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Gestao resíduos para alunos Nutrição

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1- Introdução 
Resíduos Sólidos são materiais heterogêneos (inertes, minerais e orgânicos) com 
reduzido grau de umidade resultantes das atividades humanas e da natureza, os quais 
podem ser parcialmente reutilizados, gerando, entre outros aspectos, proteção à saúde 
pública e economia de recursos naturais. 
 
A denominação de lixo para resíduo sólido é algo que os estudiosos do assunto tentam 
evitar em decorrência do sentimento pejorativo do vocábulo “lixo”. O resíduo sólido 
pode ser considerado como algo que no local e no momento presente encontra-se num 
“status” indesejável podendo, todavia, em outras circunstâncias ser ainda considerado 
como útil. 
 
O resíduo sólido apresenta uma composição bastante diversificada, a depender da 
tipologia industrial e, para resíduos domésticos, em função do local, do número de 
habitantes, dos hábitos e poder aquisitivo da comunidade, do clima, do nível 
educacional, do desenvolvimento da região, daí pode ser classificado quanto a sua 
origem em: domiciliar, comercial, industrial, público, serviços de saúde, entulho, 
agrícola e de portos, aeroportos e terminais rodoviários/ ferroviários. Esta é a 
classificação mais usual, porém, pode ser analisado também considerando as suas 
características físicas (compressividade, teor de umidade, poder calorífico, composição 
gravimétrica, per capita e peso específico); químicas (teores de matéria orgânica, 
relação carbono/nitrogênio e potencial de hidrogênio) e biológicas (agentes patogênicos 
e micro-organismos, prejudiciais a saúde humana). 
 
 
A coleta e o tratamento do resíduo sólido domiciliar oriundo das residências, aéreas 
comerciais e públicas, classificados como resíduo sólido domiciliar, é de 
responsabilidade municipal (Constituição Federal, Cap. IV Art. 30) e constitui-se na 
denominada Limpeza Urbana. Os demais resíduos, como os de saúde, os entulhos (a 
partir de determinadas quantidades) e os industriais são de responsabilidade do gerador 
(ver tabela 1 abaixo). Deve ser enfatizado que através de recente resolução do 
CONAMA são definidos novos critérios para o entulho de obras devendo os municípios 
elaborar um Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil no 
âmbito da área de municipal para pequenos geradores além de outras atribuições sendo, 
em princípio, vedado o uso de Aterros Sanitários para a destinação destes resíduos. 
 
Tabela 1 -Responsabilidade pelo Gerenciamento Segundo o Tipo De Resíduo 
 
Tipos de resíduo sólido Responsável 
Domiciliar Prefeitura 
Comercial Prefeitura* 
Público Prefeitura 
Serviços de saúde Gerador (hospitais etc.) 
Industrial Gerador (indústrias) 
Portos, aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários Gerador (portos etc.) 
Agrícola Gerador (agricultor) 
Entulho Gerador * 
Fonte: IPT,Resíduo sólido Municipal: Manual de Gerenciamento,1995. 
De 92,5 a 65 
% 
De 85 a 70 
% 
abaixo de 70 % 
Acima de 92,5 
% 
(*) A Prefeitura é co-responsável por pequenas quantidades (geralmente menos que 50 Kg), e de acordo com a legislação 
municipal específica. 
Estima-se que a quantidade de municípios no Brasil cujos resíduos destinem-se a lixões 
seja superior a 70 %. 
A situação da disposição de resíduos industriais é bem mais desconhecida pois a 
responsabilidade da fiscalização recai sobre os órgãos ambientais (federal, estadual ou 
municipal) que não possuem estrutura adequada para a realização das suas funções. 
Quanto aos municípios a situação da coleta do lixo é ao menos razoavelmente bem 
feita, todavia desprovida de um viés técnico compatível sendo, na maioria dos casos 
feita de forma empírica 
A figura 1 abaixo, com dados da PNAD (FUNDAÇÃO IBGE, 1996) ilustra a situação 
de coleta de resíduos sólidos domésticos por Estado para determinadas faixas. Nos 
Estados das Regiões Sul e Sudeste do país, a fração de população urbana atendida por 
serviços de coleta de resíduo sólido é em geral superior à média nacional, enquanto 
que nos Estados das Regiões Norte e Nordeste, esse atendimento é, em geral, inferior a 
essa média. 
Fig 1- Situação da coleta de RSD por Estado no país de acordo com porcentagem 
da população urbana atendida (FUNDAÇÃO IBGE, 1996). 
Obs. O valor de RSD utilizado neste inventário foi o de 85% baseado nos dados mais recentes da PNAD 
(FUNDAÇÃO IBGE, 1996). Acredita-se em um erro da ordem de 10% 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Considera-se que a situação de resíduos sólidos no Brasil é ainda bastante precária, tanto de 
origem doméstica quando industrial, sobretudo no tocante a disposição final o que pode ser 
constatado pela grande ocorrência de lixões, urgindo soluções imediatas para o equacionamento 
desta questão. 
Acima de 92,5 % 
2- Gestão de Resíduos Sólidos 
Para uma formatação ideal da gestão ambiental é necessário passar pelas etapas de definição de 
uma Política de Resíduos Sólidos, da organização do Planejamento, e da execução da política 
através do Gerenciamento de Resíduos Sólidos. 
A Política de Resíduos Sólidos refere-se ao conjunto de diretrizes e princípios que devem 
nortear a definição e a aplicação de dispositivos legais e institucionais de planejamento e 
gerenciamento de resíduos. Esses dispositivos, que em princípio devem ser estabelecidos em 
conjunto pelo Estado e pela sociedade, têm como objetivo influir nas tendências econômicas e 
sociais com vistas a viabilizar a sustentabilidade deste segmento. Visa dar transparência às 
ações do governo e deve buscar reduzir os efeitos da descontinuidade administrativa e 
potencializar os recursos disponíveis. 
É possível e interessante que a política de resíduos insira-se ou ao menos não apresente conflitos 
com a Política Ambiental que é mais abrangente, que aliás é o princípio adotado no Estado da 
Bahia em que estas políticas estão sendo delineadas de modo transversal e concomitante. 
No que diz respeito aos instrumentos existentes para a efetivação de políticas ambientais, a 
Agenda 21, idealizada na Conferência de Meio Ambiente das Nações Unidas (Rio 92) pode ser 
tomada como base, quando apresenta os meios de implementação nas suas propostas através 
dos princípios contidos na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de um 
programa de ação para viabilizar a adoção do desenvolvimento sustentável e ambientalmente 
racional, quais sejam: recursos e mecanismos financeiros; tecnologia ambientalmente 
sustentável disponível para todos; ciência para o desenvolvimento sustentável; conscientização 
ambiental; capacitação nacional para o desenvolvimento sustentável; fortalecimento das 
instituições para o desenvolvimento sustentável; instrumentos e mecanismos legais 
internacionais; eliminação da defasagem de informação. 
O Planejamento define metas e etapas para implementação das ações que objetivam colocar em 
prática a Política de Resíduos Sólidos. Abrange, em geral, diagnósticos e prognósticos sobre as 
potencialidades e fragilidades, visando viabilizar a realização dos serviços de modo mais 
sustentável sob a ótica ambiental, técnica, financeira e social. 
O Gerenciamento de Resíduos Sólidos ou Manejo Integrado de Resíduos Sólidos refere-se à 
implementação da Política de Resíduos Sólidos através de ações de gerência, coordenação, 
execução, controle e monitoramento das atividades concernentes. Essas ações são efetuadas 
através de medidas econômicas, normas, regulamentos, legislações, etc., que possibilitam o 
controle e a administração da utilização dos recursos disponíveis e a universalização dos 
serviços. 
Os instrumentos de gestão de resíduos sólidos consistem na sistematização de procedimentos 
técnicos e administrativos para assegurar a melhoria e o aprimoramento contínuo do 
desempenho e, em decorrência, obter o reconhecimento de conformidade das medidas e práticas 
adotadas. 
O gerenciamento dos resíduos sólidos
compreende, portanto, os serviços de coleta e 
limpeza de logradouros (constituído de varrição e congêneres) e da destinação final que 
formam o Sistema de Limpeza Urbana dos Municípios. 
 
No tocante ao gerenciamento de resíduos industriais a uma similaridade quanto aos 
procedimentos que permeiam o gerenciamento no sentido de não gerar, minimizar e 
reciclar os resíduos mas tem diferenças maiores na questão mais operacional, como por 
exemplo uma ênfase maior na segregação de resíduos, transporte interno, etc.. 
 
No gerenciamento de resíduos domésticos uma parte fundamental desse sistema é 
constituída de acondicionamento e da coleta/transporte dos diversos tipos de resíduo 
sólido domiciliar, resíduo dos serviços de saúde, entulho, poda; a outra limpeza dos 
logradouros (varrição) e dos serviços congêneres (capinação e roçagem, limpeza das 
praias, de feiras e mercados, bocas-de-lobo, galerias e córregos, remoção de animais 
mortos e pinturas de meio-fio). 
 
O tratamento ou disposição final é diferenciado para resíduos domésticos e industriais e, 
usualmente, até o mesmo tipo de solução (aterro sanitário , por exemplo) goza de 
particularidades para a origem industrial ou doméstica. 
 
A coleta dos resíduos sólidos urbanos pode ser comum ou tradicional (quando coleta 
todos os resíduos misturados), diferenciada (quando separa os resíduos segundo sua 
fonte geradora) e seletiva (quando separa segundo o tipo de resíduos: papel, plástico, 
vidro, metais, matéria orgânica e outros). 
 
Quanto a caracterização geral a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT 
(1987), NBR 10.004, define resíduos sólidos como “resíduos nos estados sólidos e 
semi-sólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem: urbana, agrícola, 
radioativa e outros (perigosos e/ou tóxicos)”. A referida norma classifica os resíduos 
sólidos em duas categorias: Resíduos Classe I – Perigosos; Classe II - Não Perigoso, 
sendo que estes se sub-classificam em II- A não inerte e II- B – inertes. 
 
3 – Contexto Ambiental e de Saúde Pública da Gestão de Resíduos 
A geração de resíduos sólidos é um fenômeno inevitável que ocorre diariamente em 
quantidades e composições que dependem do tamanho da população e do 
desenvolvimento econômico de cada município. A problemática dos resíduos tornou-se 
visível a partir do momento em que, a um exponencial crescimento da população, se 
aliou um estilo de vida cada vez mais direcionado para o consumo, originando um 
aumento da sua produção quer em quantidade quer em periculosidade, colocando em 
risco a saúde pública através da contaminação de solos, água e ar. O grande e crescente 
volume de resíduos sólidos gerado diariamente esbarra num conjunto de dificuldades, 
desde o simples desconhecimento das tecnologias de manejo e disposição adequada até 
a insuficiência de recursos financeiros e priorização para o setor de saneamento. 
Atualmente os resíduos são considerados como importante insumo no processo produtivo e, 
evidentemente, com valor econômico agregado. No que concerne à atuação do setor público, o 
aprimoramento de instrumentos que visem a modificar o comportamento dos diversos atores 
sociais é fundamental. 
As relações existentes entre lixo e saúde pública ou, sendo mais genérico, com as questões de 
saneamento, são simples de serem compreendidas. Embora encontrem dificuldades no 
gerenciamento e nos aspectos financeiros, não existem muitas dúvidas no seu direcionamento 
técnico. 
Primeiro, uma pergunta: como inserir os serviços de limpeza urbana no contexto dos serviços 
municipais? Antes de tudo, é necessário inseri-los em dois compartimentos nos quais a gestão 
do lixo é parte fundamental. A gestão do lixo está incluída entre os pilares do saneamento 
básico, juntamente com o esgotamento/tratamento de esgotos, drenagem urbana, controle de 
zoonoses e o tratamento da água. Embora não existam, a bem da verdade, estudos estatísticos 
consistentes que demonstrem definitivamente a natureza da relação entre “lixo” e “saúde 
pública”, existe uma clara percepção sobre os efeitos dos resíduos sólidos domésticos e a saúde 
humana. OLIVEIRA (1978), todavia, relata que a importância dos resíduos sólidos como causa 
direta de doenças não está conclusivamente provada, contudo, os resíduos sólidos aparecem 
como figura proeminente na estrutura epidemiológica de uma comunidade e, conseqüentemente, 
na saúde pública. De toda sorte, sabe-se que quando não é propiciado um manejo adequado dos 
resíduos sólidos eles podem abrigar agentes etiológicos de doenças, portanto oferecendo riscos 
tanto à saúde pública como aos profissionais encarregados do manejo do lixo. Entre os resíduos 
gerados por uma comunidade, há os papéis e absorventes higiênicos, fraldas descartáveis de uso 
infantil e geriátrico, além de fezes de animais domésticos, que são contaminados pelos 
microrganismos patogênicos que existem normalmente no trato intestinal do homem e dos 
animais de sangue quente. 
Em razão da exposição inerente ao próprio desempenho do trabalho de manejo do lixo pelas 
pessoas, sejam eles os catadores de rua e dos lixões ou os que fazem a coleta regular dos 
resíduos sólidos urbanos ou industriais, elas podem entrar inadvertidamente em contato com 
estes agentes patológicos e podem adquirir ou transmitir (portadores assintomáticos e/ou veículo 
do microrganismo patogênico) uma doença infecciosa advinda dos resíduos. 
Mesmo assim, os resíduos de uma comunidade ainda são denominados “comuns” e seu 
potencial de risco para a saúde humana e ambiental normalmente é negligenciado. 
Assim, dentro de uma perspectiva antropocêntrica e considerando a interface dos serviços de 
limpeza urbana com a saúde pública como uma relação primordial, poder-se-ia colocar estes 
serviços em uma posição de importância significativa na dinâmica de uma cidade. De certo 
modo, considerando-se que o Gerenciamento de Resíduos Sólidos acontece praticamente no 
espaço urbano, que é um ambiente antropizado e, por isso mesmo, fora das suas condições 
naturais originais, se deseja, fundamentalmente e em um sentido conservador, que prevaleçam 
as condições de saneamento básico, como fator de fundamental importância para a espécie 
humana. 
Assim sendo os serviços de gerenciamento de lixo realizados pelo homem e para o homem, para 
a manutenção da salubridade da “cidade”, a sua eficácia é o seu maior objetivo, tanto no que se 
refere a universalização destes serviços quanto na qualidade dos serviços realizados. Neste 
contexto a questão ambiental, embora seja importante, torna-se secundária diante da questão da 
saúde pública. 
Já no que se refere à inserção ambiental que se impõe na gestão de resíduos, a questão se torna 
mais complexa que a incorporada no binômio Resíduos Sólidos e Saúde Pública. 
A relação mais óbvia no tocante a este assunto prende-se ao efeito poluidor dos resíduos sólidos 
no meio físico: água, ar e solo. O lixiviado ou chorume, quando não devidamente tratado, pode 
trazer seqüelas bastante graves para as coleções hídricas haja vista a grande carga orgânica 
associada a decomposição dos resíduos sólidos algumas vezes superior, a título de exemplo à 
carga dos esgotos domésticos. Por outro lado a presença do lixo sem a disposição adequada 
além de poder entrar em combustão espontânea ou induzida (prática bastante comum em 
lixões), emana para atmosférica gases tóxicos ou ao menos nauseantes, além da agressão física a 
paisagem que é por vezes o aspecto mais evidente da agressão ambiental do lixo urbano. 
É inquestionável, todavia, a inclusão da Gestão de Resíduos Urbanos na Gestão Ambiental de 
uma cidade; sendo, a título de exemplificação, como é por todos sabido, um dos enfoques 
principais da “Rio- 92”. 
Do simples e mais antigo mote dos 3R´s - reusar, reutilizar e reciclar - que mais tarde 
incorporou o vocábulo mais importante “minimizar”, o tema
ambiental tornou-se polêmico a 
partir de novas “verdades” e das contribuições da causa ambiental que acabaram, direta ou 
indiretamente, por repercutir na Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. 
A Análise de Ciclo de Vida, por exemplo, veio refinar o conceito dos 3R`s. Inicialmente 
adotado pela Coca-Cola com a intenção de procurar formas menos impactantes para a 
embalagem dos seus produtos, possui hoje ferramentas computacionais poderosíssimas e passou 
a ser adotado não somente nas indústrias, mas também, na gestão de resíduos sólidos urbanos. 
Este processo de quantificação da utilização dos recursos naturais e de emissões, inicialmente 
tornou-se conhecido como Resource and Environmental Profile Analysis (REPA) e depois 
evoluiu para a conhecida Life Cycle Assessment (LCA, Life Cycle Analysis) ou em português 
Analise de Ciclo de Vida (ACV). 
Devido ao surgimento dos Rótulos Ambientais, os chamados “Selos Verdes”, as empresas 
começaram a utilizar a ferramenta para mensurar o grau de “esverdeamento” dos seus produtos. 
Uma característica marcante da avaliação do ciclo de vida é o fato de ser a única ferramenta de 
gestão ambiental aplicada da origem até a disposição final (hoje comumente denominado: do 
berço ao túmulo) nos sistemas de produção. Ela permite identificar os aspectos ambientais em 
todos os elos da cadeia produtiva e consumo, desde a exploração das matérias-primas brutas até 
o uso final, passando pelo transporte, embalagem, reciclagem e destino final dos resíduos (ver 
figura 2) 
A análise de ciclo de vida de produtos é, na verdade, uma ferramenta técnica que pode ser 
utilizada em uma grande variedade de propósitos. As informações coletadas na ACV e os 
resultados de sua análise e interpretações podem ser úteis para tomadas de decisão, na seleção 
de indicadores ambientais relevantes para avaliação de desempenho de projetos e em outros 
segmentos que culminarão numa aderência maior aos ditames ambientais. 
Figura 2 - Representação de uma Eco-rede, mostrando o fluxos de materiais/energia, 
produção/uso/distribuição/disposição e destinação final, etapas da ACV. 
Hoje, quando se discute a reciclagem, o conceito de Logística Reversa é o mais utilizado, uma 
vez que já incorpora o conceito de Análise de Ciclo de Vida (anteriormente comentado) e 
pretende aplicar a inversão da logística normal (e daí o vocábulo reversa) em que os vários 
atores inseridos na geração e reciclagem de resíduos participarão, com a ativa participação da 
população que terá, obrigatoriamente, acesso ao sistema e àqueles que são os grandes atores da 
reversibilidade: os catadores que deverão gerenciar o caminho desses materiais, recebendo-os e 
promovendo a sua comercialização para as indústrias de reciclagem, com a participação das 
prefeituras que deverão implantar sistemas de Coleta Seletiva que ajudem na operacionalização 
desta estrutura. 
Talvez o princípio de maior repercussão e de maior importância na questão ambiental seja o de 
desenvolvimento sustentável, definido como processo de mudança social e de elevação das 
oportunidades presentes na sociedade, sem comprometer a capacidade das gerações futuras 
terem atendidas suas próprias necessidades. O desenvolvimento sustentável requer a 
compatibilização, no tempo e no espaço, entre crescimento, eficiência econômica, conservação 
ambiental, qualidade de vida e eqüidade social e que necessita incorporar-se não só na Gestão 
de Resíduos Sólidos como em todas as políticas e modelos de desenvolvimento. O paradigma 
do desenvolvimento sustentável, que é bastante amplo na sua filosofia, foi criado em 1983, 
através da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, cujas conclusões, 
publicadas em 1987 e conhecidas como Relatório Brundtland (da primeira-ministra da Noruega, 
Gro Brundtland, que a presidiu), tiveram,, de fato, maior divulgação e utilização após a Rio- 92. 
O conceito de desenvolvimento sustentável tem sido empregado com bastante freqüência em 
outros foros, nem sempre com o sentido correto e com o viés ambiental original. 
Contudo, o termo sustentabilidade é complexo e implica na compreensão de uma série de 
fatores que devem ser analisados de forma sistêmica. A interdependência das dimensões 
ambientais, políticas, sociais e econômicas, devem ser preservadas a fim de evitar soluções 
limitadas para os problemas urbanos, embora, em razão da complexidade do tema, seja possível 
a análise de uma dimensão, se referindo as outras sempre que necessário. 
O funcionamento peculiar das cidades pode ser comparado a um ecossistema, um ecossistema 
urbano. A maior diferença entre eles é que o ecossistema natural tende a manter seu equilíbrio 
fazendo circular internamente os recursos e resíduos. 
A Agenda 21, também concebida por ocasião da Rio – 92, procurou trazer de uma forma mais 
pragmática (na forma de agenda) e daí talvez comprometendo de um modo mais concreto a 
cidade, estado ou pais que ousasse fazer a sua agenda. A agenda 21, inclusive, estaria 
subdividida em Agenda Verde, Azul, Marrom, etc., cada uma delas reportando-se a áreas 
específicas de problemas a serem equacionados pelas cidades. A agenda azul estaria voltada aos 
planos de remediação ou aprimoramento dos recursos hídricos, a agenda marrom do saneamento 
básico e assim por diante. 
O item “resíduos sólidos”, na Agenda 21, permeia diversos capítulos, uma vez que não há como 
falar de resíduos sem discutir modelo de desenvolvimento, padrões de consumo, saneamento 
básico, conscientização e educação, cidadania, legislação, parcerias e recursos. O capítulo 21, 
seção II – “Buscando soluções para o problema do lixo sólido” -, aponta algumas propostas para 
o equacionamento dos problemas dos resíduos sólidos, merecendo destaques as seguintes 
recomendações: 
• A prevenção: através da redução do volume de resíduos na fonte (com ênfase no 
desenvolvimento de tecnologias limpas nas linhas de produção e análise do ciclo de 
vida de novos produtos a serem colocados no mercado). Será necessário que os países 
estabeleçam critérios para reduzir o lixo de forma a influenciar padrões e consumo; 
• A reutilização: reaproveitamento direto sob a forma de produto, tal como as garrafas 
retornáveis e certas embalagens reaproveitáveis; 
• A recuperação: procurar extrair dos resíduos algumas substâncias para um determinado 
uso como, por exemplo, os óxidos de metais etc; 
• A reciclagem: promover o reaproveitamento cíclico de matérias-primas de fácil 
purificação como, por exemplo, papel, vidro, alumínio etc; 
• Tratamento: buscar a transformação dos resíduos através de tratamentos físicos, 
químicos e biológicos: 
• A disposição final: promover práticas de disposição final ambientalmente segura: 
• A recuperação de áreas degradadas: identificar reabilitar áreas contaminadas por 
resíduos (ação reparadora); 
• A ampliação da cobertura dos serviços ligados aos resíduos: incluindo o planejamento, 
desde a coleta até a disposição final. 
Faltava, contudo, um instrumento mais objetivo e quantitativo, capaz de demonstrar e fornecer 
indicações mais precisas de quanto um plano, de uma determinada comunidade, estava 
(próximo ou distante) do que se pretendia como sustentável. Daí o surgimento da denominada 
“pegada ecológica”, que em termos metafóricos significa a “marca” que esta comunidade 
imprime no planeta terra e quanto esta pegada (quanto maior... pior) estaria trazendo de 
prejuízos para as gerações futuras e atuais. 
A pegada ecológica está hoje sendo utilizada de modo amplo no meio científico sendo 
disponibilizados centenas de páginas na Internet para o cálculo da pegada ecológica, desde uma 
perspectiva de países podendo chegar a níveis individuais. 
Então, para que se avance em direção a ela é preciso que a carga humana esteja em consonância 
com a capacidade de suporte do ecossistema. Em outras palavras, é preciso que se 
compatibilizem
os níveis de consumo, os estilos de vida, a utilização dos recursos e a 
assimilação dos resíduos com as condições ecológicas, a fim de que não se utilizem e 
consumam os produtos mais rapidamente do que possam ser regenerados e/ou absorvidos. 
Segundo Holdren e Ehrlich (1971), é essencial que se estimem e continuamente se avaliem os 
limites finitos do espaço que o homem ocupa e sua capacidade de suporte, e que se tomem 
medidas que assegurem às futuras gerações, assim como a presente, os recursos necessários a 
uma vida satisfatória para todos. 
A sustentabilidade também está intimamente ligada ao princípio da eqüidade, o que denota uma 
relação de interdependência entre os dois, pois não há meios de haver sustentabilidade sem o 
princípio da igualdade, no que concerne ao uso que se faz do meio ambiente por todos no 
cenário mundial. 
Este princípio, o da equidade, pode ser direcionado em três ângulos diferentes: 
1) eqüidade entre gerações ao longo do tempo: a pegada mensura a extensão com que a 
humanidade usa os recursos naturais em relação à capacidade de regeneração da natureza; 
2) eqüidade nacional e internacional em tempos atuais, dentro e entre nações: a pegada mostra 
quem consome quanto; 
3) eqüidade entre espécies: a pegada mostra o quanto a humanidade domina a biosfera à custa 
de outras espécies. 
Chegar-se à equidade apenas por meio do crescimento econômico quantitativo é impossível, 
porque a biosfera é limitada. Por sua vez, a pegada indica que já estamos excedendo esse limite 
e que uma extensão futura das atividades humanas extinguirá o capital natural de que hoje 
dependemos e de que as futuras gerações necessitarão amanhã. 
As escolhas individuais são necessárias para se reduzir a pegada da humanidade, mas não são 
suficientes. É preciso salientar a necessidade de se fazer mudanças no modo como vivemos 
coletivamente na busca da sustentabilidade. 
A pegada ecológica reforça as relações da sustentabilidade com a eqüidade. Torna explícitos os 
impactos ecológicos das atividades antrópica e ajuda nas tomadas de decisões de modo a 
beneficiar à sociedade e o meio-ambiente. 
O fato de se exceder no consumo dos fatores que a natureza propicia acaba por compor outro 
princípio da pegada: a exaustão da capacidade de suporte. Este se refere ao limite existente em 
relação a todas as energias e matérias. Ou seja, que a partir de certo ponto, o crescimento 
material só pode ser adquirido à custa da depleção do capital natural e da diminuição dos 
serviços para a manutenção da vida. 
São desses serviços ou benefícios que dependemos e se os consumirmos além dos seus limites 
estaremos caminhando para a exaustãot, pois a natureza não poderá mais se regenerar. A 
escassez dos recursos renováveis pode ser mais séria do que a dos recursos não renováveis, 
porque certamente não podemos viver sem água, ou sem solos férteis para cultivar nosso 
alimento. 
A natureza possui uma reserva de recursos naturais e a humanidade ainda pode continuar a 
usufruir de produtos e serviços, apesar do intenso consumo dos recursos naturais que está 
acontecendo nestes últimos anos; assim, por algum tempo ainda, a humanidade poderá continuar 
transgredindo; sabendo que essas transgressões passam desapercebidas porque nos adaptamos 
aos problemas. 
A distinção de quais são os serviços ecológicos obtidos dos “juros” daqueles obtidos pela 
depleção do capital natural, certamente tem sido uma questão ignorada e não compreendida 
pelos estudiosos. Além do mais, as tantas outras milhões de espécies do planeta também 
dependem dos mesmos recursos e serviços para a sua manutenção. 
Por um lado, a necessidade de se usar de modo comedido recursos não renováveis estratégicos 
leva-se a encarar de modo mais incisivo a questão da reciclagem. A pegada ecológica de uma 
determinada comunidade que privilegia a reciclagem, ao invés de encaminhar os resíduos 
diretamente para a disposição final (aterro sanitário, incinerador, etc.), é, evidentemente, menor. 
Este conceito coaduna-se também com o da análise do ciclo de vida - um item que pode ser 
reciclado várias vezes num determinado produto (exemplo: um para choque de plástico rígido 
de um carro) contribui favoravelmente para uma ACV mais conveniente do carro. A pegada 
ecológica também estabelece que é preciso viver dentro dos seus limites. Isto não só quanto aos 
padrões de consumo, como também no caso de capacidade de suporte, não procurar por recursos 
em outro município, estado, país ou em última instância, fora do planeta terra. 
Como conseqüência desta preposição torna-se desinteressante, sob o ponto de vista ecológico, a 
prática de se exportar resíduos. Exportar resíduos significa fazer uma opção por utilizar um 
determinado produto e não saber o que fazer com o seu resíduo e com que outra comunidade, 
município ou país cuide dele “por que estou pagando por isso”. Esta postura contrasta de modo 
contundente com a pegada ecológica. Uma determinada comunidade deve escolher o que 
consumir e usar criatividade, engenhosidade para melhor gerir um determinado produto, da sua 
origem a destinação final, sem se desvencilhar dele da maneira mais cômoda – deixando o 
problema para outro. Os exemplos neste particular são vários desde a exportação dos pneus 
inservíveis a resíduos perigosos que são exportados para serem queimados em outros locais 
(estados, ou países). 
 
 
6- Aspectos Técnicos Específicos do Gerenciamento (Resíduos 
Industriais ) 
Usualmente a gestão de resíduos sólidos na esfera industrial consubstancia-se no 
denominado Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) que é o produto 
resultante de um processo que aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos 
resíduos sólidos no âmbito dos estabelecimentos, contemplando a caracterização dos 
resíduos, a segregação na origem, coleta, manipulação, acondicionamento, 
armazenamento, transporte, minimização, reutilização, reciclagem, tratamento e 
disposição final. 
As soluções técnicas adotadas para cada uma destas etapas deverão ser definidas de 
acordo com a classificação do resíduo industrial em estudo, uma vez que a 
heterogeneidade do mesmo impõe um manejo diferenciado de acordo com suas 
características (ver figura 4). Ou seja, um determinado resíduo industrial pode ter o 
mesmo tipo de manejo que um resíduo sólido urbano sem características de 
periculosidade. O que indica a importância do controle na fonte para os diversos tipos 
de resíduos gerados no processo industrial e o significado disso em possíveis projetos 
de minimização. 
 
 
Figura 4 – Fluxograma do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos 
 
 
A maior parte dos resíduos industriais e principalmente aqueles caracterizados como 
perigosos são freqüentemente tratados ou dispostos em locais distantes do seu ponto de 
geração. O acondicionamento, transporte e armazenamento dentro da própria indústria e 
a coleta e o transporte até o local de tratamento ou disposição, são de responsabilidade 
do gerador que deverá contratar ou realizar ela própria todos os serviços, cuidando para 
que as empresas transportadoras cadastradas e locais de armazenamento, tratamento ou 
disposição final sejam aprovadas ou licenciadas pelo órgão de controle ambiental. 
 
É preciso ressaltar que quando o lixo industrial é considerado como perigoso a 
hierarquia de manejo é diferente daquela usualmente empregada para o lixo industrial 
comum que, no caso, pode ser a mesma que os resíduos de natureza doméstica. O lixo 
perigoso ao contrário do comum pode ter uma periculosidade bastante significativa 
implicando que a permanência ambiental desse resíduo pode ser algo extremamente 
indesejável. Daí que a possibilidade de não-geração do resíduo através da modificação 
do processo produtivo ou da introdução de outra matéria prima que não venha a gerar o 
resíduo passa a ser a prioridade maior. Se essa primeira
abordagem não é possível a 
reciclagem ou o reuso dos resíduos passa a ser o patamar hierárquico seguinte no que 
concerne a seu manejo. Se ainda assim não foi possível solucionar o problema a 
destruição mais rápida possível desse poluente seja por meio térmico químico ou até 
mesmo degradação biológica é a seguinte prioridade. Observe-se que o 
armazenamento perpétuo (como nos aterros) é a última das opções considerada hoje 
como uma solução tipo “fim de tubo” uma vez que para o resíduo perigoso não é 
conveniente, como já explicitado, a sua permanência por tão longo período no ambiente, 
sendo, portanto, uma opção inferior, sob o prisma de gestão ambiental moderna que as 
anteriores. São estas as etapas principais do gerenciamento de resíduos ressalvando-se a 
destinação final possui item específico: 
 
• Classificação 
 
Consiste na classificação dos resíduos baseado nos laudos de análise química, segundo a 
NBR-10.004 da ABNT, submetendo os resíduos aos testes de Solubilidade e Lixiviação, 
conforme as NBR´s 10.006 e 10.005 respectivamente, ou ainda outro tipo de análise 
(cromatografia, absorção atômica, espectrofotometria UV,etc) que julgar necessário 
para melhor identificar os seus componentes. 
Esta etapa objetiva classificar, quantificar, indicar formas para a correta identificação e 
segregação na origem, dos resíduos gerados por área/unidade/setor da empresa. 
A quantificação dos resíduos, deverá ser feita através de pesagem por 07 (sete) dias 
consecutivos, tirando-se a média diária e a média mensal. 
 
 
• Segregação 
 
 
A segregação dos resíduos tem como finalidade evitar a mistura daqueles incompatíveis, 
visando garantir a possibilidade de reutilização, reciclagem e a segurança no manuseio. 
A mistura de resíduos incompatíveis pode causar: geração de calor; fogo ou explosão; 
geração de fumos e gases tóxicos; geração de gases inflamáveis; solubilização de 
substâncias tóxicas, dentre outros. 
 
• Armazenamento Interno 
 
Toda empresa deve possuir um sistema de manuseio, coleta e armazenamento para seus 
resíduos. Os aspectos mais importantes a serem considerados são: treinamento de 
pessoal, segregação dos resíduos, evitando a mistura de resíduos incompatíveis e 
aumentando a possibilidade de recuperação ou reciclagem, acondicionamento adequado, 
transporte interno, armazenamento e procedimentos de emergência. 
 
A vigência de boas práticas operacionais (“Good housekeeping”) é determinante para 
um bom controle dos resíduos. Algumas das premissas vinculadas a denominada "boas 
práticas operacionais" são mais importantes no gerenciamento de resíduos como 
programa de otimização de rotas internas, uso de fornecimento just-in-time (sem 
demora no estoque de produtos), limpeza e finalmente a manutenção dos equipamentos. 
 
Para o transporte interno são utilizados, normalmente, carrinho de mão, empilhadeiras, 
caminhonetes, caminhões de carroceria aberta basculante ou não e caminhões tipo 
poliguindastes. 
 
O sistema de transporte interno deve considerar ao menos: 
 
1. necessidade de rotas pré-estabelecidas; 
2. equipamentos compatíveis com o volume, peso e forma do material a ser 
transportado; 
3. pessoal familiarizado com esses equipamentos: 
4. determinação das áreas de riscos para equipamentos especiais. 
 
Convém comentar também sobre o armazenamento de resíduos que tem como 
definição a contenção temporária em área autorizada pelo órgão de controle ambiental, 
a espera de reciclagem/recuperação, tratamento ou disposição final adequada, desde que 
atenda às condições básicas de segurança. 
 
O armazenamento dos resíduos deverá atender à Portaria Minter nº 124 de 20/08/80 e 
ser executado conforme as condições estabelecidas nas seguintes normas: 
 
∗ NB 1183 "Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos - Procedimentos" - 
ABNT; 
∗ NB 10004 " Classificação” - ABNT; 
∗ NB 98 - "Armazenamento e Manuseio de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis"; 
∗ Instrução Normativa SEMA/STC/CRS nº 001 de 10/06/83 - Dispõe sobre as 
condições de manuseio, armazenamento e transporte de bifenilas policloradas 
(PCB's) e de resíduos contaminados com PCB's. 
 
O armazenamento de resíduos deve observar as condições de segurança: tais como 
isolamento, sinalização e controle de operação. Além disso, devem ser consideradas as 
formas de acondicionamento e segregação dos resíduos dentro da própria área de 
estocagem. 
 
Em relação à proteção ambiental, deve-se verificar a necessidade de adoção de medidas 
tais como: impermeabilização inferior da área; colocação de cobertura; instalação de 
sistemas de drenagem de águas pluviais e de líquidos percolados e derramamentos 
acidentais, construção de bacias de contenção e de poços de monitoramento de 
qualidade de águas subterrâneas. 
 
 Transporte 
 
O transporte rodoviário é a forma mais utilizada em todo o mundo para transporte de 
resíduos. No Brasil, é responsável por, praticamente 100% dos resíduos transportados. 
Geralmente, o transporte rodoviário apresenta as seguintes vantagens: baixo custo para 
pequenas quantidades; baixo custo para pequenas distâncias; não necessita de sistema 
Separação do lixo p/ reciclagem 
de transbordo, tendo acesso aos pontos de geração e descarga e o serviço pode ser 
contratado de imediato. Porém não é adequado para grandes quantidades, o custo é 
elevado para grandes distâncias, as rotas podem ser alteradas facilmente, apresenta alta 
rotatividade de mão-de-obra e maiores dificuldades na comunicação de acidentes 
(CETESB, 1993). 
 
As normas a serem observadas quanto ao transporte de resíduos no Brasil se referem ao 
transporte de cargas perigosas: o Decreto Lei federal nº 96044 de 18 de maio de 1988; e 
as seguintes normas ABNT, além da legislação estadual e municipal pertinente: 
 
∗ NBR 7500 - Transporte de cargas perigosas - simbologia; 
∗ NBR 7501 - Transporte de cargas perigosas - terminologia; 
∗ NBR 7502 - Transporte de cargas perigosas - classificação; 
∗ NBR 7503 - Fichas de emergências para o transporte de cargas perigosas; 
∗ NBR 7504 - Envelope para transporte de cargas perigosas - Dimensões e utilizações; 
∗ PN 1:603. 04-003 - Transporte de Resíduos. 
 
 
8- Tipos de Tratamento / Disposição Final (Operações Principais) 
 Compostagem 
 
Ato ou ação de transformar os resíduos orgânicos, através de processos físicos, 
químicos e biológicos, em uma matéria biogênica (COMPOSTO) mais estável e 
resistente à ação das espécies consumidoras. 
 
Este processo ocorre normalmente em uma Usina de Compostagem, complexo 
eletromecânico destinado a preparar o composto orgânico, também conhecido como 
adubo. 
 
A Usina de Compostagem usualmente não se restringe a fabricação do composto mas 
contempla também a reciclagem dos vários outros itens potenciais de reciclagem como 
papel, vidro, metais, etc. 
 
Devem ser efetivados levantamentos de informações referentes à aquisição, 
implantação, custeio e operação do sistema de compostagem/reciclagem voltados para a 
recuperação intensiva de resíduos recicláveis no intuito de se evitar a incorporação 
desse tipo de resíduo ao resíduo sólido ordinário da cidade aumentando assim o tempo 
de vida do sistema de disposição final. 
 A consulta de mercado potencial de utilização dos recicláveis e a predisposição da 
população para a reciclagem são imprescindíveis para o seu sucesso. 
 
A viabilidade da proposta de reciclagem não 
pode, todavia, nem deve, ser analisada sob o 
ponto de vista meramente econômico, devem 
inclusive levar em consideração a redução dos 
volumes a serem descartados, de maneira a 
possibilitar o prolongamento da vida útil do 
aterro sanitário, dada à carência de áreas urbanas 
para instalação deste tipo de equipamento. Desta 
maneira, a cada tonelada de resíduo sólido reciclada, corresponde uma tonelada a 
menos disposta no aterro sanitário. Além disto, busca-se
também a economia dos 
recursos naturais. Assim sendo, antes dos benefícios econômicos, objetivam-se os 
ganhos ambientais. 
 
Embora traga uma grande afinidade com os princípios ambientais aqui já abordados, a 
compostagem requer um grande esforço de gestão por parte das prefeituras e 
compreende também um sistema de educação ambiental que auxilie a gestão municipal. 
Além de custos maiores de implantação e operação (ignorando-se aqui os lucros da 
revenda) este sistema não é auto-suficiente como tratamento/disposição final de resíduo 
sólido , pois tem o seu próprio resíduo sólido que pode acarretar em mais de 30 % do 
peso total do resíduo sólido que chega a usina. 
 
 Aterro Sanitário 
 
O aterro é uma forma de dispor os resíduos no solo. Quando caracterizado pela simples 
descarga de resíduo sólido , sem qualquer tratamento, é denominado de Lixão, Lixeira 
ou Vazadouro. 
 
Segundo a norma NBR 8.419 da 
Associação Brasileira de Normas 
Técnicas - ABNT (1984), “aterro 
sanitário de resíduos sólidos 
urbanos consiste na técnica de 
disposição de resíduos sólidos no 
solo, sem causar danos ou riscos 
à saúde pública e à segurança, 
minimizando os impactos 
ambientais, método este que 
utiliza princípios de engenharia 
para confinar os resíduos 
sólidos à menor área possível e 
reduzi-los ao menor volume 
permissível, cobrindo-os com 
uma camada de terra na 
conclusão de cada jornada de 
trabalho e em intervalos 
menores se necessário”. 
 
O Aterro é dito Sanitário, 
portanto, quando é executado 
segundo normas e critérios de engenharia que atendem padrões de segurança, evitando 
desta forma a poluição do lençol freático, a proliferação de vetores e odores 
desagradáveis. 
 
No aterro sanitário o resíduo sólido é disposto no solo, em camadas sucessíveis, 
alternadas com camadas de terra, formando células de resíduo sólido , que vão passar 
por um processo de decomposição em ambiente confinado, livre de insetos, animais e 
catadores. 
 
Entre as técnicas para a disposição final de resíduos sólidos urbanos, o aterro sanitário é 
uma das mais práticas e econômicas. Serve também para recuperar áreas degradadas. 
 
O aterro deve ser adequadamente projetado e construído, tomando-se cuidado na 
seleção da área onde será implantado, procurando-se áreas de uso compatível com 
facilidade de acesso evitando-se áreas de proteção de mananciais e nascentes. Também 
deve ser considerada, a direção preponderante dos ventos em relação a núcleos urbanos. 
 
 
Com a finalidade de viabilizar o empreendimento do ponto de vista socioeconômico e 
ambiental é feito um levantamento criterioso dos vários condicionantes naturais e 
antrópicos que, em conjunto com as questões relacionadas à viabilidade econômica e 
concepção do empreendimento, nortearão a escolha locacional. 
É apresentada abaixo a relação dos diversos condicionantes a serem estudados. 
1. Condicionantes naturais; 
2. Condicionantes relacionados aos impactos sociais; 
3. Condicionantes tecnológicos; 
4. Restrições legais. 
 
O sítio utilizado para a destinação final dos resíduos constitui-se no ponto de 
convergência de qualquer sistema de limpeza urbana. A seleção criteriosa da sua 
localização possibilita a otimização dos recursos investidos nos serviços de coleta e, 
por conseguinte, a minimização dos seus custos. Por outro lado, a opção tecnológica 
adequada, aliada à execução correta dos procedimentos técnicos que integram a 
operação de destinação final, evitam que os benefícios gerados sobre a malha urbana, 
pelo sistema de limpeza, transfiram contaminação e poluição a outro local, em função 
do lançamento dos resíduos. 
 
• INCINERAÇÃO 
 
Aterro Sanitário de 
Sauípe - Bahia 
Célula de lixo 
Tratamento do 
chorume 
A incineração é um processo de combustão controlada dos resíduos sólidos. Pode ser 
usada para tratamento de resíduos industriais perigosos e para resíduo sólido 
doméstico. 
 
Desvantagens: 
 
1. Tem alto custo de implantação e 
operação. 
2. Necessita de mão de obra especializada. 
3. Produz poluição atmosférica. 
 
Vantagens: 
 
1. Espaço físico requerido para 
implantação é pequeno. 
2. Elimina a toxicidade de resíduos 
perigosos, além de reduzir o seu volume. 
 
A incineração dos resíduos perigosos se dá a 
altas temperaturas, tendo o ar atmosférico como 
agente oxidante. Outro parâmetro importante é 
o tempo de residência, que significa o tempo no 
qual as substâncias irão permanecer na 
temperatura adequada, de forma a garantir que a 
reação se complete. A poluição atmosférica, 
resultante do processo de incineração pode ser 
evitada pela queima completa dos resíduos e o 
tratamento dos gases antes do seu lançamento, 
na atmosfera. 
 
 O resíduo sólido resultante da incineração é constituído de materiais incombustíveis, 
que deverão ser dispostos em aterros.Atualmente, há uma tendência mundial de se 
utilizar fornos de cimento e cal para a incineração de resíduos perigosos, pois estes 
fornos operam a altas temperaturas e com longos tempos de residência, permitindo a 
destruição dos resíduos e a recuperação de energia. Os tipos de equipamentos mais 
usados são fornos rotativos, de injeção líquida e de câmaras. As temperaturas de 
operação são da ordem de 700 a 1200o C. 
 
 
9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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