Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( (. ( ( ( ( (. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ·( ( ( ( e. \ ( ( c ( () RT RTJ STF STJ TJMG TJPR. TJRJ TJRS TJSC TJSP - ReViSta dos Tribunais - Revista Trimestral de Jurisprud8ncia - Supremo Tribunal Federal - Superior 1hbunal de Justi<;:a - Tribunal de Justi9a do Estado de Minas Gerais • - Tribunal de Justir;:a do Estado do Parana -Tribunal de Justi9a do Estado do Rio de Janeiro - Tribunal de Justica do Estado do Rio Grande do Sul 0 , -Tribunal de Justi9a do Estado de Santa Catarina I -Tribunal de Justi9a do Estado de Sao Paulo I !9{fu;tJ!~ 4~ t q~J.jok, v~ Vdtw ~~f~-- ~~~!+:~ 1 ~~00~- I I I ·l I ; Prefi'icio . Introdu9ao e. Sumario Primeira Parte Ancilise do Direito Material "ii~ -.::;.-. Capitulo I - Crimes em Especie e Penas ....... ; .......... . 1. Considerar;:Oes gerais ................................. . 1.1. Bern juridico .................................... . 1.2. Crime de perigo presumido, abstrato ............... . 1.3. Crime formal ou material? ........................ . 1.4. Tentativa ...................................... . 1.5. Crime perrnanente .............................. . 1.6. Uso de droga ................................... . 1.7. Materialidade do delito .......................... . 1.8. Norma penal em branco .............. , ........... . 1.9. Lan9a-perfume (cloreto de etila) e sua po!emica ..... . 1.10. Distin<;:ao entre 'substimcia' entorpecente, 'mat~ria-pri ma' destinada a preparagao dE! entorpecente, e 'produto' cujos componerites podem causar depend6ncia, ainda que por uso indevido (art. 243 do Estatuto da Crianga e do Adolescente) ................................. . 1.11. Sementes de plantas destinadas 8. preparag.§.o ou produgao de entorpecentes ................. . 1.12. Insumo ou produto quimico utilizado como precursor para fabricar entorpecentes ....................... . 1.13. Elemento normative do tipo ...................... . 1.14. Tipo penal de conteudo multiple .............. . 1.15. Crime continuado 1.16. Analise dos elementos objetivos do artigo 12, caput ... 1.17. Formas tipicas ..... 1.18. Sanq6es penais .... 1.19. TrMico: indulto ou comuta9ao 2. Condutas equiparadas ao tratico: Art. 12, §§ 1Q e 2Q, da Lei 6.36W76 . ~- ................. . xvii xxi 3 4 4 4 6 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 21 29 31 31 '·· 2.1 .. Art. 12, § 12, I'- inateria·Prima destinada a preparagao de entorpece~te ... . _ .. _ .. ":-t~ . 2.2. Art. 12, § 1il';lnc. rr -· semear, cultivar, fazer colheita . 2.3. Art. -12, § ZQ, inC. I- instigar, induzir ou auxiliar alguem a usar entorpecente 2.4. Art. 12, § 22, inc. II- utilizagao de local ou tolerar que seja utilizado para trafico ou consume de droga .. 2.5. Art. 12, § 22, inc. III, contribuir de qualquer forma para in- centivar ou difundir o uso indevido ou trafico de drogas . 3. Aparelhos, maquinismos e objetos destinados ao triifico ... 4. Associa9ao criminosa para trEifico 5. PreScrever ou n1inistrar culposamente subst§.ncia entor- pecente ............................................ . 6. Uswirio de entorpecentes . . . . . . . . . . ........... . 6. L A (in)constitucionalidade do art. 16 da Lei w 6368176 7. Sigilo da investigag6es 8. Majorantes do art. 18 . , ..... . 8.1. Tril.fico internacional e CompetEmcia 8.2. Abuse de fungao pUblica e de missao de guarda e vigi- lEtncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .......... . 8.3. Associaqao para traficar ou visar a menor de 21 anos ou hipossuficiente ......... . 8.4. Local da trafic§.ncia 9. Isengao de pena 9. 1. Exarne de depend8ncia toxico16gica 10. Quadro sin6tico Segunda Parte Anitlise da Fase Investigat6ria Capitulo II - Procedimento Comum - Fase Policial .. 1. Medidas Investigat6rias Comuns . 1.1. Exame de Constatagao ....... . 2. Medidas Investigat6rias Especificas 2.1. Infiltragao de- Agentes Oficiais nas Associag6es Crimi- nosas... . .. , .... 2.2. A Nao-atuagao Policial 32 33 39 39 40 41 42 45 46 49 50 53 54 59 59 62 63 65 67 73 77 81 84 89 97 • 5 I 1 2.3. Ouebra dos Sigilos de Dado?, DOf"\J-H!-entos, Informaq6es, Sistemas Informatizadps e G9D1-uniCaq6es Telef6niCas·· -..--2.3.1. Acesso a dados, documentos e informag6es fiscais, . ban_cclrias, patrimoniais e financeiras .. 2.3.2. Colocagao, sob vigilancia, por periodo deterrninado, de contas banc;8.rias 2.3.3. Acesso, por periodo determinado, aos sistemas· informatfzados das instituiq6es financeiras · 2.3.4. Interceptaq§.o e gravagao das cornunica<;:6es telef6- nicas 3. Prazo do Inqu8rito Policial ... 4. Relat6rio de Conclusao do Inqu8rito Policial 5. Quadro sin6tico ...... . Capitulo III - Diligencias Complementares e Laudo Toxi- col6gico . . . . ...... , . . . ............. , .. , . , .. . 1. Dilig8ncias Complementares e Laudo Toxicol6gico .. 2. Quadro sin6tico ................. , ...... , .. . Terceira Parte Pris§.o e Liberdade Provis6ria nOs Crimes de T6xicos Capitulo IV - Medidas Privativas da Liberdade e Crimes de T6xicos 1. Prisao em Flagrante Delito 2. Pris§.o TemPor8.ria .. 3 . Pris§.o Preventiva 4. Quadro sin6tico ..... Capitulo V - Liberdade Provis6ria em caso de Flagrante par Trafico de Drogas .................. , . , ........ . 1. Liberdade Provis6ria em caso de flagrante por tr<ifico de drogas 2. Quadro sin6tico Ouarta Parte ~olabora~ao do Agente Capitulo VI - Colaboragao Prerniada .... , ....... . 1. Colaboragao Antes do Oferecimento da DenUncia- 102 104 105 106 108 116 119 121 125 125 128 131 131 139 142 145 147 147 149 153 153 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ·"' ~ ..1.1" r~_ c!i! ~, A: !J ' I " ' ' J l ' • I \ '' J i . '·- I , )' 1> \....._ ' I, • 1.1. Subrestamento do Processo- art. 32, § 20, 1• hip6tese 1.2. R;,dugao da Pen a- art. 32, § 20, 2• hip6tese 2. Colab!>ra~ao Depois do Oferecimento da DenUncia ...... . 2.1. Radu9ao ou Isengao de Pena- art. 32, § 3Q 3. Quadro sin6tico Quinta Parte Analise da Fase Processual Capitulo VII - Ministerio Publico na Fase Pre-Processual .... 1. RequErer ao Magistrado a redistribuigao das pegas de investigagao ........................................ . 2. Reqtrlsitar as Dilig6ncias que entender necess8.rias ....... . 3. Deixaz.:, justificadamente, de propor a agao penal contra os agen1es do delito .................................... . 4. Requ'erer o arquivamento do Irlqu6rito Policial ........... . 5. Oferex:-er denUncia e requerer as demais provas que entender pertin:entes ......................................... . 6. Quad!ro sin6tico . Capitulo VIII - lnstrU<;ao Criminal - Fase Judicial 1. OfereJ:imento da Denuncia e Impulse Oficial ............. . 2. Defes.:t Prelirninar Escrita ............................. . 3. Respnsta do Ministerio PUblico ........................ . 4. Juizo de Admissibilidade ......................... . 4.1. D.r1ig9ncias Imprescindiveis para o Recebimento da Dentincia ....................................... . 4.2. Gases de rejeigao da denUncia ....... . 4.3. Nao Recebimento e Recursos .................... . 4.4. Recebimento da DenUncia e Provid8ncias Posteriores 5. Audil\ncia de Instrugao e Julgamento . . ..... . 5.1. Revelia, SuspenSao do Processo e do Prazo Prescricional 5.2. Urn ou dois interrogatOries? . 5.3. T!llterrogat6rio do Reu,_ Ow1ida das Testemunhas, Debates O.tais ou Memoriais Escritos ..... 5.4. Totalidade dos PrazosProcessuais para a conclusao da Instruc;Ew em caso de REm Preso 6. Quam-a sin6tico 153 158 160 160 161 165 166 168 169 170 172 173 175 179 182 187 189 190 192 196 197 199 200 202 209 213 216 Sexta Parte Senten<;a e seus Efeitos Capitulo IX - Senten9a Criminal .. 1. Sentenga Desclassificat6ria e Juizado Especial Criminal 2. Sentenc;a Condenat6ria ................... . 3. Sentenga Absolut6ria ...... . 4. Quadro sin6tico . . . . . . . . . . .......... . Capitulo X - Prisao Decorrente de Senten9a Condenat6ria e o Direito de Apelar em Liberdade ................ . 1. Prisao Decorrente de Sentenga Condenat6ria e o Direito de Apelar em Liberdade . . . . ................ . 2. Ouadro sin6tico .... Capitulo Xl - Perdimento de Bens Relacionados ao Trafico 1. Perdimento de Bens Relacionados ao Trafico 2. Ouadro sin6tico Anexos I- Lei 10.409, de 11 de janeiro de 2002. II- Mensagem de Veto no 25, de 11 de janeiro de 2002 ....... . III- Lei 6.368, de 21 de outubro de 1976. IV- Projeto de Lei 6.108, de 2002 .. V - Lista das Subst&ncias Entorpecentes Bibliografia • 221 221 228 236 237. 239 239 245 247 247 254 257 271 291 305 315 319 ( ( '. ( ( ( ( ( ( ( ( (((((((((((((((( ., ( Capitulo I. Dos Crimes e das Penas Sumario: 1- ConsideraqOes gerais. 1.1 - Bem ju.ridico. 1.2- Crime de perigo presumido, abstrar:o. 1.3- Crime fonnal au material? 1.4- Tentati-va. 1.5- Crime pennanente. 1.6- Usa de droga. 1:7 -Materialidade do delito. 1.8- Nanna penal em branco. 1.9- Lanya-perfu· me (cloreto de er:ila) e sua pol€lmica. 1.10- Dfstinqiio entre 'subst8ncia' entorpecente, 'materia·prima' destinada a preparaqiio de ento.rpeCente, e 'produto' cujos campo- nantes podem causar depend§ncia, ainda que por usa indevido (art. 243 do Estatuto da Crianqa e do Adolescente). 1.11 - Sementes de plantas destinadas a preparaqiio ou produqiio de entorpecentes. 1.12 -Insumo ouprcduto quimico utilizado como precursor para fabricar entorpecentes. 1.13- Elemento nonnativo do tipo. 1.14- Tipo penal de conteUdo mUltiplo. 1.15- Crime continuado. 1.16- A'11ilise dos elementos objetivos do artigo 12, caput. 1.17- Formas tipicas. 1.18- SanqOes·penais. 1.19- Tratico: indulto ou comutaqao. 2. Condutas equiparadas ao tr8.fico: Art. 12, §§ 12 e 22, da Lei 6.368176. 2.1 -Art. 12, § 12, I -materia-prima destinada .3preparaqiio de entorpecente. 2.2 -Art. 12, § 12, inc. II- semear; cultivar; fazer colheita. 2.3- Art. 12, § ~~ inc. I~ instigar, induzir ou auxiliar alguem a usar entorpecente. 2.4- Art. 12, § 22, inc. II· utilizaqao de local ou tolerar que seja utilizado para tnifico ou consr.uno de droga. 2.5- Art. 12, § ~- inc. III, contribuir de qualquer forma para incentivar au difundir o uso indevi.do ou trafico de diogas. 3 - Aparelhos, maquinismos e objetos destinados ao tratico. 4- Associaqao cri· minosa para tratico. 5- Prescrever ou ministrar culposamente subst8ncia entorpecente. 6- Uswi.rio de entorpecentes. 6.1 -A (in)cof!..stitucionalidade do an:. 16 da Lei m 6368/76. 7- Sigilo da investigaq6es. 8- Majorantes do art. 18. 8.1 - 'fraticointernacional e Com- pet8ncia. 8.2- Abuso de funqao pUblica e de missao de guarda e vigilfulcia. 8.3- As- sor.;iaqao para traficar ou visar a menor de 21 anos ou hipossuficiente. 8.4 -Local da traiickcia. 9 - Isenc;8o de pena. 9.1 - Exame de depend8ncia toxicolOgica. 10- Ouadro sin6tico. Comentanos aos crimes definidos na Lei no 6.368/76, arts. 12 a 17 Art. 12. Importar ou export% remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender_ expor a venda ou oferecer, fomecer ainda que gratuitamente, ter em depOsito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a constLrno subst8.ncia entorpecente ou que determine depend8ncia fisica ou psiquica, sem autorizagao ou em desacordo com deterr:1inaq8o legal ou regulamentar. Pena- Reclusiio, de 3 (cres) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 50 (cinqiienta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. 3 ., Vilmar VeU10 Pacheco FiLI)o e Gilberto Thums 1. Considerag6es Gerais 1.1. Bern juridico A lei antit6x:icos tutela a saUde pUblica, como bern transindividual, da coletividade. Portanto, no caso de se vender droga a algu8m para consume prOprio, o adquirente n§.o e a vitima do tr8.fico, mas sim- o Estado (salide pUblica), que figura cmno sujeito passive imediato, eis que a conduta 'adquirir para uso prOprio' tamb8m constitui crime. A preocupaq§.o da lei n§.o e a de evitar os males causados pela droga B.queles que a consomem, mas o de evitar o risco 8. integridade social que os entorpecentes acarretam. Ate porque a lei nao pode punir a conduta direcionada a autolesiio, tanto que nao incri___mina a conduta de usar drOga. 0 crime e de perigo comtun, presumido ern car8ter absolute, bastando a reaJ.izagao de uma das condutas proibidas. Nao importa se a droga apreendida e capaz de produzir uma les§.o efetiva a salide pUblica .. Assim, e o tema.-8_-padfico, a posse de pequena quan- tidade,- mas que permita o fazimento de um cigarro ou sua utilizagao em maricas caracteriza o delitci de 'trazer consigo ou guardar entor- pecente para usa pr6prio'1: Por~'anto,-o-objeto de protegao legal n§.o 8 a salide do usuario nem do tra:f~?~te,-~ ::nas-- da coletividade, 8 uma quest"a.o que transcende a·pess_oa:e __ c;tin:g-e-·a-popula:gao em gera.J,~ 1.2. Crime de perigo presumido, abstrato 0 entendimento predominante, ernbora n§.o pacifica no STJ e no STI"', 8 no sentido de que a conduta tipica relacionada 8. substfulcia entorpecente e delito de perigo presUinido ou abstrato, nao importando a quantidade apreendida em poder do infrator para sua caracterizaqao, tampouco se a droga objeto da conduta tern o cond§.o de ofender efe- tivamente a saUde pUblica. 0 tipo penal esgota-se com a realizagao de uma das condutas contempladas, sem necessidade de ir1dagagao quan- ta ao resultado, que ate pode existJr, n1as nao e requisite da tipicidade. Dificil, portanto, o-tema da insig-nific§.ncia2. 2 4 RJTJRGS 150/197 e 235. ,. Precedentes que niio recoiLl1ecem o prindpio da insignific8.ncia em materia de t6xicos. No·STJ, 5a Turma, HC 15318/MG, DJ 25/02/2002 (un8.ni..-ue); RHC 11122/RS, j. 19/06/2001 e DJ 20/08/2001 (un8.nime); RESP 290447/MG, j. 13/02/2001 e DJ 12/03/2001 (un3nime); HC 11442/RJ, j. 29/06/2000, DJ 14(08/2000 (unB.nime); RHC 9483/SP, j. 08/06(2000, DJ Leis Antit6xicos -Crimes, lr.vestigaqB.o e Processo A discuss§.o acerca da bagatela em t6xicos reside na reduzida quantidade de droga, que seria incapaz de expor o bern juridico a perigo. N §.o bastaria a mera conduta, seria necess8.rio urn resultado relativamente r8leVfuJ.te, isto f:, deve a droga ter pOtenciallesividade para afetar 0 bern juridico, nao bastando apenas a presenqa do prin- cipia ativo3. A conduta, portanto, deve repercutir na saUde (do usu8.rio) ou interesse pUblico (tnHico), o que n§.o ocorre com as quantidades insignificantes, inferiores a uma- dose de uso. H8. precedente no STF pelo trancamento da a<;;B.o penal por tratico de drogas referente a 0,25g de cocaina, encontrada en1 poder do agente, sem antecedentes crimi- nais. Foi considerada injustific8vel a movimentagao da mclquina judici8.ria pc.ra responsabiliza.r tal agente4. Assim, embora vi6.vel, 8 extremamente dificil a discussao acerca da insignificfulcia, por tratar- se de cri.me de perigo presumido. N§.o se pode, todavia, ignorar a necessidade de existir justa causa pa.ra a agao penal, eis que o juiz pode rejeitar a denUncia na aus8ncia deste pressuposto (a..rt. 39, II, da Lei JJ!2 10.409/2002). Mostra-se absurdo movimentar a mB.quina estatal na persecugao penal contra urn cidad&o que traz consigo alguns fragmentosda folha de rnaconha, quer como sabra de cigarro us ado, quer con1o residue de uma pequena quantidade transportada antes do uso. Assim, quantidades de droga rnuito inferiores a uma dose deve1n ser desconsiderada13 para- efeito de tipificac;ao. especialinente no art. 16 da Lei JJ!2 6.368/76, levando o fato a atipicidade. S6 uma paranOia acusat6ri8. justifica urn processo criminal por fragmentos de droga, na medida em que grandes quantidades sao comercializadas e os 6rgaos de repressao sao incapazes de coibir ou sao coniventes com a traficfulcia, o que gera uma impunidade ern massa, grag:as a in6pcia dos mecanismos repressores. Portanto, preocupar-so 04/09/2000 {un&n.i~e); HC 10871/MG, j. 28/03/2000, DJ 17/04/2000 (unfi<"1Lrne); 6" Tun:na: RESP 212959/MG, j. 24/04/2001, DJ 28/05/2001 (1.m.8.nime); HC 13967/R.J, i- 20/02/2001, DJ 29/10/2001 {p.aioria); HC 11695/RJ, j. 09/05/2000, DJ 29(05/2000 (un§nime); HC 8777/Sl~ j. 13/09/1998, DJ 14/02/2000 {lh"18.n.ime); RESP 24844/SP, j. 06/04/1994, DJ 21/11/199·~ (maioria); No STF: FTm:ma: RECR114251/SP. DJ 18/08/1989 (unfullme); RE:CR 109619/S?, DJ 19/09/1985 {unanlme); RECR 109553/SP, j. 05/08/1986, DJ 19/09(1985 (un8.nime); Seg-unda Turma: BC 81735, Prefeito, DJ 17/05/2002 (un<illime); RECR 113319/SE DJ 23/06/1987 {u..11b>Jme ). Precedentes que admitem o principia da insignific§ncia, todos sao julgados por mai.oria: 6" Turma, RESP 287819/RS, DJ 08/04/2002 (maioria); RESP 286178/RS, DJ 20/08/2001 (maioria); HC 8707/RJ, 21/09/1999, DJ 05/03/2001 (maioria), 3 STJ, RHC 7252/MG, DJ 1Q/6/98, p. 190_ 4 STF, HC 8020/RJ e HC 7977/RJ, 25/3/99. 5 ~ ~ ~, ~, '~ ,, ~ Vi!mar Velho Pacheco Filho e Gilberto Thums em processar usuano pela posse de infima quantidade de droga significa grave erro estrat8gico de persecu98.b penal. 1.3. Crime formal ou material? Os crimes de entorpecentes sao formais, isto 8, basta a realiza<;:§.o da conduta tiptca que o crime esta perfectibilizado, independente- mente da ocorrencia ou nao do resultado de lesao a saude pUblica. Nao confundir com a materialidade do crime, constituida pelos vestigios deixados .pela conduta tipica, que exige sua comprovagao. Considera- se dispens8.vel a ocorrencia do resultado para o reconhecimento da tipicidade d.a conduta. Por exemplo: vender droga, exige para sua consuma9ao a efetiva tradigao ao adquirente, mas a conduta e tipica independentemente da Jesao ao bern juridico. A classificagao do crime em formal ou material leva em conta a lesao ao bern juridico protegido pelo legis lad or. Assim, tanto o crime formal quanta o material admitem a tentativa, distinguindo-se apenas pela necessidade de ocorrer ou nao o resultado. Ha necessidade de apreensao da droga a fim de vertficar se efetivamente se trata de substfulcia que consta da lista oficial. E mister destacar que algumas condutas tipificadas no art. 12 sao for- mais, n§.o exigindo a presenga da droga, como ocorre na prescrigao de entorpecentes sem fins terap6uticos, no induzimento, na instigag§.o para uso de droga, bem como na associagao para traficar. 0 tema sobre a materialidade sera abordado em item prOprio a seguir. 1.4. Tentativa Como regra, o crime de entorpecentes n§.o admite tentativa, tendo em vista a multiplicidade de verbos, que penrite tipificar a conduta j8. consumada em face de comportamento anterior. Exemplificando: se o agente est a vendendo a droga, mas ainda -nao entregou ao adquirente e 8 preso, nao se pode falar em tentativa de 'vender', eis que jEt se encontra consumada a conduta de 'trazer consigo ou ter em depOsito' a droga para fornecirnento a terceiro. Qua..nto as condutas 'adquirir' e 'vender' pode ser discutida a necessidade de haver a tradi98.o da droga ao adquirente, vista que o 'neg6cio' pode ser realizado sem a presen9a da droga. Todavia, deve-se Ievar em conta se o vendedor est8. com a droga em seu poder. Neste caso, embora esteja 'tentando vender', na verdade j8. consumou a conduta ;trazer consigo' para venda. Sob este aspecto torna-se dificil o reconhecimento da 6 ., Leis Antit6xicos- Crimes. Investiga-:;:ao e Prc-ce~so tentativa, por8m, em tese, 8 vi8.vel. Se o agente est8. vendendo droga, mas n§.o a possui consigo quando e preso, a situagao e de tentativa. 0 objetivo do legislador deter inserido muitos verbos nucleares nos tipos penais 6 o de caracterizar a figura tipica na sua forma consurnada, em qualquer fase do 'iter criminis', uma vez realizado o comportamento previsto. Portanto, quem quer 'importar'. droga e a traz no seu carro, sendo preso ao atravessar a fronteira (na zona alfandegaria), nao esta 'tentando importar', mas 'trazendo consigo'; na forma consumada. Isto nao quer dizer que a tentative e quase impassive!. Algumas condutas, conforme a situagao concrete, podem admitir a forma tentada. E o caso de quem 'remete' droga pelo correio, sendo a correspond6ncia apreendida pela EBCT(Empresa Brasileira de Correios e Telegrefos), antes de ser enviada ao destinatarto. Tentativa perfeita5. 0 proprio ST J nao possui entendimento uniforrnizado sobre a mat8ria.6 1.5. Crime permanente Algumas condutas constituem crimes permanentes,- isto e.-- a consumagao do crime se prolonga no tempo, perrnitindo a prisao em flagrante enquanto n§.o cessar a perman8ncia. For Eixemplo: quem guarda droga em casa esta em estado da f1agr8..ncia permanente, podendo ser preso a qualquer momenta, do dia ou da noite, sem mandado judicial, porque a conduta tipica 'guardar' est8. sempre se consumando, n§.o cessando o estado de perman6ncia da ilicitude. Outra hip6tese e o cultivo de plantas destinadas a preparagao de entorpe_centes (art. 12, § 1o, II, da Lei nQ 6368/76), enquanto estiver 5 STJ, RESP 162009/SP. publicado na LEXSTJ 133/381. 6 Em sede de crime de traDco de entorpecentes, na modalidade de remeter a encomenda t6xica por via postal, nao se consuma o delito se a ciroga e. apreendida nos Correios, antes de ser enviada ao destinatirio, configuraiJ.do-se na hip6tese a tentativa perfeita. Recurso especial conhecido e _parciah-nente provide. (STJ. ca Turma data da decisiio 18/05/2000, publicada na LEXSTJ 133/381; RT 782/553). l- ?~:.:C ·Para a configura<;2.o do delito previsto no art. 12 da Lei ~ 5.368/76, na forma de n:a:.-:ter em depOsito ou trazer consigo. niio se exige qualqt;er especial fun de agi!:. II - Se o paciente foi detido em estado de flagnlncia, mantenC.o consigo entorpecente. ilici,~Ce penal esta, de na::.:reza permanente, nao h<& que se asseverar. ern prit1cipio, a ccorr~::c:a de pris§:o ilegal por falta de mandado de busca e apreensao (?recedentes do Pret6r::c Excelso e do STJ). !U ·De resto, o 'habeas corpus· nao se presta para a temativa do :.:::::...--:.ucioso exa.me do ma:erial cognitive." (STJ, sa Turma, j. 14/3/2000, publicada na RSTJ :32/480). 0 crime previsto no artigo 12 da Lei 6.368/76 e de a<_<iio militipla e esta consu:::::e.do na mcdalidade ·'t:azer consigo", niio havendo que se fala: em tentativa de i..-nporta98.0 de subst2ncia entorpecente. (Precedentes) (STJ. 5" Turma, j. 21/10!1999, :JS 22/11/1999, p. 174)_ 7 \ ".l!CJ.CX Velho Pacheco Filho e Gilberta Thums cultivando o cr.!.l:!:s esta em perma..'1ente consun1ag8.o, o mesmo ocorre com 'transportar' e:.c. Observa-se qc.e alguns julgados do STJ entendem que todas as 18 condutas do art. 12 sao crimes permanentes, considerando-se consurnado com a pr2tica de qualquer uma delas. Se a conduta tipica for preexistente a -&.yao policial, legitima-se a prisao em flagrante, sem qJ.e se possa falar em flagrante preparado ou forjado, porque jEt estavam consWLa:::as antes da atuagao dos agentes policiais'l. Nem todas as coadute.s expressam situagao de p8rman8ncia, algumas sao ]nstant8neas (oferec::er, prescrever, ministrar, entregar) enquanto outras s§.o perrna:.'1entes (h'Uportar,exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir. vender, ter em depOsito, transportar, trazer consigo, guardar, expor a venda), depende da complexidade dos atos que d§.o conformac;ao a conduta tipica. Por exernplo: a conduta 'adquirir' s6 se completa com a tradic;ao da droga do fornecedor. Ap6s a aquisig:§.o o agente 'transporta' ou 'traz consigo', e a conduta 'adquirir' agora desimporta. A contusao dos a gentes __ de persecugao penal quanto a indicagao dos ver:b-os pode levar a nulidade do flagrante ou a in&pcia da denUncia. H8. necessidade de uma correta adequagao tipica. Os verbos serao objeto de an8-Jise em item prOprio. 1.6. Uso de droga, Nao configura conctUta tl:Pica o uso do entorpecente. As condutas do art. 16 da Lei rr> 6368/76 sao 'adquirir', 'guardar' e 'trazer consigo' para uso prOprio~ mas a lei nao pUne--o uso. Nem poderia, na medida em que se trata da autolesao da saUde. Se ingerir veneno, na tentativa de suicidio, e uma conduta atipica, a lei nao poderia punir 0 'uso' de subst8ncia ento~ecente. Assim, compartilhar o uso de urn cigarro de maconha entre amigos s6 torna tipica a conduta para quem esta com a droga na mao, quem a esta 'trazendo consigo'. Se algu8m levar um tijolo de maconba a uma festa, por iniciativa sua, e a queimar num recinto fecl}ado ond.e muitas pessoas aspiram a fumaga para se 'cha- par', pode-se ide:2-j:ficar apenas urn a conduta tipica, de quem levou a droga para forile:;:s:r a terceiros. Quem 'usou' - aspirou a fumaga- nao cometeu in.frac;ao penal alguma. Outro exemplo consiste na conduta de auem esta fumalldo um 'baseado' (cigarro de maconha) e segurando-o - ' 7 STJ, HC 15.757/~ ill13.8.2002, p. 291, RHC 9.987/SP, DJ 23.10.2000, p. 148. 8 Leis Antit6xicos- Crimes, Investigaqao e Processo em sua prOpria mao, permite que outra pessoa 'de uma fum ada'. 0 ato constitui f1gura tipica no art. 12, para quem est a na posse da droga, eis que cede gratuitamente a terceiro. Imaginando-se urn individuo tetrapl8gico e que fosse viciado em maconha. Algu8m havera de segurar a droga ou auxiliar o deficiente fisico a fazer o uso da droga. Na hip6tese em tela a conduta sO se mostra tipica para quem auxiliou: art. 12, § :2-Q, inc. I, sendo atipica para o usu3.rio. NB.o se deve corLfundir a conduta de quem faz uso da droga, quando a traz consigo, porq-ue continua 'trazendo consigo', embora esteja usando. Exemplo: quem es- ta fumando um 'base ado' de maconha est8. trazendo consigo sub stEm- cia entorpecente, portanto a conduta 8 tipificada no art. 16. Este tern sido o entendimento pacifica dos tribunais e de parte da doutrina tradicional, 1nas nao se pode negar que quem est8. fazendo uso da droga nao poderia ser penalizado por traz.§-la consigo, porque a lei nao pune a conduta usar. A disting8.o meiece ser feita, porque, enquanto o agente traz a droga consigo para uso prOprio, h.§. possibilidade de forneci- mento a terceiro, em tese, representando um perigo a sal1de pUblica, mas, no memento em que a droga comec;a a ser 'usada' pelo prOprio agente, n§.o h8. que se falar em conduta tipica, porque deixa de existir o verba 'trazer consigo' para dar lugar ao 'usar'. Evidentemente este tema dB. margem a pol8mica. Os conservadores {m?Jtimalistas do direito penal) querem a punlg§.o do usufuio·a qualqu~r custo,_ enquanto os:_-minimalistas su~tent~ a _CtJ)so~uta:. d~sn~cessid?_~~- _·?_e _ repress§.o penal ao consurnidor d8 drogcis, porqu& 8 U.Tii.dOente, -que-·necessita da protec;ao do Estado e nao da punig8.o8. A questao de usuarto sera objeto de an8Jise em item prOprio, mas deve ser consignado que aquele que est8. us~J.do a droga deixa de praticar a conduta 'trazer consigo', configura_ndo situay§.o de atipicidade. 1. '7. Materialidade do deli to A maioria dos crilnes de entorpecentes exige a prova da materia- lidade, na 1nedida e1n que a conduta de_ixa vestigios. Sem a apreens§.o da droga o crime pode ate existir no mundo f.:ltico, mas juridicamente e impossivel cornprovar sua exist8ncia material. Ha afirmay6es doutri- 8 Aqao governamental recente na mldia procura responsabilizar o usuario de droga pela violencia gerada em fun<;iio do narcotrafico. Compara.:;:ao semelhante poder ser feita com os bancos que en.riquecem as custas de verdadeira usura e que seriam tambem respons8veis pelos roubos. 9 ~ ~ Vllmar Velho Pacheco Filho e Gilberta Thurn.s narias de que o crime de t6xicos requer laude toxicol6gico conclusive sabre a droga apreendida, o que representa a rainha das provas no processo penal, porque o juiz nao pede condenar o rEm sem esta prova. Sabe-se que e juiz nae fica adstrito ao laude pericial, todavia em materia de entorpecentes 0 juiz est-a limitado a prova t6cnica, porque s6 0 peri to pode afi.rmar se detenninada 'coisa' e subst&ncia entorpecente ou que determine depend6ncia fisica ou psiquica e se consta da lista oficial. 0 juiz jamais pede rejeitar urn laude toxic016gico para sustentar um decreta cendenat6rie, mas podeni faz8-lo para absolver e reu. Evidentemente ha crimes na Lei n<> 6.368 que nii.o deixam vestigios materials, dispensando o laudo pericial. E o caso do art. 14 (crime de associagii.o para traficar), do art. 12, § 21>, inciso !, induzir, 'instigar pessoa a usar entorpecente', e a hip6tese do art. 12, § 21>, Ill, 'fazer apologia ao tratico ou uso de entorpecentes'. NesseS casas o laude pericial e abso- lutamente dispensavel, ate porque nao ha materialidade. Tambem e possivel a prova indireta, como ocorre na hlp6tese do agente que fomece droga a terceiro e este a ingere, e por complicag6es organicas graves vern a ser internado, ·-constatando-se; nos exames laboratoriais a presenga de cocaina. A materialidade esta comprovada, n8.o por laude toxicol6gico, mas por via inclireta, pelos exames laboratorlais. Neste caso s6 8 punivel a venda ou o fomecimento pelo art. 12, caput, mas nao a conduta do usucirio, por ele nao trazer mais consigo para usa, o que seria urna conduta pret6rita impunivel, uma vez que s6 se justifica a incid6ncia do art. 16 quando o usuario estcl com a droga em seu poder e dela ainda nao fez usa, na medida em que o perigo a salide pUblica sO existe porque a droga pede ser passada a terceiro. 0 aspecto sobre a comprovagii.o da materialidade das condutas sera objeto de aniilise adiante. 1.8. Norma penal em branco Os tipos penais contem normas em branco, porque referem-se a substa...r1eia entomecente ou que cause depend8ncia fisica ou psiauica. 0 art. 3£ da Lei nQ 10.409 foi vetado; porque exigia a fixag§.o em lei das subst8.ncias entorpecentes e provocaria uma 'abolitio criminis' de todos os fates em julgamento ate que viesse uma lei, arrolando estas subst.§ncias. Portanto, em razao do veto, continua valendo o art. 36 da Lei n2 6.368. Quem estabelece a lista de subst&ncias 8 o Minist8rio da Saude, atraves da ANVISA (Agi'mcia Nacional de Vigilii.ncia Sanitaria). A Portaria n2 344/98, da Secretaria de Vigilii.ncia Sanitaria do Ministerio 10 Leis A.'1tit6xicos - Crimes, Investiga<;:ao e Processo da Salide, criou o regulamento t8cnico sobre substfulcias e medicamen- tos sujeitos a controle especial, mas atualmente as subst&ncias cons- tam da Resolugii.o RDC 178, de 17.05.2002, da ANVISA, que discrirnina as listas de subst§.ncias entorpecentes, psicotr6picas, precursoras e outras sob controle especial da Portaria SVS J:1Q 344, de 12.05.1998. 0 mesmo ocorre com o cultivo de plantas destinadas a preparagao C.s- eptorpecentes, que sao discriminadas por nome cientifico. 1.9. Lans;a-perfurne (cloreto de etila) e sua polemica Em dezemhro de 2000, o Presidente da ANVISA, por ato unilateral, portanto sem compet8ncia administrativa, editou a Resolugao 1C4, retirando o cloreto de etila da lista F-2 (substii.ncias de uso proscrito no Brasil) e o incluiu na lista D-2 (lista deinsumos utilizados na preparao;:ao de entorpecentes), e como nii.o havia norma per:al incriminando as condutas relativas aos insumos, stibst§.ncias quirnicas, utilizadas na preparagao, transformagao ou fabricagao de entorpecentes, entendeu-se que fora descriminalizado o langa-perfu.rne no Brasil. 'Ibdavia na semana seguinte ocorreu a republicag8.o da Resolugao 104 da ANV1SA e foi corrigido o equivoco, tendo o cloreto de etila sido incluido, tambem, na lista B-1 (substii.ncias psicotr6picas). Mals adiante, atraves da Resolugao 178, a ANVISA proibe a prescrio;:ao do cloreto de etila para fms m8dicos. Assim, esta subst8ncia consta atualmente de duas listas (insumos e psicotrOpicos). Na doutrina surgiram correntes pela descriminalizagao, embora tempor&ria, mas o STJ sedimentou entendimento no sentido de que nii.o ocorreu 'ahoJTcio criminis', nem para as condutas anteriores, porque a decisao do Presi- dente era nula de pelo direito9. For decisao un3nime da Terceira Seg§.o. 9 Inocorrente a 'abolitio criminis' em face da exclusao, pela Resolugao RDC 1C..;. Ce 06/12/2000 {DOU 07/12/2000), tomada pelo Diretor-Presidente da Ag8nc_ia Nacior;;a: -:ie Vigilfmcia Sanitaria- Al'\fVJSA. ad referendum da Diretoria Colegiada. do cloreto do; ;::.:_,_ da Lista F2- Lista de SubstB.ncias Psicotr6picas de Uso Proscrito- no Brasil eo incl;:i:: ::c. Usta D2 - Lista de Insumos Quiroicos Utilizados como Precursores para a Fabrica~i.:: e Sintese de Entorpecentes e/ou Psicorr6picos. Resoluqao que foi republicada, de~a :';::..= com a decisao da Diretoria Colegiada da AN""VISA incluindo o cloreto de etila na :.:.::--:a B1 - Lista de Substancias Psicotr69icas. Pr<&tica de ato regulamentar manifesta.v::o;:::e invalido pelo Diretor-Presidente da Ai'iVISA. tendo em vista clara e juridica=e::te indiscutivel a nao caracterizao:;:ao da urg6ncia a autotizar o Diretor-Pre-sidente a C~-:a:. isoladamente, uma resoluo:;:ao em nome da Diretoria Colegiada (Precedente). Cr::-::r::". denegada. (STJ, 5" Turma, HC 21.004/MG, rel.. Min. Felix Fischer. DJ 10/06/2CC2 :::: 00238). Recurso especial. Penal e administrative. Norma penal em branco. Tr§.E::: i-=:- Vilmar Velho PacheCo Fllho e Gilberto Tb.ums o ST J retificou entendimento anterior relative ao langa-perfume, reco- nhecendo a traiidL11cia10. 1.10. Distinc;ao entre 'substancia' entorpecente, 'materia- prima' destinada a preparac;ao de entorpecente, e 'produto' cujos componentes podem causar dependencia, ainda que por uso indevido (art. 243 do Estatuto da Crianc;a e do Adolescente) 0 art. 12 cia Lei de T6xicos trata de subst8.ncias, como por exem- plo: cocaina, heroina, LSD, anfetrunina, cloreto de etila, THC etc. Jti o § 12, incise I, do art. 12, trata de 'mat8ria-prima' destinada a preparaqao de entorpecente. Na pr<itica, encontram-se vcLrios julgados que reconhecem nas subst&ncias quimicas utilizadas para produgao de droga a 'mat8ria-prima', o qu_e-_constitui enorme equivoco11. 0 insu..rno ou a subst8.ncia utilizada para·reagoes quimicas jamais sera 'materia- prima'. Exempliiicando: a folha da coca ( erythoxyb.L>n coca Lam.). que nao contBm subst8.ncia entorpecente, 8 a mat8ria-prirna utilizada para entm:pecente:Cloreto d;;;-~tij~:-(-ianr;a-:.Perfuffi6FR6solU9~o-tomada, isolada e solitariamen- te, pelo" diretor-_p:iesicteiite d8. -Ageiidii"N<i_CiO:ili:i.l-·ae-Vig>JMcia- Sanitfuia, 'ad referendum' da diretoria, exciuindo o lan.ga-perftnne da lista de subst8.:1cias de usa proibido. Ato niio contemplado co=n o benephicito da diretoria coleg:iada; que o cassou. Ato nulo, por incompetencia do seu signatario; nao-produz eieitos. ~oliticio crimi.t1is'. Inocorrencia. -Inclicios de prZt'e-a de crime pelo agente pUblico. Remessa de pegas ao ministEuio pUblico federal, a tear do a..'t. 40, do CPP. Recurso a que se nega provimento (ST J, 5" 'I\u-ma, RESP 299659/RJ, rel. Mi::. Jose A..-:naldo da Fonseca, j. 07/02/2002, DJ 18/03/2002, p. 00285). 10 A Eg-n?gia Terc:-:o~a Seg3.o deste Superior Tribunal de Justiga, em sua atual composigao, modificou o seu antigo entendimento no tocante ao cloreto de etila (langa-perfume), passando a classific<.i-lo como subst@cia t6xica Cujo comercio configura o crime de tnifico de entoQOCentes. - Nao configura trafico internacional a importagao de langa- perfu.me, prod~E.o de comercializagao e uso proibido no Brasil, se I'Jio hS prova de 8.quisigao do ;>roduto no mercado exterior. - Conflito conhecido. Compet€mcia da Justi9a Estadual {STJ, 2" Se~ao (unfulime), Conilito.de Compet8ncia 34.379/PR, rel. Min. Vicente Leal, DJ OS/9.'2U-J2. p. 160). 11 "1vi:at€ria-Drh"-:::a -. ::;;a:-a efeito do inciso l- do par.- 1.11 do a.."""t. 12 da lei n. 6.368/76, abranoe nao s6 as- s©s-_a;_cias destinadas exclusivamente a prepara9i.i.o de drogas como, igu~ mente, aquelas c;-..:e, eventualmente, se prestam a esse objetivo. II- Se o material apreen- dido se desth!ava, ou ni:io, -ao preparo de entorpecente, isto exigiria um aprofundado exame da prova, o que e vedado nos estreitos limites do '\'\'Tit'. III- T6picos ni.i.o aprecia- dos np egregio wJJunal 'a quo' desmerecem ser, diretamente, conhecidos. 'Writ' parcial- mente cor>..heddo e, nessa parte, indeferido (STJ, HC 5699/RO, reL Min. Felix Fischer, j. 12/05/1997, DJ 01/09/1997, p.40852). 12 Leis AntitOxicos- Crimes, Investigagao e Processo a produqao da cocaina, que s6 e obtida atraves de processos quimicos de laborat6rio. Diferente e a situaqao da maconha (Cannabis sativa L.) que jcl possui o THC nas suas folhas, pronto para uso. A natureza ja produziu a subst8.ncia, neste caso a tipificarz:B.o est8. no caput do art. 12. Assiln, a folha da coca e rnat8ria-prima, objeto do art. 12, § 1Q, I, en- quanta a maco~a cont8m a substEmcia, tipificada no caput do men- cionado artigo. Eter, acetona, toluene, clorof6rmio nao podem ser considerados n1at8ria-prima para produzir entorpecentes, porque sao considerados por lroi (Lei n2 10.357/2001) apenas insumos destinados a produg§.o de entorpecentes. Assim, por rrlais subst8.ncias que se adicionem a elas ou se combinem entre si, jamais dania origem a subst§.ncia entorpecente. Materia-primae a S1J.bst8.ncia b8..sica imprescind.ivel nwn processo de fabricagao, que dara origem a urn novo produto ou subst8....TJ.cia entorpecente. 0 'produto' cujos componentes podem causar depend&ncia, ai'1da que por utilizaq§.o indevida, n§.o cont8m 'subst§.ncias' entorpecerites, mas outras subst§ncias como o alcool, Dicotina, alcatr§.o, acetona, tolueno, c1orof6rmio etc. que podem causar dependencia, mas ni:"w foram catalogadas nas listas do Min. SaUde. sao as bebidas alco6licas, os cigarros de tabaco, a cola de sapateiro ( cont8m toluene) e o conhecido 'lol6' (composto qu~ico de -acetoi18.,-t~luepp e_ clorof6rmio, podendo variar os L'""lgredientes). Estas subst8.ncias podem-- causar depend§ncia, mas nao constan1 da lista da ANVISA. Porta...TJ.to, se urn adulto traz consigo 'lol6' a conduta e atipica, mas_se vender, fornecer gratuitamente, ministrar ou entregar de qualquer forma a crianrz:a ou adolescente, sem justa causa, estar8. cometendo o· crime do art. 243 do Estatuto da Crianga e do Adolescente. 0 elernento normativo 'justa causa' significa que o agente s6 comete o crime se ten1 ci8ncia do fim a que se destina o produto. Exemplo. Vender cola de sapateiro para um adolescente 'a granel', colocando em recipiente para uso 5.ndevido. 1.11. Sementes de plantas destinadas a preparac;ao ou produc;ao de errtorpecentes A lei trata da mat8ria no art. 12, § 12, inc. I, incriminando as con- dutas semear, cultivar e fazer colheita, portanto n8.o h8. tipificagEw para quem transporta, traz consigo, guarda 13tc., as sementes, na medida em que semente nao e mat8ria prima, bern como nao e substfulcia, logo se trata de conduta atipica, sujeitando~se apenas a apreensao do 13 ~. ~·. Vllmar Velho Pacheco Filho e Gilberte Thums material. Assim, quem esta transportarido sementes de maconha em via pUblica n8.q 1 pratica conduta tipica, salvo numa hip6tese: quando as sementes estiverem impregnadas de residues de p6 com o principia ativo (THC), neste caso esta transportando 'substancia' entorpecente, embora se trate exclusivamente de sementes, respondendo o agente pelo art. 12 caput. Fora esta hip6tese, ~s sementes de plantas como m21.Conha, coca etc., livres do principici ativo sao condutas atipicas, salvo a agao de semear, que significa lailgar a semente a terra. 1.12. Insumo ou produto quimico utilizado como precursor para fabricar entorpecentes 0 art. 9Q da Lei no 10.409 exige :1icen9a preVIa da autoridade sanit8.ria para produzir, extrair, fabricar,:transfonnar, preparar, possuir, manter em depOsito, importar, exportar, reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, v6pder, comprar, trocar, ceder ou adquiri.r, para qualquer fim, produto, substancia ou droga ilicita que cause dependencia fisica ou psiquica, ou prqduto qufmico destinado a sua preparagao, observadas as demais exigencias legais. No art. 14 da Lei no 10.409 havia a incriminagao da conduta de trafico relativo a insumo ou produto quimico destinado a preparagao de produta, subst8.ncia ou droga ilicita, au que cause depend8:ncia fisica au psiquica, sem autorizag8.o do 6rg8..o competente ou em desacordo com determinag§.o legal ou regulamentar. Em razao clisso foi eclitada a Lei no 10.357/2001 que estabelece norrnas de controle e fiscalizag8.o sabre produtos quimi~ cos que, direta ou indiretamente, possam ser destinados a elaborar;:ao ilicita de subst8ncias entorpecentes. Esta lei nao define nenhum crime, apenas estabelece normas administrativas referentes aos produtos quimicos que podem ser utilizados como insu..rnos na elaborar;:ao de substEmcias entorpecentes. Ocorre que o Sr. Presidente da RepUblica vetou o aludido dispositive incriminador (art. 14 da Lei n< 10.409). Desta forma, atualmente, resta sem tipificagao penal a conduta de quem praticar qualquer conduta relac!o~ada a insumos ou produtos qulmicos destinados 8. fabricagao de entorpecentes. Exemplos: acetona, Bter etilico, toluene, clorof6rmio etc. (Substancias das listas D- 1 e D-2), que sao consideradas precursoras de entorpecentes ou insumos quimicos utilizados na fabricag8.o de entorpecente. Est§.o sujeitas evidentemente a apreensao, mas nao h8. tipificagao penal. Insumo n§.o se confunde com mat8ri8.-prima. A Unica exceyao e o cloreto de etila, subst8ncia que comp6e o 'lan9a~perfume', porque 14 '~ Leis Antit6xicos- Crimes, Investiga<;B.o e Processo consta de duas listas: como psicotr6pico (B-1) e como insumo (D-2). Assim, as cohdutas relacionadas ao cloreto de etila constituem crime segundo a Lei nQ 6.368, uma vez que, me_smo sendo considerado insumo (lista D-2) tambem e considerado psicotr6pico (lista B-1) e por esta razao a conduta encontra tipificagao no art. 12 caput. 1.13. Elemento normativo· do tipo Os crimes de t6xicos cont8m elemento normative, consistente na expressao u ••• sem autorizaqao ou em desacordo com determinagao legal ou regulamentar ... "Ausente o elemento normative do tipo a con- duta e atipica. Pergunta-se: E possivel algu8m tra.Tlsportar cocaina e n8.o cometer ciime? A respo.Sta 9 afirmat.iva, desde que tenha autorizagao para tanto. E o caso do policial que transporta a droga para a realizagao do exame toxicol6gico, acompanhado de oficio da autoridade policial. E a situar;:ao de quem adquire drogas em farm8.cia para Uso prOprio (rem9dios com tarja preta ou vermelha sujeita a retengao de receita), se a aquisig§.o e feita com a receita prOpria - modelo 'N. ou modelo 'B'. Haven\ o crime, tanto para quem vende (art. 12, trafico) quanto para quem adquire (art. 16, usuario) se nao existir o receitu8.rio apropriado. Assim, farmac8utico, com estabelecimento regular, pode ser traficante, basta vender entorpecente em desacordo com norma legaL No case da pega acusat6ria par crime de t6xicos, e necessAria que conste da descrig8.o tipica o elemento normative, sob pena de in6pcia, eis que comp6e a tipicidade objetiva. Muitas pessoas adquirem drogas em farm8.cia com o objetivo de se 'chapar', como foi o caso de Elvis Presley, todavia nao havera o crime se o adquirente tiver a receita apropriada para a aquisigao (modelo A ou B ~ receitas que ficam retidas). 0 tril.fico- nao esta restrito as condutas que envolvem drogas proscritas (ilicitas), mas tamb6m envolve as drogas permitidas, autorizadas, sob controle. Ao adquirir rem6dio cuja venda est8. sujeita a reteng§.o da receita e, ausente tal requisite, ocorrem dais crimes: quem vende incide nas sang6es do art. 12, e quem adquire incorre no art. 16. Nao confundir com a venda de antibi6ticos que esta sujeita a prescrig§.o ffi€:dica. Neste caso nao se trata de receita especial, mas de mera prescric_;:§.o. Em sendo vendido sem esta prescrig8.o haver3. somente urn ilicito administrative, revelando-se a conduta irrelevante para o direito penaL 15 Vilmar Velho Pacheco Filho e Gilberte Thums 1.14. Tipo penal de conteudo multiple A lei elencou 18 verbos no art. 12 caput, 14 verbos no § 1Q, bern como vB.rios mJ.tros nos diversos tipos penais, procurando com isto cercar todas as possibilidades de desenvolver qualqu.er conduta rela- cionada a entorpecentes para que seja tipica. Por outro lado, 8 precise compreender que, mes1no realizando o agente vfuios comportamentos descritos nos tipos, nurn Unico contexte f8tico, :incidir8. apenas uma vez na lei repressiva. Exemplificando: o agente que for flagrado na rua vendendo cocaina e que tamb8m traz consigo macoiLl)_a e haxL"{e, bern cmno ainda guarda em casa certa quantidade de LSD, na verdade praticou vB.rias condutas tipicas, mas sofrera a sangao Unica pela infring8ncia ao art. 12, porque o crime 8 contra a salide pUblica e n§.o contra u.rn nUmero indiscriminado de pessoas. 0 juiz podera na sentenga considerar as conseqii&ncias do crllne para elevar a pena- base, mas nao pode considerar urn concurso material de crimes. Assim, se urn traficante, durante urn pequeno periodo de tempo, foi filmado vend8ndo droga par8. 15 pessoas, nao havera 15 cfrmes, mas apenas um, porque colocou em perigo a salide pUblica. Observam-se alguns equlvocos na doutrina quanto ao recoP.he- cimento do crime Unico, da forma continuada e do concurso material. Num c~so hip0t_8ti~o: qu_Bm impor~11 .ce~m quiio"~.-~e cocaina.~-:tem em depOsito uma tonelada de macollha, -e ainda traz consigo 200 doSes- de LSD, praticou, em tese, tres condutas tipicas, mas deve ser consi- derado o contexto fatico em que o agente foi fiagrado (preso), na medi- da em que as condutas tipicas dependem de comprovagao da materialidade. Se foi preso quando trazia consigo o LSD (1 a conduta tipica) e depois a policia encontrou em sua casa urn estoque de maconha (2a conduta tipica) e ainda encontrou documento ou gravou conversa telef6nica sobre importag§.o de cocaina (3a conduta tipica, tentada), nao representam crimes em concurso material, 1nas uma lesao Unica a saUde pUblica, como crime de perigo que 8. Evidenternen- te o juiz devenUevar em conta na fixagao da pena o maior perigo social que as condutas representarn, par esta razao o art. 12 possui uma pena tao elastica (reclusao de 03 a 15 aDos, al8m da multa). Nao basta filmar um agente importando, armazenando, ou venden- do, .cocai11a, porque este comportamento existe apenas no m1mdo dos fatOs, mas juridicamente s6 tera existencia pela comprovagao da materialidade, na hora da prisao. Desta forma, deve-se ficar atento para as condutas que sao materials e as que s§.o formais. Assim, mesn10 16 Leis .A.ntitOxlcos - Crimes, 1nvestigagao e Processo realizando infuneras condutas materiais, sen1a formalizagao do flagrante, elas nao t&m exist8ncia juridica. No exemplo em tela ha 03 condutas tipicas, mas urn s6 crime. Todavia, se o agente fosse flagrado, isoladamente, praticando as referidas condutas, em condig6es de tempo e lugar bern distintas, nao haveria dUvidas do concurso de crimes (continuado ou material), mas realiza:.1do vB.rias condutas tipicas nu..rn Unico Contexte tatico, n§.o se pode afirmar- que ofendeu o bern juridico tutelado mais de 1.una vez. Se assim n§.o fosse, quem vendesse droga a varias pessoas num Unico momenta, praticaria t&"1tos crimes quantos fossem OS adquirentes. Isto seria um equivoco, por~e 0 "crime nao e contra a sat1de da pessoa, mas contra a saUde da coletividade. FLYJ.aliza- se com outro exemplo: a· poll cia monitora a atividade cri_mi..'1osa de uma quadrilha de trafica..11tes durante urn consideravel periodo de tempo, retardando os flagrantes com o objetivo de identificar mais pessoas bern como a abra11g&ncia da sua atividade criminosa. Assim, os policiais fi1.-nam os criminosos praticando v3rias condutas tipicas e com diferentes tipos de drogas, esperando o momenta oportuno para fazer o flagrante. Ap6s quase seis meses de investigagao, surge a oportunidade em que toda a quadrilha foi presa com enorme quantidade de cocaina sendo exportada, o que perrnitiu inclusive a pris§.o de outra quadrilha no exterior. 0 crime foi Unico, contra a saUde pUblica, majorada pelo tr6fico internacional e mais o crime autOnomo de ~ssociag.aa: para tr8.fico _(a_r:t. 14), Se fOsse- ·outro b entendimento, haveria luna _Centena: .de_ Crimes,_ sem materialidade, 0 que }evaria a COndenagS.o dOS agentes por n1ais de urn s8culo, embora s6 cumpr'..ssem 30 anos. Portanto, e precise ter cautela ao se reconhecerem condutas tipicas que exigem materialidade e n§.o houve a autuagao em flagrante, porque nao basta a existencia da conduta apenas no mu..ndo fB.tico, e imprescindivel cmnprov6.-1a juxidicamente. 1.15. Crime continuado E possivel que ocorra uma situagao de concurso de- crimes de entorpecentes (concurso material, crime co.ntinuado). Supondo-se a hip6tese de un1 agente ser preso en1 flagrante por tratico de drogas e, uma semana ap6s, fugir do presidio, sendo novamente preso por outra conduta de tr8.fico. Neste caso, se o intervale de tempo entre urn crime e outro for igual ou inferior a 30 dias, pode-se reconhecer a figura do crime continuado. No caso de m~diar tempo superior a este parfunetro, tem-se a figura do concurso material de crimes. Nao se pode cohfundir corn a situagao de quen1 comete vB.rias condutas tipicas num Unico 17 ~- .-~ ,., n ~ -----.: ~. Vilmar Velho Pacheco Filho e Gilberta !bums contexte :ffitico, hip6tese de crime Unico: Nem se pode imaginar que, uma vez preso o agente por tr8.fico de drogas, possa continuar a traficar sem cometer nova figura tipica. E o ~aso·~ de quem foi preso em flagrante por tratico e no presidio contlnua a desenvolver o mesmo comportamento. Havera neste caSo concurso de crimes. Esta situa9ao tarYl.-b8m se caracteriza no caso de haver ~rimes conexos, como o roubo, homicidio etc. Embora objetiv8mente _ presente a figura do crime continuado, h8. de· se ter presents a restri98.o dos tribunais superiores no que tange a unidade de designio e ao 6bice da habitualidade criminosa, quando o agente faz do delito: um meio de vida. Em sintese: 8 possivel reconhecer-se a figura da con;tinuidade delitiva em materia de t6xicos, desde que presentes os elementos da temporalidade e da unidade de designios, nao olvidando a situagao da profissionalizagao da atividade criminosa, que afasta a benesse legal. 1.16. Analise dos elementos objetivos do artigo 12, caput 0 art. 12 e considerado 0 crime; de trafico de entorpecentes, embora o legis!ador nao !he tenha atribujdo este 'nomen juris'. Tarnbem n8.o foi consignado no tipo a id8ia de me~cancia ou destina98.0 da droga a terceiro12. Trata-se de perigosa t8cniba legislativa em face da nao exigEmcia de elemento subjetivo. Qu~quer conduta que encontre adequa98.o no art. 12 pode ser considerada traficfulcia. Diverse 8 o tra- tamento penal do usufuio de drogas. Assim, n§.o demonstrado o ele- mento subjetivo do tipo para usa proprio, para fins do art. 16, a conduta e de tr8.fico13. E uma tecnica estUpida de legislar, porque a traficfulcia 12 ''A noc;ao legal de tril.fico de entorpecentes nao sup6e, necessariamente, a pr8.tica de atos onerosos ou de comercializa~8.o" (STJ, HC 69.806/GO, rel. Ministro Celso de Mello, DJ 04/6/93). 13 "R8u denunciado por trafid.ncia que terrPinou condenado pela !>ip6tese do art. 16 da Lei n.Q 6.368: Se o r8u, preso em flagrante, admite que tinha em guarda certa qua..'1tidade d_e "cocaina" e de "maconha", acondicionadas em pacotinhos, mas nega ser viciado. usuitrio ou simples experimentador da d.roga, evidente que a esp8cie delitual ocorrente nao pode sera de posse para usa prOprio. A circunstB.ncia de haver o flagrado entregue, esponta!)eamente, tr8s ''trouxinhas" da subst8.ncia que guardava em seu dormitOrio, nao empalidece e nem desautoriza a conclusao de que a parte maier, meio "tijolo" de cocaina. escondido no veiculo pertencente ao acusado, teria destina~ao mercantiL Apelo ministerial provide. Reclassificaram o fatO como trB.fico ilicito de subst&ncias entorpecentes" (TJRS, AC 695160432, !'"Camara Criminal, reL Des. Luiz Felipe Vasques de MagaHuies, j. 07.08.96, un8.nime}. 18 Leis Antit6xicos - Crimes, Investigac;ao e Processo e urn requisite que depende de prova, embora nao conste do tipo. Com isto o legislador nivelou todas as pessoas <iue tenharn qualquer vinculo com t6xicos e nao seja para uso prOprio. Com. o intuito de resguardar o principia da reserva legal e todos os seus desdobramentos e, interpretando a lei de forma sistem8.tica, conclui-se que trafic8.ncia cont8m urn elemento subjetivo implicito_ A pec;a acusat6ria deve mencionar esSa situa98.o de destinagao a terceiros, sob pena de in6pcia e, caso n8.o fique comprovada, podera restar desclassificada a conduta para o art. 16. A conduta de traficar significa realizar qualquer dos 18 verbos descritos no artigo 12. com o objetivo de destinar;:iio da droga a terceiro. 0 tipo subjetivo se esgota no 'dolus naturalis'. Assim, o fornecimento gratuito de droga a terceiro constitui trafico, n§.o importando se hit ou n§.o intuito de lucro na conduta14. A lei nivelou no mesmo t'ipo o traficante que explora a mercancia, cuja agao e lesiva a coletividade de uma forma grave, com pequenas condutas insignificantes que n8.o t8m o condiio de prodrtzir a mesma lesividade. E o caso da cess§.o gratuita de droga a terceiro, ou o ato de compartilhar droga entre ami.gos. Parte da doutrioa e da jurisprudencia, todavia, n§.o tern considerado esta conduta como trafic8.ncia, tanto que na proposta de alteragao da Lei no 10.409, ja em trarnitagao no Congresso Nacional, a matBria 8 tratada como quest§.o de uso pr6prto15. 0 tr8.fico tamb6m pede ser atribuido a quem tern autorizag§.o para vender droga, como e o caso das farmacias. Assim, o farmac8utico pode traficar, caso venha a vender medicamentos sujeitos a reten98.0 da receita (tarja preta ou vermelha) no caso de n§.o exigir e reter a receita, notificando o 6rg§.o pUblico de saUde competente. Estando preenchido o elemento normative 'sem autorizagao', sera tipica a conduta. Todas as condutas descritas no artigo 12 e seus par<:igrafos, bern como no art. 13, constituem o crime de tr8.fico ilicito de entorpecentes, delito assemelhado a hediondo, nos termos do art. 21!, da Lei nQ 8072/90. Ha alguns julgados em tribunals estaduais que niw reconhecem como trafico as condutas descritas nos parB.grafos do art. 12. Para reconhecer-se a trafic§.ncia deve-se levar em considera9ao n§.o 14 STJ, RESP 172969/MG, DJ 29/6/99, p. 136.15 A proposta de altera9ao do art. 20-A (vetado) ter:: a segufnte reda9ao: "§ 4< Quem oferecer. eventualmente. sem objetivo de lucre. a pessoa.de seu relacionarnento. prcduto, subst§.ncia ou droga, considerados ilicitos ou q::.e causem dependE;ncia ftsica ou psiquica. para juntos a consumirem, incorre P.as medidas previstas no caput." 19 ' Vilmar Velho Pacheco Filho e Gilberto Thurns s6 a quantidade de droga envolvida no evento, mas urn conjunto de circunstancias, nos termos do art. 30 da Lei w 10.409/2002 (natureza da droga, produto ou subst§.ncia apreendida, o local ou as condig6es em que se desenvolveu a agao criminosa, as circunst§.ncias da prisao, a conduta, a qualificagao e os antecedentes do agente). A a..l'18.lise desses elementos permitira concluir pela existEmcia ou niio da conduta de tr-<ifico. A Suprema Corte j;§.. reconhBceu que, ernbora pequena a quantidade de droga fornecida a terceiros, nao ha como afastar 0 tr8.fico16. IVIuitas vezes a quantidade de droga 8 tao grande que dis- pensa comentarios. E a hip6tese de apreensao de 1.150 kg de maconha transportada num cami:r1_ .. 11_§o. HS. urn preconceito no meio policia1 sabre a quantidade. As vezes o usufuio de droga traz consigo mais de uma dose, sendo preso ao acaso e, mesmo assim, a autoridade faz a tipifi- ca<_tiio no art. 12, levando em conta apenas a quantidade da droga. 'Irata-se de urn equivoco, porque_o Onus de provar do trMico 8 de quem acusa, exceto nas grandes quantidades. 1\.1uitas vezes a posse de ape- nas uma dose de droga pode--ser:'!-lma,:·c_onduta de trafico, enquanto a posse de algumas dOses pOde-serpara-uso pr6prio17. 16 A ieglsla9iio penal brasileira n§.o faz qualquer distino:;ao, para efeito de configural_i§.o tlpi- ca do deli to de tratico de entorp_e?~ntes;= entre_-_ o _?ornp_ortamento daque1e _que -fornece gratuitamente a .dro9a e a .Cond-uta:-_dQ -qiie;:€ill_-cai_a:tin;_ pro_fissional, comercializa a sl,lbs- _t§ncia _t6xica, Qu Q\1~.9-~r.a.·a~P?P~~~~};a}f~i~~~~Uj:iS_.\_(r~J.icS::·_A_cessao gratuita de--substan- ciS. €nt0rp6Cerite- (dciridrafb ·cte ·cocaina): eqtliva1e;- juridicamente;--ao· f~r;;,ecimento one- rosa de substffilcia t6xica, pelo que ambos -OS comportamentos realizam. no p!ano da tipicidade penal, a figura-d8fitUOSa dci~tnlli'CO de entorpecentes, que constitui objeto de previs§.o legal consta.nte do- art~ 12; da Lei n>r6.368/76. A condenaq§.o penal pelo crime de tnllico nao -e vedada peloJato de .ser tamb8m o agente um usuiuio da droga - NS.o descaracteriza o delito de trafiCo de Subst<ill.cia entorpecente o fato de a Policia haver apreendido pequena quantidade do t6x:ico em poder do reu. 0 'habeas corpus' constitui rem6dio processual inadequado para a a1181ise da prova, para o reexarne do material probat6rio produzido, para a reapreciat;ao · da materia de fato e, tambem, para a revalorlzar;ao doS elementos L>istrUt6rios coligidos no processo penal de conhecimento (STF, 1a Turma, HC 74420/RJ, re1. Min. Celso Mello, DJ 19/12/96, p. 51.768; Ver tamb6m: HC 69.806, HC 68.677, HC 68.974 e HC 68.958). 17 Urna quantidade razoiivel de t6xico pode nao estar vinculada. ao trafico. Esta necessariamente, para autorizar a condenao:;ao nos termos do art. 12 da Lei 6.368/76, deve esta:::- acompanh.ada de um somat6rio convincente de outras provas q:ue indiquem que ira o agente dar outra destinat;2o que· nao o uso prOprio. 0 crlt8rio da si..rnples anil.lise da pory§.o apreendida 8 simplista e prec8.rio. Apelo parclalmente provido {T JRS, 3"' C§.mara Criminal, Apelayao CrirPinal 694104753, rel. Des. Moacir Da,"'lilo Rodrigues). Exigir-se, como regra, prdva da finalidade comercial da maconha apreendida (independentemente da quautidade} em poder do agente, para tipificar o delito do art. 12 da Lei de T6xicos, 8 inviabilizar o combate ao tr8.fico, deixando .a sociedade desprotegida e, ao mesmo tempo, abri..r comportas a disseminaqao das drogas RJTJRGS, 128/161. 0 privilegiamento do uso p:!"6prio n§.o se compadece com quantidade expres- 20 Leis Antit6xicos -Crimes, lnvestiga<;i:io e Processo Supondo~se a hip6tese de alguem que vai passar f8rias numa ilha e leva na sua bagagem, para uso prOprio, 50 cigarros de maconha. Se for preso pela policia, evidenten1ente sera enquadrado no art. 12 e tratado como traficante, s6 que a policia nao possui nenhum elemento de prova, a18m da quantidade, para afirmar que se trata de trafico. Assim, a pergunta que nao quer calar: quais sao as circunst§.ncias, alem da quantidade, que indicam com s8guran<;:a tratar-se de urn traiicante, considerando que a· pris§.o foi feita ao acaso, nwna revista de rotina? Ora, o tnllico niio se presume, prova-se, demonstra-se com elementos circunstanciais. A quantidade 8 apenas um par§.metro. Em razao disso, fica o a1erta para o perigo do excesso acusat6rio. Quem deve provar a trafic§._11cia 8 o 6rgi:io de persecugao penal. S6 assim, evitar-se-8. a pr3.tica de grandes injusti9as contra viciados, que s§.o pessoas doentes 8 necessita.m de ajuda do Estado, mas nao de 'tratamento prisional'. 1.17. Formas tipicas Algumas coildutas sao fonnais, enquanto outras sao materiais. Pode-se observar muita incoer8ncia do legislador ao igualar todas as condutas do art. 12 como tra£ico. A seguir serao examinados os verbos, que exprimem condutas tipicas de t:r:afic8JJ._cia: __ _ -Iil1J.)Oitar - E fazer com que a droga entre no pais; atraves da transposig8.o de espago fisico-territorial, por qualquer via, 1naritima, terrestre, aerea e por qualquer meio, inclusive carregada no estOmago, como 8 o caso da pessoa que faz o papel de 'mula'. A consumag8.o, siva. RJTJRGS 122/107. A circunst&.ncia de ser pequena a quantidade de maconha encOntrada em poder do rEm ni:m prejudice a tipicidade do crime previsto no art. 16 da Lei de T6xicos. Tem sido esta a orientao:;ao dominante 11esse egr6gio Tribunal de Justiqa {RJT,J'RGS, 143/58) e no Supremo Tribunal Federal (RE 109.553-9 · reL Min. Oscar Correa, mesmo sentido, LEX 16/202). Isto porque o referldo artigo niio disth'1gue, para fins de coro.iigt:raqB.o de delito. a posse de quantidade maior ott me:1or de maconhfl.. A ;:ipicidade . esta iigapa as propriedades da droga, ao perigo social e proteqfw ria saUde ptilllica, e n§.o 2. leshridade comprovada em cada caso concreto {RJTJRGS 150}197}. 0 bem j~ldico q>.Je tutela 8 a saUde pUblica. Sua preocupaqao n§.o 8 a de evitar os males causados pela droga -&.queles que a consomem, mas o de evitar o risco a integridade social que os entorpecentes acarretam. E crime de perigo comum, presumido em carater absolute, bastando a realizaqao de uma das condutas proibidas. Assim, e o terfia 8 padfico, a posse de pequena quantidade mas que permita o fazimento de urn cigarro ou sua utilizat;ao em maricas, caracteriza o delito de portar au guardar entorpecente para usa prOprio {RjTJRGS 150/197 e 235}. 21 ~ ~ .. ~. .~ Vilmar Velho Pacheco Filho e Gilberto Thums segundo a doutrina, ocorreria com o ingresso da droga em territ6rio nacional, todavia h8. controv&rsia a resp~ito~nos 'Iribunais Superiores, porque ocorrem cases em que a 'mercadoria' 8 apreendida na alf§..ndega. Neste caso h8. entendimento~ de· .que nao se consumou a i.nlporcaqao. Necess8.rio fazer a distinqaq qua:"lrle existir ou nao zona fiscal. Assim, a tra.Tlsposig§.o da fronteira,· sem fiscalizagao, consuma a importag§.o com o mero ingresso no telnt6rio nacional. Todavia se houver zona alfandeg8.ria e a droga 8 aJ?reendida, h8. de se levar em conta dais aspectos: primeiro, se o agefi,te ttaz consigo a droga ou a est8. transportando, neste case o n6.cleoj tipico n8.o e o importar, que estaria na forma tentada, mas aquelas Gondlutas que est§.o na forma censumada, no caso, transportar ou tr~zer consigo; segundo, se a droga 8 remetida por meio de transpo!,te nao do prOprio traficante (aeronave,navio etc.), caso em que haVer& tentativa de importagao. Exemplilicando: o agente pretende importar LSD atraves dos Correios, sendo a droga apreendida pela Policia Alfau1degaria, sem chegar ao importader, neste case hEl tentativa. A cOntroversia se estabelece em . face do significado do verba importar, s~ far considerada completa a importa98.o com a simples entrada no pais, o crime estar8. consumado, mas se for exigido superar o obstaculo da alfandega, havera a tentativa. A mat&ria comporta discuss§.d. E"'>identemente, se o agente importa por conta prOpria fazendo o tran$porte pessoalmente e 8 preso na entrada do pais, n§.o hli falar-se em tePtativa de importag<io, mas de crime consumado de tnifico porque: jti. consumada a conduta transportar, ou trazer consigo. E o caso :cte quem vern ao pais por via a&rea sendo preso na alf8.ndega do aeroPorro. Outro aspecto que deve ser consideiado e a nao aplicag8.o do art. 334 do CP na importag§.o de subst§.ncias:entorpecentes, na medida em que c conflito aparente de normas h8. d~ se resolver pelo principia da especialidade. Portanto, entre o art. 12 da Leino 6368 eo art. 334 do CP, aquel-a prepondera sabre este. ';'xoortar - Consiste em fazer com que a droga saia do pais com desti:J.c a outre. Aplicam-se os mesmos Parametres acima analisados. A cor:.sumaga.o s6 ocorre com a efetiva ~aida do pais. Se a droga, por exe.r::plo, for apreendida no aeroporto e estiver na posse de algu8m, nao se cogitara de tentativa de exportar{ m<aS de crime censumado por tra.."'"lsportar, trazer consigo etc. Isso ocOrre em face da multiplicidade de verbos do tipo (tipo penal de conteudo variado). Todos os agentes en~tc~vidos com o ilicito ser§.o responsabiliz;ados como participes ou co- 22 ,, Leis Antit6xicos - Crimes, Investiga~ e ProceSso autores da conduta j8. consumada. Toda;.,ia se a droga j8. estci embar- cada (navio, aviclo comercial etc.) com destine ao exterior e nao estiver na posse do agente, configurar-se-8. a tentativa. Trafico intemacional- E uma causa de :n.ajoragao de pena no caso de trMico, todavia, a internacionalidade ·:::.ao se caracteriza pela mera importag§.o ou exportag§.o, caso fosse assir.:;. toda a cocaina existente no Brasil seria produto de tratico L."lter:::.acional e todos os agentes seriam responsahilizados pela majorante de a.rt. 18, I, da Lei no 6368. A mat&ria sera objeto de analise no item prOprio referente ao art. 18. Remeter Consiste em enviar, etlcaminhar, dar destinag§.o, deslo- cando a droga, sem praticar outras condutas como: trazer consigo, transportar, vender. A simples remessa da droga consuma o crime, sem necessidade de chegar ao destinat3.rio, per isso 8 dilicil reconhecer a forma tentada, diversamente de vender, importar. Todavia, h8. entendimentos de que se configura a forma tentada de remeter no caso do agente que coloca a droga em. envelope nas caixas coletoras dos Correios, mas n§.o chega ao destinat8rio, porque nao (oi despachada, eis que apreendida no setor de triagem dos Correios. Assim, o agente tentou remeter. Produzir - Significa criar a droga, D.B.O e a fabricag§.o ou indus- trializagao da droga, mas sao os atos q:ue d8.o origem a subst&ncia entorpecente atrav8s de processes quiillicos desenvolvidos que propiciam o surgimento da droga. Crime de dificil caracterizagao. Nao se trata de mera conduta de misturar subst&..Tlcias, que pode constituir a conduta de preparar o entorpecente ?roduzir seria urn ato de inven98.o ou descoberta. Se a conduta for para uso pr6prio, 8 impossivel aplicar o art. 16, pela aus8ncia do verba m.:dear neste tipo. Fabricar - :E um processo em esc2a ir.dustrial. Fade ocorrer em laboratOries de grandes empresas, inclusive com substfulcias para fins terap8uticos, por8m sem autoraagao de· 6:gao competente. A grande maioria das subst8.ncias entorpecentes sac prodt;.t-8s resultantes de processes industriais. De acordo coc ·a Conve:;.-;:§.o Unica sabre Entorpecentes {NY, margo de 1961), a fabr:icayao e :.1m processo qt1e nao seja de produgao e que permita obte: entorpecente, inclusive a refina<_;:B.o e a transformayao de urn ent0rpecente e outro. A conduta fabricar 8 uma variante da produgao e de ;:reparo. 23 ViJmar Velho Pacheco Filho e Gilberta Thums Prenarar- E U..'TI processo que envolve composig§.o ou decomposi- 98.o de elementos qu.i.micos, quer pela reuni§.o, quer pela separa9ao de subst8.ncias. N§.o pode ser confundido com a adulterag§.o, falsificag§.o ou corrupg§.o de substancias entorpecentes atraves de mistura de outrcs elementos. E a hip6tese do agente que est8. adicionando lidoc::::in.a (8 urn anest8sico) a cocaina para aumentar seu faturamento. N§.o se trata de prepara98.o, m3.s de simples posse de cocaina. Atual- mente sao muito Utilizadas a lidocaina e a benzocaina para 'batizar' a cocai..11a, ;.isto que produzem o mesmo efeito anest8sico da cocaina ao se fazer o teste da gengiva. Os traficantes obt8m maier lucre quando adicionam outros elementos quimicos a cocaina. A posse, comer- cializag§.o ou trw...sporte de lidocaina ou benzocaina depende de auto- rizagao do Min. da SaUde. Desta forma, ausente a autoriza98.0, cabe apenas a apreens§.o, mas n§.o h3. possibilidade de incid8ncia do art. 12, porque n§.o consta da lista de subst§.ncias proibidas. Adauirir- E uma forma· de.obter·a·propriedade, a titulo oneroso (mediante pagamento) ou gratuito, .. e .. comprar a droga. A conduta adquirir consta do ert. 12 e do art. 16, o que distingue um tipo do outro e a destina98.o da droga. A consumagao desta conduta depende da efetiva tradig§.o da droga ao adqUirente. Nao 6 pacifica a interpretag§.o de?ta co_nduta, porem o ST J yerp_f!r¥lan.do jurisprud8ncia no sentido de que ... enquaiJ.to a droga nao_.eS_tiV:ei. .. Bffi-.-.j)Oder do adquirente,. nEw se consumou a aquisig§.o, restando o conatus. H8. entendirnento contr8J:io18 como qual nao concordamos. Vender- Significa a alienagao da droga ou transfer8ncia a terceiros mediante pagamento em dinheiro ou outro bern, pede ser uma troca, por exemplo: u...rn viciado subtrai do pai urn aparelho de som e troca-o por droga. 0 traficante vendeu, e o usufuio adquiriu o entorpecente. E a conduta mais comum do traficante nas conhecidas 'bocas' ou 'quebradas'. Discute-se tamb8m a possibilidade de tentativa bern como a for!!la de consmnagaO, isto 8, se h<i exig8ncia da efetiva entrega d_a droga ao adqu.i.rente ou se basta a mera efetivagao do 'neg6cio'. Na dout~.w.""1a predo:rni;.J.a o entendimer:ito do aspecto formal da conduta, o mesmo ocorrendo com o STF19. No STJ, entretanto h8. julgados <· 18 RODRIGUES, Jo§.o Gaspar. T6xicos: abordagem critica da Lei 112 6368/76. Carnpinas: B::xJkse!Jer, 2001, p. 109. 19 HC 71.853 24 Leis A.'1tit6xicos- Crimes. Investiga\=ao e Processo admitindo a forma tentada. Supondo-se a conduta de um traficante que vendeu a droga, recebeu o dinheiro, mas ainda n§.o a entregou ao adquirente. A segu.ir, apanha a droga num esconderijo e, instantes antes da entrega, e preso pela policia. Nao texn lugar a discuss§.o acerca da vend a, eis que o agente 'traz consigo' a droga para vender, portanto a conduta tipica na forma consumada e 'trazer consigo' e n§.o_vender, na forma tentada. Entendemos que 'vender' exige a tradi98.o, em que pese a exist&ncia de respeitB.veis posi96es em contr8.rio. Exnor a venda -- E simplesmente mostrar a droga ao interessado na compra, e:Dbi-la cmn o intuito de vender. E urna conduta al8m de permanente, formal, que se consuma com a mera exposig§.o a venda. Oferecer- E fazer oferta as pessoas, aos possiveis interessados. 0 metoda mais usual e a abordagem pessoal ou via telef6nica, ocorre quando o traficante recebe novos estoques e oferece a conhecidos e busca outros interessados na aquisi98.o. Fornecer. ainda cue aratuitamente- N§.o significavenda ou mera entrega, mas representa a agao de quem abastece, como se fosse uma fonte, · isto quer dizer que tern como intuito a entrega reiterada; continuada, da droga ao compradores, e como··se··fosse. urn· atacadista. JEt ·a hi'bdalidaae--cte·rorhe"cimeiltb·g!atllito, ·CoriiO" e·o caso "da cessao ou divis§.o eventual entre amigos, nao pode ser tipificada no art. 12, porque n§.o traduz id8ia de abastecimento ou provis§.o com habi- tualidade. Compartilhar droga entre amigos, sem ideia de traficancia, configura hip6tese tipica no art. 12, mas n§.o deve ser considerada como tal. Ter em dep6sitq - E ter urn estoque da droga, com intuito de reten9ao. N§.o e necess8.rio ser o proprietfuio da droga, a conduta pede ser realizada por pessoa que apenas tern o espago fisico, mas tan1b6m pode ser do prOprio traficante. 0 depOsito traz a id8ia de armazena~ mento e perfectibili.za a situagao de crin1e permanente. N§.o e neces- s8.rio que o agente esteja junto ao t6xico, nem e exigivel a comprovaq§.o da destinag8.o da droga, se para venda ou uso. Guardar - Significa manter a vigil&ncia ou ter sob seu cuidado a droga, em nome prOprio ou para terceiro, tambem significa ocultar a dro- ga, quer para uti1iza98.0 posterior no caso do usu8.rio, que a esconde na 25 -·~. ~--· f~-. /-, ~~·'ff7(P f ?']!""~$--W7 w ~ Vilmar Velho Pacheco Filho e Gilberto Thums i I geladeira, num roupeiro ou num fundo falJo, quer com a finalidade de tritfico. Normalmente sao quantidades n1enores, que facilmente sao escondidas. Tamb8m 8 crime permanente. Nao 8 necess3.rio que o agente esteja no local na hera da apreensa;6, basta que exerqa a guarda sobre a droga. A disting8.o entre 'guarda:f' e 'ter em depOsito' 8 bem dificil, j8. que do ponte de vista l8xico a~ e:;wress6es s§.o sinOnimas. Pesquisa doutrinarta sabre a distffig§.o moftrou-se est8ril Portanto nao faz sentido discutir os contornos das cQndutas - guardar e ter em deposito - que se equivalem. Transportar - E deslocar a droga de lum ponto a outre atrav8s de um meio de transporte. Est a conduta e p~aticada pelo agente que est a na posse do veiculo ( autom6vel, mota, Bmbarcag§.o, aeronave etc.) e realiza o deslocamento da droga. Nao dev~ ser confundida com remeter, porque esta conduta 8 realizada por outrb agente, que nao transporta, ' mas destina a droga a terceiro utilizando-:se de qualquer meio. Remeter e enviar a droga e nao transport8.-la, poiitanto se vislumbra a ·ag8.o de outre agente. Ha algu9m responsavel peia remessa e outre pelo trans- porte. :E crime perrnanente, enquanto a _droga estiver s~ndo transpor- tada o delito esta em consumagao. Se ol agente traz a droga junto ao corpo ele n§.o 'transporta', mas 'traz co~igo'. E muito comum a conduta de transportar sem consciencia de que se trata de droga e que esta cometencio urn fate tipico. 0 motorista que esta sendo utilizado, muitas vezes _:como 'mula', carrega a droga, mas nao sabe o contelldo ou a natureZa da mercadoria. Trata-se, na verdade, de autoria mediata, denomina_do por Welzel como o homem que atua per tr8.s, que rnanobra urn inodente, que nao estB. cometendo crime em face da aus8ncia do elemento subjetivo, do dolo de trans- portar mercadoria ilicita. Portanto o '~enter' da operagao 8 o Unico criminoso, quando se utiliza de ardil, engodo ou fraude para induzir em erro o transportador, que supOe estat,' realizando ato perfeitamente licito, por isto nao e 0 agente do crime,: mas 0 instrumento na mao do verdadeirO criminoso. Por outro lado; h2. _que se ter muiw cui dado com a alega98.o do transportador que alega ci.Ssconhecimento da natureza da 'mercadoria', visto que o erro deve ser plenamente justific8.vel pelas circunst8.ncias. Nao se beneficia do e:To quem levou o veiculo a uma oficina para 'prepar8.-lo' para carregar a droga disfar~adamente, quem recebeu urn valor incompativel pelo triDsporte (dez vezes o valor nor- mal do frete), quem e informado que na6 deve ter conhecimento da mer- cadoria que esta transportando. Em suma, nEw pode a autoridade da 26 Leis Antit6xicos- Crimes, lnvestiga~ao e Processo persecuq§.o mostrar-se ing8nua, acreditando em vers6es estapafUrdias e pueris quanto ao conhecimento da coisa transportada. A 'mula' na maioria das ve~es tern plena ci8ncia de que esta fazendo algo errado, mas o preqo compensa. 0 Onus do erro de tipO 8 da defesa e deve ser comprovado na instrug§..o processual. Trazer consiao - E a conduta mais comum, porque o age-nte traz a droga em seu poder fisico, normalmente junto ao corpo, nas 'testes, na bolsa, na mala, colada ao prOprio corpo com fitas adesivas, as vezes ate nas entranhas do corpo (vagina, anus). A pratica colombiana conhecida como 'cartel del buche', que consiste em preparar o estomago da 'mUla' para transportar c8.psulas de cocaina, identifica a conduta de 'trazer consigo' e n8.o de transportar, porque o corpo humano n§.o B um rneio de transporte. Assim, trazer junto ao corpo ou interna corporis sera sempre 'trazer consigo'. Pede ocorrer confus§.o com a conduta de transportar, quando o agente est8. com a droga no porta-me.las do car- ro, porque ele nao est3. trazendo consigo, mas transportando e, neste case, para o art. 12 a tipicidade nao oferece problemas, mas encontra 6bice no art. 16, porque nao existe a modalidade de tra.nsportar para uso prOprio. No case, tem-se interpretado de forma 'forgacia' o verba trazer consigo, mas tecnicarnente n§.o esta correto. Na Lei n2 10.409 havia previs8.o para o transporte para uso prOprio, no entanto todos os tipos penais foram vetados e fica a indagac;ao sabre sua tipicidade. TambE:m e crime permanente, enquanto o agente estiver trazendc consigo, o crime estara em consumag§.o. Prescrever - :E prOprio de determinados profissiona!s (m8clico. dentista, veterin8.rio) que podem prescrever substfulcias entorpece:c- tes, desde que em receituB.rio prOprio, conforme exige a Resolugao de. ANV!SA (modelo A ou B) e que fica retido na farmacia q-c.e vendeu a droga para efeito de controle do Org§.o de saUde. Farr:::ac8utico e enfermeiros nao podem ·prescrever; ao contrfuio do que alq..J...."'lS autores vern- afirmando, 0 ate de prescrever subst&ncias· ento-Qecentes 2- prerrogativa de m8dico ou dentista. Charlata.o ou false -=;.8dico :r::ao possuem receitufuios padronizados pelo 6rg§.o fiscalizador. ~,isto que :::; nome, CPF e CRM v8m impresses no formul8.rio pr6pric. Se o agem:a exerce ilegalmente tais profiss6es e prescreve entorpecem:::;- atravBs Ce falsificac;ao de receitu8.rios, nao se pode afirmar que houve prescriyEw. mas induzimento, instigagao ou auxilio para que alg-..:.8m usasse entorpecente (art. 12, § 20, !). ,. Vilmar Velho Pacheco Filho e Gilberte Thums Se o agente simplesmente falsifica para adquirir a droga para consume prOprio, sua conduta esta tipificada no art. 16- adquirir- pois a compra da droga deu-se em desacordo com as normas legais. Para o adquirente a situagao e id8ntica a de quem nao possui receita. Prescrever 8 urn crime forrrtal, que nao exige a efetiva aquisig§.o da droga pelo usu8.rio, basta a simples prescrig8.o, mas 8 preci.so ter cuida- do, porque se trata de urn a to de prescrever doloso com o fi..m de traficar. E o meruco traficante, que prescreve substancia entorpecente sem fins -terap8uticos. A consumagao ocorre com a entrega da receita ao destinatario, mas admite a tentativa, embora se trate de crime formal. Tambem e irnportante distinguir-se o prescrever doloso do art. 12 do prescrever culposo do art. 15. Neste o profissional erra a dosagem da droga ou o diagn6stico e submete o paciente a uma 'overdose' de entor- pecente ou a urn tratamento desnecessfuio com drogas licitas. 'IJ:ata-se de conduta culposa qu.e sera objeto de analise especifica no art. 15. I\lfJnistrar- Tamb6m 8 wna Cbridllta-r8strita a
Compartilhar