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Fundamentos de economia(Resumão)

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1 
 
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA– Prof. Érik Dominik 
 
BARBOSA, Fernando de Holanda. A estabilização inacabada. Revista de Economia Mackenzie, 2012, n.1, p. 11-26. 
DOMINIK, Érik Campos. O déficit público e a inflação nos anos 70, 80 e 90. Belo Horizonte: UFMG, 1995. 
DOMINIK, Érik Campos. Padrão de Consumo Familiar em diferentes estágios de ciclo de vida e níveis de renda no município de 
Bambuí-MG. Oikos: Revista Brasileira de Economia Doméstica, Viçosa, v. 23, n.1, p. 201-225, 2012. 
FERREIRA, Vera Rita de Mello Ferreira. Psicologia econômica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 
LIMA, Lucas Silvério de. Regimes cambiais adotados no Brasil: 1968-1999. SOArtigos, 2009. 
OLIVEIRA, Gilson; PACHECO, Marcelo. Mercado financeiro. São Paulo: Fundamento, 2005. 
PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 5 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. 
SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1989. 
SOUZA, Nali de Jesus de Souza. Economia básica. São Paulo: Atlas, 2007. 
TROSTER, Roberto Luís; MOCHÓN, Francisco. Introdução à economia. São Paulo: Makron Books, 2002. 
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2002. 
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval; GARCIA, Manuel Enriquez. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2000. 
VARIAN, Hal R. Microeconomia. Rio de Janeiro: Campus, 1994. 
VICECONTI, Paulo E. V.; NEVES, Silvério das. Introdução à economia. 6 ed. São Paulo: Frase, 2003. 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS................................................................................. 2 
 1.1 CONCEITO DE ECONOMIA E FLUXO CIRCULAR BÁSICO.................................................. 2 
 1.2 HISTÓRIA DA MOEDA..................................................................................................................... 2 
 1.3 PRODUTO E RENDA......................................................................................................................... 4 
 1.4 INFLAÇÃO........................................................................................................................................... 7 
2 MACROECONOMIA: METAS, POLÍTICAS E MERCADOS........................................... 8 
 2.1 METAS MACROECONÔMICAS..................................................................................................... 8 
 2.2 POLÍTICA FISCAL............................................................................................................................ 9 
 2.3 POLÍTICA MONETÁRIA................................................................................................................. 14 
 2.4 POLÍTICA CAMBIAL E COMERCIAL......................................................................................... 18 
 2.5 POLÍTICA DE RENDAS.................................................................................................................... 24 
 2.6 MERCADOS MACROECONÔMICOS (bens e serviços, trabalho, monetário, títulos, divisas) 24 
3 ESTRUTURA DE MERCADO (conc. perf. e imperfeita, monopólio, oligopólio, particulares).. 28 
4 TEORIA DO CONSUMIDOR (premissas, valor de uso, utilidade, maximização do consumo).. 30 
5 ANÁLISE DE DEMANDA E ELASTICIDADES....................................................................... 33 
 5.1 ANÁLISE DE DEMANDA (relação preço e quantidade, relação renda e quantidade)............... 33 
 5.2 ELASTICIDADES (preço-demanda, preço-cruzada demanda, renda-demanda, preço-oferta) 36 
6 DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO...................................................... 40 
 6.1 LEI DE DEMANDA E LEI DE OFERTA........................................................................................ 40 
 6.2 EQUILÍBRIO DE MERCADO (condições de endogeneidade, condições de exogeneidade)........ 41 
7 TEORIA DA PRODUÇÃO................................................................................................................... 44 
 7.1 MINIMIZAÇÃO DO CUSTO (isoquanta, isocusto, escolha ótima)............................................... 44 
 7.2 PRODUTIVIDADE (função de produção, produtividade, rend. decrescentes, estágios prod.)... 45 
 7.3 MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO (isolucro, escolha ótima)................................................................ 51 
 7.4 CUSTOS DE PRODUÇÃO (conceitos básicos, equilíbrio geral da produção).............................. 52 
A TRABALHO DE VARIAÇÃO DA CESTA BÁSICA................................................................................. 55 
 
 
 
 2 
1 INTRODUÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS 
 
1.1 CONCEITO DE ECONOMIA E FLUXO CIRCULAR BÁSICO 
 
Economia vem das palavras gregas “oikos” (casa) e “nomos” (lei, normas), derivando, daí, as “regras da 
casa” ou a “administração da casa”. Muitos são os conceitos atribuídos à ciência econômica, entre eles: 
“Economia é a ciência social que estuda a produção, a circulação e o consumo dos bens e serviços que 
são utilizados para satisfazer as necessidades humanas” (VICECONTI; NEVES, 2003). “A economia estuda a 
maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los 
para seu consumo entre os membros da sociedade” (TROSTER; MOCHÓN, 2002). “Economia é a ciência 
social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos 
na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de 
satisfazer as necessidades humanas” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2000). 
Simplificadamente, pode-se dizer que a economia é a ciência que gerencia recursos e administra a 
escassez. 
O fluxo circular básico da economia pode ser assim considerado: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Economia pode ser dividida em duas grandes áreas: a Macroeconomia e a Microeconomia. A 
Macroeconomia é a área da economia que estuda a economia agregada, abrangendo todos os setores e unidades 
econômicas. A Macroeconomia possui várias subáreas, como Economia Internacional, Economia Monetária, 
Economia do Setor Público, Política Econômica etc. A Microeconomia é a área da economia que estuda setores 
específicos e/ou unidades econômicas individualmente. É dividida, basicamente, em Teoria do Consumidor (ou 
Teoria dos Preços) e Teoria da Produção (ou Teoria da Firma), sendo as demais subáreas, como Equilíbrio de 
Mercado e Estrutura de Mercado. Além disso, existem outras áreas que não estão classificadas como micro ou 
macro, que são: História do Pensamento Econômico, Economia Brasileira, Economia Política, entre outras. 
 
1.2 HISTÓRIA DA MOEDA 
 
Inicialmente, não existia a moeda como existe hoje. Fazia-se a troca direta ou o escambo, ou 
seja, trocava-se mercadoria por mercadoria. O excedente da produção ou do extrativismo era trocado 
por outros bens que se faziam necessários. 
 Com o tempo, algumas mercadorias se destacaram como bens que eram utilizados como meio 
de troca, dando origem às primeiras moedas (mercadorias-moeda ou moedas-mercadoria). Fazia-se 
uma troca indireta: mercadoria x mercadoria-moeda x mercadoria. As mercadorias-moeda mais 
 
FAMÍLIAS 
 
EMPRESAS 
 
GOVERNO 
Consumo e mão-de-obra 
Salário e produtos 
Subsídios 
e compras 
Impostos e 
produtos 
Impostos 
e mão-
de-obra 
Transf. 
sociais e 
salários 
 3 
comuns eram o boi (pecus = gado, daí se deriva palavras como pecúlio e pecuniário), o peixe, vasos de 
cerâmica, sal (daí se deriva a palavra salário, com o que era pago parte do “soldo” dos soldados 
romanos), entre outras. 
 A dificuldade de se carregar as mercadorias-moeda e a indivisibilidade das mesmas geraram a 
necessidade de se estabelecer uma moeda que servisse como equivalente geral. O metal, por apresentar 
vantagens como a possibilidade de entesouramento, divisibilidade, raridade, facilidade de transporte e 
beleza, elegeu-se como principalpadrão de valor, principalmente o ouro e a prata. Era a moeda 
metálica. 
 Para facilitar a pesagem e evitar fraudes no peso do metal, criou-se a moeda cunhada, com 
inscrições geralmente em forma de efígies, inicialmente em barras nem sempre bem polidas e, depois, 
em formas mais geométricas. Com a formação dos Estados, a moeda institucionalizada surgiu para 
facilitar as trocas e dar maior conotação material ao valor das mercadorias. 
Por guardar o ouro nos bancos por razões de segurança, os ourives emitiam recibos (os 
primeiros papéis-moeda) conversíveis em ouro, ou seja, tinham o lastro no metal precioso. Os recibos 
acabaram virando moeda, pois eram trocados por outras mercadorias, já que possuíam a garantia de 
quem os cunhava (moeda fiduciária, “fidúcia” vem de confiança). Era a moeda fiduciária com lastro. 
Acontece que os ourives perceberam que a maioria das pessoas não buscava o ouro nos bancos, 
isto é, somente trocavam papéis por mercadorias e começaram a emiti-los acima da quantidade de ouro 
que guardavam nos cofres. Em outras palavras, o problema desse mecanismo é que poucos eram os que 
reclamavam seus direitos em ouro e se contentavam em ter sua riqueza simplesmente expressa no 
papel-moeda. Esta percepção levou à emissão do papel acima das reservas auríferas, revelando uma 
crise de materialização do valor das mercadorias e de insolvência do sistema. Era a moeda fiduciária 
(fidúcia = confiança) parcialmente lastreada (lastro = garantia, alicerce) em ouro ou a moeda 
fiduciária sem lastro. 
Fez-se necessária, então, a constituição de um sistema monetário com uma presença mais ativa 
do Estado e com o monopólio das emissões por um Banco Central. O novo sistema se tornou 
importante por várias razões. Em primeiro lugar, a exogeneidade adquirida com um Estado mais ativo 
impediu as flutuações mais extensas do estoque de ouro, já que a moeda era lastreada no metal e as 
possíveis descobertas de minas fariam com que esse estoque de ouro variasse. Em segundo lugar, o 
monopólio das emissões por um Banco Central permitiu certo controle, por parte do Estado, da 
quantidade de moeda existente na economia, apesar do poder de criação e destruição de moeda pelos 
bancos comerciais, permitindo determinadas condições mínimas para se fazer política monetária. Além 
disso, foi criada a reserva compulsória, uma garantia que o banco comercial deve ter disponível para 
evitar as insolvências do sistema. Logo, começaram a circular novas moedas escriturais (cheques, 
ordens de pagamento, títulos de crédito), que são papéis que servem como dinheiro sem ser dinheiro 
vivo. 
 No século XIX, o ouro funcionava como um equivalente geral e todo papel-moeda era 
conversível ao metal precioso. Tinha aceitação geral e possibilitava estabilidade de preços. Isto porque 
o ouro constituía o lastro do sistema monetário vigente, cujo estoque de meios de pagamento variava 
diretamente com a quantidade do metal. Como a sua demanda era ampla e a oferta restrita, seu preço 
era alto. Como sua quantidade não flutuava em excesso, seu preço era estável. Esse sistema se 
denominava padrão-ouro. 
Com o fim do padrão-ouro (início do século XX) com o aumento da demanda por moeda e o 
descontrole da emissão de moeda, o que causou sua desvalorização e uma consequente inflação, 
tornou-se necessária a criação de um sistema monetário internacional. Reuniu-se a Conferência de 
Bretton Woods (EUA, 1944) e foram apreciadas duas propostas, o Plano White e o Plano Keynes. Foi 
adotado o Plano White, assim chamado por causa do negociador norte-americano Harry Dexter White, 
que derrotou o Plano Keynes, criado pelo representante inglês e economista John Maynard Keynes, que 
previa a criação de uma moeda internacional. No Plano White, são indicados o dólar norte-americano e 
a libra esterlina (moeda do Reino Unido) como padrões de conversão e moedas de reserva. O valor 
delas é vinculado ao do estoque de ouro daqueles países e é convertido em taxas fixadas pelo Fundo 
 4 
Monetário Internacional (FMI). Na prática, com o fortalecimento da economia norte-americana, o dólar 
transforma-se na única moeda internacional. 
Com a evolução da tecnologia, foram criadas ainda as moedas eletrônicas, como o cartão de 
crédito, que tem a capacidade de “criar moeda” com a utilização do crédito. O pagamento com cartão 
de débito, embora seja um importante canal de transações eletrônicas, é apenas um avanço tecnológico 
ao cheque e a outros meios de pagamento da moeda escritural. 
Fases da História da Moeda 
1. Escambo � troca direta � mercadoria x mercadoria 
2. Mercadoria-moeda � troca indireta � mercadoria x mercadoria-moeda x mercadoria 
3. Moeda metálica � ouro, prata, cobre, níquel etc. 
4. Moeda cunhada � cunhagem de valores e efígies 
5. Moeda fiduciária com lastro � moeda lastreada em padrões-referência, como o ouro 
6. Moeda fiduciária sem lastro � moeda não lastreada 
7. Moeda escritural � moeda contábil 
8. Moeda eletrônica � moeda “criada” por meio eletrônico 
 
1.3 PRODUTO E RENDA 
 
 Abaixo, estão relacionados alguns conceitos de produto e renda, importantes para a referência 
de um país no âmbito internacional. 
 
• PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) � valor agregado de todos os bens e serviços 
produzidos dentro do país, independentemente da nacionalidade das unidades produtoras. Em 
outras palavras, soma das riquezas produzidas dentro de um país (SANDRONI, 1989). 
• PRODUTO NACIONAL BRUTO (PNB) ���� valor agregado de todos os bens e serviços 
resultante da mobilização de recursos nacionais, independentemente dos território econômico 
em que esses recursos foram produzidos (SANDRONI, 1989). 
• RLEE ���� Renda líquida enviada ao exterior, correspondente à diferença entre a renda enviada 
ao exterior (REE) e a renda recebida do exterior (RRE). 
 
RLEE = REE – RRE 
PNB = PIB – RLEE ou PNB = PIB – (REE – RRE) 
 
Exemplo: Suponha, hipoteticamente, que só existam dois países no mundo e que o Brasil possua um 
PIB de cerca de US$ 1 trilhão e o PIB norte-americano seja de US$ 11 trilhões. Suponha também que a 
renda líquida enviada do Brasil para os EUA seja de US$ 300 bilhões (0,3 trilhão) e a renda enviada 
dos EUA para o Brasil seja de US$ 100 bilhões (0,1 trilhão). Quanto seria o PNB do Brasil e dos EUA? 
 
Resolução: PNB Brasil = 1 – (0,3 – 0,1) = 1 – 0,2 = US$ 0,8 trilhões ou US$ 800 bilhões. 
 PNB EUA = 11 – (0,1 – 0,3) = 11 + 0,2 = US$ 11,2 trilhões 
 
Três óticas do PIB 
 
O PIB, em sua análise, possui três óticas: da produção, da renda e do dispêndio (ou gasto). Se 
fosse possível calcular com exatidão tudo o que é produzido, recebido e gasto, todos os cálculos do PIB 
dariam o mesmo resultado. 
 
• PRODUÇÃO � PIB (Y) = ∑ das riquezas produzidas nos três setores da economia: primário 
(agropecuária e extrativismo), secundário (indústria) e terciário (comércio e serviços). Esta 
ótica representa tudo o que é produzido pelos agentes econômicos (Oferta Agregada). 
 5 
 
• RENDA � PIB (Y) = S + J + L + A (SALÁRIOS + JUROS + LUCROS + ALUGUÉIS). Esta 
ótica representa tudo o que foi recebido pelos agentes econômicos (Renda Nacional). 
 
• GASTO ou DISPÊNDIO � PIB (Y) = C + I + G + (X – M) (PIB = CONSUMO + 
INVESTIMENTO + GASTOS DO GOVERNO + EXPORTAÇÕES LÍQUIDAS 
(EXPORTAÇÕES – IMPORTAÇÕES)). Esta ótica representa tudo o que foi gasto pelos 
agentes econômicos (Demanda Agregada). 
 
Ciclo de crescimento da economia 
 
• Crescimento do PIB ���� variação percentual do PIB (positiva ou negativa) em um determinado 
período de tempo. 
 
Estimativa do PIB das maiores economias, 2013 
 País PIB (US$ trilhões) 
1 EUA 16,522 
2 China 8,057 
3 Japão 6,058 
4 Alemanha 3,691 
5 França 2,923 
6 Reino Unido 2,743 
7 Brasil 2,735 
8 Rússia 2,403 
9 Itália 2,304 
10 Índia 1,900 
11 Canadá 1,875 
Fonte: FMI 
 
• Ciclo Econômico (SANDRONI, 1989): 
 
•RECESSÃO ���� “Conjuntura de declínio da 
atividade econômica, caracterizada por queda 
da produção, aumento do desemprego, 
diminuição da taxa de lucros e crescimento dos 
índices de falências e concordatas. Essa 
situação pode ser superada num período breve 
ou pode estender-se de forma prolongada, 
configurando então uma DEPRESSÃO ou 
CRISE ECONÔMICA”. 
• DEPRESSÃO ���� “Fase do ciclo econômico em 
que a produção entra em declínio acentuado, 
gerando queda nos lucros, perda do poder 
aquisitivo da população e desemprego”. 
• PROSPERIDADE ���� “Um dos períodos do 
ciclo econômico, marcado pelo incremento das atividades econômicas em geral e pelo ambiente de otimismo”. 
• RECUPERAÇÃO � Um dos períodos do ciclo econômico, marcado pela recuperação da atividade econômica 
após um período de recessão ou depressão. 
 
Possibilidades de produção 
 
Problemas econômicos fundamentais: 
 
1. O QUE E QUANTO PRODUZIR: o que é decidido pelo que se avalia em relação aos desejos 
dos consumidores e quanto pela expectativa do encontro entre oferta e demanda de mercado. 
 6 
2. COMO PRODUZIR: resolvido no âmbito das empresas, é uma questão de eficiência da 
produção. Que métodos intensivos ou não utilizar? 
3. PARA QUEM PRODUZIR: decidido no mercado de fatores de produção (capital, terra, mão-
de-obra), é uma questão distributiva: quem será beneficiado pela produção, quais setores, quais 
regiões, quais nichos de mercado? 
 
Curva de possibilidades de produção (CPP) 
 
Dados os problemas econômicos fundamentais (o que e quanto produzir, como produzir e para 
quem produzir), a curva de possibilidades de produção (CPP), segundo Vasconcellos e Garcia (2000), 
“é um conceito teórico que ilustra como a questão da ESCASSEZ impõe um LIMITE À CAPACIDADE 
PRODUTIVA de uma sociedade, que terá de fazer ESCOLHAS entre alternativas de produção” 1. 
 
Suponhamos uma economia que 
produza simplesmente máquinas e 
alimentos. No ponto A, todos os fatores de 
produção (capital, trabalho, terra, etc.) 
seriam alocados para a produção de 
máquinas. No ponto E, seriam direcionados 
somente para a produção de alimentos. Nos 
pontos B, C e D, intermediários, os fatores 
de produção seriam alocados na produção de 
um e de outro bem. 
 
 
Curva de possibilidades de produção (CPP) 
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2000). 
 
Qualquer ponto sobre a CPP significa que a economia está operando em PLENO EMPREGO e 
todos os fatores de produção estarão sendo utilizados. Qualquer ponto interno à curva significa que a 
economia está ociosa ou em DESEMPREGO e qualquer ponto externo significa uma combinação 
impossível de produção, pois os fatores de produção e a tecnologia não são suficientes para se produzir 
tais quantidades. 
Quando se aloca os fatores de produção de um bem x para produzir um bem y, tem-se um 
CUSTO DE OPORTUNIDADE que é igual ao sacrifício de se deixar de produzir o bem x para se 
produzir o bem y. Numa economia aberta, é semelhante a análise quando se deixa de produzir e 
exportar o bem x, que acaba sendo importado, para produzir e exportar o bem y, que, no momento, 
oferece maiores rendimentos que o bem x. Esta lei denomina-se LEI DAS VANTAGENS 
COMPARATIVAS. 
Analogamente, a CAPACIDADE INSTALADA das indústrias é a capacidade potencial de 
utilização dos fatores de produção disponíveis, é o máximo onde se pode chegar, é o que está instalado 
nas indústrias. Ex.: Imagine uma empresa com 10 máquinas e 20 empregados disponíveis para operar 
essas máquinas. Esta é a capacidade instalada de uma indústria. 
Já a CAPACIDADE UTILIZADA é o percentual de utilização da capacidade instalada das 
indústrias. Ex.: Se, por ocasião de uma demanda retraída, estiverem sendo utilizadas 8 máquinas e 16 
pessoas, a indústria está com capacidade utilizada de 80%. 
A CAPACIDADE OCIOSA é o percentual não utilizado da capacidade instalada, é a diferença 
entre a capacidade instalada e a capacidade utilizada. Ex.: Se a empresa está utilizando 80% da 
capacidade instalada, 20% da capacidade está ociosa, ou seja, se a demanda melhorar, ainda existem 
20% da capacidade para serem utilizados. 
 
1 Maiúsculos do autor. 
 7 
1.4 INFLAÇÃO 
 
A inflação é o aumento generalizado nos preços, sendo calculada como uma média ponderada 
de todos os preços da economia. Já a deflação é o inverso da inflação, a inflação negativa, a queda 
generalizada dos preços. A principal consequência do processo inflacionário, segundo Souza (2007), 
“são as distorções dos preços relativos, porque variam com taxas diferentes. O preço do cimento pode 
subir mais do que o preço do ferro para construção; os salários podem crescer menos do que os preços 
dos produtos alimentares”. 
Os principais tipos (causas) de inflação são: 
 
Demanda: a inflação de demanda é aquela causada pelo aumento do consumo de bens e serviços, 
sobretudo quando não há capacidade ociosa na economia e a oferta não consegue atender a demanda no 
curto prazo. Com a demanda agregada maior que a oferta agregada (D>S), a tendência é de os preços 
subirem. A origem da inflação é no aumento da demanda. 
 
Oferta: a inflação de oferta é causada pela diminuição da oferta de bens e serviços, elevando os preços. 
Neste caso, a oferta agregada será menor que a demanda agregada (S<D) e a origem da inflação é na 
redução da oferta. No grupo de oferta, há também a inflação de custos, na qual os aumentos dos custos 
das empresas são repassados aos preços, como: elevação dos preços dos insumos e matérias-primas; 
choque de petróleo; quebra de safra; aumento de salários, margens de lucro, tributos, tarifas de 
importância, taxas de câmbio e juros. 
 
Inercial: é a inflação psicológica, presente na memória inflacionária dos agentes econômicos, que faz 
com que haja especulação quanto à expectativa futura, baseada na inflação anterior (indexação). Foi a 
grande responsável pela hiperinflação dos anos 1980 e início dos anos 1990 e foi atacada pelo Plano 
Real, a partir de 1994. 
A inflação também é diretamente relacionada com a oferta de moeda existente. Caso haja uma 
grande de emissão de moeda sem o correspondente crescimento do Produto Interno Bruto, ou seja, sem 
mais produtos e serviços para serem comprados com esse incremento de moeda em poder do público, 
naturalmente os preços dos produtos e serviços existentes terão uma tendência de se tornarem mais 
altos. 
 
Trade-off entre inflação e crescimento econômico 
 
O aumento dos agregados macroeconômicos (consumo, investimento, gastos do governo, 
exportações), além de contribuir para o crescimento econômico, gera inflação. A partir daí, cria-se um 
trade-off (dilema): como crescer sem gerar inflação? Segurar a inflação e crescer menos ou crescer 
mais com a inflação? Duas correntes se formam a partir deste dilema: monetaristas x 
desenvolvimentistas. Os monetaristas privilegiam o controle da inflação para, depois de estabilizada, se 
pensar em crescimento econômico. Os desenvolvimentistas toleram um pouco de inflação e privilegiam 
o crescimento econômico. 
 A taxa de juros é um instrumento importante desse controle. Reduzir a taxa de juros significa 
contribuir para o crescimento econômico na medida em que se consome e se investe mais com uma 
taxa de juros menor, mas o crescimento da inflação acaba sendo inevitável. Quando se aumenta a taxa 
de juros com o objetivo de se segurar a inflação, segura-se também o crescimento econômico. Tem-se 
aí o principal trade-off (dilema) da economia: o aumento da taxa de juros reduz a inflação (ótimo), mas 
também reduz o PIB (péssimo); a diminuição da taxa de juros gera aumento do PIB (ótimo), mas 
também da inflação (péssimo). 
 
 
 
 8 
Exercício de fixação: 
1) Faça um pequeno texto explicando a história da moeda e as suas etapas. 
2) O que significa a CPP? Dê um exemplo, relacionandoos conceitos de emprego e desemprego com 
os de capacidade instalada, ociosa e utilizada. 
3) Quais os principais tipos de inflação? Como a inflação ocorre em cada um dos tipos? 
4) Explique o trade-off existente entre inflação e crescimento. Qual o papel da taxa de juros neste 
dilema? 
 
2 MACROECONOMIA: POLÍTICAS ECONÔMICAS, METAS E MERCADOS 
 
 As políticas macroeconômicas podem ser definidas como o conjunto de ações ou medidas 
capitaneadas pelo setor público que visam atingir as metas macroeconômicas. As principais políticas 
macroeconômicas são: a política fiscal (política tributária + política de gastos), a política monetária 
(política monetária + política creditícia), a política cambial (política cambial + política comercial) e a 
política de rendas. 
 As políticas expansionistas são aquelas que fazem o produto expandir, ou seja, aqueles que 
causam um incremento no consumo, no investimento, nos gastos do governo e nas exportações ou 
inibem a poupança, as importações e a arrecadação de tributos. As políticas contracionistas são 
aquelas que fazem o produto contrair, ou seja, inibem o consumo, o investimento, os gastos do governo 
e as exportações e incentivam a poupança, as importações e a arrecadação de tributos. 
Antes, porém, de estudar as políticas econômicas em si, é preciso compreender as metas a 
serem atingidas. 
 
2.1 METAS MACROECONÔMICAS 
 
Para Vasconcellos e Garcia (2000), são quatro as grandes metas de política macroeconômica, 
numa ordem sequencial mais ou menos lógica. São elas: 1) a estabilidade de preços; 2) o crescimento 
econômico; 3) o pleno emprego de recursos ou alto nível de emprego; e 4) distribuição de renda 
socialmente justa. 
 
Estabilidade de preços 
 
A inflação traz muitas distorções sobre, por exemplo, a distribuição de renda e as expectativas 
dos agentes econômicos. Com uma alta inflação, não se pode planejar o consumo ou o investimento a 
médio e a longo prazos. O alto consumo a curto prazo provoca a reação dos agentes econômicos 
sempre no sentido de aceitar e provocar um aumento considerável de inflação. Se o círculo vicioso 
persistir, pode-se chegar a um processo hiperinflacionário, como já aconteceu no Brasil. A simples 
estabilização dos preços traz uma expectativa favorável de consumo a médio e longo prazos e de um 
crescimento econômico consistente. 
Inflação anual (IPCA/IBGE): 4,46% (2007); 5,90 (2008); 4,31% (2009); 5,91% (2010), 6,5% 
(2011), 5,84% (2012). 
 
Crescimento econômico 
 
É importante que a economia esteja em crescimento, para que se favoreça a criação de 
empregos e a melhora da renda. Uma vez que há novas injeções de recursos na economia, os agentes 
econômicos irão despender (gastar, consumir, investir) mais, gerando mais emprego e renda, que, por 
sua vez, propiciarão a injeção de mais recursos e assim por diante. É o círculo virtuoso do crescimento 
econômico. 
 Produto Interno Bruto (IBGE): 6,1% (2007); 5,1% (2008); -0,2% (2009); 7,5% (2010); 2,7% 
(2011), 0,9% (2012). 
 9 
Pleno emprego de recursos (capital e mão-de-obra) ou alto nível de emprego 
 
 Vencidas e mantidas as metas de estabilidade de preços e de crescimento econômico, é hora de 
alcançar o pleno emprego ou um alto nível de emprego. Após a crise dos anos 30, percebeu-se a 
necessidade da intervenção do Estado através de políticas econômicas que garantissem o acesso dos 
trabalhadores ao mercado de trabalho, evitando altas taxas de desemprego. Quanto menor a taxa de 
desemprego, maiores as possibilidades de haver uma melhor distribuição de renda. 
 Taxa de desocupação dezembro (IBGE): 7,4% (2007); 6,8% (2008 e 2009); 5,3% (2010), 4,7% 
(2011), 4,7% (2012). 
 
Distribuição de renda socialmente justa 
 
A distribuição de renda sempre foi um fator crônico na economia brasileira, agravado com o 
Milagre Econômico, que foi um período de grande crescimento econômico, mas com uma distribuição 
de renda a favor dos segmentos mais abastados da população. Observa-se, atualmente, uma 
concentração significativa da renda nas classes mais altas, em detrimento das classes mais baixas, 
embora a renda per capita do brasileiro e o tamanho relativo da classe média estejam aumentando nas 
últimas décadas. 
Segundo o jornal O Globo, de 23/10/2010, o Brasil “tem a terceira pior distribuição de renda do 
mundo”, medida pelo Coeficiente de Gini: 1º: 0,60 (Bolívia, Camarões e Madagáscar); 2º: 0,59 (África 
do Sul, Haiti e Tailândia); 3º: 0,56 (Brasil e Equador) (http://outrapolitica.wordpress.com/2010/07/25/brasil-tem-
terceira-pior-distribuicao-de-renda-do-mundo/). 
As metas de crescimento econômico e de pleno emprego devem sempre estar acompanhadas da 
distribuição justa da renda para evitar distorções ainda maiores na pirâmide socioeconômica. 
 
2.2. POLÍTICA FISCAL 
 
A política fiscal visa administrar o crescimento econômico e a inflação, por meio do controle da 
arrecadação de impostos (política tributária) e das despesas do governo (política de gastos). 
 
Orçamento público 
 
 O governo estabelece uma previsão orçamentária para um determinando exercício, incluindo 
tanto a arrecadação de tributos quanto os gastos. Porém, em muitos casos, a previsão não corresponde 
ao que é realizado, porque pode-se gastar e/ou arrecadar mais ou menos que o previsto. 
 
Carga tributária 
 
O Brasil, em 2009, estava entre os dez países com maior carga tributária do mundo. Segundo a 
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil subiu quatro posições 
de 2008 para 2009, ocupando a 14ª colocação no ranking, com uma carga tributária de 34,5% do PIB 
(http://ibpt.com.br/img/publicacao/13891/189.pdf). 
Entretanto, o maior problema não está exatamente na magnitude da carga tributária, mas no 
retorno que ela traz à sociedade. Neste quesito, o País está numa situação ainda pior. Em estudo 
realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), retratado em uma entrevista à 
Folha de São Paulo (http://ibpt.com.br/home/publicacao.view.php?publicacao_id=13992), “entre os 30 países com 
as maiores cargas tributárias, o Brasil é o que proporciona o pior retorno dos valores arrecadados em 
bem-estar para seus cidadãos”. Em outras palavras, a carga tributária é alta e o retorno é baixo. 
Veja duas informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário: 
 10 
 
 
Déficit público 
 
Quando o governo gasta mais do que arrecada (G > R, gastos maiores que receitas), possui um 
déficit público2. Quando arrecada mais do que gasta (R > G, receitas maiores que gastos), tem um 
superávit público. Quando gasta tanto quanto arrecada (G = R, gastos iguais às receitas), possui um 
orçamento equilibrado. 
O déficit público não é senão a diferença entre o que o governo gasta (custos diretos de 
administração, investimentos públicos, juros das dívidas interna e externa e transferências etc.) e o que 
arrecada (impostos, contribuições, juros a receber etc.) em um determinado período de tempo. 
Pela Lei de Responsabilidade Fiscal3 (Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000), o 
governo tem que fechar suas contas, não podendo gerar déficit público sem que o pague. Por outro 
lado, por pressão popular, o superávit tende a ser revertido para a população ou para pagamento da 
dívida interna. Portanto, o orçamento equilibrado é a melhor das três alternativas. 
Quando se retira os juros da dívida pública do conceito de déficit nominal, tem-se o conceito de 
déficit ou superávit primário. Quando o déficit primário diminui ou o superávit primário aumenta, 
significa que a proporção dos gastos com a dívida pública diminuiu e a proporção dos gastos com a 
sociedade aumentou. 
 
 
2 Principais conceitos de déficit público: déficit nominal é o déficit convencional, como tratado no texto; déficit operacional 
é o déficit nominaldecrescido das correções monetária e cambial da dívida; e déficit primário é o déficit operacional 
decrescido dos juros da dívida. 
3 Trechos da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2010: 
Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, 
com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição. 
§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem 
desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e 
despesas e a obediência a limites e condições (...). 
Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, 
deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subsequentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% no primeiro. 
§ 2o Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e enquanto perdurar o excesso, o ente ficará também impedido de 
receber transferências voluntárias da União ou do Estado. 
Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair 
obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no 
exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. 
 11 
Dívida pública 
 
Uma vez que o governo não consegue evitar o déficit público em determinado exercício e que, 
por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal, tem que cumprir as suas obrigações com os credores e 
honrar os seus compromissos, deve procurar pagar o déficit público por meio de uma das fontes de 
financiamento disponíveis, o que se denomina necessidade de financiamento do setor público, como 
se pode ver nos exemplos a seguir. 
 
NECESSIDADES DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO (%PIB) 
DÉFICIT PÚBLICO4 1991 1992 
 R$ mi % PIB R$ mi % PIB 
Nominal 
 Total 31 24,5 691 44,2 
Operacional 
 Total -2 -1,4 34 2,2 
 Governo Central 0 -0,3 12 0,8 
 Gov. estados e municípios -1,7 -1,2 12 0,8 
 Empresas estatais 0 0,1 10 0,6 
Primário 
 Total -4 -3,0 -38 -2,4 
 Governo central -1 -0,9 -22 -1,4 
 Gov. estados e municípios -2 -1,4 -6 -0,4 
 Empresas estatais -1 -0,7 -10 -0,7 
Total juros reais 
 Total 2 1,6 72 4,6 
Fonte: Adaptado do Banco Central do Brasil (1995). 
 
NECESSIDADES DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO (em R$ mi) 
 2003 (jan-dez) 2004 (jan-dez) 2005 (ago-jul) 
Déficit Nominal 79.030 47.142 51.257 
Déficit Operacional 44.253 - 24.828 - 452 
Déficit Primário - 66.173 -81.112 - 97.061 
Juros Reais 110.426 56.284 121.162 
PIB 1.556.182 1.776.621 1.880.888 
NECESSIDADES DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO (% PIB) 
 2003 (jan-dez) 2004 (jan-dez) 2005 (ago-jul) 
Déficit Nominal 5,08 2,67 2,73 
Déficit Operacional 2,84 - 1,41 1,28 
Déficit Primário - 4,25 - 4,59 -5,16 
Juros Reais 7,10 3,19 6,44 
Fonte: Banco Central do Brasil. 
 
 Assim, o governo procura financiar-se da melhor forma possível, fugindo da oneração e das 
possíveis consequências negativas que o déficit possa trazer para o ajustamento da economia. Segundo 
Kandir (1989, apud DOMINIK, 1995): 
 
A rigor, não há nenhum problema macroeconômico na existência de um déficit público, desde 
que este seja financiável de maneira apropriada. Um déficit é financiável adequadamente 
quando há fontes de financiamento em termos de disponibilidade e custos que não impliquem 
no futuro uma perspectiva de incapacidade ou custos elevados de financiamento. 
 
Há duas formas de financiar o déficit público: a emissão de moeda (Tesouro Nacional pede 
emprestado ao Banco Central) e a dívida pública (externa e interna). Como a emissão de moeda é 
 
4 Na tabela, as necessidades de financiamento do setor público estão relacionadas aos conceitos nominal, operacional e 
primário de déficit. O total de juros reais refere-se ao déficit financeiro, descontada a correção monetária. A soma desse 
componente ao déficit primário resulta no déficit operacional. O numeral negativo significa superávit. 
 12 
iminentemente inflacionária e, desde o Plano Real, não se emite mais moeda para este fim, o governo 
tem apelado para a dívida pública, notadamente a dívida interna. 
A dívida externa consiste na contratação de empréstimos junto a credores estrangeiros – 
dependendo de aprovação do governo federal para que aconteça – e nas operações de investidores 
estrangeiros envolvendo títulos de médio e curto prazo. Nos últimos anos, a dívida externa tem sido 
fonte segura de financiamento, com juros razoáveis e perfil de médio e de longo prazo. Essa segurança 
depende da facilidade de crédito e do poder de barganha com os credores, determinados, em parte, pela 
condição financeira do governo. Atualmente, as reservas internacionais brasileiras são suficientes para 
pagar a dívida externa, o que motiva especulações de que a dívida foi paga, o que não é verdade. 
 
 
 
Já a dívida interna se dá basicamente através da venda de títulos pelo governo para credores 
brasileiros e requer a confiança do público interno na remuneração desses títulos. Do contrário, as taxas 
de juros se elevarão cada vez mais a fim de atrair os recursos privados e se transformarão em encargos 
que comprometerão ainda mais o déficit. 
 De acordo com Piscitelli (1990, apud DOMINIK, 1995), “os déficits levam ao endividamento; 
o processo de endividamento crônico e a falta de saneamento das finanças públicas, com o crescimento 
dos encargos e a rolagem da própria dívida, acabam por criar um círculo vicioso, podendo tornar 
crônico o próprio déficit”. 
 Durante muito tempo, quando o financiamento através da dívida, dadas as condições externas e 
internas, não era suficiente para cobrir o déficit, o governo se valia de uma forma de financiamento 
tanto evitada e combatida quanto praticada: a emissão de moeda. Esta emissão era uma das principais 
responsáveis causas da hiperinflação brasileira. O problema da emissão é que ela estava diretamente 
vinculada ao processo inflacionário e era elemento sancionador tanto da inflação como da fragilidade 
financeira do setor público. Com a moeda perdendo o lastro de sua emissão, o governo também perdia 
o controle da política monetária na medida em que não conseguia diminuir o déficit público e os seus 
mecanismos de controle da oferta monetária só faziam transferir recursos para os devedores do Estado. 
 13 
Uma vez que, após o advento do Plano Real, não mais é utilizada a emissão de moeda para 
financiar o déficit público, os juros da dívida pública tornaram-se os alimentadores da fragilização 
financeira do setor público, funcionando como uma bola de neve. “O Plano Real interrompeu o 
financiamento do déficit público por meio da emissão de moeda. Todavia, ele passou a ser financiado com 
dívida pública, produzindo um endividamento em bola de neve e uma taxa de juros real que inibe o 
crescimento econômico” (BARBOSA, 2012). 
 Na figura abaixo, encontram-se o círculo vicioso da economia e o da dívida pública. O déficit 
público, financiado por títulos públicos, aumenta a dívida pública. Aumentando a dívida pública, há 
uma desconfiança entre os investidores de que o governo não honrará os compromissos com os 
pagamentos dos títulos. A desconfiança aumenta o risco país e a fuga dos capitais investidos, o que 
aumenta a procura por dólares na saída, e o câmbio se desvaloriza. A desvalorização do câmbio eleva a 
inflação, tanto pelo aumento dos custos dos produtos importados quanto pelo aumento das exportações. 
Para conter a inflação, os juros são elevados e a dívida pública se eleva ainda mais. 
 
O CÍRCULO VICIOSO DA ECONOMIA 
O CÍRCULO VICIOSO DA DÍVIDA 
PÚBLICAFigura: O círculo vicioso da dívida pública 
Fonte: Autor (2012) 
 
 
 
 
Figura: O círculo vicioso da Economia 
Fonte: Oliveira e Pacheco (2005) 
 
O ajuste fiscal 
 
 Com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o governo é movido a realizar um ajuste fiscal, ou seja, 
controlar o orçamento público dentro dos limites estabelecidos em lei, aumentando a arrecadação de 
tributos e/ou diminuindo (cortando) gastos. Para tanto, lança mão da política tributária e da política de 
gastos. A primeira se concentra na arrecadação de tributos e a segunda visa o controle das despesas do 
governo. 
Resumidamente, quando o objetivo da política econômica é o crescimento econômico 
(expansionista), pode-se aumentar os gastos do governo e/ou diminuir a arrecadação de tributos. Se o 
objetivo é diminuir a inflação (contracionista), faz-se o inverso, cortando gastos e/ou aumentando a 
carga tributária. 
Em termos de política tributária, algumas medidas podem ser tomadas para aumentar a 
arrecadação de tributos (e, assim, reduzir o déficit público ou aumentar o superávit público): 
1) Criar tributos. Ex. hipotético: criar um tributo específico que incida sobre a compra de 
aparelhos celulares. 
2) Aumentar a base de incidência. Ex. hipotético: imposto de celulares passar a incidir também 
sobre os computadores; o limite de isenção de imposto de renda diminuir. 
DÉFICIT PÚBLICO DÍVIDA PÚBLICA
AUMENTO DE 
ENCARGOS (JUROS)
 14 
3) Aumentar a alíquota dos tributos. Ex. hipotético: aumentar o percentual do imposto de 
renda de 15% para 18%, por exemplo. 
4) Aumentar o controle e a fiscalização sobre a sonegação, fazendo com que os agentes não 
deixem de pagar os tributos. 
 
O aumento da arrecadação pode diminuir o crescimento econômico, apesar de contribuir 
também para a diminuição da inflação. Em momentos de crise econômica, uma alternativa interessante 
é a diminuição da carga de impostos, induzindo o crescimento econômico, o que pode fazer com que, a 
curto ou a médio prazo, a arrecadação de tributos volte a aumentar (como costumeiramente se faz com 
o IPI de automóveis e eletrodomésticos, no Brasil). 
 
Em termos de política de gastos, para diminuir o déficit ou aumentar o superávit público e/ou 
utilizar bem os recursos do orçamento, o governo tende a trabalhar no sentido de controlar os seus 
gastos. Para tanto, se faz necessário: 
1) Controlar despesas, evitando as desnecessárias. 
2) Cortar gastos não-prioritários, estabelecendo prioridades. 
3) Reestruturar os processos, reduzindo o custo das rotinas, seja por meio da 
desburocratização seja por meio da tecnologia. 
4) Reduzir políticas discricionárias, ou seja, aquelas que se baseiam na concessão ou na 
revogação de privilégios. 
 
O corte nos gastos pode diminuir o crescimento no curto prazo, mas a diminuição do déficit 
público traz benefícios no médio e no longo prazo, como a perspectiva de redução da taxa de juros e da 
própria dívida pública. 
 
2.3 POLÍTICA MONETÁRIA 
 
A política monetária visa a “adequar os meios de pagamentos disponíveis às necessidades da 
economia do país” (SANDRONI, 1989), além de ser utilizada para administrar o crescimento 
econômico e a inflação, por meio do controle da relação entre o estoque de moeda e o produto nominal, 
do crédito e dos juros, zelando pela liquidez global do sistema. 
 
Funções da moeda 
 
• Meio de troca: capacidade da moeda de ser trocada, de servir como meio de pagamento, de 
efetuar transações de compra e venda. 
• Reserva de valor: capacidade da moeda de ser guardada ou entesourada, ou seja, de manter o 
seu poder aquisitivo com o passar do tempo (ex.: dólar nos anos 80 e 90). 
• Unidade de conta: capacidade da moeda de servir como referência ou para comparar bens ou 
serviços (ex.: viagens e produtos importados, indexados por dólar ou euro; expressar preços 
diferentes para um caminhão e para uma bola). 
 
FUNÇÕES DA MOEDA EM ÉPOCAS SELECIONADAS 
Funções / Épocas 1993 / março1994 Março / junho 1994 Julho/94 em diante 
Reserva de valor Dólar Dólar / URV Real 
Meio de troca Cruzeiro Real Cruzeiro Real Real 
Unidade de conta Dólar URV Real 
Fonte: Autor (2008) 
 
Demanda de moeda 
 
As pessoas (físicas ou jurídicas) retêm (demandam) moeda por: 
 15 
● Transação: para efetuarem transações cotidianas de compra e venda de bens e serviços. 
● Precaução: para guardar para alguma eventualidade. Quanto maior a empresa ou mais rica a pessoa 
física, mais retém moeda para precaução. 
● Especulação: para aplicar em investimentos financeiros ou produtivos. 
 
Oferta de moeda e instrumentos de política monetária e creditícia 
 
 A oferta de moeda equivale ao estoque de moeda disponível (meios de pagamento) na economia 
e é controlada pelo Banco Central através dos bancos comerciais. Há diversos instrumentos de política 
monetária e creditícia para controle da oferta de moeda. Entre eles: 
 
● Depósito compulsório: para evitar o efeito multiplicador dos depósitos, o Banco Central estipula o 
depósito compulsório de reservas bancárias, aumentando o nível de reservas em seu poder, de modo 
que o banco não possa utilizar esses recursos para empréstimos ou outras aplicações. A relação 
depósitos/reservas cai, diminuindo, assim, o volume de moeda em circulação. 
 Exemplo: sem o depósito compulsório, um valor de R$ 1.000,00 depositado pode ser 
reemprestado pelo banco integralmente, que, depois, será novamente depositado e reemprestado, 
infinitamente e a velocidade de circulação desse dinheiro causará inflação. Se o governo impõe 40% de 
depósito compulsório, acontecerá o seguinte, considerando que o dinheiro reemprestado seja 
novamente depositado: 
 
Valor 
depositado 
Valor 
retido 
(40%) 
Valor 
reemprestado 
(60%) 
 
Valor 
depositado 
Valor retido 
(40%) 
Valor 
reemprestado 
(60%) 
1º depósito R$ 1.000,00 R$ 400,00 R$ 600,00 12º depósito R$ 3,63 R$ 1,45 R$ 2,18 
2º depósito R$ 600,00 R$ 240,00 R$ 360,00 13º depósito R$ 2,18 R$ 0,87 R$ 1,31 
3º depósito R$ 360,00 R$ 144,00 R$ 216,00 14º depósito R$ 1,31 R$ 0,52 R$ 0,79 
4º depósito R$ 216,00 R$ 86,40 R$ 129,60 15º depósito R$ 0,79 R$ 0,32 R$ 0,47 
5º depósito R$ 129,60 R$ 51,84 R$ 77,76 16º depósito R$ 0,47 R$ 0,19 R$ 0,28 
6º depósito R$ 77,76 R$ 31,10 R$ 46,66 17º depósito R$ 0,28 R$ 0,11 R$ 0,17 
7º depósito R$ 46,66 R$ 18,66 R$ 28,00 18º depósito R$ 0,17 R$ 0,07 R$ 0,10 
8º depósito R$ 28,00 R$ 11,20 R$ 16,80 19º depósito R$ 0,10 R$ 0,04 R$ 0,06 
9º depósito R$ 16,80 R$ 6,72 R$ 10,08 20º depósito R$ 0,06 R$ 0,02 R$ 0,04 
10º depósito R$ 10,08 R$ 4,03 R$ 6,05 21º depósito R$ 0,04 R$ 0,02 R$ 0,02 
11º depósito R$ 6,05 R$ 2,42 R$ 3,63 22º depósito R$ 0,02 R$ 0,01 R$ 0,01 
 23º depósito R$ 0,01 R$ 0,00 R$ 0,00 
 
 Atualmente, os bancos têm que reter: 44% da média diária dos saldos dos depósitos à vista 
(conta corrente), de forma não remunerada; 20% da média diária dos saldos da caderneta de poupança, 
remunerados com a mesma taxa paga aos poupadores. e da média diária dos saldos dos recursos a prazo 
(títulos), remunerados à taxa Selic. 
 
● Redesconto: para assegurar sua posição credora (positiva) ou zerada, o banco recorre, 
primeiramente, aos clientes (captação com caderneta de poupança, letras de câmbio, Certificado de 
Depósito Bancário – CDB, Recibo de Depósito Bancário – RDB etc.) ou aos empréstimos 
interbancários (Certificado de Depósito Interbancário – CDI). Em última instância, recorre ao Banco 
Central, na forma de redesconto. 
Antigamente, o redesconto significava realmente o que a palavra representa, pois o Banco 
Central redescontava, para as instituições financeiras, títulos de crédito que já haviam sido descontados 
para terceiros como socorro emergencial. Esta modalidade é utilizada hoje na forma de redesconto 
seletivo para setores produtivos da indústria e do comércio, por exemplo. 
Atualmente, o redescontoé realizado na modalidade de redesconto de liquidez, um 
financiamento simples do Banco Central para os bancos comerciais como socorro financeiro em 
 16 
operações de 1 ou 2 dias para resolver problemas na liquidez da instituição financeira5, embora tenha 
sido usado corriqueiramente. Quando a taxa de redesconto é baixa, o banco é estimulado a tomar 
emprestado mais recursos, repassando-os ao consumidor de crédito. 
Em resumo, qualquer empréstimo feito do Banco Central para os bancos comerciais como 
auxílio de liquidez é chamado de redesconto. Aumentando a taxa de redesconto, ou seja, emprestando 
fundos a juros mais altos, o Banco Central pode diminuir a oferta de moeda. Hoje, no Brasil, a 
referência da taxa de redesconto é a Taxa Selic, não podendo ser menor que a Taxa Básica do Banco 
Central (TBC) e nem superior à Taxa de Assistência do Banco Central (Tban). 
 
● Open Market: outro instrumento é o mercado aberto de títulos ou o Open Market. O governo entra 
no mercado de títulos, regulando o fluxo de moeda, ao comprar ou vender títulos da dívida pública. 
Quando há muito dinheiro em circulação, o governo vende títulos, “enxugando” o mercado. Quando 
ocorre o contrário, o governo compra os títulos. Se a venda é maior que a compra, retirando moeda de 
circulação, há uma política contracionista e o PIB e a inflação tendem a cair. Se a compra é maior que a 
venda, colocando mais moeda em circulação, há uma política expansionista e o PIB e a inflação tendem 
a aumentar. 
 
● Taxa Selic: A taxa Selic, segundo o Banco Central, “é o instrumento primário de política monetária 
do Comitê de Política Monetária (Copom), é a taxa de juros média que incide sobre os financiamentos 
diários com prazo de um dia útil (overnight), lastreados por títulos públicos federais registrados no 
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). O Copom estabelece a meta para a taxa Selic e 
cabe à mesa de operações do mercado aberto do Banco Central manter a taxa Selic diária próxima à 
meta”. O cálculo6 é feito diretamente pelo sistema Selic após o encerramento das operações, em 
processo noturno. 
 Atualmente, a Taxa Selic é a taxa básica da economia, pois além de ser a base da taxa de 
redesconto (e, por consequência, do custo do crédito em geral), corrige impostos em atraso e reflete a 
remuneração dos títulos públicos. Captando recursos do Banco Central, as instituições financeiras 
repassam o custo do crédito (Selic + percentual do redesconto) para os consumidores de crédito 
(clientes finais). Fala-se de uma tendência de desindexação da dívida pública pela Selic. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5
 Esta modalidade difere da operação que tem por finalidade o efetivo saneamento da instituição que se encontra com o 
patrimônio líquido negativo, estabelecida pelo Bacen através do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao 
Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER), cujas taxas de juros são muito mais elevadas (Walter D. Stuber e 
Henrique B. Filizzola, UFSC, http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/28706-28724-1-PB.htm). 
6 A taxa média ajustada das operações de financiamento é calculada de acordo com a seguinte equação: 
 
onde, Lj: fator diário correspondente à taxa da j-ésima operação; Vj: valor financeiro correspondente à taxa da j-ésima 
operação; n: número de operações que compõem a amostra. A amostra é constituída excluindo-se do universo as operações 
atípicas, assim consideradas: - no caso de distribuição simétrica: 2,5% das operações com os maiores fatores diários e 2,5% 
das operações com os menores fatores diários; - no caso de distribuição assimétrica positiva: 5% das operações com os 
maiores fatores diários;- no caso de distribuição assimétrica negativa: 5% das operações com os menores fatores diários. 
 17 
FLUXO BÁSICO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 
O governo pode mudar a Taxa Selic, taxa de juros básica da economia, para causar impacto 
expansionista ou contracionista na economia. Com a taxa de juros mais alta, atrai o investidor para 
poupar, diminuindo o papel-moeda em poder do público. Com a taxa de juros mais baixa, além de 
desincentivar o investidor a poupar, amplia as condições de crédito e há mais papel-moeda em poder do 
público. 
 
Sobre Copom (http://www.bcb.gov.br/?COPOMHIST para ver na íntegra), 13/07/2013. 
O Comitê de Política Monetária (Copom) é o órgão decisório da política monetária do Banco Central do Brasil, 
responsável por estabelecer a meta para a taxa Selic. O Copom foi instituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de 
estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros. Desde 1999, as decisões do Copom passaram a ter 
como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Se as metas não forem 
atingidas, cabe ao presidente do Banco Central divulgar, em Carta Aberta ao Ministro da Fazenda, os motivos do 
descumprimento, bem como as providências e prazo para o retorno da taxa de inflação aos limites estabelecidos. 
Formalmente, os objetivos do Copom são implementar a política monetária, definir a meta da Taxa Selic e seu 
eventual viés e analisar o Relatório de Inflação trimestral. A taxa de juros fixada na reunião do Copom é a meta para a Taxa 
Selic (taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de Liquidação e 
Custódia), a qual vigora por todo o período entre reuniões ordinárias do Comitê. Se for o caso, o Copom também pode 
definir o viés, que é a prerrogativa dada ao presidente do Banco Central para alterar, na direção do viés, a meta para a Taxa 
Selic a qualquer momento entre as reuniões ordinárias. 
O Copom é composto pelos membros da Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil: o presidente, que tem o 
voto de qualidade; e os diretores de Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais, Assuntos Internacionais, 
Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização, Liquidações e Desestatização, e Administração. Outros 
membros participam do primeiro dia de reunião. 
As reuniões ordinárias do Copom são mensais desde 2000 e dividem-se em dois dias: a primeira sessão às terças-
feiras e a segunda às quartas-feiras. No primeiro dia, há uma análise da conjuntura doméstica abrangendo inflação, nível de 
atividade, evolução dos agregados monetários, finanças públicas, balanço de pagamentos, economia internacional, mercado 
de câmbio, reservas internacionais, mercado monetário, operações de mercado aberto, avaliação prospectiva das tendências 
da inflação e expectativas gerais para variáveis macroeconômicas. No segundo dia da reunião, há a decisão sobre a meta 
para a Taxa Selic e o viés, se houver, que são imediatamente divulgados. 
 
● Controle da emissão de moeda: causadora imediata de inflação coeteris paribus, a emissão é um 
mecanismo de controle da oferta sempre no sentido expansionista. A emissão de moeda faz com que 
entre em circulação uma quantidade de moeda medida pela diferença entre o valor de face do dinheiro 
emitido e o custo da emissão pelo Banco Central, chamada de senhoriagem. 
 
● Política creditícia: qualquer regulamentação acerca do crédito no sentido expansionista ou 
contracionista. Possui um tripé: disponibilização de crédito, prazo e juros. O governo pode 
disponibilizar mais verba orçamentária para subsidiar créditos específicos (agrícola, habitacional, micro 
e pequenas empresas etc.), limitar ou expandir prazos de pagamentos de empréstimos (ex.: limite 
mínimo de 10 anos e máximo de 30 anos para financiamento de imóveis), aumentar ou diminuir juros e 
tarifas financeiras cobradas pelas instituições públicas ou, ainda, estipular limites percentuais de 
financiamento de bens de consumo (ex.: limite máximo de 70% do valor do automóvel para 
financiamento). 
 
 
 
 
$$$ $$$
$$$ + i $$$+ i
Credores: PF e PJ 
(títulos), outros 
bancos (CDI), Banco 
Central (redesconto)
Tomadores de crédito 
(devedores)
Instituições 
financeiras 
(intermediárias)
 18 
CONSEQUÊNCIAS DA POLÍTICA MONETÁRIA SOBRE OFERTA DE MOEDA (M), INFLAÇÃO (π) E PIB (Y) 
 ITEM VARIAÇÃO EFEITO DA VARIAÇÃO 
DEPÓSITO COMPULSÓRIO 
↑ ↓ M, π e Y 
↓ ↑ M, π e Y 
TAXA DE REDESCONTO 
↑ ↓ M, π e Y 
↓ ↑ M, π e Y 
TÍTULOS PÚBLICOS 
VENDA > COMPRA ↓ M, π e Y 
COMPRA > VENDA ↑ M, π e Y 
TAXA SELIC 
↑ ↓ M, π e Y 
↓ ↑ M, π e Y 
EMISSÃO DE MOEDA ↑ ↑ M, π e Y 
Fonte: Autor. 
 
2.4 POLÍTICA CAMBIAL E COMERCIAL 
 
A política cambial visa estabilizar o câmbio e o administrar o balanço de pagamentos, por meio 
do controle das relações e operações com o mercado externo, sendo também utilizada para favorecer o 
crescimento econômico e o controle da inflação. A política cambial propriamente dita, na prática, 
refere-se à atuação do governo sobre a taxa de câmbio. O governo, através do Banco Central, pode 
fixar a taxa de câmbio (regime de taxas fixas de câmbio) ou permitir que ela seja flexível e determinada 
pelo mercado de divisas (regime de taxas flutuantes de câmbio), com ou sem a intervenção. Já a 
política comercial visa, especificamente, controlar o saldo da balança comercial, por meio de ações que 
atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia. A política comercial diz respeito 
aos instrumentos de incentivo às exportações e/ou estímulo e desestímulo às importações, de forma a 
melhorar a balança comercial ou garantir o abastecimento de bens importados. 
 
Taxa de câmbio 
 
 É o preço da moeda estrangeira em termos de moeda nacional. Quando a demanda por divisas7 
está maior que a oferta, a taxa de câmbio sobe. Quando a oferta é maior que a demanda, a taxa de 
câmbio cai. Quando o câmbio se desvaloriza ou a taxa de câmbio aumenta, é porque a moeda nacional 
se desvalorizou em relação à estrangeira, que passa a valer mais em relação à moeda local. Quando o 
câmbio se valoriza, ao contrário, é porque a moeda nacional se valorizou em relação à moeda 
estrangeira. A moeda estrangeira em disponibilidade destinada a transações ou reservas é denominada 
no outro país de divisa internacional. 
Exemplos hipotéticos de taxas de câmbio: 
 
US$ 1 = R$ 2,50 � taxa de câmbio do real para com o dólar. 
€ 1 = R$ 3,00 � taxa de câmbio do real para com o euro. 
 
Se, por exemplo, o dólar passou a valer R$ 4,00, houve uma desvalorização do câmbio e da 
moeda nacional ou desvalorização cambial. Se o dólar cair para R$ 2,00, houve uma valorização do 
câmbio e da moeda nacional ou valorização cambial. 
 A desvalorização cambial enfraquece a moeda local, causando inflação, seja pelo fato de mais 
moeda local ser colocada em circulação, seja pelo fato de que os produtos importados encarecem. A 
valorização cambial, ao contrário, diminui a inflação, porque moeda local é retida, além de baratear os 
produtos importados. 
 As desvalorizações e valorizações cambiais afetam diretamente a balança comercial, por causa 
do impacto sobre as exportações e importações. Se as exportações são maiores que as importações, há 
 
7 Divisas são moedas estrangeiras em disponibilidade ou papeis e reservas conversíveis em moeda estrangeira. 
 19 
um saldo positivo (superávit) da balança comercial. Se, ao contrário, as importações forem maiores que 
as importações, há um saldo negativo (déficit) na balança comercial. 
 Saldo da balança comercial brasileira (US$ mi): 46.074 (2006), 40.032 (2007), 24.957 (2008), 
25.438 (2009), 20.146 (2010), 29.796 (2011), 19.438 (2012). 
Suponhamos que uma empresa importadora europeia deseja gastar € 3.000, por encomenda de 
seus clientes, comprando liquidificadores brasileiros de uma empresa brasileira, cujo produto custa R$ 
100,00, supondo que não existam impostos adicionais. Vejamos como as exportações se comportam 
com três situações cambiais diferentes. 
 
IMPACTO DA VARIAÇÃO CAMBIAL SOBRE A EXPORTAÇÃO 
Situação € Câmbio R$ Preço liquidificador Quantidade vendida 
Taxa de câmbio inicial 3.000 1 = 2 6.000,00 100,00 60 
Desvalorização cambial 3.000 1 = 3 9.000,00 100,00 90 
Valorização cambial 3.000 1 = 1 3.000,00 100,00 30 
 
No exemplo acima, com a desvalorização cambial, exportou-se mais liquidificadores que com o 
câmbio estável, ao passo que, com a valorização cambial, a exportação foi menor. 
Analisando por outro modo, a expectativa de desvalorização cambial inibe o investimento 
financeiro externo (assusta os investidores) e a expectativa de valorização o estimula (atrai os 
investidores). Um exemplo será dado a seguir: 
Suponhamos que um investidor entre para investir no Brasil, trazendo US$ 1000 e ganhe 20% 
de juros, em três situações cambiais diferentes: 
 
IMPACTO DA VARIAÇÃO CAMBIAL SOBRE O INVESTIMENTO ESTRANGEIRO DE CURTO PRAZO 
Situação US$ Câmbio na entrada R$ R$ + juros 20% Câmbio na saída US$ 
Sem variação cambial 1.000 1 = 2 2.000 2.400 1 = 2 1.200 
Desvalorização cambial 1.000 1 = 2 2.000 2.400 1 = 3 800 
Valorização cambial 1.000 1 = 2 2.000 2.400 1 = 1 2.400 
 
 Na primeira situação, com câmbio estável, um investidor investe US$ 1.000 (R$ 2.000,00) em 
títulos brasileiros, obtendo 20% de juros. Ao sair, revertendo reais em dólares, fica com US$ 1.200, 
mantendo os 20% de ganho. Na segunda situação, recebe os 20% de juros, mas, com a desvalorização 
cambial, perde US$ 400 e fica somente com US$ 800. Na terceira situação, com a valorização cambial, 
ganha US$ 1.200 e, no final, fica com US$ 2.400. De todo modo, mesmo que haja perspectiva de 
valorização, se o dólar estiver instável de maneira que o quadro possa se reverter a qualquer instante, 
há uma inibição dos investidores, que podem se recusar a investir em certo país. 
 
Mercado de divisas (ou mercado de câmbio) 
O mercado de divisas acontece pela atração de duas forças opostas de agentes: 1) demandantes 
de divisas (pessoas físicas e jurídicas e, ocasionalmente, o próprio Banco Central, através dos bancos 
comerciais, comprando moeda estrangeira) e 2) ofertantes de divisas (pessoas físicas e jurídicas e, 
ocasionalmente, o próprio Banco Central, através dos bancos comerciais, vendendo moeda 
estrangeira). As duas forças participam comprando ou vendendo dólares para realizar transações como 
exportações e importações, remessa de divisas e viagens internacionais, investimentos e empréstimos, 
de dentro para fora e de fora para dentro do território nacional. 
 
 
 
 
 
 
 20 
AGENTES ECONÔMICOS DO MERCADO DE DIVISAS 
PRINCIPAIS DEMANDANTES DE DIVISAS PRINCIPAIS OFERTANTES DE DIVISAS 
- Importadores de bens e serviços - Exportadores de bens e serviços 
- Turistas brasileiros que vão para o exterior - Turistas estrangeiros que vêm ao Brasil 
- Turistas estrangeiros no Brasil que voltam p/ casa - Turistas brasileiros no exterior que voltam p/ casa 
- Investidores brasileiros que aplicam no exterior - Investidores estrangeiros que aplicam no Brasil 
- Investidores estrangeiros que resgatam títulos brasileiros - Investidores brasileiros que resgatam títulos no exterior 
- Estrangeiros residentes no Brasil que remetem divisas - Brasileiros residentes no exterior que remetem divisas 
- Multinacionais estrangeiras no Brasil que remetem lucros 
para a sede 
- Multinacionais brasileiras no exterior que remetem lucros 
para a sede 
- Agentes governamentais brasileiros que gastam no exterior - Agentes governamentais estrangeiros que gastam no Brasil 
- Multinacionais brasileiras que realizam investimentos 
diretos no exterior 
- Multinacionais estrangeiras que realizam investimentos 
diretos no Brasil 
- Governo, quando compra divisas no mercado - Governo, quando vende divisas no mercado 
Fonte: Autor 
 
Já os principais intermediários do mercado de divisas8, ou seja, quem faza intermediação da 
compra e venda de divisas entre os demandantes e os ofertantes, são os bancos comerciais, as 
sociedades de crédito, as sociedades corretoras e distribuidoras de títulos e câmbio, agências de turismo 
ainda autorizadas. 
Caso não haja interferência do governo no mercado de divisas, a determinação da taxa se dá 
pelo livre jogo das forças do mercado, obedecendo à lei de oferta e procura. 
 
Política cambial 
 
Para evitar que a instabilidade do câmbio afete a economia, o governo pode intervir no mercado 
de divisas, estabelecendo a política cambial, que, basicamente, trata-se da compra ou venda de divisas 
(dólares, euros etc.) no mercado de câmbio. 
 Quando o governo deseja diminuir a taxa de câmbio, ele oferta mais dólares, ou seja, coloca 
mais moeda estrangeira em disponibilidade no mercado de divisas (na prática, vende dólares), 
tendendo a reduzir o preço da moeda estrangeira em termos da moeda local, o que é o mesmo que 
diminuir a taxa de câmbio. Quando o governo deseja aumentar a taxa de câmbio, ele entra como 
demandante (compra dólares), aumentando o preço da moeda estrangeira em termos da moeda local, o 
que significa aumentar a taxa de câmbio. 
 A compra e venda de dólares pelo Banco Central é realizada por meio de leilões de compra ou 
venda de câmbio, do qual participam os dealers de câmbio9, bancos autorizados a atuar no mercado de 
câmbio. Quando tem início o período do leilão, os dealers enviam suas ofertas, com o volume a ser 
negociado e a taxa, para o Banco Central, através do Sistema de Leilão de Câmbio. Encerrado o leilão, 
a autoridade monetária acessa uma lista gerada pelo sistema, sem a identificação dos ofertantes, e 
define uma taxa de corte acima ou abaixo da qual as taxas serão aceitas, total ou parcialmente. 
 
Sistemas ou regimes cambiais 
 
 O grau de intervenção do governo no mercado de divisas depende do sistema ou regime 
cambial adotado em cada País. 
 
8 Salvo por respaldo documental de viagens ao exterior, é proibido o uso de moeda estrangeira para meio de pagamento e 
reserva de valor no Brasil. No entanto, marginalmente, o câmbio negro faz com que as divisas sejam comercializadas em 
um mercado paralelo, realizado por “doleiros”, que negociam o dólar e outras moedas “no paralelo”. 
9 Dealer de câmbio: “São os bancos por meio dos quais o Bacen atua no mercado de câmbio, são escolhidos dentre as 
instituições autorizadas a operar em câmbio, segundo critérios de volume de negócios e qualidade na prestação de 
informações ao Banco Central” (Carta Circular 3.027). 
 
 21 
 O sistema de taxas de câmbio “perfeitamente” flexível ou flutuante acontece quando a taxa 
de câmbio se ajusta de acordo com a oferta e a demanda de divisas e as variáveis determinadas são a 
taxa de câmbio e a quantidade de divisas. O mercado de câmbio é livre ou flutuante e não há 
intervenção do governo na determinação da taxa de câmbio. 
 O sistema de taxas de câmbio flutuante “pleno” permite que a demanda e a oferta de divisas se 
equilibre automaticamente, mas prejudica a estabilidade de preços e a expectativa dos agentes. 
 No sistema de taxas de câmbio fixas, o Banco Central se compromete a comprar e vender suas 
moedas a preço fixo em termos de dólares (ou euros, por exemplo). Deslocamento de oferta e demanda 
de divisas não alteram a taxa cambial. O governo intervém sistematicamente no mercado de divisas. 
 Na prática, o Banco Central compra e vende dólares em magnitude significativa, de forma a 
manter a o câmbio fixo. Em meio a uma crise cambial, em que se esgotam as reservas de divisas e o 
Banco Central não mais consegue vender a moeda estrangeira, pode haver uma desvalorização do 
câmbio. 
O sistema de taxas de câmbio fixas possui a vantagem de deixar a economia menos vulnerável a 
choques externos, mas mais dependente da existência de um nível considerável de reservas 
internacionais. 
Quando a taxa não é mantida fixa indefinidamente, tem-se o sistema de câmbio fixo ajustável 
(fixed but-adjustable ou sistema de Bretton Woods). 
 O sistema de flutuação suja (dirty floating) acontece quando o governo intervém 
esporadicamente no mercado de divisas, quando acha conveniente, comprando e vendendo como 
agente econômico potencial. 
 Nesse sistema, há intervenções pontuais, no sentido de diminuir a instabilidade associada ao 
regime flutuante. Se o mercado estiver estável, funciona como flutuante; se o mercado estiver oscilante 
ou o patamar da taxa de câmbio estiver atrapalhando o desempenho econômico, as intervenções 
ocorrem para que a taxa seja direcionada para o patamar desejável. 
 Ainda há o sistema de bandas cambiais (target zone), com limites máximos e mínimos em que 
a taxa pode variar em determinado período de tempo. Define-se uma taxa central e os limites a partir de 
um percentual sobre a taxa central, formando a amplitude da banda. Quando o câmbio extrapolar os 
limites, o governo intervém, comprando ou vendendo dólares. Em alguns casos, pode intervir antes da 
taxa atingir os limites, sendo estas denominadas intervenções intramargem (GREMAUD et al., 2006). 
 As bandas cambiais podem se desdobrar em duas outras formas, denominadas banda rastejante 
(crawlling band) e banda deslizante (sliding band). A banda rastejante é determinada por uma 
evolução, sistemática, ao longo do tempo do ponto central e da amplitude, baseada em uma regra pré-
estabelecida. Em geral, expectativas de inflação. A banda deslizante não apresenta uma regra pré-
estabelecida, mas é determinada pelo não comprometimento em se manter irreajustáveis o ponto central 
e amplitude da banda, o que significa dizer que o Banco Central pode alterar sua determinação em 
magnitudes e unidade temporais indefinidas (LIMA, 2009). 
 O sistema cambial de minidesvalorizações ou minibandas (crawlling peg) permite ao Banco 
Central estabelecer um reajuste periódico da taxa de câmbio nominal por outro indicador, como a 
inflação. O objetivo é manter a taxa real de câmbio em níveis constantes, mantendo a competitividade 
externa da produção doméstica (LIMA, 2009). 
 Existem ainda outros sistemas pouco adotados, como: o conselho da moeda (currency board), 
em que uma entidade responsável por fixar um valor de moeda doméstica em termos de uma moeda 
estrangeira, segundo um padrão preestabelecido (ex.: Argentina, entre 1991 e 2000); a dolarização 
plena (full dolarization), em que a moeda doméstica é substituída por outra tradicionalmente estável 
(ex.: Equador); e a semidolarização, em que a moeda doméstica convive com outra moeda estrangeira 
permitida de circular (ex.: Argentina). 
 
 
 
 
 22 
Perguntas e respostas (adaptadas) sobre câmbio e operações de câmbio, disponíveis no sítio do 
BANCO CENTRAL DO BRASIL em 13/07/2013. 
Mercado de câmbio – definições (http://www.bcb.gov.br/?MERCCAMFAQ), 13/07/2013. 
1. O que é câmbio? 
Câmbio é a operação de troca de moeda de um país pela moeda de outro país. Por exemplo, quando um turista brasileiro vai 
viajar para o exterior e precisa de moeda estrangeira, o agente autorizado pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio recebe do 
turista brasileiro a moeda nacional e lhe entrega (vende) a moeda estrangeira. Já quando um turista estrangeiro quer converter moeda 
estrangeira em reais, o agente autorizado a operar no mercado de câmbio compra a moeda estrangeira do turista estrangeiro, entregando-
lhe os reais correspondentes. 
2. O que é mercado de câmbio? 
No Brasil, o mercado de câmbio é o ambiente onde se realizam as operações de câmbio entre os agentes autorizados pelo Banco 
Central e entre estes e seus clientes, diretamente ou por meio de seus correspondentes. 
O mercado de câmbio é regulamentado e fiscalizado pelo Banco Central e compreende as operações de compra e de venda de 
moeda estrangeira, as operações em moeda nacional entre residentes, domiciliadosou com sede no País e residentes, domiciliados ou com 
sede no exterior e as operações com ouro-instrumento cambial, realizadas por intermédio das instituições autorizadas a operar no mercado 
de câmbio pelo Banco Central, diretamente ou por meio de seus correspondentes. 
Incluem-se no mercado de câmbio brasileiro as operações relativas aos recebimentos, pagamentos e transferências do e para o 
exterior mediante a utilização de cartões de uso internacional, bem como as operações referentes às transferências financeiras postais 
internacionais, inclusive vales postais e reembolsos postais internacionais. 
À margem da lei, funciona um segmento denominado mercado paralelo. São ilegais os negócios realizados no mercado paralelo, 
bem como a posse de moeda estrangeira oriunda de atividades ilícitas. 
3. Qualquer pessoa pode comprar e vender moeda estrangeira? 
Texto em 2008: Sim, desde que a outra parte na operação de câmbio seja agente autorizado pelo Banco Central a operar no mercado de 
câmbio e que seja observada a regulamentação em vigor, incluindo a necessidade de respaldo documental para a realização dessas 
operações. 
Texto em 2011: Sim, desde que a outra parte na operação de câmbio seja agente autorizado pelo Banco Central a operar no mercado de 
câmbio e que seja observada a regulamentação em vigor, incluindo a necessidade de identificação em todas as operações. É dispensado o 
respaldo documental para as operações de valor até o equivalente a US$ 3 mil. 
Texto em 2012/2013: Sim, desde que a outra parte na operação de câmbio seja agente autorizado pelo Banco Central a operar no mercado 
de câmbio (ou seu correspondente para tais operações) e que seja observada a regulamentação em vigor, incluindo a necessidade de 
identificação em todas as operações. É dispensado o respaldo documental das operações de valor até o equivalente a US$ 3 mil, 
preservando-se, no entanto, a necessidade de identificação do cliente. 
4. Que instituições podem operar no mercado de câmbio e que operações elas podem realizar? (RESUMO) 
Podem ser autorizados pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio: bancos múltiplos; bancos comerciais; caixas 
econômicas; bancos de investimento; bancos de desenvolvimento; bancos de câmbio; agências de fomento; sociedades de crédito, 
financiamento e investimento; sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários; sociedades distribuidoras de títulos e valores 
mobiliários e sociedades corretoras de câmbio. 
Além desses agentes, o Banco Central também concedia autorização para agências de turismo e meios de hospedagem de 
turismo para operarem no mercado de câmbio. Atualmente, não se concede mais autorização para esses agentes, permanecendo ainda 
apenas aquelas agências de turismo cujos proprietários pediram ao Banco Central autorização para constituir instituição autorizada a 
operar em câmbio. Enquanto o Banco Central está analisando tais pedidos, as agências de turismo ainda autorizadas podem continuar a 
realizar operações de compra e venda de moeda estrangeira em espécie, cheques e cheques de viagem, relativamente a viagens 
internacionais. 
As instituições financeiras autorizadas a operar em câmbio podem contratar correspondentes (pessoas jurídicas em geral) para a 
realização das seguintes operações de câmbio: a) execução ativa ou passiva de ordem de pagamento relativa a transferência unilateral, até 
US$ 3 mil por operação; b) compra e venda de moeda estrangeira em espécie, cheque ou cheque de viagem, bem como carga de moeda 
estrangeira em cartão pré-pago, até US$ 3 mil por operação; e c) recepção e encaminhamento de propostas de operações de câmbio. 
A ECT também é autorizada pelo Banco Central a realizar operações com vales postais internacionais, emissivos e receptivos, 
destinadas a atender compromissos diversos. Por meio dos vales postais internacionais, a ECT também pode dar curso a recebimentos ou 
pagamentos conduzidos sob a sistemática de câmbio simplificado de exportação ou de importação, observado o limite de US$50 mil por 
operação. 
6. Os bancos são obrigados a vender moeda em espécie? 
Não. Normalmente, os agentes autorizados a operar em câmbio, por questão de administração de caixa e estratégia operacional, procuram 
operar com o mínimo possível de moeda em espécie. 
14. O que é contrato de câmbio? 
O contrato de câmbio é o documento que formaliza a operação de compra ou de venda de moeda estrangeira. Nele são 
estabelecidas as características e as condições sob as quais se realiza a operação de câmbio. Dele constam informações relativas à moeda 
estrangeira que um cliente está comprando ou vendendo, à taxa contratada, ao valor correspondente em moeda nacional e aos nomes do 
comprador e do vendedor. Os contratos de câmbio devem ser registrados no Sistema Integrado de Registro de Operações de Câmbio 
(Sistema Câmbio) pelo agente autorizado a operar no mercado de câmbio. 
Nas operações de compra ou de venda de moeda estrangeira de até US$ 3 mil, ou seu equivalente em outras moedas 
estrangeiras, não é obrigatória a formalização do contrato de câmbio, mas o agente do mercado de câmbio deve identificar seu cliente e 
registrar a operação no Sistema Câmbio. 
15. O que é política cambial? 
É o conjunto de ações governamentais diretamente relacionadas ao comportamento do mercado de câmbio, inclusive no que se 
refere à estabilidade relativa das taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de pagamentos. 
16. Qual é o papel do Banco Central no mercado de câmbio? 
 23 
O Banco Central executa a política cambial definida pelo Conselho Monetário Nacional. Para tanto, regulamenta o mercado de 
câmbio e autoriza as instituições que nele operam. Também compete ao Banco Central fiscalizar o referido mercado, podendo punir 
dirigentes e instituições mediante multas, suspensões e outras sanções previstas em lei. Além disso, o Banco Central pode atuar 
diretamente no mercado, comprando e vendendo moeda estrangeira de forma ocasional e limitada, com o objetivo de conter movimentos 
desordenados da taxa de câmbio. 
 
Taxa de câmbio (http://www.bcb.gov.br/?TAXCAMFAQ), 13/07/2013. 
1. O que é taxa de câmbio? 
Taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira medido em unidades ou frações (centavos) da moeda nacional. No Brasil, a 
moeda estrangeira mais negociada é o dólar dos Estados Unidos, fazendo com que a cotação comumente utilizada seja a dessa moeda. 
Assim, quando dizemos, por exemplo, que a taxa de câmbio é 1,80, significa que um dólar dos Estados Unidos custa R$ 1,80. A taxa de 
câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação à outra. As cotações apresentam taxas para a compra e para a venda da moeda, as 
quais são referenciadas do ponto de vista do agente autorizado a operar no mercado de câmbio pelo Banco Central. 
3. Existe alguma taxa de câmbio fixada pelo Banco Central? 
Não. As taxas de câmbio são livremente pactuadas entre as partes contratantes, ou seja, entre o comprador ou vendedor da 
moeda estrangeira e o agente autorizado pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio. 
O Banco Central coleta e divulga as taxas médias praticadas no mercado interbancário, isto é, a taxa média do dia apurada com 
base nas operações realizadas naquele mercado, conhecida por "taxa PTAX", a qual serve como referência, e não como taxa obrigatória. 
7. O que significam as taxas de "câmbio comercial", "câmbio turismo" e "paralelo"? 
Inicialmente destacamos que existe um único mercado de câmbio legal no País (unificadas desde 2005 pela Resolução CMN 
3.265). A terminologia "câmbio comercial", ou "dólar comercial", e "câmbio turismo", ou "dólar turismo", no entanto, é utilizada pelo 
mercado para indicar as diferentes taxas praticadas de acordo com a natureza da operação. 
Assim, as expressões "câmbio turismo" ou "dólar turismo" são utilizadas comumente para classificar as operações relativas a 
compra e venda de moeda para viagens internacionais, geralmente

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