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leis antitoxicos

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STF 
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TJMG 
TJPR. 
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TJRS 
TJSC 
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- ReViSta dos Tribunais 
- Revista Trimestral de Jurisprud8ncia 
- Supremo Tribunal Federal 
- Superior 1hbunal de Justi<;:a 
- Tribunal de Justi9a do Estado de Minas Gerais 
• 
- Tribunal de Justir;:a do Estado do Parana 
-Tribunal de Justi9a do Estado do Rio de Janeiro 
- Tribunal de Justica do Estado do Rio Grande do Sul 
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-Tribunal de Justi9a do Estado de Santa Catarina I 
-Tribunal de Justi9a do Estado de Sao Paulo I 
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I 
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Prefi'icio . 
Introdu9ao 
e. 
Sumario 
Primeira Parte 
Ancilise do Direito Material 
"ii~ 
-.::;.-. 
Capitulo I - Crimes em Especie e Penas ....... ; .......... . 
1. Considerar;:Oes gerais ................................. . 
1.1. Bern juridico .................................... . 
1.2. Crime de perigo presumido, abstrato ............... . 
1.3. Crime formal ou material? ........................ . 
1.4. Tentativa ...................................... . 
1.5. Crime perrnanente .............................. . 
1.6. Uso de droga ................................... . 
1.7. Materialidade do delito .......................... . 
1.8. Norma penal em branco .............. , ........... . 
1.9. Lan9a-perfume (cloreto de etila) e sua po!emica ..... . 
1.10. Distin<;:ao entre 'substimcia' entorpecente, 'mat~ria-pri­
ma' destinada a preparagao dE! entorpecente, e 'produto' 
cujos componerites podem causar depend6ncia, ainda 
que por uso indevido (art. 243 do Estatuto da Crianga e 
do Adolescente) ................................. . 
1.11. Sementes de plantas destinadas 8. preparag.§.o ou 
produgao de entorpecentes ................. . 
1.12. Insumo ou produto quimico utilizado como precursor 
para fabricar entorpecentes ....................... . 
1.13. Elemento normative do tipo ...................... . 
1.14. Tipo penal de conteudo multiple .............. . 
1.15. Crime continuado 
1.16. Analise dos elementos objetivos do artigo 12, caput ... 
1.17. Formas tipicas ..... 
1.18. Sanq6es penais .... 
1.19. TrMico: indulto ou comuta9ao 
2. Condutas equiparadas ao tratico: Art. 12, §§ 1Q e 2Q, da Lei 
6.36W76 . ~- ................. . 
xvii 
xxi 
3 
4 
4 
4 
6 
6 
7 
8 
9 
10 
11 
12 
13 
14 
15 
16 
17 
18 
21 
29 
31 
31 
'·· 
2.1 .. Art. 12, § 12, I'- inateria·Prima destinada a preparagao de 
entorpece~te ... 
. _ .. _ .. ":-t~ . 
2.2. Art. 12, § 1il';lnc. rr -· semear, cultivar, fazer colheita . 
2.3. Art. -12, § ZQ, inC. I- instigar, induzir ou auxiliar alguem a 
usar entorpecente 
2.4. Art. 12, § 22, inc. II- utilizagao de local ou tolerar que seja 
utilizado para trafico ou consume de droga .. 
2.5. Art. 12, § 22, inc. III, contribuir de qualquer forma para in-
centivar ou difundir o uso indevido ou trafico de drogas . 
3. Aparelhos, maquinismos e objetos destinados ao triifico ... 
4. Associa9ao criminosa para trEifico 
5. PreScrever ou n1inistrar culposamente subst§.ncia entor-
pecente ............................................ . 
6. Uswirio de entorpecentes . . . . . . . . . . ........... . 
6. L A (in)constitucionalidade do art. 16 da Lei w 6368176 
7. Sigilo da investigag6es 
8. Majorantes do art. 18 . , ..... . 
8.1. Tril.fico internacional e CompetEmcia 
8.2. Abuse de fungao pUblica e de missao de guarda e vigi-
lEtncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .......... . 
8.3. Associaqao para traficar ou visar a menor de 21 anos ou 
hipossuficiente ......... . 
8.4. Local da trafic§.ncia 
9. Isengao de pena 
9. 1. Exarne de depend8ncia toxico16gica 
10. Quadro sin6tico 
Segunda Parte 
Anitlise da Fase Investigat6ria 
Capitulo II - Procedimento Comum - Fase Policial .. 
1. Medidas Investigat6rias Comuns . 
1.1. Exame de Constatagao ....... . 
2. Medidas Investigat6rias Especificas 
2.1. Infiltragao de- Agentes Oficiais nas Associag6es Crimi-
nosas... . .. , .... 
2.2. A Nao-atuagao Policial 
32 
33 
39 
39 
40 
41 
42 
45 
46 
49 
50 
53 
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59 
59 
62 
63 
65 
67 
73 
77 
81 
84 
89 
97 
• 5 
I 
1 
2.3. Ouebra dos Sigilos de Dado?, DOf"\J-H!-entos, Informaq6es, 
Sistemas Informatizadps e G9D1-uniCaq6es Telef6niCas·· 
-..--2.3.1. Acesso a dados, documentos e informag6es fiscais, 
. ban_cclrias, patrimoniais e financeiras .. 
2.3.2. Colocagao, sob vigilancia, por periodo deterrninado, 
de contas banc;8.rias 
2.3.3. Acesso, por periodo determinado, aos sistemas· 
informatfzados das instituiq6es financeiras 
· 2.3.4. Interceptaq§.o e gravagao das cornunica<;:6es telef6-
nicas 
3. Prazo do Inqu8rito Policial ... 
4. Relat6rio de Conclusao do Inqu8rito Policial 
5. Quadro sin6tico ...... . 
Capitulo III - Diligencias Complementares e Laudo Toxi-
col6gico . . . . ...... , . . . ............. , .. , . , .. . 
1. Dilig8ncias Complementares e Laudo Toxicol6gico .. 
2. Quadro sin6tico ................. , ...... , .. . 
Terceira Parte 
Pris§.o e Liberdade Provis6ria 
nOs Crimes de T6xicos 
Capitulo IV - Medidas Privativas da Liberdade e Crimes de 
T6xicos 
1. Prisao em Flagrante Delito 
2. Pris§.o TemPor8.ria .. 
3 . Pris§.o Preventiva 
4. Quadro sin6tico ..... 
Capitulo V - Liberdade Provis6ria em caso de Flagrante par 
Trafico de Drogas .................. , . , ........ . 
1. Liberdade Provis6ria em caso de flagrante por tr<ifico de 
drogas 
2. Quadro sin6tico 
Ouarta Parte 
~olabora~ao do Agente 
Capitulo VI - Colaboragao Prerniada .... , ....... . 
1. Colaboragao Antes do Oferecimento da DenUncia-
102 
104 
105 
106 
108 
116 
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125 
125 
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131 
131 
139 
142 
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147 
147 
149 
153 
153 
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• 
1.1. Subrestamento do Processo- art. 32, § 20, 1• hip6tese 
1.2. R;,dugao da Pen a- art. 32, § 20, 2• hip6tese 
2. Colab!>ra~ao Depois do Oferecimento da DenUncia ...... . 
2.1. Radu9ao ou Isengao de Pena- art. 32, § 3Q 
3. Quadro sin6tico 
Quinta Parte 
Analise da Fase Processual 
Capitulo VII - Ministerio Publico na Fase Pre-Processual .... 
1. RequErer ao Magistrado a redistribuigao das pegas de 
investigagao ........................................ . 
2. Reqtrlsitar as Dilig6ncias que entender necess8.rias ....... . 
3. Deixaz.:, justificadamente, de propor a agao penal contra os 
agen1es do delito .................................... . 
4. Requ'erer o arquivamento do Irlqu6rito Policial ........... . 
5. Oferex:-er denUncia e requerer as demais provas que entender 
pertin:entes ......................................... . 
6. Quad!ro sin6tico . 
Capitulo VIII - lnstrU<;ao Criminal - Fase Judicial 
1. OfereJ:imento da Denuncia e Impulse Oficial ............. . 
2. Defes.:t Prelirninar Escrita ............................. . 
3. Respnsta do Ministerio PUblico ........................ . 
4. Juizo de Admissibilidade ......................... . 
4.1. D.r1ig9ncias Imprescindiveis para o Recebimento da 
Dentincia ....................................... . 
4.2. Gases de rejeigao da denUncia ....... . 
4.3. Nao Recebimento e Recursos .................... . 
4.4. Recebimento da DenUncia e Provid8ncias Posteriores 
5. Audil\ncia de Instrugao e Julgamento . . ..... . 
5.1. Revelia, SuspenSao do Processo e do Prazo Prescricional 
5.2. Urn ou dois interrogatOries? . 
5.3. T!llterrogat6rio do Reu,_ Ow1ida das Testemunhas, Debates 
O.tais ou Memoriais Escritos ..... 
5.4. Totalidade dos PrazosProcessuais para a conclusao da 
Instruc;Ew em caso de REm Preso 
6. Quam-a sin6tico 
153 
158 
160 
160 
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202 
209 
213 
216 
Sexta Parte 
Senten<;a e seus Efeitos 
Capitulo IX - Senten9a Criminal .. 
1. Sentenga Desclassificat6ria e Juizado Especial Criminal 
2. Sentenc;a Condenat6ria ................... . 
3. Sentenga Absolut6ria ...... . 
4. Quadro sin6tico . . . . . . . . . . .......... . 
Capitulo X - Prisao Decorrente de Senten9a Condenat6ria e o 
Direito de Apelar em Liberdade ................ . 
1. Prisao Decorrente de Sentenga Condenat6ria e o Direito de 
Apelar em Liberdade . . . . ................ . 
2. Ouadro sin6tico .... 
Capitulo Xl - Perdimento de Bens Relacionados ao Trafico 
1. Perdimento de Bens Relacionados ao Trafico 
2. Ouadro sin6tico 
Anexos 
I- Lei 10.409, de 11 de janeiro de 2002. 
II- Mensagem de Veto no 25, de 11 de janeiro de 2002 ....... . 
III- Lei 6.368, de 21 de outubro de 1976. 
IV- Projeto de Lei 6.108, de 2002 .. 
V - Lista das Subst&ncias Entorpecentes 
Bibliografia 
• 
221 
221 
228 
236 
237. 
239 
239 
245 
247 
247 
254 
257 
271 
291 
305 
315 
319 
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Capitulo I. 
Dos Crimes e das Penas 
Sumario: 1- ConsideraqOes gerais. 1.1 - Bem ju.ridico. 1.2- Crime de perigo presumido, 
abstrar:o. 1.3- Crime fonnal au material? 1.4- Tentati-va. 1.5- Crime pennanente. 1.6- Usa 
de droga. 1:7 -Materialidade do delito. 1.8- Nanna penal em branco. 1.9- Lanya-perfu· 
me (cloreto de er:ila) e sua pol€lmica. 1.10- Dfstinqiio entre 'subst8ncia' entorpecente, 
'materia·prima' destinada a preparaqiio de ento.rpeCente, e 'produto' cujos campo-
nantes podem causar depend§ncia, ainda que por usa indevido (art. 243 do Estatuto da 
Crianqa e do Adolescente). 1.11 - Sementes de plantas destinadas a preparaqiio ou 
produqiio de entorpecentes. 1.12 -Insumo ouprcduto quimico utilizado como precursor 
para fabricar entorpecentes. 1.13- Elemento nonnativo do tipo. 1.14- Tipo penal de 
conteUdo mUltiplo. 1.15- Crime continuado. 1.16- A'11ilise dos elementos objetivos do 
artigo 12, caput. 1.17- Formas tipicas. 1.18- SanqOes·penais. 1.19- Tratico: indulto ou 
comutaqao. 2. Condutas equiparadas ao tr8.fico: Art. 12, §§ 12 e 22, da Lei 6.368176. 
2.1 -Art. 12, § 12, I -materia-prima destinada .3preparaqiio de entorpecente. 2.2 -Art. 
12, § 12, inc. II- semear; cultivar; fazer colheita. 2.3- Art. 12, § ~~ inc. I~ instigar, induzir 
ou auxiliar alguem a usar entorpecente. 2.4- Art. 12, § 22, inc. II· utilizaqao de local ou 
tolerar que seja utilizado para tnifico ou consr.uno de droga. 2.5- Art. 12, § ~- inc. III, 
contribuir de qualquer forma para incentivar au difundir o uso indevi.do ou trafico de 
diogas. 3 - Aparelhos, maquinismos e objetos destinados ao tratico. 4- Associaqao cri· 
minosa para tratico. 5- Prescrever ou ministrar culposamente subst8ncia entorpecente. 
6- Uswi.rio de entorpecentes. 6.1 -A (in)cof!..stitucionalidade do an:. 16 da Lei m 6368/76. 
7- Sigilo da investigaq6es. 8- Majorantes do art. 18. 8.1 - 'fraticointernacional e Com-
pet8ncia. 8.2- Abuso de funqao pUblica e de missao de guarda e vigilfulcia. 8.3- As-
sor.;iaqao para traficar ou visar a menor de 21 anos ou hipossuficiente. 8.4 -Local da 
traiickcia. 9 - Isenc;8o de pena. 9.1 - Exame de depend8ncia toxicolOgica. 10- Ouadro 
sin6tico. 
Comentanos aos crimes definidos na Lei no 6.368/76, arts. 12 a 17 
Art. 12. Importar ou export% remeter, preparar, produzir, 
fabricar, adquirir, vender_ expor a venda ou oferecer, fomecer ainda 
que gratuitamente, ter em depOsito, transportar, trazer consigo, 
guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a 
constLrno subst8.ncia entorpecente ou que determine depend8ncia 
fisica ou psiquica, sem autorizagao ou em desacordo com 
deterr:1inaq8o legal ou regulamentar. 
Pena- Reclusiio, de 3 (cres) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 
50 (cinqiienta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. 
3 
., 
Vilmar VeU10 Pacheco FiLI)o e Gilberto Thums 
1. Considerag6es Gerais 
1.1. Bern juridico 
A lei antit6x:icos tutela a saUde pUblica, como bern transindividual, 
da coletividade. Portanto, no caso de se vender droga a algu8m para 
consume prOprio, o adquirente n§.o e a vitima do tr8.fico, mas sim- o 
Estado (salide pUblica), que figura cmno sujeito passive imediato, eis 
que a conduta 'adquirir para uso prOprio' tamb8m constitui crime. A 
preocupaq§.o da lei n§.o e a de evitar os males causados pela droga 
B.queles que a consomem, mas o de evitar o risco 8. integridade social 
que os entorpecentes acarretam. Ate porque a lei nao pode punir a 
conduta direcionada a autolesiio, tanto que nao incri___mina a conduta de 
usar drOga. 0 crime e de perigo comtun, presumido ern car8ter 
absolute, bastando a reaJ.izagao de uma das condutas proibidas. Nao 
importa se a droga apreendida e capaz de produzir uma les§.o efetiva a 
salide pUblica .. Assim, e o tema.-8_-padfico, a posse de pequena quan-
tidade,- mas que permita o fazimento de um cigarro ou sua utilizagao 
em maricas caracteriza o delitci de 'trazer consigo ou guardar entor-
pecente para usa pr6prio'1: Por~'anto,-o-objeto de protegao legal n§.o 8 a 
salide do usuario nem do tra:f~?~te,-~ ::nas-- da coletividade, 8 uma 
quest"a.o que transcende a·pess_oa:e __ c;tin:g-e-·a-popula:gao em gera.J,~ 
1.2. Crime de perigo presumido, abstrato 
0 entendimento predominante, ernbora n§.o pacifica no STJ e no 
STI"', 8 no sentido de que a conduta tipica relacionada 8. substfulcia 
entorpecente e delito de perigo presUinido ou abstrato, nao importando 
a quantidade apreendida em poder do infrator para sua caracterizaqao, 
tampouco se a droga objeto da conduta tern o cond§.o de ofender efe-
tivamente a saUde pUblica. 0 tipo penal esgota-se com a realizagao de 
uma das condutas contempladas, sem necessidade de ir1dagagao quan-
ta ao resultado, que ate pode existJr, n1as nao e requisite da tipicidade. 
Dificil, portanto, o-tema da insig-nific§.ncia2. 
2 
4 
RJTJRGS 150/197 e 235. ,. 
Precedentes que niio recoiLl1ecem o prindpio da insignific8.ncia em materia de t6xicos. 
No·STJ, 5a Turma, HC 15318/MG, DJ 25/02/2002 (un8.ni..-ue); RHC 11122/RS, j. 19/06/2001 
e DJ 20/08/2001 (un8.nime); RESP 290447/MG, j. 13/02/2001 e DJ 12/03/2001 (un3nime); 
HC 11442/RJ, j. 29/06/2000, DJ 14(08/2000 (unB.nime); RHC 9483/SP, j. 08/06(2000, DJ 
Leis Antit6xicos -Crimes, lr.vestigaqB.o e Processo 
A discuss§.o acerca da bagatela em t6xicos reside na reduzida 
quantidade de droga, que seria incapaz de expor o bern juridico a 
perigo. N §.o bastaria a mera conduta, seria necess8.rio urn resultado 
relativamente r8leVfuJ.te, isto f:, deve a droga ter pOtenciallesividade 
para afetar 0 bern juridico, nao bastando apenas a presenqa do prin-
cipia ativo3. A conduta, portanto, deve repercutir na saUde (do usu8.rio) 
ou interesse pUblico (tnHico), o que n§.o ocorre com as quantidades 
insignificantes, inferiores a uma- dose de uso. H8. precedente no STF 
pelo trancamento da a<;;B.o penal por tratico de drogas referente a 0,25g 
de cocaina, encontrada en1 poder do agente, sem antecedentes crimi-
nais. Foi considerada injustific8vel a movimentagao da mclquina 
judici8.ria pc.ra responsabiliza.r tal agente4. Assim, embora vi6.vel, 8 
extremamente dificil a discussao acerca da insignificfulcia, por tratar-
se de cri.me de perigo presumido. 
N§.o se pode, todavia, ignorar a necessidade de existir justa causa 
pa.ra a agao penal, eis que o juiz pode rejeitar a denUncia na aus8ncia 
deste pressuposto (a..rt. 39, II, da Lei JJ!2 10.409/2002). Mostra-se absurdo 
movimentar a mB.quina estatal na persecugao penal contra urn cidad&o 
que traz consigo alguns fragmentosda folha de rnaconha, quer como 
sabra de cigarro us ado, quer con1o residue de uma pequena quantidade 
transportada antes do uso. Assim, quantidades de droga rnuito 
inferiores a uma dose deve1n ser desconsiderada13 para- efeito de 
tipificac;ao. especialinente no art. 16 da Lei JJ!2 6.368/76, levando o fato a 
atipicidade. S6 uma paranOia acusat6ri8. justifica urn processo criminal 
por fragmentos de droga, na medida em que grandes quantidades sao 
comercializadas e os 6rgaos de repressao sao incapazes de coibir ou sao 
coniventes com a traficfulcia, o que gera uma impunidade ern massa, 
grag:as a in6pcia dos mecanismos repressores. Portanto, preocupar-so 
04/09/2000 {un&n.i~e); HC 10871/MG, j. 28/03/2000, DJ 17/04/2000 (unfi<"1Lrne); 6" Tun:na: 
RESP 212959/MG, j. 24/04/2001, DJ 28/05/2001 (1.m.8.nime); HC 13967/R.J, i- 20/02/2001, DJ 
29/10/2001 {p.aioria); HC 11695/RJ, j. 09/05/2000, DJ 29(05/2000 (un§nime); HC 8777/Sl~ 
j. 13/09/1998, DJ 14/02/2000 {lh"18.n.ime); RESP 24844/SP, j. 06/04/1994, DJ 21/11/199·~ 
(maioria); No STF: FTm:ma: RECR114251/SP. DJ 18/08/1989 (unfullme); RE:CR 109619/S?, 
DJ 19/09/1985 {unanlme); RECR 109553/SP, j. 05/08/1986, DJ 19/09(1985 (un8.nime); 
Seg-unda Turma: BC 81735, Prefeito, DJ 17/05/2002 (un<illime); RECR 113319/SE DJ 
23/06/1987 {u..11b>Jme ). Precedentes que admitem o principia da insignific§ncia, todos sao 
julgados por mai.oria: 6" Turma, RESP 287819/RS, DJ 08/04/2002 (maioria); RESP 
286178/RS, DJ 20/08/2001 (maioria); HC 8707/RJ, 21/09/1999, DJ 05/03/2001 (maioria), 
3 STJ, RHC 7252/MG, DJ 1Q/6/98, p. 190_ 
4 STF, HC 8020/RJ e HC 7977/RJ, 25/3/99. 
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Vi!mar Velho Pacheco Filho e Gilberto Thums 
em processar usuano pela posse de infima quantidade de droga 
significa grave erro estrat8gico de persecu98.b penal. 
1.3. Crime formal ou material? 
Os crimes de entorpecentes sao formais, isto 8, basta a realiza<;:§.o 
da conduta tiptca que o crime esta perfectibilizado, independente-
mente da ocorrencia ou nao do resultado de lesao a saude pUblica. Nao 
confundir com a materialidade do crime, constituida pelos vestigios 
deixados .pela conduta tipica, que exige sua comprovagao. Considera-
se dispens8.vel a ocorrencia do resultado para o reconhecimento da 
tipicidade d.a conduta. Por exemplo: vender droga, exige para sua 
consuma9ao a efetiva tradigao ao adquirente, mas a conduta e tipica 
independentemente da Jesao ao bern juridico. A classificagao do crime 
em formal ou material leva em conta a lesao ao bern juridico protegido 
pelo legis lad or. Assim, tanto o crime formal quanta o material admitem 
a tentativa, distinguindo-se apenas pela necessidade de ocorrer ou nao 
o resultado. Ha necessidade de apreensao da droga a fim de vertficar 
se efetivamente se trata de substfulcia que consta da lista oficial. E 
mister destacar que algumas condutas tipificadas no art. 12 sao for-
mais, n§.o exigindo a presenga da droga, como ocorre na prescrigao de 
entorpecentes sem fins terap6uticos, no induzimento, na instigag§.o 
para uso de droga, bem como na associagao para traficar. 0 tema sobre 
a materialidade sera abordado em item prOprio a seguir. 
1.4. Tentativa 
Como regra, o crime de entorpecentes n§.o admite tentativa, tendo 
em vista a multiplicidade de verbos, que penrite tipificar a conduta j8. 
consumada em face de comportamento anterior. Exemplificando: se o 
agente est a vendendo a droga, mas ainda -nao entregou ao 
adquirente e 8 preso, nao se pode falar em tentativa de 'vender', eis 
que jEt se encontra consumada a conduta de 'trazer consigo ou ter em 
depOsito' a droga para fornecirnento a terceiro. Qua..nto as condutas 
'adquirir' e 'vender' pode ser discutida a necessidade de haver a 
tradi98.o da droga ao adquirente, vista que o 'neg6cio' pode ser 
realizado sem a presen9a da droga. Todavia, deve-se Ievar em conta se 
o vendedor est8. com a droga em seu poder. Neste caso, embora esteja 
'tentando vender', na verdade j8. consumou a conduta ;trazer consigo' 
para venda. Sob este aspecto torna-se dificil o reconhecimento da 
6 
., 
Leis Antit6xicos- Crimes. Investiga-:;:ao e Prc-ce~so 
tentativa, por8m, em tese, 8 vi8.vel. Se o agente est8. vendendo droga, 
mas n§.o a possui consigo quando e preso, a situagao e de tentativa. 0 
objetivo do legislador deter inserido muitos verbos nucleares nos tipos 
penais 6 o de caracterizar a figura tipica na sua forma consurnada, em 
qualquer fase do 'iter criminis', uma vez realizado o comportamento 
previsto. Portanto, quem quer 'importar'. droga e a traz no seu carro, 
sendo preso ao atravessar a fronteira (na zona alfandegaria), nao esta 
'tentando importar', mas 'trazendo consigo'; na forma consumada. Isto 
nao quer dizer que a tentative e quase impassive!. Algumas condutas, 
conforme a situagao concrete, podem admitir a forma tentada. E o caso 
de quem 'remete' droga pelo correio, sendo a correspond6ncia 
apreendida pela EBCT(Empresa Brasileira de Correios e Telegrefos), 
antes de ser enviada ao destinatarto. Tentativa perfeita5. 0 proprio ST J 
nao possui entendimento uniforrnizado sobre a mat8ria.6 
1.5. Crime permanente 
Algumas condutas constituem crimes permanentes,- isto e.-- a 
consumagao do crime se prolonga no tempo, perrnitindo a prisao em 
flagrante enquanto n§.o cessar a perman8ncia. For Eixemplo: quem 
guarda droga em casa esta em estado da f1agr8..ncia permanente, 
podendo ser preso a qualquer momenta, do dia ou da noite, sem 
mandado judicial, porque a conduta tipica 'guardar' est8. sempre se 
consumando, n§.o cessando o estado de perman6ncia da ilicitude. 
Outra hip6tese e o cultivo de plantas destinadas a preparagao de 
entorpe_centes (art. 12, § 1o, II, da Lei nQ 6368/76), enquanto estiver 
5 STJ, RESP 162009/SP. publicado na LEXSTJ 133/381. 
6 Em sede de crime de traDco de entorpecentes, na modalidade de remeter a encomenda 
t6xica por via postal, nao se consuma o delito se a ciroga e. apreendida nos Correios, 
antes de ser enviada ao destinatirio, configuraiJ.do-se na hip6tese a tentativa perfeita. 
Recurso especial conhecido e _parciah-nente provide. (STJ. ca Turma data da decisiio 
18/05/2000, publicada na LEXSTJ 133/381; RT 782/553). l- ?~:.:C ·Para a configura<;2.o do 
delito previsto no art. 12 da Lei ~ 5.368/76, na forma de n:a:.-:ter em depOsito ou trazer 
consigo. niio se exige qualqt;er especial fun de agi!:. II - Se o paciente foi detido em 
estado de flagnlncia, mantenC.o consigo entorpecente. ilici,~Ce penal esta, de na::.:reza 
permanente, nao h<& que se asseverar. ern prit1cipio, a ccorr~::c:a de pris§:o ilegal por falta 
de mandado de busca e apreensao (?recedentes do Pret6r::c Excelso e do STJ). !U ·De 
resto, o 'habeas corpus· nao se presta para a temativa do :.:::::...--:.ucioso exa.me do ma:erial 
cognitive." (STJ, sa Turma, j. 14/3/2000, publicada na RSTJ :32/480). 0 crime previsto no 
artigo 12 da Lei 6.368/76 e de a<_<iio militipla e esta consu:::::e.do na mcdalidade ·'t:azer 
consigo", niio havendo que se fala: em tentativa de i..-nporta98.0 de subst2ncia 
entorpecente. (Precedentes) (STJ. 5" Turma, j. 21/10!1999, :JS 22/11/1999, p. 174)_ 
7 
\ ".l!CJ.CX Velho Pacheco Filho e Gilberta Thums 
cultivando o cr.!.l:!:s esta em perma..'1ente consun1ag8.o, o mesmo ocorre 
com 'transportar' e:.c. 
Observa-se qc.e alguns julgados do STJ entendem que todas as 18 
condutas do art. 12 sao crimes permanentes, considerando-se 
consurnado com a pr2tica de qualquer uma delas. Se a conduta tipica 
for preexistente a -&.yao policial, legitima-se a prisao em flagrante, sem 
qJ.e se possa falar em flagrante preparado ou forjado, porque jEt 
estavam consWLa:::as antes da atuagao dos agentes policiais'l. Nem 
todas as coadute.s expressam situagao de p8rman8ncia, algumas sao 
]nstant8neas (oferec::er, prescrever, ministrar, entregar) enquanto outras 
s§.o perrna:.'1entes (h'Uportar,exportar, remeter, preparar, produzir, 
fabricar, adquirir. vender, ter em depOsito, transportar, trazer consigo, 
guardar, expor a venda), depende da complexidade dos atos que d§.o 
conformac;ao a conduta tipica. Por exernplo: a conduta 'adquirir' s6 se 
completa com a tradic;ao da droga do fornecedor. Ap6s a aquisig:§.o o 
agente 'transporta' ou 'traz consigo', e a conduta 'adquirir' agora 
desimporta. A contusao dos a gentes __ de persecugao penal quanto a 
indicagao dos ver:b-os pode levar a nulidade do flagrante ou a in&pcia da 
denUncia. H8. necessidade de uma correta adequagao tipica. Os verbos 
serao objeto de an8-Jise em item prOprio. 
1.6. Uso de droga, 
Nao configura conctUta tl:Pica o uso do entorpecente. As condutas 
do art. 16 da Lei rr> 6368/76 sao 'adquirir', 'guardar' e 'trazer consigo' 
para uso prOprio~ mas a lei nao pUne--o uso. Nem poderia, na medida em 
que se trata da autolesao da saUde. Se ingerir veneno, na tentativa 
de suicidio, e uma conduta atipica, a lei nao poderia punir 0 'uso' de 
subst8ncia ento~ecente. Assim, compartilhar o uso de urn cigarro 
de maconha entre amigos s6 torna tipica a conduta para quem esta 
com a droga na mao, quem a esta 'trazendo consigo'. Se algu8m levar 
um tijolo de maconba a uma festa, por iniciativa sua, e a queimar num 
recinto fecl}ado ond.e muitas pessoas aspiram a fumaga para se 'cha-
par', pode-se ide:2-j:ficar apenas urn a conduta tipica, de quem levou a 
droga para forile:;:s:r a terceiros. Quem 'usou' - aspirou a fumaga- nao 
cometeu in.frac;ao penal alguma. Outro exemplo consiste na conduta de 
auem esta fumalldo um 'baseado' (cigarro de maconha) e segurando-o 
- ' 
7 STJ, HC 15.757/~ ill13.8.2002, p. 291, RHC 9.987/SP, DJ 23.10.2000, p. 148. 
8 
Leis Antit6xicos- Crimes, Investigaqao e Processo 
em sua prOpria mao, permite que outra pessoa 'de uma fum ada'. 0 ato 
constitui f1gura tipica no art. 12, para quem est a na posse da droga, eis 
que cede gratuitamente a terceiro. Imaginando-se urn individuo 
tetrapl8gico e que fosse viciado em maconha. Algu8m havera de 
segurar a droga ou auxiliar o deficiente fisico a fazer o uso da droga. Na 
hip6tese em tela a conduta sO se mostra tipica para quem auxiliou: art. 
12, § :2-Q, inc. I, sendo atipica para o usu3.rio. NB.o se deve corLfundir a 
conduta de quem faz uso da droga, quando a traz consigo, porq-ue 
continua 'trazendo consigo', embora esteja usando. Exemplo: quem es-
ta fumando um 'base ado' de maconha est8. trazendo consigo sub stEm-
cia entorpecente, portanto a conduta 8 tipificada no art. 16. Este tern 
sido o entendimento pacifica dos tribunais e de parte da doutrina 
tradicional, 1nas nao se pode negar que quem est8. fazendo uso da droga 
nao poderia ser penalizado por traz.§-la consigo, porque a lei nao pune a 
conduta usar. A disting8.o meiece ser feita, porque, enquanto o agente 
traz a droga consigo para uso prOprio, h.§. possibilidade de forneci-
mento a terceiro, em tese, representando um perigo a sal1de pUblica, 
mas, no memento em que a droga comec;a a ser 'usada' pelo prOprio 
agente, n§.o h8. que se falar em conduta tipica, porque deixa de existir 
o verba 'trazer consigo' para dar lugar ao 'usar'. Evidentemente este 
tema dB. margem a pol8mica. Os conservadores {m?Jtimalistas do 
direito penal) querem a punlg§.o do usufuio·a qualqu~r custo,_ enquanto 
os:_-minimalistas su~tent~ a _CtJ)so~uta:. d~sn~cessid?_~~- _·?_e _ repress§.o 
penal ao consurnidor d8 drogcis, porqu& 8 U.Tii.dOente, -que-·necessita da 
protec;ao do Estado e nao da punig8.o8. A questao de usuarto sera 
objeto de an8Jise em item prOprio, mas deve ser consignado que aquele 
que est8. us~J.do a droga deixa de praticar a conduta 'trazer consigo', 
configura_ndo situay§.o de atipicidade. 
1. '7. Materialidade do deli to 
A maioria dos crilnes de entorpecentes exige a prova da materia-
lidade, na 1nedida e1n que a conduta de_ixa vestigios. Sem a apreens§.o 
da droga o crime pode ate existir no mundo f.:ltico, mas juridicamente e 
impossivel cornprovar sua exist8ncia material. Ha afirmay6es doutri-
8 Aqao governamental recente na mldia procura responsabilizar o usuario de droga pela 
violencia gerada em fun<;iio do narcotrafico. Compara.:;:ao semelhante poder ser feita com 
os bancos que en.riquecem as custas de verdadeira usura e que seriam tambem 
respons8veis pelos roubos. 
9 
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Vllmar Velho Pacheco Filho e Gilberta Thurn.s 
narias de que o crime de t6xicos requer laude toxicol6gico conclusive 
sabre a droga apreendida, o que representa a rainha das provas no 
processo penal, porque o juiz nao pede condenar o rEm sem esta prova. 
Sabe-se que e juiz nae fica adstrito ao laude pericial, todavia em materia 
de entorpecentes 0 juiz est-a limitado a prova t6cnica, porque s6 0 peri to 
pode afi.rmar se detenninada 'coisa' e subst&ncia entorpecente ou que 
determine depend6ncia fisica ou psiquica e se consta da lista oficial. 0 
juiz jamais pede rejeitar urn laude toxic016gico para sustentar um 
decreta cendenat6rie, mas podeni faz8-lo para absolver e reu. 
Evidentemente ha crimes na Lei n<> 6.368 que nii.o deixam vestigios 
materials, dispensando o laudo pericial. E o caso do art. 14 (crime de 
associagii.o para traficar), do art. 12, § 21>, inciso !, induzir, 'instigar pessoa 
a usar entorpecente', e a hip6tese do art. 12, § 21>, Ill, 'fazer apologia ao 
tratico ou uso de entorpecentes'. NesseS casas o laude pericial e abso-
lutamente dispensavel, ate porque nao ha materialidade. Tambem e 
possivel a prova indireta, como ocorre na hlp6tese do agente que fomece 
droga a terceiro e este a ingere, e por complicag6es organicas graves 
vern a ser internado, ·-constatando-se; nos exames laboratoriais a 
presenga de cocaina. A materialidade esta comprovada, n8.o por laude 
toxicol6gico, mas por via inclireta, pelos exames laboratorlais. Neste caso 
s6 8 punivel a venda ou o fomecimento pelo art. 12, caput, mas nao a 
conduta do usucirio, por ele nao trazer mais consigo para usa, o que seria 
urna conduta pret6rita impunivel, uma vez que s6 se justifica a 
incid6ncia do art. 16 quando o usuario estcl com a droga em seu poder e 
dela ainda nao fez usa, na medida em que o perigo a salide pUblica sO 
existe porque a droga pede ser passada a terceiro. 
0 aspecto sobre a comprovagii.o da materialidade das condutas 
sera objeto de aniilise adiante. 
1.8. Norma penal em branco 
Os tipos penais contem normas em branco, porque referem-se a 
substa...r1eia entomecente ou que cause depend8ncia fisica ou psiauica. 
0 art. 3£ da Lei nQ 10.409 foi vetado; porque exigia a fixag§.o em lei das 
subst8.ncias entorpecentes e provocaria uma 'abolitio criminis' de 
todos os fates em julgamento ate que viesse uma lei, arrolando estas 
subst.§ncias. Portanto, em razao do veto, continua valendo o art. 36 da 
Lei n2 6.368. Quem estabelece a lista de subst&ncias 8 o Minist8rio da 
Saude, atraves da ANVISA (Agi'mcia Nacional de Vigilii.ncia Sanitaria). 
A Portaria n2 344/98, da Secretaria de Vigilii.ncia Sanitaria do Ministerio 
10 
Leis A.'1tit6xicos - Crimes, Investiga<;:ao e Processo 
da Salide, criou o regulamento t8cnico sobre substfulcias e medicamen-
tos sujeitos a controle especial, mas atualmente as subst&ncias cons-
tam da Resolugii.o RDC 178, de 17.05.2002, da ANVISA, que discrirnina 
as listas de subst§.ncias entorpecentes, psicotr6picas, precursoras e 
outras sob controle especial da Portaria SVS J:1Q 344, de 12.05.1998. 0 
mesmo ocorre com o cultivo de plantas destinadas a preparagao C.s-
eptorpecentes, que sao discriminadas por nome cientifico. 
1.9. Lans;a-perfurne (cloreto de etila) e sua polemica 
Em dezemhro de 2000, o Presidente da ANVISA, por ato unilateral, 
portanto sem compet8ncia administrativa, editou a Resolugao 1C4, 
retirando o cloreto de etila da lista F-2 (substii.ncias de uso proscrito no 
Brasil) e o incluiu na lista D-2 (lista deinsumos utilizados na 
preparao;:ao de entorpecentes), e como nii.o havia norma per:al 
incriminando as condutas relativas aos insumos, stibst§.ncias 
quirnicas, utilizadas na preparagao, transformagao ou fabricagao de 
entorpecentes, entendeu-se que fora descriminalizado o langa-perfu.rne 
no Brasil. 'Ibdavia na semana seguinte ocorreu a republicag8.o da 
Resolugao 104 da ANV1SA e foi corrigido o equivoco, tendo o cloreto de 
etila sido incluido, tambem, na lista B-1 (substii.ncias psicotr6picas). 
Mals adiante, atraves da Resolugao 178, a ANVISA proibe a prescrio;:ao 
do cloreto de etila para fms m8dicos. Assim, esta subst8ncia consta 
atualmente de duas listas (insumos e psicotrOpicos). Na doutrina 
surgiram correntes pela descriminalizagao, embora tempor&ria, mas o 
STJ sedimentou entendimento no sentido de que nii.o ocorreu 'ahoJTcio 
criminis', nem para as condutas anteriores, porque a decisao do Presi-
dente era nula de pelo direito9. For decisao un3nime da Terceira Seg§.o. 
9 Inocorrente a 'abolitio criminis' em face da exclusao, pela Resolugao RDC 1C..;. Ce 
06/12/2000 {DOU 07/12/2000), tomada pelo Diretor-Presidente da Ag8nc_ia Nacior;;a: -:ie 
Vigilfmcia Sanitaria- Al'\fVJSA. ad referendum da Diretoria Colegiada. do cloreto do; ;::.:_,_ 
da Lista F2- Lista de SubstB.ncias Psicotr6picas de Uso Proscrito- no Brasil eo incl;:i:: ::c. 
Usta D2 - Lista de Insumos Quiroicos Utilizados como Precursores para a Fabrica~i.:: e 
Sintese de Entorpecentes e/ou Psicorr6picos. Resoluqao que foi republicada, de~a :';::..= 
com a decisao da Diretoria Colegiada da AN""VISA incluindo o cloreto de etila na :.:.::--:a 
B1 - Lista de Substancias Psicotr69icas. Pr<&tica de ato regulamentar manifesta.v::o;:::e 
invalido pelo Diretor-Presidente da Ai'iVISA. tendo em vista clara e juridica=e::te 
indiscutivel a nao caracterizao:;:ao da urg6ncia a autotizar o Diretor-Pre-sidente a C~-:a:. 
isoladamente, uma resoluo:;:ao em nome da Diretoria Colegiada (Precedente). Cr::-::r::". 
denegada. (STJ, 5" Turma, HC 21.004/MG, rel.. Min. Felix Fischer. DJ 10/06/2CC2 :::: 
00238). Recurso especial. Penal e administrative. Norma penal em branco. Tr§.E::: i-=:-
Vilmar Velho PacheCo Fllho e Gilberto Tb.ums 
o ST J retificou entendimento anterior relative ao langa-perfume, reco-
nhecendo a traiidL11cia10. 
1.10. Distinc;ao entre 'substancia' entorpecente, 'materia-
prima' destinada a preparac;ao de entorpecente, 
e 'produto' cujos componentes podem causar 
dependencia, ainda que por uso indevido (art. 243 
do Estatuto da Crianc;a e do Adolescente) 
0 art. 12 cia Lei de T6xicos trata de subst8.ncias, como por exem-
plo: cocaina, heroina, LSD, anfetrunina, cloreto de etila, THC etc. 
Jti o § 12, incise I, do art. 12, trata de 'mat8ria-prima' destinada a 
preparaqao de entorpecente. Na pr<itica, encontram-se vcLrios julgados 
que reconhecem nas subst&ncias quimicas utilizadas para produgao de 
droga a 'mat8ria-prima', o qu_e-_constitui enorme equivoco11. 0 insu..rno 
ou a subst8.ncia utilizada para·reagoes quimicas jamais sera 'materia-
prima'. Exempliiicando: a folha da coca ( erythoxyb.L>n coca Lam.). que 
nao contBm subst8.ncia entorpecente, 8 a mat8ria-prirna utilizada para 
entm:pecente:Cloreto d;;;-~tij~:-(-ianr;a-:.Perfuffi6FR6solU9~o-tomada, isolada e solitariamen-
te, pelo" diretor-_p:iesicteiite d8. -Ageiidii"N<i_CiO:ili:i.l-·ae-Vig>JMcia- Sanitfuia, 'ad referendum' 
da diretoria, exciuindo o lan.ga-perftnne da lista de subst8.:1cias de usa proibido. Ato niio 
contemplado co=n o benephicito da diretoria coleg:iada; que o cassou. Ato nulo, por 
incompetencia do seu signatario; nao-produz eieitos. ~oliticio crimi.t1is'. Inocorrencia. 
-Inclicios de prZt'e-a de crime pelo agente pUblico. Remessa de pegas ao ministEuio pUblico 
federal, a tear do a..'t. 40, do CPP. Recurso a que se nega provimento (ST J, 5" 'I\u-ma, RESP 
299659/RJ, rel. Mi::. Jose A..-:naldo da Fonseca, j. 07/02/2002, DJ 18/03/2002, p. 00285). 
10 A Eg-n?gia Terc:-:o~a Seg3.o deste Superior Tribunal de Justiga, em sua atual composigao, 
modificou o seu antigo entendimento no tocante ao cloreto de etila (langa-perfume), 
passando a classific<.i-lo como subst@cia t6xica Cujo comercio configura o crime de 
tnifico de entoQOCentes. - Nao configura trafico internacional a importagao de langa-
perfu.me, prod~E.o de comercializagao e uso proibido no Brasil, se I'Jio hS prova de 
8.quisigao do ;>roduto no mercado exterior. - Conflito conhecido. Compet€mcia da Justi9a 
Estadual {STJ, 2" Se~ao (unfulime), Conilito.de Compet8ncia 34.379/PR, rel. Min. Vicente 
Leal, DJ OS/9.'2U-J2. p. 160). 
11 "1vi:at€ria-Drh"-:::a -. ::;;a:-a efeito do inciso l- do par.- 1.11 do a.."""t. 12 da lei n. 6.368/76, abranoe 
nao s6 as- s©s-_a;_cias destinadas exclusivamente a prepara9i.i.o de drogas como, igu~­
mente, aquelas c;-..:e, eventualmente, se prestam a esse objetivo. II- Se o material apreen-
dido se desth!ava, ou ni:io, -ao preparo de entorpecente, isto exigiria um aprofundado 
exame da prova, o que e vedado nos estreitos limites do '\'\'Tit'. III- T6picos ni.i.o aprecia-
dos np egregio wJJunal 'a quo' desmerecem ser, diretamente, conhecidos. 'Writ' parcial-
mente cor>..heddo e, nessa parte, indeferido (STJ, HC 5699/RO, reL Min. Felix Fischer, j. 
12/05/1997, DJ 01/09/1997, p.40852). 
12 
Leis AntitOxicos- Crimes, Investigagao e Processo 
a produqao da cocaina, que s6 e obtida atraves de processos quimicos 
de laborat6rio. Diferente e a situaqao da maconha (Cannabis sativa L.) 
que jcl possui o THC nas suas folhas, pronto para uso. A natureza ja 
produziu a subst8.ncia, neste caso a tipificarz:B.o est8. no caput do art. 12. 
Assiln, a folha da coca e rnat8ria-prima, objeto do art. 12, § 1Q, I, en-
quanta a maco~a cont8m a substEmcia, tipificada no caput do men-
cionado artigo. Eter, acetona, toluene, clorof6rmio nao podem ser 
considerados n1at8ria-prima para produzir entorpecentes, porque sao 
considerados por lroi (Lei n2 10.357/2001) apenas insumos destinados a 
produg§.o de entorpecentes. Assim, por rrlais subst8.ncias que se 
adicionem a elas ou se combinem entre si, jamais dania origem a 
subst§.ncia entorpecente. 
Materia-primae a S1J.bst8.ncia b8..sica imprescind.ivel nwn processo 
de fabricagao, que dara origem a urn novo produto ou subst8....TJ.cia 
entorpecente. 
0 'produto' cujos componentes podem causar depend&ncia, ai'1da 
que por utilizaq§.o indevida, n§.o cont8m 'subst§.ncias' entorpecerites, 
mas outras subst§ncias como o alcool, Dicotina, alcatr§.o, acetona, 
tolueno, c1orof6rmio etc. que podem causar dependencia, mas ni:"w 
foram catalogadas nas listas do Min. SaUde. sao as bebidas alco6licas, 
os cigarros de tabaco, a cola de sapateiro ( cont8m toluene) e o 
conhecido 'lol6' (composto qu~ico de -acetoi18.,-t~luepp e_ clorof6rmio, 
podendo variar os L'""lgredientes). Estas subst8.ncias podem-- causar 
depend§ncia, mas nao constan1 da lista da ANVISA. Porta...TJ.to, se urn 
adulto traz consigo 'lol6' a conduta e atipica, mas_se vender, fornecer 
gratuitamente, ministrar ou entregar de qualquer forma a crianrz:a ou 
adolescente, sem justa causa, estar8. cometendo o· crime do art. 243 do 
Estatuto da Crianga e do Adolescente. 0 elernento normativo 'justa 
causa' significa que o agente s6 comete o crime se ten1 ci8ncia do fim 
a que se destina o produto. Exemplo. Vender cola de sapateiro para um 
adolescente 'a granel', colocando em recipiente para uso 5.ndevido. 
1.11. Sementes de plantas destinadas a preparac;ao 
ou produc;ao de errtorpecentes 
A lei trata da mat8ria no art. 12, § 12, inc. I, incriminando as con-
dutas semear, cultivar e fazer colheita, portanto n8.o h8. tipificagEw para 
quem transporta, traz consigo, guarda 13tc., as sementes, na medida em 
que semente nao e mat8ria prima, bern como nao e substfulcia, logo se 
trata de conduta atipica, sujeitando~se apenas a apreensao do 
13 
~. 
~·. Vllmar Velho Pacheco Filho e Gilberte Thums 
material. Assim, quem esta transportarido sementes de maconha em 
via pUblica n8.q
1
pratica conduta tipica, salvo numa hip6tese: quando as 
sementes estiverem impregnadas de residues de p6 com o principia 
ativo (THC), neste caso esta transportando 'substancia' entorpecente, 
embora se trate exclusivamente de sementes, respondendo o agente 
pelo art. 12 caput. Fora esta hip6tese, ~s sementes de plantas como 
m21.Conha, coca etc., livres do principici ativo sao condutas atipicas, 
salvo a agao de semear, que significa lailgar a semente a terra. 
1.12. Insumo ou produto quimico utilizado como 
precursor para fabricar entorpecentes 
0 art. 9Q da Lei no 10.409 exige :1icen9a preVIa da autoridade 
sanit8.ria para produzir, extrair, fabricar,:transfonnar, preparar, possuir, 
manter em depOsito, importar, exportar, reexportar, remeter, 
transportar, expor, oferecer, v6pder, comprar, trocar, ceder ou adquiri.r, 
para qualquer fim, produto, substancia ou droga ilicita que cause 
dependencia fisica ou psiquica, ou prqduto qufmico destinado a sua 
preparagao, observadas as demais exigencias legais. No art. 14 da Lei 
no 10.409 havia a incriminagao da conduta de trafico relativo a insumo 
ou produto quimico destinado a preparagao de produta, subst8.ncia ou 
droga ilicita, au que cause depend8:ncia fisica au psiquica, sem 
autorizag8.o do 6rg8..o competente ou em desacordo com determinag§.o 
legal ou regulamentar. Em razao clisso foi eclitada a Lei no 10.357/2001 
que estabelece norrnas de controle e fiscalizag8.o sabre produtos quimi~ 
cos que, direta ou indiretamente, possam ser destinados a elaborar;:ao 
ilicita de subst8ncias entorpecentes. Esta lei nao define nenhum crime, 
apenas estabelece normas administrativas referentes aos produtos 
quimicos que podem ser utilizados como insu..rnos na elaborar;:ao de 
substEmcias entorpecentes. Ocorre que o Sr. Presidente da RepUblica 
vetou o aludido dispositive incriminador (art. 14 da Lei n< 10.409). 
Desta forma, atualmente, resta sem tipificagao penal a conduta de 
quem praticar qualquer conduta relac!o~ada a insumos ou produtos 
qulmicos destinados 8. fabricagao de entorpecentes. Exemplos: 
acetona, Bter etilico, toluene, clorof6rmio etc. (Substancias das listas D-
1 e D-2), que sao consideradas precursoras de entorpecentes ou 
insumos quimicos utilizados na fabricag8.o de entorpecente. Est§.o 
sujeitas evidentemente a apreensao, mas nao h8. tipificagao penal. 
Insumo n§.o se confunde com mat8ri8.-prima. A Unica exceyao e o 
cloreto de etila, subst8ncia que comp6e o 'lan9a~perfume', porque 
14 
'~ 
Leis Antit6xicos- Crimes, Investiga<;B.o e Processo 
consta de duas listas: como psicotr6pico (B-1) e como insumo (D-2). 
Assim, as cohdutas relacionadas ao cloreto de etila constituem crime 
segundo a Lei nQ 6.368, uma vez que, me_smo sendo considerado 
insumo (lista D-2) tambem e considerado psicotr6pico (lista B-1) e por 
esta razao a conduta encontra tipificagao no art. 12 caput. 
1.13. Elemento normativo· do tipo 
Os crimes de t6xicos cont8m elemento normative, consistente na 
expressao u ••• sem autorizaqao ou em desacordo com determinagao 
legal ou regulamentar ... "Ausente o elemento normative do tipo a con-
duta e atipica. Pergunta-se: E possivel algu8m tra.Tlsportar cocaina e 
n8.o cometer ciime? A respo.Sta 9 afirmat.iva, desde que tenha 
autorizagao para tanto. E o caso do policial que transporta a droga 
para a realizagao do exame toxicol6gico, acompanhado de oficio da 
autoridade policial. E a situar;:ao de quem adquire drogas em farm8.cia 
para Uso prOprio (rem9dios com tarja preta ou vermelha sujeita a 
retengao de receita), se a aquisig§.o e feita com a receita prOpria -
modelo 'N. ou modelo 'B'. Haven\ o crime, tanto para quem vende (art. 
12, trafico) quanto para quem adquire (art. 16, usuario) se nao existir 
o receitu8.rio apropriado. Assim, farmac8utico, com estabelecimento 
regular, pode ser traficante, basta vender entorpecente em desacordo 
com norma legaL 
No case da pega acusat6ria par crime de t6xicos, e necessAria que 
conste da descrig8.o tipica o elemento normative, sob pena de in6pcia, 
eis que comp6e a tipicidade objetiva. Muitas pessoas adquirem drogas 
em farm8.cia com o objetivo de se 'chapar', como foi o caso de Elvis 
Presley, todavia nao havera o crime se o adquirente tiver a receita 
apropriada para a aquisigao (modelo A ou B ~ receitas que ficam 
retidas). 0 tril.fico- nao esta restrito as condutas que envolvem drogas 
proscritas (ilicitas), mas tamb6m envolve as drogas permitidas, 
autorizadas, sob controle. Ao adquirir rem6dio cuja venda est8. sujeita 
a reteng§.o da receita e, ausente tal requisite, ocorrem dais crimes: 
quem vende incide nas sang6es do art. 12, e quem adquire incorre no 
art. 16. Nao confundir com a venda de antibi6ticos que esta sujeita a 
prescrig§.o ffi€:dica. Neste caso nao se trata de receita especial, mas de 
mera prescric_;:§.o. Em sendo vendido sem esta prescrig8.o haver3. 
somente urn ilicito administrative, revelando-se a conduta irrelevante 
para o direito penaL 
15 
Vilmar Velho Pacheco Filho e Gilberte Thums 
1.14. Tipo penal de conteudo multiple 
A lei elencou 18 verbos no art. 12 caput, 14 verbos no § 1Q, bern 
como vB.rios mJ.tros nos diversos tipos penais, procurando com isto 
cercar todas as possibilidades de desenvolver qualqu.er conduta rela-
cionada a entorpecentes para que seja tipica. Por outro lado, 8 precise 
compreender que, mes1no realizando o agente vfuios comportamentos 
descritos nos tipos, nurn Unico contexte f8tico, :incidir8. apenas uma vez 
na lei repressiva. Exemplificando: o agente que for flagrado na rua 
vendendo cocaina e que tamb8m traz consigo macoiLl)_a e haxL"{e, bern 
cmno ainda guarda em casa certa quantidade de LSD, na verdade 
praticou vB.rias condutas tipicas, mas sofrera a sangao Unica pela 
infring8ncia ao art. 12, porque o crime 8 contra a salide pUblica e n§.o 
contra u.rn nUmero indiscriminado de pessoas. 0 juiz podera na 
sentenga considerar as conseqii&ncias do crllne para elevar a pena-
base, mas nao pode considerar urn concurso material de crimes. Assim, 
se urn traficante, durante urn pequeno periodo de tempo, foi filmado 
vend8ndo droga par8. 15 pessoas, nao havera 15 cfrmes, mas apenas 
um, porque colocou em perigo a salide pUblica. 
Observam-se alguns equlvocos na doutrina quanto ao recoP.he-
cimento do crime Unico, da forma continuada e do concurso material. 
Num c~so hip0t_8ti~o: qu_Bm impor~11 .ce~m quiio"~.-~e cocaina.~-:tem em 
depOsito uma tonelada de macollha, -e ainda traz consigo 200 doSes- de 
LSD, praticou, em tese, tres condutas tipicas, mas deve ser consi-
derado o contexto fatico em que o agente foi fiagrado (preso), na medi-
da em que as condutas tipicas dependem de comprovagao da 
materialidade. Se foi preso quando trazia consigo o LSD (1 a conduta 
tipica) e depois a policia encontrou em sua casa urn estoque de 
maconha (2a conduta tipica) e ainda encontrou documento ou gravou 
conversa telef6nica sobre importag§.o de cocaina (3a conduta tipica, 
tentada), nao representam crimes em concurso material, 1nas uma 
lesao Unica a saUde pUblica, como crime de perigo que 8. Evidenternen-
te o juiz devenUevar em conta na fixagao da pena o maior perigo social 
que as condutas representarn, par esta razao o art. 12 possui uma pena 
tao elastica (reclusao de 03 a 15 aDos, al8m da multa). 
Nao basta filmar um agente importando, armazenando, ou venden-
do, .cocai11a, porque este comportamento existe apenas no m1mdo dos 
fatOs, mas juridicamente s6 tera existencia pela comprovagao da 
materialidade, na hora da prisao. Desta forma, deve-se ficar atento para 
as condutas que sao materials e as que s§.o formais. Assim, mesn10 
16 
Leis .A.ntitOxlcos - Crimes, 1nvestigagao e Processo 
realizando infuneras condutas materiais, sen1a formalizagao do flagrante, 
elas nao t&m exist8ncia juridica. No exemplo em tela ha 03 condutas 
tipicas, mas urn s6 crime. Todavia, se o agente fosse flagrado, 
isoladamente, praticando as referidas condutas, em condig6es de tempo 
e lugar bern distintas, nao haveria dUvidas do concurso de crimes 
(continuado ou material), mas realiza:.1do vB.rias condutas tipicas nu..rn 
Unico Contexte tatico, n§.o se pode afirmar- que ofendeu o bern juridico 
tutelado mais de 1.una vez. Se assim n§.o fosse, quem vendesse droga a 
varias pessoas num Unico momenta, praticaria t&"1tos crimes quantos 
fossem OS adquirentes. Isto seria um equivoco, por~e 0 "crime nao e 
contra a sat1de da pessoa, mas contra a saUde da coletividade. FLYJ.aliza-
se com outro exemplo: a· poll cia monitora a atividade cri_mi..'1osa de uma 
quadrilha de trafica..11tes durante urn consideravel periodo de tempo, 
retardando os flagrantes com o objetivo de identificar mais pessoas bern 
como a abra11g&ncia da sua atividade criminosa. Assim, os policiais 
fi1.-nam os criminosos praticando v3rias condutas tipicas e com diferentes 
tipos de drogas, esperando o momenta oportuno para fazer o flagrante. 
Ap6s quase seis meses de investigagao, surge a oportunidade em que 
toda a quadrilha foi presa com enorme quantidade de cocaina sendo 
exportada, o que perrnitiu inclusive a pris§.o de outra quadrilha no 
exterior. 0 crime foi Unico, contra a saUde pUblica, majorada pelo tr6fico 
internacional e mais o crime autOnomo de ~ssociag.aa: para tr8.fico _(a_r:t. 14), 
Se fOsse- ·outro b entendimento, haveria luna _Centena: .de_ Crimes,_ sem 
materialidade, 0 que }evaria a COndenagS.o dOS agentes por n1ais de urn 
s8culo, embora s6 cumpr'..ssem 30 anos. Portanto, e precise ter cautela ao 
se reconhecerem condutas tipicas que exigem materialidade e n§.o houve 
a autuagao em flagrante, porque nao basta a existencia da conduta 
apenas no mu..ndo fB.tico, e imprescindivel cmnprov6.-1a juxidicamente. 
1.15. Crime continuado 
E possivel que ocorra uma situagao de concurso de- crimes de 
entorpecentes (concurso material, crime co.ntinuado). Supondo-se a 
hip6tese de un1 agente ser preso en1 flagrante por tratico de drogas e, 
uma semana ap6s, fugir do presidio, sendo novamente preso por outra 
conduta de tr8.fico. Neste caso, se o intervale de tempo entre urn crime 
e outro for igual ou inferior a 30 dias, pode-se reconhecer a figura do 
crime continuado. No caso de m~diar tempo superior a este parfunetro, 
tem-se a figura do concurso material de crimes. Nao se pode cohfundir 
corn a situagao de quen1 comete vB.rias condutas tipicas num Unico 
17 
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n 
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-----.: 
~. 
Vilmar Velho Pacheco Filho e Gilberta !bums 
contexte :ffitico, hip6tese de crime Unico: Nem se pode imaginar que, 
uma vez preso o agente por tr8.fico de drogas, possa continuar a traficar 
sem cometer nova figura tipica. E o ~aso·~ de quem foi preso em 
flagrante por tratico e no presidio contlnua a desenvolver o mesmo 
comportamento. Havera neste caSo concurso de crimes. Esta situa9ao 
tarYl.-b8m se caracteriza no caso de haver ~rimes conexos, como o roubo, 
homicidio etc. Embora objetiv8mente _ presente a figura do crime 
continuado, h8. de· se ter presents a restri98.o dos tribunais superiores 
no que tange a unidade de designio e ao 6bice da habitualidade 
criminosa, quando o agente faz do delito: um meio de vida. Em sintese: 
8 possivel reconhecer-se a figura da con;tinuidade delitiva em materia 
de t6xicos, desde que presentes os elementos da temporalidade e da 
unidade de designios, nao olvidando a situagao da profissionalizagao 
da atividade criminosa, que afasta a benesse legal. 
1.16. Analise dos elementos objetivos do artigo 
12, caput 
0 art. 12 e considerado 0 crime; de trafico de entorpecentes, 
embora o legis!ador nao !he tenha atribujdo este 'nomen juris'. Tarnbem 
n8.o foi consignado no tipo a id8ia de me~cancia ou destina98.0 da droga 
a terceiro12. Trata-se de perigosa t8cniba legislativa em face da nao 
exigEmcia de elemento subjetivo. Qu~quer conduta que encontre 
adequa98.o no art. 12 pode ser considerada traficfulcia. Diverse 8 o tra-
tamento penal do usufuio de drogas. Assim, n§.o demonstrado o ele-
mento subjetivo do tipo para usa proprio, para fins do art. 16, a conduta 
e de tr8.fico13. E uma tecnica estUpida de legislar, porque a traficfulcia 
12 ''A noc;ao legal de tril.fico de entorpecentes nao sup6e, necessariamente, a pr8.tica de atos 
onerosos ou de comercializa~8.o" (STJ, HC 69.806/GO, rel. Ministro Celso de Mello, DJ 
04/6/93). 
13 "R8u denunciado por trafid.ncia que terrPinou condenado pela !>ip6tese do art. 16 da Lei 
n.Q 6.368: Se o r8u, preso em flagrante, admite que tinha em guarda certa qua..'1tidade d_e 
"cocaina" e de "maconha", acondicionadas em pacotinhos, mas nega ser viciado. 
usuitrio ou simples experimentador da d.roga, evidente que a esp8cie delitual ocorrente 
nao pode sera de posse para usa prOprio. A circunstB.ncia de haver o flagrado entregue, 
esponta!)eamente, tr8s ''trouxinhas" da subst8.ncia que guardava em seu dormitOrio, nao 
empalidece e nem desautoriza a conclusao de que a parte maier, meio "tijolo" de 
cocaina. escondido no veiculo pertencente ao acusado, teria destina~ao mercantiL Apelo 
ministerial provide. Reclassificaram o fatO como trB.fico ilicito de subst&ncias 
entorpecentes" (TJRS, AC 695160432, !'"Camara Criminal, reL Des. Luiz Felipe Vasques 
de MagaHuies, j. 07.08.96, un8.nime}. 
18 
Leis Antit6xicos - Crimes, Investigac;ao e Processo 
e urn requisite que depende de prova, embora nao conste do tipo. Com 
isto o legislador nivelou todas as pessoas <iue tenharn qualquer vinculo 
com t6xicos e nao seja para uso prOprio. Com. o intuito de resguardar o 
principia da reserva legal e todos os seus desdobramentos e, 
interpretando a lei de forma sistem8.tica, conclui-se que trafic8.ncia 
cont8m urn elemento subjetivo implicito_ A pec;a acusat6ria deve 
mencionar esSa situa98.o de destinagao a terceiros, sob pena de in6pcia 
e, caso n8.o fique comprovada, podera restar desclassificada a conduta 
para o art. 16. 
A conduta de traficar significa realizar qualquer dos 18 verbos 
descritos no artigo 12. com o objetivo de destinar;:iio da droga a terceiro. 
0 tipo subjetivo se esgota no 'dolus naturalis'. Assim, o fornecimento 
gratuito de droga a terceiro constitui trafico, n§.o importando se hit ou 
n§.o intuito de lucro na conduta14. 
A lei nivelou no mesmo t'ipo o traficante que explora a mercancia, 
cuja agao e lesiva a coletividade de uma forma grave, com pequenas 
condutas insignificantes que n8.o t8m o condiio de prodrtzir a mesma 
lesividade. E o caso da cess§.o gratuita de droga a terceiro, ou o ato de 
compartilhar droga entre ami.gos. Parte da doutrioa e da jurisprudencia, 
todavia, n§.o tern considerado esta conduta como trafic8.ncia, tanto que 
na proposta de alteragao da Lei no 10.409, ja em trarnitagao no 
Congresso Nacional, a matBria 8 tratada como quest§.o de uso pr6prto15. 
0 tr8.fico tamb6m pede ser atribuido a quem tern autorizag§.o para 
vender droga, como e o caso das farmacias. Assim, o farmac8utico 
pode traficar, caso venha a vender medicamentos sujeitos a reten98.0 
da receita (tarja preta ou vermelha) no caso de n§.o exigir e reter a 
receita, notificando o 6rg§.o pUblico de saUde competente. 
Estando preenchido o elemento normative 'sem autorizagao', sera 
tipica a conduta. Todas as condutas descritas no artigo 12 e seus 
par<:igrafos, bern como no art. 13, constituem o crime de tr8.fico ilicito de 
entorpecentes, delito assemelhado a hediondo, nos termos do art. 21!, 
da Lei nQ 8072/90. Ha alguns julgados em tribunals estaduais que niw 
reconhecem como trafico as condutas descritas nos parB.grafos do art. 
12. Para reconhecer-se a trafic§.ncia deve-se levar em considera9ao n§.o 
14 STJ, RESP 172969/MG, DJ 29/6/99, p. 136.15 A proposta de altera9ao do art. 20-A (vetado) ter:: a segufnte reda9ao: "§ 4< Quem 
oferecer. eventualmente. sem objetivo de lucre. a pessoa.de seu relacionarnento. prcduto, 
subst§.ncia ou droga, considerados ilicitos ou q::.e causem dependE;ncia ftsica ou 
psiquica. para juntos a consumirem, incorre P.as medidas previstas no caput." 
19 
' 
Vilmar Velho Pacheco Filho e Gilberto Thurns 
s6 a quantidade de droga envolvida no evento, mas urn conjunto de 
circunstancias, nos termos do art. 30 da Lei w 10.409/2002 (natureza 
da droga, produto ou subst§.ncia apreendida, o local ou as condig6es 
em que se desenvolveu a agao criminosa, as circunst§.ncias da prisao, 
a conduta, a qualificagao e os antecedentes do agente). A a..l'18.lise 
desses elementos permitira concluir pela existEmcia ou niio da conduta 
de tr-<ifico. A Suprema Corte j;§.. reconhBceu que, ernbora pequena a 
quantidade de droga fornecida a terceiros, nao ha como afastar 0 
tr8.fico16. IVIuitas vezes a quantidade de droga 8 tao grande que dis-
pensa comentarios. E a hip6tese de apreensao de 1.150 kg de maconha 
transportada num cami:r1_ .. 11_§o. HS. urn preconceito no meio policia1 sabre 
a quantidade. As vezes o usufuio de droga traz consigo mais de uma 
dose, sendo preso ao acaso e, mesmo assim, a autoridade faz a tipifi-
ca<_tiio no art. 12, levando em conta apenas a quantidade da droga. 
'Irata-se de urn equivoco, porque_o Onus de provar do trMico 8 de quem 
acusa, exceto nas grandes quantidades. 1\.1uitas vezes a posse de ape-
nas uma dose de droga pode--ser:'!-lma,:·c_onduta de trafico, enquanto a 
posse de algumas dOses pOde-serpara-uso pr6prio17. 
16 A ieglsla9iio penal brasileira n§.o faz qualquer distino:;ao, para efeito de configural_i§.o tlpi-
ca do deli to de tratico de entorp_e?~ntes;= entre_-_ o _?ornp_ortamento daque1e _que -fornece 
gratuitamente a .dro9a e a .Cond-uta:-_dQ -qiie;:€ill_-cai_a:tin;_ pro_fissional, comercializa a sl,lbs-
_t§ncia _t6xica, Qu Q\1~.9-~r.a.·a~P?P~~~~};a}f~i~~~~Uj:iS_.\_(r~J.icS::·_A_cessao gratuita de--substan-
ciS. €nt0rp6Cerite- (dciridrafb ·cte ·cocaina): eqtliva1e;- juridicamente;--ao· f~r;;,ecimento one-
rosa de substffilcia t6xica, pelo que ambos -OS comportamentos realizam. no p!ano da 
tipicidade penal, a figura-d8fitUOSa dci~tnlli'CO de entorpecentes, que constitui objeto 
de previs§.o legal consta.nte do- art~ 12; da Lei n>r6.368/76. A condenaq§.o penal pelo crime 
de tnllico nao -e vedada peloJato de .ser tamb8m o agente um usuiuio da droga - NS.o 
descaracteriza o delito de trafiCo de Subst<ill.cia entorpecente o fato de a Policia haver 
apreendido pequena quantidade do t6x:ico em poder do reu. 0 'habeas corpus' constitui 
rem6dio processual inadequado para a a1181ise da prova, para o reexarne do material 
probat6rio produzido, para a reapreciat;ao · da materia de fato e, tambem, para a 
revalorlzar;ao doS elementos L>istrUt6rios coligidos no processo penal de conhecimento 
(STF, 1a Turma, HC 74420/RJ, re1. Min. Celso Mello, DJ 19/12/96, p. 51.768; Ver tamb6m: 
HC 69.806, HC 68.677, HC 68.974 e HC 68.958). 
17 Urna quantidade razoiivel de t6xico pode nao estar vinculada. ao trafico. Esta 
necessariamente, para autorizar a condenao:;ao nos termos do art. 12 da Lei 6.368/76, 
deve esta:::- acompanh.ada de um somat6rio convincente de outras provas q:ue indiquem 
que ira o agente dar outra destinat;2o que· nao o uso prOprio. 0 crlt8rio da si..rnples anil.lise 
da pory§.o apreendida 8 simplista e prec8.rio. Apelo parclalmente provido {T JRS, 3"' 
C§.mara Criminal, Apelayao CrirPinal 694104753, rel. Des. Moacir Da,"'lilo Rodrigues). 
Exigir-se, como regra, prdva da finalidade comercial da maconha apreendida 
(independentemente da quautidade} em poder do agente, para tipificar o delito do art. 
12 da Lei de T6xicos, 8 inviabilizar o combate ao tr8.fico, deixando .a sociedade 
desprotegida e, ao mesmo tempo, abri..r comportas a disseminaqao das drogas RJTJRGS, 
128/161. 0 privilegiamento do uso p:!"6prio n§.o se compadece com quantidade expres-
20 
Leis Antit6xicos -Crimes, lnvestiga<;i:io e Processo 
Supondo~se a hip6tese de alguem que vai passar f8rias numa ilha 
e leva na sua bagagem, para uso prOprio, 50 cigarros de maconha. Se for 
preso pela policia, evidenten1ente sera enquadrado no art. 12 e tratado 
como traficante, s6 que a policia nao possui nenhum elemento de prova, 
a18m da quantidade, para afirmar que se trata de trafico. Assim, a 
pergunta que nao quer calar: quais sao as circunst§.ncias, alem da 
quantidade, que indicam com s8guran<;:a tratar-se de urn traiicante, 
considerando que a· pris§.o foi feita ao acaso, nwna revista de rotina? 
Ora, o tnllico niio se presume, prova-se, demonstra-se com elementos 
circunstanciais. A quantidade 8 apenas um par§.metro. Em razao disso, 
fica o a1erta para o perigo do excesso acusat6rio. Quem deve provar a 
trafic§._11cia 8 o 6rgi:io de persecugao penal. S6 assim, evitar-se-8. a pr3.tica 
de grandes injusti9as contra viciados, que s§.o pessoas doentes 8 
necessita.m de ajuda do Estado, mas nao de 'tratamento prisional'. 
1.17. Formas tipicas 
Algumas coildutas sao fonnais, enquanto outras sao materiais. 
Pode-se observar muita incoer8ncia do legislador ao igualar todas as 
condutas do art. 12 como tra£ico. A seguir serao examinados os verbos, 
que exprimem condutas tipicas de t:r:afic8JJ._cia: __ _ 
-Iil1J.)Oitar - E fazer com que a droga entre no pais; atraves da 
transposig8.o de espago fisico-territorial, por qualquer via, 1naritima, 
terrestre, aerea e por qualquer meio, inclusive carregada no estOmago, 
como 8 o caso da pessoa que faz o papel de 'mula'. A consumag8.o, 
siva. RJTJRGS 122/107. A circunst&.ncia de ser pequena a quantidade de maconha 
encOntrada em poder do rEm ni:m prejudice a tipicidade do crime previsto no art. 16 da 
Lei de T6xicos. Tem sido esta a orientao:;ao dominante 11esse egr6gio Tribunal de Justiqa 
{RJT,J'RGS, 143/58) e no Supremo Tribunal Federal (RE 109.553-9 · reL Min. Oscar Correa, 
mesmo sentido, LEX 16/202). Isto porque o referldo artigo niio disth'1gue, para fins de 
coro.iigt:raqB.o de delito. a posse de quantidade maior ott me:1or de maconhfl.. A ;:ipicidade . 
esta iigapa as propriedades da droga, ao perigo social e proteqfw ria saUde ptilllica, e n§.o 
2. leshridade comprovada em cada caso concreto {RJTJRGS 150}197}. 0 bem j~ldico q>.Je 
tutela 8 a saUde pUblica. Sua preocupaqao n§.o 8 a de evitar os males causados pela 
droga -&.queles que a consomem, mas o de evitar o risco a integridade social que os 
entorpecentes acarretam. E crime de perigo comum, presumido em carater absolute, 
bastando a realizaqao de uma das condutas proibidas. Assim, e o terfia 8 padfico, a 
posse de pequena quantidade mas que permita o fazimento de urn cigarro ou sua 
utilizat;ao em maricas, caracteriza o delito de portar au guardar entorpecente para usa 
prOprio {RjTJRGS 150/197 e 235}. 
21 
~ 
~ .. 
~. 
.~ 
Vilmar Velho Pacheco Filho e Gilberto Thums 
segundo a doutrina, ocorreria com o ingresso da droga em territ6rio 
nacional, todavia h8. controv&rsia a resp~ito~nos 'Iribunais Superiores, 
porque ocorrem cases em que a 'mercadoria' 8 apreendida na 
alf§..ndega. Neste caso h8. entendimento~ de· .que nao se consumou a 
i.nlporcaqao. Necess8.rio fazer a distinqaq qua:"lrle existir ou nao zona 
fiscal. Assim, a tra.Tlsposig§.o da fronteira,· sem fiscalizagao, consuma a 
importag§.o com o mero ingresso no telnt6rio nacional. Todavia se 
houver zona alfandeg8.ria e a droga 8 aJ?reendida, h8. de se levar em 
conta dais aspectos: primeiro, se o agefi,te ttaz consigo a droga ou a 
est8. transportando, neste case o n6.cleoj tipico n8.o e o importar, que 
estaria na forma tentada, mas aquelas Gondlutas que est§.o na forma 
censumada, no caso, transportar ou tr~zer consigo; segundo, se a 
droga 8 remetida por meio de transpo!,te nao do prOprio traficante 
(aeronave,navio etc.), caso em que haVer& tentativa de importagao. 
Exemplilicando: o agente pretende importar LSD atraves dos Correios, 
sendo a droga apreendida pela Policia Alfau1degaria, sem chegar ao 
importader, neste case hEl tentativa. A cOntroversia se estabelece em 
. face do significado do verba importar, s~ far considerada completa a 
importa98.o com a simples entrada no pais, o crime estar8. consumado, 
mas se for exigido superar o obstaculo da alfandega, havera a 
tentativa. A mat&ria comporta discuss§.d. E"'>identemente, se o agente 
importa por conta prOpria fazendo o tran$porte pessoalmente e 8 preso 
na entrada do pais, n§.o hli falar-se em tePtativa de importag<io, mas de 
crime consumado de tnifico porque: jti. consumada a conduta 
transportar, ou trazer consigo. E o caso :cte quem vern ao pais por via 
a&rea sendo preso na alf8.ndega do aeroPorro. 
Outro aspecto que deve ser consideiado e a nao aplicag8.o do art. 
334 do CP na importag§.o de subst§.ncias:entorpecentes, na medida em 
que c conflito aparente de normas h8. d~ se resolver pelo principia da 
especialidade. Portanto, entre o art. 12 da Leino 6368 eo art. 334 do CP, 
aquel-a prepondera sabre este. 
';'xoortar - Consiste em fazer com que a droga saia do pais com 
desti:J.c a outre. Aplicam-se os mesmos Parametres acima analisados. 
A cor:.sumaga.o s6 ocorre com a efetiva ~aida do pais. Se a droga, por 
exe.r::plo, for apreendida no aeroporto e estiver na posse de algu8m, 
nao se cogitara de tentativa de exportar{ m<aS de crime censumado por 
tra.."'"lsportar, trazer consigo etc. Isso ocOrre em face da multiplicidade 
de verbos do tipo (tipo penal de conteudo variado). Todos os agentes 
en~tc~vidos com o ilicito ser§.o responsabiliz;ados como participes ou co-
22 
,, 
Leis Antit6xicos - Crimes, Investiga~ e ProceSso 
autores da conduta j8. consumada. Toda;.,ia se a droga j8. estci embar-
cada (navio, aviclo comercial etc.) com destine ao exterior e nao estiver 
na posse do agente, configurar-se-8. a tentativa. 
Trafico intemacional- E uma causa de :n.ajoragao de pena no caso 
de trMico, todavia, a internacionalidade ·:::.ao se caracteriza pela mera 
importag§.o ou exportag§.o, caso fosse assir.:;. toda a cocaina existente 
no Brasil seria produto de tratico L."lter:::.acional e todos os agentes 
seriam responsahilizados pela majorante de a.rt. 18, I, da Lei no 6368. A 
mat&ria sera objeto de analise no item prOprio referente ao art. 18. 
Remeter Consiste em enviar, etlcaminhar, dar destinag§.o, deslo-
cando a droga, sem praticar outras condutas como: trazer consigo, 
transportar, vender. A simples remessa da droga consuma o crime, sem 
necessidade de chegar ao destinat3.rio, per isso 8 dilicil reconhecer a 
forma tentada, diversamente de vender, importar. Todavia, h8. 
entendimentos de que se configura a forma tentada de remeter no caso 
do agente que coloca a droga em. envelope nas caixas coletoras dos 
Correios, mas n§.o chega ao destinat8rio, porque nao (oi despachada, 
eis que apreendida no setor de triagem dos Correios. Assim, o agente 
tentou remeter. 
Produzir - Significa criar a droga, D.B.O e a fabricag§.o ou indus-
trializagao da droga, mas sao os atos q:ue d8.o origem a subst&ncia 
entorpecente atrav8s de processes quiillicos desenvolvidos que 
propiciam o surgimento da droga. Crime de dificil caracterizagao. Nao 
se trata de mera conduta de misturar subst&..Tlcias, que pode constituir 
a conduta de preparar o entorpecente ?roduzir seria urn ato de 
inven98.o ou descoberta. Se a conduta for para uso pr6prio, 8 impossivel 
aplicar o art. 16, pela aus8ncia do verba m.:dear neste tipo. 
Fabricar - :E um processo em esc2a ir.dustrial. Fade ocorrer em 
laboratOries de grandes empresas, inclusive com substfulcias para fins 
terap8uticos, por8m sem autoraagao de· 6:gao competente. A grande 
maioria das subst8.ncias entorpecentes sac prodt;.t-8s resultantes de 
processes industriais. De acordo coc ·a Conve:;.-;:§.o Unica sabre 
Entorpecentes {NY, margo de 1961), a fabr:icayao e :.1m processo qt1e 
nao seja de produgao e que permita obte: entorpecente, inclusive a 
refina<_;:B.o e a transformayao de urn ent0rpecente e outro. A conduta 
fabricar 8 uma variante da produgao e de ;:reparo. 
23 
ViJmar Velho Pacheco Filho e Gilberta Thums 
Prenarar- E U..'TI processo que envolve composig§.o ou decomposi-
98.o de elementos qu.i.micos, quer pela reuni§.o, quer pela separa9ao de 
subst8.ncias. N§.o pode ser confundido com a adulterag§.o, falsificag§.o 
ou corrupg§.o de substancias entorpecentes atraves de mistura de 
outrcs elementos. E a hip6tese do agente que est8. adicionando 
lidoc::::in.a (8 urn anest8sico) a cocaina para aumentar seu faturamento. 
N§.o se trata de prepara98.o, m3.s de simples posse de cocaina. Atual-
mente sao muito Utilizadas a lidocaina e a benzocaina para 'batizar' a 
cocai..11a, ;.isto que produzem o mesmo efeito anest8sico da cocaina ao 
se fazer o teste da gengiva. Os traficantes obt8m maier lucre quando 
adicionam outros elementos quimicos a cocaina. A posse, comer-
cializag§.o ou trw...sporte de lidocaina ou benzocaina depende de auto-
rizagao do Min. da SaUde. Desta forma, ausente a autoriza98.0, cabe 
apenas a apreens§.o, mas n§.o h3. possibilidade de incid8ncia do art. 12, 
porque n§.o consta da lista de subst§.ncias proibidas. 
Adauirir- E uma forma· de.obter·a·propriedade, a titulo oneroso 
(mediante pagamento) ou gratuito, .. e .. comprar a droga. A conduta 
adquirir consta do ert. 12 e do art. 16, o que distingue um tipo do outro 
e a destina98.o da droga. A consumagao desta conduta depende da 
efetiva tradig§.o da droga ao adqUirente. Nao 6 pacifica a interpretag§.o 
de?ta co_nduta, porem o ST J yerp_f!r¥lan.do jurisprud8ncia no sentido de 
que ... enquaiJ.to a droga nao_.eS_tiV:ei. .. Bffi-.-.j)Oder do adquirente,. nEw se 
consumou a aquisig§.o, restando o conatus. H8. entendirnento 
contr8J:io18 como qual nao concordamos. 
Vender- Significa a alienagao da droga ou transfer8ncia a terceiros 
mediante pagamento em dinheiro ou outro bern, pede ser uma troca, por 
exemplo: u...rn viciado subtrai do pai urn aparelho de som e troca-o por 
droga. 0 traficante vendeu, e o usufuio adquiriu o entorpecente. E a 
conduta mais comum do traficante nas conhecidas 'bocas' ou 
'quebradas'. Discute-se tamb8m a possibilidade de tentativa bern como 
a for!!la de consmnagaO, isto 8, se h<i exig8ncia da efetiva entrega d_a 
droga ao adqu.i.rente ou se basta a mera efetivagao do 'neg6cio'. Na 
dout~.w.""1a predo:rni;.J.a o entendimer:ito do aspecto formal da conduta, o 
mesmo ocorrendo com o STF19. No STJ, entretanto h8. julgados 
<· 
18 RODRIGUES, Jo§.o Gaspar. T6xicos: abordagem critica da Lei 112 6368/76. Carnpinas: 
B::xJkse!Jer, 2001, p. 109. 
19 HC 71.853 
24 
Leis A.'1tit6xicos- Crimes. Investiga\=ao e Processo 
admitindo a forma tentada. Supondo-se a conduta de um traficante que 
vendeu a droga, recebeu o dinheiro, mas ainda n§.o a entregou ao 
adquirente. A segu.ir, apanha a droga num esconderijo e, instantes 
antes da entrega, e preso pela policia. Nao texn lugar a discuss§.o acerca 
da vend a, eis que o agente 'traz consigo' a droga para vender, portanto 
a conduta tipica na forma consumada e 'trazer consigo' e n§.o_vender, na 
forma tentada. Entendemos que 'vender' exige a tradi98.o, em que pese 
a exist&ncia de respeitB.veis posi96es em contr8.rio. 
Exnor a venda -- E simplesmente mostrar a droga ao interessado 
na compra, e:Dbi-la cmn o intuito de vender. E urna conduta al8m de 
permanente, formal, que se consuma com a mera exposig§.o a venda. 
Oferecer- E fazer oferta as pessoas, aos possiveis interessados. 0 
metoda mais usual e a abordagem pessoal ou via telef6nica, ocorre 
quando o traficante recebe novos estoques e oferece a conhecidos e 
busca outros interessados na aquisi98.o. 
Fornecer. ainda cue aratuitamente- N§.o significavenda ou mera 
entrega, mas representa a agao de quem abastece, como se fosse uma 
fonte, · isto quer dizer que tern como intuito a entrega reiterada; 
continuada, da droga ao compradores, e como··se··fosse. urn· atacadista. 
JEt ·a hi'bdalidaae--cte·rorhe"cimeiltb·g!atllito, ·CoriiO" e·o caso "da cessao ou 
divis§.o eventual entre amigos, nao pode ser tipificada no art. 12, 
porque n§.o traduz id8ia de abastecimento ou provis§.o com habi-
tualidade. Compartilhar droga entre amigos, sem ideia de traficancia, 
configura hip6tese tipica no art. 12, mas n§.o deve ser considerada 
como tal. 
Ter em dep6sitq - E ter urn estoque da droga, com intuito de 
reten9ao. N§.o e necess8.rio ser o proprietfuio da droga, a conduta pede 
ser realizada por pessoa que apenas tern o espago fisico, mas tan1b6m 
pode ser do prOprio traficante. 0 depOsito traz a id8ia de armazena~ 
mento e perfectibili.za a situagao de crin1e permanente. N§.o e neces-
s8.rio que o agente esteja junto ao t6xico, nem e exigivel a comprovaq§.o 
da destinag8.o da droga, se para venda ou uso. 
Guardar - Significa manter a vigil&ncia ou ter sob seu cuidado a 
droga, em nome prOprio ou para terceiro, tambem significa ocultar a dro-
ga, quer para uti1iza98.0 posterior no caso do usu8.rio, que a esconde na 
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~~·'ff7(P f ?']!""~$--W7 w ~ 
Vilmar Velho Pacheco Filho e Gilberto Thums 
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geladeira, num roupeiro ou num fundo falJo, quer com a finalidade de 
tritfico. Normalmente sao quantidades n1enores, que facilmente sao 
escondidas. Tamb8m 8 crime permanente. Nao 8 necess3.rio que o 
agente esteja no local na hera da apreensa;6, basta que exerqa a guarda 
sobre a droga. A disting8.o entre 'guarda:f' e 'ter em depOsito' 8 bem 
dificil, j8. que do ponte de vista l8xico a~ e:;wress6es s§.o sinOnimas. 
Pesquisa doutrinarta sabre a distffig§.o moftrou-se est8ril Portanto nao 
faz sentido discutir os contornos das cQndutas - guardar e ter em 
deposito - que se equivalem. 
Transportar - E deslocar a droga de lum ponto a outre atrav8s de 
um meio de transporte. Est a conduta e p~aticada pelo agente que est a 
na posse do veiculo ( autom6vel, mota, Bmbarcag§.o, aeronave etc.) e 
realiza o deslocamento da droga. Nao dev~ ser confundida com remeter, 
porque esta conduta 8 realizada por outrb agente, que nao transporta, 
' mas destina a droga a terceiro utilizando-:se de qualquer meio. Remeter 
e enviar a droga e nao transport8.-la, poiitanto se vislumbra a ·ag8.o de 
outre agente. Ha algu9m responsavel peia remessa e outre pelo trans-
porte. :E crime perrnanente, enquanto a _droga estiver s~ndo transpor-
tada o delito esta em consumagao. Se ol agente traz a droga junto ao 
corpo ele n§.o 'transporta', mas 'traz co~igo'. 
E muito comum a conduta de transportar sem consciencia de que 
se trata de droga e que esta cometencio urn fate tipico. 0 motorista 
que esta sendo utilizado, muitas vezes _:como 'mula', carrega a droga, 
mas nao sabe o contelldo ou a natureZa da mercadoria. Trata-se, na 
verdade, de autoria mediata, denomina_do por Welzel como o homem 
que atua per tr8.s, que rnanobra urn inodente, que nao estB. cometendo 
crime em face da aus8ncia do elemento subjetivo, do dolo de trans-
portar mercadoria ilicita. Portanto o '~enter' da operagao 8 o Unico 
criminoso, quando se utiliza de ardil, engodo ou fraude para induzir em 
erro o transportador, que supOe estat,' realizando ato perfeitamente 
licito, por isto nao e 0 agente do crime,: mas 0 instrumento na mao do 
verdadeirO criminoso. Por outro lado; h2. _que se ter muiw cui dado com a 
alega98.o do transportador que alega ci.Ssconhecimento da natureza da 
'mercadoria', visto que o erro deve ser plenamente justific8.vel pelas 
circunst8.ncias. Nao se beneficia do e:To quem levou o veiculo a uma 
oficina para 'prepar8.-lo' para carregar a droga disfar~adamente, quem 
recebeu urn valor incompativel pelo triDsporte (dez vezes o valor nor-
mal do frete), quem e informado que na6 deve ter conhecimento da mer-
cadoria que esta transportando. Em suma, nEw pode a autoridade da 
26 
Leis Antit6xicos- Crimes, lnvestiga~ao e Processo 
persecuq§.o mostrar-se ing8nua, acreditando em vers6es estapafUrdias 
e pueris quanto ao conhecimento da coisa transportada. A 'mula' na 
maioria das ve~es tern plena ci8ncia de que esta fazendo algo errado, 
mas o preqo compensa. 0 Onus do erro de tipO 8 da defesa e deve ser 
comprovado na instrug§..o processual. 
Trazer consiao - E a conduta mais comum, porque o age-nte traz a 
droga em seu poder fisico, normalmente junto ao corpo, nas 'testes, na 
bolsa, na mala, colada ao prOprio corpo com fitas adesivas, as vezes ate 
nas entranhas do corpo (vagina, anus). A pratica colombiana conhecida 
como 'cartel del buche', que consiste em preparar o estomago da 'mUla' 
para transportar c8.psulas de cocaina, identifica a conduta de 'trazer 
consigo' e n8.o de transportar, porque o corpo humano n§.o B um rneio 
de transporte. Assim, trazer junto ao corpo ou interna corporis sera 
sempre 'trazer consigo'. Pede ocorrer confus§.o com a conduta de 
transportar, quando o agente est8. com a droga no porta-me.las do car-
ro, porque ele nao est3. trazendo consigo, mas transportando e, neste 
case, para o art. 12 a tipicidade nao oferece problemas, mas encontra 
6bice no art. 16, porque nao existe a modalidade de tra.nsportar para 
uso prOprio. No case, tem-se interpretado de forma 'forgacia' o verba 
trazer consigo, mas tecnicarnente n§.o esta correto. Na Lei n2 10.409 
havia previs8.o para o transporte para uso prOprio, no entanto todos os 
tipos penais foram vetados e fica a indagac;ao sabre sua tipicidade. 
TambE:m e crime permanente, enquanto o agente estiver trazendc 
consigo, o crime estara em consumag§.o. 
Prescrever - :E prOprio de determinados profissiona!s (m8clico. 
dentista, veterin8.rio) que podem prescrever substfulcias entorpece:c-
tes, desde que em receituB.rio prOprio, conforme exige a Resolugao de. 
ANV!SA (modelo A ou B) e que fica retido na farmacia q-c.e vendeu a 
droga para efeito de controle do Org§.o de saUde. Farr:::ac8utico e 
enfermeiros nao podem ·prescrever; ao contrfuio do que alq..J...."'lS autores 
vern- afirmando, 0 ate de prescrever subst&ncias· ento-Qecentes 2-
prerrogativa de m8dico ou dentista. Charlata.o ou false -=;.8dico :r::ao 
possuem receitufuios padronizados pelo 6rg§.o fiscalizador. ~,isto que :::; 
nome, CPF e CRM v8m impresses no formul8.rio pr6pric. Se o agem:a 
exerce ilegalmente tais profiss6es e prescreve entorpecem:::;- atravBs Ce 
falsificac;ao de receitu8.rios, nao se pode afirmar que houve prescriyEw. 
mas induzimento, instigagao ou auxilio para que alg-..:.8m usasse 
entorpecente (art. 12, § 20, !). 
,. 
Vilmar Velho Pacheco Filho e Gilberte Thums 
Se o agente simplesmente falsifica para adquirir a droga para 
consume prOprio, sua conduta esta tipificada no art. 16- adquirir- pois 
a compra da droga deu-se em desacordo com as normas legais. Para o 
adquirente a situagao e id8ntica a de quem nao possui receita. 
Prescrever 8 urn crime forrrtal, que nao exige a efetiva aquisig§.o da 
droga pelo usu8.rio, basta a simples prescrig8.o, mas 8 preci.so ter cuida-
do, porque se trata de urn a to de prescrever doloso com o fi..m de traficar. 
E o meruco traficante, que prescreve substancia entorpecente sem fins 
-terap8uticos. A consumagao ocorre com a entrega da receita ao 
destinatario, mas admite a tentativa, embora se trate de crime formal. 
Tambem e irnportante distinguir-se o prescrever doloso do art. 12 do 
prescrever culposo do art. 15. Neste o profissional erra a dosagem da 
droga ou o diagn6stico e submete o paciente a uma 'overdose' de entor-
pecente ou a urn tratamento desnecessfuio com drogas licitas. 'IJ:ata-se 
de conduta culposa qu.e sera objeto de analise especifica no art. 15. 
I\lfJnistrar- Tamb6m 8 wna Cbridllta-r8strita a

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