Buscar

Fatores pré-colheita que inteferem na qualidade da fruta

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Frutas do Brasil, 39Maçã Pós-colheita24
3 FATORESPRÉ-COLHEITA
QUE INTERFEREM
NA QUALIDADE
DA FRUTA
César Luis Girardi
Gilmar Ribeiro Nachtigall
Aguinaldo Parussolo
INTRODUÇÃO
As principais cultivares de maçãs pro-
duzidas no Brasil são a Gala, a Fuji e a Gol-
den Delicious, além de suas mutações. Pra-
ticamente toda a colheita ocorre nos primei-
ros 4 meses do ano (Tabela 1). Portanto,
deve-se assegurar que ela inicie no momento
correto em cada cultivar, organizando-se
equipes de trabalho e transporte conforme a
área e a estimativa de produção. O início da
colheita pode variar de ano para ano de
acordo com as condições climáticas.
PLANEJAMENTO
DA COLHEITA
Mão-de-obra
Deve-se contratar antecipadamente
mão-de-obra proporcional às necessida-
des da área do pomar. Geralmente, para
plantios de alta densidade, são necessários
três colhedores para cada hectare de po-
mar. Essas pessoas devem ser devidamen-
te treinadas, de modo a evitar danos e
desperdícios na colheita, sendo capazes de
reconhecer o ponto de colheita de cada
variedade. É necessário que haja um su-
pervisor de colheita para cada equipe de
trabalho, para coordenar as pessoas envol-
vidas nessa operação. O supervisor deverá
ter experiência quantos aos aspectos ge-
rais (logística) da colheita, como também
quanto às técnicas específicas relaciona-
das com a maturação, a forma e os cuida-
dos na colheita, e ainda quanto ao cuidado
da equipe com os aspectos de higiene
(unhas cortadas) e divisão de tarefas (Fig.1).
Recipientes de colheita
A colheita da maçã é realizada
manualmente, utilizando-se sacolas de
Tabela 1. Previsão da início de colheita das principais cultivares e suas mutações para o sul do País.
Gala
Golden Delicious
Fuji
Fevereiro
Fonte: EMPASC, 1986
Janeiro AbrilMarço
15 20 25 30 05 10 15 20 25 3005 10 15 20 25 30 05 10 15 20 25 30
Cultivares
25Frutas do Brasil, 39 Maçã Pós-colheita
fundo falso. Após a colheita, as frutas são
depositadas em caixões chamados bins
(Fig. 2), os quais facilitam o transporte até
a central de embalagem (packing-house).
Essas embalagens devem ser devidamente
limpas e desinfestadas. Cada bin pode
transportar de 350 a 400 kg de frutas,
apresentando dimensões de 1 x 1,2 m nas
medidas laterais e 80,5 cm de altura,
devendo ter, no mínimo, 15% de abertura
para facilitar a ventilação e a umidade
quando colocados na câmara fria. Essas
dimensões são importantes para o
empilhamento, podendo ser variáveis de
acordo com as características de cada
situação específica do local de armazena-
mento e dos equipamentos disponíveis. É
importante observar que essas embala-
gens tenham quinas arredondadas e canto-
neiras aparadas, sendo resistentes ao
empilhamento, e não causando danos às
frutas pelo excesso de peso acumulado por
área de base. Para evitar danos por abrasão
ou vibração, podem-se utilizar plásticos
polibolha internamente nas embalagens,
sendo necessário trocá-los ou lavá-los após
o uso. Também se deve verificar possíveis
problemas oriundos da falta de ventilação,
os quais podem ser contornados fazen-
do-se perfurações laterais nas embalagens.
Forma de colheita
Deve ser realizada manualmente por
meio de uma ligeira torção, de maneira que
o pedúnculo saia junto com a fruta.
De-vem-se colher frutas sadias, em repas-
ses, e com estado de maturação adequado,
sendo colhidas sem folhas para evitar riscos
de infecção. As frutas caídas no chão não
devem ser colocadas junto das colhidas,
procurando também não colher frutas mo-
lhadas. As frutas colhidas devem ser tratadas
como se fossem ovos, evitando batidas, que-
das e machucaduras com unhas.
Transporte
Deve-se evitar a exposição das frutas
colhidas ao sol transportando-as o mais rápi-
do possível para a central de embalagem,
procurando não transportar meia carga para
evitar que a fruta fique solta e ocorram
batidas. Quando o transporte é realizado a
longas distâncias, deve-se cobrir com lona
clara ou fazer uso de caminhões frigoríficos.
O veículo de transporte deve ser conduzido
em uma velocidade baixa, com amortecedo-
res e suspensão em boas condições e pneus
com pressão reduzida para evitar vibrações.
As estradas internas dos pomares devem ser
aplainadas antes do início da colheita pela
retirada das pedras.
ÍNDICES DE COLHEITA
O ponto de colheita está correlacio-
nado com determinados índices ou parâ-
metros. Alguns desses são utilizados para
estabelecer critérios mínimos e máximos
aceitáveis, de acordo com o destino da
fruta já colhida.
Fig. 1. Mão-de-obra para colheita de maçãs.
Fo
to
: L
. P
. C
ou
to
Fig.2. Bins utilizados para colheita e arma-
zenamento de maçãs.
Fo
to
: C
. L
. G
ira
rd
i
Frutas do Brasil, 39Maçã Pós-colheita26
A colheita de maçãs no momento
ótimo implica diminuir a possibilidade de
ocorrência de perdas durante o armazena-
mento e a comercialização, por conta das
desordens fisiológicas próprias de frutas
imaturas ou muito maduras. As frutas co-
lhidas antes de completado o seu desen-
volvimento têm seu processo de amadure-
cimento comprometido, não alcançando a
qualidade desejada para o consumo, com-
prometendo o sabor e o aroma e desidra-
tando-se com maior facilidade. Por sua
vez, frutas colhidas em estádios de matu-
ração avançados são mais susceptíveis a
danos mecânicos, ataque de patógenos e
insetos, como também a distúrbios fisioló-
gicos. Frutas destinadas à comercialização
imediata devem ser colhidas mais madu-
ras, pois apresentam maior tamanho, colo-
ração vermelha, melhor sabor e aparência.
Existem vários métodos de determinar
o momento ótimo de iniciar a colheita para a
obtenção de um armazenamento prolonga-
do. Normalmente, utilizam-se testes que
permitem identificar alterações nas caracte-
rísticas físico-químicas das frutas, baseados
em parâmetros preestabelecidos pela pes-
quisa para cada cultivar. Não é aconselhável
utilizar um único parâmetro, pois ocorrem
variações muito acentuadas, sendo necessá-
rio obter correlação entre diversas medidas
ou índices de colheita. Entre os numerosos
testes de maturação existentes para a maçã,
os listados a seguir são normalmente utiliza-
dos pela sua objetividade, reprodutividade e
fácil execução, podendo ser aplicados pelo
próprio produtor no momento da colheita
A amostra para a determinação do
ponto de colheita deve ser constituída de 15
a 20 frutas representativas do pomar; em
pomares de grande extensão, é aconselhável
realizar amostragens semanais, iniciando-se
3 semanas antes da provável colheita. Tam-
bém é aconselhável dividi-los em qua-dras,
acompanhando a evolução da matura-ção
em cada uma delas. As frutas devem ser
retiradas da altitude média da planta de to-
dos os lados, observando que as plantas tenham
semelhantes idades, porta-enxerto, época de
quebra de dormência e fertilidade do solo.
Amido
Princípio
Pelo processo de fotossíntese, os açú-
cares sintetizados nas folhas são polimeri-
zados e armazenados nas frutas na forma
de amido. Durante a maturação, o amido
armazenado na polpa da fruta é hidroliza-
do, transformando-se em açúcares solú-
veis. Quanto mais madura a fruta, menor o
conteúdo de amido e maior o de açúcar.
Assim, o desaparecimento progressivo do
amido da polpa permite acompanhar a
evolução da maturação em testes de rea-
ção com iodo. Desse modo, o amido colo-
re-se de azul, indicando regiões da polpa
em que a hidrólise ainda não ocorreu. O
processo de redução de seu teor ocorre de
uma forma progressiva, de dentro para
fora, sendo variável de acordo com a
variedade.
Execução
Corta-se a fruta transversalmente na
zona equatorial, imergindo uma das meta-
des por 1 minuto em solução aquosa de
iodo. Após esse tempo, retira-se a fruta da
imersão, esperando mais 10 minutos para
registrar o resultado, comparando-se a área
que reagiu(azul-escuro), ao que se utiliza
na tabela apropriada.
Existem várias formas de atribuir va-
lores numéricos a escalas de degradação
do amido; neste livro, será utilizada a
escala de 1 a 5 elaborada por Werner
(1989) (Fig. 3). Nesse caso, o valor 1 na
escala corresponde a frutas totalmente
verdes, nas quais não ocorreu degradação
do amido, e o valor 5 corresponde a frutas
com maturação avançada, sem presença
de amido.
27Frutas do Brasil, 39 Maçã Pós-colheita
Fig. 3. Teste iodo-amido para determinação da maturação de maçãs.
Fonte: adaptado de Werner, 1989.
Preparo da solução de iodo: dissol-
ver 12 g de iodo metálico e 24 g de iodeto de
potássio em 1 L de água destilada. Essa
solução deve ser guardada em frascos escu-
ros, devendo ser renovada a cada 3 meses.
Uma vez usada, essa solução poderá ser
reutilizada por 3 a 4 vezes, mediante prévia
filtração com papel filtro para eliminar as
impurezas.
Sólidos solúveis totais (SST)
Princípio
À medida que a maturação avança,
ocorre aumento nos teores de açúcares, de-
vido à transformação do amido em açúcares
simples (glicose e frutose). A grande parte
dos sólidos solúveis em uma fruta é de
Frutas do Brasil, 39Maçã Pós-colheita28
açúcares. O conteúdo desses açúcares na
maçã é um importante fator de qualidade
organoléptica da fruta, porém não é isolada-
mente um fator decisivo na colheita. Duran-
te o processo de maturação, o teor encontra-
do é influenciado por muitos fatores, como
diferentes exposições da fruta na planta,
irrigação, porta-enxerto, fertilização e condi-
ções climáticas.
Execução
É realizada com o auxílio de instru-
mento chamado refratômetro (Fig. 4) (escala
de 0 a 32%), que determina o índice refrato-
métrico ou grau Brix. Antes de iniciar a
medição, deve-se calibrar o aparelho, colo-
cando água destilada sobre o prisma, de
modo que a escala marque zero. Depois,
deve-se secar o prisma com papel absorven-
te, tomando cuidado para não riscá-lo, colo-
cando, em seguida, uma gota do suco da
fruta. É importante que, após cada leitura,
proceda-se à sua limpeza e secagem.
O índice refratométrico varia com a
temperatura, devendo corrigir-se o valor
obtido com tabelas apropriadas, conforme
a temperatura ambiente, pois os aparelhos
são regulados para 20oC.
Firmeza de polpa
Princípio
O amolecimento dos tecidos aumenta
conforme o tamanho e a maturação da fruta.
A firmeza da polpa é medida procurando-se
estabelecer, de maneira indireta, as mudan-
ças na estrutura celular, no tamanho das
células e nas alterações bioquímicas na pare-
de celular, como transformações da proto-
pectina em pectina solúvel.
Execução
É obtida com o auxílio de aparelho
chamado penetrômetro (Fig. 5), que, pela
compressão exercida, mede a força equi-
valente para vencer a resistência dos teci-
dos da polpa. O modelo mais usado é o
Effegi, que expressa os resultados em li-
bras ou quilogramas (1 libra equivale a
0,454 Kg ou 4,44 N), utilizando ponteiras
de 11 mm de diâmetro. A execução requer
prática e experiência, sendo realizada reti-
rando-se a casca em duas faces opostas da
fruta de máximo diâmetro, posicionando-
se o pistão perpendicularmente à polpa.
Deve-se segurar a fruta com uma das mãos,
apoiando a fruta em uma superfície firme.
Não se deve apoiar a fruta contra o próprio
corpo para não ocorrer erros de leitura.
A pressão deve ser aplicada uniforme-
mente, de forma que o pistão penetre no
tecido da polpa até a ranhura circular, que
corresponde a 8 mm, devendo então suspen-
der a pressão. Deve-se ter o cuidado de
sempre utilizar a mesma velocidade de medi-
ção, visto que, quanto maior a velocidade,
maior a leitura, recomendando-se utilizar
2 segundos na operação. Essa operação é
facilitada utilizando-se uma bancada (Fig.
5). Deve ser realizada em frutas de mesmo
tamanho e à temperatura ambiente, evitan-
do, porém, que elas percam sua turgescência
ou que murchem. Deve-se calibrar periodi-
camente o aparelho, pressionando o mesmo,
sem o pistão de penetração, perpendicular-
mente ao prato de uma balança de fácil
leitura. Recomenda-se pressioná-lo até obter
3 kg na balança, comparando com o valor
correspondente no aparelho.
Fig.4. Refratômetros para determinação de
SST.
Fo
to
: C
. L
. G
ira
rd
i
29Frutas do Brasil, 39 Maçã Pós-colheita
Fig.5. Penetrômetro para determinação da
firmeza de polpa.
Fo
to
: C
. L
. G
ira
rd
i
três gotas de fenolftaleína a 1%.
A titulação é realizada com bureta de
25 ou 50 mL, utilizando-se hidróxido de
sódio 0,1 N, mantendo a velocidade de
escoamento constante e uniforme, até a
solução adquirir a tonalidade rósea. O volu-
me gasto representa a acidez expressa em
meq/100 mL ou cmol/L. É importante res-
saltar que a acidez é influenciada por condi-
ções climáticas podendo ser variável de ano
para ano.
Acidez total titulável (ATT)
Princípio
Durante o crescimento e a diferencia-
ção da fruta, ocorre um acúmulo de ácidos,
sendo o málico o principal ácido encontrado
na maçã. Com o processo de maturação, o
seu conteúdo começa a diminuir, continuan-
do durante o armazenamento. A acidez é um
importante teste para determinar a qualidade
interna da fruta durante o armazenamento,
especialmente em variedades com baixa aci-
dez, e frutas mantidas por longos períodos
armazenados podem ficar doces e/ou insí-
pidas.
Execução
Realizada pela titulometria de neutraliza-
ção (Fig.6), utilizando-se 10 mL do suco
da fruta que deverá ser colocado em erlen-
meyer de 250 mL no qual adicio-nam-se,
também, 90 mL de água destilada e duas a
Fig.6. Buretas para determinação da ATT.
Fo
to
: C
. L
. G
ira
rd
i
Cor de fundo da epiderme
Princípio
Na epiderme de maçãs, há cores de
fundo e de superfície ou cobrimento. A cor
de fundo evolui do verde para o amarelo,
decorrente da degradação das clorofilas
Frutas do Brasil, 39Maçã Pós-colheita30
PARÂMETROS DE COLHEITA
Os parâmetros apresentados na Tabe-
la 2 e na Fig. 8 servem como indicativo de
colheita para as principais cultivares do
Brasil e respectivas mutações.
FATORES NUTRICIONAIS
Para que a fruta tenha boas caracterís-
ticas qualitativas e de conservação, o pomar
deve receber um bom manejo da fertilidade
do solo, de modo que não ocorram desequi-
líbrios nutricionais e, conseqüentemente,
aparecimento de distúrbios fisiológicos de-
correntes de excessos ou deficiências de
alguns nutrientes. Assim, deve-se tomar
medidas desde a implantação do pomar, as
quais permitam a disponibilidade dos nutri-
entes na quantidade e no momento exato.
Um bom preparo do solo e a correção das
deficiências de nutrientes na implantação do
pomar são fatores importantes para o êxito
da produção de maçãs.
A forma mais adequada de monitorar
o estado nutricional da macieira é recorrer
a análise química de tecidos da planta e a
análise do solo. Para isso, deve-se atentar
para a forma e a época de amostragem,
bem como, para o encaminhamento da
amostra ao laboratório, pois amostragem
errada ou preparo inadequado da amostra
comprometem o resultado analítico. De-
vem-se seguir rigorosamente os procedi-
mento recomendados para a cultura.
Análise foliar
Nas condições brasileiras, para a cul-
tura da macieira, a análise foliar é um bom
instrumento para o monitoramento perió-
dico do estado nutricional da planta, de
modo que o fruticultor possa tomar medi-
das corretivas no caso de desequilíbrios.
Para a realização da análise foliar da maci-
eira, devem ser colhidas folhas completas
(limbo com pecíolo) da porção média dos
ramos do ano, posicionados em altura fa-
cilmente acessível, sem o uso de escada,
presentes nos cloroplastos, surgindo os
carotenóides responsáveis pela cor
amarela. Essas modificações são deter-
minadas por características fisiológicas,
pois são acompanhadas por aumento na
respiração da fruta, sendo esseo principal
critério prático de colheita. Deve-se evitar
colher frutas com cor de fundo verde, visto
serem mais suscetíveis à perda de peso, à
presença de distúrbios fisiológicos
(escaldadura) e de baixa qualidade para
comercialização. A cor de superfície ou
cobrimento, geralmente vermelho ou
alaranjado, é decorrente dos pigmentos
antocianinas que são sintetizados nas frutas
que se aproximam da maturação, visto que
sofrem uma maior exposição solar por
permanecerem maior período de tempo na
planta. É uma característica varietal, que
permite normalizar a classificação da
qualidade em classes, porém, não é utili-
zada como parâmetro de colheita para
frutas que se pretende armazenar por longos
períodos, porque geralmente apresentam
uma maturação avançada.
Execução
É um índice de colheita subjetivo, no
qual se compara a cor de fundo com um
conjunto de cartas colorimétricas preesta-
belecidas, que funcionam como padrão de
colheita. No Brasil, existe código de cores
para a cultivar Gala (Fig. 7), e muitas
empresas utilizam cartas colorimétricas
internacionais. A execução é realizada
confrontando a parte equatorial da fruta
com suas diferentes tonalidades de verde-
amarelo. A visualização deverá ser realiza-
da em condições de luz natural ou difusa.
Deve-se ter cuidado com esse tipo de
avaliação, já que frutas colhidas no interi-
or da planta se apresentam mais pálidas, e
haverá uma maior intensidade de cor se
ocorrer um excesso de adubação nitro-
genada ou fortes chuvas. De modo geral, a
experiência do produtor é importante na
tomada de decisão de quando iniciar a
colheita, baseado na mudança de cor das
frutas no pomar.
31Frutas do Brasil, 39 Maçã Pós-colheita
nos diferentes lados das plantas, no perío-
do de 15 de janeiro a 15 de fevereiro. Se a
época indicada para a coleta de amostra de
folhas coincidir com o período de colheita
das frutas de alguma cultivar, ou depois
dele, a tomada de amostra deverá ser ante-
cipada de uma a duas semanas, de modo
que a amostragem de folhas seja sempre
feita antes da colheita das frutas. Cada
amostra deve ser composta de aproxima-
damente 100 folhas, podendo representar
um grupo de plantas ou um pomar, depen-
dendo da homogeneidade.
Em pomares com mais de 100 plan-
tas, se elas forem homogêneas, devem-se
coletar quatro folhas por planta em
25 plantas distribuídas aleatoriamente e
representativas da área. Cada amostra rela-
ciona-se a uma condição nutricional. As-
sim, folhas com sintomas de deficiência
nutricional não devem ser misturadas com
folhas sadias. Cada amostra deve ser cons-
tituída de folhas de plantas adultas da
mesma idade e da mesma cultivar. Não
devem ser coletadas amostras de ramos
ladrões, que não refletem o crescimento
Fig.7. Carta de cores para determinação do estádio de maturação da cultivar Gala.
Fonte: Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM)
Tabela 2. Parâmetros de colheita para as cultivares Gala, Fuji e Golden Delicious e suas mutacões.
Cultivar Firmeza polpa
(lbs)
Gala
Fuji
Golden delicious
17 a 19
16 a 18
15 a 17
Amido
(1 - 5)
2,0 a 3,0
2,5 a 3,5
2,5 a 3,0
SST
(º Brix)
> 11
> 12
> 12
ATT
(cmol/L)
5,2 a 6,0
3,7 a 5,2
6,7 a 8,2
Cor de
fundo
Verde claro
Verde claro
Verde claro
Fonte: Embrapa/CNPFT, 1988.
Frutas do Brasil, 39Maçã Pós-colheita32
médio dos ramos do ano. As folhas que
compõem a amostra devem estar livres de
doenças e de danos causados por insetos e
não devem entrar em contato com embala-
gens usadas de defensivos, fertilizantes, etc.
A amostra deve ser acondicionada
em saco de papel comum perfurado e
enviada ao laboratório o mais rapidamente
possível, acompanhada do respectivo ques-
tionário. Caso o tempo previsto para a
chegada da amostra ao laboratório seja
superior a 2 dias, sugere-se fazer uma
prévia secagem ao sol, sem retirar as folhas
do saco, até que elas se tornem quebradi-
ças. Para a interpretação dos resultados da
análise foliar da macieira, deve ser consul-
tada a Tabela 3.
Efeito de nutrientes
na qualidade da fruta
Sob o aspecto qualitativo da fruta,
vários nutrientes são importantes para a
cultura da macieira, em que a falta ou o
Fig. 8. Ponto de colheita ideal para longo armazenamento e efeitos negativos da colheita
precoce ou tardia.
Fonte: Adaptado de Werth (1997).
33Frutas do Brasil, 39 Maçã Pós-colheita
excesso interferem no produto final. Além
disso, as interações entre diferentes nutri-
entes em condições de desequilíbrio, tam-
bém afetam a produtividade e a qualidade
da fruta (Tabela 4).
Análise da fruta
Pela análise das frutas pode-se diag-
nosticar o equilíbrio nutricional durante a
fase de crescimento das frutas e, próximo
à colheita, permitir a tomada de decisão
quanto ao destino a ser dado às frutas em
pós-colheita. Esse tipo de análise pode ser
utilizada para avaliar a possibilidade de
incidência de distúrbios fisiológicos na
fruta, como, por exemplo, bitter pit, permi-
tindo ao fruticultor decidir qual o destino
que poderá ser dado à fruta: comercializa-
ção imediata (sem correr o risco de ter
perdas pela incidência de distúrbios fisio-
lógicos no armazenamento) ou armazena-
mento da fruta.
Para a realização da análise de frutas
de macieira, devem ser colhidas amostras
de frutas (30 frutas por amostra) da porção
média da planta, posicionadas em altura
acessível, sem o uso de escada, nos dife-
rentes lados das plantas. Para que o resul-
tado retorne do laboratório em tempo há-
bil para a tomada de decisão quanto ao
destino da fruta, a coleta deve ser realizada
15 a 20 dias antes da colheita. A amostra
deve ser acondicionada em saco de papel
comum perfurado e enviada ao laboratório
o mais rapidamente possível, acompanha-
da do respectivo questionário.
A análise química das frutas é realiza-
da em amostras de polpa fresca, e os nutri-
entes normalmente analisados são o nitro-
gênio, o potássio, o cálcio e o magnésio.
Os teores adequados desses nutrientes na
fruta são apresentados na Tabela 5, de
acordo com os três tipos de amostragem:
• Fatia longitudinal com a casca da
fruta.
• Amostra na forma de cilindro de 0,5
cm de diâmetro e 1 cm de comprimento
colhido na região equatorial da fruta sem
casca.
• Casca total da fruta.
Uma vez diagnosticada a deficiência
ou o excesso de determinado(s) nutrien-
te(s), devem-se tomar medidas corretivas.
Contudo, o efeito da adubação se manifes-
tará nas próximas safras. Para a cultura da
Tabela 3. Interpretação dos resultados de análise foliar de macieira para amostras colhidas no
período de 15 de janeiro a 15 de fevereiro.
Faixas
nutricionais
Nutriente
Insuficiente
Abaixo do normal
Normal
Acima do normal
Excessivo
< 1,70
1,70 - 1,99
2,00 - 2,50
2,51 - 3,00
> 3,00
Fonte: Comissão (1995).
N
< 0,10
0,10 - 0,14
0,15 - 0,30
> 0,30
-
P
< 0,80
0,80 - 1,19
1,20 - 1,50
1,51 - 2,00
> 2,00
K
< 0,80
0,80 - 1,09
1,10 - 1,70
>1,70
-
Ca
< 0,20
0,20 - 0,24
0,25 - 0,45
> 0,45
-
Mg
---------------------------------------------------------- % --------------------------------------------------------
Insuficiente
Abaixo do normal
Normal
Acima do normal
Excessivo
-
< 50
50 - 250
> 250
-
Fe
< 20
20 - 29
30 -130
131- 200
> 200
Mn
< 15
15 - 19
20 -100
> 100
-
Zn
< 3
3 - 4
5 - 30
31 - 50
> 50
Cu
< 20
20 - 40
41 - 50
51 - 140
> 140
B
------------------------------------------------------- mg/kg ----------------------------------------------------
Frutas do Brasil, 39Maçã Pós-colheita34
macieira, a adubação com vista a corrigir
desequilíbrios nutricionais normalmente é
feita via solo, para os nutrientes nitro-
gênio, fósforo e potássio, enquanto, para
cálcio, magnésio e micronutrintes é feita
pela adubação foliar. No caso de excesso
de nutrientes, as medidascorretivas são
mais difíceis, pois envolvem a aplicação
de nutrientes para propiciar o equilíbrio
entre eles.
Tabela 4. Efeito do excesso ou da deficiência de nutrientes na produtividade e qualidade de frutas
de macieiras.
Nutriente
Efeito na fruta
N
-
K
-
-
K e Mg
-
N
-
Fonte: adaptado de Torrellardona, 1983.
Reduz a coloração, afeta a conservação e favorece a incidência de
pragas e doenças
Reduz a produção e o calibre da fruta
Favorece o aparecimento de distúrbios fisiológicos
Reduz a coloração, a produção e o calibre da fruta
Favorece o aparecimento de distúrbios fisiológicos
Distúrbios fisiológicos, maior incidência de podridões
Senescência
Coloração deficiente
Menor produção, menor calibre
Acima do
normal
-
N
-
K
Ca
Ca
P e K
K
N e K
Insuficiente
Tabela 5. Teores considerados normais de nitrogênio, potássio, cálcio e magnésio na fruta fresca de
macieira em vários tipos de amostragem.
Nutrientes Tipos de amostragem
Nitrogênio
Potássio
Cálcio
Magnésio
60 – 70
95 – 120
4,0 – 5,0
4,0 – 6,0
Fonte: adaptado de Argenta & Suzuki (1994) e Nachtigall & Freire (2000).
Fatia longitudinal
---------------------------------------------------- mg / 100g -------------------------------------------------
30 – 40
90 –110
2,5 – 3,0
3,0 – 5,0
Amostra equatorial
40 – 60
100 – 120
10,0 – 15,0
10,0 – 12,0
Casca

Outros materiais