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Princípio da ofensividade e da fragmentariedade Rogério Greco, capítulo 6 + capítulo 8 → Recurso de habeas corpus 81.057 (porte de arma) → Recurso de habeas corpus 90.197 (porte de arma) O PRINCÍPIO DA LESIVIDADE O princípio da intervenção mínima limita a ação do Direito Penal a casos nos quais haja um bem jurídico importante sendo ofendido. Em vista disso, o princípio da lesividade limita ainda mais o poder do legislador, dizendo quais condutas são passíveis ou não de sofrer punição segundo a lei penal. “As proibições penais somente se justificam quando se referem a condutas que afetem gravemente a direitos de terceiros”. → “Nullum crimen sine iniuria” (não há crime sem ofensa ao bem jurídico). São quatro as funções do princípio da lesividade. a) Proibir a incriminação de uma atitude interna: “cogitationis poenam nemo patitur”, ou seja, ninguém pode ser punido por aquilo que pensa ou por sentimentos pessoais. Desde que estes não sejam exteriorizados e não lesem bens de terceiros, não cabe punição. b) Proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor: também não cabe punição a condutas que não lesem bens de terceiros por não exceder o âmbito do autor da mesma. → Exemplo: autolesão ou tentativa de suicídio. → Exemplo: no caso de uso de drogas, houve despenalização. “Viola o princípio da lesividade ou ofensividade a proibição de porte de tóxicos para consumo próprio em quantidade e forma que não lesione nenhum bem jurídico alheio” (ZAFFARONI). c) Proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais: visa impedir que o agente seja punido por algo que ele é, não pelo que fez. “(….) jamais pode penalizar o ‘ser’ de uma pessoa, mas somente o seu agir”. d) Proibir a incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico: trata de condutas desviadas, que são aquelas passíveis de reprovação no âmbito moral, mas que não têm repercussão diretamente sobre bens de terceiros. São atos que ferem apenas o senso comum da sociedade. → Exemplo: práticas sexuais não convencionais, tatuagens, etc. Em suma, tudo aquilo que não afete terceiros, que fique apenas no âmbito do autor deve ser respeitado pelo Estado, promovendo a tolerância que deve existi no meio social, indispensável ao convívio entre pessoas que são, naturalmente, diferentes. O indivíduo tem o direito de ser, pensar, expressar-se e atuar livremente (desde que não fira o direito de outro). O PRINCÍPIO DA FRAGMENTALIDADE Reconhecer o caráter fragmentário do Direito Penal significa dizer que o mesmo ocupa-se apenas de uma parcela de bens que encontram-se sob sua proteção. Limita-se a castigar somente aquelas ações mais graves contra os bens mais importantes. Esse princípio é consequência da adoção de outros princípios, tais quais o da intervenção mínima, da lesividade e da adequação social, que orientam o legislador no processo de criação dos tipos penais.
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