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Trabalho sobre prisões michel foucalt

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Resumo do Capitulo, 
As primeiras narrativas de Foucault, sobre as prisões, demonstram que antes mesmo da implementação das prisões, as formas de separação dos indivíduos já estavam presentes no corpo social. A necessidade de exemplificar a punição para o controle social era evidenciada nas punições em praça pública, os desvios de comportamento eram punidos das mais brutais e diversas formas. 
Havia ainda a necessidade evidente de classificação e estudos do comportamento desses indivíduos quer seja retirá-lo do convívio quer seja observar a evolução do comportamento, até o século XVII, Somente no fim do século XVIII e princípio do século XIX que se implementa a penalidade de detenção. Sua propagação dava, à época, uma conotação de humanização da justiça penal.
Com o desenvolvimento desse novo poder a “instituição judiciária” poderia de forma “igualitária” e “humana”, exercer seu poder sobre todos os membros da sociedade, bem como atingindo os mais diversos níveis sociais de forma utópica é claro. Ao fazer da detenção a pena, a ideia de dívida social, impregnada até hoje, mensurava o dano causado a sociedade ao tempo da pena, nascendo então as “penas da sociedade civilizada. ”
Ainda no início da década de 1800 os códigos ainda diferenciavam a detenção simples do encarceramento, tendo isto como medida diferenciada. O que de fato era visto como castigos diferentes, pois não se podia, naquele instante, “permitir que um condenado a penas mais leves esteja encarcerado no mesmo lugar que os condenados a crimes de maior dano” exatamente como vemos hoje.
Os movimentos reformistas daquele século traziam inúmeras questões sobre a manutenção daquele formato de sistema prisional, todos voltados para a função social das prisões e a efetiva implantação das técnicas corretivas do indivíduo, dentre eles cito Baltard, que pregoava que as “instituições completas e austeras” deveriam ser “onidisciplinares”, onde “reformar”, ou “disciplinar” o indivíduo era seu objetivo primaz. Diferindo assim da função inicial de segregação e separação do indivíduo por pura detenção ou privação de liberdade.
Oriundas desses movimentos, dois modelos de sistema prisional americanos, o de Auburn e o de Filadélfia, discutiam o isolamento como fato preponderante da recuperação do indivíduo, pois neles, o isolamento, em relação à sociedade e até mesmo a outros detentos, levaria o detento a reflexão de seus atos, vendo nesta solidão uma auto regulação da pena.
Auburn entendia que o detento deveria ser isolado a noite, com trabalhos e refeições em comum, mas sob silencio absoluto, referenciado no modelo monástico. Já o de Filadélfia o isolamento era absoluto, pressupondo que a relação do indivíduo com sua própria consciência traria à tona uma mudança de sua moralidade. 
Em oposição a esses modelos sobrevieram inúmeros conflitos de entendimento, tais como religiosos (vendo o isolamento como sendo o sepulcro do indivíduo), o médico (enlouquecimento por conta do isolamento), o econômico, (diminuição de custos) da melhor arquitetura e administração mais eficaz...
O trabalho e o encarceramento advieram na década de 1808, entendendo o legislador como necessário e comitente a pena de detenção. Apesar de correntes contrarias principalmente nos períodos de crise econômica, não se podia atribuir aos detentos trabalhadores a ausência de postos de trabalho a crise trazia, devendo ser entendido simplesmente como meio de ocupação do detento ocioso.
Com a adoção do sistema progressivo da pena adotados em Genebra em 1825 e das “classificações móveis de moralidade” disseminadas por Charles Lucas, quer seja na adoção por fases ou pelo regime de punição e recompensa tornou efetiva a ação da prisão sobre os detentos. Charles Lucas colocando em cheque o sistema judiciário da época, trouxe a tona a soberania do judiciário por sua própria formulação o que FOUCAULT chama de “Declaração de independência carcerária”, onde expõe a utilização arbitrária da punição e ainda tenta regular as ações do judiciário distinguindo e separando deste o legislativo, focando na utilidade real da prisão no que tange a recuperação social do apenado.
	Em contrapartida, passou o Judiciário a partir desse movimento, a fiscalizar a forma como deveria ser aplicada a punição, culminando então num embate sobre o controle dessa nova ótica, a prisão passou a ser desde então um lugar para o cumprimento da pena e ainda local de controle efetivo do apenado. Cria-se então os elementos adequados ao panoptismo idealizado por Jeremy Bentham ainda em 1789, objetivando o controle, vigilância e menor custo em uma arquitetura circular e concentradora, dando nova forma arquitetônica somente nos anos de 1830 a 1840, primava pela eficácia da vigilância, ordenando o espaço para que não houvesse falhasse ainda com humanização, e documentação individualizada de cada indivíduo.
A distinção entre delinquente e infrator, dada pelo autor, nos impele a leitura de que “deve remontar não só as circunstâncias do crime, mas as suas causas...” Ch, Lucas, De lá réforme de prisions, Vol. II 1838 – p.449-450, trouxe à tona o estudo do caráter delinquente a época, autores como Cesare Lambrusco, criminologista italiano já admitiam o estudo criminológico do delinquente de forma patológica, distinguindo-o do Infrator e delimitando características definidas e diferenciadas, assim como seu tratamento. Notadamente descrito por Marquet-Wasselot em seu trabalho Ethnographie des prisions.
Estabelecendo-se assim a diferença de delinquência e suas peculiaridades, positiva-se a enorme diferença que há na qualificação jurídica do delito e suas espécies, passando a importar, assim como descreve Ferrus em seu princípio: “ Os criminosos considerados em massa são apenas loucos; haveria justiça para com esses últimos, se os confundíssemos com homens conscientemente perversos”. Isso traz à tona o notório crescimento do conhecimento do delito e do delinquente, deliberando-se até mesmo, tanto sua punibilidade quando acometido de doença mental. Nasce então a criminologia como a conhecemos, a importância de qualificar o ato e o indivíduo delinquente, tratando-o a luz da criminologia conforme sua “periculosidade” entenda-se aqui que periculosidade é a possibilidade deste delinquente reincidir no ato ilícito, e não o quanto ele é perigoso, mas tratada aqui como uma anomalia. O “desaparecimento” das punições corporais públicas e o surgimento do prisioneiro, individualizado e do “delinquente” atrelado a seus atos. 
Não podemos, contudo, deixar de salientar o caráter controlador da sociedade judicializada, que acredita ter na obscuridade da lei “evoluído” nas formas punitivas e nas demonstrações públicas de poder, não o fazendo mais de forma aberta, pública, não apresentando atualmente, nenhum método substitutivo para seus arcaicos métodos de controle e ressocialização.
Joao Carlos Stogmuller, Mat 2014.08.292424

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