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Frutas do Brasil, 39Maçã Pós-colheita24 3 FATORESPRÉ-COLHEITA QUE INTERFEREM NA QUALIDADE DA FRUTA César Luis Girardi Gilmar Ribeiro Nachtigall Aguinaldo Parussolo INTRODUÇÃO As principais cultivares de maçãs pro- duzidas no Brasil são a Gala, a Fuji e a Gol- den Delicious, além de suas mutações. Pra- ticamente toda a colheita ocorre nos primei- ros 4 meses do ano (Tabela 1). Portanto, deve-se assegurar que ela inicie no momento correto em cada cultivar, organizando-se equipes de trabalho e transporte conforme a área e a estimativa de produção. O início da colheita pode variar de ano para ano de acordo com as condições climáticas. PLANEJAMENTO DA COLHEITA Mão-de-obra Deve-se contratar antecipadamente mão-de-obra proporcional às necessida- des da área do pomar. Geralmente, para plantios de alta densidade, são necessários três colhedores para cada hectare de po- mar. Essas pessoas devem ser devidamen- te treinadas, de modo a evitar danos e desperdícios na colheita, sendo capazes de reconhecer o ponto de colheita de cada variedade. É necessário que haja um su- pervisor de colheita para cada equipe de trabalho, para coordenar as pessoas envol- vidas nessa operação. O supervisor deverá ter experiência quantos aos aspectos ge- rais (logística) da colheita, como também quanto às técnicas específicas relaciona- das com a maturação, a forma e os cuida- dos na colheita, e ainda quanto ao cuidado da equipe com os aspectos de higiene (unhas cortadas) e divisão de tarefas (Fig.1). Recipientes de colheita A colheita da maçã é realizada manualmente, utilizando-se sacolas de Tabela 1. Previsão da início de colheita das principais cultivares e suas mutações para o sul do País. Gala Golden Delicious Fuji Fevereiro Fonte: EMPASC, 1986 Janeiro AbrilMarço 15 20 25 30 05 10 15 20 25 3005 10 15 20 25 30 05 10 15 20 25 30 Cultivares 25Frutas do Brasil, 39 Maçã Pós-colheita fundo falso. Após a colheita, as frutas são depositadas em caixões chamados bins (Fig. 2), os quais facilitam o transporte até a central de embalagem (packing-house). Essas embalagens devem ser devidamente limpas e desinfestadas. Cada bin pode transportar de 350 a 400 kg de frutas, apresentando dimensões de 1 x 1,2 m nas medidas laterais e 80,5 cm de altura, devendo ter, no mínimo, 15% de abertura para facilitar a ventilação e a umidade quando colocados na câmara fria. Essas dimensões são importantes para o empilhamento, podendo ser variáveis de acordo com as características de cada situação específica do local de armazena- mento e dos equipamentos disponíveis. É importante observar que essas embala- gens tenham quinas arredondadas e canto- neiras aparadas, sendo resistentes ao empilhamento, e não causando danos às frutas pelo excesso de peso acumulado por área de base. Para evitar danos por abrasão ou vibração, podem-se utilizar plásticos polibolha internamente nas embalagens, sendo necessário trocá-los ou lavá-los após o uso. Também se deve verificar possíveis problemas oriundos da falta de ventilação, os quais podem ser contornados fazen- do-se perfurações laterais nas embalagens. Forma de colheita Deve ser realizada manualmente por meio de uma ligeira torção, de maneira que o pedúnculo saia junto com a fruta. De-vem-se colher frutas sadias, em repas- ses, e com estado de maturação adequado, sendo colhidas sem folhas para evitar riscos de infecção. As frutas caídas no chão não devem ser colocadas junto das colhidas, procurando também não colher frutas mo- lhadas. As frutas colhidas devem ser tratadas como se fossem ovos, evitando batidas, que- das e machucaduras com unhas. Transporte Deve-se evitar a exposição das frutas colhidas ao sol transportando-as o mais rápi- do possível para a central de embalagem, procurando não transportar meia carga para evitar que a fruta fique solta e ocorram batidas. Quando o transporte é realizado a longas distâncias, deve-se cobrir com lona clara ou fazer uso de caminhões frigoríficos. O veículo de transporte deve ser conduzido em uma velocidade baixa, com amortecedo- res e suspensão em boas condições e pneus com pressão reduzida para evitar vibrações. As estradas internas dos pomares devem ser aplainadas antes do início da colheita pela retirada das pedras. ÍNDICES DE COLHEITA O ponto de colheita está correlacio- nado com determinados índices ou parâ- metros. Alguns desses são utilizados para estabelecer critérios mínimos e máximos aceitáveis, de acordo com o destino da fruta já colhida. Fig. 1. Mão-de-obra para colheita de maçãs. Fo to : L . P . C ou to Fig.2. Bins utilizados para colheita e arma- zenamento de maçãs. Fo to : C . L . G ira rd i Frutas do Brasil, 39Maçã Pós-colheita26 A colheita de maçãs no momento ótimo implica diminuir a possibilidade de ocorrência de perdas durante o armazena- mento e a comercialização, por conta das desordens fisiológicas próprias de frutas imaturas ou muito maduras. As frutas co- lhidas antes de completado o seu desen- volvimento têm seu processo de amadure- cimento comprometido, não alcançando a qualidade desejada para o consumo, com- prometendo o sabor e o aroma e desidra- tando-se com maior facilidade. Por sua vez, frutas colhidas em estádios de matu- ração avançados são mais susceptíveis a danos mecânicos, ataque de patógenos e insetos, como também a distúrbios fisioló- gicos. Frutas destinadas à comercialização imediata devem ser colhidas mais madu- ras, pois apresentam maior tamanho, colo- ração vermelha, melhor sabor e aparência. Existem vários métodos de determinar o momento ótimo de iniciar a colheita para a obtenção de um armazenamento prolonga- do. Normalmente, utilizam-se testes que permitem identificar alterações nas caracte- rísticas físico-químicas das frutas, baseados em parâmetros preestabelecidos pela pes- quisa para cada cultivar. Não é aconselhável utilizar um único parâmetro, pois ocorrem variações muito acentuadas, sendo necessá- rio obter correlação entre diversas medidas ou índices de colheita. Entre os numerosos testes de maturação existentes para a maçã, os listados a seguir são normalmente utiliza- dos pela sua objetividade, reprodutividade e fácil execução, podendo ser aplicados pelo próprio produtor no momento da colheita A amostra para a determinação do ponto de colheita deve ser constituída de 15 a 20 frutas representativas do pomar; em pomares de grande extensão, é aconselhável realizar amostragens semanais, iniciando-se 3 semanas antes da provável colheita. Tam- bém é aconselhável dividi-los em qua-dras, acompanhando a evolução da matura-ção em cada uma delas. As frutas devem ser retiradas da altitude média da planta de to- dos os lados, observando que as plantas tenham semelhantes idades, porta-enxerto, época de quebra de dormência e fertilidade do solo. Amido Princípio Pelo processo de fotossíntese, os açú- cares sintetizados nas folhas são polimeri- zados e armazenados nas frutas na forma de amido. Durante a maturação, o amido armazenado na polpa da fruta é hidroliza- do, transformando-se em açúcares solú- veis. Quanto mais madura a fruta, menor o conteúdo de amido e maior o de açúcar. Assim, o desaparecimento progressivo do amido da polpa permite acompanhar a evolução da maturação em testes de rea- ção com iodo. Desse modo, o amido colo- re-se de azul, indicando regiões da polpa em que a hidrólise ainda não ocorreu. O processo de redução de seu teor ocorre de uma forma progressiva, de dentro para fora, sendo variável de acordo com a variedade. Execução Corta-se a fruta transversalmente na zona equatorial, imergindo uma das meta- des por 1 minuto em solução aquosa de iodo. Após esse tempo, retira-se a fruta da imersão, esperando mais 10 minutos para registrar o resultado, comparando-se a área que reagiu(azul-escuro), ao que se utiliza na tabela apropriada. Existem várias formas de atribuir va- lores numéricos a escalas de degradação do amido; neste livro, será utilizada a escala de 1 a 5 elaborada por Werner (1989) (Fig. 3). Nesse caso, o valor 1 na escala corresponde a frutas totalmente verdes, nas quais não ocorreu degradação do amido, e o valor 5 corresponde a frutas com maturação avançada, sem presença de amido. 27Frutas do Brasil, 39 Maçã Pós-colheita Fig. 3. Teste iodo-amido para determinação da maturação de maçãs. Fonte: adaptado de Werner, 1989. Preparo da solução de iodo: dissol- ver 12 g de iodo metálico e 24 g de iodeto de potássio em 1 L de água destilada. Essa solução deve ser guardada em frascos escu- ros, devendo ser renovada a cada 3 meses. Uma vez usada, essa solução poderá ser reutilizada por 3 a 4 vezes, mediante prévia filtração com papel filtro para eliminar as impurezas. Sólidos solúveis totais (SST) Princípio À medida que a maturação avança, ocorre aumento nos teores de açúcares, de- vido à transformação do amido em açúcares simples (glicose e frutose). A grande parte dos sólidos solúveis em uma fruta é de Frutas do Brasil, 39Maçã Pós-colheita28 açúcares. O conteúdo desses açúcares na maçã é um importante fator de qualidade organoléptica da fruta, porém não é isolada- mente um fator decisivo na colheita. Duran- te o processo de maturação, o teor encontra- do é influenciado por muitos fatores, como diferentes exposições da fruta na planta, irrigação, porta-enxerto, fertilização e condi- ções climáticas. Execução É realizada com o auxílio de instru- mento chamado refratômetro (Fig. 4) (escala de 0 a 32%), que determina o índice refrato- métrico ou grau Brix. Antes de iniciar a medição, deve-se calibrar o aparelho, colo- cando água destilada sobre o prisma, de modo que a escala marque zero. Depois, deve-se secar o prisma com papel absorven- te, tomando cuidado para não riscá-lo, colo- cando, em seguida, uma gota do suco da fruta. É importante que, após cada leitura, proceda-se à sua limpeza e secagem. O índice refratométrico varia com a temperatura, devendo corrigir-se o valor obtido com tabelas apropriadas, conforme a temperatura ambiente, pois os aparelhos são regulados para 20oC. Firmeza de polpa Princípio O amolecimento dos tecidos aumenta conforme o tamanho e a maturação da fruta. A firmeza da polpa é medida procurando-se estabelecer, de maneira indireta, as mudan- ças na estrutura celular, no tamanho das células e nas alterações bioquímicas na pare- de celular, como transformações da proto- pectina em pectina solúvel. Execução É obtida com o auxílio de aparelho chamado penetrômetro (Fig. 5), que, pela compressão exercida, mede a força equi- valente para vencer a resistência dos teci- dos da polpa. O modelo mais usado é o Effegi, que expressa os resultados em li- bras ou quilogramas (1 libra equivale a 0,454 Kg ou 4,44 N), utilizando ponteiras de 11 mm de diâmetro. A execução requer prática e experiência, sendo realizada reti- rando-se a casca em duas faces opostas da fruta de máximo diâmetro, posicionando- se o pistão perpendicularmente à polpa. Deve-se segurar a fruta com uma das mãos, apoiando a fruta em uma superfície firme. Não se deve apoiar a fruta contra o próprio corpo para não ocorrer erros de leitura. A pressão deve ser aplicada uniforme- mente, de forma que o pistão penetre no tecido da polpa até a ranhura circular, que corresponde a 8 mm, devendo então suspen- der a pressão. Deve-se ter o cuidado de sempre utilizar a mesma velocidade de medi- ção, visto que, quanto maior a velocidade, maior a leitura, recomendando-se utilizar 2 segundos na operação. Essa operação é facilitada utilizando-se uma bancada (Fig. 5). Deve ser realizada em frutas de mesmo tamanho e à temperatura ambiente, evitan- do, porém, que elas percam sua turgescência ou que murchem. Deve-se calibrar periodi- camente o aparelho, pressionando o mesmo, sem o pistão de penetração, perpendicular- mente ao prato de uma balança de fácil leitura. Recomenda-se pressioná-lo até obter 3 kg na balança, comparando com o valor correspondente no aparelho. Fig.4. Refratômetros para determinação de SST. Fo to : C . L . G ira rd i 29Frutas do Brasil, 39 Maçã Pós-colheita Fig.5. Penetrômetro para determinação da firmeza de polpa. Fo to : C . L . G ira rd i três gotas de fenolftaleína a 1%. A titulação é realizada com bureta de 25 ou 50 mL, utilizando-se hidróxido de sódio 0,1 N, mantendo a velocidade de escoamento constante e uniforme, até a solução adquirir a tonalidade rósea. O volu- me gasto representa a acidez expressa em meq/100 mL ou cmol/L. É importante res- saltar que a acidez é influenciada por condi- ções climáticas podendo ser variável de ano para ano. Acidez total titulável (ATT) Princípio Durante o crescimento e a diferencia- ção da fruta, ocorre um acúmulo de ácidos, sendo o málico o principal ácido encontrado na maçã. Com o processo de maturação, o seu conteúdo começa a diminuir, continuan- do durante o armazenamento. A acidez é um importante teste para determinar a qualidade interna da fruta durante o armazenamento, especialmente em variedades com baixa aci- dez, e frutas mantidas por longos períodos armazenados podem ficar doces e/ou insí- pidas. Execução Realizada pela titulometria de neutraliza- ção (Fig.6), utilizando-se 10 mL do suco da fruta que deverá ser colocado em erlen- meyer de 250 mL no qual adicio-nam-se, também, 90 mL de água destilada e duas a Fig.6. Buretas para determinação da ATT. Fo to : C . L . G ira rd i Cor de fundo da epiderme Princípio Na epiderme de maçãs, há cores de fundo e de superfície ou cobrimento. A cor de fundo evolui do verde para o amarelo, decorrente da degradação das clorofilas Frutas do Brasil, 39Maçã Pós-colheita30 PARÂMETROS DE COLHEITA Os parâmetros apresentados na Tabe- la 2 e na Fig. 8 servem como indicativo de colheita para as principais cultivares do Brasil e respectivas mutações. FATORES NUTRICIONAIS Para que a fruta tenha boas caracterís- ticas qualitativas e de conservação, o pomar deve receber um bom manejo da fertilidade do solo, de modo que não ocorram desequi- líbrios nutricionais e, conseqüentemente, aparecimento de distúrbios fisiológicos de- correntes de excessos ou deficiências de alguns nutrientes. Assim, deve-se tomar medidas desde a implantação do pomar, as quais permitam a disponibilidade dos nutri- entes na quantidade e no momento exato. Um bom preparo do solo e a correção das deficiências de nutrientes na implantação do pomar são fatores importantes para o êxito da produção de maçãs. A forma mais adequada de monitorar o estado nutricional da macieira é recorrer a análise química de tecidos da planta e a análise do solo. Para isso, deve-se atentar para a forma e a época de amostragem, bem como, para o encaminhamento da amostra ao laboratório, pois amostragem errada ou preparo inadequado da amostra comprometem o resultado analítico. De- vem-se seguir rigorosamente os procedi- mento recomendados para a cultura. Análise foliar Nas condições brasileiras, para a cul- tura da macieira, a análise foliar é um bom instrumento para o monitoramento perió- dico do estado nutricional da planta, de modo que o fruticultor possa tomar medi- das corretivas no caso de desequilíbrios. Para a realização da análise foliar da maci- eira, devem ser colhidas folhas completas (limbo com pecíolo) da porção média dos ramos do ano, posicionados em altura fa- cilmente acessível, sem o uso de escada, presentes nos cloroplastos, surgindo os carotenóides responsáveis pela cor amarela. Essas modificações são deter- minadas por características fisiológicas, pois são acompanhadas por aumento na respiração da fruta, sendo esseo principal critério prático de colheita. Deve-se evitar colher frutas com cor de fundo verde, visto serem mais suscetíveis à perda de peso, à presença de distúrbios fisiológicos (escaldadura) e de baixa qualidade para comercialização. A cor de superfície ou cobrimento, geralmente vermelho ou alaranjado, é decorrente dos pigmentos antocianinas que são sintetizados nas frutas que se aproximam da maturação, visto que sofrem uma maior exposição solar por permanecerem maior período de tempo na planta. É uma característica varietal, que permite normalizar a classificação da qualidade em classes, porém, não é utili- zada como parâmetro de colheita para frutas que se pretende armazenar por longos períodos, porque geralmente apresentam uma maturação avançada. Execução É um índice de colheita subjetivo, no qual se compara a cor de fundo com um conjunto de cartas colorimétricas preesta- belecidas, que funcionam como padrão de colheita. No Brasil, existe código de cores para a cultivar Gala (Fig. 7), e muitas empresas utilizam cartas colorimétricas internacionais. A execução é realizada confrontando a parte equatorial da fruta com suas diferentes tonalidades de verde- amarelo. A visualização deverá ser realiza- da em condições de luz natural ou difusa. Deve-se ter cuidado com esse tipo de avaliação, já que frutas colhidas no interi- or da planta se apresentam mais pálidas, e haverá uma maior intensidade de cor se ocorrer um excesso de adubação nitro- genada ou fortes chuvas. De modo geral, a experiência do produtor é importante na tomada de decisão de quando iniciar a colheita, baseado na mudança de cor das frutas no pomar. 31Frutas do Brasil, 39 Maçã Pós-colheita nos diferentes lados das plantas, no perío- do de 15 de janeiro a 15 de fevereiro. Se a época indicada para a coleta de amostra de folhas coincidir com o período de colheita das frutas de alguma cultivar, ou depois dele, a tomada de amostra deverá ser ante- cipada de uma a duas semanas, de modo que a amostragem de folhas seja sempre feita antes da colheita das frutas. Cada amostra deve ser composta de aproxima- damente 100 folhas, podendo representar um grupo de plantas ou um pomar, depen- dendo da homogeneidade. Em pomares com mais de 100 plan- tas, se elas forem homogêneas, devem-se coletar quatro folhas por planta em 25 plantas distribuídas aleatoriamente e representativas da área. Cada amostra rela- ciona-se a uma condição nutricional. As- sim, folhas com sintomas de deficiência nutricional não devem ser misturadas com folhas sadias. Cada amostra deve ser cons- tituída de folhas de plantas adultas da mesma idade e da mesma cultivar. Não devem ser coletadas amostras de ramos ladrões, que não refletem o crescimento Fig.7. Carta de cores para determinação do estádio de maturação da cultivar Gala. Fonte: Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) Tabela 2. Parâmetros de colheita para as cultivares Gala, Fuji e Golden Delicious e suas mutacões. Cultivar Firmeza polpa (lbs) Gala Fuji Golden delicious 17 a 19 16 a 18 15 a 17 Amido (1 - 5) 2,0 a 3,0 2,5 a 3,5 2,5 a 3,0 SST (º Brix) > 11 > 12 > 12 ATT (cmol/L) 5,2 a 6,0 3,7 a 5,2 6,7 a 8,2 Cor de fundo Verde claro Verde claro Verde claro Fonte: Embrapa/CNPFT, 1988. Frutas do Brasil, 39Maçã Pós-colheita32 médio dos ramos do ano. As folhas que compõem a amostra devem estar livres de doenças e de danos causados por insetos e não devem entrar em contato com embala- gens usadas de defensivos, fertilizantes, etc. A amostra deve ser acondicionada em saco de papel comum perfurado e enviada ao laboratório o mais rapidamente possível, acompanhada do respectivo ques- tionário. Caso o tempo previsto para a chegada da amostra ao laboratório seja superior a 2 dias, sugere-se fazer uma prévia secagem ao sol, sem retirar as folhas do saco, até que elas se tornem quebradi- ças. Para a interpretação dos resultados da análise foliar da macieira, deve ser consul- tada a Tabela 3. Efeito de nutrientes na qualidade da fruta Sob o aspecto qualitativo da fruta, vários nutrientes são importantes para a cultura da macieira, em que a falta ou o Fig. 8. Ponto de colheita ideal para longo armazenamento e efeitos negativos da colheita precoce ou tardia. Fonte: Adaptado de Werth (1997). 33Frutas do Brasil, 39 Maçã Pós-colheita excesso interferem no produto final. Além disso, as interações entre diferentes nutri- entes em condições de desequilíbrio, tam- bém afetam a produtividade e a qualidade da fruta (Tabela 4). Análise da fruta Pela análise das frutas pode-se diag- nosticar o equilíbrio nutricional durante a fase de crescimento das frutas e, próximo à colheita, permitir a tomada de decisão quanto ao destino a ser dado às frutas em pós-colheita. Esse tipo de análise pode ser utilizada para avaliar a possibilidade de incidência de distúrbios fisiológicos na fruta, como, por exemplo, bitter pit, permi- tindo ao fruticultor decidir qual o destino que poderá ser dado à fruta: comercializa- ção imediata (sem correr o risco de ter perdas pela incidência de distúrbios fisio- lógicos no armazenamento) ou armazena- mento da fruta. Para a realização da análise de frutas de macieira, devem ser colhidas amostras de frutas (30 frutas por amostra) da porção média da planta, posicionadas em altura acessível, sem o uso de escada, nos dife- rentes lados das plantas. Para que o resul- tado retorne do laboratório em tempo há- bil para a tomada de decisão quanto ao destino da fruta, a coleta deve ser realizada 15 a 20 dias antes da colheita. A amostra deve ser acondicionada em saco de papel comum perfurado e enviada ao laboratório o mais rapidamente possível, acompanha- da do respectivo questionário. A análise química das frutas é realiza- da em amostras de polpa fresca, e os nutri- entes normalmente analisados são o nitro- gênio, o potássio, o cálcio e o magnésio. Os teores adequados desses nutrientes na fruta são apresentados na Tabela 5, de acordo com os três tipos de amostragem: • Fatia longitudinal com a casca da fruta. • Amostra na forma de cilindro de 0,5 cm de diâmetro e 1 cm de comprimento colhido na região equatorial da fruta sem casca. • Casca total da fruta. Uma vez diagnosticada a deficiência ou o excesso de determinado(s) nutrien- te(s), devem-se tomar medidas corretivas. Contudo, o efeito da adubação se manifes- tará nas próximas safras. Para a cultura da Tabela 3. Interpretação dos resultados de análise foliar de macieira para amostras colhidas no período de 15 de janeiro a 15 de fevereiro. Faixas nutricionais Nutriente Insuficiente Abaixo do normal Normal Acima do normal Excessivo < 1,70 1,70 - 1,99 2,00 - 2,50 2,51 - 3,00 > 3,00 Fonte: Comissão (1995). N < 0,10 0,10 - 0,14 0,15 - 0,30 > 0,30 - P < 0,80 0,80 - 1,19 1,20 - 1,50 1,51 - 2,00 > 2,00 K < 0,80 0,80 - 1,09 1,10 - 1,70 >1,70 - Ca < 0,20 0,20 - 0,24 0,25 - 0,45 > 0,45 - Mg ---------------------------------------------------------- % -------------------------------------------------------- Insuficiente Abaixo do normal Normal Acima do normal Excessivo - < 50 50 - 250 > 250 - Fe < 20 20 - 29 30 -130 131- 200 > 200 Mn < 15 15 - 19 20 -100 > 100 - Zn < 3 3 - 4 5 - 30 31 - 50 > 50 Cu < 20 20 - 40 41 - 50 51 - 140 > 140 B ------------------------------------------------------- mg/kg ---------------------------------------------------- Frutas do Brasil, 39Maçã Pós-colheita34 macieira, a adubação com vista a corrigir desequilíbrios nutricionais normalmente é feita via solo, para os nutrientes nitro- gênio, fósforo e potássio, enquanto, para cálcio, magnésio e micronutrintes é feita pela adubação foliar. No caso de excesso de nutrientes, as medidascorretivas são mais difíceis, pois envolvem a aplicação de nutrientes para propiciar o equilíbrio entre eles. Tabela 4. Efeito do excesso ou da deficiência de nutrientes na produtividade e qualidade de frutas de macieiras. Nutriente Efeito na fruta N - K - - K e Mg - N - Fonte: adaptado de Torrellardona, 1983. Reduz a coloração, afeta a conservação e favorece a incidência de pragas e doenças Reduz a produção e o calibre da fruta Favorece o aparecimento de distúrbios fisiológicos Reduz a coloração, a produção e o calibre da fruta Favorece o aparecimento de distúrbios fisiológicos Distúrbios fisiológicos, maior incidência de podridões Senescência Coloração deficiente Menor produção, menor calibre Acima do normal - N - K Ca Ca P e K K N e K Insuficiente Tabela 5. Teores considerados normais de nitrogênio, potássio, cálcio e magnésio na fruta fresca de macieira em vários tipos de amostragem. Nutrientes Tipos de amostragem Nitrogênio Potássio Cálcio Magnésio 60 – 70 95 – 120 4,0 – 5,0 4,0 – 6,0 Fonte: adaptado de Argenta & Suzuki (1994) e Nachtigall & Freire (2000). Fatia longitudinal ---------------------------------------------------- mg / 100g ------------------------------------------------- 30 – 40 90 –110 2,5 – 3,0 3,0 – 5,0 Amostra equatorial 40 – 60 100 – 120 10,0 – 15,0 10,0 – 12,0 Casca
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