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Visão geral
	
	Apresentação da disciplina:
	
	Estamos o tempo todo nos comunicando. Seja em casa, com nossos familiares, no exercício profissional ou nas complexas negociações das corporações, nossas habilidades comunicativas são requisitadas e postas à prova a todo o momento. Uma comunicação eficaz é também um requisito essencial em todas as etapas da formação profissional.
Dividimos este material em duas Unidades e cada unidade em duas aulas web, resultando em quatro aulas web. O objetivo da primeira unidade é compreender a comunicação como um processo global, que envolve pessoas, culturas e valores. Tratamos dos desafios trazidos pela tecnologia, do processo de comunicação e seus elementos, e estudamos as variantes linguísticas e a norma culta da língua. A segunda parte da primeira unidade está focada nas competências linguísticas, fazendo uma reflexão sobre os usos da linguagem e da língua e estudando a oração, o período e o parágrafo. Apresentamos também as diferentes modalidades de texto, abordando de modo especial a argumentação. Resolvemos dúvidas gramaticais frequentes, como os problemas de regência verbal, emprego da crase e pontuação.
A segunda unidade aborda a produção de textos propriamente dita, reservando especial atenção ao Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2009. Na segunda parte desta segunda unidade, faremos um estudo dos gêneros textuais, abordando a linguagem e as convenções empregadas em textos que formam a base da comunicação nas empresas, como o e-mail, a carta comercial e o memorando. Tratamos também de textos que fazem parte da rotina administrativa das organizações e da prática da cidadania, como o acordo, a ata, o atestado, a declaração, a procuração e o recibo.
	
	Objetivo da Disciplina
	
	Levar o discente a:
desenvolver competências e habilidades comunicativas, fornecendo conhecimento teórico e ferramentas práticas;
compreender e utilizar textos e mensagens eficazes, para compartilhar valores e conhecimento.
	
 
	Conteúdo Programático:
	
	O processo de comunicação: Comunicação verbal e comunicação não verbal; Comunicação e tecnologia; Elementos da comunicação; A comunicação eficaz; Variantes linguísticas; Figuras de linguagem; Vícios de linguagem; Considerações sobre a Linguagem.
A linguagem e as competências linguísticas: Texto e contexto; Modalidades de texto; Os textos como ferramenta de cidadania; A compreensão do texto; A competência do leitor; O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa; Dúvidas gramáticas I.
Rumo à produção de textos: Coordenação e subordinação; A qualidade do texto; Convencendo o interlocutor; Relatórios e monografias.
Os gêneros textuais: Procedimentos básicos; Dúvidas gramaticais II; Correspondência empresarial (e-mail, carta comercial e memorando); Acordo, ata, atestado, aviso, bilhete, circular, convocação, declaração, procuração, recibo, requerimento.
	
	Metodologia:
	
	Os conteúdos programáticos ofertados nessa disciplina serão desenvolvidos por meio das Teleaulas de forma expositiva e interativa (chat - tira dúvidas em tempo real), Aula Atividade por Chat para aprofundamento e reflexão e Web Aulas que estarão disponíveis no Ambiente Colaborar, compostas de conteúdos de aprofundamento, reflexão e atividades de aplicação dos conteúdos e avaliação. Serão também realizadas atividades de acompanhamento tutorial, participação em fórum, atividades práticas e estudos independentes (autoestudo), alem do Material Impresso por disciplina.
	
	Avaliação Prevista:
	
	O sistema de avaliação da disciplina compreende em assistir a tele-aula, participação no fórum, produção de texto/trabalho no portfólio,  realização de duas avaliações virtuais, uma avaliação presencial  embasada em todo o material didático,  tele-aula e web aula da disciplina.
WEB-AULA 1
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
Para iniciarmos nosso estudo, vamos ler, a seguir, o artigo “Senhor das letras”, de Sylvia Colombo, publicado no jornal Folha de S. Paulo, de 29 de dezembro de 2008, disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u484105.shtml, que narra uma divertida história do gramático Evanildo Bechara.
Senhor das letras
Evanildo Bechara tinha 11 anos quando cometeu seu primeiro erro de tradução. Viajando de Pernambuco para o Rio de Janeiro, de navio, o garoto que se tornaria um dos gramáticos mais famosos do Brasil fez uma parada em Salvador.
Entrou num restaurante e pediu um vatapá. O garçom perguntou como ele queria o prato. Bechara respondeu: “bem quentinho”, como era costume fazer-se em sua terra para determinar a temperatura da comida. Acabou tendo de engolir um bocado com muita pimenta. Foi então que as lágrimas brotaram de seus olhos.
“Aprendi na pele que ‘bem quentinho’, na Bahia, era “bem apimentado. Por conta desse episódio e de outros que vivi quando minha família me mandou para o Rio para estudar, passei a me interessar pelas diferenças que a língua portuguesa tem em diferentes lugares. Aí virei professor, viajei, dei aulas no exterior, lancei meus livros e cheguei aqui”, resume. Bechara, 80, hoje ocupa a cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 2000.
Todos nós conhecemos histórias parecidas: afinal, estamos nos comunicando todo o tempo. O episódio mostra que a comunicação não é um processo mecânico, em que uma informação simplesmente é transmitida de uma pessoa a outra.
O episódio que ficou na memória do professor Bechara mostra que a comunicação está inserida num contexto maior – a sociedade, a cultura e os valores da qual faz parte. A situação de comunicação envolve a língua que utilizamos, nossos hábitos, as pessoas e até o gostinho do vatapá!
COMUNICAÇÃO VERBAL E COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL
A comunicação não se faz apenas por meio da língua, que denominamos código verbal. Usamos também os gestos, o tom de voz, as roupas para nos comunicar.
Podemos lembrar outra situação corriqueira: o trânsito engarrafado às seis horas da tarde numa grande metrópole. É véspera de feriado. Pense na luz vermelha do semáforo, nas buzinas dos carros, no apito e nos gestos rápidos do agente de trânsito, tentando fazer fluir aquilo que parecia impossível... Luzes, buzinas, apitos e gestos também são meios de nos comunicarmos.
COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA
Agora vamos refletir um pouco mais sobre a comunicação. Todo mundo sabe que a tecnologia encurtou distâncias e mudou nossa percepção do tempo. Você pode estudar de bermuda, na varanda da sua casa, acessando a Internet com o laptop no colo, se o tempo estiver bom, ou imprimir algumas páginas da Internet e ler no ônibus, a caminho do trabalho.
Pela web, podemos nos ligar a grandes bibliotecas, conversar com nossos colegas, mandar mensagens instantâneas e ver as novas fotos de nossa afilhada. E tudo isso ao mesmo tempo! A teleconferência coloca pessoas de lugares distantes em um mesmo ambiente virtual. Esse cenário seria impossível há alguns anos!
Podemos interagir com programas de TV, escolher nossa programação pelo celular, acompanhar em tempo real o que se passa do outro lado do mundo ou nos comunicarmos instantaneamente com nossos amigos ou com desconhecidos numa rede de relacionamentos.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u484105.shtml
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
Para entender melhor o processo de comunicação, podemos esquematizá-lo de uma forma simples.
A comunicação acontece, basicamente, toda vez que alguém envia uma mensagem a alguém. O Quadro 1.1 apresenta de forma esquemática o processo de comunicação.
Quadro 1.1 Elementos da comunicação
As pessoas envolvidas no processo de comunicação denominam-se emissor e receptor. A mensagem é o conjunto de informações transmitidas. O código diz respeito ao conjunto de sinais pelo qual a mensagem é enviada (a língua, por exemplo). O canal é o veículo através do qual a mensagem é enviada: os sons, as imagens, os meios eletrônicos. Chamamos de referente a própria realidade extralinguística, ouo contexto.
Pois bem, a comunicação não é um processo isolado, ela se dá num contexto e faz parte da nossa cultura, da forma como vemos o mundo.
A COMUNICAÇÃO EFICAZ
Para uma mensagem ser eficaz, é preciso primeiro que ela chegue ao seu destino, não é mesmo? Você conhece a expressão “pendurar uma melancia no pescoço”? Significa chamar a atenção de alguém. Essa expressão mostra de forma jocosa como às vezes essa tarefa é difícil. Você já tentou chamar um garçom num restaurante lotado? Os bebês são bem treinados quando o assunto é chamar a atenção, pois berram a plenos pulmões. Afinal, não sabem se comunicar por meio de palavras!
Mesmo que chegue ao destino, é preciso que a mensagem cause algum impacto no destinatário. O mínimo que você espera quando ouve o noticiário ou abre o jornal de manhã é que as notícias tragam alguma informação nova, não é mesmo?
A informação precisa ser não apenas uma novidade, mas precisa ser relevante, isto é, precisa ter alguma importância.
Para obter o máximo de rendimento com o mínimo de recursos, todo elemento novo deveria trazer uma informação nova. Chamamos esse fenômeno de economia da informação. Entretanto, não é isso que ocorre na prática.
Todo processo de comunicação contém várias formas de redundância, isto é, de processar a mesma informação, para garantir que ela chegue ao seu destino. A própria língua possui vários elementos de redundância. Quer um exemplo?
Um colega professor me confidenciou certa vez:
– Dias chuvosos me deixam deprimido.
Observe que o sinal de plural é dado pela terminação de todo o sujeito (dias e chuvosos). O verbo também vai para o plural (deixam). O português é uma língua que tem marcas de redundância no plural.
A redundância tem a função de compensar os ruídos da comunicação.
Ruído é tudo aquilo que interfere na comunicação.
Um sinal fraco no seu celular, um programa de computador que fica lento ou a presença de um vírus são ruídos que afetam os canais de comunicação. Do mesmo modo, erros de ortografia e manchas de tinta são ruídos que afetam um bilhete ou uma carta que você escreve. Uma letra pouco legível pode causar ruído involuntário numa redação num exame para um concurso; a qualidade deficiente da imagem pode dificultar a transmissão de uma aula à distância, por exemplo.
Quando um professor tenta falar mais alto que seus alunos numa sala de aula lotada, está tentando compensar o ruído... literalmente!
Qualquer elemento da comunicação pode ser afetado pelo ruído. Vamos a alguns outros exemplos de ruído na comunicação:
Emissor e receptor não se conhecem bem.
Emissor e receptor não dominam o código.
Emissor e receptor não estão preparados ou autorizados a compartilhar a mensagem.
O canal apresenta falhas técnicas.
A mensagem não está bem elaborada.
O tema tratado na comunicação (referente) é delicado ou trata-se de uma situação comunicativa excepcional.
VARIANTES LINGUÍSTICAS
A língua é, sem dúvida, o código mais complexo que utilizamos para nos comunicar. Por sua própria complexidade e riqueza, ela possui uma multiplicidade de formas.
A maneira como falamos pode variar de acordo com as circunstâncias, com o grupo social a que pertencemos, com a região em que vivemos e com muitos outros fatores. Veja no Quadro 1.2 os principais tipos de variação que as línguas apresentam, chamadas de variações diatópicas, diastráticas e diafásicas.
  
Quadro 1.2 Variações diatópicas, diastráticas e diafásicas
	Variações diatópicas
	As variações diatópicas são as diferenças regionais. Referem-se às diferenças apresentadas pelo modo de expressão local. Podem ocorrer tanto no vocabulário quanto na sintaxe.
	A mesma raiz é conhecida nas diferentes regiões do Brasil como mandioca, macaxeira ou aipim. (diferença no vocabulário)
 A mesma brincadeira é conhecida por crianças comopipa, pandorga ou papagaio.
Em algumas regiões, é comum dizer “sei não”, em lugar de “não sei”. (diferença na sintaxe)
	Variações diastráticas
	Referem-se aos diferentes grupos sociais. São variações de acordo com a faixa etária, o estrato social, o gênero, a profissão e assim por diante.
	Jovens: maneiro, irado;
pessoas mais velhas: bacana, legal.
 
	Variações diafásicas
	Estão relacionadas à situação comunicativa. Falamos de uma forma quanto estamos entre amigos e de outra forma numa reunião de trabalho, por exemplo.
	Situação informal: “Valeu!”
Situação formal: “Muito obrigado.”
Quando essas variações são mais ou menos constantes, são chamadas de variantes linguísticas. De um ponto de vista da sociolinguística, as diferentes variantes linguísticas não são boas ou ruins, simples ou sofisticadas, pois todas formam sistemas linguísticos eficazes, atendendo finalidades diferentes.
Norma culta ou norma padrão
A norma culta ou a norma padrão constitui apenas uma das variantes linguísticas. É aquela que tem mais prestígio social e é utilizada na maioria das comunicações escritas, nos órgãos oficiais, nos meios de comunicação e nas empresas comerciais. A norma culta é aquela que obedece aos padrões das gramáticas e às normas de ortografia e acentuação fixadas no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de que falaremos mais adiante.
Muitas pessoas confundem a norma culta ou a norma padrão com a própria língua, discriminando falantes que utilizam a língua de maneira “errada”. O que devemos levar em conta é a variante adequada a cada situação de comunicação.
FIGURAS DE LINGUAGEM
Como vimos, há inúmeros recursos que tornam a linguagem viva e expressiva. Esses recursos podem ser não verbais, como gestos, expressão facial, expressão corporal e tom de voz. Além desses recursos, temos as figuras de linguagem.
Vamos conhecer algumas delas.
Comparação: Chorei feito um condenado. (aproximar dois elementos com um conectivo)
Metáfora: Ela é uma santa.  (fazer uma comparação sem usar um conectivo)
Sinestesia: Tinha uma voz áspera.  (misturar diferentes sentidos)
Metonímia: Respeite meus cabelos brancos.  (tomar a parte pelo todo)
Elipse: Sobre o piano, uma partitura. (omitir um termo da oração)
Antítese: Em meio à tristeza, a alegria. (opor ideias contrárias)
Eufemismo: Estava do jeito que veio ao mundo. (usar uma expressão no lugar de outra)
Hipérbole: Faz séculos que não nos vemos! (exagerar na expressão)
Personificação: O vento rugia. (atribuir características humanas a seres inanimados)
VÍCIOS DE LINGUAGEM
Assim como há recursos que enriquecem a linguagem, há usos que a empobrecem. Alguns desses usos denominam-se vícios de linguagem.
Quer um exemplo?
Vou estar chamando o encarregado!
Este recurso chama-se gerundismo e consiste em utilizar desnecessariamente o gerúndio para tornar a comunicação mais “correta”. Diga simplesmente: “vou chamar o encarregado”.
Mas há outros recursos consagrados pelo uso que – acredite – é melhor evitar!
Cacofonia: União desagradável dos sons do final de uma palavra com os sons inicias de uma outra. Exemplo: Dei um beijo na boca dela.
Eco: Repetição desagradável de fonemas iguais. Exemplo: O atraso dos trens da Central.
Preciosismo: Uso de palavras e expressões “difíceis”, arcaicas ou rebuscadas. Exemplo: Por obséquio, acudi-me!
Ambiguidade: Texto de duplo sentido. Exemplo: Ele encontrou o ladrão em casa. (na casa dele ou na casa do ladrão?)
Estrangeirismo: Uso desnecessário e pedante de palavras estrangeiras. Exemplo: Sorry, mas não tenho tempo de falar com você agora.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A LINGUAGEM
Quando consideramos as várias teorias da comunicação, notamos diferenças no conceito de comunicação abordado por cada uma delas. A razão de tal diversidade consiste na própria complexidade do fenômeno, que abrange uma massa de variados domínios do conhecimento.
Já no século V antes de Cristo, Aristóteles, em seu estudo sobre a comunicação e a retórica, ressaltava que devemos olhar para três elementos da comunicação: o emissor, o discurso e a audiência.
Hoje em dia, uma das mais interessantes conceituações de comunicação aparece nas palavras de David Berlo:
Firmamos a tese de queo homem deseja influenciar seu meio, seu próprio desenvolvimento e o comportamento de outros. O homem não é animal autossuficiente. Precisa comunicar-se com outros, para os influenciar por meios que se ajustem aos seus propósitos. No comunicar, temos de fazer previsões sobre como outras pessoas se comportarão. Criamos expectativas a respeito dos outros e de nós mesmos. Podemos desenvolver estas expectativas ou previsões pelo aperfeiçoamento de nossa capacidade empática, de nossa capacidade de projetar-nos na personalidade do outro. Podemos tentar interagir com outros. Já dissemos que a interação é o objetivo da comunicação.1
A maioria dos modelos atuais de comunicação são similares ao de Aristóteles, embora um pouco mais complexos. Um dos modelos contemporâneos
Os estudiosos da comunicação e os linguistas adaptaram-no e estabeleceram o modelo da figura abaixo:
Em linhas gerais, podemos afirmar que todo ato de comunicação é emitido por alguém e tem por escopo a transmissão de uma mensagem que será decodificada por outrem. Podemos afirmar que um advogado, ao redigir uma petição, deverá fazê-lo de forma clara, coerente e precisa, a fim de que ela seja bem compreendida pelo destinatário, produzindo os resultados esperados.
Uma segunda constatação diz respeito ao sistema de sinais que constitui o código: este deve ter uma organização consistente, a fim de que a mensagem — em nosso caso transmitida pela peça processual — não perca a força em decorrência de falhas grosseiras, tais como erros gramaticais, que provarão a falta de diligência do advogado.
Um terceiro fator a ser considerado relaciona-se ao contexto. Embora haja conhecimentos culturais comuns ao emissor e receptor, é necessário extremo cuidado para não supor que deles advirá o sentido do texto. Este deve ser uma unidade autônoma, na qual clareza, coerência e precisão são qualidades necessárias à decodificação da mensagem.
Como pudemos constatar, a comunicação bem estruturada acompanhará o bom desempenho do profissional da administração e se constituirá em discurso administrativo apropriado caso sejam utilizados conscientemente os elementos componentes do processo.
Elementos da comunicação
A comunicação verbal é um processo dinâmico, em que ocorre a interdependência do emissor e do receptor. A interpretação, obtida por mecanismos de relação entre a palavra empregada, seu contexto e o modo de articulação discursiva, precisa coincidir na transmissão e na recepção para que o nível básico de significado seja compreendido.
De forma resumida temos:
1.    Quem diz: emissor, transmissor ou remetente — aquele que emite a mensagem.
2.    A quem diz: receptor ou destinatário — aquele que recebe a mensagem.
3.    O que diz: mensagem — o conjunto de informações transmitidas. Pode ser verbal (oral ou escrita) ou não verbal (abraço, beijo, sinais de trânsito).
4.    Como se diz: código — o conjunto de sinais utilizados para a transmissão. Pode ocorrer por meio de signos (palavras) ou símbolos (a cruz, a bandeira etc.).
5.    Com o que se diz: veículo ou canal — o meio concreto pelo qual a mensagem é transmitida. Pode ser natural, subdividido em visual (fumaça), auditivo (trovão) ou artificial (filme, gravação, Internet etc.).
6.    Em que circunstância se diz: contexto — situação em que a mensagem foi construída.
Requisitos para uma boa mensagem
A fragilidade da comunicação humana reside no caráter individual presente em todas as fases do processo: a escolha do vocabulário, a organização das palavras em frases, a escolha do meio, a intenção e a finalidade.
Para o texto não conter falhas, deve-se verificar se a mensagem:
1.    está ajustada ao receptor;
2.    tem conteúdo significativo;
3.    apresenta sentido claro;
4.    não é inconcludente.
Linguagem e língua
Os dois conceitos — linguagem e língua — são usados hoje em dia de forma quase indistinta. Há, porém, uma diferença fundamental entre eles.
O termo linguagem refere-se a uma capacidade genérica de atribuir significação a elementos, o que, segundo estudiosos, seria uma característica praticamente exclusiva aos seres humanos.
Se tivéssemos de resumir em uma palavra a diferença entre comunicação humana e animal, a palavra ‘inovação’ seria uma boa escolha.
Cada vez que uma abelha comunica a localização de um suprimento de néctar, está repetindo uma variante de uma mensagem básica que já foi transmitida um sem-número de vezes entre as abelhas.
Entretanto, não é o que ocorre em relação à linguagem humana. Uma das características fundamentais do nosso uso da linguagem é a criatividade. Muitas das frases que ocorrem na comunicação entre os seres humanos são novas e nunca ocorreram antes. O falante tem a capacidade de compreender e criar um número ilimitado de frases que nunca ouviu antes: essa é a característica principal da linguagem dos homens.
Já o termo língua refere-se a um conjunto de regras pertencente a uma determinada comunidade. Assim, há a língua francesa, a inglesa, a portuguesa etc.
Sobre a existência de uma chamada ‘língua brasileira’, não há ainda — de acordo com estudos linguísticos sérios defendidos por Celso Cunha e Barbosa Lima Sobrinho, entre outros — indícios de que ela se configure como distinta da língua portuguesa. As variações no campo do vocabulário e em algumas preferências estruturais (como o uso privilegiado no Brasil do pronome ‘você’ em vez de ‘tu’) não conceituam uma língua como diferente de outra. Um exemplo paralelo pode ser observado entre a língua inglesa falada na Inglaterra e a falada nos Estados Unidos.
Temos, portanto, que:
1.    Linguagem: é a faculdade que o homem possui de poder expressar seus pensamentos. Envolve sons e sinais de que pode servir-se o homem para transmitir suas ideias, sensações, experiências etc. Há a linguagem falada (sons vocais), a escrita (quando se utilizam letras), a mímica (quando emitem-se gestos) e outras.
2.    Língua: quando o complexo sistema de sons e sinais passa a ser um código e a pertencer a um determinado povo, ele se constitui na língua. A língua é a linguagem articulada, atributo específico do ser humano.
Dialeto e registro 
As situações linguísticas são muito complexas. Em um panorama sucinto, temos duas principais variações:
1.    Dialeto: as variações de uso regional, que se verificam na entonação, no vocabulário e em algumas estruturações sintáticas, caracterizando uma comunidade linguística dentro de um determinado espaço geográfico.
2.    Registro: as variações decorrentes de ajustes em função da situação contextual e do destinatário. Em consequência, podemos separar várias modalidades e níveis de língua: escrita, falada, jurídica, dos economistas, dos internautas etc.
As variações de dialeto e registro costumam ser usadas para distinção social, qualificando os falantes de acordo com sua origem, grau de escolaridade, profissão etc.
Língua falada e língua escrita
Acompanhe no Quadro 2.1 uma esquematização ampla sobre as diferentes modalidades e níveis da língua.
1.    Falada vulgar: não existe preocupação com a norma gramatical. É geralmente usada por pessoas que não tiveram nenhum tipo de alfabetização.
2.    Falada coloquial despreocupada: é usada na conversação corrente, com gírias e expressões familiares, e há pouco policiamento gramatical.
3.    Falada culta: há preocupação gramatical, sendo bastante utilizada em sala de aula, reuniões, palestras, sem, no entanto, perder a naturalidade de expressão.
4.    Falada formal: similar à escrita, e por isso soa artificial.
5.    Escrita vulgar: utilizada por pessoas sem escolaridade, apresentando vários erros.
6.    Escrita despreocupada: de caráter híbrido, utilizada por pessoas escolarizadas em situações que não exigem tanta atenção com relação à gramática, como em bilhetes informais ou correspondência íntima.
7.    Escrita formal: preocupada em seguir a norma gramatical vigente, sendo utilizada na correspondência formal, em apresentações e livros.
8.    Escrita literária: respeita as normas gramaticais, mas pode quebrar determinadaspadronizações para obter o efeito estilístico desejado, unindo o conteúdo a uma forma inovadora.
Portanto, podemos perceber que há muitas formas de expressar ideias e cada uma delas deve ser usada de acordo com a situação que se apresenta. A sobriedade da Justiça, por sua vez, exige a escrita formal.
Funções da linguagem
Em meados do século XX, um linguista chamado Roman Jakobson percebeu que uma mesma organização discursiva pode assumir diferentes intenções, dependendo da atitude do autor em relação à sua mensagem. Essas variações ele denominou de ‘funções’. Assim, um mesmo tema pode ser apresentado de diferentes formas, conforme o uso de uma função ou outra. As funções definidas pelo linguista são:
1.    Referencial: centrada no contexto.
2.    Expressiva: centrada principalmente no emissor e voltada para a expressão dos sentimentos, emoções, julgamentos.
3.    Conativa: voltada para o destinatário, acionando-o diretamente.
4.    Fática: refere-se ao cuidado de manter o contato, portanto, relacionada ao canal para comunicação.
5.    Metalinguística: centrada na explicação do código.
6.    Poética: o ritmo, a sonoridade e a estrutura da mensagem têm tanta importância quanto o conteúdo das informações.
Ainda segundo Jakobson,
embora distingamos seis aspectos básicos da linguagem, dificilmente lograríamos, contudo, encontrar mensagens verbais que preenchessem uma única função. A diversidade reside não no monopólio de alguma dessas diversas funções, mas numa diferente ordem hierárquica de funções.
Ao longo de um texto, o autor pode valer-se de diversas funções, mudando e pluralizando suas intenções. Se em um parágrafo importa sensibilizar o destinatário, em outro pode julgar necessário explicitar o código.
Assim, o profissional da administração não deve se preocupar em atender burocraticamente a uma única função, mas, sim, e fundamentalmente, em usar os recursos que a linguagem oferece a fim de conseguir o grau de persuasão que seu discurso administrativo almeja.
De acordo com o próprio Jakobson e outros estudiosos, como Francis Vanoye, a função referencial serviria de base para qualquer mensagem, e nela estariam apoiadas as outras funções, de acordo com as intenções do emissor.
Assim, há textos que se valem da ‘função expressiva’ ou ‘emotiva’, quando o objetivo do autor é expressar seus sentimentos e emoções. A carta íntima é um exemplo. Um acusado, também, em seu depoimento, serve-se em geral de uma linguagem marcadamente subjetiva, carregada dos pronomes ‘eu’, ‘me’, ‘mim’, ‘minha’, enfatizando o emissor.
Para concluir o estudo da Aula Web
Vimos nesta unidade que são inúmeros os recursos e estratégias que podemos utilizar para uma comunicação eficiente. A tecnologia não cessa de desenvolver novos recursos para tornar a comunicação mais rápida e as informações mais acessíveis a um número cada vez maior de pessoas. Devemos lembrar, porém, que os processos de comunicação estão ligados a contextos culturais, históricos e sociais.
WEB-AULA 2
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
A LINGUAGEM E AS COMPETÊNCIAS LINGUÍSTICAS
Objetivos de aprendizagem: nesta unidade vamos estudar os conceitos de linguagem e língua e faremos uma análise do texto como estrutura linguística fechada e completa. Procuraremos também desenvolver estratégias importantes para a compreensão e a produção de textos, como a paráfrase e o resumo. Tomaremos contato com as principais modalidades de texto: a narração, a descrição e a dissertação. Faremos uma explanação sobre os objetivos e os termos do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que unificou a ortografia da língua a partir de 1º de janeiro de 2009 e faremos uma exposição das principais mudanças ocorridas. Entre os tópicos gramaticais, você vai aprender a regência de verbos, substantivos e adjetivos. Falaremos também sobre o emprego da crase e sobre os sinais de pontuação.
Podemos definir a linguagem como um sistema de signos convencionais usados na comunicação humana e o principal sistema de signos que conhecemos é a língua. A linguagem está relacionada à nossa vida de inúmeras maneiras.
A linguagem
A linguagem está ligada à maneira como nos relacionamos com o mundo e com as outras pessoas. O filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein estudou a natureza da linguagem em seu livro Investigações filosóficas (2005) e chama nossa atenção para os jogos de linguagem, ou seja, o potencial da linguagem. Veja algumas possibilidades de usos da linguagem:
Dar uma ordem
Descrever um objeto
Relatar um acontecimento
Levantar uma hipótese sobre um fato
Dar instruções sobre o funcionamento de um objeto
Cantar uma canção de ninar
Contar uma piada
Agradecer um favor
Fazer uma oração
Pedir desculpas
Apresentar o resultado de uma experiência
Inventar uma história
Podemos distinguir a linguagem enquanto capacidade abstrata, como uma estrutura lógica e formal, e as línguas concretas. Em muitas formas de comunicação, utilizamos palavras e imagens, como na propaganda ou nas notícias, em que utilizamos simultaneamente signos verbais e não verbais. Ou utilizamos textos acompanhados de imagens, como fotos, gráficos ou ilustrações, como no caso de uma reportagem ou de uma notícia de jornal.
Vamos retomar nossa distinção entre linguagem e língua.
Linguagem – Capacidade humana de transmitir informações por meio de signos. Refere-se não apenas à utilização de signos já existentes, mas à capacidade de criar novos signos e novas combinações de signos.
Língua – Sistema particular de signos e regras, historicamente determinado, que uma comunidade humana utiliza para se comunicar. É o meio pelo qual se exerce a capacidade de linguagem.
Para que possamos nos comunicar, precisamos utilizar um código – uma língua, por exemplo. A língua é um produto social, é um conjunto de signos e regras produzido, reconhecido e utilizado pelos membros de uma sociedade. A língua carrega uma identidade cultural, o conjunto dos valores de uma comunidade. É o povo que produz e transforma constantemente a língua.
Vamos acrescentar outros conceitos. Fala é a utilização individual e concreta de um sistema linguístico. A fala é o uso da língua que alguém faz, num momento específico. A fala é um ato individual. O produto individual da fala chama-se discurso.
TEXTO E CONTEXTO
Todo texto tem uma integridade: as palavras precisam estar organizadas para fazer sentido. Por isso podemos dizer que o texto é um tecido feito de palavras. Você sabia que a palavra texto vem do latim e significa em sua origem trama, tecido?
Observe esta definição dada pelo dicionário etimológico (um dicionário que nos mostra a origem das palavras) de Antonio Geraldo da Cunha (1982):
Texto sm. ‘as próprias palavras de um autor, livro ou escrito’ Do lat. textum -i ‘entrelaçamento, tecido’ ‘contextura (duma obra)’
Essa visita à origem da palavra texto nos possibilita uma definição mais completa do que seja um texto:
Texto é uma estrutura linguística fechada e completa.
Isto significa que um texto não é apenas um acúmulo de palavras no papel. O texto tem uma estrutura, uma forma convencional. A maioria dessas convenções vai se formando com o passar do tempo, pelo hábito e pelo uso dos falantes da língua. Essas normas acabam incorporadas e passam a fazer parte da cultura da comunidade.
Modalidades de texto
Um e-mail, uma carta comercial, uma procuração ou um trabalho acadêmico são textos. Poemas, peças de teatro e romances de aventura também são textos. Um texto é um conjunto de enunciados em uma situação de comunicação.
Podemos encontrar uma das primeiras tentativas de classificação dos textos na obra do filósofo grego Aristóteles, chamada Poética. Aristóteles classificava a arte da palavra em três gêneros: o gênero narrativo (épico), dramático (teatro) e o lírico (poesia).
Existem muitas outras formas de agrupar e classificar os textos. Mas podemos dividir os textos em dois grandes grupos: textos literários e não literários.
Os textos literários ou obras literárias são obras de arte feitas de palavras. As obras literárias têm suaspróprias leis de composição e de interpretação. Podem ser compreendidas, analisadas e interpretadas segundo instrumentos próprios, comuns a todas as obras de arte.
Para nossa finalidade nesse curso, vamos tratar de textos não literários.
Os textos podem ser agrupados segundo determinadas características. Para classificar os textos, precisamos levar em conta as circunstâncias e as situações de comunicação que envolvem a produção e a recepção do texto.
Precisamos levar em consideração a intenção dos interlocutores e o contexto em que se dá a comunicação. A princípio, produzimos textos para informar, simplesmente. Mas sabemos que os textos respondem às mais diversas necessidades humanas, como relatar, expor, descrever, narrar, argumentar. A linguagem da propaganda, por exemplo, visa a levar o consumidor a comprar um produto ou aderir a uma causa ou a uma ideia. Um discurso político num comício visa convencer a plateia a votar num candidato.
Há situações em que o discurso visa a convencer o interlocutor ou a plateia, como no caso de um debate em que há um mediador, ou num fórum de debates pela Internet.
Precisamos desenvolver diversas capacidades para compreender bem os textos e também para produzir bons textos. Uma das mais importantes é reconhecer a finalidade do texto que tenho em mãos. Se eu redijo uma convocação para uma assembleia de condomínio no meu edifício, o objetivo é que os condôminos compreendam a mensagem e compareçam à reunião.
Redigir um relatório, sair-se bem numa entrevista de emprego, realizar uma matéria para um jornal da comunidade, dar uma declaração para um programa de TV ou reclamar seus direitos de consumidor são várias faces de uma mesma moeda: são habilidades comunicativas.
Para isso, você tem de ler, compreender, analisar e produzir textos.
Vamos a eles!
Podemos ter três tipos textuais básicos:
narrativo: conta fatos;
descritivo: descreve seres, paisagens, conceitos;
dissertativo-argumentativo: expõe ideias e defende pontos de vista. Inclui habilidades como citar dados, exemplificar, comparar.
OS TEXTOS COMO FERRAMENTA DE CIDADANIA
Vimos que o contexto é o conjunto de circunstâncias em que um texto é produzido. Para determinar o sentido de um texto, ou para decodificar uma mensagem, é importante levar em conta o contexto. Contexto é tudo aquilo que envolve o ato comunicativo.
Os textos não são produzidos de forma isolada, mas dentro de um determinado contexto.
Vamos a um exemplo. Vamos supor que a lavadora que você comprou esteja com defeito grave que impossibilite seu uso. Você resolve escrever uma carta para reclamar sobre esse produto ao Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) da empresa. O que está em jogo nesse caso são as relações de consumo.
Você vai à Internet e procura num site de busca o Código de Defesa do Consumidor. Descobre então o seguinte:
SEÇÃO III
Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço
ART. 18 – Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1º – Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I – a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.
Você então vai novamente à Internet e descobre um modelo de carta que pode enviar à empresa, solicitando reparos no seu produto.
Observe, no Quadro 2.1, como o modelo de carta está perfeitamente de acordo com os objetivos que você tem em mente ao resolver reclamar seus direitos. Você escolheu a modalidade de texto adequada à situação comunicativa.
Quadro 2.1 Modelo de carta para reclamação de produto com defeito
	Altiplano, 18 de janeiro de 2001
A (nome do fornecedor) A/C (endereçar preferencialmente ao Serviço de Atendimento ao Consumidor ou à Diretoria da empresa)
Prezados Senhores:
Em data de (escreva por extenso), adquiri dessa Empresa (descrição do produto), o qual apresentou os seguintes defeitos:
(descrição do(s) defeito(s)).
Solicito a V. Sas. solução do problema imediatamente, ou no prazo máximo de 30 dias, nos termos do artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor.
Caso esta reclamação não seja resolvida no prazo acima, informo a V. Sas. que exercerei o direito de escolha a uma das opções a seguir, conforme previsto no citado dispositivo legal:
I – substituição do produto por outro de mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II – restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III – abatimento proporcional do preço.
Na expectativa de que essa Empresa tenha como política de atuação o respeito e a valorização do consumidor, aguardo imediata resposta e atendimento à presente.
Atenciosamente,
_______________________________
Nome/ assinatura/ meio para contato
Fonte: www.geocities.com/bebetors/d_consum_05.html.
Observe como o texto produzido está relacionado com a compreensão de outro texto, de outra modalidade.
A COMPREENSÃO DO TEXTO
A obra escrita pode ter vários suportes. Pode estar impressa nas páginas de um jornal. Pode estar num arquivo anexado a um e-mail. Pode estar no formato de um livro que você tem nas mãos. Pode ser um arquivo digital que você leva num pen drive, conecta a seu micro e imprime em papel.
Toda obra escrita tem um formato, uma estrutura interna. Para compreender um texto é preciso em primeiro lugar entender a língua. É claro! Mas a compreensão do texto envolve fatores que vão além do conhecimento do significado das palavras, frases, orações e períodos. É preciso conhecer a composição.
A maioria das obras traz, numa das primeiras páginas, informações importantes:
autor ou autores da obra;
local em que a obra foi publicada;
editora responsável por sua publicação;
data da publicação.
Quando elaboramos trabalhos acadêmicos, monografias ou relatórios, precisamos usar conceitos, ideias ou textos de outros autores. Essas referências devem estar bem claras em nosso texto. São chamadas de referências bibliográficas.
Não apenas para darmos os créditos devidos da autoria dessas ideias, mas para que nossos leitores possam aprofundar seus conhecimentos.
A COMPETÊNCIA DO LEITOR
Há dois exercícios extremamente produtivos para desenvolver a capacidade de compreensão de textos: a paráfrase e o resumo.
Resumos e paráfrases
Muitas vezes o texto apresenta um vocabulário de difícil compreensão: precisamos consultar um dicionário para descobrir o significado de determinadas palavras. Ou então as orações estão em ordem invertida. Compreender o sentido literal de um texto (aquilo que ele diz “ao pé da letra”) é o primeiro passo para analisá-lo.
Vamos ver um exemplo. Você se lembra da primeira oração da letra do Hino Nacional?
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
de um povo heroico o brado retumbante [...].
Para fazer uma paráfrase, preciso colocar essa oração na ordem direta. O resultado será:
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de
um povo heroico.
Muito bem. Ocorre que não me lembro do significado das palavras brado e retumbante.
Brado = grito
Retumbante = Que ecoa com estrondo
Agora sim! Vou fazer a seguinte paráfrase do texto:
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o grito estrondoso de um povo heroico.
Ficou mais fácil compreender o texto. Posso perceber melhor que o texto usa uma personificação, ao dizer que as margens (do riacho do Ipiranga) ouviram o grito. A personificação é a atribuição de características humanas ao que não é humano (também se chama “metagoge” ou “prosopopeia”).Outro exercício interessante é fazer o resumo de um texto.
O ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA
Você sabia que o português é uma língua falada por mais de 240 milhões de pessoas? É também a língua oficial de oito países:
Portugal;
Brasil;
Moçambique;
Angola;
São Tomé e Príncipe;
Cabo Verde;
Guiné Bissau e
Timor Leste.
O português é a terceira língua mais falada no mundo ocidental, depois do inglês e espanhol. Apesar disso, o português possuía, até 1990, duas ortografias oficiais: uma no Brasil e outra em Portugal e nos demais países lusófonos (que falam português).
O acordo para a unificação da ortografia é considerado pelos oito países um passo importante para a defesa da unidade da língua portuguesa e para seu prestígio internacional.
Os oito países que falam português formam a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)1. Além da língua, esses países possuem um passado histórico comum e afinidades étnicas e culturais. O projeto de texto de ortografia unificada de língua portuguesa aprovado em Lisboa, em 12 de outubro de 1990, pela Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, com a adesão da delegação de observadores da Galiza (Timor Leste não participou porque ainda não era independente, o que ocorreu em 1999). Foi considerada pelos signatários como um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional.
É importante ressaltar que as normas do acordo ortográfico referem-se apenas à ortografia e acentuação. Como vimos, a língua é um fenômeno social, portanto sua renovação é constante. A língua portuguesa comporta variedades linguísticas, de acordo com particularidades regionais, os grupos sociais, gerações e situações de comunicação. Não há como unificá-la ou padronizá-la.
As novas normas entraram em vigor em 1º de janeiro de 2009.2As duas normas ortográficas, a atual (ainda vigente) e a nova (prevista no Acordo) poderão ser usadas e aceitas como corretas nos exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais meios escritos até dezembro de 2012.
O acordo visa a unificar essas duas ortografias e, na realidade, faz poucas alterações. Tem um significado político, econômico e simbólico, tornando mais forte a comunidade dos países de língua portuguesa.
Principais modificações do acordo ortográfico
As principais mudanças são as seguintes:
1.    O alfabeto passa a ter 26 letras, com o acréscimo de k, w e y.
2.    O trema é eliminado de todas as palavras portuguesas ou aportuguesadas:
linguiça, bilíngue, aguentar, cinquenta, tranquilo, equestre etc. A exceção são as palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros, nas quais o trema permanece: mülleriano, de Müller etc.
3.    Não se acentuam mais os hiatos ee e oo: creem, leem, enjoo, voo.
4.    Não se acentuam mais os ditongos tônicos ei e oi no final das paroxítonas: assembleia, boleia, ideia, onomatopeico, proteico, alcaloide, (eu) apoio, heroico, paranoico, jiboia.
5.    Não se acentuam mais o i e o u tônicos nas paroxítonas, quando precedidos por ditongo: baiuca, feiura, etc.
6.    Regras para acentos diferenciais (isto é, aqueles usados para diferenciar palavras homógrafas): permanece o de pôde (passado) para diferenciá-lo de pode (presente); permanece o de pôr (verbo) para diferenciá-lo de por (preposição); é facultativo nas palavras dêmos (1ª pessoa do plural do presente do subjuntivo: eles querem que nós dêmos/demos as mãos) e fôrma (de bolo); deixa de existir o acento de para (do verbo parar): o guarda para o trânsito para que as crianças passem; deixa de existir o acento de pera (fruta).
7.    As formas verbais de aguar, apaniguar, apaziguar, apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir e similares passam a admitir duas pronúncias e duas grafias distintas, ambas corretas: enxaguo ou enxáguo, delinquo ou delínquo, e assim por diante.
8.    O hífen passa a ser usado em: compostos com anti + elemento começado por i: anti-inflamatório;  compostos com arqui + elemento começado por i: arqui-inimigo; compostos com eletro + elemento começado por o: eletro-ótica; compostos com micro + elemento começado por o: micro-onda;
9.    O hífen deixa de ser usado em: paraquedas, paraquedismo, paraquedista; compostos com auto, co, contra, extra, infra, neo, proto, pseudo, semi, supra, ultra + elemento começado por qualquer vogal (menos a última vogal de cada composto): autoafirmação, coedição, contraemboscada, extraescolar, infraestrutura, neoeslavo, pseudoencéfalo, semianalfabeto, ultraelevado; compostos com ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, neo, proto, pseudo, semi, sobre, supra e ultra + elemento começado por r ou s: antessala, antirradar, arquirrival, autorregulação, contrarregra, extrassensorial, infrassom, semirrígido.
1Criada em 1996, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa firmou compromisso com os valores democráticos, com a erradicação da pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável.
2O Decreto que estabelece a vigência do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado no dia 29 de setembro de 2008 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e entrou em vigor dia 1º de janeiro de 2009.
DÚVIDAS GRAMÁTICAS I 
Emprego da crase
Observe o seguinte fenômeno:
a (artigo) + a (preposição) = à
a (artigo) + aquele (pronome) = àquele
a (artigo) + aquela (pronome) = àquela
A contração da preposição a com o artigo definido a ou com pronomes demonstrativos que comecem com a letra a dá-se o nome de crase.
Crase é também o nome do sinal gráfico que indica essa contração.
Emprego de pronomes relativos
Pronomes são palavras que acompanham ou substituem o substantivo. O pronome relativo é aquele que se refere a um substantivo já mencionado anteriormente.
Vejamos um exemplo.
Fiz um bolo de cenoura para levar ao piquenique. O bolo de cenoura ficou uma delícia!
Posso dizer de uma forma mais sintética:
O bolo de cenoura que fiz para levar ao piquenique ficou uma delícia.
Observe o Quadro 2.2 com os pronomes relativos.
Quadro 2.2 Pronomes relativos
	Invariáveis
	Variáveis
	Que
	O qual, a qual, os quais, as quais
	Quem
	Cujo, cuja, cujos, cujas
	Onde
	Quanto, quantos, quantas
O pronome cujo equivale a do qual, de quem ou de que. Observe na prática o uso correto deste pronome:
Chamaram os motoristas cujas habilitações estão vencidas.
Adubamos as árvores cujos frutos estão verdes.
Pontuando o texto
Vamos abordar um outro tópico fundamental para a construção de um texto eficaz: a pontuação. A pontuação desempenha diversas funções na comunicação oral e escrita. Observe alguma dessas funções:
Acompanhar as pausas da respiração;
Delimitar as partes do texto;
Indicar interrupções no fluxo do pensamento;
Organizar e estruturar o texto.
 
Para concluir o estudo da Aula Web
Vimos nesta unidade que as competências linguísticas estão relacionadas tanto ao conhecimento da estrutura do texto quanto ao conhecimento da língua, não é mesmo? Quanto mais informações sobre os textos tivermos, maior será nossa capacidade de compreender e produzir mensagens eficazes.

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