sabiam de nada, mas que agora as 
filhas estavam acompanhando-os a Igreja e que "Jesus as tinha salvado". 
A genitora, não nos relatou mais se esquivando e dificultando à nossa interven- 
ção. 
V Abordagem comunitária 
Em abordagem comunitária, alguns vizinhos nos relataram que "todos sabiam -
que as 
 irmãs 
 tinham "um caso!" com o tal Senhor do Passat verde, e que saiam em 
troca de presentes e dinheiro, e que os pais sabem de tudo e não tomam nenhuma 
providência, além de que incitam as filhas e pedir esmolas. 
As adolescentes fazem "programas" com outros homens e que contam detalhes 
sobre praticas sexuais em bar próximo a casa delas, além de confirmarem o "tat caso". 
53 
VI Procedimentos adotados 
0 caso foi registrado na 64 
 Delegacia de Policia da capital, onde foi expedida 
guia de lesão corporal. 0 relatório com as abordagens, foi enviado a 6a Delegacia de 
Policia, ao Juizado e ao Conselho Tutelar Continente. 
Foram agendados vários atendimentos psicológicos mas estas não comparece-
ram, dificultando nosso trabalho. 
VII Estratégias do agressor 
0 pedófilo pode ser uma pessoa "distante" da vitima, quase sempre um desco-
nhecido, e estes 
 então 
 usam de estratégias de aproximação da vitima, neste primeiro 
caso usou de uma outra vitima como "isca" para conseguir o abuso, tendo que se 
tornar mais intimo para conseguir o abuso. Este as gratificava através de presentes e 
dinheiro. 
 
VII Interpretação 
De acordo com a literatura referenciada, a 
 família, 
 pela questão da negligência, 
propiciou o envolvimento das vitimas com o agressor, sendo que as vitimas já possu-
em comportamento promiscuo, além de toda a 
 família 
 se mostrar inacessível 
 ao aten-
dimento. 
Podemos verificar que o agressor se encaixa na caracterização de pedofilia, por 
manter relações sexuais com adolescentes de uma mesma faixa etária especifica no 
caso (vitima de 12 a 15 anos), ainda por oferecer gratificações como dinheiro, presen-
tes para conseguir uma aproximação positiva com as vitimas e ainda Ter uma adoles-
cente, também vitima, como "isca", para se estabelecer primeiramente uma relação de 
confiança. 
Nesse caso o abuso seguiu os estágios estabelecidos por Allender (1999). Pri-
meiramente, o agressor usou a terceira vitima Dinha para poder chegar até Ana e 
Caroline, oferecendo-lhes privilégios e recompensas. 0 segundo estagio, o contato 
fisico e o terceiro o abuso, pois as vitimas chegam as vias de fato (sexo oral e atos 
libidinosos). 
54 
E o quarto estágio, a manutenção do abuso, ocorre quando este as pede para 
manter segredo, e a sua lealdade é recompensada através de presentes e outras recom-
pensas. 
5.1.4 Quarto caso: Agressor Pedófilo 
I Identificação 
 
Nome da Vitima 1 - Gabriel 
Idade: 11 anos 
Nome da Vitima 2 Natanael 
Idade: 8 anos 
Nome da vitima 3: Ezequiel 
Idade: 11 anos. 
Agressor: Juarez 
Idade: 69 anos 
Vinculo: vizinho 
11 Resumo da denúncia 
No dia 27 de maio de 1999, recebemos denúncia de que um grupo de crianças, 
todas do sexo masculino, estavam sendo vitimas de atos libidinosos e atentado violen-
to ao pudor de um vizinho, o Sr. Juarez. 
III Abordagem com as vitimas 
Em abordagem as vitimas relataram que o tal vizinho, constantemente convida-
os para fazerem um lanche em sua casa e que nestas ocasiões exibe fi lmes pornográfi-
cos, oferece dinheiro para estes ficarem nus em sua 
 presença e oferece-lhes dinheiro 
para "transem com ele!" e pratica sexo oral. 
Relataram que este acaricia seus órgãos sexuais e suas nádegas, e ainda que já 
presenciaram o agressor penetrar em um outro menino seu "pênis". 
Relataram ainda que há um garoto, que mora no mesmo terreno que o agressor 
que transa com o senhor, e que já foram todos fotografados, além de que o Sr. Juarez 
55 
possui várias fotografias e Mines pornográficos que este exibe. 
IV Procedimentos adotados 
Devido, a 
 investigação 
 estar sendo feita pela policia, 
 não 
 foi realizada aborda-
gem com a criança Ricardo, o qual morava no mesmo terreno que o agressor, em uma 
casa alugada, para que não fosse levantado suspeita e assim atrapalhar as investiga-
ções policiais. 0 caso foi registrado na 2il Delegacia da Capital. Foram enviados rela-

Outros materiais