Penal – CESPE Prof. Nourmirio Tesseroli Filho 114 requisição, tratando-se de uma nulidade relativa, devendo ser provado o prejuízo. O interrogatório por videoconferência (sem presença física do juiz) é uma exceção” (“Processo Penal”. Válter Kenji Ishida, 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 137). 379. Errado. É admissível a prova colhida com aparente afronta às normas legais, contanto que favoravelmente ao réu para provar sua inocência, não para satisfazer a pretensão punitiva estatal. Frise-se, porém, embora possa ser usada, excepcionalmente, em favor do acusado, continua revestida do caráter de ilicitude. 380. Errado. Excepcionalmente, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá o juiz realizar o interrogatório do acusado preso por sistema de videoconferência (CPP, § 2º, do art. 185, com redação dada pela Lei 11.900/2009). 381. Errado. A modificação introduzida pela Lei 11.690/2008, aboliu a exigência de dois peritos oficiais. Sendo oficial, basta um “expert” (CPP, art. 159, § 1º). 382. Errado. A acareação persiste na legislação processual penal (CPP, arts. 229 a 230), e poderá ser realizada tanto na fase do inquérito policial quanto na fase judicial propriamente dita. Podem ser acareados acusados, testemunhas e ofendidos, entre si ou uns com os outros (CPP, art. 229). Há entendimento doutrinário que, excepcionalmente, poderá ser determinada acareação entre peritos no caso concreto. 383. Errado. Não se confunde a quebra do sigilo das comunicações telefônicas, que pode ser determinada, inclusive, pelas comissões parlamentares de inquérito, com a interceptação telefônica. Esta, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal (CF, art. 5º, XII), se realizada sem ordem judicial, sempre será ilícita. 384. Errado. Na gravação clandestina um dos interlocutores tem ciência de que a conversação está sendo registrada (um dos comunicadores grava a conversa sem a anuência do outro). A jurisprudência entende que não age ilicitamente, encontrando-se acobertado por excludente de ilicitude, quem, para provar a própria inocência, grava conversação com terceiro (RJTJSP 138/26). Inclusive, é o entendimento do STJ no Informativo 300/2006, ao entender que “quanto à gravação utilizada como prova naqueles autos, não há que a tachar de ilícita, visto que foi realizada por um dos interlocutores – a própria vítima no momento de negociação da propina – fato que, conforme jurisprudência deste Superior Tribunal e do STF, afasta-lhe a pecha”. Enfim, é admissível como prova a gravação efetuada por um dos interlocutores (STJ, RHC 5.944, 6ª Turma, RT 742/574). 385. Errado. Segundo o Professor Válter Kenji Ishida, “não necessita ser provada a lei federal (juria novit curia)” (“Processo Penal”, ed. 1001 Questões Comentadas – Direito Processual Penal – CESPE Prof. Nourmirio Tesseroli Filho 115 2., São Paulo: Atlas, 2010, p. 113). Apenas o direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário exige prova (CPC, art. 337). 386. Errado. Deve ser provado o direito alienígena (estrangeiro), conforme estabelece o art. 337 do CPC. Sua aceitação não tem relação com o Tribunal Penal Internacional (o Brasil se submete à jurisdição do TPI, consoante prevê o § 4º, do art. 5º, da CF/88). 387. Correto. O Código de Processo Penal, a partir do Título VII, regulamenta a produção de provas no mundo do processo penal. As provas têm como principal objetivo convencer o julgador, razão pela qual o principal destinatário dos elementos probatórios. 388. Errado. As provas ilícitas e as derivadas destas são inadmissíveis. Segundo estabelece a legislação processual penal vigente, “são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou ilegais” (CPP, art. 157, “caput”, com redação dada pela Lei 11.690/2008). “São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras” (CPP, § 1º, do art. 157). (Grifo nosso) 389. Correto. O corréu não pode ser ouvido como testemunha do réu no mesmo processo. Não se confunde testemunha com corréu! Aquela presta compromisso legal e está sujeita ao crime de falso testemunho. O corréu, por sua vez, pode falsear a verdade, uma vez que não presta o compromisso legal (STJ, HC 40.394/MG, Rel. Min. Og Fernandes, j. 14.04.2009). 390. Errado. As comissões parlamentares de inquérito não têm poder jurídico de requisitar às operadoras de telefonia cópias de decisão ou de mandado judicial de interceptação telefônica, para quebrar o sigilo imposto a processo submetido a segredo de justiça. Este é oponível à CPI, representando expressiva limitação aos seus poderes constitucionais (STF, MS 27.483- REF-MC, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 10.10.2008). 391. Errado. As comissões parlamentares de inquérito não podem autorizar a interceptação das comunicações telefônicas, porém podem determinar, motivadamente, a quebra dos sigilos telefônico, fiscal e bancário do investigado. A quebra do sigilo telefônico não se confunde com a interceptação telefônica. A primeira incide sobre os registros telefônicos da pessoa (data e horário da chamada, número discado, duração da conversação etc.). 1001 Questões Comentadas – Direito Processual Penal – CESPE Prof. Nourmirio Tesseroli Filho 116 392. Errado. As provas ilícitas e ilegítimas são espécies do gênero prova ilegal. As primeiras são produzidas a partir da violação de normas de direito material. As segundas, diferentemente, são produzidas a partir da afronta a normas de natureza processual. 393. Errado. A doutrina e a jurisprudência pátrias há tempo têm considerado possível a utilização das provas ilícitas em favor do acusado quando se tratar da única forma de absolvê-lo. Paulo Rangel sustenta que “a vedação da prova obtida por meio ilícito é de caráter relativo e não absoluto. Dessa forma, é admissível a prova colhida com (aparente) infringência às normas legais, desde que em favor do réu para provar sua inocência, pois absurda seria a condenação de um acusado que, tendo provas de sua inocência, não poderia usá-las só porque (aparentemente) colhidas ao arrepio da lei” (Direito Processual Penal. 17. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 472). 394. Correto. A Lei 9.296/1996, em seu art. 2º, estabelece que não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção (III). Registre-se, a lei faz referência à infração penal, que abrange crime e contravenção penal. Entretanto, a intercepção telefônica só é admissível nas hipóteses de crimes apenados com reclusão! Não é permitida nos delitos punidos com detenção e nas contravenções penais. 395. Correto. Há decisão do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que “não se reconhece ilegalidade no posicionamento do réu sozinho para o reconhecimento, pois o art. 226, II, do Código de Processo Penal, determina que o agente será colocado ao lado de outras pessoas que com ele tiverem semelhança ‘se possível’, sendo tal determinação, portanto, recomendável mas não essencial” (HC 7.802/RJ, 5ª Turma, Rel. Min. Gilson Dipp, 21.06.1999). A doutrina diverge a respeito! 396. Errado. A constituição de defensor independerá de instrumento de mandato, se o réu o indicar por ocasião do interrogatório (CPP, art. 266). 397. Errado. Não apenas no procedimento do júri é necessário observar a incomunicabilidade das testemunhas (CPP, art. 460). Reza o art. 210, parágrafo único, do CPP, que “antes do início da audiência e durante