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8. Elementos Subjetivos do Tipo(1)

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V - Elementos Subjetivos do Tipo
i) Dolo: é a vontade de concretizar as características objetivas do tipo.
(a) Teorias sobre o dolo:
1ª Teoria (da vontade): dolo é a intenção mais ou menos perfeita de praticar um fato que se conhece contrário à lei. 
2ª Teoria (da representação): dolo é a previsão do resultado. É suficiente que o resultado seja previsto pelo sujeito.
3ª Teoria (do assentimento): exige-se a previsão ou representação do resultado como certo, provável ou impossível, não exigindo que o sujeito queira produzi-lo. É suficiente seu assentimento.
- Obs.: para Rogério Greco e Cezar Bitencourt, nosso Código Penal adotou as teorias da vontade e do assentimento, em seu art. 18, inciso I:
“Art. 18 - Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado (vontade) ou assumiu o risco de produzi-lo (assentimento);”
(b) Espécies de dolo:
- genérico: é a vontade de praticar a conduta, sem qualquer finalidade especial.
- específico: é o dolo acompanhado de um fim especial previsto em lei. Ex.: “para si ou para outrem” no delito de furto.
- Obs.: para Damásio, “não existem dolo específico e dolo genérico. O dolo é um só, variando de acordo com a figura típica. (...) Se na própria noção de dolo já existe a exigência de o agente ter vontade de produzir o resultado, tanto faz que este se encontre no fato material ou fora dele. A vontade é a mesma; o dolo é o mesmo” (p. 294).
- direto: é a vontade dirigida especificamente à produção de um resultado típico. É também chamado de dolo de primeiro grau.
- indireto: ocorre quando a vontade do sujeito não se dirige a certo e determinado resultado. É também chamado de dolo de segundo grau, podendo ser:
i) eventual: quando o sujeito assume o risco de produzir o resultado, isto é, admite e aceita o risco de produzi-lo. Ele não quer o resultado, pois se assim fosse haveria dolo direto, mas prevê a ocorrência do resultado e mesmo assim age. Segundo Damásio “o juiz, na investigação do dolo eventual, deve apreciar as circunstâncias do fato concreto e não buscá-la na mente do autor” (p. 292).
ii) alternativo: segundo Damásio, “há dolo alternativo quando a vontade do sujeito se dirige a um ou outro resultado. Ex. o agente desfere golpes de faca contra a vítima com intenção alternativa: ferir ou matar”.
- natural: é a simples vontade de fazer alguma coisa, não contendo a consciência da ilicitude, que é deixada para a culpabilidade. É o dolo dos finalistas.
- normativo: é o que porta a consciência da antijuridicidade. É o dolo adotado pelos causalistas.
- geral: segundo Welzel, ocorre quando “o autor acredita haver consumado o delito quando na realidade o resultado somente se produz por uma ação posterior, com a qual buscava encobrir o fato.” É também conhecido como “erro sucessivo”. Responde o agente pelo resultado normalmente, segundo a maior parte da doutrina. Damásio, contudo, entende que existe somente uma tentativa de homicídio, pois “ocorre um desvio essencial do rumo causal, excludente da imputação objetiva do resultado.” (p. 295).
- Obs.: para o nosso Código Penal, não há diferença, em termos de pena, entre o dolo direto ou indireto (art. 18, I, CP).
(c) Elementos do Dolo
- consciência: da conduta, do resultado e do nexo causal.
- vontade: de realizar a conduta e produzir o resultado.
Obs. I: segundo Damásio, “em face desses requisitos, vê-se que o dolo possui dois momentos: a) momento intelectual (consciência da conduta e do resultado e consciência da relação causal); e b) momento volitivo (vontade que impulsiona a conduta positiva ou negativa)”. 
Obs. II: o dolo abrange os elementos da figura típica. Assim, para que se possa dizer que o agente agiu dolosamente, é necessário que seu elemento subjetivo tenha-se estendido às elementares e às circunstâncias do delito. Pex: Se o agente desconhece que a coisa é alheia no furto (art. 155 do CP), não há dolo e, por conseqüência, não há fato típico.
Obs. III: o sujeito tem consciência da conduta e do resultado, mas a consciência da ilicitude será verificada, para os finalistas, apenas quando da análise da culpabilidade.
ii) Culpa:
(a) Introdução
- a culpa no direito penal é normativa e não psicológica. É puro juízo de reprovação, eis que a todos, no convívio social é determinada a obrigação de realizar condutas de forma a não produzir danos a terceiros. É o que a doutrina chama de “cuidado objetivo”.
- Welzel afirma que “ao contrário do que ocorre em relação aos crimes dolosos, em que é suficiente o processo de adequação típica para ser resolvido o problema da tipicidade do fato, nos crimes culposos o tipo é aberto”.
- O cuidado necessário deve ser objetivamente previsível. É típica a conduta que deixou de observar o cuidado necessário objetivamente previsível, definindo-se previsibilidade como a possibilidade de ser antevisto o resultado. Se o evento era imprevisto, exclui-se a tipicidade. A previsibilidade deve ser afirmada diante das condições em que o agente se colocou.
(b) Elementos Específicos da Culpa
- conduta humana voluntária;
- inobservância do cuidado objetivo (consiste em uma ação ou omissão imprudente, negligente ou imperita);
- previsibilidade objetiva (ou seja, aquilo que, diante das circunstâncias era exigível prever-se: quod prerumque accidit);
- ausência de previsão (exceto na culpa consciente);
- resultado (involuntário);
- nexo de causalidade;
- tipicidade.
(c) Espécies de Culpa: estão previstas no artigo 18, inciso II, do Código Penal:
“Art. 18 - Diz-se o crime: (...) II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.”
I) Imprudência: é a prática de um fato perigoso. Ex. dirigir um veículo em rua movimentada em excesso de velocidade.
II) Negligência: é a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado. Ex.: deixar de guardar uma arma de fogo em lugar seguro, tendo crianças em casa.
Obs.: Damásio afirma que a imprudência é positiva, a negligência negativa; Basileu Garcia afirma que negligência deveria ser gênero, enquanto a imprudência e a imperícia seriam espécies.
III) Imperícia: é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão.
Obs. I: Culpa consciente X Culpa inconsciente: na culpa inconsciente, o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível; na culpa consciente, o resultado é previsto, mas o agente realmente acredita que ela não vai ocorrer. Normalmente a previsão integra o dolo, a culpa consciente é uma exceção.
Obs. II: Dolo eventual X Culpa consciente: na culpa consciente o agente prevê o resultado, mas não o deseja. O agente acredita que ele não irá ocorrer; no dolo eventual, ele prevê o resultado, mas se mostra indiferente a sua ocorrência.
Obs. III: Compensação X Concorrência (de Culpas no Direito Penal): não há compensação de culpas no direito penal. A culpa da vítima não é compensada pela culpa do agente. Exclui-se a imputação do resultado apenas quando a culpa é exclusiva da vítima. Pode haver, contudo, concorrência de culpas. Ambos os sujeitos são autores e vítimas, simultaneamente, de um delito de trânsito, por exemplo. Cada qual responderá por lesão corporal culposa, podendo a culpa concorrente influenciar na fixação da pena.
Obs. IV: a culpa é uma excepcionalidade dentro do sistema, eis que nos termos do art. 18, parágrafo único, “salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”. Ex.: não existe crime de dano culposo (art. 163 do CP).

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