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Teoria da ação
Rogério Greco, capítulo 21
• Diferenciação de ação e omissão
• Causas que excluem a ação
	A conduta é o primeiro elemento integrante do fato típico e compreende qualquer comportamento humano, que pode ser comissivo (positivo) ou omissivo (negativo), e ainda doloso ou culposo. De acordo com Liszt e Beling, a ação é o movimento humano voluntário produtor de uma modificação no mundo exterior. “Sem ato de vontade não há ação, não há injusto, não há crime: cogitationis poenam nemo patitur” (LISZT, Franz). 
	Contudo, segundo a teoria finalista de Welzel, a ação passou a ser concebida como exercício de uma atividade final. O homem, ao atuar, fazendo ou deixando de fazer algo, dirige sua conduta a uma finalidade específica. A conduta do agente é considerada dolosa e ilícita quando o mesmo quer, diretamente, o resultado atingido ou quando assume o risco de produzi-lo. Por outro lado, é tida como culposa e lícita quando o resultado lesivo ocorre não por vontade propriamente dita, mas em virtude de sua negligência, imperícia ou imprudência. 
	Em regra, o Código Penal pune condutas estritamente dolosas, salvo se houver previsão legal expressa. Art. 18 do Código Penal. Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando praticado dolosamente. 
	→ Exemplo: um indivíduo entra em uma loja de departamentos e, acidentalmente, derruba uma prateleira de cristais. Ele tem a obrigação de reparar os prejuízos causados, sim, mas não estará sujeito a nenhuma sanção de natureza penal. 
DIFERENCIAÇÃO DE AÇÃO E OMISSÃO
	Além de dolosa e culposa, a conduta pode ser classificada também como comissiva (ação) ou omissiva. Ela é comissiva quando o agente tem uma finalidade para sua ação, caracterizando-a também como positiva. Porém, ao falar que uma conduta é omissiva e, por consequência, negativa, estamos dizendo que houve uma abstenção de atividade imposta por lei.
	→ Exemplo: furto. O autor atua de forma a propositalmente subtrair bens móveis de alguém.
	→ Exemplo: omissão de socorro. Art. 135 do Código Penal. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.
	Os crimes omissivos podem ainda ser classificados como próprios ou impróprios. Os chamados omissivos próprios, puros ou simples são delitos provenientes de um dever genérico de proteção, a exemplo da omissão de socorro. Já os omissivos impróprios ou qualificados são praticados por um grupo determinado de pessoas, conforme previsto no §2º do artigo 13, por possuírem um dever especial de proteção. Art. 13, §2º do Código Penal. A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
CAUSAS QUE EXCLUEM A AÇÃO
	Caso não haja vontade dirigida a uma finalidade qualquer não se pode falar em conduta. “(….) sempre a vontade é vontade de algo, quer dizer, sempre a vontade tem conteúdo, que é uma finalidade” (ZAFFARONI). Se não houver atuação do indivíduo, de forma culposa ou dolosa, não há ação. O Direito prevê três hipóteses dentro das quais isso é possível:
	a) Força irresistível
	Aqui, pode-se considerar as forças físicas provenientes da natureza ou de um terceiro. Em geral, o causador da lesão ou dano é meramente um instrumento do coator. 
	→ Exemplo: se alguém é arrastado por uma rajada de vento e, por conta disso, esbarra em outra pessoa, causando-lhe lesão corporal, não se pode imputar ao primeiro o resultado causado, já que não houve dolo ou culpa. 
	→ Exemplo: se alguém, via coação física (vis absoluta) vai de encontro a um objeto, danificando-o, ou mesmo quando é empurrado para tal objeto, não responderá pelos danos causados a este. 
	b) Movimentos reflexos
	“Sem a conduta humana, dolosa ou culposa, não há fato típico, e sem o fato típico não se pode falar em crime”.
	→ Exemplo: se durante um exame o médico resolve testar os reflexos patelares e, por conta disso, o agente acaba dando-lhe um chute, produzindo uma lesão corporal. Não cabe punição ao autor. 
	
	c) Estado de inconsciência
	Em casos de embriaguez voluntária, mesmo sem a intenção de praticar qualquer infração penal e sem consciência de seus atos, o agente será responsabilizado. Art. 28 do Código Penal. Não excluem a imputabilidade penal: (…) II – a embriaguez voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. Prevalece a teoria da actio libera in causa devido à voluntariedade da ação, à sua concretização (ingestão de álcool ou análogos) por livre e espontânea vontade. 
	→ Exemplo: sonambulismo, ataques epiléticos, hipnose, etc.

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