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Mecânico de usinagem em máquinas convencionais Desenho com instrumentos Desenho II Desenho com instrumentos © SENAI-SP, 1991 Trabalho elaborado e editorado pela Divisão de Material Didático da Diretoria de Tecnologia Educacional do SENAI-SP. Coordenação geral Nacim Walter Chieco Equipe de elaboração Coordenação Marcos Antonio Gonçalves Coordenação do projeto e revisão técnica Lauro Annanias Pires Elaboração Antonio Ferro (CFP 1.02) José Romeu Raphael (CFP 5.02) Paulo Binhoto Filho (CFP 5.07) Equipe de editoração Coordenação Ciro Yoshisada Minei Assistência Editorial Ivanisa Tatini Planejamento visual Marcos Luesch Reis Revisão Luiz Thomazi Filho Composição Maria Verônica Rodrigues de Oliveira Ilustração Devanir Marques Barbosa Diagramação Lucy Del Médico Montagem de arte final Teresa Cristina Maíno de Azevedo Produção gráfica Victor Atamanov Digitalização UNICOM – Terceirização de Serviços Ltda S47d SENAI-SP. DMD. Desenho com instrumentos. Por Antônio Ferro et Alli. 2ª ed. São Paulo, 1991. (Desenho II). 1. Desenho técnico. 2. Desenho com instrumentos. I.t. II.s. 74:62 (CDU, IBICT, 1976) Desenho II - Desenho com instrumentos SENAI-SP SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional de São Paulo Av. Paulista 1313 - Cerqueira César São Paulo - SP CEP 01311-923 Telefone Telefax SENAI on-line (0XX11) 3146-7000 (0XX11) 3146-7230 0800-55-1000 E-mail Home page senai@sp.senai.br http:// www.sp.senai.br Desenho II - Desenho com instrumentos SENAI-SP Sumário Introdução 7 Instrumentos de desenho 8 Construção geométrica 17 Planificação 43 Indicação de estado de superfície 55 Cortes 67 Encurtamento 71 Seção 74 Omissão de corte 80 Vistas laterais 86 Projeção ortogonal especial 89 Projeção no terceiro diedro 97 Desenho II - Desenho com instrumentos SENAI-SP Desenho com instrumentos SENAI-SP 7 Introdução No fascículo “Iniciação ao desenho” foram dados os primeiros passos para o aprendizado do desenho técnico , com o estudo do traçado à mão livre. O objetivo deste fascículo é completar a matéria básica para o aprendizado de desenho técnico, utilizado em diversas ocupações, e introduzir a execução do traçado com instrumentos. Inicialmente será abordado o traçado em construções geométricas e planificação. Em seguida, serão estudados as indicações de estados de superfície, os cortes e as projeções especiais. Desenho com instrumentos SENAI-SP 8 Desenho com instrumentos SENAI-SP 8 Instrumentos de desenho Instrumentos de desenho são objetos destinados a traçados precisos. Os instrumentos de desenho mais comuns são: • Prancheta; • Régua-tê; • Esquadro; • Compasso. Prancheta A prancheta é um quadro plano usado como suporte do papel para desenhar. Há vários tipos de prancheta. Algumas são colocadas sobre mesas e outras são apoiadas em cavaletes. Desenho com instrumentos SENAI-SP 9 Régua-tê A régua-tê é um instrumento usado para traçar linhas retas horizontais. Fixação do papel na prancheta Para fixar o papel na prancheta é necessário usar a régua-tê e a fita adesiva. Durante o trabalho, a cabeça da régua-tê fica encostada no lado esquerdo da prancheta. A margem da extremidade superior do papel deve ficar paralela a haste da régua-tê. Veja a figura: Desenho com instrumentos SENAI-SP 10 Esquadro O esquadro é um instrumento que tem a forma do triângulo retângulo e é usado para traçar linhas retas verticais e inclinadas. Os esquadros podem ser de 45° e de 60°. O esquadro de 45º tem um ângulo de 90º e os outros dois ângulos de 45º O esquadro de 60º tem um ângulo de 90º, um de 60º e outro de 30º Os esquadros são adquiridos aos pares: um de 45° e outro de 60°. Ao adquirir-se um par de esquadros deve-se observar que o lado oposto ao ângulo de 90° do esquadro de 45° seja igual ao lado oposto ao ângulo de 60° do esquadro de 60°. Desenho com instrumentos SENAI-SP 11 Compasso O compasso é um instrumento usado para traçar circunferências e arcos de circunferência, tomar e transportar medidas. O compasso é composto de uma cabeça, hastes, um suporte para fixar a ponta-seca e um suporte para fixar a grafita. Desenho com instrumentos SENAI-SP 12 Traçado de linhas com instrumentos Linhas horizontais traçadas com a régua-tê: Linhas inclinadas traçadas com a régua-tê e um esquadro: Desenho com instrumentos SENAI-SP 13 Linhas inclinadas traçadas com a régua-tê e dois esquadros: Desenho com instrumentos SENAI-SP 14 Projeções traçadas com instrumentos: Desenho com instrumentos SENAI-SP 15 Linhas curvas traçadas com compasso Perspectiva isométrica traçada com instrumentos Desenho com instrumentos SENAI-SP 16 Desenho com instrumentos SENAI-SP 17 Desenho com instrumentos SENAI-SP 17 Construção geométrica Estudadas as características dos instrumentos de desenho técnico, é possível executar os traçados, desenvolvendo as construções geométricas e planificação. Para aprender as construções geométricas é necessário estudar os conceitos de: • Retas perpendiculares; • Retas paralelas; • Mediatriz; • Bissetriz; • Polígonos regulares; • Linhas tangentes; • Concordância. Duas retas são perpendiculares quando são concorrentes e formam quatro ângulos retos. Desenho com instrumentos SENAI-SP 18 Duas retas são paralelas quando estão no mesmo plano e não se cruzam. Mediatriz é uma reta perpendicular a um segmento de reta que divide este segmento em duas partes iguais. A reta m é a mediatriz do segmento de reta AB. Os segmentos da reta AM e MB têm a mesma medida. O ponto M chama-se ponto médio do segmento de reta AB. Desenho com instrumentos SENAI-SP 19 Bissetriz é uma semi-reta que tem origem no vértice de um ângulo e divide o ângulo em duas partes iguais. A semi-reta r é a bissetriz do ângulo A. Polígono é toda figura plana fechada. Os polígonos regulares têm todos os lados iguais e todos os ângulos iguais. O polígono regular é inscrito quando desenhado com os vértices numa circunferência. Desenho com instrumentos SENAI-SP 20 Linhas tangentes são linhas que têm só um ponto em comum e não se cruzam. O ponto comum às duas linhas é chamado ponto de tangência. Os centros das duas circunferências e o ponto de tangência ficam numa mesma reta. O raio da circunferência e a reta são perpendiculares no ponto de tangência. Desenho com instrumentos SENAI-SP 21 Concordância de duas linhas é a ligação dessas duas linhas com um arco de circunferência. A circunferência utilizada para fazer a ligação é tangente às duas linhas. Concordância de duas retas paralelas Concordância de duas retas concorrentes Concordância de uma circunferência com uma reta Desenho com instrumentos SENAI-SP 22 Concordância de duas circunferências Construções geométricas fundamentais 1. Perpendicular (ponto sobre a reta) Dados a reta s e o ponto P, Determine os pontos A e B, comqualquer abertura do compasso e com centro em P. Determine o ponto C, com o compasso em uma abertura maior que AP e centro em A e B. Trace uma reta passando pelos pontos P e C. Essa reta é a perpendicular. Desenho com instrumentos SENAI-SP 23 2. Perpendicular (ponto fora da reta) Dados a reta r e o ponto P, Determine os pontos A e B, com o compasso em uma abertura qualquer e centro em P. Determine o ponto C, com o compasso em uma abertura qualquer maior que a metade de AB e centro em A e B Trace uma reta passando pelos pontos P e C. Essa reta é a perpendicular. Desenho com instrumentos SENAI-SP 24 3. Perpendicular na extremidade do segmento Dado o segmento AB, marque um ponto C, próximo à extremidade a ser traçada a perpendicular. Determine o ponto D, com abertura do compasso AC e centro em A e C. Trace um arco aposto ao ponto C, com abertura do compasso AC e centro em D. Trace uma reta passando pelos pontos C e D e obtenha o ponto E. A perpendicular é a reta que passa pelos pontos A e E. Desenho com instrumentos SENAI-SP 25 4. Paralela (ponto dado) Dados a reta r e o ponto P, marque na reta r o ponto A deslocado de P e trace uma reta por P e A. Determine os pontos B e C, com uma abertura qualquer de compasso e centro em A. Determine o ponto D com a mesma abertura e centro em P. Marque o ponto E, com abertura do compasso BC e centro em D. Trace uma reta passando pelos pontos P e E. A reta que passa por P e E é paralela à reta r. Desenho com instrumentos SENAI-SP 26 5. Paralela (distância dada) Dadas a reta r e a distância d, determine os pontos A e B sobre a reta r. Trace as perpendiculares t e s pelos pontos A e B. Marque a distância d nas perpendiculares t e s, com o compasso em A e B, e obtenha assim os pontos C e D. Trace uma reta que passe pelos pontos C e D. Essa reta é paralela à reta r na distância dada d. Desenho com instrumentos SENAI-SP 27 6. Mediatriz Dado o segmento de reta AB, determine os pontos C e D, traçando arcos com o compasso em uma abertura maior que a metade do segmento AB e centro em A e B. Trace uma perpendicular que passe pelos pontos C e D. Essa perpendicular é a mediatriz. M é o ponto médio do segmento AB. Desenho com instrumentos SENAI-SP 28 7. Bissetriz Dado o ângulo de vértice A, determine os pontos B e C, utilizando o compasso com abertura qualquer e centro em A. Determine o ponto D, utilizando o compasso para traçar arcos do mesmo raio com centro em B e C. Trace uma reta que passe pelos pontos A e D. Essa reta é a bissetriz do ângulo dado. Desenho com instrumentos SENAI-SP 29 8. Divisão de segmento de reta em partes iguais (Neste exemplo: cinco partes). Dado o segmento de reta AB, determine os pontos C e D, utilizando o compasso para traçar arcos de mesmo raio, com centro em A e B; determine os pontos E e F por meio de arcos de mesmo raio, com centro em C e D; trace retas auxiliares que passem por AE e BF. Marque com o compasso cinco espaços iguais sobre as retas auxiliares a partir de A e de B. Trace retas ligando os pontos A com B5, A1 com B4 e assim sucessivamente, dividindo o segmento de reta em cinco partes iguais. Desenho com instrumentos SENAI-SP 30 9. Divisão do ângulo reto em três partes iguais Dado o ângulo reto de vértice A, determine os pontos B e C, utilizando o compasso com qualquer abertura e centro em A. Com a mesma abertura e centro em C e B, determine os pontos D e E. Trace retas que passem por AD e AE. Essas retas dividem o ângulo em três partes iguais. Desenho com instrumentos SENAI-SP 31 10. Triângulo equilátero inscrito (Divisão da circunferência em três partes iguais) Dada a circunferência de centro O, trace uma reta passando pelo centro, obtendo assim o diâmetro AB. Determine os pontos C e D por meio de um arco, com centro em A, passando pelo centro O. Ligue os pontos B, C e D, determinando o triângulo equilátero inscrito na circunferência. Desenho com instrumentos SENAI-SP 32 11. Quadrado inscrito (Divisão da circunferência em quatro partes iguais) Dada a circunferência de centro O, determine os pontos C e D, traçando o diâmetro AB e sua mediatriz. Ligando os pontos A, C, B e D por segmentos de reta, obtêm-se o quadrado inscrito. Desenho com instrumentos SENAI-SP 33 12. Pentágono inscrito (Divisão da circunferência em cinco partes iguais) Dada a circunferência de centro O: trace o diâmetro AB e sua mediatriz, determinando os pontos C e D; trace também a mediatriz de OB, determinando os pontos E, F e G. Determine H com abertura do compasso GC e centro em G. O segmento CH divide a circunferência em cinco partes iguais, ou seja: CI, IJ, JL, LM e MC. Unindo os pontos que dividem a circunferência, obtêm-se o pentágono inscrito. Desenho com instrumentos SENAI-SP 34 13. Hexágono inscrito (Divisão da circunferência em seis partes iguais) Dada a circunferência de centro O, trace uma reta que passe pelo centro e obtenha os pontos A e B. Trace os arcos com o compasso em A e B, passando pelo centro O, e obtenha, no cruzamento com a circunferência, os pontos C, D, E e F. Esses pontos dividem a circunferência em seis partes iguais. Unindo os pontos que dividem a circunferência, obtêm-se o hexágono inscrito. Desenho com instrumentos SENAI-SP 35 14. Triângulo equilátero dado o lado Dado o segmento AB, lado do triângulo, determine o ponto C, traçando arcos com abertura AB , com centro em A e B. Ligando os pontos A, C e B com segmentos de reta, obtêm-se o triângulo equilátero. Desenho com instrumentos SENAI-SP 36 15. Quadrado dado o lado Dado o segmento AB, lado do quadrado, trace uma perpendicular na extremidade A. Determine C na perpendicular com abertura AB e centro em A. Determine o ponto D com a mesma abertura, por meio de arcos e centro em B e C. Unindo os pontos A, C, D e B por segmentos de reta, obtêm-se o quadrado. Desenho com instrumentos SENAI-SP 37 16. Determinar o centro do arco Dado o arco, marque sobre eles três pontos A, B e C. Trace os segmentos AB e BC. Trace as mediatrizes dos segmentos AB e BC. O cruzamento das mediatrizes determina o ponto O, que é centro do arco. Observação Este processo é válido também para determinar o centro da circunferência. Desenho com instrumentos SENAI-SP 38 17. Concordância entre retas paralelas Dadas as retas r e s, paralelas e o ponto A, contido em s, trace uma perpendicular pelo ponto A, determinando o ponto B. Trace a mediatriz do segmento AB, obtendo o ponto O. Trace o arco de concordância entre as duas retas com abertura OA e centro em O. Os pontos de tangência são A e B. Desenho com instrumentos SENAI-SP 39 18. Concordância entre retas concorrentes Dado o ângulo formado pelas retas t e s e o raio do arco de concordância r, determine o ponto A, traçando paralelas àsretas t e s. Determine os pontos de tangência B e C, traçando a partir de A, linhas perpendiculares às retas t e s, respectivamente. Trace o arco que concordará com as retas dadas. Observação Este processo é válido para concordância entre retas concorrentes que formam qualquer ângulo. Desenho com instrumentos SENAI-SP 40 19. Concordância no ângulo reto Dadas as retas concorrentes t e s formando um ângulo de 90° e o raio do arco de concordância r, trace um arco determinando os pontos B e C, com o compasso com abertura r e centro em A. Determine D com abertura r e centro em B e C. Trace a circunferência determinando a concordância com as retas t e s, abertura r e centro em D. Desenho com instrumentos SENAI-SP 41 20. Concordância entre circunferências Dadas duas circunferências e o raio do arco de concordância r, determine os pontos C e D, traçando semi-retas a partir de A e B. Em seguida, determine E e F, com abertura r e centro em C e D, respectivamente. Determine o ponto G traçando os arcos: com abertura AE e centro em A e com abertura BF e centro em B. Determine os pontos de tangência H e I, ligando A com G e B com G. Trace o arco de concordância entre suas circunferências com centro em G e abertura em r. Desenho com instrumentos SENAI-SP 42 21. Concordância entre reta e circunferência Dados a reta s, a circunferência de centro A e o raio de concordância r, determine B na circunferência traçando uma semi-reta a partir de A. Determine o ponto C com abertura do compasso r e centro em B. Trace um arco com abertura AC e centro em A. Trace uma paralela à reta s na distância r, determinando o ponto D. Ligue D com A, obtendo o ponto E. Trace uma perpendicular à reta s partindo de D, determinando o ponto F. E e F são os pontos de tangência Trace o arco que fará a concordância com abertura r e centro em D. Desenho com instrumentos SENAI-SP 43 Planificação Planificação é um tipo de representação em que todas as superfícies de um modelo são desenhadas sobre um plano. As planificações são feitas com linhas contínuas e com linhas tracejadas. As linhas contínuas representam os contornos e as linhas tracejadas representam os lugares das dobras dos modelos. Prisma retangular em Prisma retangular sendo planificado perspectiva Planificação do prisma retangular Desenho com instrumentos SENAI-SP 44 Cone em perspectiva Pirâmide quadrangular em perspectiva Cone sendo planificado Pirâmide quadrangular sendo planificada Planificação do cone Planificação da pirâmide quadrangular Desenho com instrumentos SENAI-SP 45 Planificação do prisma Fases de execução • Prisma retangular 1a fase 2a fase Desenho com instrumentos SENAI-SP 46 3a fase 4a fase – Conclusão • Prisma hexagonal Desenho com instrumentos SENAI-SP 47 1a fase 2a fase 3a fase Desenho com instrumentos SENAI-SP 48 4a fase 5a fase – Conclusão Desenho com instrumentos SENAI-SP 49 Planificação do cilindro 1a fase 2a fase Desenho com instrumentos SENAI-SP 50 3a fase 4a fase – Conclusão Desenho com instrumentos SENAI-SP 51 Planificação do cone 1a fase 2a fase Desenho com instrumentos SENAI-SP 52 3a fase 4a fase – Conclusão Desenho com instrumentos SENAI-SP 53 Planificação da pirâmide quadrangular 1a fase 2a fase Desenho com instrumentos SENAI-SP 54 3a fase 4a fase 5a fase - Conclusão Desenho com instrumentos SENAI-SP 55 Indicação de estado de superfície O desenho técnico, além de mostrar s formas e as dimensões das peças, precisa conter outras informações para representá-las fielmente. Uma dessas informações é a indicação dos estados das superfícies das peças. Acabamento Acabamento é o grau de rugosidade observado na superfície da peça. As superfícies apresentam-se sob diversos aspectos, a saber: em bruto, desbastadas, alisadas e polidas. Superfície em bruto é aquela que não é usinada, mas limpa com a eliminação de rebarbas e saliências. Desenho com instrumentos SENAI-SP 56 Superfície desbastada é aquela em que os sulcos deixados pela ferramenta são bastante visíveis, ou seja, a rugosidade é facilmente percebida. Superfície alisada é aquela em que os sulcos deixados pela ferramenta são pouco visíveis, sendo a rugosidade pouco percebida. Superfície polida é aquela em que os sulcos deixados pela ferramenta são imperceptíveis, sendo a rugosidade detectada somente por meio de aparelhos. Desenho com instrumentos SENAI-SP 57 Os graus de acabamento das superfícies são representados pelos símbolos indicativos de rugosidade da superfície, normalizados pela norma NBR 8404 da ABNT, baseada na norma ISO 1302. Os graus de acabamento são obtidos por diversos processos de trabalho e dependem das modalidades de operações e das características dos materiais adotados. Rugosidade Com a evolução tecnológica houve a necessidade de se aprimorarem as indicações dos graus de acabamento de superfícies. Com a criação de aparelhos capazes de medir a rugosidade superficial em µm (micrometro: 1µm = 0,001mm), as indicações dos acabamentos de superfícies passaram a ser representadas por classes de rugosidade. Rugosidade são erros microgeométricos existentes nas superfícies das peças. A norma da ABNT NBR 8404 normaliza a indicação do estado de superfície em desenho técnico por meio de símbolos. Símbolo sem indicação de rugosidade Símbolo Significado Símbolo básico. Só pode ser usado quando seu significado for complementado por uma indicação. Caracterização de uma superfície usinada sem maiores detalhes. Caracteriza uma superfície na qual a remoção de material não é permitida e indica que a superfície deve permanecer no estado resultante de um processo de fabricação anterior, mesmo se esta tiver sido obtida por usinagem ou outro processo qualquer. Desenho com instrumentos SENAI-SP 58 Símbolos com indicação da característica principal da rugosidade de Ra Símbolo A remoção do material é facultativa é exigida não é permitida Significado Superfície com uma rugosidade de um valor máximo: Ra = 3,2µm Superfície com uma rugosidade de um valor: máximo: Ra = 6,3µm mínimo: Ra = 1,6µm Símbolos com indicações complementares Estes símbolos podem ser combinados entre si ou com os símbolos apropriados. Símbolo Significado Processo de fabricação: fresar Comprimento de amostragem: 2,5mm Direção das estrias: perpendicular ao plano de projeção da vista Sobremetal para usinagem: 2mm Indicação (entre parênteses) de um outro parâmetro de rugosidade diferent4e de Ra, por exemplo Rt = 0,4µm. Símbolos para direção de estrias Quando houver necessidade de definir a direção das estrias, isto é, a direção predominante das irregularidades da superfície, deve ser utilizado um símbolo adicional ao símbolo do estado de superfície. Desenho com instrumentosSENAI-SP 59 A tabela abaixo caracteriza as direções das estrias e os símbolos correspondentes. Símbolos para direção das estrias Símbolo Interpretação Paralela ao plano de projeção da vista sobre o qual o símbolo é aplicado. Perpendicular ao plano de projeção da vista sobre o qual o símbolo é aplicado. Cruzadas em duas direções oblíquas em relação ao plano de projeção da vista sobre o qual o símbolo é aplicado. Muitas direções. Aproximadamente central em relação ao ponto médio da superfície ao qual o símbolo é referido. Aproximadamente radial em relação ao ponto médio da superfície ao qual o símbolo é referido. A ABNT adota o desvio médio aritmético (Ra) para determinar os valores da rugosidade, que são representados por classes de rugosidade N1 a N12, correspondendo cada classe a valor máximo em µm, como se observa na tabela seguinte. Desenho com instrumentos SENAI-SP 60 Tabela característica de rugosidade Ra Classe de rugosidade Desvio médio aritmético (Ra) N12 N11 50 25 N10 12,5 N9 6,3 N8 3,2 N7 1,6 N6 0,8 N5 0,4 N4 0,2 N3 0,1 N2 0,05 N1 0,025 Exemplos de aplicação Interpretação do exemplo a: 1 é o número da peça. , ao lado do número da peça, representa o acabamento geral, com retirada de material, válido para todas as superfícies. N8 indica que a rugosidade máxima permitida no acabamento é de 3,2µm (0,0032mm). Desenho com instrumentos SENAI-SP 61 Interpretação do exemplo b: 2 é o número da peça. : o acabamento geral não deve ser indicado nas superfícies. O símbolo significa que a peça deve manter-se sem a retirada de material. e dentro dos parênteses devem ser indicados nas respectivas superfícies. N6 corresponde a um desvio aritmético máximo de 0,8µm (0,0008mm) e N9 corresponde a um desvio aritmético máximo de 6,3µm (0,0063mm). Os símbolos e inscrições devem estar orientados de maneira que possam ser lidos tanto com o desenho na posição normal, como pelo lado direito. Se necessário, o símbolo pode ser interligado por meio de uma linha de indicação. O símbolo deve ser indicado uma vez para cada superfície e, se possível, na vista que leva a cota ou representa a superfície. Desenho com instrumentos SENAI-SP 62 Qualidade da superfície de acabamento Desenho com instrumentos SENAI-SP 63 Informações complementares Interpretação: 4 é o número da peça. , ao lado do número da peça, representa o acabamento geral, válido para todas as superfícies sem indicação. N11 indica que a rugosidade máxima permitida no acabamento é de 25µm (0,025mm) , representado dentro dos parênteses e nas superfícies que deverão ser usinadas, indica rugosidade máxima permitida de 6,3µm (0,0063mm). indica superfície usinada com rugosidade máxima permitida de 0,4µm (0,0004mm). Desenho com instrumentos SENAI-SP 64 O símbolo dentro dos parênteses representa, de forma simplificada, todos os símbolos de rugosidade indicados nas projeções: Disposição das indicações do estado de superfície no símbolo Recartilhar Recartilhar é uma operação mecânica executada por uma ferramenta chamada recartilha. Essa ferramenta tem uma ou duas roldanas com dentes de aço temperado, que penetram por meio de pressão na superfície do material e formam sulcos paralelos ou cruzados. O recartilhamento permite, assim, melhor aderência manual e evita o deslizamento da mão no manuseio de peças ou ferramentas, como punção, parafusos de aperto, etc. Desenho com instrumentos SENAI-SP 65 Tipos de recartilhado As extremidades recartilhadas são sempre chanfradas a 45°. Quando a superfície é muito grande, recomenda-se representar apenas uma parte recartilhada. Como o tipo de recartilhado já aparece no desenho, indica-se apenas o passo. Tratamento Tratamento é o processo que altera propriedades do material da peça: dureza, maleabilidade, etc. Há ainda os tratamentos apenas superficiais: pintar, oxidar, etc. Desenho com instrumentos SENAI-SP 66 Veja as indicações no desenho: Desenho com instrumentos SENAI-SP 67 Cortes O assunto cortes já foi abordado no fascículo de “Iniciação ao desenho”. Contudo, devido a sua importância, ele é retomado no presente capítulo. Corte passando por furos cilíndricos Desenho com instrumentos SENAI-SP 68 Corte passando por furo retangular Corte composto Corte passando por furos cilíndricos e por furo retangular Desenho com instrumentos SENAI-SP 69 Corte parcial É o corte usado quando é necessário mostrar apenas determinados detalhes internos na projeção. Para limitar a parte cortada, usa-se a linha de ruptura (sinuosa estreita). Desenho com instrumentos SENAI-SP 70 Desenho com instrumentos SENAI-SP 71 Encurtamento Quando o desenho técnico em escala de redução prejudica a interpretação dos elementos da peça, usa-se a representação com encurtamento. Nesse tipo de representação imagina-se a retirada de uma ou mais parte da peça A representação com encurtamento é feita em peças longas com forma constante e em peças que têm partes longas com forma constante. Peças longas que têm forma constante Peças que têm parte longa com forma constante Desenho com instrumentos SENAI-SP 72 Imaginando o encurtamento Retira-se parte da peça, e aproximam-se suas extremidades. Conclusão (desenho técnico) Desenho com instrumentos SENAI-SP 73 Quando necessário, aplica-se mais de um encurtamento em um mesmo desenho. Quando necessário, aplica-se encurtamentos em mais de um sentido. Há também outros casos de encurtamento usados para representar encurtamento em peças cilíndricas ou cônicas. Peça cônica Peça trapezoidal Peça cilíndrica Desenho com instrumentos SENAI-SP 74 Desenho com instrumentos SENAI-SP 74 Seção Sempre que necessário, usa-se a seção em desenho técnico para mostrar, de maneira simples, a forma da peça no local secionado. Nos desenhos abaixo, observe a diferença entre as representações em corte e em seção respectivamente. Desenho com instrumentos SENAI-SP 75 Seção fora da vista com indicação Desenho com instrumentos SENAI-SP 76 Seção fora da vista sem indicação Outros exemplos: Desenho com instrumentos SENAI-SP 77 Seção sobreposta à vista Outros exemplos: Desenho com instrumentos SENAI-SP 78 Seção na interrupção da vista Desenho com instrumentos SENAI-SP 79 Exemplos de desenhos cotados, com seção e encurtamento Desenho com instrumentos SENAI-SP 80 Omissão de corte A omissão de corte indica as partes não-cortadas de uma peça representada em corte. A omissão de corte é representada pela ausência de hachuras e é usada para destacar certos elementos como: nervuras, chavetas, porcas, parafusos, eixos, etc. Nervura A nervura representada em corte no seu sentido longitudinal não é hachurada. Sem nervura Com nervura Perspectivas das peças Perspectivas em corteProjeções (em corte) seriam iguais sem a omissão de corte Projeções em corte com omissão de corte Desenho com instrumentos SENAI-SP 81 Braços Polia com disco Polia com braços As projeções (em corte) são iguais em ambos os casos. Projeções em corte Polia com disco Polia com braços Desenho com instrumentos SENAI-SP 82 Outros exemplos de omissão de corte: Desenho com instrumentos SENAI-SP 83 Quando o corte atinge duas ou mais peças montadas, inverte-se a posição das hachuras. Quando o corte atinge partes muito finas como chapas, guarnições, juntas e estruturas metálicas, as partes que seriam hachuradas são enegrecidas. Detalhe de conjunto em Detalhe de estrutura corte metálica em corte Desenho com instrumentos SENAI-SP 84 Nos desenhos de conjuntos, os elementos abaixo não são cortados quando atingidos pelo corte no sentido longitudinal. Rebites Eixos Pinos Desenho com instrumentos SENAI-SP 85 Chavetas Parafusos, porcas e arruelas Desenho com instrumentos SENAI-SP 86 Vistas laterais Vista lateral direita é a vista projetada em plano lateral situado à esquerda da vista frontal. Desenho com instrumentos SENAI-SP 87 Nos casos em que o maior número de elementos visíveis está colocado ao lado direito da peça, usa-se a vista lateral direita. Desenho com instrumentos SENAI-SP 88 Vistas laterais esquerda e direita As vistas laterais esquerda e direita são usadas quando a peça a ser desenhada apresenta elementos importantes nos seus lados esquerdo e direito. Nesse caso, as linhas tracejadas desnecessárias devem ser omitidas nas vistas laterais. Desenho com instrumentos SENAI-SP 89 Desenho com instrumentos SENAI-SP 89 Projeção ortogonal especial Peças com partes inclinadas apresentam deformações quando representadas em projeções normais. Exemplo: Por essa razão utilizam-se outros recursos tais como a vista auxiliar, a vista especial com indicação, a rotação de elementos oblíquos e a vista simplificada. Desenho com instrumentos SENAI-SP 90 Vista auxiliar São projeções parciais, representadas em planos auxiliares para evitar deformações e facilitar a interpretação. Rebatimento dos planos Desenho com instrumentos SENAI-SP 91 Conclusão: Projeção ortogonal com utilização de vista auxiliar: Outros exemplos: Desenho com instrumentos SENAI-SP 92 Vista especial com indicação São projeções parciais representadas conforme a posição do observador. È indicada por setas e letras. Desenho com instrumentos SENAI-SP 93 Rotação de elementos oblíquos Peças com partes ou elementos oblíquos são representadas convencionalmente, fazendo-se a rotação dessas partes sobre o eixo principal e evitando-se assim, a projeção deformada desses elementos. Desenho com instrumentos SENAI-SP 94 Desenho com instrumentos SENAI-SP 95 Outros exemplos de elementos oblíquos: Desenho com instrumentos SENAI-SP 96 Vista simplificada Podemos substituir uma vista, quando não acarretar dúvidas, executando a vista simplificada conforme os exemplos: Desenho com instrumentos SENAI-SP 97 Projeção no terceiro diedro Estudando as projeções ortogonais, observou-se até agora a seguinte posição dos elementos: observador, objeto e plano, ou seja, projeção no primeiro diedro. Para a projeção no terceiro diedro, a posição dos elementos é a seguinte: observador, plano e objeto. Desenho com instrumentos SENAI-SP 98 Comparação entre projeções de uma mesma peça no primeiro e no terceiro diedros 1o diedro 3o diedro Desenho com instrumentos SENAI-SP 99 Outro exemplo: 1o diedro O método de projeção ortogonal no 1º diedro é indicado, na legenda do desenho, pelo símbolo: Desenho com instrumentos SENAI-SP 100 3o diedro O símbolo que indica o método de projeção ortogonal no 3º diedro é: Desenho com instrumentos SENAI-SP 101 O símbolo deve ter as seguintes dimensões: Desenho com instrumentos SENAI-SP 102
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