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( 
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12 SUMARIO 
---«----------· ---- -~-~--
Art. 744 
l. Direito de reten,ao .......................................................................... 160 
2. Cabimento dos embargos de reten9ao por benfeitorias ................... 161 
Art. 814 
l. Omissao da Lei 9.307/96................................................................. 165 
2. Modifica,iio introduzida ................................................................. 165 
Direito intertemporal: lei processual novae processo pendente...... 166 
III 
on,P.,.._T ..... >'.-.T""' 
.->..;, ._,~ ,.__,,.._..._ 
I. Lei I 0.352, de 26.12.2001 ............................................ ~....................... 171 
2. Lei 10.358, de 27.12.2001 .................................................................... 174 
3. Lei 10.444, de 07.05.2002 .................................................................... 178 
IV 
BIBLIOGRAFIA ....... ~~~ .... ·~~~~~~~ ~~~ ~~~ ~~·~.................. 183 
~ 
-D. .• -\/"'·' ~ ju~ IV-Vpu& y-JSU<A.. l.w:-G{ 
;z ~\. 0rJ1JJJ..u d-. o o d.- o g 
' 
(\f 
I 
NOTAINTRODUTORIA 
1. Breve historico da nova refonna 
Continuando o incansavel trabalho legislativo de ref01ma do C6di-
go de Processo Civil, iniciado ha uma ctecada, os integrantes da comis-
sao constitufda pelo Instituto Brasileiro de Direito Processual, em coG-
junto com a Escola Nacional da Magistratura, sob a coordena~ao segu-
ra dos ilustres Ministros Sa!vio de Figueiredo Teixeira e Athas Gus-
mao Carneiro, elaboraram tres anteprojetos, visando mais uma vez a 
combater, em multiplas frentes, a excessiva !entidao do processo. 
As propostas em apre~o apresentavam altera~oes no ambito dos 
recursos, inclusive na esfera do reexame necessario; de inumeros as-
pectos da sistematica do processo de conhecimento; e, ainda, em espe-
cial, na seara da antecipa~ao da tutela (arts. 273 e 461) e da audiencia 
preliminar (art. 331). 
Ah5m do dia!ogo mantido com diversos segmentos da comunidade 
jurfdica, objeto inclusive de profunda debate durante as III Jornadas de 
Direito Processual Civil, ocorridas em Salvador, em meados de 1998, 
os textos entao idealizados foram submetidos a analise da Advocacia-
Geral da Uniao, da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e, sobretu-
do, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. 
Assim, ap6s ampla consulta, as sugestoes foram submetidas ao Po-
der Executive, seguindo, no ano 2000, para a aprecia~ao do Congresso 
Nacional. 
2. Tramitac;ao do processo legislativo 
Transformados em projetos de lei, receberam na Camara dos Depu-
tados, respectivamente, os ns. 3.474/00, 3.475/00 e 3.476/00, sendo 
( ( ( ( ( ( ( ( ( c c. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ; ( ( ( ( 
'' 
····< 
j 
14 
____ .L~ NQ]: A lN'fRODUTORIA:: : '-'~'c . -------- -
relator o Deputado Ina! do Lelt~o.do PSDB do Estado daParalba. Su-
cederam-se, en tao, imlmeros pedidos de vista. Ademais, tambem nessa 
oportunidade, alem da contribui9ao prestada pelo ilustre Deputado Jose 
Roberto Batocchio, manifestou-se a OAB, apresentando esta, por inter-
ven~iio direta e providencial do experiente Conselheiro Marcelo Ribei-
ro de Oliveira, modifica96es de inegavel relevo. 
No final do ano de 2001, mereceram aprova9ao do is daqueles tres 
projetos, ode n. 3.474 (n. 117/01 no Senado), que introduz modifica-
96es no sistema recursal, eo den. 3.475 (n. 118/01 no Senado), que 
alterou vanas vertentes do processo de conhecimento, 
0 primeiro foi promulgado na fntegra pela Lei 10.352, de 26 de 
dezembro (DJU, 27.12.2001), eo segundo, com a aposi9ao de impor-
tantes vetos, pela Lei 10.358, de 27 de dezembro de 2001 (DJU, 
28. 12.2001 ), ambos com urn lapso de vacatio legis de 3 meses a con tar 
da respectiva publica~ao, ja em pleno vigor. 
0 Projeto 3.476 (n. 144/01 no Senado) foi aprovado mais recente-
mente pela Lei 10.444, de 7 de maio de 2002 (DJU, 08.05.2002), que se 
encontra agora no perfodo de vacatio e que teni for~a de lei a partir de 
7 de agosto vindouro. 
3. Metodologia da exposi~ao 
Aproveitando a oportunidade para dividir com os operadores do 
direito a nossa impressao inicial sobre tais textos legais, limitamo-nos 
a teccr algumas anota.:;oes preambu1ares, de ordem eminentemente pra-
tica. sobre as modifica96es agora introduzidas no CPC. 
Sob o prisma metodo16gico, reputou-se mais coerente desprezar a 
individualidade formal das tres leis, proporcionando uma exposi9ao 
sistematica, seguindo a ordcm numerica dos at1igos alterados. 
Esclare<;a-se que, havendo qualquer duvida quanta a dispoSi9iiO le-
gal das novidades, os textos das respectivas leis encontram-se reprodu-
zidos na Integra. como apendice, ao final destas primeiras linhas. 
Longe de espelhar comentarios definitivos, aceitamos mais esse 
desafio na esperan<;a de provocar ulteriores reflexoes sobre a novel 
reform a. 
· ,,,,_ ''·'i·=''''''' , '•' ·""'-:''''''~-' '' ,,,.,,,,,. "'"'"" •d·'"·'·"'' J '' ::c:iE-c4-ii:~c'''-:C''-:.Z;;;;:L:,·, ,_ , 
I 
___ _:=.:::- . - _-_:: ~-':'"_.;: ~-
II 
ANOTA<;;OES EM ORDEM SISTEMATICA 
Art. 14. Sao deveres das partes e de todcs aque!es r:;ue de 
qualquer forma participam do process a: 
[ ... ] 
V- cumprir com exatidao os provimentos mandamentais 
e nao criar embarac;:os a efetivac;:ao de provimentos judiciais, 
de natureza antecipat6ria ou final. 
Paragrafo unico. Ressalvados OS advogados que se sujei-
tam exclusivamente aos estatutos da OAB, a violac;:ao do dis-
paste no incise V deste artigo constitui ato atentat6rio ao exer-
cfcio da jurisdic;:ilo, podendo o juiz, sem prejufzo das sanc;:6es 
criminais, civis e processuais cabfveis, aplicar ao responsa-
vel multa em montante a ser fixado de acordo com a gravidade 
da conduta e nilo superior a vinte por canto do valor da causa; 
nilo sendo paga no _prazo estabelecido, contado do transite 
em julgado da decisao final da causa, a multa sera inscrita 
sempre como dfvida ativa da Uniao ou do Estado. 
1. Conduta processual das partes 
Regendo a atu~ao dos sujeitos parciais do processo, especifica o 
cap. II do tft II do livro I do CPC os "deveres da partes e dos seus 
procuradores", elencando-os logo na se<;ao I, em dois dispositivos, com 
a seguinte primitiva reda9ao: "Art. 14. Compete as partes e aos seus 
procuradores: I- expor os fatos em juizo conforme a verdade; II - pro-
ceder com lealdade e boa-fe; III- nao formular pretensi5es, nem alegar 
defesa, cientes de que sao destituidas de fundamento; IV- nao produzir 
provas, nem praticar atos inuteis ou desnecessanos a declara9ao ou defe-
sa do direito" e "Art. 15. E defeso as partes e seus advogados empregar 
((((((((((((((((((((((((((((((((((( 
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16 ll-ANOTA<;:OESEM ORDEMSISTEMATICA 
-exprc~·,;)Qcs injurio;.;as·nvs escritos apresentados no processo, cabendo aO 
juiz, de offcio ou a requerimento do of en dido, mandar risca-Jas. Paragra-
fo unico. Quando as expressoes injuriosas forem proferidas em defesa 
oral, o juiz advertirii o advogado que nao as use, sob pena de !he ser 
cassada a palavra".' 
A lei processual impoe ai uma postura essencialmente etica aos 
litigantes e aos seus representantes judiciais, de sorte a insta-los, sob a 
amea~a das sanqoes especificadas nos subseqiientes arts. 16, 17 e 18,2 a 
cooperar com a celeridade do procedimento e com a atua~ao do 6rgao 
jurisdicional na aplicaqao do direito. 
Alcides de Mendon9a Lima, em doutrina9iio afrnada com as atuais 
tendencias do processo civil, ressaltava, a prop6sito, que "quanta mais 
se refor~am os poderes do juiz, mais de vern ser cerceadas as atitudes de 
improbidade, de quem quer que seja, evitando que a atua9iio do magis-
trado pudesse tomar-se in6cua, se, como representante do Estado, pu-
desse ser iludido, mal orientado ou burlado em sua missiiode fazer jus-
ti9a e de preservar a legalidade. A autoridade judiciaria, portanto, encon-
traria obices incompatfveis, como e 6bvio, com a moderna posi~iio a que 
foi erigida, em nome da propria ordem social, politica e jurfdica" .' 
2. Amplia~ao subjetiva e objetiva dos deveres processuais 
Com a nova e aperfei9oada reda9ao do caput do art. I 4, observa-se 
claramente que, alem das partes, o legislador estendeu tais deveres a 
"todos aqueles que de qualquer forma participam do processo"- partes, 
Ministerio Publico atuando como custos legis, auxiliares da Justi~a etc. 
Ad~mais, aquele rol originano do art. 14, acrescentou-se o inc. V, 
que detcrmina a todos os protagonistas do processo o cumprimento estri-
111 Tenha-se presente que os deveres aqui arrolados nao se esgotam nestes dois 
artigos. 0 CPC contempla ainda, em inlimeras passagens, outros deveres dos 
litigantes e de seus respectivos patronos: cf., e. g., arts. 196,446, par. U.n., 599, 
690. § 1.0 , II. V., ainda, no que se refere ao exerdcio profissional do advoga-
do. "rt. 34 da Lei 8.906/94 (£statuto da Advocacia). 
(ll Disciplinados na ses_:fio II: Da responsabilidade das partes pordano proces-
sual. 
m Probidade processual e Jinalidade do processo, Uberaba, Ed. Vit6ria, 1978, 
p. 26. 
·- -_:.~:=---
··cc~""rrrc.···r.r.ro;orrr 'ART.14 ·-··· . '"-17 
-------·----~ 
to dos atos decis6rios mandan1entais e a nao oposi~uo de obstacuios a 
efetiva9ao de provimentos judiciais de natureza antecipat6ria ou final. 
0 escopo dessa altera~iio, nas palavras do proprio legislador, foi a 
de robustecer a etica no processo, em especial, OS deYeres de leaJdade 
e de probidade que devem nortear a atua~iio dialetica niio apenas das 
partes e de seus procuradores, mas igualmente a interven9iio de quais-
quer outros participantes do processo, como, e. g., a autoridade aponta-
da como coatora nos mandados de seguran9a,4 ou as pessoas em geral 
que devam cumprir ou fazer cumprir os mandamentos judiciais e abs-
ter-se de colocar 6bices a sua efetiva~iio. 5 
Verifica-se, com efeito, que esse desejo de erradicar o dolo proces-
sual tem sido deveras prestigiado pelo movimemo de renova9ao de 
nosso processo civil. A Lei 8.952, de 13 de dezembro de I 994, alteran-
do a reda~ao do caput do art. 18, possibilitou que a litigancia de ma-fe 
passasse a ser reconhecida e sancionada de offcio pelo juiz. 
3. Paragrafo unico do art. 14 
Bern e de ver, por outro !ado, que a obstina~iio do legislador nessa 
materia vern revelada nos termos do par. tin. agora acrescentado ao art. 14, 
o qual: a) cria a modalidade de ato atentat6rio ao exerdcio dajurisdir;tio; 
e b) impoe multa ao responsavel, independentemente de outras sanr;oes 
processuais, em montante nao superior a 20% do valor da causa. 
4. Analise critica da reforma legislativa 
a) Interpretar;tio sistematica 
Facil fica de perceber que a altera9iio Jegislativa introduzida no art. 
14 busca refon;:ar as medidas de coer~ao indireta como objetivo precf-
<
4) Nessa hip6tese vislumbrada pelo legislador na respectiva exposirdo de moti~ 
vos, alguma dificuldade pr3.tica podeni realmente existir se cotejada com o 
disposto no art. 37, § 6.0 , da Constitui~ao Federal, assim redigido: "As pes-
seas jurfdicas de direito pUblico e as de direito privado prestadoras de servis;os 
pU.blicos responderiio peios danos que seus agentes, nessa qualidade, causa-
rem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsavel nos 
casos de dolo ou culpa". 
'" Cf. exposirao de motivos do Projeto 3.475. 
.,( (.(;( .. (. ( .. ( (,(;(.(.(;(.( ( ( .. (,(.( .. ( (,(,(,(;( !.( .. (;(;( .. (;(,( 
., 
'"· 
·:18 n.:-ANOtA<;:oE~YE:0-6rmtl.-lsisiiMATICA 
puo de convencer o litigante a cumprir espontaneamente a ordem deter-
minada na decisao interlocut6ria ou na senten<;a ou, ainda, a nao ofere-
cer obstaculo a efetiva<;ao dos provimentos judiciais que imponham 
uma obriga9iio especffica. 
E que a tecnica de execu<;ao proviso ria, regrada no art. 588, aplica-
vel "no que couber" a decisao interlocut6ria ou senten9a, de natureza 
mandamental ou executiva, antecipat6ria ou final, nao e suficiente, por 
si so. para atender a expectativa do jurisdicionado, tornando-se fre-
qlientemente ineficaz ou inoperante. 
Aduza-se que os mecanismos coercitivos, punitivos ou assecurat6-
rios para tornar bern mms eficaz a execuciio da tutela antecipada (nas 
situa~oes em que nao se procede por sub~roga9ao ), a exemplo do que 
se observa como regime das antecipat6rias especfficas ( obriga96es de 
fazer ou nao fazer - art. 461 ), notadamente as regras que permitem a 
imposi<;ao de multa (§ 4.0 ), e utiliza<;ao de medidas necessarias a efeti-
va<;Jo da tutela ou obten9iio do resultado pnitico equivalente (v. g. bus-
ca e apreensao, remo9ao de pessoas ou coisas, desfazimento de obras, 
impedimentos de atividade nociva, requisiviio de for9a policial- § s.o), 
nao figuravam expressamente no art. 273 do CPC, fator que dificulta-
va, como e not6rio, a efeti va<;i'io das decisoes antecipat6rias, cataloga-
das como executivas em sentido lato.6 
Atento a essa problematica, a recem promulgada Lei 10.444/02 es-
tendeu a aplica<;ao de medidas coercitivas tambem nas hip6teses preco-
nizadas no art. 273, ao dispor no § 3.0 que: "A efetiva<;iio da tutela 
antccipada observara, no que couber e conforme a sua natureza, as 
nonnas previstas nos arts. 588,461, §§ 4.0 e 5.0 , e 461-A". 
Assim, diante desse quadro, a atual redavao do art. 14, ora sob 
an,ilise, encontra-se em perfeita harmonia com as regras dos art. 273 e 
!I>) Cf., em parte, Joel Dias Figueira JUnior, TCcnicas diferenciadas voltadas a 
t::fetiva~ao da tutela antecipat6ria generic a: aplica~ao de multa ("astreintes") e 
prisJ.o por descurnprimento a ordemjudicial ("contempt of court"),!nforma-
rivo bzcijur, 16(2000):3, que defende a aplica~ao dos meioS coercitivos inclu-
sive no que concerne as decis6es judiciais antecipat6rias, que imp6em paga-
mento de quantia certa (tutela antecipat6ria genCrica). V., ainda, Ada Pellegrini 
Grinover, .Etica, abuso do processo e resistencia as ordens judiciarias, RePro, 
l02(2000):222 ss. 
10 
'/ 
461, cujo escopo precfpuo. em nrol da efetividade da tutela dos direi-
tos, e o de coibir a desobediencia a determinadas decisoes judiciais. 
b) Provimentos mandamentais - contempt of court 
Emprega-se a locu<;ao provimentos mandamentais no novo inc. V 
do art. 14, dando a entender que apenas 0 descumprimento destes e que 
pode configurar ato atentat6rio ao exercfcio da jurisdi9ao. 
Na verdade, os termos da exposir;iio de motivos do Projeto 3.475/00 
(transformado na Lei 10.358, de 27.12.2001) sao claros, visto que reve-
Iam ter o legislador se iL'1_spir-ado, nesse particular, no n:mdelo da COlJZlilUii, 
law, que preve a infli<;ao de multa pecuniaria as partes nas hip6teses de 
nao atendimento a decisoes de determinada especie. 
Como bern esclarecem Hazard e Taruffo, a expressao contempt of 
court designa em termos gerais a recusa em acatar a ordem emitida por 
uma corte de justi9a. Como conseqlii~ncia desse comportamento, odes-
tinatario da ordem pode sofrer uma san<;ii.o pecuniaria ou restritiva de 
liberdade, dependendo da gravidade do contempt, sempre com o intui-
to de constranger a parte a cumprir a determina<;ao judiciaL 
0 pressuposto inafastavel- continuam a explicar- para que o liti-
gante ou outro integrante do processo possa ser responsabilizado pelo 
contempt, consiste na existencia de uma ordem que imponha especifica-
mente a quem e dirigida um;J. obriga9ao de fazer ou abster-se de fazer. 
Assim e que a san<;ao pelo respectivo descumprimento (contempt) pode 
ser imposta quando a determina<;ao for uma mandatory injunction, que 
ordena a parte fazer determinada coisa, ou quando for uma prohibitory 
injunction, que a ordena a absten9ao de determinado ato7 
0 imediato cunho repressivodo comportamento que lesa a digni-
dade da corte e a possfvel utiliza<;ao das normas penais que protegem 
os 6rgaos estatais constituem os do is elementos do notavel poder que o 
contempt of court concede ao juiz.8 
m Geoffrey C. Hazard e ~ichele Taruffo, American civil procedure. An 
introduction, Binghamton, Yale University, 1993, p. 202; La giustizia civile 
negli Stati Uniti, Bologna, Mulino, 1993, p. 241. 
(S) Cf. Walter J. Habscheid,lntroduzione aldiritto processuale comparato, Rimini, 
Maggioli, 1985, p. 141. V., entre n6s, JUlio Cesar Bueno, Contribuifilo ao 
( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( (( ( c ( c c ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( c ( 
' 
' 
c.20 n·~ANOTA<j:(JES EMDRDEM SISTEMATICA· .. · 
Cumpre ainda esclarecer que, no ambito do sistemajurfdico anglo-
americano, essa arma de prote~ao da atividade jurisdicional pode ser 
utilizada nao apenas na hip6tese de ordem judicial de natureza provi-
s6ria, mas tambem em caso de desatendimento de decisao definitiva.9 
Nao e de hoje que segmento significative da doutrina processual 
patria sustenta que a tripartic;ao das eficacias das senten<;as nao encerra 
todas as situa~oes enfrentadas no plano pratico. Assim, ao !ado da ellis-
sica classifica~iio dogmatica dos provimentos finais em sentenc;as de-
clarat6ria, constitutiva e condenat6ria, acrescentam-se as sentenc;as man-
damental e executiva. 10 
Entendemos que a nota distintiva dessas duas derradeiras catego-
rias reside no modo pelo qual sao praticados os atos de execuc;ao. Na 
realidade, tratam-se de senten~as que impoem prestac;ao, mas que nao 
sao remetidas a forma "tradicional" da instauracao de urn novo pro-
cesso de execuc;ao." 
Consoante a literalidade da nova regra, exclusivamente o desaten-
dimento dos pronunciamentos de natureza mandamental e que poten-
cia atentado a atividade jurisdicional. 
estudo do contempt of court e seus reflexos no processo civil brasileiro, tese 
de doutoramento inedita, USP, 2001, p. 174 ss .. 
'" CL, a prop6sito, Garry D. Watson, Stephen Borins e Neil J. Williams, 
Canadian civil procedure. Cases and materials, 2. ed., Toronto, Butterworths, 
1977, p. 1-ll. V., sabre o contempt of court, praticado por advogado, a luz 
da Regra 11 das Federal Rules of Civil Procedure dos Estados Unidos da 
Am6rica, Thomas D. Morgan, Sanctions and remedies for attorney 
misconduct, Southern Illinois Law Journal, 19(1995):343 ss.; Alan B. 
Morrison (coord.), The american legal profession - court sanctions, 
Fundamentals of american lmv, New York University School of Law, Oxford 
University Press, 1996, p. 159. 
{10) p . PC ara cornprovar o acerto da tese mvoca-se, como exemplo, o art. 639 doC , 
como intuito demonstrative da dificuldade de catalogar a decisiio mandamental 
entre aquelas da classificac;J.o tripartida (cf., v. g., Araken de Assis, Cumula-
;:ao de a<;oes, 2. ed., Sao Paulo, RT, !995, p. 83). V., a respeito, Ovidio A. 
Baptista da Silva, Senten<;a mandamental, Sentenra e coisa julgada, Porto 
Alegre, Fabris, 1979, p. 87. 
on Cf., a prop6sito, Fhlvio Luiz Yarshell, Tutelajurisdicional, Sao Paulo, Atlas, 
1998. p. 164. 
. ~- -· ·ART.14 21 
Em outras palavras, somente o nao cumprimento de comando judi-
cial que prescinda de futura demanda (execu.;:ao direta) para realizar 
transforma~ao no mundo dos fatos e que pode caracterizar, por for~a 
da conjuga~ao do inc. V com o par. lin. do reformado art. 14, ato aten-
tat6rio ao exercfcio da jurisdi<;:ao! 
Imaginamos, pois, que o legislador pretendeu inserir na categoria 
dos provimentos mandamentais apenas as situa~oes contempladas nos 
arts. 461 do CPC e 84 do CDC, nas quais, em Ingar de "condenar", o 
juiz emite uma "ordem", que, nao cumprida, perrnite a imposic;ao de 
sanc;ao visando a compelir o devedor ao pronto adimplemento. 
c) Provimentos judiciais de natureza antecipat6ria oufinal 
Mas nao e s6. 0 ambito aparentemente restrito da norma ora ana-
lisada, que alude em primeiro lugar a provimentos mandamentais, na 
verdade, dilata-se na parte final do inc. V, em que contempladas as 
decisoes "antecipat6rias ou finais". 
Realmente, a recalcitriincia deliberada a efetivapio prdtica de "pro-
vimentosjudiciais executives", de natureza antecipat6ria ou final, con-
figura tambem comportamento atentat6rio ao exercfcio da jurisdic;ao. 
Dessume-se, destarte, que o atual reformador do processo civil tra-
tou de inserir na primeira parte do referido inc. V apenas as decisoes 
mandamentais, e, na parte final, os pronunciamentos que se efetivam 
nos pr6prios autos, ditos executives lata sensu. 
Ao que parece, por outro !ado, o legislador procurou deixar clara, 
que, na pratica de atos tendentes a satisfac;ao do beneficiario da tutela 
antecipada, nao se recorre ao modelo do processo de execu.;:ao, isto e: 
(i) nao ha instaura~ao de uma nova relac;ao processual, (ii) nao ha nova 
cita~ao do demandado, e (iii) nao ha, pelas circunstancias anteriores, 
espa9o para a oposi9ao de embargos do devedor. Se realmente essa 
impressao e correta, a modifica9ao legal apenas robora o quanto ja 
vinha sendo reconhecido pela doutrina - ao menos nas hip6teses de 
obriga~oes de fazer, nao fazer e entrega de coisa. 12 
Mas, ainda nesse particular, e possivel que a reforma tenha preten-
dido estabelecer que, na pratica de atos tendentes a satisfa~ao do bene-
02) Cf., em parte, anota':r6es particulares cedidas pelo ilustre Col ega Fl<lvio Luiz 
Yarshell. 
: ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( 
·I 
22. ll.::. AN()!~.C,:OfSE~\~.()l{DEM S!SJ!OJ.'l,\'f]CA ··••·• .c·cc-.· c····c·cc -~'::..:, .C"-C.::• j 
ficiario da tutela antecipada, nao se recorre apenas e necessariamente 
aos mecanismos de sub~roga~ao pr6prios da execuqiia, mas tambem 
aos mecanismos do que parte da doutrina convencionou denominar de 
execuqiia indireta ou, ainda, de execw;;iia impr6pria. 13 Vale dizer: ao se 
dar cumprimento ao comando que antecipou tutela, niio apenas e neces-
sariamente se toma o Iugar do devedor para, contra sua vontade, satis-
fazer-se o erector (= execuqiia) mas tambem e possfvel pressionar o 
devedor para que ele seja levado ao adimplemento. 
Infere-se, pois, que o inc. V do art. 14 engloba somente aquela 
categoria de provimentos mandamentais e executivos lata sensu -
que nao comportam execu~ao ex intervala. 14 
Dai por que se explica a razao pela qual, nesse art. 14, V, a lei nova 
alude, em Iugar de execu9ao, a efetivaqiia da decisao antecipat6ria. 
Em tais hip6teses, sobretudo nos casos de obriga96es de entrega de 
coisa, fazer e nao fazer, e de dar coisa fungfvel, efetivaqiia significa 
dizer que: (i) nao ha instaura~ao de uma nova rela9ao processual, (ii) 
nao ha nova cita9ao do demandado, e (iii) niio ha ensejo para a oposi-
9ao de embargos do devedor. 
E tudo isso e igualmente aplicavel, segundo se depreende da dic~iio 
do inc. v do art. 14, aos provimentos judiciais finais, isto e, jii transita-
dos em julgado, que, pela sua propria natureza, niio exigem para a 
satisfa~iio do erector execu9iio direta. 
Assim, para finalizar, extrai-se em apertada sfntese do par. un. do 
art. 14, que configura ato atentat6rio ao exercfcio da jurisdi9ao, nao 
apenas o descwnprimenta de decisoes mandamentais (antecipadas ou 
definitivas), mas tambem a oposi9ao deliberada de obstiiculos a ejeti-
va9<1o de provimentos antecipados de qualquer natureza, ou definiti-
vos, Jesde que executivos lata sensu. 
d) At a atentat,)ria aa exerdcia da jurisdiqiia 
lmpoe-se, como visto, aos litigantes e aos demais "participantes do 
proccsso" (art. 14, caput) o dever de "cumprir com exatidao os provi-
·I:<J Cf., e. g., Ovidio A. Baptistada Silva, Curso de processo civil, v. 2, 4. ed., Siio 
Paulo, RT. 2000, p. 25. 
n
4
) E daro que se o legislador pretendesse incluir outras esp€cies de provimentos, 
bastaria sirnplesmente ter inserido no examinado inc.V do art. 14 a expressiio 
decisi5es judiciais. 
..... ccc" .. ;.:CART: i4. ·········· . '23 
mentos mandamentais e nao criar embarac;os a efetiva<;iio de provimen-
tos judiciais, de natureza antecipat6ria ou fmal" (inc. V). 
Violado esse dever, irrompe entao atitude atentat6ria ao exercfcio 
da jurisdic;ao (par. un.). 
Verifica-se, em primeiro Iugar, que a inova9ao em aprec;o procura 
evitar o menosprezo e o conseqtiente desprestfgio das decisoes judiciais. 
Ha, com efeito, duas razoes fundamentais - decerto correlaciona-
das para que se avalie a real importiincia da eficacia dos pronuncia-
mentos judiciais: a primeira e a sensa9ao, transmitida a quem recorre a 
Justi9a por se sentir de alguma forma lesado, de que existe efetivamen-
te uma institui<;:ao publica (nao por acaso tipica e essencial, do Estado 
Democratico de Direito) capaz de dar a cada urn o que e seu. E a segun-
da e a convic91io - inafastiivel para a crenc;a e a confianc;a no proprio 
valor da cidadania- de que hii uma relac;ao de causa e efeito imediata, 
tempestiva e eficaz entre a transgressao a lei e a puni<;ao legal. 15 
No entanto, ao !ado da intoleravel demora na presta<;ao jurisdicio-
nal, nada tern desgastado mais o Judiciano do que o esciimio diante de 
determinada ordem judicial, que acaba se traduzindo em urn c6modo 
instrumento de pressao, uma arma formidiivel nas maos dos mais for-
tes para ditar ao adversano -c exatamente aquele beneficiado pela deci-
sao nao cumprida- os termos da rendic;ao ... 
Cumpre, pois, ao ordenamento processual atender, de modo mais 
completo e eficiente possfvel, ao p1eito daquele que exerceu o seu di-
reito a jurisdi9il0, bern COffiO daqueJe que resistiu, apresentando defe-
sa. Por isso, e de suma releviincia que o processo civil disponha de 
mecanismos inibit6rios aptos a assegurar ao jurisdicionado que tenha 
razao a satisfa9ao de seu direito. 
Daf por que, segundo a reda9ao do par. lin. do art. 14, essa norma de 
aplica9iio geral pode incidir independentemente da existencia de outra, 
que tambem reprime a afronta a ordemjudicial. Invoque-se aqui, como 
expressivo exemplo, a hip6tese regulada no art. 600, III, do CPC. 
A resistencia injustificada oposta pelo devedor ( ou pelo erector, por 
que nao? ... ) ao cumprimento de determina<;:ao judicial configurara, a 
"" Uma revolw;ao judiciaria?, 0 Estado deS. Paulo, ed. 20.01.200!, p. A3 
(editorial). 
c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c ·c c ·c c c c c c c ·c c c 
.. , .. 
: I• 
n::: ANOTA:¢5£$ EMORDEl\1 srsi'E:\IATICA . 
urn s6 tempo, ato atentat6rio a dignidade da justi<;:a e ao exerdcio da 
jurisdit;:iio, com todas as conseqiiencias previstas nos arts. 601 e 14, 
par. un. 
Como bern pondera Alcides de Mendon9a Lima, na maioria das 
vezes, no entanto, o litigante nao fara "tudo as claras, exatarnente per-
que e precise dar a impressao de 'lealdade e probidade', sob pena de 0 
seu procedimento perder o nefasto objetivo oculto. De qualquer mane i-
ra, sera dificil igualmente estabelecer o que seja o a to que 'resiste injus-
tific;,damente as ordens judiciais'". 
Existem realmente situa<;6es processuais nas quais tera de ser sope-
sado urn valor de delicada aferi~ao concreta: a virtude 116 
Nota-se, ademais, acentuada dificuldade para deterrninar-se de modo 
objetivo o comportarnento passive! de ser considerado descumprimento 
ou 6bice a efetiva<;ao dos ja referidos pronunciamentos judiciais. 
Sim, porque, ao moldar a locu<;ao ato atentat6rio ao exerdcio da 
jurisdiriio, o reformador invoca urn conceito legal imprecise, que dei-
xa ao juiz larga margem de valora<;ao. n 
Nao obstante, entendemos que, na pratica, somente a atua<;ao mate-
rial (e niio tl!cnica) e que poderia ensejar o desatendimento aos provi-
mentos mandamentais ou a oposi9ao de embara<;os a efetiva<;ao de pro-
vimcntos judiciais, de natureza antecipat6ria ou final. 
Assim, em outras palavras, a permanencia no im6vel despejando, 
a nao demoli<;ao do muro, a oculta<;ao do menor, constituem, todas, 
atituJes que dificilmente podem ser creditadas a outro participante 
que nao o destinatario direto da respectiva ordem judicial, isto e, o 
pn)prlo litigante. 
Seja como for, nada impedira, por certo, que em algumas situa<;5es 
exccpcionalfssimas, de cunho eminentemente tecnico, possa tambem 
ser inclufdo o procurador da parte. 
\!~J Comentdrios ao C6digo de Process a Civil, v. 6, 6. ed., Rio de Janeiro, Foren-
se, 1990, p. 488 e 484. 
ur) Resulta, pois, que uma das finalidades que se pressup6e dever ser alcanc;ada 
pelo princfpio da legalidade, vale dizer, a seguranc;a do direito e a sua integral 
previsibilidade pelos particulares, nao pode ser aqui atingida, tornandowse pra-
ticamente impossivel, no contexto da norma em aprec;o, antever os efeitos 
concretes e as suas conseqii@ncias pniticas. 
-'" .. · 
25 
e) Excet;ao atinente ao procurador da parte 
No entanto, segundo o infcio do par. iin. do art. 14, a norma em 
apre<;o nao abrange os advogados, qualquer que seja o ambito profis-
sional em que esti verem atuando ( ou seja: profissionalliberal ou pro-
curador da Fazenda Publica ou de 6rgaos correlatos), "que se sujei-
tam exclusivarnente aos estatutos da OAB ... ". 
Insta anotar, destarte. que o advogado ou advogados de urn dos 
litigantes nao poderao ser atingidos pela san9ao af preconizada.18 Nao 
obstante, o juiz podera entender serem eles responsaveis pelo descum-
primento dos provimentos mandarnentais ou pelo entrave colocado a 
efeti va<;ao de decisao de natureza antecipat6ria ou final. 
Machado Guimaraes, exortando os jnizes para a sobriedade no tra-
to com os advogados, aconselha evitar qualquer especie explicita de 
censura na fundarnenta91io dos atos decis6rios. 19 A falta pro fissional 
grave, inclusive aquela passfvel de ser emoldurada nos quadrantes do 
novo art. 14, quando detectada pelo magistrado, deve ser comunicada 
a Ordem dos Advogados do Brasil para as devidas providencias. 
Tome-se como exemplo a regra do art. 196 do CPC, que se apre-
senta, nesse particular, clara e precisa, ao dispor ser: " ... licito a qual-
quer interessado cobrar os autos do advogado que exceder o prazo le-
gal. Se, intimado, nao os devolverdentro em 24 (vinte e quatro) horas, 
perdera o direito a vista fora do cart6rio e incorreni em multa, corres-
pondente a metade do sal:irio mfnimo vigente na sede do jufzo. Para-
grafo iinico. Apurada a falta, o juiz comunicara o fato a se<;ao local da 
Ordem dos Advogados do Brasil, para o procedimento disciplinar e 
imposi9ao da multa". 
Cumpre anotar que a experiencia jurfdica portuguesa teve de en-
frentar esse mesmo problema quando da tramita9ao legislativa do an-
tigo CPC de 1939, entao idealizado por Jose Alberto dos Reis. 
Constava efetivarnente do art. 609 do respective Projeto do diplo-
ma lusitano: "Se o juiz reconhecer que o advogado ou solicitador da 
parte teve responsabilidade pessoal e directa nos actos pelos quais se 
ns) Ada Pellegrini Grinover teceu severa critica a ressalva constante do citado 
dispositive (Paixiio e morte do contempt of court brasileiro, texto inCdito). 
<
19) 0 juiz e afum;do jurisdicional, Rio de Janeiro, Forense, 1958, p. 363. 
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c· 26 ·u~ANOTA\X)ESEMORDEMSISTEMATICA. 
rcvc!ou a rna fe no litfgio, condemi-lo-a na quota parte das custas e 
indemniza~ao que !he parecer justa e dara conhecimento do facto a 
Ordem dos Advogados ou a Camara dos Solicitadores". 
Essa regra legal, segundo Alberto dos Reis. desencadeou verda-
deira tempestade entre os componentes da Comissao Revisora. "Rom-
pen o fogo o Dr. Pinheiro Chagas e !oo-o se !he associou, com toda a 
" .- C> . 
veemenc1a e energia, o Dr. Sa Carneiro, que chegou a fazer a decla-
ra~aoseguinte: 'se o artigo for mantido tal como esta, terei de aban-
donar a advocacia' ... ". N a verdade- confessa o au tor do Anteprojeto 
-. jamais fora sua inten~ao criar aos advogados uma situa<;:ao delica-
da; "se formulei a disposi<;:ao do art. 609, foi porque a considerei 
JUsta e porque a via introduzida na iegisla9ao de paises adiantados, 
em que a advocacia e uma alta e nobre profissao. Inseriu-a no seu 
Projecto o Professor Carnelutti, apesar de ser urn dos mais valorosos 
advogados da Italia".20 
Pondera ainda Jose Alberto dos Reis que a "justi9a do principio e 
incontestavel. Se, por via de regra, o dolo substancial e da responsabi-
lidade da parte, porque induz em erro o seu mandatario, apresentando-
lhe uma versao inexacta e desfigurada do litfgio, tarnbem por via de 
regra, ou pelo me nos numa grande parte dos casos, o dolo instrumental 
e da responsabilidade pessoal do advogado ou do solicitador. E entao 
pergunta-se: e justo que a parte suporte as conseqtiencias de factos e 
atitudes que nao quis nem autorizou, de que, porventura, nem sequer 
teve conhecimento? E inadmissfvel que pela condutapessoalmente ma-
liciosa do mandatario responda o mandante? ... 0 debate encaminhou-
se, por fim, para uma solu<;:ao transaccional: Pinheiro Chagas e Sa Car-
neiro abdicavam da sua intransigencia, aceitavam o prindpio da res-
ponsabilidade pessoal do mandatario, contanto que a aprecia9ao do 
facto e a aplica9ao das san96es fossem da competencia da Ordem dos 
Advogados ... Nesta base se formou maioria"." 
Esclare<;a-se que a regra do C6digo de 1939, consubstanciada no 
art. 468 (responsabilidade do mandatdrio ), foi integralmente preser-
vada ao Iongo do tempo, inclusive pela atual reforma do processo civil 
portugues (art. 459), instituida pelos Decretos-leis 329-A/95 e 180/96, 
(
201 Jose Alb.::rto dos Reis, C6digo de Processo Civil anotado, v. 2, 3. ed., Coim-
bra, CoimbraEd., 1949, p. 273. 
"" Cf.. ainda. Alberto dos Reis. C6digo de Processo Civil anotado, cit., p. 274. 
ART.H 27 
sempre atribuindo ao orgao da classe profissional a apura<;:ao de even-
tual falta etica cometida pelo advogado. 
Observa-se assim que esse tema e, sem duvida, deveras tormento-
so, nao apenas nos sistemas processuais de "direito escrito", mas, igual-
mente, na esfera da common law. 
Focando a recente reforma do processo civil ingles (Woolf refor-
ms), de 1999, Hazel Genu, ao analisar o agravarnento das san96es im-
postas aos advogados, assinala as dificuldades para demarcar o limiar 
que separa a atuaqao profissional aguerrida do abuso, da alicantina, e, 
en tao, pergunta, quem e qualificado para proceder a tal julgarnento? -
(who is qualified to make that judgement?). l1~ssevera, ~i~dn, e~ ~cp;, 
critico, que esse problema e arduo e reclarna atenqao sob os aspectos 
pratico e etico, alias desprezada na nova legisla<;:1io.22 
E evidente que, no dia-a-dia do foro, deve o advogado procurar 
relacionar-se de modo cordial e urbano com todos os demais integran-
tes da atividade forense jufzes, promotores, escrivaes, escreventes, 
oficiais de justi9a etc. 
E isso, por 6bvio, sem que se cogite de qualquer transigencia ati-
nente a garantia de liberdade de que tradicionalmente desfruta 0 advo-
gado no exercfcio de seu munus. Nao se pode supor que a modera9ao 
prejudica a energia. Tenha-se presente que os causfdicos mais impla-
caveis sao precisamente os que traduzem as violencias por delicadezas 
de desprezo e ironia. 
Inseridos, ex vi legis, no ·mesmo plano hierarquico, o advogado e o 
juiz jamais devem externar, na pratica do respectivo offcio, qualquer 
ressentimento pessoal. 
Todavia, o advogado e o juiz, que saohomens como quaisquer 
outros, tern sentimentos profundos. A experiencia realmente demons-
tra que a formaqao morale cultural dos protagonistas dajustiqa culmi-
na interferindo no exerdcio da profissao. Nao sao raras as ocorrencias, 
em epoca contempori\nea, que revelam as dificuldades que emergem 
do relacionarnento advogado-juiz. 
E por essa razao que se justifica plenamente a exce9ao atinente aos 
advogados, uma vez que, na mao de jufzes rancorosos, a inovaqao le-
<n) Access to just settlements: the case of medical negligence, Reform of civil 
procedure- Essays on "access to justice'", Oxford, Clarendon. 1995, p. 398. 
~ ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( (.( ( ( ( ( ( ( ( < ( ( ( ( ( ( ( ( 
; 
' 
.. --~.-
28 · rr~ ANOTA<;:OES EMOR!SEM SiSTE~lATICA 
gislativa, se lhes fosse aplicavel, acabaria sendo urn instrumento de 
amea~a e de constrangimento para o livre exercfcio da advocacia. 
Sim, porque, infelizmente, o ideal de isen9ao que deveria triunfar 
durante todo o desenrolar do procedimento judicial e sobretudo no 
momenta do magistrado proferir o julgamento, por for9a de inexor:iveis 
detenninantes do relacionamento humano, nem sempre e verificado. 
Em variadas ocasioes nao se faz possfvel individuar, nos atos deci-
s6rios, aqueles preconceitos e valora96es inerentes a personalidade dos 
homens. Abandonada a vetusta teoria que reduzia a decisao a urn sim-
ples silogismo nos quadrantes da 16gica formal, nao se pode negar, 
destarte, que a senten9a se consubstancia em urn ato extremamente 
complexo. Sabe-se hoje que, antes da propria fundamenta9iio, o juiz 
constr6i o dispositive, para, em seguida, procurar, na motiva9iio, argu-
mentos que se prestam a justifica-lo. 
Nao foi, alias, por outro motivo que Cappelletti chegou a afirmar 
que, efetivameute, em muitas circunstancias, os verdadeiros fundamen-
tos da ratio decidendi nao vern expressos na senten9a judicial, mas se 
encontram velados no espfrito do julgador, "o sentimento do juiz: a 
simpatia, a antipatia por uma das partes ou por uma testemunha; o 
interesse, o desinteresse por determinada questao ou argumenta9ao 
jurfdica; a tendencia a urn criteria evolutivo, hist6rico, sociol6gico de 
interpreta9iio das leis, em Iugar de uma exegese formal; o interesse ou 
niio diante de intrincado problema fatico, e assim por diante. Senti-
mentes: afetos, tendencias, 6dios, rancores, convic96es, fanatismos; 
todas as varia96es desta realidade misteriosa, maravilhosa e terrfvel 
que •-' a alma humana, ref!etidas, com ou sem disfarces, nas linhas frias 
dos rcpert6rios de jurisprudencia: paixoes desencadeadas, paixoes re-
colhidas, temuras e temores, nas estantes dos tribunais".23 
Pensar de modo diferente seria, sem duvida, mera hipocrisia. 
0 ato decis6rio de indole jurisdicional, como emana9ao do poder 
estatal de que se reveste o juiz, constitui, portanto, instrumento deveras 
perigoso quando conspurcada, por qualquer motivo de ordem material 
ou espiritual, a imparcialidade que necessariamente deve exomar a 
administra9iio da justi9a. 
(23) Ideologic nel diritto processuale, Processo e ideologie, Bologna, Mulino. 1969, 
p. 3-4. 
~'ART, 14 29 
Essa a razlio pela qual en ten demos que o novel dispositive ora sob 
exame reconhece o poder correcional legalmente conferido a Ordem 
dos Advogados do Brasil. 
Recomenda-se que, na pratica, antes da expedi~ao de comunica~ao 
ao 6rgao declasse para a tomada de providencias, conceda o 6rgao julga-
dor oportunidade ao advogado para prestar os devidos esclarecimentos. 
Calha aqui invocar, ainda que por analogia, precioso ares to da 1.' 
Turma do STJ no julgamento do Recurso Especial250.781-SP, no qual 
ficou decidido: " ... nao foi dada ao recorrente qualquer chance de defe-
sa da acusa9ao de litigancia de ma-fe, contrarian do-se, por conseguin-
te, o disposto no inc. LV do art. 5.0 da CF/1988 ... ".24 
5. Imposi\:ao de multa independentemente de outras san~oes 
Veja-se bern, sob outro aspecto, que a imposi9lio da multa nao pre-
judica as demais san~oes previstas em outras normas do CPC e da le-
gisla~ao extravagante. 
0 dispositive nao deixa margem para duvidas: " ... podendo o juiz, 
sem prejufzo das san96es criminais, civise processuais cabfveis, aplicar 
ao responsavel multa em montante a ser fixado de acordo com a gravida-
de da conduta e nao superior a vinte por cento do valor da causa ... ". 
Anote-se, outrossim, que o mesmo protagonista do processo pode 
sofrer, no curso do procedimento, mais de uma san9ao em diferentes 
ocasloes pelo comportamento reputado atentat6rio ao exercfcio da 
jurisdi9ao. 
0 nOVO teXtO JegaJ preserva 0 direito a indeniza9li0 da parte preju-
dicada fundado na responsabilidade processual. A imposi9lio de con-
dena9iio de carater ressarcit6rio subordina-se, como e curial, a ex pres-
so requerimento do interessado e a comprova9ao dos danos experi-
mentados. 
Insta observar que, antes da atual reforma, abstraindo-se sempre de 
sua natureza (punitiva ou indenizat6ria), as san96es pecunianas, inclu-
sive aquela severa do art. 601, sempre eram fixadas em pro! do outro 
litigante. 0 que realmente ensejava perplexidade era o fato de a parte 
adversariareceber cumulativamente aqueles val ores, importando, con-
"" Revista do STJ, 135:190. 
' ( 
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((((((((( ((((( ((( (( (((((( (((((((( 
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" .. _, ·.: 
II :~A.'i61'A<;ots EMCiifuE.\islsTEMATICA 
forme observa<;ao de Clito Fomaciari Junior, verdadeiro enriquecimento 
sem causa. 25 
Na verdade, como bern enfatiza Fredie Didier Jr., olvidava-se o 
maior lesado: o Estado.'6 Esclarece, com efeito, o legislador naja refe-
rida justificativa do Projeto, que a puni<;ao economica e imposta ao 
responsdvel pelo ato atentat6rio ao exercfcio da jurisdi<;iio, como ativi-
dade estatal inerente ao Estado de Direito! 
Agora, entao, a falha relativa ao destino da multa vern sanada, por-
quamo a san<;ao pecuniaria, de natureza estritamente punitiva, imposta 
pelo par. un. do art. 14 sera inscrita, quando nao quitada ap6s 0 transito 
em ju!gado da decisao, na dfvida ativa da Uniao ou do Estado. 
Bem destacaram Luiz Rodrigues Warnbier e Teresa Arruda A! vim 
Wambier que a fixa<;ao da multa com base no valor atribufdo a causa 
nao parece mesmo ter sido o melhor criterio, porquanto, em inumeras 
situa<;iies em que o objeto da causae inestimavel, vern dado valor sim-
b6lico, apenas para efeitos fiscais e de al<;ada. Realmente, teria sido 
mais coerente se a lei permitisse ao juiz arbitrar urn valor que represen-
tasse efetiva "puni<;ao" aquele que criasse embara<;o ao cumprimento 
dos provimentos judiciais discriminados no novo texto legal." 
Deve ser lembrado, por outro !ado, que a pratica do ato atentat6rio 
ao exercfcio da jurisdi<;ao, assim como a atua<;ao temeraria da parte, 
nao ievam necessariarnente a sucumbencia. Continua atual, nesse par-
ticular, o alvitre de Helio Tomaghi, ao pontuar que: "se, por exemplo, 
o juiz verifica que o autor omitiu intencionalmente fato essencial ao 
julgamento da causa mas que, nao obstante, esta com razao, dever jul-
gar procedente o pedido e condena-lo as perdas e danos processuais 
que de seu comportarnento houverem decorrido".28 
'm Aws atell!at6rios a dignidade da justifa, Reforma do C6digo de Processo 
Civil (obracoletivacoord. pelo Min. S3.lvio de Figueiredo Teixeira), Sao Pau-
lo, Saraiva, 1996, p. 574-5~ 
':"
1 ::V1udan<;ns na responsabilidade processual, de acordo com a proposta de refer-
rna do CPC brasileiro, Genesis - Revista de Direito Processual Civil, 
17(2000):502. 
ltn Breves comentririos a 2. a fase da reforma do C6digo de Processo Civil, Sao 
Paulo, RT, 2002, p. 30. 
'
28
> Comentdrios ao C6digo de Processo Civil, v. 1, Sao Paulo, RT, 1974, p. 152. 
V., no mesmo sentido, Barbosa Moreira, A responsabilidade das partes par 
,.,:__,__,_,_.._: _-_____ .c_-_ ·-
ART.I4 "3r 
6. Exigibilidade da multa 
Disp6e, como visto, a parte final do par. un. do art. 14 que:" ... nao 
sendo paga no prazo estabelecido, contado do transito em julgado da 
decisao final da causa, a multa sera inscrita sempre como dfvida ativa 
da Uniao ou do Estado". 
Infere-se, de logo, que a decisao devidarnente fundarnentada im-
pondo a san<;ao af pre vista devera especificar urn prazo razoavel para o 
seu paga1nento, o qual sempre sera computado a partir do transito em 
julgado da decisao de extin<;il.o do processo. 
Inadimplido o valor da multa, devera ser ele inscrito na dfvida ati-
va da Uniao ou do Estado, dependendo, e claro, do juizo (federal ou 
estadual) em que aplicada a san<;:il.o. 
Com o titulo executivo judicial (art. 584, I, CPC), representado 
pela certidao da decisao (interlocut6ria ou definitiva) que fixou a mul-
ta e a comprova<;ao do transito em julgado da sentenqa de extin<;ao do 
processo, a Fazenda PUblica podera entao ajuizar, em autos apartados, 
a respectiva a<;il.o de execu<;il.o fiscal. 
De aduzir-se, por outro !ado, que, do modo como redigido esse 
referido par. un., se a san<;ao for imposta mediante decisao interlocut6-
ria proferida ainda na fase postulat6ria, por exemplo, em virtude do 
descumprimento deliberado de urn provimento antecipat6rio, somente 
ap6s o transito emjulgado da senten<;a ou do ac6rdil.o ("decisao final") 
e que a multa, inadimplida, podera ser exigida! · 
7. Mauifesta ineficacia em rela~;ao aoPoder Publico 
Sob diferente aspecto, percebe-se, em urn relance, que a presente 
altera<;ao legislativa vulnera, ex radice, o princfpio da isonomia pro-
cessna!. 
Sim, porque, enquanto, de urn !ado, o com urn dos mortais sofrera a 
imposi<;ao de pesada multa, bastando que o juiz da causa entenda que 
nao cumpriu ou opos infundada resistencia a efetiva<;ao de determina-
da decisao judicial, de outro !ado, o Poder PUblico, principalmente o 
dano processual no direito brasileiro, Temas de direito processual, Sao Paulo, 
Saraiva, 1977, p. 25. 
c r ('( c·c c·c c···c·c·c c·c·<·< c·( c·c c ·(!('('( ( ( (·(•(•()(.( 
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I 32 
· II -ANQTA<;:OES EMORDEM SlSTEMAnCA·· -----·-····c·c.c~c~·····cc.j 
Executivo, continuani, por certo, a desprezar coram populum as ordens 
judiciais de que e destinatario! 
Como se faz 6bvio, jamais a multa do par. tin. do art. 14 podeni ser 
imposta ao Estado enquanto parte no processo, uma vez que sempre 
inexigfvel pel a inevitavel confusao (art. 1.049 CC).29 
8. Impugna.;ao a imposic;iio da mnlta 
Cientificado o litigante da decisao que !he imp6s san~ao pecuniana 
nos termos do novo art. 14 do CPC, inicia-se a fluencia do prazo para a 
interposi<;ao do recurso cabfvel dependendo da natureza do respectivo 
provimcnto. 
Tratando-se de decisao interlocut6ria irrecorrida, a materia atinen-
te a imposi<;ao da multa res tara preclusa, sendo certo que, independen-
temente do resultado do processo, aquela somente sera exigi vel, como 
visto, apos o trans ito em julgado da senten<;a de extin<;iio do processo. 
Mesmo quando o destinatario da san<;iio nao for parte, podera, a 
evidencia, questionar a procedencia da imposi<;ao, mediante a interpo-
si<;ao de recurso, a exemplo do que ja sucede na pratica como decor-
rencia da aplica<;ao do par. tin. do art. 424 do CPC (multa ao perito). 
Ademais, nessa mesma linha, preciso julgado do TJSP, relatado 
pelo Juiz Pereira Cal<;as, ao enfrentar essa questao, deixou patenteado 
que: "o perito nao e parte, nem terceiro prejudicado, posto que sen 
direito nao tern qualquer rela<;ao de interdependencia ou conexao com 
a !ide objeto do processo. No entanto, se o perito se insurge contra a 
fixa<;ao de seus honorarios profissionais e instaura incidente a respeito 
de :ai questao, surge aquilo que Pontes de Miranda rotulou de 'verda-
deiro procedimento paralelo, metido na a<;ao principal' ( C6digo de 
Processo Civil, 5/228), que foi citado em vetusto julgamento deste 
Tribunal de Justi<;a (Ap. 72.894, rei. pelo Des. Cantidiano de Almeida, 
RT 247/1 70) e repetido em venerando aresto rei. pelo e. Des. Alves 
Braga (RT 561192), cuja ementa e a seguir transcrita: 'Negar ao perito 
{2')) Excetuam-se, como e 6bvio, aquelas hip6tesesem que, por exemplo, determi-
nado Estado da Federac;ao seja parte em processo pendente perante a Justi~a 
Federal, ou diante da Justi~a Estadual de outre Estado. Nestas hip6teses, a 
inadimplencia de eventual multa podeni perfeitamente ser inscrita na divida 
ativa da Unifi.o ou do Estado, dependendo da situa~ao concreta. 
! 
. , ART.J:r.::: 
"' 
. _:; __ 
o dire ito de recorrer da decisao que arbitra seus sahirios e trancar-lhe o 
acesso a via judicial para a defesa de seus direitos' ... "30 
Assim, tambem na hin6tese do art. 14, dado o gravame que ad vern 
da infli<;ao da multa, alem das partes, qualquer outro integrante do pro-
cesso passara a ostentar legitimidade e interesse em recorrer. 
Ressumbra evidente que esse "terceiro" nao assume a qualidade de 
parte no processo e, muito menos, de terceiro interessado, mas, sem 
duvida, adquire a condi<;ao de parte no incidente processual que se 
produz com a imposi9ao da referida san<;ao. 
E, desse modo, nao ha aqui se presumir qualquer tumulto proces-
sual com a interposi<;ao de eventual impugna9ao por quem nao e parte 
no processo. Com efeito, se o recurso apropriado for o de agravo de 
instrumento, autuado em apartado perante o 6rgao de segundo grau, 
em nada atravancara a marcha do processo. Por outro !ado, fixada a 
multa na senten<;a definitiva, alem da eventual apela<;ao da parte que 
sucumbiu, problema algum acarretara a interposi<;ao de outra apela-
9iio, v. g., do assistente tecnico que se viu prejudicado com a aplica9iio 
da multa naquele ato decis6rio31 
"" RT, 700:85-6. 
131 > Tornando-se como acertada a difundida afirma<;5.o de Liebman, no senti do de 
que terceiro e aquele que nao se encontra em contradit6rio perante o juiz, 
entendemos insustentavel a opiniiio de Fredie Didier Jr., que nega a qualidade 
de terceiro aqueles que, niio sendo parte, sao destinatarios da multa prevista 
no par. U.n. do art. 14 (Mudam;as na responsabilidade processual, de acordo 
com a proposta de refonna do CPC brasileiro, cit., p. 505-6). Anote-se que, 
mais recentemente, o jovem processualista mudou seu ponte de vista, passan-
do a admitir que, alem do autor e reu, outros protagonistas do processo podem 
ser destinatarios diretos de urna decisffo judicial (A nova refonna processual 
(obra coletiva), Sao Paulo. Saraiva. 2002, p. 20). 
' ( c c c < c c c c < c·c c c·< c ( ( c c··( c c (((((((((( 
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'' 
Art. 253. Distribuir-se-ao por dependencia as causas de 
. . r qualquer natureza: 
I -quando se relacionarem, por conexao ou continencia, 
com outra ja ajuizada; 
II- quando, tendo havido desistencia, o pedido for reitera-
do~ mesm0 quf!' em Htiscons6rcio com outros autores. 
[ ... ] 
1. Distribui~ao da causa, conexao e continencia 
Ve-se, de logo, que foi mantida a mesma impropriedade tecnica 
que constava na reda~ao original, porquanto, estando ja determinada 
a competencia do juizo, a demanda ajuizada em seqUencia nao sera 
distribuida. 
E isso, porque, havendo conexao ou continencia de uma causa an-
teccdcnte com outra posterior, esta sera registrada no cart6rio do distri-
buidor e, dada a dependencia, remetida ao juizo daquela para que am-
bas tram item in simultaneus processus. Justificam esse expediente os 
imperatives da economia processual e da harmonia de julgados (art. 
105 do CPC). 
As hip6teses de conexao ou continencia vern delineadas nos arts. 
103 e 104 do CPC, sendo certo que o art. 253 deve ser complementado 
pelas regras dos arts. 108 e 109, ao disporem que: "A a~ao acess6ria 
sera proposta perante o juiz competente para a a~ao principal" e "0 
juiz da causa principal e tambem competente para a reconven~ao, a 
a~ao declarat6ria incidente, as a~5es de garantia e outras que respeitam 
ao terceiro interveniente''. 
Esclare~a-se que, se duas demandas conexas forem distribufdas a 
diferentes jufzos, sen\ competente aquele em que se perfez a primeira 
cita~ao inicial. 
Por outro !ado, Ionge de imprimir coerencia como sistema ideali-
zado a partir da teo ria das tres identidades, o legislador patrio, ao expor 
·~-·:~~.:ART;iSJ·-- --· -- .35 .. 
o conceito de conexilo, procurou ampliar a rigidez daquela. Preceitua, 
com efeito, o art. 103 do C?C que se reputam conexas duas GU)nais 
ag5es, "quando lhes for com urn o objeto ou a causa de pedir". 
Nota-se, de logo, que tal conceito, apenas parcial, nao engloba ou-
tras hip6teses de conexao, e, por isso, os tribunais tern determinado a 
reuniao de processos, ex vi do disposto no art. 105, que niio possuem o 
mesmo pedido nem a mesma causa petendi . 
Assim, como observa Barbosa Moreira, persiste-se "em falar de 
uma conexao em 'senti do largo', que abrangeria uma serie de casas 
estranhos ao ambito do art. 103; ou em reconhecer-se que na doutrina 
acolhida pelo C6digo 'nao se acha toda a teoria da conexao', impondo-
se admitir a exis~~ncia de 'outras hip6teses', conqt!2.:1~:J '~2'J :~f~~~r:.­
temente sistematizadas' ". 1 
Moniz de Aragao, valendo-se da classica li~ao de Pescatore, prefe-
re afirmar que, para se caracterizar a conexilo, e indiferente que os 
elementos "comuns", exigidos pela lei, sejam, ou nao, identicos. "Tan-
to podera ocorrer identidade entre urn, ou dois, deles, como podera 
dar-se de serem 'comuns', is toe, semelhantes. A comunhao, ou seme-
lhanga, pode levar a identidade parcial. Assim e que sao 'comuns' as 
'a~oes' seem uma delas a causa petendi mediata for a mesma, embora 
seja diversa a causa petendi imediata".2 
Conclui-se, pois, que nas inumeras situa96es nas quais a conexao se 
revela importante no ambito do direito processual, nem sempre, em to-
das elas, e reclamado o mesmo grau de conex.idade pela causa de pedir. 3 
Realmente, superficial exame da jurisprudencia evidencia que, em 
varias ocasioes, prevalece tal entendimento, ao se reconbecer, por exem-
plo, conexas agao revisional de aluguel e agao renovat6ria;4 a9ao de 
<J} A conexiio de causas como pressuposto da reconvenfdO, Sao Paulo, Saraiva, 
1979, p. 125. 
"' . Conexao e "trip1ice identidade", RePro, 29(1983):55. 
m Cf. Antonio Araldo Ferraz Dal Pozzo, Reflex6es sabre o litiscons6rcio, Justitia, 
116(1982):175. Antonio Junqueira de Azevedo, valendo-se do denominado 
"princfpio de gradar;iio da conexdo ", assevera que "quanta mais prOximo das 
causas, na ordem 16gica e crono16gica, estiver o elemento comum a ambas, 
tanto rnais intensa ser:i a conexao" (Conceito, identificar;do e conexdo de cau~ 
sas no dire ito processual civil, tese, Sao Paulo, 1967, p. 82). 
'" Ac. do 2.0 TACSP no Agravo de Instrumento 362.257-0, 6." C., 17 _08.1982, 
rei. Eros Piceli: RT, 690:126: "Imp6e-se a reuniao, para um s6 julgamento, de 
· .. (.~( (·( (C.((.(;(;( .. ( l C.(·( ( C C (.( ( ( ( (.(.( .. (.()(.(.( .. ( ( 
.::.:·.c 
' 
' . :: 
----- c36 ll- ANOTA<;OES E.l>IQ~DEMSISTEMATICA. 
despejo por falta de pagamento de alugueis e acess6rios e a9ao de con-
sign"<;ilo em pagamento.5 Nao se deve supor. como ja se afirmou, que 
os respectivos fundamentos destas guardam total identidade. Com efeito, 
a causa petmdi remota da mencionada a9ao de despejo e integrada 
pel a existencia da rela9ao ex locato (fato constitutivo) e pelo inadim-
pkmcnto dos alugueis e acess6rios decorrentes da Joca9ao (fato viola-
dar). sendo o direito de perceber tais valores, pela ocupaqao de im6vel 
de propriedade do autor, a causa de pedir proxima. Enquanto na con-
signat6ria a causa petendi "tern por conteudo a existencia da relac;ao 
jurfdico-material (obrigac;ao) e a existencia de fato obstativo de sua 
extin<;ao pela via normal do pagamento". Em outras palavras, "a causa 
lie pcdir prOxima cifra-se no dircito que tern o devedor a desonerar-se 
da obriga9ao. recebendo regular quitac;ao; a remota, por seu turno, e 
representada pelos fatos geradores do seu interesse de agir, ou seja, os 
fatos que de ram origem a sua necessidade con creta dejurisdic;ao e que 
tornaram adequada a tutela jurisdicional pleiteada" .6 
A conexidade ai estabelecida e justificada, nao pela identidade de 
fumbmentos, mas, sim, pela afinidade concernente ii relac;ao jurfdica 
material. 
Igualmente, serao reunidas, como visto, duas ou mais demandas 
quando entre elas houver continencia, ou seja, quando houver identi-
dadc subjetiva (partes) e fatica (causa de pedir), sendo o pedido de uma 
abrangente da outra ou outras. 
Dai- como explica Para Filho -,haver a doutrina conferido a con-
tinencia a designac;ao de litispendi!ncia parcial, dada a coincidencia de 
elementos constitutivos entre duas causas, com a diferenc;a de que, em 
uma. o pedido e mais amplo do que na outra7 
rcnovatOria e da revisional baseadas em urn mesmo contrato, pois hi identida-
de de c::n.Isa de pedir configurando conexfio''. Na verdade, data venia, h<i, nes-
sa hip6tese. parcial similitude de causae petendi remoras. 
'~' V ·· e. g .. Theotonio Negr5.o, C6digo de Process a Civile legislcu;;iio proces-
sual em t·igor, 33. ed., Sao Paulo, Saraiva, 2002, nota 9 ao art. 103, p. 207. 
!/;) Cf. Antonio Carlos Marcato, A~·cYo de consignar;Cio em pagamento, 2. ed., Sao 
Paulo, RT, 1987, p. 67-8. 
aJ Tomas Para Filho, Estudo sobre a conexdo de causas no processo civil, tese, 
Sao Paulo. 1964. p. I 06. 
37 
2~ Modificac;iio introduzida 
Apenas alterando'o vocabulo "feitos" por "causas··, a antiga reda-
c;ao do caput do art. 253, preservada no essencial, acabou sendo desdo-
brada no novo inciso I. 
Veio agora inserido o inciso II, que tambem deterrnina a "distribui-
c;:ao" ao mesmo juizo ja prevento, "quando, tendo havido desistencia, o 
pedido for reiterado, mesmo que em litiscons6rcio com outros autores". 
Antes de mais nada, deve-se dizer que a ideia contida ne~~el 
dis£2sitivo Jlierece ser aplaudida, porquanto, visa a debelar or~xe ru;LU-
co rew;;;eri'dlivci; cons!stente na reitera<;ao inescrupulosa da mesma 
&,ID.aiicta;-nateiltatlva de ver a sua causa dlstrlbu{da a- um")u?ZQ;juc 
esposa entendimento cQ!!y~m~2£.u-;;le £~st~l-;;do na peti9YoTnkial. 
--"~_,_.~~~===-~·=~.,~~- - ~-~ ~·-~-· ~~~ ... ~-----~,=~~-~-~=-=--~~~~" 
'D!LPJ:ati!;;a- que, diga-se de passagem, c.Q!!flg.l!.La,ab.!!~~.2JJES;~!:~':'!'l 
- V£!!l~~do tt_@~~~~£2.~.!:nai.2':.f~Biieg_<2~I!a£_~f>'LLcl.it1Y.sJ:i~.a.fede­
r~. -~~1.:~1!!£.2. nagu~!~~-J:l.£<:\!_~sE-~-C!l!~ __ S9_';!1£2:!'!!!!_J?lei t<,JJiill!\EV de 
n~!'?t;!L<;.aut~L9,LQ!! anl~.ill!!!_Q!}J!: 
A sofisticac;ao de tal atua<;ao, para elidir a distribui<;ao eletr6nica, 
chegou ao ponto de provocar altera<;ao nominal do primeiro litiscon-
sorte, para que a a<;ao fosse distribufda a outro jufzo ... 
Para coibir esse modus procedendi niio faltou esforqo. A diretoria 
do Foro da Justic;a Federal de primeiro grau da Sec;ao Judiciiiria de Sao 
Paulo, por exemplo, baixou a Ordem de Servi<;:o 3/2000, que imp6s a 
obriga<;ao de ser instruida a petic;ao inicial com c6pia autenticada do 
CPF ou do CNPJ do autor.8 
Nao obstante, pela flagrante inconstitucionalidade contida em 
exigencia, violadora da garantia de amplo acesso ao Poder Judiciario 
<Sl A primeira p<igina do novo cademo Legal & Jurisprudencia da Gazeta Afer-
cantil, ed. de 10.01.2001, noticia (sem maiores detalhes) que aJustip Federal 
da 2.a Regi5.o adotou novas regras "para assegurar a manutenc;fio do jui=-. natu-
ral... Com a medida, o Tribunal quer evitar uma estrategia adotada por advo-
gados para driblar o sistema informatizado-que distribui os processes aleato-
riamente ~ atraves da entrada de virios processes sernelhantes. com auto res 
diferentes, que sao distribuidos pelo sistema para os juizes. Quando urn pro-
cesso vai para as maos do desembargador cujo entendimento juridico seja 
favon'ivel a causa, o advogado pede a desistencia nos demais processes". 
((((((((((((((((((((((((((((((((((( 
,.,. 
;. : 
38 II- ANOTA<;:OBSEMGRDEMSfSTEMATiCA · 
(CF. art. 5.', XXXV e LV), nao demorou muito para que a diligente 
Associa<;ao dos Advogados de Sao Paulo se insurgisse contra aquela,' 
ao argumento de que a exigencia en tao criada, a! em de afrontar o texto 
da Lei Maior, viola o art. 282 do CPC, ao instituir requisito para o 
recebimento da peti<;ao inicial no protocolo do distribuidor. 
Acresceme-se que no vitorioso mandado de seguran<;a impetrado 
pela AASP foi invocado significativo precedente da 1.' Turrna do STJ, 
que teve oportunidade de examinar hlp6tese identica no Recurso Ordi-
nario 3.568-9-RJ, relatado pelo Min. Humberto Gomes de Barros, cuja 
ementa e a seguinte: "A Portaria 253/92 do Juiz Federal Diretor do 
Foro da Se<;ao~Judici:iria do Rio de Janeiro, ao deterrninar se recusem 
peti,·ocs iniciais, quando nao acompanhadas do CPF das partes, incide 
em ilegalidade. Nao e licito ao Poder Judici:irio estabelecer para as 
peti<;oes iniciais, requisite nao previsto em lei federal (CPC, art. 282)". 
!2l_ante dos tenn~ do J.lP...\C.o_w_;?_?J .. ~!?riiJl~£§.§.§fu:iJLQ.ap.e.rl'e.i£Q;J­
~n to £12. sisteJ.ill\.d.e~.dis!rib1Ji(j!g~_.£.QllL\lSie.l\enxolvimenJo.~jmJ?1~gJ!l­
<;ao d;~_§I)J:l:!ya,:,.:u:s!le.c.illc_Q,il)_~ll!~iE.i!Y.an!Q1l2.£f:l~~IE~',l~{).<;l_~,?a­
dos c.l~Ql)Q!LQs ~'Le!HJJ.ilisiitts£.onsoues. 
3. Criticas a altera\aO legislativa 
A despeito da importiincia dessa nova regra, verificam-se, pelo 
menos, duas falhas tecnicas em sua reda<;ao. 
Em primeiro Iugar, alude-se a desistencia da demanda, assim en-
tend ida como a abdica<;ao expressa da posi<;ao processual, alcan<;ada 
pelo au tor, ap6s o ajuizamento daquela. 
lnfere-se, pois, que, em consoniincia com 9 novel inc. II do art. 
253, ,;lc<t~.si>I.encia.d<~.cdemandamesmo~~a;;:~itii~ii.\i',Jii.s~Ef{jt;:f a 
sitr,pJs.~dis.il:fu\li£ii9~,g~@~.PSlCYA;JlSliQ.Jlil!:a.£!,l~,'!.J~l!£,~~,£!:i,~n!,e. l:il!"AC.e, 
~~u;.l,4U<>0SS'il"R0¥ida<le..afw.J:!!il-2, tradicional preceito d().£~e~'L2.£. art. 
2.L\LJ.o.£I:C~.1"A cita<;iio valida toma~preventoo}U!zo~~·). Nunca e 
demais lembrar que o direito e um todo harmonico que hade ser apre-
ciado em seu con junto ... 
Ademais, mesmo que nao haja desistencia expressa, ha, na lei pro-
cessual, outros comportamentos ou expedientes que dao margem a 
extin<;iio do processo. 
'" Cf. Bole tim da AASP, 2.187(2000): L 
39 .. 
-.----~--·--
0 abandono do processo, contemplado no art. 267, III, seria assim 
urn caminho para fugir a letra do inc. II do art. 253. 
Igualmente, ate mesmo a distribui<;ao sera cancel ada, na dic<;ao do 
art. 257, tambem do CPC, se o autor nao providenciar, dentro de 30 
dias, o pagamento das custas iniciais. 
Ora, em todas estas hip6teses, que evidentemente nao configuram 
desistencia (art. 267, VIII), a reitera<;iio da demanda ira propiciar dis-
tribui<;ao livre! 
Impende aindareconhecer que o legislador dixit minus quan voluit, 
uma vez que, o autor, percebendo algum equfvoco porventura constan-
te da peti<;ao inicial, podera desistir da a<;ao, e, em seguida, ajuizar 
outra demanda, mantido o mesmo pedido, mas com diferente funda-
menta<;ao. 
Nao se trata, como e curial, de demanda identica. No entanto, como 
a lei, no apontado inc. II, refere-se especificamente a pedido, causas 
substancialmente diferentes que contenham pedido identico passam 
agora a ter, para os fins do art. 253, o mesmo tratamento! 
r c c c \ c c c c· c c c c c · c 1 < c c c c c c c' c · ( ·. c c c c c c c c 
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Art. 273. [ ••• ] 
§ 3.' A efetiva<;:ilo da tutela antecipada observara, no que 
couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 
588,461, §§ 4.'e 5.0 , e 461-A. 
[ ... ] 
§ G.o A tutela antecipada tambem podera ser concedida 
quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parce!a de~ 
les, mostrar-se incontroverso. 
§ 7.' Se o autor, a titulo de antecipa<;:ao de tutela, requerer 
providencia de naturezacautelar, podera o juiz, quando pre-
sentes os respectivos pressupostos, deferir a medida caute-
lar em carater incidental do processo ajuizado . 
1. Incidencia das medidas de refor~o 
Depois da precedente reforma, ditada pela Lei 8.952/94, que alte-
rou substancialmente o regime da tutela antecipada, com a introdw;ao 
no sistema processual do importante art. 273, a praxe forense tern en-
contrado imimeras dificuldades para a efetiva<;ao das decisoes anteci-
pat6rias, catalogadas como executivas em sentido lato, e, ainda, nas 
situ;u,;oes em que se procede por sub-rogaqao. 
Tendo presente esse S<'rio problema, a Lei 10.444/02 em boa hora 
estcndeu a aplica<;ao das medidas coercitivas tambem nas hip6teses 
prccoriizada·; no art. 273, ao dispor no§ 3.0 que: "A efetiva<;ao da tutela 
antccipada obscrvara, no que coubcr e conforme a sua natureza, as 
nonnas prcvistas nos arts. 588,461, §§ 4.0 e 5.0 , e 461-A". 
Assim, torna-se mais eficiente a execu<;iio provis6ria do provimen-
to antccipat6rio atinente a obriga<;ao de pagar quantia certa, porque, 
com a nova reda<;ao do art. 588, e possfvel, mediante garantia id6nea, 
proceder a aliena<;ao do bern do devedor (inc. III). 
A cau<;ao, outrossim, passu a ser dispensavel na hip6tese de credito 
alimentar nao superior ao valor de 60 sa!arios mfnimos, desde que o 
excqUente com prove o seu estado de necessidade (art. 588, § 2. 0 ). 
--~---·· .. ART . .273 41 
--- ·----~-- -.-.. ,_,_ .. ____ ., __ .. 
Ademais, praticamente todas aquelas medidas de apoio (coerciti-
vas, punitivas ou assecurat6rias) para tornar mais eficaz a satisfa.;ao 
decorrente da tutela ·antecipada, a exemplo do que se observa como 
regime das antecipat6rias especificas ( obriga<;6es de fazer ou niio fazer 
-art. 461 ), notadamente as regras que permitem a imposic;ao de multa 
(461, § 4.0 ), e utilizaqao de providencias necessarias a efetivac;ao da 
tutela ou obten<;ao do resultado pnitico equivalente ( v. g., busca e apreen-
sao, remo<;_:ilo de pessoas ou coisas, desfazimento de obras, impedi-
mentos de atividade nociva, requisi<;iio de for<;a policial- 461. § 5.0 , e 
461-A), sao agora aplicaveis a tutela antecipada do art. 273. 
Afinada com essa novidade, na hip6tese de eventual abu>o do de-
vector configurar ato atentat6rio ao exercfcio dajurisdi{'Cio, inc ide ain-
da a san<;_:ao prevista no atual par. lin. do art. 14, cujo escopo precipuo, 
em pro! da efetividade da tutela dos direitos, e o de coibir a desobe-
diencia, dentre outras, das decisoes antecipat6rias executivas lato sen-
su, fundadas no art. 273. 
2. Pedido incontroverso e tutela antecipada 
Para dar infcio ao processo de conhecimento, cum pre ao au tor pro-
vocar a jurisdi<;ao solicitando uma determinada especie de provimento 
(pedido imediato), para tutelar urn bemjuridico (pedido mediato). 
A providencia jurisdicional que vern en tao reclamada, quando aco-
lhida, redunda em uma senten<;a que, dependendo do tipo de demanda 
proposta, sera meramente declarat6ria, constitutiva, coridenat6ria, 
mandamental ou executiva, mas (em tese) sempre util ao autor. 
Anote-se que a petic;ao inicial deve cooter, como exigencia formal 
minima, alem da explicita referencia as partes, a indicac;iio da causa de 
pedir e do pedido. Assim, basta por exemplo que o autor descreva a 
relac;ao locaticia e a ulterior falta de pagamento (causa petendi remota e 
proxima) e extraia desse contexto fatico-juridico a conseqliencia previs-
ta na lei, qual seja a rescisao do contrato eo despejo do im6vel alugado. 
E evidente que a complexidade dos epis6dios da vida relevantes 
para o direito, em certas ocasioes, ref!etem no plano do processo. Des-
se modo, nada obsta que uma unica pretensao venha escudada em va-
rios fatos e fundamentos juridicos. 
Normalmente, urn unico pedido singulariza uma unica demanda. 
Trata-se, nesse caso, de pedido simples, como, por exemplo, a conde-
( . ( ( . ( ( . ( ( c ( ( ( c ( ( ( ( ( c ( ( . ( ( c . c ( . ( ( c ( c ( c . ( c, 
' 
'. -. "( 
.- .. ,.-, 
42 II- ANOTA<;:OES EM ORDE!vLSlSTEMATICA 
----- --- - --- -- ·- ~---·-· " -- -·----:--.-.:_-- -- :~=-: ··- --·--
na<;:io a restituicao do bem reivindicado· a rescisao do contrato de man-
data... · ' 
No entanto, norteadas pelos imperativos da economia processual e 
da harmonia de julgados.' inurn eras Iegisla<;oes autorizam a cumulat;iio 
de pedidos em uma mesma demanda. Prescreve, com efeito, o art. 292 
de nosso C6digo de Processo Civil, que: "E permitida a cumula<;ao, 
num tlnico processo, contra o mesmo reu, de varios pedidos, ainda que 
entre eles nilo haja conexilo". 
Explica Araken de Assis que, dependendo da natureza do cumulo 
de pedidos, o autor desejani a procedencia de todos eles, ou, entao, de 
pelo menos urn dentre aqueles que foram formulados. 
Dai, a tradicionai distinc;ao doutrinaria entre cumulaqiio propria, 
que encerra as hip6teses nas quais e admitido o acolhimento conjunto 
dos pedidos, e cumularao impr6pria, em que, por for<;a de fatores pe-
culiares ao dire ito material controvertido, a procedencia de uma pre-
tensiio exclui a das demais. 
Naquela primeira categoria, marcada pela simultaneidade ou mul-
tiplicidade de pretensoes, incluem-se as especies de cumulac;ao sim-
ples e cumula<;ao sucessi va ( o de man dante busca o atendimento, ao 
mesmo tempo, de mais de um pedido); enquanto, na segunda, delimi-
tada pela singularidade de pretensao, insere-se a tipologia de cumula-
<;iio alternativa e cumula<;ao subsidiaria (o demandante deseja que o 
reu cumpra wna das presta<;oes da alternativa; que a senten<;a condene 
o reu no pedido subsidiario caso nao possa reconhecer a procedencia 
do pedido antecedente).' 
t!J V .. acerca das possfveis justificativas da cumula~ao objetiva de demandas, 
Teresa Armenta Deu. La acumulaci6n de autos (reuniOn de procesos conexos), 
Madrid. Montecorvo. !983, p. 48 ss., rnostrando que nern sempre aque]as 
duas exigCncias encontram-se presentes de modo absolutamente simetrico em 
todas as hip6tcses de climulo de pedidos: v. g., na curnula>;ao simples prepon-
dera a economia processual; na cumula<;ao sucessiva e a harmonia de julga-
mentos que irrompe mais relevante. 
'") Cf., em senso praticamente idSntico, Jose Alberto dos Reis, Comentcirio ao 
C6digode Processo Civil, v. 3, Coimbra, Ed. Coimbra, 1946, p. 144; Carolina 
Fons Rodriguez, La acumulaci6n objetiva de acciones en el proceso civil, 
Barcelona, J. M. Bosch, 1998, p. 78-9; Araken de Ass is, Cumuia-;:ao de a-;:oes, 
cit., p. 230. 
., __ :_:_:_y·· -'·-~.:::,.;::," 
--- -- . ~~ARI..273 
-43 
.. ··--·--··--- ·---··-- --·-·-· 
Pais bem, com o prop6sito deiiberado de aperfei~oar o instituto da 
tutela antecipada, foram introduzidos dois paragrafos no art. 273. 
Acolhendo-se su'gestao formulada por Luiz Guilherme Marinoni, 
pelo disposto no novo § 6.0 , havendo cumulaqao simples ou sucessiva 
de pedidos, a antecipa<;ao pode ser deferida nos limites da materia in-
controversa, resultante, por certo, da prova inequfvoca produzida ja 
com a petiqao inicial, ou, ainda, admitida pelo reu ap6s a contesta9ao. 
Nessa hip6tese, o grau de probabilidade da procedencia do pedido 
incontroverso delineia-se tao elevado, que justifica plenamente o defe-
rimento da antecipa<;:ao requerida pelo demandante. 
3. Fll1ifihi~(ia!lfJP~ 
A introdu9ao do § 7.0 vern miti'gat'iFex-eges" estritamente formalis-
ta que se verifica na pdtica. em detnmento da urgencia de determina-
das sttuac;oes. Jamais se aconselha gue a forma sacrifigue o direito do 
jurisdicionado. 
Assim, pela nova regra jy:s.r-ap·osta>ao art. 273 (§ 7 .0 ), se porventura o 
autor formular, na propria peti<;:ao inicial,cacguisit de antecipa<;:ao de tute-
la, pedido de natureza cautelar, podera o juiz, quando presentes os res-
pectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em carater incidental. 
Apesar de nossa firme convic<;aono senti do de que os _provimentos 
sumanos antecipat6rios nao se confundem com aqueles de natureza es-
t.!:!_tarnente cautell!L que visam a asseiitili' situa<;5es urgentes, tendendo a 
resguardar a utilidade futura da tutela junsdicional, o certo e que enfren-
tamos enorme ddiculdade para meulcar nos operadores do direito, sob a 
perspectiva da praxe forense, os desdobramentos da diferen<;a ontol6gi-
ca entre as duas primordiais modalidades de @§JU'inapaae:~fll~t~~ 
E, por essa significativa razao, parece-nos absolutamente acertado 
9,££'H!().~"vista sustentado, em inumeras oportunidades, por<\!;1l£1"Et:!'il 
eb~~~~consistente na afirmaqao de que a estrutura formal Cau-
t6noma ou incidental) em nada influi na natureza da tutela. Coerente 
com a onenta<;ao que adota sabre essa relevante tematica, assevera 
que: "o pedido de sustacao de protesto, que tem nftido carater antecioa-
t6rio de efeitos do futuro rovimento sabre a invar ade de cambial, 
po e ser p eitea o de forma aut6noma, pais muitas vezes a parte inte-
ressada ainda nao possui todos os elementos necessarios para a propo-
situra da demanda principal. Ainda que requerida no bojo do processo 
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II- ANOTA<;:6ES EM ORDEM §ISTE!>lATICA 
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cognitivo, caracteriza-se como cautelar incidental. Alem do mais, nao 
se pode excluir definitivamente seja a antecipacao requerida em proce-
dimento aut6nomo. Desde que necessaria a utillzaqao dessa tecnica em 
determinada situaqao concreta, a fim de assegurar a efetividade da. tu-
tela. deve ser admitida. Questoes meramente formais nao podem obs-
tar.,::_realiza<;ao de valores constitucionalmente garantrdos".3 -
Tal-J:Iomrinaeao veio consa<>rada em ac6rdao uniinime da 12." Ca-
. " 
mara do Lo TACSP, proferido no julgamento do Agravo de Instrumen-
to 806.046-6, relatado por Jose Roberto Bedaque, do qual se extrai que: 
" ... A antecipa<;ao parcial dos efeitos da tutela se mostra possfvel no 
caso concreto ... Tratando-se de tutela de urgencia e provis6ria, possfvel 
a incidencia da regra da fungibilidade, cabendo ao julgador adotar a 
solu<;ao mais adequada a preserva<;iio da utilidade do resultado final, 
desde que atendidos os limites objetivos da demanda ... ". 
End!JssandOJesse modo de ver a questiicm;ob·analis(!, enfatiz<{~ 
t!\oo;':Jliil;)QJ(lg:~que o novo § 7.0 do art. 273, alem de reconhecer a 
re:1!idade da experiencia do foro, constitui poderosa alavanca destina-
d" a remover preconceitos, sendo certo que. tal dispositivo deve ser 
inter ret o " elo ue dis e elo ue nao disse", uma vez que, tam-
bern na hip6tese in versa, na qual pleiteada medida caute ar, esde que 
prcsentes os respectlvos reqms1tos, devera ser defenda a tutela antecJ-
pat6ria cabfveL.4 
01 
Tutela catttelar e tutela antecipada: tutelas sumdrias e de urgencia (tentativa 
de sistemati::;a{:do), 2. ed., Slio Paulo, Malheiros, 2001, p. 388. 
(4-J lnformatiro !ASP, 56(2002):4. V., ainda, Dinamarco, A refonna da reforma, 
Sao Paulo, Malheiros, 2002, p. 91-2. 
-----
~-----·-- ------·---~--
--~ --------- - . ----·- --- ""'"""'"" . --- ~ 
-- -- -·----· --· ---~-
.c.. .... Art. 275. [ .•. ] 
I- nas causas, cujo valor nao exceda a 60 {sessenta) ve-
zes o valor do sal<irio mlnimo; 
[ ... ] 
1. Aumento do valor maximo para o procedimento sumario 
Havia uma evidente incongruencia no sistema procedimental, uma 
vez gue, enguanto o art. 3.0 , I, da Lei 9.099/95 estabe!eceu o teto de 
40 salanos mfnimos para o interessado se valer @ Iqi?;ado Especial 
Cfvel, o art. 275, I, do CPC, continuou preso ao valor de 20 vezes o 
salario rnfnirno! 
Assim, em boa bora a coerencia do sistema veio resgatada, com o 
anmento agora introduzido, equivalente a 60 sa!anos mfnimos, como 
valor maximo pennitido para a causa se subordinar as regras do proce-
dimento sumano. 
!!£je, portanto, ate o valor de 40 salarios, o litigante pode escolher 
a via do Juizado Especial ou a Justi<;a Comum, na gual se procedeni 
pclo procedimento sumano. Entre 40 e 60 salarios rnfnimos, somente 
este e que senl. o adequado. 
2. Harmoniza~ao do valor 
Com essa a!tera<;ao, alem de atender as exigencias da realidade 
forense e<>islador e ui arou esse valor com aquele fixado no art. 
475, que dispensa o reexame necessano da sen ten a rofen a contra a 
Uniao, o Estado, o JStrito ederal, o Municipio, e as respectivas au-
tarquias e fundas;oes de direito publico, quando nao ultra£assado o re-
ferido patarnan 
Ressalte-se, por outro !ado, que 'i?ntinua plenamente emyigoro 
dis£OSto no inc. II do art. 275, sendo imhrvlaasoo,que, independente-
( ( ' ( ( ( ( ( c ( ' I ((((('((( (((((( 
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. ~- ----~-- '"~ ··-- ~--
46 11-ANOTAt;:OES EM ORDEM SISTEMATICA 
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---- ------- ------··---.-.------ -------~----- ··· ---------
mente do valor, as causas af elencadas se proce§sam pelo procedimento 
sumano. 
-
588, § 2.0 ). 
·_--:__ --- ·-~' ,_"'" __ _ 
'r.1'-i"/!/;Uo'"" ~ \}ti'J~J,- ol 
\9._ l·tU \0 •' \;' ~<J:)JJ !j.J.! '; 1 o~~u .~" r.J' Vi 
-"\) ( cw ~ Art. 280. No procedimento sumario nao sao admissfveis a 
~;,.,>1, 0 ~)' L a~ao declarat6ria incidental e a interven9ao de terceiros, sal-
y~' .0- vo a assistencia, o recurso de terceiro prejudicado e a inter-
' \J ~,..,..; '" \ ven~ao fun dada em contrato de seguro. 
0;J])Y{V!;~~,_tfdJ 
i)J)JY'l.. Problema advindo da anterior reforma 
A Lei 9.345/95 alterou a reda~ao original do art. 280, estabelecen-
do no inc. I que, no ambito do procedimento sumario: "Nao sen\ ad-
missive! a~ao declarat6ria incidental, nem a interven~ao de terceiro, 
salvo assistencia e recurso de terceiro prejudicado" . 
Ocorre que ~radical proibicao. cujo eSCOJZO se coaduna com a 
estrutura do procedimento sum:irio, acabava conspirando contra a eco-
ri"omia processual em uma· das situac6es mais freqiie..!!~ gual seja, a 
acao de ressarcimento por danos causados em acidente de vefculo de 
via terrestre (art. 275, II, d). 
E isso porque, obscada a denuncia~ao da !ide a seguradora, torna-
va-se necess:irio o ajuizamento de outra a~ao auto noma e sucessiva em 
face da seguradora, decorrente do dire ito de regresso do segurado, con-
denado na primeira Geli:1ailcla. 
--De outro lado, se porventura o reu procedesse a denuncia~ao a 
seguradora na contesta~ao apresentada em aud!encm, o JU!Z pooeria 
en tao, por fon;;a do disposto no art. 277, § 4.6 , converter o procedimen-
to sumario em ordinaria. 
A pratica mostrava entao que esse dilema acarretava enorme pro-
blema ao jurisdicionado que se via diante de tal situa~ao. 
2. Modifica~iio introduzida 
Certamente para erradicar tal impasse e que a nova lei, agora no 
caput do art. 280, restringiu o 6bice a a~ao declarat6ria incidental e a 
interven9ao de terceiros, autorizando expressamente a assistencia, o 
( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( . ( s 
. ~.-
<-
-. 
-48 rr -ANCrrA<;:6Es EM 0RDEMSISTE~\At1tA-- .. 
·- 'Teen r>o ao· terceiro prejliilicado 'e• a-111 Terv~l~lliiTftzhdada fiiiiconirata-~·~c 
de seguro. 
V2-se, de logo, que. c2m essa expressao "intervenyao funda~ em 
c:;_ntrato de seguro", o Iegislador voltou a £,ermitir que, na referi~ao 
de md\JllZ;l~ danos causados em acidente de transito, eossa o reu 
denunciar da !ide a seguradora, nos termos do art. 70, III, do CPC. 
lmportante ressaltar que somente a denuncia~ao da !ide alicen;ada 
em contrato de seguro e que passa a ser possfvel no procedimento su-
mario, excluindo-se, portanto, quando configuradas, as demais hip6te-
ses art. 70. 
"\dmitida a denunciasao da !ide, dever~s~processada E~undo os 
arts. 'I e se~. do CPC, com aUte,;gssrit;ias a~~£!S do 
p_rocedin;_,~nto s':lmario. Feita a d~t..lll.C~Q pelo autor, a [?eti~~ini­

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