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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL AS ESTRATÉGIAS DO AGRESSOR SEXUAL LV• visous?.6.Jkl. Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Serviço Social, apresentado Universidade Federal de Santa Catarina, Curso de Graduação em Serviço Social, para obtenção do titulo de Assistente Social. ty a Matys Costa de Serviço Social CSE/UPSC JOSIANE DUARTE ORIENTADORA: JUCILIA CASTRO VIEIRA SUPERVISORA: LILIAN KELI RECH JUNHO DE 2001 Agradecimentos Em primeira quero agradecer a Deus, pat ter dada forças para vencer esta "batalha" , que apesar de dificeis e muitas vezes ifTIFICreaSiWiS, cheguei aqui. Aos melts pais, em especial, peter empenha e dedicação que prestaratn e ofereceram em fauna de educação e apoio. mesmo nutita vezes estanca longe fisicamente, mas presente pelas ora- c.eies e vigília. Aos meus familiares„ minhas braids, meu cunhado e amigos. que me ajudaram no momenta mais dificil, casamento, universi- dade e a separação, durante perioda de quarto anos decisivos na minha vida. Aos profissionais da SO-S Criança, que me auxiliaram em todo este trajeta e que me auxiliaran't no- meu crescimento profissi- onal, em especial a minha supervisora Lilian Neb. Rech, pelo empe- nho, pelos conselhos e peter carinho prestado incessantemente. Agradeço a minhas amigas, em especial Madene. Sonia. Sheila e a Eveline, que muitas vezes estiveram ao meu (ado me auxiliando e me acolhendo com carinho e dedicação. Ao grupa de jovem RENASCER que me auxiliou , dando-me forças em momentos decisivos de minha vida, em especial a Luzia que me auxiliou na redação, digitação- e organização deste Traba- they de Conclusão-, assim coma tat/them em outros. As p ofessatas jucilia e XiIva, pot suas orientações presta- das em todo o- estagio e diretamente da TCC, o meu sincero agra- decimento E poi fun, a instituição Universidade Federal de Santa Catarina pot ter-me dada a oportunidade de me tornar tuna profissional e ainda, uma pessoa com mais oportunidade SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I 11 0 PROGRAMA SOS CRIANÇA 11 1.1 Objetivos: 1.2 Dinâmica Atual do Trabalho na Instituição 14 CAPÍTULO II 18 DEFINIÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA 18 2.1 Metodologia da Pesquisa 19 2.2 Aspectos éticos da pesquisa 19 2.3 Sistematização da coleta de dados 20 CAPÍTULO III 24 A VIOLÊNCIA PRATICADA CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE 24 3.1 Violência Sexual 27 CAPÍTULO IV 31 OS AGRESSORES SEXUAIS 31 4.1 Incesto 32 4.1.1 0 agressor incestuoso 35 4.1.2 Estratégias do agressor incestuoso 36 4.2 A pedofilia 38 4.2.2 Estratégias do agressor pedófilo 40 4.3 As estratégias comum do abuso incestuoso e pedófilo 40 4.4 Resgate histórico do perfil bio-psicológico dos agressores sexuais 41 CAPÍTULO V 43 DETALHAMENTO DA PESQUISA QUALITATIVA 43 5.1 Descrição e interpretação 44 5.1.2 Segundo Caso: Agressor Incestuoso 47 5.1.3 Terceiro Caso: Agressor Pedófilo 51 5.1.4 Quarto caso: Agressor Pedófilo 54 5.2 Análise 56 CONSIDERAÇÕES FINAIS ss REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 61 ANEXO 63 1 0 daremos maior ênfase a violência sexual, apresentando suas conceituações, seus si- nais de alerta e as pistas para a identificação. No quarto capitulo iremos falar sobre a figura do agressor, dividindo suas cate- gorias: agressor incestuoso e o agressor ped6filo e faremos um breve histórico sobre o resgate histórico do perfil bio-psicológico do agressor nas duas categorias. E finalmente no quinto capitulo, iremos detalhar a pesquisa qualitativa, relatan- do quatro casos, sendo dois de violência sexual incestuosa e dois de violência sexual pedófi la. CAPÍTULO I 0 PROGRAMA SOS CRIANÇA 12 0 SOS criança é um rograma de proteção especial a crianças e adolescentes, vitimas de violência com abrangência restrita ao município de Florianópolis. Dentro do contexto institucional o Programa está ligado a Divisão da Criança e do Adolescen- te a qual faz parte da Secretaria de Habitação, Trabalho e Desenvolvimento Social. 0 SOS atua em consonância com a Constituição Federal em seu artigo 227, sendo respaldado pela lei 8069/00 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual nos coloca que: "6 dever da família, da sociedade e do estado assegurar A criança e ao adolescente, direito A saúde, á alimentação, à educação, ao lazer, profissionalização, A cultura, e A convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda negligência, discriminação, explo- ração, violência, crueldade e opressão". Em Florianópolis, o Programa foi criado em 1991, pelo governo do Estado e atendia toda a grande Florianópolis (Palhoça, Sao José, etc). Mas em 1993, o Progra- ma foi municipalizado e permaneceu atendendo a esses usuários (Grande Florianópolis) até outubro de 1995, quando se tornou restrito ao município de Florianópolis. 0 SOS atua como um Programa de proteção e defesa de toda e qualquer criança e adolescente (0-18 anos incompletos), vitimas de violência, exceto nos casos de ex- ploração sexual e violência institucional. São classificados como vitimas crianças e adolescentes que venham a sofrer danos fisicos (corn lesões ou sem lesões), sexuais, psicológicos e aqueles negligenciados 0 atendimento do programa é prestado por uma equipe multidisciplinar compos- ta por profissionais da Area das ciências humanas (Serviço Social e outras de nível médio), funcionando em sistema de plantão de 12 horas, das 08:00 As 20:00, receben- do denúncias anônimas através das linhas telefônicas 1407 (discagem gratuita) e 228 8611 (linha convencional) na sede do programa ou no local de atendimento. A sede do Programa se localiza na Rua Rui Barbosa, n.677 (fundos), Agronômica - Florianópolis. E preciso ressaltar que o programa funcionava anteriormente em plantões de 24 horas ininterruptas, mas foi extinto no ano 2000, deixando a desejar o trabalho desses profissionais que deveria ser prestado em caráter emergencial. 13 1.1 Objetivos: Geral • Assegurar o atendimento da Política Especializada à crianças e adolescentes vitimas de crime contra a pessoa e contra costumes determinados na constituição Fe- deral e Estadual, Lei Orgânica Municipal e Lei Especifica 8069/90 - ECA. • Proporcionar atendimento em caráter emergencial de proteção e defesa, orien- tação psicológica e social direto As vitimas de crime pessoal e contra os costumes, população infanto-juvenil e a suas familias, e/ou responsáveis, visando a reestruturação física, psicológica e social. Objetivos Específicos • Receber, averiguar e encaminhar, quando se fizer necessário, aos órgãos com- petentes, denúncias de crimes contra a pessoa e/ou costumes, praticado contra crianças e adolescentes (vitima de violência física, sexual, psicológica e negli- gência). • Primizar atendimentos as vitimas junto aos órgãos públicos atuantes no muni- cípio de Florianópolis, tais como, hospitais, delegacias, Instituto Médico Legal (IML) Ministério Público, Poder Judiciário, Conselhos Tutelares e outros. • Favorecer o estudo de cada caso, em particular e os devidos encaminhamentos. • Resgatar, sempre que possível, os vínculos familiares. • Prevenir a incidência de violência nas famílias no município de Florianópolis, direta ou indiretamente. Nos casos em que na ação e intervenção do Programa fique evidenciado a neces- sidade de interferência da esfera judicial, ministério público e poder judiciário, dar-se- os seguintes procedimentos: - solicitação de guia paraexame de corpo delito (Instituto Médico Legal), se detectado lesões evidentes, seqUelas por agressões anteriores e indícios ou comprova- cão de violência sexual; - analisada a gravidade da situação e havendo impedimentos ao atendimento, sera solicitado à autoridade competente mandado de busca e apreensão; 14 - encaminhamento da vitima para atendimento médico hospitalar. Prioritariamente a criança e/ou adolescente, vitima de crimes contra pessoas e costumes permanecerá com a família e/ou responsável, salvo em situações que persis- tir o risco de vida, onde por medida de segurança será afastada do convívio com o agressor. 1.2 Dinâmica Atual do Trabalho na Instituição A violência doméstica contra criança e adolescente é como um cancer silencio- samente espalhado pelas casas de qualquer cidade. E preciso então prevenir e erradicar os casos já em processo. Os programas de proteção à criança e adolescente são os responsáveis a assumir este papel. No SOS criança os atendimentos se dão primeiramente pelo atendimento do 1407, uma linha telefônica reservada à população para denúncias de violência con- tra crianças e adolescentes, nas formas físicas, sexual, negligência e psicológica. Além desta, há uma outra convencional 2288611 sendo que as denúncias ainda poderão ser feitas pela procura espontânea na sede do Programa. O número de denúncias aumenta consideravelmente a cada dia tanto no Progra- ma quanto na sede, devido a consciência crescente em torno da violência praticada contra criança e adolescente, consicência de que determinados recursos educativos caracterizam-se como violentos. Esse processo pode ser evidenciado pelo grande nú- mero de denúncias recebidas pelo programa nos últimos anos, e no número de denún- cias em espera de atendimento e pela quantidade de casos assumidos pelas Assistentes Sociais e pelos técnicos do programa. No período de estagio de abril de 1999 a fevereiro de 2001, participamos de algumas mudanças na rotina do Programa, que se colocaram mais pelo diminuto nú- mero de profissionais, do que pela solicitação da equipe. Citamos alguns exemplos destas mudanças: - ern 1996 o programa dispunha de 14 profissionais de nível superior que efetu- avam o atendimento, na data da finalização deste trabalho havia apenas quatro profis- sionais de nível superior. 15 - retorno de 7 profissionais (nível médio e superior) à secretaria de origem, não havendo reposição deste pessoal; - eliminação do "chefe de plantão", que tinha como objetivo de organizar os plantões, que até então eram ininterruptos, bem como definir o atendimento dos casos mais graves e dar apoio técnico aos técnicos de campo; - o telefone 1407 era atendido pelos técnicos de nível superior, atualmente este trabalho é feito por telefonistas de nível ginasial e/ou secundário (2g grau). - no período de estágio, houve a rotatividade de 3 coordenadores, sendo que um deles "implantou" um sistema de atendimento emergencial por profissionais de nível médio. Estes profissionais efetuavam o primeiro atendimento (P visita domiciliar) e após o caso ou seria encerrado ou ficava aguardando ser absorvido por uma Assistente Social, sendo que este podia ficar esperando até 1 ano o referido atendimento. Essa metodologia de trabalho persistiu até nossa saída do campo de estagio. Podemos evidenciar que surgiram várias dificuldades durante o período de está- gio, nos plantões podíamos ouvir alguns relatos, como se segue: "Hoje estamos fechando o plantão com mais de 80 denúncias pen- dentes, há um tempo atrás, entregávamos o plantão sem nenhuma denúncia pendente". (AS) Em determinados plantões víamos a indignação de alguns profissionais frentes há situações, onde estes não conseguiam proceder e dar a eles os devidos encaminha- mentos. "Precisamos de mais pessoal, pois não conseguimos dar conta da demanda que nos chega, e já estamos passando por incompeten- tes" (técnico). E evidente que a falta de investimento da instituição mantenedora do programa, afeta o andamento e a efetividade nos problemas em torno da violência, afetando assim também a figura do profissional da Assistência social que ali atua. Sabemos que em nosso código de ética de 13 de março de 1993, em seu artigo 7 (item a) nos é garantindo condições de trabalhos condignas, seja em entidade pública OU privada, de forma a garantir a qualidade do exercício profissional da Assistente 16 Social". Atualmente o Assistente social atende os casos de denúncias procedente, que já passaram pela intervenção do técnico do primeiro atendimento, com exceção dos ca- sos de violência sexual, onde hd o atendimento do Assistente Social dada as complexi- dades que este pode conter. É preciso salientar que em todos os casos quem irá solici- tar os encaminhamentos e dará o diagnóstico final sera sempre o Assistente Social. 0 Assistente Social dentro do Programa se orienta da seguinte forma: A intervenção irá se nortear através do teor da denúncia, recebido pela telefonis- ta ou técnico que a registrou. 0 Assistente Social possui os seguintes instrumentais: - abordagens: vitima/familiares/suposto agressor/ comunitária/ institucionais/ outros; - visitas domiciliares; - visitas institucionais; - investigações extras: prontuários médicos, consulta de antecedentes/ a outras comarcas; - relatórios de outros Órgãos, Programas e Instituições. Em seus diagnósticos este deve contemplar: - se a violência ocorreu, em que nível; - se há risco de a vitima permanecer no lugar da agressão; - se há outras crianças e adolescentes, também correndo riscos; - se houve conseqüências organicas e psicológicas; - apontar medidas "adequadas" de intervenção; - nortear ações preventivas. O diagnóstico pode ser: Diagnóstico sumario/emergencial ou diagnóstico muhiprofissional, ficha de de- núncia e acompanhamento do caso, laudo social, laudo psicológico e laudo médico. As medidas a serem tomadas pelo profissional podem incluir (Azevedo & Guer- ra, 1989): - medidas sociais; - medidas judiciais; 17 - medidas médicas; - medidas psicoterapeuticas. importante salientar que é necessário após os atendimentos serem encerrados, se dar o processo de supervisão, o qual deve ser feito por uma equipe de um ou mais Assistentes Sociais e/ou técnicos, tendo a participação de estagiários. Esse processo de supervisão dos casos, atualmente não está ocorrendo devido à escassez de profissi- onais no Programa. No que se refere A, prática profissional do assistente social é válido ressaltar que este, para atuar, deve acima de tudo estar preparado para enfrentar as grandes dificul- dades e barreiras que existem dentro da dinâmica relacionada ao trabalho que desen- volvemos, devido à complexidade de nossas ações. CAPÍTULO II DEFINIÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA 19 2.1 Metodologia da Pesquisa Como já descrevemos anteriormente, a pesquisa que fizemos nos prontuários e nos atendimentos conjuntos, como estagiária do Program teve como objetivo princi- pal levantar os dados que nos subsidiaram para estudo da figura do agressor sexual. preciso primeiro salientar, segundo os critério adotado pelo programa, os aten- dimentos se dão da seguinte forma: primeiro a denúncia é registrada em prontuário para o acompanhamento de todo o processo de atendimento. São várias as fichas que o compõem: o boletim de ocorrência (caso foi registrado) o parecer psicológico, me- morandos, pareceres enviados de outras instituições e todos os documentos que o profissional achar necessário anexar. Esses prontuários são documentos os quaispor nós foram analisados e o êxito de nossa pesquisa se dará pelas informações neles contidos. O estudo se realizou através de pesquisa documental, a qual segundo Gil (1993, p.11), "vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analíti- co, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa". Analisamos os documentos chamados de "documentos de segunda mão" (Gil, 1993). Pois, estes documentos de alguma forma já foram avaliados e explorados ante- riormente, no caso de nossa pesquisa trata-se dos relatórios e prontuários dos casos selecionados para análise. A pesquisa documental consiste em um tipo de pesquisa qualitativa, que segundo Bogdam apud Godoy (1995, p.), define como: "as características básicas que a pesquisa qualitativa possui é ter um ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental, é descritiva e o significado que as pessoas dão as coisas e à vida é a preocupação essencial da investigação, a preocupação do pesquisador é com o processo e não simplesmente com os resultados". 2.2 Aspectos éticos da pesquisa Devido a estarmos trabalhando com seres humanos optamos em utilizar nomes fictícios, para resguardar o anonimato dos atores envolvidos na pesquisa conforme rege o código de ética do Serviço Social em seu artigo 16, que diz: Número de Casos Período setembro a dezembro de 1999 Janeiro a dezembro de 2000 50 casos 107 casos 20 "o sigilo protegerá o usuário em tudo aquilo de que o Assistente Soci- al tome conhecimento, como decorrência da atividade profissional. Em trabalho multidisciplinar só poderão ser prestados informações dentro dos limites do estritamente necessário" 2.3 Sistematização da coleta de dados Optamos por uma pesquisa quanti-qualitativa realizada nos documentos do Pro- grama no período de setembro de 1999 a dezembro de 2000. Na parte quantitativa, coletamos vários dados, tanto da vitima quanto do agressor, além de dados sobre a localização e a sua procedência (verdadeiros ou não). No estudo de caso, serão analisados quatro(4) prontuários, dois de agressores incestuosos e dois de agressores pedófilos. Em nosso estudo optamos em nos direcionar para a figura do agressor, o perverso causador daquelas situações. Veremos que eles, quase sempre, possuem estratégias especificas para abordarem suas vitimas ou para manterem o abuso e o segredo deste. Através da pesquisa, tínhamos como objetivo levantar os dados que dessem sub- sídios para discussões em torno de estratégias e métodos utilizados pelos agressores.Ao definirmos o objeto de pesquisa nos deparamos com a falta de dados sistematizados pela instituição, então criamos um instrumento de pesquisa (em anexo) para nos auxi- liar no levantamento dos casos de violência sexual encerrados de setembro de 1999 a dezembro de 2000. Na pesquisa quantitativa dos casos encerrados de violência sexual realizado en- tre o período de setembro de 1999 a dezembro de 2000, obtivemos os números descri- tos na Tabela 1. Tabela 1 - Número de casos analisados Fonte: Pesquisa de prontuários 21 Outro item analisado foi à procedência dos casos, que podemos veri ficar no grá- fico Gráfico 1 - Veracidade (De acordo com os atendimentos prestados) 60 - 50-" 40-v 30-V 20-v c--1-5-_-_----. 10-V Set. a Dez de 1999 Jan. a Dez de 2000 Sem informação Dim procedente OProcedentel Após veremos a figura da vitima, qual a faixa etária e o sexo destas. Gráfico 2 - Sexo da Vitima Om asculino Ofem inino No gráfico 2, veremos a figura da vitima segundo a sua faixa etária. Gráfico 3- Idade da Vitima 33% 32°/ Doa 5 anos 011 a 15 anos ElSem nformagão D6à 10 anos 016 A 18 anos 22 No gráfico 4, veremos a figura central de nosso estudo, a quem se destina figura do agressor. Gráfico 4- Denúncias por regiões do município de Florianópolis 18% 27% Sul o Ce ntral O Co ntine n te O Norte OSem Inform ação Gráfico 5- Agressores 19 43 37 O Pal 12 O Pad rast22 V izinho O Desconhecido O Outros Sem Informação Devido a pouca informação registrada nos prontuários sobre os agressores sexu- ais, somente 30 casos haviam as informações a seguir representadas graficamente. Gráfico 6- Agressor segundo cor O Branca O Negros O PardosOS/Informação Gráfico 7- Agressor segundo idade 23 3 13 8 0 20-30 031-40 041-50 051-60 0 mais de 60 OS/Informação Gráfico 8 - Agressor segundo escolaridade 4 15 1 0 Prim Arlo D l. Grau Incompleto Dl. Grau Com pleto 0 2. Grau Com pleto 03. Grau Completo Os/Informação Gráfico 9- Agressor segundo profissão Ll• 2 0 Autônomo O Pedreiro 0 Guardador de carros O Medico 0 Aposentado O S/Informacâo 0 Biscate 0 Motorista 0 Comerciante 0 Desempregado El Vigia CAPÍTULO III A VIOLÊNCIA PRATICADA CONTRA CRIANÇA E ADO- LESCENTE 25 A violência é um fenômeno complexo que atinge de maneira alarmante todas as classes sociais independentes de idade, sexo, raça ou religião, fazendo parte atual- mente de nosso cotidiano. Para compreendermos tal fenômeno, nos valemos de Azevedo & Guerra (1998, p. 176) que nos conceituam violência como: "uma realização das relações de form tanto em termos de classes sociais quanto em termos interpessoais. Em lugar de tomarmos a vio- lência como violação e transgressão de normas, regras e leis, preferi- mos considera-la sob dois outros ângulos. Em primeiro em urna rela- ção hierárquica com fms de dominação, de exploração e de opressão, e em segundo lugar, como a ação que trata um ser humano não como sujeito, mas como coisa". Sabemos que em nossa Sociedade impera a "lei do silêncio", onde casos de vio- lência praticados contra crianças e adolescentes são encobertos, e o principal "16cus" destas manifestações está no seio familiar. como nos coloca as autoras Azevedo e Guerra, (1995, p. 23), "sabemos, que a instituição familiar atravessa intensa crise, passan- do a não garantir de forma segura a integridade fisica ou moral de v mostrando, muitas vezes, uma face cruel ao invés de sagrada, a famí- lia não pode ser considerada o centro de proteção para seus membros, pois viola muitas vezes os direitos fundamentais que lhes são própri- os". neste contexto que abordaremos a família, não de forma idealizada , mas fala- remos de nossas famílias concretas, com virtudes e defeitos, inseridos em uma socie- dade que enfrenta grandes desafios, influenciando e sendo influenciados por ela. Para melhor compreendermos a violência doméstica contra criança e adolescen- te, tomaremos como base conceitual à definição desse fenômeno que segue: "Todo ato de omissão praticado por pais, parentes ou responsáveis, contra crianças e/ou adolescentes que sendo capaz de causar dano fisico, sexual e/ou psicológico à vitima, implica de um lado, numa transgressão do poder/dever de proteção do adulto, e de outro, numa coisificação da infância, isto, 6, numa negação do direito que a crian- ça e adolescente tem de serem tratados como sujeitos e pessoas em condições peculiares de desenvolvimento" (Azevedo e Guerra, 1995). 26 A violência contra crianças e adolescentes não é um fenômeno novo em nossa história, sabe-se que desde os primórdios as crianças eram submetidas a várias formas de relações violentas. "As crianças e os adolescentes estiveram, em muitos períodos da his- tória, sujeitas desde a tenra idade a todos os castigos e sanções desti- nadas ao adulto,incluindo até a pena capital. A história das crianças tem sido também a história de um mundo de violências perpetradas contra elas na forma de escravidão, abandono, mutilação, filicídio e espancamento. (Guerra apud , 1984, p. 21). Philipes Aries (1978) fala do assassinato de várias crianças pela história. Sendo que um dos métodos utilizados era o travesseiro que tirava a vida de muitos bebês quando estes choravam durante a noite. Na sociedade espartana, Guerra (1984) narra que as crianças nascidas com defeitos fisicos morrei-riam assassinados porque não poderiam ser guerreiros, a violência contra crianças e adolescentes vai se dando dife- rentemente em cada momento da história, permanecendo até os dias atuais. A violência doméstica contra crianças e adolescentes, classifica-se em quatro modalidades: violência sexual, violência fisica, negligência e violência psicológica. Violência psicológica "a interferência negativa do adulto (ou pessoa mais velha) sobre a competência social da criança, produzindo um padrão de comportamento destrutivo. Formas mais praticadas: rejeitar - quando não se reconhece o valor da criança/adolescente, nem a legitimidade de suas necessidades; aterrorizar quando da pratica de agressões verbais, instaurando clima de medo, atemorizando-a e fazendo-a crer que o mundo é hostil; isolar - quando se afasta a criança de experiências comuns a sua idade e meio social; ignorar - quando não se estimula o crescimento emocional e intelectual; corromper - quando se induz à prostituição, ao crime, ao uso de drogas, produzir expectativas irreais ou extremadas, exigências sobre o rendimento (escolar, intelectual, esportivo, cultural)" (Deslandes apud Cavalazzi, 1995, p. 32). Violência Física é entendida como "o emprego da força física contra criança ou adolescente, de forma não acidental, causando-lhes diversos tipos de ferimentos e perpetrada pelos pais, irmãos ou responsáveis, ou seja, o emprego da força física no processo disciplinar. (Guerra apud Cavallazi, 1995, p. 32). 27 Negligência "são os atos de omissão nos quais o adulto responsável não provê adequadamente os nutrientes para o corpo e psiquismo da criança e/ou adolescente: não oferece supervisão e proteção adequada e está fisica e emocionalmente indisponi- vel para a criança e/ou adolescentes" (Farinati apud Cavalazzi, 1995, p. 32). 3.1 Violência Sexual Agora iremos nos deter a violência sexual por ela ser o alvo de nossos estudos. A violência sexual é um assunto delicado e perturbador, pois implica na violação de tabus sociais como o incesto, passando a causar desconforto na família e principal- mente na vitima. O abuso sexual é uma situação, onde a criança ou o adolescente é usado para gratificação sexual de um adulto ou mesmo de adolescente mais velho, baseado em uma relação de poder que pode incluir desde caricias até o abuso em si. A etiologia e os fatores determinantes do abuso, tem implicações diversas, pois envolvem questões culturais (caso de incesto) e de relacionamento (dependência soci- al e afetiva entre os membros da família), o que dificulta a notificação e perpetua o -muro do silencio" (Abreu, 1997, p. 7). O abuso sexual compreende uma série de situações segundo Abreu (1997, p. 8), como o "voyerismo" a manipulação da genitalia, a pornografia, o exibicionismo, o assédio sexual, o estupro, o incesto e a prostituição infantil, dividindo-se em dois tipos básicos: abuso sexual sem contato fisico e abuso sexual com contato fisico. a) Abuso Sexual sem contato fisico: 1) Abuso sexual verbal: conversas abertas sobre atividades sexuais destinadas a despertar o interesse da criança ou do adolescente ou a chocá-los. 2) Telefonemas Obscenos: a maioria é feita por adultos, especialmente do sexo masculino, podendo gerar ansiedade na criança, no adolescente e na família. 3) Exibicionismo: a intenção, neste caso é chocar a vitima. O exibicionista é, em parte motivado por esta reação. A experiência pode ser assustadora para as vitimas. 4) Voyerismo: o voyer obtém sua gratificação através da observação de atos ou órgãos sexuais de outras pessoas, estando normalmente em local onde não seja perce- bido pelos demais. A experiência pode perturbar e assustar a vitima. 28 b) Abuso sex uaI corn contato físico 1) Atos fisico-genitais incluem relações sexuais com penetração vaginal, tentati- va de relações sexuais, caricias nos órgãos genitais, masturbação, sexo oral e penetra- cão anal. 2) Sadismo: abuso sexual incluindo flagelação, torturas e surras. 3) Pornografia e prostituição de crianças e adolescentes são essencialmente ca- sos de exploração sexual, visando fins econômicos. Devemos salientar que atualmente não usamos mais a nomenclatura prostitui- ção, agora é usada a denominação exploração sexual, pois ha sempre um adulto envoi- vido, usando a criança ou adolescente para objetivo próprio. c) Violência Sexual Doméstica: sinais de alerta (Caravieri, 1997, p. 93-94) Indicadores na conduta da criança/adolescente 1) Mudanças extremas, súbitas e inexplicadas no comportamento infantil ou ado- lescente, como no apetite (anorexias, bulimias), mudanças na escola, mudanças de humor, etc. 2) Pesadelos freqüentes, padrões de sono perturbados, medo de escuro, suores, gritos ou agitação noturna; 3) regressão a comportamentos infantis, tais como: choro excessivo, neurose. chupar dedos; 4) roupas rasgadas ou manchadas de sangue; 5) hemorragia vaginal ou retal, dor e cólicas intestinais, genitais com prurido ou inchados ou secreção vaginal, evidência de infecções genitais (inclusive AIDS), sernem na boca, genitais, roupa; 6) Qualquer interesse ou conhecimentos súbitos e não usuais sobre questões sexuais. Insto incluiria o expressar afeto para crianças e adultos de modo inapropriado para uma criança daquela idade. Dois outros sinais são quando a criança desenvolve brincadeiras sexuais persistentes com amigos, brinquedos ou animais ou quando co- meça a masturbar-se compulsivamente; 7) medo de uma certa pessoa ou um sentimento generalizado de desagrado ao ser deixada sozinha em algum lugar ou com alguém; 29 8) comportamento agressivo, raiva, comportamento desruptivo, alheiamento, fuga, maus desempenho escolar; 9) Uma série de dores e problems fisicos tais como: erupções na pele, vômitos e dores de cabeça sem qualquer explicação médica; 10) gravidez precoce; 11) poucas relações com colegas, companheiros; 12) Não quer mudar de roupa frente a outras pessoas; 13) Fuga de casa, pratica de delitos; 14) tentativa de suicídio, depressões crônicas, psicoses; 15) Diz ter sido atacado(a) sexualmente por parente ou responsável; 16) Prostituição infanto-juvenil; 17) Toxicomania e alcoolismo; 18) Nanismo psicossocial. _ MITO FATO 1. A vitimização sexual é rara Pesquisas recentes indicam que 1 em 3 A 4 meninas em I em 6 ã 10 meninos serão vitimas de abuso sexual até a idade de 18 anos. 2. As crianças menores de 10 anos estão a salvo Mais de um terço das notificações envolvem crianças de 5 anos ou menores. 3. Se as crianças forem ensinadas a evitar "estranhos perigosos" elas não serão sexualmente vitimizadas. 85-90% dos agressores são conhecidos da criança. Qualquer adulto ou criança mais velha pode ser urn agressor sexual. 4. Os agressores são homens velhos violentos, alcoólatras e desempregados, são sexualmente depravados, homossexuais, retardados ou loucos , Geralmente os agressores parecem normais, sob vários aspectos. Os crimes sexuais têm sido cometidos em todos os níveis sócio-econômicos e em todos os grupos raciais, religiosos e étnicos. Crianças são vitimizadas no campo e nacidade. A maioria dos agressores sexuais são homens heterossexuais e têm acesso a relação sexuais com adultos. 5. Se uma criança "consente", é porque deve ter gostado, se ela não diz "não" é porque não é abuso Vitimização sexual nunca é culpa ou responsabilidade da criança. 0 agressor sexual tem inteira responsabilidade pelo crime, qualquer que seja forma por ele assumida muito abuso se dá sem uso da força fisica. 1 30 6. Vitimização sexual costuma ser um único ato violento que envolve conjunção carnal, A vitimização sexual pode incluir telefonemas obscenos. exposição de genitais ou seios, mostrar a uma criança materiais pornográficos, prática de atos libidinosos(incluindo masturbações), relação (ou tentativas) sexuais orais/anais/vaginais e exploração da criança através de prostituição e/ou produção de pornografia. 7. Se os agressores são detidos e prometem parar, geralmente o fazem Os agressores nunca procuram um tratamento para parar um abuso voluntariamente, eles podem parar de vitimizar uma dada criança, mas logo podem fazer o mesmo contra outra. A vitimização quase sempre continua de um modo de outro, a menos que o agressor esteja em tratamento em alguma instituição especializada. 8. A maioria das crianças esquecerá a vitimização, desde que os adultos não lhes relembre-na. Quando não costumam esquecer. Elas podem tentar ocultar seu sofrimento, sua confusão e seus ódios porque acreditam que os adultos não querem ouvir falar disso. Elas podem interpretar o silêncio adulto como censura de raiva. t muito, importante que a vitima, o agressor e o pai (mãe) não agressor recebam tratamento terapêutico especializado. 9. Crianças só não revelam "o segredo" se tiverem sido ameaçadas com violência Crianças podem não falar por medo de violência contra si ou contra alguém que amam. Elas também não contam quando temem censura e temem acarretar ruptura da família. I O. Falar sobre "toque" e vitimização sexual fará com que pais e filhos se sintam desconfortáveis em relação ao afeto normal. Todas as pessoas necessitam contatos físicos. Abuso sexual não deve ser confundido com contatos entre um adulto e uma criança que estiverem expressando amor. Contatos sexualmente abusivos são em beneficios do agressor, não da criança. I 1. Crianças inventam histórias de vitimização Crianças raramente inventam histórias de vitimização sexual. Crianças geralmente falam a partir de sua própria experiência e não podem fabricar informação, a menos que tenham sido exposta a ela. 12. Meu (minha) filho 9a) jamais sera sexualmente vitimizado Toda as crianças são vulneráveis i vitimização sexual devido A sua inocência, confiança nos adultos, tamanho, vontade de agradar e necessidade de afeto. Fonte: Des/andes (1994). CAPÍTULO IV OS AGRESSORES SEXUAIS 32 4.1 Incesto Quando falamos em violência sexual devemos esclarecer que há duas categorias a qua] iremos nos deter, a primeira é a categoria do incesto e a em segundo a pedofilia. Iremos começar pela categoria do incesto a qual é definida por Forward & Buck (1989, p. 11) por duas definições: a defmição legal e a defmição psicológica. A definição legal se limita A, relação sexual entre indivíduos com um grau próxi- mo de parentesco. Esta defmição passa ao largo de uma enorme variedade de experi- ências e abusos sexuais e é uma das razões porque muitas vitimas que forma submeti- das a caricias, forçadas a sujeitar-se ou a realizar sexo oral, fotografadas ou invadidas e exploradas de outras formas, sequer perceberam que foram vitimas de incesto. A definição psicológica de incesto é mais abrangente e esta afirma que o incesto é qualquer contato abertamente sexual entre pessoas que tenham um grau de parentes- co ou que acreditem tê-lo. Esta definição, inclui padrasto e madrasta, meio-irmãos, avós por afinidade e até mesmo amantes que morem junto com o pai ou com a mãe, caso eles assumam o papel de pais. Esta definição que utilizamos para levantar os dados da pesquisa; A violência sexual doméstica de natureza incestuosa segundo Azevedo & Guer- ra (1997) é considerada um tabu, isto 6, uma interdição social já que se trata de "um escândalo na estrutura familiar". No Brasil, o incesto -incluindo ou não menores de 18 anos de idade - era considerado desde os tempos da colônia como crime abominável a Deus e aos homens, visto que por ele se tirava a confiança que deve haver entre os parentes (Araújo, 1993). Vigarello (1998) nos mostra que esse tipo de violência no século XVII, era con- siderado como um pecado, e que tanto a vitima como o agressor teriam a mesma culpa. Para compreendermos, devemos observar, em relatos da época: "Em 1768, em Damarcourt, a adolescente após ser solicitada e vio- lentada por seu pai, é condenada a um banimento de cinco anos sem que a razão fosse explicitada, assim também como o agressor foi con- denado há nove anos nas Galés" (Vigarello, 1998, p. 41). 33 A referência à violência se apaga diante da referência a abjeção, isto 6, ao último grau de baixeza moral, a adolescente se torna culpada, depois de ter sido vitima, con- denada após ter sido violentada, suspeita de ter concedido ao abuso. Nesta época o abuso é considerado igual tanto para mulher já adulta quanto para a criança, mas isso não perdura muito, pois se começa a questionar a figura do pai até então patriarca, inquestionável, tornando as vitimas mais independentes de seus tuto- res e do erro moral a qual estavam submetidas. (Vigarello, 1998). Mas à distância no firn deste século, entre o ideal, ainda é distante, a legitimação dos direitos da criança é lenta e gradual, começa-se a aumentar o registro de denúncias de violência praticada contra a criança e adolescentes e começa-se agora ter o apoio da opinião pública, como ação punitiva e protetora. 0 incesto é um fenômeno que ocorre nas famílias ditas incestogenicas e estas possuem características próprias que segundo Azevedo e Guerra (1999) são: a) o afeto (pelo menos entre certos membros) é dado de forma erotizada; b) a comunicação não pré-aberta, possibilitando a instalação e manutenção de um cômodo (para o agressor) complet de silêncio na qual a criança vitima se cala, enquanto os demais membros se cegam a enxergar a realidade; c) o ideário e as práticas familiares incluem como regras de ouro: o respeito inconteste á autoridade do pai de família, a obediência necessária dos filhos, a discri- minação entre papéis de gênero com conseqüente defesa da mulher-criança como ob- jeto sexual do poder masculino; d) é uma família na qual faltam limites claros em termos inter ou intrageracionais o que decorre de sua estrutura e funcionamento básicos tal como se indicará mais ad iante. A família incestogenica é aquela na qual as interações entre seus membros atra- vés de mensagens verbais e não verbais, implícitas e explicitas, são manipuladas da criança ou adolescente vitima, forçando-a a uma transação interdita culturalmente: o incesto. (Azevedo & Guerra, 1999, p. 11). Segundo Azevedo & Guerra (1993, p. 11-12) a família incestuosa enquanto sis- tema social apresenta várias características. 34 Primeira: é uma família capaz de produzir e reproduzir o abuso incestuoso, gra- ças as suas condições concretas de estrutura e funcionamento, ou seja, ela é gestadora e alimentadora da violência incestuosa. Segunda: a Gênese e o desenvolvimento da violência sexual incestuosa são pos- síveis porque a família incestogênica é um sistema no qual há: a) uma grande confusão em nível das fronteiras intergeracionais e das identida-des de seus membros. Por exemplo, no incesto pai-filha, a transgressões das fronteiras é clara no momento em que a filha passa a ser "esposa" do pai, nivelando ao mesmo tempo mãe e filha. b) fronteira organizacional muito pouco permeável ao exterior. A conseqüência, é a de um "viver simbiótico", com relações exteriores rarefeitas e pouco consistentes. Ao mesmo tempo, as relações intrafamiliares são rígidas, estruturadas no principio da homeostase, segundo o qual qualquer mudança seria um terror a evitar. A família incestogenica 6, portanto, uma família resistente a mudanças; c) uma organização fundada num segredo o qual as vezes persiste de geração a geração. 0 segredo é o não dito que contribui para fazer incesto um crime perfeito: só a vitima por testemunha, silenciosa ante a ameaça sempre presente - das terríveis conseqüências de uma possível revelação do segredo (descrédito, morte, desestruturação familiar, etc). d) Uma aparente coesão. Na família incestogenica, ligação incestuosas funciona com um sistema, cuja função é a de manter a família temporariamente unida, embora já este desunida. Por isso mesmo, há autores que consideram a família incestogenica como um subtipo da família disfuncional, cujo protótipo seria o da família desunida - reunida pela reinteração da violência sexual. e) A constelação de forças configura o que podemos chamar de ditadura familiar. 0 poder, em geral, se exerce despoticamente: concentrada na figura do pai (patriarca) ou seu representante. Discricionário em relação aos fracos do sistema porque depen- dem daquele (mulher, filhos, etc). Imprevisível: o patriarca faz as leis de forma abso- lutista e as transgride na medida de seus interesses e desejos. Nutre-se do terror da revelação (do abuso) como uma das formas de impedir a subversão de ordem familiar e assegurar o domínio sobre os fracos do sistema. 35 Mitologicamente, o incesto é considerado como ato cometido por um adulto mentalmente "perturbado" sobre uma pequena vitima, haja vista ser comprovada um pequeno número de agressores com problemas mentais. Para Weinberg (1995) descre- veu dois tipos de famílias incestuosas: a) família que vive no "deboche", sem nenhu- ma regra, onde os pais desse tipo são associados muitas vezes ao alcoolismo, têm grande liberdade de costumes e apresentam desvios importantes; b) o segundo tipo é o "endogamico" que é totalmente diferente. A família não se faz notar, nem apresenta desvios de comportamento associal nem as crianças têm dificuldades escolares. Para Ana Freud apud Caravieri (1997, p. 94-95) existem alguns indicadores de conduta de pais ou responsáveis de famílias incestuosas: - são extremamente protetores ou zelosos da criança e/ou adolescente; - estimulam a suas crianças/adolescentes a práticas sexuais e/ou prostituição; - enfrentam dificuldades conjugais; - abusam de álcool e/ou drogas; - freqüentemente são ausentes do lar; - são sedutores insinuantes, especialmente com crianças e/o adolescentes. Muitos desses sinais podem ser indicadores como apenas sinais de perturbação emocional de todos os tipos, não indicando necessariamente o abuso sexual. mas um conjunto deles aumenta a possibilidade da ocorrência de um abuso sexual incestuo- SOS. 4.1.1 0 agressor incestuoso Passamos agora a nos centrar na figura do agressor incestuoso, o qual não só acomete o abuso para satisfazer necessidades puramente sexuais, mas também, usam o sexo como tentativa baldada de satisfazer uma série de necessidades emocionais. As vezes, para se defender de sentimentos profundos de desajuste. Para Vieira & Abreu (1997), um pai comete incesto como um exercício de poder, uma demonstração de poder por isto muitas vezes é frustrado fora de casa, ou em suas relações familiares com adultos. 0 molestador incestuoso é usualmente o adulto do sexo masculino (pai, padrasto ou namorado da mãe que mora junto) que molesta dentre as crianças do sexo femini- 36 no, segundo estatísticas, Vieira & Abreu (1997). Dentre os agressores sexuais a pre- sença feminina é diminuta, este dado, aliados a outros, sugere que o abuso de meninas e adolescentes constitui um componente importante da socialização da mulher para submeter-se ao poder do homem. Isto não significa a inexistência de abusos sexuais de meninos, embora pesquisas revelem o percentual de meninas sendo o dobro. (Aze- vedo e Guerra, 1989, P. 18). 4.1.2 Estratégias do agressor incestuoso Embora possa ocorrer abuso fisico o molestamento é usualmente reservado e efetuado através de ameaças ou constrangimentos mentais onde eos agressores afir- mam que a vitima sera banida da família se ela não sucumbir aos seus desejos; que ela sera culpada por magoar a família se o ele for preso, ou que um irmão ou irmã possa ser vitimizado se ela não consentir ao abuso. Através da intimidação, a vitima é levada a se sentir responsável pelo abuso e por guardar os atos como segredo. Este segredo é guardado pela vitima e pelo agressor, ou intimamente dentro da família (família incestogenica). E como aponta Furniss (1993, p. 21): "espera-se que o pai em seu papel de progenitor, trace as fronteiras adequadas, dele espera-se a guarda da honra, da integridade fisica e moral de seus filhos até a maturidade, zelando pela sobrevivência e pelo desenvolvimento bio-psíquico-moral de seus filhos, até que es- tes respondam por sua própria atividade sexual. Isso significa que mesmo que uma criança se comportasse de maneira abertamente se- xual, seria sempre responsabilidade do pai estabelecer "limites". Nem mesmo o mais sexualizado ou sedutor comportamento, jamais poderia tor- nar a criança responsável pela resposta adulta de abuso sexual, sabemos que a pessoa que comete abuso satisfaz seu próprio desejo sexual, ern resposta à necessidade da criança de cuidado emocional. As crianças pedem amor e carinho, mais os adultos abusivos lhes dão sexo. 4.2 A pedofilia Dentre os tabus sexuais mais repelidos pela ideologia ocidental contemporânea está a pedofilia, pois tendo como pressuposto que o sexo é sinônimo de pecado, que a 37 sexualidade destina-se à reprodução da espécie e só pode ser praticado por seres ma- duros, aproximá-los dos prazeres eróticos equivaleria a profanar a sua própria nature- za. Esta categoria dos chamados pedófilos, é conceituada segundo a literatura, por estes terem preferência sexual por crianças e adolescentes. Pedofilia é um diagnóstico psiquiátrico, da Americam PsychIotric Assocition (Associação Psiquiátrica America- na) que define pedofolia como o "ato de envolver em atividade sexual com criança pré-pubere como método exclusivo, ou repetidamente preferido de conseguir excita- ção sexual. Em termos genéricos o pedófilo é um indivíduo mais velho cujas fantasias e/ou atos eróticos tem a criança ou o adolescente como foco. Em nossa tradução luso-brasileira, as relações entre adultos e crianças e/ou ado- lescentes, além de freqüentes, não eram condutas das mais condenadas pela Teologia Moral, pois mesmo quando realizada com violência, a pedofilia em si nunca chegou a ser considerada um crime específico por parte da inquisição. E como podemos observar no exemplo a seguir: "em 1746, um menino de 5 anos foi levado para um porão e usado por traz por um moço de 20 e tanto anos". A casos deste tipo os reverendos dos inquisitores não davam a menor importân- cia a essas cruéis violências e arquivavam as denúncias (Priores, 1995). Os casos de pedofilia na antiga França ainda poderiam ser constatados na segun- da metade do século XIX como fato cometido por pessoas como vemos no relato. "Um homem acusado de tentativasinfames, contra a pessoa de duas crianças fora absolvido por uma razão julgada na época evidente, os encantos de sua mulher que era de uma beleza notável, contrastavam com a fisionomia comum e sem graça das queixosas, sendo que o acusado não poderia atacar crianças sendo casado corn uma mulher tão bela (Vigarelo, 1998, p. 173). Vieira & Abreu (1997, p. 123) nos descrevem que a família com só a mãe, é particularmente vulnerável à pedofilia. O pai ou a mãe normalmente tem um trabalho durante o dia e está tentando preencher, ocupar a função de pai e mãe ao mesmo tempo. Em muitos casos o pai ou a mãe é simplesmente incapaz de dar suporte psico- lógico de que a crianças necessita. Estes fatores podem contribuir para o sucesso do 38 pedófilo, já que este pode e vai prover o cuidado e a atenção, apesar do quão superfi- cial possa ser, o qual pode estar faltando em casa. E claro, problemas em famílias completas também podem tornar as crianças vulneráveis aos pedófilos. 4.2.1 0 agressor pedófilo Como já colocamos, a pedofilia é um diagnóstico psiquiátrico, mas para poder- mos identificá-lo iremos levantar agora algumas características que podem nos ajudar a caracterizar um agressor deste tipo. Os pedófilos se orgulham de seu interesse sexual por criança ou adolescente, mas estes, por possuirem medo de serem apreendidos, podem nunca molestar fisica- mente uma criança mas lucram com gratificações sexuais através de pornografia in- fantil e/ou erotismo infantil. 0 pedófilo é o produto e o consumidor, sendo muitas vezes o distribuidor comercial de pornografia infantil. Seu desejo 6 fazer com que a criança obedeça a seus pedidos e não informar a ninguém a natureza de seu relaciona- mento abusivo (Vieira & Abreu, 1997). Segundo Abreu & Vieira (1997, p. 122) estudos já mostraram que muitos pedófilos preferem crianças de uma faixa etária especifica ou determinada estágio de desenvol- vimento. Quando as crianças passarem desta idade, o pedófilo em geral irá determinar este relacionamento esteja neste estágio de desenvolvimento. Este tipo de agressor usa de material pornográfico descrevendo crianças ou ado- lescentes envolvidos em atividades sexuais que freqüentemente usado para induzir novas vitimas. O pedófilo costuma dizer a eles que a atividade sexual é normal, e fotografias, revistas, filmes e videos são usados com evidencia disso. Para compreendermos melhor a figura do agressor pedófilo iremos agora citar algumas características e indicadores comportamentais segundo as autoras Vieira & Abreu (1997, p. 124-125) as quais nos colocam que o agressor pode ser: 1) Comumente um adulto do sexo masculino; 2) Usualmente é solteiro; 3) Trabalha num vasto campo de ocupações, desde trabalhador sem instrução até um executivo de corporação; 4) Se relaciona melhor com crianças do que com adultos; 5) Se socializa com poucos adultos, a menos que sejam pedófilos; 39 6) Usualmente preferem crianças de uma faixa etária especifica. 7) usualmente preferem tantos meninos como meninas, poder ser bissexual. 8) Pode procurar por emprego ou programa de voluntários envolvendo crianças e adolescentes. 9) Persegue crianças para fazer propostas sexuais. 10) Freqüentemente fotografa ou coleciona fotografas de suas vitimas, tanto ves- tidas quanto nuas, ou em atos sexuais explícitos. 11) Coleciona erotismo infantil e pornografia com criança e adulto: a) para diminuir a inibição das crianças; b) para fantasiar quando nenhuma vítima potencial esta disponível; c) para aliviar as atividades sexuais; d) para justificar suas atividades. 12) Pode possuir e fornecer narcóticos para suas vitimas como propósito de di-. minuir suas inibições. 13) É suficientemente inteligente para reconhecer que ele tem um problema pessoal e entende a severidade dele. 14) Pode atingir graus elevados para tentar esconder suas atividades ilícitas. 15) Normalmente racionaliza suas atividades ilícitas enfatizando impacto positi- vo sobre a vitima e reprimindo sentimentos quanto ao mal que ele causou. 16) Normalmente retrata a criança como agressora. 17) fala a respeito da criança como se falasse de amante ou esposa adulta. 18) É normalmente vitima de molestação infantil (com freqüência procura por vitimas no mesmo estágio de desenvolvimento que estava quando foi molestado). 19) Freqüentemente procura por pub licações e organizações que dêem suporte as suas crenças e práticas sexuais. 20) Usualmente se corresponde com outros pedófilos e troca pornografia infanti l com prova do envolvimento. 21) Em geral não é violento e não tem problemas com a justiça (são freqüentemente membros respeitados da comunidade). 40 4.2.2 Estratégias do agressor pedófilo Os pedófilos passam tempo desenvolvendo relacionamentos com as crianças que desejam explorar. Segundo Vieira & Abreu (1997), eles as levam para o parque, uma praia ou a qualquer lugar que a criança deseja ir, em adição estes podem oferecer-lhes presentes, qualquer coisa desde um doce ou um brinquedo até uma viagem ou um carro. Quando uma aproximação positiva foi desenvolvida, estes fazem suas investidas sexuais. Algumas vezes os agressores dão as suas vitimas bebidas alcoólicas, drogas ou narcóticos para embotar seus sentidos e toma-las mais susceptíveis ao abuso durante este tempo, ped6filos continuamente encorajam suas vitimas dizendo a elas que não há nada de errado com a atividade sexual: "se eles (crianças fotografadas, podem fazer isso você pode fazer também) Vieira & Abreu (1997). necessário salientar que tais características, nos ajudar a detectar o possível diagnóstico de pedofilia, mas isso se estes forem analisados em conjunto. 4.3 As estratégias comum do abuso incestuoso e pedófilo Há um processo comum a vários casos de abuso, querem eles tenham sido come- tidos por parentes ou por uma pessoa fora da família. Os agressores tern uma estraté- gia relativamente clara para envolver suas vitimas. Mas um aviso precisa ser dado antes de se desconsiderarem as fases típicas de um abuso. A primeira vista, existem tantas variações e exceções à regra que praticamente invalidam a suposição de que há um padrão. 0 fato é que os detalhes variam conforme o caso: cada pessoa sofre o abuso de um modo (mica. Então, qual é o objetivo de se discutir um padrão comum se existem tantas variações? O propósito é o mesmo de se estudar a gramática de uma lingua qualquer. Pode haver mais exceções à regra do que a própria regra, mas se a regra é aprendida, as exceções podem ser tratadas. Na maioria dos casos, o abuso não é algo que acontece a partir do nada, de repente e de maneira imprevista, praticada por alguém que se esconde atrás dos arbus- tos e espera por uma criança inocente que passe por seu caminho. De fato, a grande maioria dos abusos ocorre entre membros da família ou por alguém conhecido da vitima (Allender, 1999). - 41 0 abuso sexual normalmente segue uma seqüência de estágios, segundo Allender: Primeiro estágio: desenvolvimento de intimidação e discrição. Sua essência é a oferta de um relacionamento de intimidade, privilégios especiais e de recompensa. Segundo estágio: contato fisico aparentemente apropriado. Esse segundo está- gio é essencialmente a aproximação através de contato físico sexual, este estagio é a seqüência lógica da introdução da intimidade relacional e da disposição de ocultar algo. Terceiro estágio: o abuso, este acontece num contexto de vazio, confusão e soli- dão, um contexto que prepara a vitima para um desconcertante relacionamento de traição, ambivalência e impotência A medida que o adulto passa de uma fase A outra do processo. 0 envolvimentoinicial se mostra como algo que nutre a alma e, quando o toque fisico é oferecido, os sentidos são misturados com a excitação do relacionamen- to e o despertar de vida. Quarto estágio: a manutenção do abuso - o estágio final do abuso 6, de muitas maneiras similar ao primeiro estágio: o desenvolvimento de intimidade e discrição. Ern oposição ao primeiro estágio, contudo, os dias gloriosos se foram para nunca mais voltar. 0 agressor vai usar qualquer artimanha a seu alcance para instalar lealdade e temor no coração da vitima, visando assegurar silencio e complacência. 0 medo é introduzido através de ameaças e a lealdade através de privilégios. Normalmente o medo está baseado em ameaças físicas ou psicológicas, ou uso real de força e violên- cia. 4.4 Resgate histórico do perfil bio-psicológico dos agressores sexuais Na França antiga, a imprensa e os estudiosos buscavam uma fisionomia do agressor sexual. As transgressões violentas, neste período visavam primeiro aos seres mais frágeis, como crianças, domésticas, &fa's e outras. 0 agressor sexual passou a ser identificado primeiramente por Gall apud Vigarello (1998) como alguém que possuísse um desenvolvimento excessivo de cerebelo, o órgão da "energia generativa", e por seus relevos e protuberâncias na nuca. Mas tarde, o exame passa a não se limitar mais no rosto, agora estende-se ao conjunto do corpo onde enfermidades e taras hereditárias poderiam inverter o progres- 42 so favorecendo atos transgressivos. Os criminosos seriam então, indivíduos que flea- riam para trás na evolução, constituiriam uma "raça 6 parte" (Vigarello, 1998). 0 homem violento é transformado em um ser de sinais variados, os levantamen- tos se acumulam: medidas detalhadas da anatomia e comparações antropométricas dos acusados. No entanto, essa busca ilimitada de traços fisicos não podia continuar merecendo crédito durante muito tempo. 0 agressor passa então a ser visto sob novos olhares no final do século XIX, os atentados sexuais passa a ter uma referência de cultura, o agressor passa a ser visto como "herói fracassado", como um "tirano timido", a figura de homens selvagens agora é destruída. Em meados do século XIX, as cifras de denúncias ilustravam os efeitos de uma menor tolerância à violência, mostrando as mudanças na percepção da infância; Como o investimento nesta muda a forma e intensidade. Começa-se um novo controle das famílias, associando-as a novas expectativas pedagógicas leis sobre o trabalho de cri- anças e leis sobre a infância maltratada. Segundo Vigarello (1998, p. 247) o agressor ou o estuprador continua atualmen- te sendo percebido como um ser marginal, indigente ou vagabundo, indivíduo degene- rado ameaçando como que de fora um mundo que supostamente o exclui. Sua nocividade contra suas vitimas continua sendo também em grande parte social, mobilizando uma inquietação que não é a nossa: temor das aprendizagens pervertidas, efeitos centrados na depravação e menos na integridade interior ou na perda de si. A criança violentada seria depravada tanto quanto a vitima, prisioneira de maus exemplos, maculada tanto quanto transviada. importante que nos detenhamos a vermos que a figura do agressor incestuoso não pode ser definido, pois este se encontra democraticamente presente em todas as classes sociais. CAPITULO V DETALHAMENTO DA PESQUISi QUALITATIVA 44 Neste capitulo, vamos apresentar através de estudo e análise, os dois tipos de violência sexual, o incesto e a pedófilia, os relacionamentos com a teoria apresentada no transcorrer do trabalho com a realidade que serão aqui apresentadas. 5.1 Descrição e interpretação 5.1.1 Primeiro Caso: Agressor Incestuoso I - Identificação Nome: Mariana Idade: 9 anos Nome do agressor: João Idade: 22 anos Vinculo: padrasto II - Resumo da situação denunciada Na data de 29 de março de 2000, o Programa registrou a denúncia de que o padrasto, estava abusando sexualmente de sua enteada e que este exibia seus órgãos genitais a ela, além de agredir psicológica e fisicamente tanto a ela quanto a seus irmãos (Michele 8a Pedro 6 a) . HI - Abordagem com a Vitima Na primeira abordagem, a vitima relatou-lhes que seu padrasto era muito "bra- vo" e não aceitava que estes fizessem nenhum tipo de barulho. Relatou-lhes em outra abordagem que este, gostava de agarrá-la pelas costas e pedia para cariciar seu pênis, além disso, à chamava de "rapariga", termo usado para prostitutas no Nordeste, lugar de origem do agressor, que gostava de "desfilar nu" pela casa e a abrigava a tomar banho em sua presença. Colocou-lhes ainda que este batia em seus irmãos e os colocava para fora da casa, quando este queria "fazer coisas". IV Abordagem Comunitária Em abordagens comunitárias, os vizinhos colocaram que Sr. João, é "louco", pois todos ali tem medo de sua pessoa, pois age sem pensar, e bate tanto na esposa quanto nas crianças na frente de todos, sem a "menor cerimônia" quando bebe, os 45 vizinhos acham que ele também faz uso de drogas pois a casa é visitada por pessoas suspeitas. V Abordagem com a Genitora Em abordagem com a genitora, esta relatou que a família é proveniente do nor- deste do pais (Recife) e que mora há pouco mais de um ano em Florianópolis, que foi casada com o pai das crianças, mas o casamento não deu certo. Após a separação conheceu João, que de inicio demonstrava ser uma boa pessoa, mas que depois de algum tempo começou a ficar extremamente violento e com freqüência fazia uso de álcool e drogas (maconha e cocaína). VI Abordagem com o Agressor Em abordagem, o Sr. Joao se mostrou "desequilibrado -, pois relatou ter tentado se suicidar, mostrando alguns arranhões na testa. Quando questionado sobre a denúncia, este colocou que não gostava de Mariana, por ela ser uma menina que mentia, e verbalizou "isto é o que cld ter mulher em casa, s6 incomoda". Colocou que apenas brincava com ela "pois não tinha mais o que fazer", disse que queria que a genitora voltasse para casa, mas que as crianças poderi- am morar com a avó. VII Procedimentos Após a intervenção do Programa o agressor, ameaçou a esposa e os filhos de morte e estes foram todos abrigados na Casa de Passagem, instituição de apoio aos programas de proteção 6. criança e ao adolescente. A família ainda recebeu atendimen- to psicológico promovido pelo Programa. 0 caso foi registrado na 6 4 Delegacia da Capital, sendo após efetuado o exame de lesões corporais, o caso foi repassado ao Conselho Tutelar do Continente e ao Juizado da Infância, sendo a esses enviado rela- tórios. VIII Situação da Vitima após atendimento Após a intervenção do Programa, a família foi repassada aos cuidados do C.T. e Juizado da Infância, sendo que o agressor foi afastado da vitima e da genitora, sob 46 pena de prisão. Algum tempo depois fomos informados que a genitora voltou a conviver mari- talmente com o agressor, colocando novamente a vitima sob risco de agressão. Programa novamente comunicou via relatório o Juizado da Infância, a ()A Delegacia de Policia e o Conselho Tutelar para que tomassem providências, pois haviam evadido-se do antigo endereço e que agora, responsabiliza-se a genitora por conivência a tal situ- ação. IX Estratégia do agressor Neste caso de abuso incestuoso padrasto e entedada, o agressor usou como estra- tégia a violência psicológica (ameaças de surras e de morte), pois a convivência com a vitima diariamente dava suporte para que este conheçese e compreendesse os medos da vitima os quais ele iria usar para conseguir o abuso. X Interpretação Trata-se de uma forma de incesto entre padrasto e enteada. Ao analisarmos o prontuário aqui descrito, vimos que a vitima além daviolência sexual (assédio, atos libidinosos) sofreu também violência fisica e psicológica por parte do agressor. Fica claro através dos relatos aqui descritos, que o agressor possui comportamento disfuncional, pois além de andar nu pela casa na presença das crianças, relatou tentar suicídio coin a saída da genitora do lar e as ameaçasse de morte caso estas não voltas- sem. A família aqui analisada se encaixa no sistema social, apresentado pelas autoras Azevedo & Guerra (1993) a qual apresenta várias características. Vejamos algumas: primeira a família incestuosa é capaz de produzir ou reproduzir o abuso, pois ela mesma é geradora e alimentadora da violência, outra característica é a confusão ao nível de fronteiras das identidades de seus membros, onde a vitima é nivelada a posi- ção de esposa, tendo que agir como se fosse. E uma outra característica é a constela- ção de forças que configura o que podemos chamar de ditadura familiar, concentrada, neste caso, na figura do padrasto. 47 5.1.2 Segundo Caso: Agressor Incestuoso 1 Identificação Nome: Viviane Idade: 15 anos Nome do agressor: Antônio Idade: 40 anos Vinculo: padrasto II Resumo da denúncia Em 08 de junho de 2000,0 Programa registrou denúncia de que o Sr. Antônio era alcoolista e desde 1998, vinha assediando sexualmente sua enteada. Sendo que a poli- cia militar era chamada constantemente devido As agressões e investidas sexuais, já há porém, registro na 64 Delegacia de Policia e processo no Fórum. III Situação das Vitimas Com faz parte dos procedimentos do Programa, o técnico constatou que a famí- lia já havia sido atendida, onde a mesma vitima tinha chegado com lesões fisicas decorrente de uma surra perpetrada pelo padrasto (Sr. Antônio). Na ocasião, a criança em abordagem confirmou os fatos, porém suas lesões no pescoço estavam praticamente imperceptíveis. 0 padrasto alegou fazer uso de violên- cia física como método disciplinar, sendo que a mãe defendeu o companheiro. Na ocasião foi verificado que o padrasto era alcoolista, que deveria fazer o uso de medicação psicotrópica e não o fazia, e também que havia abandonado o tratamen- to psiquiátrico, alegando que iria retomá-lo. Na oportunidade foram agendados inúmeros horários com a psicóloga do Pro- grama, porém a genitora compareceu com Viviane em apenas uma sessão. Considerando os aspectos deficitários da família, o caso foi repassado para inter- venção do Conselho Tutelar da Ilha, em 1997. Após, constatada a reincidência, tendo agora o agravante da violência sexual o programa, esteve na residência onde conversou com Viviane. 48 IV Abordagem com a vitima Em abordagem com Viviane, a mesma nos relatou que vem sofrendo atos obsce- nos e atos libidinosos, onde o padrasto, mostra seu pênis, masturba-se, entra no ba- nheiro quando esta tomava banho, vai até a sua cama de madrugada, mexe nos seus seios e em sua vagina. Fala obscenidades, tais como: "vou te comer, vem cá sua gosto- sa..." Relatou-nos ainda que o mesmo bebe muito, que bate nos irmãos e na mãe, exige que a mãe transe com ele diariamente, na mesma cama onde dormem mais dois irmãos (Paulo e Fabieli). Que manda as crianças "dormirem" e que a mãe chora durante a relação sexual. Contou-nos que o mesmo já manteve relações sexuais consigo, por duas ocasi- ões. Na primeira (1998) era virgem e a mãe esteve na delegacia, porém foram chama- dos algumas vezes e nada aconteceu, por isso julga que as investidas sexuais nunca vão cessar. 0 agressor, quando a ameaça, se "vangloria", que quando é chamado na delega- cia, não acontece nada. "sou bem tratado, nada vai acontecer. Só vou la para perder tempo". Colocou ainda que muitas investidas ocorrem antes do amanhecer, quando está dormindo no chão com os irmãos, e o mesmo coloca a mão em seus órgãos genitais. Viviane, colocou-nos que já fugiu de casa, dormiu nas ruas, chegou quase a fazer programas junto com as primas, não realizando por não ter coragem, porém sempre volta para casa, pois gosta muito da mãe e dos irmãos. Colocou que o padrasto a proibe de ter namorados ou amigos, pois "diz que a quer s6 para si". V Abordagem com a genitora A genitora em abordagem confirmou o relato de Viviane, dizendo que não sabe mais o que fazer, pois está desacreditada da justiça e dos órgãos de proteção, pois até agora "nada aconteceu" e as violências persistem. Que a mesma precisa manter a família, sai para trabalhar sempre preocupada, pois as outras crianças permanecem em casa e Sr. Antônio faz biscates nas proximidades. Que procura proteger os fi lhos na medida do possível, embora compreenda que a maior vitima é Viviane. 49 Informou-nos que julga que "não adianta" conseguir o afastamento de Antônio de casa, pois o mesmo já informou que não sai. VI Abordagem com a irmã Fabieli A kind de Viviane, nos relatou em abordagem que "o pai tira as cobertas para espiar" Viviane, espia e vai atrás quando ela vai ao banheiro, diz para ela que se ela contar "vou dizer que é tudo mentira". Completou: "tia, ele vai ao juiz e fala mentira e o senhora sabe que se deve falar a verdade". A adolescente demonstrou ter conhecimento da vida sexual dos pais, que "a mãe não quer, mas o pai quer", e que "depois que a tia falou com a mãe, ela mandou eu e o Paulo dormir na sala, junto com os outros". A adolescente referiu que gostaria de morar somente com a mãe. VII Abordagem com Paulo, irmão da vitima Em abordagem Paulo, estava mais insistente em falar, porém, disse-nos que gos- taria que o pai saísse de casa, que ele "passa a mãe e sobe em cima de Viviane, mas que a mãe "atropela ele", chega na hora ou acorda. VIII Abordagem com o agressor No dia da abordagem, Sr. Antônio exalava forte cheiro de álcool. Disse que "mexe!" em Viviane, e que sua esposa o viu certa vez pegando o nené que estava em cima de Viviane e "inventou esta história". Disse-nos que "não pode se separar, pois tem declaração psiquiátrica, dizendo que não pode andar sozinho". Que não toma mais remédio porque não precisa. Falou-nos sobre o comportamento de Viviane, que "transa com vários homens", anda nas ruas, nos morros e não aceita conselhos dele. Orientamos sobre o comportamento sexual inadequado e que o caso seria apre- sentado a justiça. IX Abordagem Comunitária Dentro da investigação conseguiu-se abordar uma vizinha da família a qual nos relatou que: "A genitora e Viviane sempre lhe relatavam sobre as investidas sexuais de 50 Antônio, que o mesmo as aterrorizava, corria atras com facas, pedaços de madeira para agredir tanto a genitora quanto aos filhos. Além disso, explorava sua esposa eco- nomicamente e tinha ciúmes doentios de seus patrões. Disse-nos ainda que o Sr. Antô- nio já assediou outras vizinhas e temem as crianças da comunidade, muito mais os outros filho dele, relatou-nos que seu comportamento se agrava quando está alcoolizado. Colocou-nos que Viviane já apresenta comportamento promiscuo, devido a tudo o que ocorreu consigo e com o que presencia há anos, além de suspeitar que, por determinado período, Antônio aliciava sexualmente Viviane em troca de dinheiro. X Procedimentos adotados 0 caso foi novamente registrado na 6 3 - delegacia de policia da capital, sendo realizado exame de lesões corporais no JML. A vitima foi encaminhada para atendi- mento psicológico junto ao Procevic. 0 relatório do caso foi enviado ao Conselho Tutelar, ao Juizado da Infância 64 Delegacia de Policia. Para constar, o caso já esta na segunda vara criminal sob processo devido a pri- meira denúncia de violência sexual. XI Estratégias doagressor Neste caso o abuso ocorre também entre a enteada e o padrasto, sendo que o agressor novamente usou de violência psicológica, surras, ameaças de morte, de abu- sar de outros irmãos, novamente este tipo de violência é facilitada pelos envolvidos morarem no mesmo lar. Em situações incestuosas o agressor repassa a vitima a culpa pelo abuso e a faz manter segredo sob pena de ameaças e ou gratificações, neste caso Viviane era constrangida através de ameaças. XII Interpretação Através do estudo pudemos observar que se trata de uma forma de incesto entre padrasto e enteada. Pudemos observar que no caso ocorrem mais violências (fisica, psicológica, social) além da violência sexual e que estas ocorrem há anos, onde a impunidade do agressor é o aspecto mais gritante, pois ele vale-se disso para continuar 51 perpetrando sua conduta violenta. Outro aspecto a considerar é o suposto distúrbio psiquiátrico, que este em ne- nhum momento apresentou tal documento, mas que se houverem são agravados pelo uso de álcool. A família ern questão, segundo Weimberg (1995) vive no "deboche", sem ne- nhuma regra, isto é possível ser observado quando é relatado que o agressor vive as custas da genitora, toda a família sabe do abuso e convive com ele. E o agressor se vale da impunidade para reincidir com a violência sem temer as conseqüências que pode- rão causar as vitimas. 0 caso de agrava devido à ausência da genitora no lar, quando todos os filhos ficam sob sua guarda, pois a mãe é quem sustenta economicamente toda a família. 5.1.3 Terceiro Caso: Agressor Pedófilo I Identificação Nome da vitima 1 - Caroline Idade: 12 anos Nome da Vitima 2: Ana Idade: 13 anos Agressor: Sr. José Idade: 50 anos Vinculo: desconhecido II Resumo da denúncia Em 25 de março de 2000, o Programa registrou denúncia de que duas irmãs . Caroline e Ana eram "contratadas por um homem com um passat verde para `lavar loucinhas' e praticar sexo por R$ 10,00". III Abordagem com as vitimas Em abordagem com as vitimas estas relataram que conhecem uma terceira meni- na que é conhecida por "Dinha" e foi ela quem as levou até o Sr. José, a qual o chama de avô. Quando entraram no carro sentaram no banco traseiro do carro e que a amiga 52 foi no banco da frente. Foram até uma praia e que ao chegar, esta disse que iria mastur- bar o tal Senhor, então este determinou que não contassem a ninguém, após abriu o ziper da calça e tirou o pênis para fora, e que Dinha o masturbava, e elas também o fizeram e quando Ana o fazia ele ejaculou. Quando iam embora este as levou para fazer um lanche em Cacupé, num bar. Neste mesmo dia o St José colocou a mão dentro da calcinha de Dinha e após marcaram encontro para o dia seguinte. No dia seguinte, foram novamente a Cacupé, onde ele as levou para o Costão da praia e Id praticou sexo oral e pediu para que deixassem ele introduzir o pênis, mas estas negaram que este passava a mãos em seus seios e que todos chuparam seu pênis após ele "chupou" suas vaginas, e quando marcou novo encontro pediu para que vies- sem "todas bem cheirosinhas". Neste dia ele as presenteou com uma calça, uma mo- chila, R$ 5,00 e ainda fizeram lanche. Caroline e Ana, não sabiam o endereço de Dinha, nem como podíamos encontrá- la, pois os pais haviam proibido estas de saírem com a tal amiga. IV Abordagem com os responsáveis Em abordagem este nos informaram que não sabiam de nada, mas que agora as filhas estavam acompanhando-os a Igreja e que "Jesus as tinha salvado". A genitora, não nos relatou mais se esquivando e dificultando à nossa interven- ção. V Abordagem comunitária Em abordagem comunitária, alguns vizinhos nos relataram que "todos sabiam - que as irmãs tinham "um caso!" com o tal Senhor do Passat verde, e que saiam em troca de presentes e dinheiro, e que os pais sabem de tudo e não tomam nenhuma providência, além de que incitam as filhas e pedir esmolas. As adolescentes fazem "programas" com outros homens e que contam detalhes sobre praticas sexuais em bar próximo a casa delas, além de confirmarem o "tat caso". 53 VI Procedimentos adotados 0 caso foi registrado na 64 Delegacia de Policia da capital, onde foi expedida guia de lesão corporal. 0 relatório com as abordagens, foi enviado a 6a Delegacia de Policia, ao Juizado e ao Conselho Tutelar Continente. Foram agendados vários atendimentos psicológicos mas estas não comparece- ram, dificultando nosso trabalho. VII Estratégias do agressor 0 pedófilo pode ser uma pessoa "distante" da vitima, quase sempre um desco- nhecido, e estes então usam de estratégias de aproximação da vitima, neste primeiro caso usou de uma outra vitima como "isca" para conseguir o abuso, tendo que se tornar mais intimo para conseguir o abuso. Este as gratificava através de presentes e dinheiro. VII Interpretação De acordo com a literatura referenciada, a família, pela questão da negligência, propiciou o envolvimento das vitimas com o agressor, sendo que as vitimas já possu- em comportamento promiscuo, além de toda a família se mostrar inacessível ao aten- dimento. Podemos verificar que o agressor se encaixa na caracterização de pedofilia, por manter relações sexuais com adolescentes de uma mesma faixa etária especifica no caso (vitima de 12 a 15 anos), ainda por oferecer gratificações como dinheiro, presen- tes para conseguir uma aproximação positiva com as vitimas e ainda Ter uma adoles- cente, também vitima, como "isca", para se estabelecer primeiramente uma relação de confiança. Nesse caso o abuso seguiu os estágios estabelecidos por Allender (1999). Pri- meiramente, o agressor usou a terceira vitima Dinha para poder chegar até Ana e Caroline, oferecendo-lhes privilégios e recompensas. 0 segundo estagio, o contato fisico e o terceiro o abuso, pois as vitimas chegam as vias de fato (sexo oral e atos libidinosos). 54 E o quarto estágio, a manutenção do abuso, ocorre quando este as pede para manter segredo, e a sua lealdade é recompensada através de presentes e outras recom- pensas. 5.1.4 Quarto caso: Agressor Pedófilo I Identificação Nome da Vitima 1 - Gabriel Idade: 11 anos Nome da Vitima 2 Natanael Idade: 8 anos Nome da vitima 3: Ezequiel Idade: 11 anos. Agressor: Juarez Idade: 69 anos Vinculo: vizinho 11 Resumo da denúncia No dia 27 de maio de 1999, recebemos denúncia de que um grupo de crianças, todas do sexo masculino, estavam sendo vitimas de atos libidinosos e atentado violen- to ao pudor de um vizinho, o Sr. Juarez. III Abordagem com as vitimas Em abordagem as vitimas relataram que o tal vizinho, constantemente convida- os para fazerem um lanche em sua casa e que nestas ocasiões exibe fi lmes pornográfi- cos, oferece dinheiro para estes ficarem nus em sua presença e oferece-lhes dinheiro para "transem com ele!" e pratica sexo oral. Relataram que este acaricia seus órgãos sexuais e suas nádegas, e ainda que já presenciaram o agressor penetrar em um outro menino seu "pênis". Relataram ainda que há um garoto, que mora no mesmo terreno que o agressor que transa com o senhor, e que já foram todos fotografados, além de que o Sr. Juarez 55 possui várias fotografias e Mines pornográficos que este exibe. IV Procedimentos adotados Devido, a investigação estar sendo feita pela policia, não foi realizada aborda- gem com a criança Ricardo, o qual morava no mesmo terreno que o agressor, em uma casa alugada, para que não fosse levantado suspeita e assim atrapalhar as investiga- ções policiais. 0 caso foi registrado na 2il Delegacia da Capital. Foram enviados rela-
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