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DP concurso part geral Azevedo 2010

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·-.-.. -.-.. -··-:--:;-~·-·-. -.. -.-~-.---;:.~-.. -. ---:~-.-. -.. -
Leonardo de MedetrDs Garda 
Coordenador da Cole):ao 
Ma:rce1o Andre de AzevedD 
Promotor de justi):a em Goias; 
Mestrando em Direito, Rela):6es Internacionais e Desenvolvimento (PUC-GO); 
P6s-graduado em Direito Penal (UFG); 
P6s-graduado em Ciencias Criminais (UNAMA/Rede LFG); 
Professor de Direito Penal da Escola Superior da Magistratura de Goias; 
Professor de Direito Penal do Curse Praetorium; 
Professor de Direito Penal do Curse Aprobatum; 
Professor de Direito Penal do Curso Al<ioma juridico; 
Professor de Direito Penal do Curse juris. 
COLE(AO SINOPSES 
PARA CONCURSOS 
PARTE GERAL 
De acordo com as leis: 
• Lei nQ 12.258, de 15 de junho de 2010; 
• Lei nQ 12.245, de 24 de maio de 2010; 
• Lei nQ 12.234, de OS de maio de 2010. 
2010 
I :O~RA~ POD!VM 
EDITORA 
}itsPODIVM 
www.editorajuspodivm.com.br 
Capa: Carlos Rio Branco Batalha 
Diagrama~ao: Maiti~ Coelho 
maitescoelho@yahoo.com.br 
Conselho Editorial 
Dirley da Cunha Jr. 
Leonardo de Medeiros Garcia 
Fredie Didier Jr. 
Jose Henrique Mouta 
Jose Marcelo Vigliar 
Marcos Ehrhardt Junior 
Nestor Tavora 
· Roberio Nunes Filho 
Roberval Rocha Ferreira Filho 
Rodolfo Pamplona Filho 
Rodrigo Reis Mazzei 
Rogerio Sanches Cunha 
Todos OS direitos desta edi~ao reservados a Edi~5esjusPODIVM. 
Copyright: Edi~5esjusPODIVM 
E terminantemente proibida a reprodus;ao total ou parcial desta obra, por qualquer 
meio ou processo, sem a expressa autorizas;ao do autor e da Edis;oes]usPODIVM. A 
violas;ao dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislas;ao em vigor, sem 
prejuizo das sans;oes civis cabiveis. 
I :D~RA~ POO!VM 
EDITORA 
}it.sPODIVM 
Rua Mato Grosso, 175 - Pituba, 
CEP: 41830-151- Salvador- Bahia 
Tel: (71) 3363-8617 I Fax: (71) 3363-5050 
E-mail: fale@editorajuspodivm.com.br 
www.editorajuspodivm.com.br 
~:~ 
II Sumario 
Cole<;ao Sinopses para Concursos 
Guia de leitura da Cole<;ao 
Parte I 
lNTRODU<;AO 
15 
17 
Capitulo I i? DIREITO PENAL........................................................................ 21 
1. Conceito de direito penal .................................................................. 21 
2. Fun<;oes do Direito Penal.................................................................... 21 
3. Garantismo penal ............................................................................... 22 
4. Direito Penal objetivo e direito penal subjetivo ................ _............... 23 
c Capitulo II l> PRINCfPIOS PENAIS E POLfTICO-CRIMINAIS............................... 25 
1. Principia da legalidade penal............................................................ 25 
2. Principia da fragmentariedade .......................................................... 27 
3. Principia da interven<;ao minima .................. ;.................................... 27 
4. Principia da ofensividade (nullum crimen sine iniuria) ...................... 28 
5· Principia da insignifidincia ................................................................. 30 
6. Principia da culpabilidade.................................................................. 33 
7· Princfpio da exclusiva prote<;ao de bens jurfdicos............................ 34 
8. Principia da materializa<;ao do fato (nullun crimen sine actio).......... 34 
9. Principia da pessoalidade da pena ou da intranscendencia............ 35 
10. Princfpio da humanidade ................................................................... 35 
11. Principia da adequa<;ao social........................................................... 35 
12. Princfpio da proporcionalidade ......................................................... 36 
Capitulo Ill ~ DIREITO PENAL NA ERA DOS RISCOS 
1. lntrodu<;ao .......................................................................................... . 
2. Expansao do Direito Penal 
3. Novas form as de tutela dos bens jurfdicos supraindividuais .......... . 
3.1. Direito de interven<;ao 
3.2. Direito Penal de velocidades (primeira, segunda e terceira) .. 
1·' 
3.3. Direito Penal do inimigo 
Capftulo IV ~ FONTES DO DIREITO PENAL 
1. Fontes materiais (substanciais ou de produ<;ao) 
2. Fontes formais 
2.1. Fonte formal imediata 
2.2. Fontes formais mediatas 
37 
37 
38 
39 
39 
40 
41 
43 
43 
43 
43 
44 
5 
Marcelo Andre de Azevedo 
<:::;,.pituio \j :·· DA LEI PENAL......................................................................... 45 
1. Lei penal e norma penal segundo a Teoria de Binding..................... 45 
2. Classifica<;ao da lei penal................................................................... 46 
3. Caracterlsticas da lei penal................................................................ 46 
4. Lei penal em branco ......................................................................... 47 
5. Lei penal incompleta ou imperfeita................................................... 48 
6. lnterpreta<;ao das leis penais ............................................................ 49 
6.1. Classifica<;ao quanto a origem................................................... 49 
6.2. Classifica<;ao quanto aos meios ................ ,................................ 49 
6.3. Classifica<;ao quanto ao resultado............................................. 50 
6.4. lnterpreta<;ao anal6gica (intra legem) ...... ;................................ 50 
7. Analogi a (argumento anal6gico ou aplica<;ao anal6gica) .................. 51 
Parte II 
APLICACAO DA lEi PENAL 
Capftulo I > LEI PENAL NO TEMPO.............................................................. 55 
1. Tempo do crime (tempus commissi delicti)......................................... 55 
2. Vigencia da lei penal.......................................................................... 56 
3. Conflito de leis penais no tempo ................ ~..................................... 56 
3.1. lntrodu<;ao .................................................................................. 56 
3.2. Situa<;5es de conflito ................................ ,................................ 57 
3.3 Combina<;ao de leis penais........................................................... 59 
3.4. Lei intermediaria........................................................................ 59 
3-5· Lei penal em branco e conflito de leis...................................... 6o 
4. Lei excepcional e lei temporaria........................................................ 6o 
5. Conflito aparente de leis penais........................................................ 61 
Capitulo ll > LEI PENAL NO ESPA<;:O ............................................................ 67 
1. Territorialidade................................................................................... 67 
2. Lugar do crime (locus commissi delicti)............................................... 68 
3. Extraterritorialidade ........................................................................... 69 
3.1. Extraterritorialidade incondicionada......................................... 69 
3.2. Extraterritorialidade condicionada............................................ 70 
3-3· Principios norteadores da extraterritorialidade ....................... 70 
4- Pena cumprida no estrangeiro ......................... :................................. 71 
Capitulo lll i> DISPOSII;:OES FINAlS SOBRE A APLlCA<;:AO DA LEI PENAL.......... 73 
1. Eficacia da senten<;a estrangeira ....................................................... 73 
2. Contagem de prazo .......................................... ,................................. 73 
3. Fra<;5es nao computaveis de pena ................. ,................................. 74 
4. Aplica<;ao das normas gerais do C6dido Penal.................................. 74 
6 
Sumario 
ParteIll 
TEORIA GERAL DO CRIME 
Capfmio i 9- INTRODUI;:AO........................................................................... 77 
1. Conceitos de crime............................................................................. 77 
2. Classifica<;ao doutrinaria dos crimes................................................. 78 
3· Sujeitos ativo e passivo ...................................................................... 81 
4. Objeto do crime.................................................................................. 82 
Capitulo ll ? fATO TfPlCO ........................................................................... 83 
1. Conduta............................................................................................... 84 
1.1. Teorias da conduta .................................................................... 85 
1.2. Caracterfsticas e elementos da conduta ................................... 90 
1.3. Formas de conduta 91 
1.4. Ausencia de conduta.................................................................. 92 
2. Resultado ........................................................................................... 93 
3. Nexo de causalidade 
3.1. Teoria da equivalencia dos antecedentes causais ................... . 
3.2. Outras causas que podem concorrer 
ou nao para o resultado 
3.2.1. Causas absolutamente independentes 
em rela<;ao a conduta do agente .................................. . 
3.2.2. Causas relativamente independentes 
em rela<;ao a conduta do agente .................................. . 
3.3. Nexo de causalidade nos crimes omissivos 
4- Tipicidade 
4.1. Tipicidade formal (legal) 
4.2. Tipo penal 
4.2.1. Elementos do tipo penal incriminador 
4.2.2. Fun<;5es do tipo 
4.3. Formas de adequa<;ao tfpica 
4-4· Tipicidade material 
4-5- Tipicidade conglobante 
94 
95 
96 
96 
97 
99 
102 
102 
103 
103 
104 
104 
105 
106 
4.6. Teo ria da lmputa<;ao Objetiva .................................................... 109 
4.6.1. Considera<;5es iniciais .................................................... 109 
4.6.2. Hip6teses de exclusao da imputa<;ao objetiva .............. 111 
5- Crime doloso ..................................................................................... 113 
5-1. 
5.2. 
5-3· 
5-4-
Defini<;ao..................................................................................... 113 
Teorias sabre o dolo.................................................................. 113 
Elementos do dolo ..................................................................... 114 
Especies de dolo........................................................................ 115 
5.4.1. Dolo direto e dolo indireto ............................................ 115 
5.4.2. Dolo generico e dolo especffico..................................... 118 
5-4·3· Dolo normativo e dolo naturaL..................................... 119 
7 
::: 
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i 
il 
I! 
i! 
i 
Marcelo Andre de Azevedo 
5-4-4- Dolo geral (dolus generalis)............................................ 120 
5-5- Elemento subjetivo especial ..................................................... 121 
6. Crime culposo ..................................................................................... 123 
6.1. Conceito...................................................................................... 123 
6.2. Elementos do crime culposo ..................................................... 124 
6.3. Modalidades de culpa............................................................... 127 
6.4. Especies de culpa ...................................................................... 128 
6.5. Compensac;ao de culpas ........................................................... 129 
6.6. Concorrencia de crime culposo ................................................. 129 
6.7. Diferenc;a entre dolo e culpa..................................................... 129 
7- Crime preterdoloso ··························································'················· 132 
8. Iter criminis.......................................................................................... 133 
9. Crime consumado ............................................................................... 134 
10. Tentativa.............................................................................................. 135 
10.1. Conceito e natureza................................................................... 135 
10.2. Pena da tentativa....................................................................... 136 
10.3. Classificac;ao ............................................................................... 138 
10.4. lnfrac;oes que nao admitem a tentativa .................................... 138 
11. Desistencia voluntaria e arrependimento eficaz............................... 139 
12. Arrependimento posterior................................................................. 143 
13. Crime impossfvel ............................................................................... 144 
13.1. lneficacia absoluta do meio de execuc;ao ................................. 144 
13.2. Absoluta impropriedade do objeto material............................ 145 
Capftulo Ill > IUCITUDE (ANTIJURIDICIDADE)................................................ 147 
1. lntroduc;ao .................. :········································································ 147 
2. Estado de necessidade .................................................................... 149 
2.1. Conceito...................................................................................... 149 
2.2. Requisites................................................................................... 149 
2.2.1. Elementos objetivos do tipo permissive....................... 149 
2.2.2. Elemento subjetivo do tipo permissive......................... 150 
2.3. Formas de estado de necessidade ........................................... 151 
2.4. Teorias ........................................................................................ 151 
3. Legftima defesa................................................................................... 152 
3.1. Requisites................................................................................... 152 
3.1.1. Elementos objetivos do tipo permissive....................... 152 
3.1.2. Elemento subjetivo do tipo permissive......................... 154 
3.2. Excesso ....................................................................................... 155 
3-3- Outras formas de legftima defesa ............................................. 157 
3-4- Questoes especfficas .................................................................. 158 
4- Estrito cumprimento do dever legal.................................................. 159 
5- Exercfcio regular de dire ito................................................................ 160 
8 
Sum a rio 
6. Situac;oes especfficas .......................................................................... 161 
6.1. lntervenc;oes medicas e cirurgicas ············································ 161 
6.2. Violencia esportiva .................................................................... 161 
6.3. Ofendfculos ................................................................................. 161 
7- Causas supralegais de exclusao da antijuridicidade ......................... 162 
Capitulo lV p. CULPABlLIDADE ..................................................................... 163 
1. lntroduc;ao........................................................................................... 163 
2. Evoluc;ao da culpabilidade (teorias) .................................................. 164 
2.1. Teoria psicol6gica....................................................................... 164 
2.2. Teoria normativa ou psicol6gico-normativa.............................. 165 
2.3. Teoria normativa pura ............................................................... 165 
3- Elementos da culpabilidade ............................................................... 166 
3.1. lmputabilidade ........................................................................... 166 
3.2. Potencial consciencia da ilicitude .............................................. 167 
3-3- Exigibilidade de conduta diversa .............................................. 167 
4. Causas de exclusao da culpabilidade ............................................ 167 
4.1. Exclusao da imputabilidade (inimputabilidade) ....................... 168 
4.1.1. Doenc;a mental ou desenvolvimento 
mental incomplete ou retardado................................... 168 
4.1.2. Menoridade .................................................................... 169 
4.1.3. Embriaguez completa acidental (art. 28, § 10) ............... 169 
4.2. Exclusao da potencial consciencia da ilicitude ......................... 171 
4-3- Exclusao da exigibilidade de conduta diversa.......................... 171 
4.3.1. Coac;ao moral irresistlvel (art. 22, 1" parte).................. 171 
4.3.2. Obediencia hierarquica (art. 22, 2• parte)..................... 173 
4-3-3- lnexigibilidade de conduta diversa 
nao prevista em lei (causa supra legal)......................... 17 4 
5- Causas que nao exduem a culpabilidade.......................................... 175 
5.1. Emoc;ao e paixao........................................................................ 175 
5.2. Embriaguez nao-acidental (voluntaria ou culposa) .................. 176 
5-3- Embriaguez preordenada .......................................................... 177 
5-4- Semi-imputabilidade .................................................................. 177 
Capitulo V ~ ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBI<;:AO ...................................... 179 
1. Erro de tipo ........................................................................................ 179 
1.1. Erro de tipo essencial................................................................ 179 
1.1.1. Conceito .......................................................................... 179 
1.1.2. Formas e efeitos............................................................. 180 
1.1.3. Erro provocado por terceiro.......................................... 181 
1.1.4. Erro de tipo e delito putative por erro de tipo.......... 181 
1.2. Erro de tipo permissive (erro sabre os pressupostos 
faticos de uma causa de exdusao da ilicitude -art. 20, § 1° )... 182 
9 
Marcelo Andre de Azevedo 
1.2.1. Formas e efeitos do erro 
sobre os pressupostos faticos 
1.2.2. Natureza jurfdica (discussao doutrinaria) 
do erro sobre os pressupostos faticos 
1.3. Erro de tipo acidental 
183 
2. Erro de proibir;:ao 
2.1. lntrodur;:ao 
184 
185 
187 
187 
188 2.2. Erro de proibir;:ao direto 
2.3. Erro de proibic;:ao indireto ou erro de permissao 
(descriminantes putativas por erro de proibic;:ao) 
2.4. Efeitos do erro de proibic;:ao (direto e indireto) 
189 
190 
Capftuio Vi > CONCURSO DE PESSOAS ........................................................ ·. 193 
1. lntroduc;:ao........................................................................................... 193 
2. Autoria ................................................................................................ 194 
3. Participac;:ao ....................................................................................... 198 
3.1. lntroduc;:ao .................................................................................. 198 
3.2. Formas ........................................................................................ 199 
3-3· Natureza jurfdica da participac;:ao ............................................. 200 
3-4· Participac;ao de menor importftncia ......................................... 201 
3-5· Questoes pontuais...................................................................... 201 
4. Cooperac;:ao dolosamente distinta ..................................................... 202 
5· Comunicabilidade de elementares e circunstancias ........................ 203 
6. lnexecuc;ao do crime .......................................................................... 205 
7. Requisites do concurso de pessoas ................................................... 206 
8. Considerac;:oes finais........................................................................... 208 
8.1. Concurso de pessoas em crime omissivo proprio (puro) ........ 208 
8.2. Concurso de pessoas em crime culposo ................................... 209 
8.3. Concurso de pessoas em crimes pr6prios e de mao propria.... 209 
8.4. Autoria colateral, autoria incerta e autoria ignorada............... 210 
8.5. Agravantes no caso de concurso de pessoas ........................... 211 
Parte IV 
SAN<;AO PENAL 
Capitulo l l> INTRODUt;:AO........................................................................... 215 
1. Conceito 
2. Finalidades da pena 
10 
2.1. Teorias absolutas (retributivas) 
2.2. Teorias relativas (preventivas ou utilitarias) 
2.2.1. Prevenc;ao geral (negativa e po~itiva) 
2.2.2. Prevenc;ao Especial (positiva e negativa) 
2.3. Teorias unificadoras, unitarias ou ecletkas 
215 
216 
216 
216 
217 
217 
218 
Sumaric 
3. Principios fundamentais 
4. Classificac;:ao das 
Caphu\o ll > PENAS PRIVATIVAS DE LlBERDADE 
1. Especies 
2. Regimes de cumprimento da pena 
2.1. Especies de regime 
2.2. Fixac;ao do regime inicial 
2.3. Regime inicial na legislac;ao especial. ....................................... . 
2.3.1. Crimes hediondos e equiparados ................................. . 
2.3.2. Organizac;ao criminosa (Lei no 9.034/95) ........................ . 
2.4. Direito de cumprir a pena 
no estabelecimento penal adequado 
3. Progressao de regime 
3.1. Regra geral 
3.2. Crime hediondo 
3.3. Falta grave e progressao 
3.4. Regressao 
4. Regras 
4.1. Regras do regime fechado (CP, art. 34) 
4.2. Regras do regime semiaberto (CP, art. 35) ............................... . 
4.3. Regras do regime aberto (CP, art. 36) 
4.4. Regime especial para mulher (CP, art. 37) 
4-5· Trabalho do preso ..................................................................... . 
5. Remic;:ao 
6. Detrac;:ao 
Capitulo Ill l> DA APUCAc;AO DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE ............ . 
1. Pena-base (1• fase) ............................................................................ . 
1.1. Considerac;:oes 
1.2. Circunstancias judiciais 
2. Circunstancias atenuantes e agravantes (2• fase) 
2.1. Circunstancias agravantes ......................................................... . 
2.2. Reincidencia (circunstancia agravante) 
2.3. Circunstancias atenuantes 
218 
220 
221 
221 
221 
221 
222 
225 
225 
226 
226 
227 
227 
228 
230 
230 
230 
230 
231 
232 
232 
233 
233 
234 
237 
238 
239 
239 
241 
243 
245 
247 
2.4. Concurso entre circunstancias atenuantes e agravantes ......... 248 
3. Causas de aumento e de diminuic;:ao (3• fase) .................................. 249 
Capitulo IV P. DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 
1. Especies e classificac;:ao 
2. Formas de cumprimento das penas restritivas de direitos 
2.1. Prestar;:ao pecunia ria (art. 45, § 1°) 
2.2. Prestac;ao inominada (art. 45, § 2°) 
2.3. Perda de bens e valores (art. 45, § 3o) 
251 
251 
252 
252 
252 
252 
11 
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Marcelo Andre de Azevedo 
2.4. Presta<;ao de servi<;os a comunidade 
ou a entidades pOblicas (art. 46) .............................................. 253 
2.5. lnterdi<;ao temporaria de direitos (CP, art. 47)........................ 253 
2.6 Limita<;ao de fim de semana (art. 48) .......................................... 254 
3. Substitui<;ao......................................................................................... 254 
3.1. Autonomia das pen as alternativas ............................................ 254 
3.2. Requisitos (objetivos e subjetivos)............................................ 254 
3-3· Formas de aplica<;ao .................................................................. 256 
4. Conversao (art. 44, § § 4° e so)........................................................... 256 
4.1. Descumprimento injustificado da restri<;ao imposta ............... 256 
4.2. Nova condena<;ao....................................................................... 25-7 
Capitulo V i> DA PENA DE MULTA ............................................................... 259 
1. Co nee ito.............................................................................................. 259 
2. Comina<;ao ......................................................................................... 259 
3. Cumula<;ao de multas ......................................................................... 259 
4. Legitimidade ativa da execu<;ao da multa ......................................... 260 
5· Conversao da multa em deten<;ao ..................................................... 260 
6. Fases da fixa<;ao da pen a de multa ................................................... 260 
Capitulo VI l> CONCURSO DE CRIMES.......................................................... 263 
1. Sistemas de aplica<;ao da pena ......................................................... 263 
2. Concurso material (ou real)............................................................... 264 
2.1. Conceito...................................................................................... 264 
2.2. Especies...................................................................................... 264 
2.3. Aplica<;ao das penas .................................................................. 264 
3. Concurso formal (ou ideal)................................................................ 264 
3.1. Conceito...................................................................................... 264 
3.2. Especies...................................................................................... 265 
3.3. Aplica<;ao das penas .................................................................. 265 
4. Crime continuado ............................................................................... 266 
4.1. Conceito...................................................................................... 266 
4.2. Requisitos ................................................................................... 267 
4.3. Teorias ....................................................................................... 268 
4.4. Natureza jurfdica........................................................................ 268 
4.5. Especies...................................................................................... 268 
4.6. Aplica<;ao das penas .................................................................. 269 
s. Erro na execu<;ao - aberratio ictus..................................................... 270 
6. Resultado diverso do pretendido - aberratio criminis...................... 271 
7- Limites das penas privativas de liberdade ....................................... 271 
Capitulo VII l> DA SUSPENSAO COND!CIONAL DA PENA................................. 275 
1. lntrodu<;ao........................................................................................... 275 
2 .. Sistemas.............................................................................................. 275 
12 
;:; 
I 
Sumario 
3· Requisites............................................................................................ 276 
3.1. Requisitos objetivos ................................................................... 276 
3.2. Requisitos subjetivos ................................................................. 276 
4. Especies .............................................................................................. 277 
5· condi<;oes............................................................................................ 277 
6. Perfodo de prova ............................................................................... 278 
7· Revoga<;ao ........................................................................................... 278 
7 .l. Revoga<;ao obrigat6ria (art. 81, I a 111)....................................... 278 
7.2. Revoga<;ao facultativa (art. 81, § 1o) .......................................... 279 
8. cassa<;ao ............................................................................................. 279 
9- Prorrega<;ao do perfodo de preva..................................................... 279 
10. Extin<;ao da pena ................................................................................ 280 
11. Questoes especfficas .......................................................................... 280 
Capitulo VIII l> DO LIVRAMENTO CONDICIONAL............................................. 283 
1. Conceito .............................................................................................. 283 
2. Requisites............................................................................................ 283 
2.1. Requisitos objetivos ................................................................... 283 
2.2. Requisites subjetives ................................................................. 284 
3. Procedimento...................................................................................... 285 
4· Condi<;oes............................................................................................ 285 
5· Revoga<;ae e seus efeitos................................................................... 286 
5.1. Revega<;ao obrigat6ria ............................................................... 286 
5.2. Revoga<;ao facultativa ................................................................ 287 
6. Prorrega<;ao I suspensao ................................................................... 288 
7. Extin<;ao da pen a................................................................................ 288 
8. Quadro para fixa<;ao ........................................................................... 289 
Capitulo IX }.> DOS EFEITOS DA CONDENA(,;AO 
1. Efeites principais 
2. Efeitos secundaries 
293 
293 
293 
2.1. De natureza penal...................................................................... 293 
2.2. De natureza extrapenal............................................................. 294 
2.2.1. Genericos ........................................................................ 294 
2.2.2. Especffices (CP, art. 92) ................................................... 295 
Capitulo X }.> DA REABILITA(,;AO ................................................................... 297 
1. Finalidade ........................................................................................... 297 
2. Requisites (CP, art .. 94) e precessamente........................................... 297 
Capitulo XI I> DAS MEDIDAS DE SEGURAN(,;A ............................................... 299 
1. lntrodu<;ao........................................................................................... 299 
2. Especies de medidas de seguran<;a................................................... 299 
13 
Marcelo Andre de Azevedo 
3· lmposi<;ao da medida de seguran<;a 
3.1. lnimputavel (art. 26, caput) ....................................................... . 
3.2. Semi-imputavel (art. 26, paragrafo unico) 
3.3. Superveniencia de doen<;a mental 
4. Periodo da medida de seguran<;a(CP, art. 97) 
s. Observa<;oes finais ............................................................................. . 
Capftulo X!l 7 DA EXTIN<;:AO DA PUNIBlliDADE 
1. lntrodu<;ao .......................................................................................... . 
2. Morte do agente 
3. Anistia 
4. Gra<;a e indulto 
5. Abolitio criminis 
6. Decadencia 
7- Peremp<;ao 
8. Renuncia 
9- Perdao do ofendido 
300 
300 
300 
301 
301 
302 
303 
303 
304 
304. 
305 
306 
307 
308 
308 
309 
10. Retrata<;ao........................................................................................... 309 
11. Perdao judicial .................................................................................... 309 
Capftuio Xlll > DA PRESCRI<;:AO .................................................................. 311 
1. lntrodu<;ao........................................................................................... 311 
2. Especies de prescri<;ao....................................................................... 312 
3. Prescri<;ao da pretensao punitiva propriamente dita ....................... 313 
3.1. Sistematica................................................................................. 313 
3.2. Regras para o calculo do prazo prescricional.......................... 314 
3-3- Termo inicial da prescri<;ao antes de transitar 
em julgado a senten<;a final ...................................................... 315 
3-4· Causas interruptivas da prescri<;ao da pretensao punitiva ..... 316 
3-5· Comunicabilidade das causas interruptivas.............................. 319 
3.6. Causas suspensivas da prescri<;ao da pretensao punitiva ....... 319 
3-7. Prescri<;ao do crime pressuposto .............................................. 320 
4. Prescri<;ao superveniente (especie de PPP) ...................................... 320 
5. Prescri<;ao retroativa (especie de PPP).............................................. 322 
6. Prescri<;ao da pretensao execut6ria (PPE)......................................... 324 
6.1. lntrodu<;ao .................................................................................. 324 
6.2. !nlcio do prazo da prescri<;ao 
da pretensao execut6ria (art. 112)............................................ 325 
6.3. Causas interruptivas da prescri<;ao da pretensao execut6ria .... 327 
6.4. Causa suspensiva da prescri<;ao da pretensao execut6ria ...... 328 
7- Redu<;ao dos prazos prescricionais ................................................... 328 
8. Prescri<;ao da medida de seguran<;a e da medida s6cioeducativa ..... 330 
9. Prescri<;ao antecipada ........................................................................ 330 
14 
I Cot~~ao Sinopses 
I para Concursos 
A Colec;:tio Sinopses para Concursos tern por finalidade a prepara-
<;ao para concursos publicos de modo pratico, sistematizado e 
objetivo. 
Foram separadas as principais materias constantes nos editais e 
chamados professores especializados em prepara<;ao de concursos 
a fim de elaborarem, de forma didatica, o material necessaria para 
a aprova<;ao em concursos. 
Diferentemente de outras sinopses/resumos, preocupamos em 
apresentar ao leitor o entendimento do STF e do STJ sobre os prin-
cipais pontos, alt~m de abordar temas tratados em manuais e livros 
mais densos. Assim, ao mesmo tempo em que o leitor encontrara 
um livro sistematizado e objetivo, tambem tera acesso a temas 
atuais e entendimentos jurisprudenciais. 
Dentro da metodologia que entendemos ser a mais apropriada 
para a prepara<;ao nas provas, demos destaques (em outra cor) as 
palavras-chaves, de modo a facilitar nao somente a visualiza<;ao, 
mas, sobretudo, a compreensao do que e mais importante dentro 
de cada materia. 
Quadros sin6ticos, tabelas comparativas, esquemas e graficos 
sao uma constante da cole<;ao, aumentando a compreensao e a 
memoriza<;ao do leitor. 
Contemplamos tambem questoes das principais organizadoras 
de concursos do pafs, como forma de mostrar ao leitor como o 
assunto foi cobrado em provas. Atualmente, essa "casadinha" e 
fundamental: conhecimento sistematizado da materia e como foi a 
sua abordagem nos concursos. 
Esperamos que goste de mais esta inova<;ao que a Editora jus-
podivm apresenta. 
15 
........ 
Marcelo Andre de Azevedo 
Nosso objetivo e sempre o mesmo: otimizar o estudo para que 
voce consiga a aprova<;ao desejada. 
Bons estudos! 
16 
Leonardo de Medeiros Garcia 
leonardo@leonardogarcia.com.br 
www.leonardogarcia.com.br 
~.--:---
:~r:·-
I Guia de leitura da Colecao 
"" 
A Cole<;ao foi elaborada com a metodologia que entendemos 
ser a mais apropriada para a prepara<;ao de concursos. 
Neste contexto, a Cole<;ao contempla: 
,. DOUTRINA OTIMIZADA PARA CONCURSOS 
Alem de cada autor abordar, de maneira sistematizada, os as-
suntos triviais sabre cada materia, sao contemplados temas atuais, 
de suma importancia para uma boa prepara<;ao para as provas. 
3.2. Direito Penal de velocidades (primeira, segunda e terceira) 
Na Ciencia Penal espanhola, jesus-Marfa Silva Sanchez propoe 
que o Direito Penal deve ser enfocado sob suas velocidades. 0 
chamado Direito Penal de primeira velocidade seria o conhecido 
Direito Penal classico ("da prisao"), caracterizado pela morosida-
de, pois assegura todos os criterios classicos de imputa<;ao e os 
prindpios penais e processuais penais tradicionas, mas permite a 
aplica<;ao da pena de prisao. Essa forma de Direito Penal deve ser 
utilizada quando houver lesao ou perigo concreto de lesao a urn 
bern individual e, eventualmente, a urn bern supraindividual. 
., ENTENDIMENTOS DO STF E STJ SOBRE OS PRINCIPAlS PONTOS 
0 STJ, em urn posicionamento mais garantista ainda, ja decidiu 
que o tempo de dura<;ao da medida de seguran<;a nao deve ultra-
passar o limite maximo da pena abstratamente cominada ao delito 
praticado, a luz dos prindpios da isonomia e da proporcionalidade 
(HC 126.738/RS, 6• T, julgado em 19/11/2009). 
• PALAVRAS-CHAVES EM OUTRA COR 
As palavras mais importantes (palavras-chaves) sao colocadas 
em outra cor para que o leitor consiga visualiza-la e memoriza-la 
mais facilmente. 
17 
~ff!tfffl'fj"F\'"~-
Marcelo Andre de Azevedo 
Uma das mais destacadas fum;oes do Direito Penal e a protet;ao 
dos bens jurfdicos. Entretanto, o Direito Penal nao tutela todos OS 
bens jurfdicos, mas somente OS mais relevantes para urn convfvio 
harmonica em sociedade. Diz-se, ainda, que possui a funt;ao de 
prevenir a vingant;a privada. De outro !ado, como a pena encerra 
a violencia ao indivfduo, o Direito Penal tambem possui a funt;ao 
garantista consistente na protet;ao do indivfduo contra os possfveis 
"' QUADROS, TABELAS COMPARATIVAS, ESQUEMAS E DESENHOS 
Com esta tecnica, o leitor sintetiza e memoriza mais facilmente 
os principais assuntos tratados no livro. 
NOVO CRIME REINCIDENTE 
CONTRAVEN<;:i\0 REINCIDENTE 
(em contraven~iio) 
CRIME NAO REINCIDENTE 
CONTRAVEN<;:i\0 REINCIDENTE (em comraven~ao) 
CONTRAVEN<;AO NAO REINCIDENTE 
" Q.UESTOES DE CONCURSOS NO DECORRER DO TEXTO 
Atraves da sec;:ao "Como esse assunto foi cobrado em concurso?" 
e apresentado ao leitor como as principais organizadoras de con-
curso do pais cobram o assunto nas provas. 
18 
l> Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
Foi considerado correto o seguinte item no concurso para Magistratura 
Federai/TRFP/2009/CESPE: "Ainda que seja a nota falsificada de peque-
no valor, descabe, em princfpio, aplicar ao crime de moeda falsa o 
princfpio da insignifidincia, pois, tratando-se de delito contra a fe pu-
blica, e invi<3.vel a afirma<;ao do desinteresse estatal na sua repressao". 
Parte 
~~ITRODUCAO 
.::> 
Capitulo I ;> Direito Penal 
Capitulo II > Princlpios penais e polftico-criminais 
Capitulo Ill )> Direito Penal na era dos riscosCapitulo IV p. Fontes do Direito Penal 
Capitulo V )> Da lei penal 
F""' 
1. CONCEITO DE DIREtTO PENAL 
Capitulo 
Diri}?ito P~nal 
Sumario o 1. Conceito de direito penal - 2. 
Fun~;5es do direito penal - 3. Garantismo pe-
nal - 4. Direito Penal objetivo e direito penal 
subjetivo. 
Sob o aspecto formal, trata-se de um conjunto de normas ju-
rldicas mediante o qual o Estado prolbe determinadas condutas 
(ac;oes ou omissoes), sob ameac;a de sanc;ao penal (penas e medi-
das de seguranc;a). Tambem se incluem as normas que estabelecem 
os prindpios gerais e as condic;oes ou pressupostos de aplicac;ao 
da sanc;ao penal, que igualmente podem ser impostas aos autores 
de um fato previsto como crime. 
Em uma perspectiva social, o Direito Penal e um dos modos de 
controle social utilizados pelo Estado. Sob o enfoque minimalis-
ta (Direito Penal de intervenc;ao minima), esse modo de controle 
social deve ser subsidiario, ou seja, somente estara legitimada a 
atuac;ao do Direito Penal diante do fracasso de outras formas de 
controle jurfdicas (Direito Civil e Direito Administrative, por exem-
plo) ou extrajurfdicas, tais como a via da familia, da igreja, da es-
cola, do sindicato, as quais se apresentam atuantes na tarefa de 
socializar o indivfduo. 
2. FUN<;:OES DO DIREITO PENAL 
Uma das mais destacadas func;oes do Direito Penal e a protec;ao 
dos bens jurfdicos. Entretanto, o Direito Penal nao tutela todos os 
bens jurfdicos, mas somente os mais relevantes para um convfvio 
harmonica em sociedade. Diz-se, ainda, que possui a func;ao de 
prevenir a vinganc;a privada. De outro lado, como a pena encerra 
a violencia ao indivfduo, o Direito Penal tambem possui a func;ao 
garantista consistente na protec;ao do indivfduo contra os possfveis 
27 
; ~ 
i'vlarcelo Andre de Azevedo 
excessos de poder (Direito Penal garantista). Por fim, em certas 
situac;oes, visa amenizar o dano sofrido pela vftima. 
A par dessas func;5es legftimas, o Direito Penal acaba exercendo 
outras func;oes consideradas ilegftimas, tais como a funl;ao simb6-
lica (Direito Penal simb6lico) e a fun<;ao promocional (Direito Penal 
promocional). 
Sempre que a sociedade clama por seguranc;a publica, maxime 
nos tempos atuais de uma sociedade de risco, surge o legislador 
com sua pretensao de dar uma rapida resposta aos anseios so-
dais, e, com isso, muitas vezes criminaliza condutas sem qualquer 
fundamento criminol6gico e de polftica criminal, criando a ilusao 
de que resolvera o problema por meio da utilizac;ao da tutela 
penal. Com efeito, se a criac;ao da lei penal nao afeta a realidade, 
o Direito Penal acaba cumprindo apenas uma fum;ao simb6lica. 
Entretanto, apesar desse aspecto negativo da func;ao simb61ica 
do Direito Penal, nao se pode esquecer urn aspecto "positivo", 
consistente na gerac;ao de sentimento de seguranc;a e tranquilida-
cle para a sociedade, que em urn primeiro momenta acredita na 
eficacia da lei penal. 
De outra parte, o legislador busca em alguns casas utilizar o 
Direito Penal para consecuc;ao de suas finalidades polfticas, sen-
do urn poderoso instrumento de desenvolvimento e transformac;ao 
social (func;ao promocional). Essa func;ao e criticada por parte da 
doutrina, uma vez que o Direito Penal deixa de ser utilizado pelo 
legislador como modo de controle social subsidiario (ultima ratio). 
3· GARANTISMO PENAL 
Dentro da func;ao do garantismo penal, o autor italiano LUIGI 
FERRAJOLI destaca dez axiomas: 
1) Nulla poena sine crimine: principia da retributividade, i.e., a 
pena e uma consequencia do delito. 
2) Nu/lum crimen sine lege: principia da legalidade em sentido 
lato ou em sentido estrito. 
3) Nulla lex (poena/is) sine necessidade: principia da necessi-
dade ou da economia do Direito Penal. A lei penal deve ser o 
22 
DireiLo Pen::ti 
meio necessaria para a protec;ao dos bens jurfdicos consideraclos 
relevantes. 
4) Nulla necessitas sine injuria: principia da lesividade ou da 
ofensividade do evento. Os tipos penais devem descrever condutas 
que possuam aptidao para ofender bens jurfdicos de terceiros, de 
sorte que nao se podera punir: condutas que nao excedam o ambito 
do proprio autor; meros estaclos existenciais; condutas desviadas 
e condutas que nao exponham sequer a perigo os bens jurfdicos. 
5) Nulla injuria sine actione: principia da materialidade ou cia 
exterioridade da ac;ao. Para que uma conduta seja proibida deve 
ser manifestada por meio de uma ac;ao ou uma omissao proibida 
em lei. 
6) Nulla actio sine culpa: principio da culpabilidade ou da res-
ponsabilidade pessoal. 
7) Nulla culpa sine judicio: principia da jurisdicionariedade. 
8) Nullum judicium sine accusatione: principia acusat6rio ou da 
separac;ao entre juiz e acusac;ao. 
9) Nulla accusatio sine probatione: principia do onus da prova 
ou da verificac;ao. 
10) Nulla probatio sine defensione: principia do contradit6rio ou 
da defesa, ou da falseabilidade. 
4. DIRE!TO PENAL OBJETIVO E DIREITO PENAL SUBJETIVO 
0 Direito Penal objetivo constitui-se das normas penais incrimi-
nadoras (definem as infrac;5es penais e cominam as sanc;oes pe-
nais) e nao-incriminadoras. 
Direito Penal subjetivo e o direito de punir do Estado (jus pu-
niendi), ou seja, o direito do Estado de aplicar as normas penais. 0 
direito de punir possui tres momentos: 1°) ameac;a da pena: (pre-
tensao intimidat6ria); 2o) aplicac;ao da pena (pretensao punitiva); 
3o) execuc;ao da pena (pretensao execut6ria). Ate mesmo na hip6-
tese de ac;ao penal privada o Estado nao transfere o jus puriiendi 
a vftima, mas sim possibilita por parte desta 0 exercicio do jus 
accusationis. 
23 
Marcelo Andre de Azevedo 
lmportante salientar que as normas penais (Direito Penal ob-
jetivo), alem de criar o direito de punir do Estado, criam direitos 
para o proprio cidadao, uma vez que as normas penais tambem 
possuem a fun<;:ao de limitar o proprio jus puniendi, garantindo ao 
cidadao, dentre outros direitos, o direito de nao ser punido por 
fatos nao definidos em lei, evitando a arbitrariedade do Estado. 
24 
Capitulo II 
Principios p~nais 
e politico=criminais 
sumario o 1. Principia da legalidade penal - 2. 
Principia da fragmentariedade- 3. Principia da 
intervenc;ao minima - 4. Principia da ofensivi-
dade (nullum crimen sine iniuria) - s. Principia 
da insignificancia - 6. Principia da culpabili-
dade - 7· Principia da exclusiva protec;ao de 
bens juridicos - 8. Principia da materializac;ao 
do fato (nullun crimen sine actio) - 9. Princi-
pia da pessoalidade da pena ou da intrans-
cendencia - 10. Principia da humanidade - 11. 
Principia da adequac;ao social - 12. Principia 
da proporcionalidade. 
1. PRINcfPJO DA LEGALIDADE PENAL 
Art. so, XXXIX, da CF/88: "nao hci crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem previa cominac;ao legal" 
Art. 10 do C6digo Penal: "Nao hci crime sem lei anterior que o 
defina. Nao hci pena sem previa comina<;ao legal" 
Segundo o prindpio da legalidade (tambem chamado de legali-
dade estrita, reserva legal ou interven<;:ao legalizada) as infra<;:5es 
penais (crimes e contraven<;:5es penais) e suas sanc;:oes (penas e 
medidas de seguran<;:a) devem ser criadas tao-somente par meio 
de lei aprovada pelo Parlamento. 
No Brasil, a competencia legislativa e privativa da Uniao (CF, 
art. 22, 1). Deve ser observado, todavia, o paragrafo unico do art. 
22. Por sua vez, e vedada a edic;:ao de medidas provis6rias sobre 
materia relativa a direito penal (CF, art. 62, § 1°, I, b). Entretanto, e 
.razoavel o entendimento no sentido de que o texto constitucional 
./ cdeve ser interpretado restritivamente, de sorte que a proibic;:ao s6 
' -alcanc;:aria as leis penais incriminadoras e nao as leis penais nao 
incriminadoras. Nao se pode, tambem, veicular materia penal por 
lei delegada, em virtude da restric;:ao imposta noart. 68, § 1°, II 
(direitos individuais), da Constituic;:ao Federal. 
25 
u:::==-
Marcelo Andre de Azevedo 
0 princlpio da legalidade possui algumas fum;i5es jundam<:mais. 
Entre as mais destacadas, temos as seguintes: 
P) Lei estrita: a competencia para criar crimes e cominar pe-
nas e do Poder Legislative (CF, art. 22, 1), por meio de lei, de sorte 
que essa tarefa e proibida aos Poderes Executive e judiciario, bern 
como e proibida a ana!ogia contra o reu (nullum crimen, nulla poena 
sine lege stricto). 
2a) Lei escrita: os costumes nao tern a 1torc;a de criar crimes e 
cominar sanc;oes penais, uma vez que a lei deve ser escrita, ou 
seja, e proibido {) costume incriminador (nu/lum crimen, nulla poena 
sine lege scripta). 
3a) Lei certa: os tipos penais devem se~ de facil entendimento 
pelo cidadao, justamente para que possa se orientar daquilo que 
e certo ou errado. Desse modo, decorre a proibi<;ao da cria<;ao de 
tipos penais vagos e indeterminados. A lei penal deve ser precisa 
e cleterminada. Nesse enfoque, temos o principia da taxatividade 
(nullum crimen, nulla poena sine lege certa). 
4a) Lei previa: proibi<;ao da aplicac;ao da lei penal incriminado-
ra a fatos - nao considerados crimes - praticados antes de sua 
vigencia. Trata-se do princfpio da anterioridade (nullum crimen, nulla 
poena sine lege praevia). 
e proibida a analogi a cont~a 0 reu 
(nullum crimen, nulla poend sine lege stricta) 
e proibido 0 costume incriminador 
· (nullum crimen, nulla poena sine lege scripta) 
e proibida a cria<;ao de tipos penais vagos e indeter-
'-'·-~::..;-·:.:.c·'-'-~-.:...-·cc''·o..:.····...c··:.;.-.:c"':...·-...c•·..c:·-c.c:·-·::..•·-:c"''-'""':...'-~./ minados (nullum crimen, n!JIIa poena sine legfi' certa) 
e proibida a aplicar;ao da l~i penal incriminadora a fatos-
. nao considerados crimes-p[aticados antes desua vigencia 
·:,-,··"'"'"''''""'' ·~·"··--··~~--~"'"'.:>" (nullum crimen, nulla poena sine lege praevici) -- · -- -
Por fim, impende frisar que nao basta a simples legalidade sob 
o aspecto formal, ou seja, tipo penal criado por lei emanada do Po-
der Legislative em observancia ao devido procedimento legislative. 
26 
Prindpios penais e policic·J-criminais 
oeve haver a conformidade da lei penal com o quadro valorativo 
acolhido pela Constituic;ao Federal e pelos Tratados de Direitos Hu-
manos, de modo a amparar a sua validade sob o aspecto material. 
l> Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
(Delegado de Polfcia/RJ/2oo9) "Ensina jorge de Figueiredo Dias que 
"o princfpio do Estado de Direito conduz a que a prote<;ao dos direi-
tos, liberdade e garantias seja levada a cabo nao apenas atraves do 
direito penal, mas tambem perante o direito penal" (DIAS, jorge de 
Figueiredo. Direito Penal: parte geral. tomo I. Coimbra: Coimbra Edito-
ra, 2004, p. 165). Assim, analise as proposi<;oes abaixo e, em segui-
da, assinale a op<;ao correta. 1- 0 conteudo essencial do princfpio da 
legalidade se traduz em que nao pode haver crime, nem pena que 
nao resultem de uma lei previa, escrita, estrita e certa. II- 0 principia 
da legalidade estrita nao cobre, segundo a sua fun<;ao e o seu sen-
tide, toda a materia penal, mas apenas a que se traduz em fixar, 
fundamentar ou agravar a responsabilidade do agente. Ill- Face ao 
fundamento, a fun<;ao e ao sentido do princfpio da legalidade, a 
proibi<;ao de analogia vale relativamente a todos os tipos penais, in-
clusive os permissivos. IV- A proibi<;ao de retroatividade da lei pe-
nal funciona apenas a favor do reu, nao contra ele. V- 0 princfpio da 
aplica<;ao da lei mais favoravel vale mesmo relativamente ao que na 
doutrina se chama de "leis intermediarias"; leis, isto e, que entra-
ram em vigor posteriormente a pratica do fato, mas ja nao vigoravam 
ao tempo da aprecia<;ao deste". Dos itens acima, apenas o Ill esta in-
correto, pois e possfvel a analogia de normas permissivas (ex.: legftima 
defesa, estado de necessidade), uma vez que seria em favor do reu. 
2. PRlNcfPIO DA FRAGMENTARIEDADE 
0 Direito Penal nao deve tutelar todos OS bens jurfdicos, mas 
somente os mais relevantes para a sociedade (vida, liberdade, pa-
trimonio, meio ambiente etc.), e, mesmo assim, somente em rela-
~ao aos ataques mais intoleraveis. Como ressalta Luiz Regis Prado, 
o Direito Penal deve continuar a ser um arquipelago de pequenas 
ilhas no grande mar do penalmente indiferente. 
3. PRINCfPIO DA INTERVEN<;AO MINIMA 
0 Direito Penal e uma das formas de controle social, assim como 
o Direito Civil e o Direito Administrative. Entretanto, a sanc;ao penal 
27 
~ 
Marcelo Andre de Azevedo 
e considerada a mais grave das sanc,:oes, justamente por permitir a 
privac,:ao da propria liberdade. Por isso, o Direito Penal deve atuar 
de forma subsidiaria (Direito Penal de ultima ratio), isto e, somen-
te quando insuficientes as outras formas de controle social. Nesse 
enfoque, 0 prindpio da intervenc,:ao minima tambem e denominado 
de princfpio da subsidiariedade. 
Assim, o Direito Penal deve serum meio necessaria de protec,:ao 
do bern jurfdico. A tutela penal deixa de ser necessaria quando 
existir, de forma eficaz, outros meios de controle social (formais 
ou informais) menos lesivos aos direitos individuais. Desse modo, 
o Direito Penal nao deve buscar a maior prevenc,:ao possfvel, mas o 
mfnimo de prevenc,:ao indispensavel. 
~ lmportante: 
Al!'(uns auto res tratam o princfpio da intervenc,:ao mfnima como gene-
ra, tendo como especies os princfpios da fragmentariedade e subsi-
diartedade. 
~ Como esse assunto foi cobra do em concurso? 
Observa-se nos concursos realizados pelo CESPE que o princfpio da in-
tervenc,:ao mfnima tern o sentido apenas da subsidiariedade do Direito 
Penal, nao abrangendo a fragmentariedade. Vejamos o segi.Jinte exem-
plo: "Acerca do significado dos princfpios limitadores do poder punitive 
estatal, assinale a opc,:ao correta. ( ... ) o princfpio da intervenc,:ao mfnima, 
que estabelece a atuac,:ao do direito penal como ultima ratio, orienta e 
limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminaliza-
c,:ao de uma conduta s6 se legitima se constituir meio necessaria para a 
protec,:ao de determinado bern jurfdico". (OAB/ 2009.1/CESPE) 
4- PRINcfPJO DA OFENSIVIOADE (NULWM CRIMEN SINE INJURIA) 
Segundo o prindpio da ofensividade (nullum crimen sine iniuria), 
apenas as condutas que causam lesao (dano efetivo ou dano poten-
cial) a bern jurfdico, relevante e de terceiro, pod em estar sujeitas ao 
Direito Penal. Somente havera crime se a conduta for apta a ofender 
determinado bern jurfdico. Nilo Batista destaca quatro principais fun-
. c,:oes do prindpio da ofensividade ou lesividade, a saber: 
.28 
.'~::"···· 
__ ...... 
·~:.-
Principios penais e politico-criminais 
1) a proibi<;do da incriminac,:ao de uma aHtude interna, como as 
ideias, conviet;:oes, desejos, aspira~;oes e desejos dos homens. Por 
esse fundamento, nao se pune a cogitac,:ao nem os atos prepara-
t6rios do crime. 
2) a proibi<;do da incrimina<;ao de uma conduta que nao exce-
da o dmbito do proprio autor. Exemplo: nao se pune a autolesao 
corporal e a tentativa de suiddio, bern como nao se deveria punir 
o uso de drogas. Nesse enfoque, trata-se do chamado prindpio da 
alteridade. 
3) a proibi<;do da incrimina~ao de simples estados ou condi<;oes 
existenciais. A pessoa deve ser punida pela pratica de uma conduta 
ofensiva a bern jurldico de terceiro e nao pelo que ela e. Refuta-se, 
assim, a ideia de Direito Penal de autor. 
~ como esse assunto foi cobrado em concurso? 
No concurso Promotor de Justic,:a/DFT/2005 foi considerado correto o 
seguinte enunciado: "Como decorrencia do prindpio da ofensividade 
ou Iesividade, nao devem ser incriminados meros estados existen-
ciais do indivfduo, inaptos a atingirem bens jurfdicos alheios". 
4) a proibi<;do da incrimina<;iiode condutas desviadas que nao 
cause dano ou perigo de dano a qualquer bern jurldico. 0 direito 
penal nao deve tutelar a moral, mas sim os bens jurfdicos mais 
relevantes para a sociedade (prindpio da exclusiva prote<;ao dos 
bens jur{dicos). 
proibic;:ao da incriminac;:ao de uma atitude 
interna, como as ideias, convicc;:oes, desejos, 
aspirac;:oes e desejos dos homens. 
proibic;:ao da incriminac;:ao de uma conduta 
que nao exceda o ambito do proprio autor. 
proibic;:ao da incriminac;:ao de simples estados 
ou condic;:oes existenciais. 
proibic;:ao da incriminac;:ao de condutas des-
viadas que nao afetem qualquer bern jurfdico . 
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Marcelo Andre de Azevedo 
> Como esse assunto "foi cobrado em concurso? 
Em rela<;ao a essas fun<;oes do princlpio da ofensividade, foram consi-
derados corretos os seguintes enunciados no concurso de Delegado de 
Policia/RJ/2oo9: "II- 0 princlpio da lesividade (ou ofensividade) profbe 
a incrimina<;ao de uma atitude interna; Ill- Por for<;a do principia da 
lesividade nao se pode conceber a existencia de qualquer crime sem 
ofensa ao bern jurfdico protegido pela norma penal; IV- No direito pe-
nal democr;hico s6 se punem fatos. Ninguem pode ser punido pelo que 
e, mas apenas pelo que faz". 
5. PRlNclPlO DA lNSIGNlFIC.A.NClA 
Como veremos na Parte Ill deste livro (teoria geral do crime), 
para que um fato seja considerado crime, deve ser tfpico e ilfcito, 
ou seja, sao elementos do crime o fato tfpico e a ilicitude (teoria 
bipartida), figurando a culpabilidade como pressuposto de aplica-
t;:ao da pena. Ressalte-se, entretanto, que para grande parte da 
doutrina nacional a culpabilidade e um elemento do crime e nao 
pressuposto de aplicat;:ao da pena (teoria tripartida). 
Fato tfpico llicitude 
1. Conduta 
2. Resultado 
1. lmputabilidade 
2. Potencial consciencia da ilicitude 
3. Nexo causal 3. Exigibilidade de conduta diversa 
4. Tipicidade 
(formal + material) 
1. Conduta 1. lmputabilidade 
2. Resultado 2. Potencial consciencia da ilicitude 
3. Nexo causal 3. Exigibilidade de conduta diversa 
4. Tipicidade 
(formal + material) 
30 
Principios penais e poliTico-criminais 
lndependentemente dessa divergencia sobre a culpabilidade 
(se e pressuposto de aplicat;:ao da pena ou elemento do crime), 
na analise do primeiro elemento do crime (fato tfpico) deve ser 
verificada a tipicidade formal (adequac;ao do fato a lei penal incri-
minadora) e a tipicidade material (analise do desvalor da conduta 
e da lesao causada ao bem jurfdico protegido pela norma). Aqui, na 
tipicidade material, incicle o principia cia insignificancia, afastando-
a. lsto quer dizer que o fato nao possui tipiciclade material, de sor-
te que inexiste o primeiro elemento do crime, e, por consequencia, 
o proprio crime. 
Exemplo: Marcelo subtrai, para si, um pacote de bolacha (no 
valor de R$ 1o,oo) de um grande supermercado. 0 fato se amolda 
formalmente ao art. 155 do CP (tipicidade formal/legal). Entretanto, 
em razao da inexpressividade da lesao causada ao patrimonio da 
vftima, incide o princfpio da insignifidincia, afastando a tipicidade 
material. 
Sob um enfoque hermeneutico, o principia da insignificancia 
pode ser visto como instrumento de interpretat;:ao restritiva do tipo 
penal, tendo em vista que restringe o ambito de incidencia da lei 
penal incriminadora. 
~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
·(promotor de ]usti<;a/MG/200?): "0 princfpio da insignificancia atua 
. como: a) instrumento de mensura<;ao da ilicitude da conduta; b) in-
terpretar;ao restritiva do tipo penal; c) limita<;ao da culpabilidade do 
agente; d) extin<;ao da punibilidade; e) diminui<;ao da pena". 
0 princfpio da insignificancia relaciona-se com o fato tfpico 
(analise do desvalor da conduta e do resultado). Consoante en-
. tendimento do STF, "o princfpio da insignificancia- que deve ser 
analisado em conexao com os postulados da fragmentariedade 
. e da intervenc;ao mfnima do Estado em materia penal - tem o 
de exduir ou de afastar a propria tipicidade penal, exa-
• minada na perspectiva de seu carater material" (STF: HC 84412/ 
SP, 2a T., Rei. Min. Celso de Mello, DJU 19.11.2004). Ainda conforme 
o STF, quatro sao os vetores na aferit;:ao do relevo material da 
tipicidade penal: 
31 
32 
Marcelo Andre de Azevedo 
a) mfnima ofensividade da conduta do agente; 
b) nenhuma periculosidade social da a<;ao; 
c) reduzidfssimo grau de reprovabilidade do comportamento; 
d) inexpressividade da lesao jurfdica provocada. 
i> lmportante: 
Os criterios acima se referem a aspectos objetivos do fato .. lsto qiJer 
dizer que dados subjetivos nao seriam criterios a serem. levados em 
considerac;ao. Entretanto, recentemente o STF vem excepcionando a 
analise desses. criterios objetivos, passando a levar:em consiqerac;ao 
a reincidencia do agente, justificando que "apesar de .t;J::atar~sede cri-
t~rio subjetlvo, remete a criterlo objetivo e de~e sei- excepcio'nada 
da regra para analise do princfpio da insignificaneia~ ja que nao esta 
sujeita a interpretac;oes doutrinarlas e jurisprudericiais ou :a analises 
discricionarias. 0 criminoso reiilcidehte apreseiita comportameiTI:b re-
provavel, e sua conduta deve ser considerada ma,terialmente tfpica" 
(STF- HC 97772, Relator(a): Min. CARMEN LlJciA, Primejra Turma, julgado 
em 03/11/2009). . . 
lncidiu a aplica<;:ao do prindpio da insignificancia: 
.. furto (STF: HC 97189, Segunda Turma, julgado em 09/06/ 2009); 
"' lesao corporal leve (art. 209, § 4°, do C6digo Penal Militar) 
(STF: HC 95445, Segunda Turma, julgado em 02/12/2008); 
e crime ambiental (STF: AP 439, Tribunal Pleno, julgado em 
12/06/2008); (STJ: HC 86.913/PR, julg. em 28/os/2008); 
o descaminho (STF: HC 94058, Primeira Turma, julgado em 
18/08/2009); 
e peculato praticado por particular (STF: HC 87478, Primeira Tur-
ma, julgado em 29/o8/2oo6); 
• ato infracional (STF: HC 102655/RS, Primeira Turma, 22.6.2010; 
STJ: HC 136519/RS, Quinta Turma, julgado em 19/08/2009); 
" posse de pequena quantidade de droga para consumo pes-
soal (Justi<;:a Militar) (STF: HC 91074, Segunda Turma, julgado 
em 19/o8/20o8); 
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Principios penais e politico-criminais 
• estelionato contra o INSS (STJ: REsp 776.216-iVIG, Sexta Turma, 
julgado em o6/o4/21o). 
Nao incidiu a aplica<;:ao, segundo o STF, nos seguintes crimes: 
o trafico de drogas (STF: HC 88820, Primeira Turma, julgado em 
05/12/2006); 
o posse de pequena quantidade para consumo pessoal (STJ -
REsp 735.881/RS, Quinta Turma, julgado em o6/10/2005); 
e roubo (em virtude da lesao a integridade ffsica da vftima) 
(STF: HC 96671, Segunda Turma, julgado em 31/o3/20o9; STJ: 
REsp 1.159-735-MG, Rei. Min. Arnalda Esteves Lima, Quinta Tur-
ma, julgado em 15/6/2010); 
o moeda falsa (STF: HC 96080, Primeira Turma, julgado em og/o6/ 
2009; STJ: HC 132.614-MG, Quinta Turma, julgado em 01/o6/2o1o.). 
~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
Foi considerado correto o seguinte item no concurso para Magistratura 
Federai/TRFP/2009/CESPE: "Ainda que seja a nota falsificada de peque-
no valor, descabe, em prindpio, aplicar ao crime de moeda falsa o 
prindpio da insignificancia, pois, tratando-se de delito contra a fe pu-
blica, e inviavel a afirmac;ao do desinteresse estatal na sua repressao". 
6. PRINCfPIO DA CULPABILIDADE 
Pode ser analisado em tres sentidos diversos: 
a) Culpabilidade como elemento do crime ou pressuposto de 
aplica~ao da pena: nesse sentido, a culpabilidade possui tres ele-
mentos: imputabilidade; potencial consciencia da ilicitude e exigibi-
lidade de conduta diversa (ver capitulo Culpabilidade). 
b) Culpabilidade como medi~ao de pena: nesse aspecto, a cul-
pabilidadepossui a fun<;:ao de estabelecer os parametros pelos 
quais o juiz fixara a pena no momenta da condena<;:ao, conforme 
dispoe o art. 59 do C6digo Penal. 
c) Culpabilidade como princfpio da responsabilidade subjeti-
va: o sujeito s6 pode ser responsabilizado se sua conduta ofen-
siva for dolosa (quis o fato ou assumiu o risco de produzi-lo) ou 
culposa (deu causa ao resultado por imprudencia, negligencia ou 
33 
f\Aarcelo Andre de Azevedo 
imperfcia). Em regra, os tipos penais sao dolosos. Os tipos culposos 
devem ter previsao expressa. 
Como bem esdarece Cezar Roberto Bitencourt, decorrem tres 
consequencias materiais do prindpio da' culpabi!idade: a) nao ha 
responsabilidade penal objetiva; b) a responsabilidade penal e 
pelo fato praticado e nao pelo autor; c) a culpabilidade e a medida 
da pena. 
~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
No concurso Defensor Pliblico/SP/zoo6/FCC foj considerado correto o se-
guinte enunciado "(c)culpabilidade se refere:ao jato". Na mesma ques-
tao foram considerados incorretos os seguimes itens sobre o princfpio 
da culpabilidade: (a) culpabilidade nEio interfere na medida da pena; (b) 
culpabilidade se refere ao autor; (d) analise d~ culpabilidade compete ao 
juiz do processo de conhecimento e ao juiz dq processo de execuc;Eio; (e) 
analise da culpabilidade nEio e essencial para a individualizac;Eio da pena. 
7- PRlNClPIO DA EXClUSlVA PROTEl;AO DE BENS jURfDICOS 
0 Direito Penal possui como fun<;:ao a prote<;:ao de bens jurfdicos 
mais relevantes para a sociedade. Assim, o Estado nao pode utilizar 
o Direito Penal para tutelar a moral, a rellgiao, os valores ideol6gi-
cos etc, sob pena de prevalecer a intolerancia. Como anteriormen-
te explicado, e uma das decorrencias do princfpio da ofensividade. 
)> Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
(Promotor de Justic;a/GO/zoos): "0 Direito Penal nao serve para a tutela 
da moral ou para a realizac;ao de pretensoes pedag6gicas. Essa aftrma-
c;ao esta intimamente vinculada a qual princfpio constitucional penal? 
(...) princfpio da exclusiva protec;ao de bens 'jurfdicos". 
8. PRINclPIO DA MATERlALlZA<;;:AO DO fATO (NULWN CRIMEN SINE ACTIO) 
Deve haver um direito penal do fato e nao um direito penal 
do autor, ou seja, a pena deve ser imposta por ter o agente pra-
ticado um fato lesivo a bem jurfdico de terceiro e nao em razao 
do modo de ser do sujeito. Assim, devem ser abolidas de nosso 
ordenamento infra<;:oes penais como a disposta no art. 59 da LCP 
(vadiagem), pais ocorre a puni<;:ao de um sujeito pelo modo de ser 
34 
Prindpios penais e politico-criminaio 
e nao por um fato lesivo a terceiro. Conforme referido anterior-
mente, trata-se de uma decorrencia do princfpio da ofensividade 
e da culpabilidade. 
9_ PRtNcfPIO DA PESSOALlDADE DA PENf\ OU DA ll'lTRANSCENDEI'JClA 
A pena deve ser aplicada somente ao autor do fato e nao a 
terceiros. 
CF, art. so, XLV- nenhuma pena passara da pessoa do conde-
nado, podendo a obrigac;Eio de reparar o dana e a decretat;Eio 
do perdimento de bens ser: nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, ate o limite do valor do 
patrim6nio transferido. 
Assim, com a morte do condenado, a san<;:ao penal se resolve 
(mors omnia solvit). Para maioria da doutrina, resolve-se inclusive 
a pena de multo. No entanto, os efeitos civis da senten<;:a penal 
condenat6ria subsistem, de sorte que os herdeiros respondem ate 
o limite da heran<;:a. 
10. PR!NclPiO DA HUMANIDADE 
Nenhuma pena pode atentar contra a dignidade da pessoa hu-
mana, de sorte que e vedada a aplica<;:ao de penas crueis e infa-
mantes, bem como determina que a pena seja cumprida de forma 
a efetivamente ressocializar o condenado. De acordo com Zaffaroni 
e Pierangeli, tal princfpio e o que dita a inconstitucionalidade de 
qualquer pena ou consequencia do delito que erie um impedimenta 
ffsico permanente (morte, amputa<;:ao, castra<;:ao ou esteriliza<;:ao, 
interven<;:ao neurol6gica etc.), como tambem qualquer consequen-
cia jurfdica indelevel do delito. 
1-1. PRINclPIO DA ADEQUA<;:AO SOCIAL 
lntroduzido no Direito Penal por Hans Welzel, trata-se de um 
prindpio de hermeneutica. Pode-se dizer que uma conduta so-
cialmente adequada nao pode ser tfpica, de sorte que nao sera 
criminosa. Segundo assevera Francisco de Assis Toledo, "a adequa-
<;:ao social exclui desde logo a conduta em exame do ambito de 
35 
~--
Marcelo Andre de Azevedo 
incidencia do tipo, situando-a entre os comportamentos normal-
mente permitidos, isto e, materialmente atlpicos". Como exemplo, 
cita o autor as lesoes corporais causadas por um pontape em 
partidas de futebol. 
12. PRlNCfP!O DA PROPORCIONALIDADE 
Sob o enfoque constitucional, deve-se ter em conta que o Direi-
to Penal deve possuir como norte o prindpio da proporcionalidade 
ou proibi<;ao do excesso (Ubermassverbot), em seus tres aspectos: 
subprincfpio da adequa<;ao, isto e, as medidas restritivas aos direi-
tos fundamentais devem ser aptas a atingir o objetivo perseguido; 
o subprinc(pio da necessidade, por sua vez, determina que somente 
justifica uma interven<;ao mais grave ao indivlduo se meios menos 
gravosos nao se demonstrarem eficazes; e, por fim, o subprinc(pio 
da proporcionalidade em sentido estrito, consistente na ponderac;:ao 
entre a interven<;ao em urn direito fundamental e os objetivos pre-
tendidos, ou seja, as vantagens do fim almejado devem superar a 
interven<;ao ao direito. 
Especificando esses tres subprindpios na esfera penal, temos: 
1) necessidade: o Direito Penal s6 deve atuar de forma subsidi-
aria, isto e, quando se mostrarem insuficientes as demais formas 
de controle social. 
2) adequa<;ao: a medida adotada pelo Estado (utiliza<;ao do Di-
reito Penal) deve ser adequada (apta) para alcan<;ar os fins preten-
didos (prote<;ao do bern jurldico, preven<;ao e retribui<;ao). 
3) proporcionalidade em sentido estrito: os meios utilizados 
para consecu<;ao dos fins nao devem extrapolar os limites do tole-
ravel. Os beneflcios a serem alcan<;ados (tutela eficaz do bern, pre-
ven<;ao e retribui<;ao) devem ser maiores que os custos (sacriffcio 
do autor do crime ou da propria sociedade). 
36 
Ef-i~'"':::·--. 
c: 
f'· 
1. INTRODU<;Ao 
Capitulo 111 
Direito PenaL 
na era dos riscos 
Sumario o 1. lntroduc;ao - 2. Expansao do di-
reito penal - 3- Novas formas de tutela dos 
bens juridicos supraindividuais: 3.1. Direito de 
intervenc;ao; 3.2. Direito Penal de velocidades 
(primeira, segunda e terceira); 3-3- Dire ito Pe-
nal do inimigo. 
As transformac;:oes sociais, econ6micas e tecnol6gicas vivencia-
das pelo mundo nas ultimas decadas vern influenciando 0 sistema 
penal, maxime nos tempos atuais de uma sociedade de risco (ex-
pressao utilizada pelo alemao Ulrich Becl-1). Essas novas realidades 
ensejam o surgimento de uma nova modalidade criminosa, a de 
carater supraindividual, como a econ6mica e a ambiental, a qual 
nao se amolda ao Direito Penal classico, de carater individual. 
A criminalidade moderna, dentre outros aspectos, caracteriza-
se "pelas grandes concentra<;oes de poder politico e econ6mico, 
especializa<;ao profissional, domlnio tecnol6gico e estrategia glo-
bal" (Raul Cervini). Como nao poderia ser diferente, as estruturas 
e conceitos basicos do Direito Penal sao contestadas frente a essa 
nova visao de sistema penal, por razoes do perfil do novo criminoso 
e do bern jur(dico afetado, de envergadura supraindividual. 
Nesse contexto social de riscos, busca o legislador o substrata 
do dever sere cria figuras tfpicas visando mais uma forma de con-
trole social de novas bens jurldicos, maxime os de carater coletivo, 
como a ordem socioecon6mica e o meio ambiente. 
~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
Foram considerados corretos os seguintes itens no concurso para juiz 
Federal/ TRF4•/2oo8: I. Osnovos paradigmas da sociedade moderna, 
com riscos tecnicos ou nao, desconhecidos e incontrolaveis, trazem a 
sensa<;ao coletiva de inseguran<;a, em fenomeno designado por Ulrich 
37 
J'iflarce{o AndrE: de Azevedo 
Bed\ como da sociedade do risco;(. .. ) Ill. Na tutela dos grandes e novos 
riscos que amea<;am a sociedade presente e as gera<;oes futuras tem 
surgido legisla<;oes penais de diferenciadq e gravoso tratamento, penal 
e processual-penal, em crimes economico-tributarios, ambientais e os 
imputaveis a organiza<;oes criminosas. 
::.. EXPANSAO DO DlRElTO PENAL 
Parte da doutrina adota posicionamento crltico em rela<;ao a 
expansao inadequada e ineficaz da tutela penal em razao des-
ses novas bens jurfdicos de carater coletivo. Argumenta-se que 
tais bens sao formulados de modo vago e impreciso, ensejando a 
denominada desmateria!izat;:ao (espiritualizac;:ao ou liquefac;:ao) do 
bc-m jurfdico, em virtude de estarem sendo criados sem qualquer 
substrata material, distanciado da lesao perceptfvel dos interesses 
dos indivfduos. 
0 discurso crftico sustenta que na verdade nao mais se protege 
bern jurfdico, mas func;oes, consistente~ em objetivos perseguidos 
pelo Estado ou, ainda, condic;oes previas para a frui<;ao de bens 
jurldicos individuais. 
Como se nao bastasse a desmaterializac;ao do bem jurldico, uma 
das formas utilizadas para a protec;ao dos bens jurldicos coletivos 
ocorre com a cria<;ao de crimes de perigo abstrato. Tais crimes sao 
criticaveis em virtude de contrariarem os princfpios conquistados 
pelo Direito Penal liberal (classico), como os da lesividade e da 
subsidiariedade. 
Em rela<;ao ao princfpio da lesividade, argumenta-se que, como 
os novos tipos penais tutelam objetos que se caracterizam pelas 
grandes dimensoes, resta diffcil imaginar; que a conduta de apenas 
uma pessoa possa lesa-lo de forma efetiva ou mesmo causar um 
perigo concreto, de sorte que a lesividade s6 existe por uma fic<;ao. 
Mesmo no caso de se vislumbrar uma posslvel lesao na soma de 
ac;oes individuais reiteradas e no acumulo dos resultados de todas 
(delitos de acumulac;:ao), seria inadmissfvel a puni<;ao individual, 
pois 0 fato isolado nao apresenta lesividade. 
Assim, se nao ha lesividade o que se estara punindo e o des-
respeito ou desobediencia a uma norma, ou seja, uma simples 
38 
Direito Penal J;a era dos ;-isco:: 
mrra<;ao do dever, de sorte que esses fatos devem ser tratados 
por outros modos de controle social, como o Direito Administrativo. 
Caso contrario, estaremos diante de uma administrativizac;:ao do 
Direito Penal. 
Sob outro enfoque, com a puni<;ao da mera desobediencia a 
norma, sem qualquer lesao perceptive! a bern jurldico, o Direito Pe-
nal do risco seria contrario a prote<;ao subsidiaria dos bens jurfdi-
cos (ultima ratio), convertendo-se em um Direito Penal de primeira 
ratio, a fim de defender as fun<;oes estatais. Ao contrario do Direito 
Penal de tradi<;ao liberal, no qual o bem jurfdico teria cumprido um 
papel limitador, com fun<;ao crltica de sentido descriminalizador, 
legitimando apenas a puni<;ao de condutas que lesassem objetos 
definidos como bens jurfdicos, o Direito Penal do risco utiliza o 
conceito de bem jurfdico para legitimar a cria<;ao de novos tipos, 
caracterizando, assim, uma func;ao com sentido criminalizador. 
Com efeito, o discurso crftico defende a tese de que os riscos 
oriundos desse novo modelo de sociedade nao deveriam ser consi-
derados na esfera do risco proibido, mas sim como risco permitido 
ou entao sob o controle social de instancias extrapenais. 
3- NOVAS FORMA$ DE TUTELA DOS BENS JURlDICOS SUPRAJND!VlDUAlS 
Diante da duvida e descren<;a por parte de parcela da doutrina 
acerca da eficacia da tutela penal em rela<;:ao aos novos riscos, 
maxime diante da criminalidade economica e ambiental, discute-se 
qual seria o melhor sistema jurfdico para enfrentar esses novos de-
safios, ou seja, se o Direito Penal classico, se um novo Direito Penal, 
se o Direito Administrativo e o Civil, ou, ainda, se uma terceira via, 
como o Direito de intervenc;ao ou Direito sancionador. 
3.1. Direito de intervenc;:ao 
Na doutrina alema, Winfried Hassemer sustenta a necessidade 
da criac;ao de um novo sistema para tutelar os novos b·ens jurfdi-
cos, chamado de Direito de interven<;ao. Estaria situado entre o Di-
reito Penal e o Direito Administrativo. Caracteriza-se pela aplica<;ao 
de sanc;ao de natureza nao penal e pela flexibiliza<;ao de garantias 
processuais, mas com julgamento afeto a uma autoridade judiciaria 
e nao a uma administrativa. 
39 
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Marcelo Andre de Azevedo 
Hassemer critica o Direito Penal classico como modo de controle 
da nova criminalidade em face de sua ineficacia, pois e voltado ao 
indivfduo e nao aos atuais grupos, pessoas jurfdicas e organiza<;oes 
sociais. Em rela<;ao ao Direito Administrativo, assevera que as au-
toridades administrativas nao possuem independencia necessaria 
para aplica<;ao das penalidades. Por isso, propoe a cria<;ao desse 
novo ramo (Direito de interven<;ao) para o combate da criminalida-
de moderna, voltado para o risco e nao para o dana, de sorte que 
deve ser celere e de eficacia preventiva, ja que OS eventuais danos 
podem ser de grande dimensao. 
3.2. Direito Penal de velocidades (primeira, segunda e terceira) 
Na Ciencia Penal espanhola, Jesus-Marfa Silva sanchez propoe 
que o Direito Penal deve ser enfocado sob suas velocidades. o 
chamado Direito Penal de primeira ve!ocidade seria o conhecido 
Direito Penal classico ("da prisao"), caracterizado pela morosida-
de, pais assegura todos os criterios classicos de imputa<;ao e os 
princfpios penais e processuais penais tradicionas, mas permite a 
aplica<;ao da pena de prisao. Essa forma de Direito Penal deve ser 
utilizada quando houver lesao ou perigo concreto de lesao a um 
bem individual e, eventualmente, a um bem supraindividual. 
Por sua vez, o Direito Penal de segunda velocidade seria o Direito 
Penal caracterizado pela possibilidade de flexibiliza<;ao de garantias 
penais e processuais, tornando-o mais celere. Nesse ambito, admite-
se a cria<;ao de crimes de perigo presumido e de crimes de acumu-
la<;ao. No entanto, para esses delitos nao se deve cominar a pena 
de prisao, mas sim as penas restritivas de direitos e pecuniarias. 
Por ultimo, o Direito Penal de terceira velocidade ou Direito Pe-
nal da pena de prisao seria marcado pela "relativizac;ao de garantias 
po/ftico-criminais, regras de imputac;ao e criterios processuais". Sus-
tenta que essa terceira velocidade existe no Direito Penal socioeco-
n6mico e que nesse caso deveria ser reconduzida a uma das duas 
outras velocidades. Mas, por outro !ado, nao descarta a possibili-
dade de sobrar espa<;o a essa terceira velocidade, como nos casos 
de delinquencia patrimonial profissional, de delinquencia sexual 
violenta e reiterada, ou nos casos de criminalidade organizada e 
terrorismo. Nessa perspectiva, aduz Sanchez que: "Sem negar que 
a "terceira velocidade" do Direito Penal descreve um ambito que 
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~~~-
Direito Penal na era dos riscos 
se deveria aspirar a reduzir a minima expressao, aqui se acolhe-
ra com reservas a opiniao de que a existencia de um espa<;:o de 
Direito Penal de priva<;ao de liberdade com regras de imputa<;:ao 
e processuais menos estritas que as do Direito Penal da primeira 
velocidade, com certeza, e, em alguns ambitos excepcionais, e por 
tempo limitado, inevitavel". 
3.3. Direito Penal do inimigo 
Nesse ultimo sentido de Direito Penal citado no item anterior 
(de terceira velocidade) aparece o Direito Penal do inimigo (jal'1o-
bs). Segundo jal-1obs, o Estado deve proceder de dois modos com 
os criminosos. Ao delinquente cidadao aplica-se o Direito Penal do 
cidadao, ao passo que o delinquente inimigo aplica-se o Direito 
Penal do inimigo.

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