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Legislação Comercial - Duplicata

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Legislação Comercial: 
Cheque e Duplicata
Prof. Thiago Pires
Mestre em Direito (UFBA)
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Sumário
Cheque
Duplicata
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Cheque: conceito e natureza
Ordem de pagamento
Título de crédito
Cheque é uma ordem de pagamento à vista, emitida pelo devedor contra uma instituição financeira banco ou equiparado em favor de terceiro ou em seu próprio favor.
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Partes envolvidas
Sacador: 
emitente (emite o cheque)
Sacado: 
banco ou instituição financeira
Beneficiário:
É aquele em favor de quem é dada a ordem de pagamento
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Imprescindibilidade da conta bancária
Existencia de um contrato entre a instituição bancaria e o emitente.
O saque do cheque é feito sobre os depositos havidos ou sobre o crédito disponibilizado pelo sacado.
Pressuposto legal da emissão do cheque: provisão de fundos. 
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Requisitos do cheque
Previstos no art. 1º da Lei do Cheque:
Denominação ‘’cheque’’ (inc. I)
Ordem de pagar quantia determinada (inc. II) 
Indicação do sacado (inc. III)
Lugar de pagamento (inc. IV)
Data de emissão (inc. V)
Lugar de emissão (inc. V)
Assinatura do sacador (inc. VI)
OBS: vide as exceções do art. 2º da Lei do Cheque
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Art. 2º O título, a que falte qualquer dos requisitos enumerados no artigo precedente não vale como cheque, salvo nos casos determinados a seguir: 
I - na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado; se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles; não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão; 
II - não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente.
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Tipologia
Ao portador
Por conta de terceiro
Administrativo
Visado
Cruzado
Pós-datado
Para ser creditado em conta
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Antes que perguntem... Cheque cruzado não é isso...
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Exemplos de cheques...
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Tipologia de cheques
CHEQUE IRREGULAR: não preenche os requisitos secundários (se não preencher os requisitos formais é nulo). Ex.: cheque sem fundos;
CHEQUE PÓS-DATADO: traz data posterior àquela em que efetivamente emitido. É popularmente chamado de pré-datado;
CHEQUE CRUZADO (possui 2 traços paralelos e transversais no anverso do título): possibilita a identificação da pessoa em favor de quem o título foi liquidado;
CHEQUE PARA SER CREDITADO EM CONTA: não pode ser pago em dinheiro, devendo ser creditado seu valor na conta do beneficiário;
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Tipologia de cheques
CHEQUE VISADO: possui assinatura (certificação ou declaração) do sacado atestando que há suficiente provisão de fundos junto à conta do sacador para quitação do título. O sacado, ao visar o cheque, já reserva referida quantia em benefício do portador do título;
CHEQUES DE VIAGEM (ou turismo/traveller´s checks): espécie de cheques administrativos que os correntistas compram dos bancos e possuem valor fixo impresso;
CHEQUE ADMINISTRATIVO: emitido pelo banco contra si mesmo, em favor de terceiro determinado, pois deve ser nominal.
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Autonomia, abstração e independência
As relações cambiárias envolvendo os cheques são independentes das obrigações que geraram o título.
Vide o art. 13 da Lei de Cheque.
Aquele que for demandado por qualquer obrigação relativa ao cheque não pode opor ao beneficiário exceções fundadas em relações pessoais com o sacador ou endossantes (art. 25 da Lei de Cheque).
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Endosso
“Faculdade de o credor nomeado na cártula ordenar que o pagamento se faça a outrem” (G. Mamede)
Transferencia dos direitos de credito a outrem.
Endosso-mandato
Endosso-recolhimento
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Aval
Vide o art. 29 da Lei de Cheque:
	O pagamento do cheque pode ser garantido, no todo ou em parte, por aval prestado por terceiro, exceto o sacado, ou mesmo por signatário do título.
O aval deve ser lançado no próprio cheque ou na folha de alongamento (art. 30).
Admite o aval parcial.
Avalista em branco equipara-se ao sacador.
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Prazo para apresentação
O cheque deve ser apresentado ao banco sacado:
30 dias (mesmo lugar da emissão)
60 dias (praça diferente)
Transcurso do prazo não impede apresentação do cheque perante o sacado (prescrição da ação).
Cheque pos-datado.
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Revogação, sustação e cancelamento
2 hipóteses de sustação do pagamento do cheque:
Revogação/ contraordem (art. 35)
Oposição (art. 36)
Objetivo: impedir a liquidação do cheque
Sustação infundada: estelionato (art. 171, § 2º, VI, CP) 
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Código Penal
Estelionato
        Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
       Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
        § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
        § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: (...)
        Fraude no pagamento por meio de cheque
        VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
        § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
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LEI nº 7.357/1985.
Art . 35. O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de contra-ordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do ato. 
Parágrafo único - A revogação ou contra-ordem só produz efeito depois de expirado o prazo de apresentação e, não sendo promovida, pode o sacado pagar o cheque até que decorra o prazo de prescrição, nos termos do art. 59 desta Lei. 
Art . 36. Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito. 
§ 1º A oposição do emitente e a revogação ou contra-ordem se excluem reciprocamente. 
§ 2º Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo oponente. 
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Fraude no pagamento do cheque
A Fraude no pagamento por meio de cheque (art. 171, § 2o, VI, do CP) consiste em emitir cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustrar o pagamento.
A pena é de reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
É necessário que tenha havido má-fé na emissão do cheque (Súmula 246 do STF). 
O foro competente é o do local em que se situa o banco sacado, pois o crime só se consuma quando o banco recusa o pagamento e não pela simples emissão do cheque (Súmulas 244 do STJ e 521 do STF). 
O pagamento do valor do cheque sem fundos antes do início da ação penal impede sua propositura (Súmula 554 do STF).
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Súmulas do STF
Súmula 246
Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos.
Súmula 554
O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.
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Falsificação de cheque
A falsificação de cheque é tipificada como estelionato comum (art. 171, caput, CP). 
Nessa modalidade o agente falsifica cheque de terceiro para obter uma vantagem ilícita. 
O estelionato absorve o crime de falsificação de documento (Súmula 17 do STJ). 
O foro competente é o da obtenção da vantagem ilícita (Súmula 48 do STJ).
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Ação por falta de pagamento
Ação de natureza executiva (art. 47, Lei do Cheque)
Prazo: 6 meses (apresentação)
Sujeitos passivos:
Emitente e seu(s) avalista(s)
Endossantes e seus avalistas
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Sumula 600 do STF
CABE AÇÃO EXECUTIVA CONTRA O EMITENTE E SEUS AVALISTAS, AINDA QUE NÃO APRESENTADO O CHEQUE AO SACADO NO PRAZO LEGAL, DESDE QUE NÃO PRESCRITA A AÇÃO CAMBIÁRIA.
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Duplicata: conceito
A duplicata é um título emitido pelo credor, declarando
existir, a seu favor, um crédito de determinado valor em moeda corrente, fruto – obrigatoriamente – de um negócio empresarial subjacente de compra e venda de mercadorias ou de prestação de serviços, cujo pagamento é devido em determinada data (termo).
Ao lado, encontra-se uma duplicata emitida na década de 1940.
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Causalidade da duplicata
Título causal
Somente pode ser emitida se houver uma causa (origem)
Causas:
Venda mercantil
Prestação de serviços
Duplicata Simulada (ver o art. 172 do Código Penal)
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Apenas relembrando o crime de duplicata simulada...
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. 
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. 
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Um título “Made in Brazil”
A duplicata é uma criação do direito brasileiro.
Possui suas origens no Código Comercial de 1850 (duplicata de fatura).
Razões de ordem fiscal auxiliaram que a manutenção do instituto.
A disciplina jurídica atual se encontra na Lei nº. 5.474/68.
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Partes envolvidas
Sacador ou emitente: 
fornecedor de bens ou serviços para o sacado. É quem emite a duplicata.
Sacado: 
Comprador dos bens ou usuário dos serviços. É quem deve a duplicata.
Endossatário:
É aquele recebe o crédito transferido pelo sacador (endossante). Normalmente uma instituição financeira.
Avalista:
É aquele que assume os riscos do sacado.
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Fatura vs. Nota Fiscal
Fatura: É uma conta. Documento que reconhece a existência do negócio.
Nota fiscal: É o documento de controle fiscal (recolhimento do ISS e ICMS). 
É destes documentos que se extraem a duplicata. Cada fatura/nota corresponde a uma duplicata.
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Tipos de duplicatas
Mercantil
Prestação de serviços
Obs:
Duplicata rural
Duplicata virtual 
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Requisitos da duplicata (art. 2º, § 1º, Lei nº 5.474/68 - LD)
Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador.
§ 1º A duplicata conterá: 
Denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem (inc. I); 
Número da fatura (inc. II); 
Data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; 
Nome e domicílio do vendedor e do comprador (inc. IV); 
Importância a pagar, em algarismos e por extenso (inc. V); 
Praça de pagamento (inc. VI); 
Cláusula à ordem (inc. VII); 
Declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, cambial (inc. VIII);
Assinatura do emitente (inc. IX). 
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Triplicata
É a segunda via de uma duplicata.
Deve atender aos mesmos requisitos previstos para a duplicata.
Hipóteses de emissão obrigatória (art. 23. LD):
Perda
Extravio
E por falar em cópias: Latino e o original coreano PSY.
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Aceite (I)
Na duplicata, o aceite é obrigatório, sendo a recusa uma hipótese excepcional. 
O sacador deve remeter a duplicata ao sacado no prazo de 30 dias da emissão (art. 6º, § 1º, LD).
Título emitido (art. 7º, LD):
À vista: comprador paga ao recebê-lo.
Prazo: comprador assina e restitui ao sacador em 10 dias.
Somente pode ser retida a duplicata, se o comprador comunicar, por escrito, o aceite (art. 7º, § 2º, LD).
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Aceite (II)
Modalidades de aceite:
Ordinário
Presumido
Por comunicação (art. 7º, §§ 1º e 2º, LD)
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Aceite (III)
Motivo de Recusa na duplicata mercantil (art. 8º, LD): 
Avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco (inc. I); 
Vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados (inc. II); 
Divergência nos prazos ou nos preços ajustados (inc. III). 
Motivo de Recusa na duplicata de prest. serviços (art. 21, LD):
Não correspondência com os serviços efetivamente contratados (inc. I);
Vícios ou defeitos na qualidade dos serviços prestados, devidamente comprovados (inc. II);
Divergência nos prazos ou nos preços ajustados (inc. III). 
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Livro de Registro de Duplicatas
No Registro de Duplicatas serão escrituradas, cronologicamente, todas as duplicatas emitidas (art. 19, § 1º, LD):
número de ordem
Data e valor das faturas originárias 
Data de sua expedição;
Nome e domicílio do comprador; 
Anotações das reformas; 
Prorrogações e outras circunstâncias necessárias. 
Os Registros de Duplicatas, que não poderão conter emendas, borrões, rasuras ou entrelinhas, deverão ser conservados nos próprios estabelecimentos (art. 19, § 2º, LD). 
O Registro de Duplicatas poderá ser substituído por qualquer sistema mecanizado, desde que os requisitos deste artigo sejam observados (art. 19, § 3º, LD). 
Art. 19. A adoção do regime de vendas de que trata o art. 2º desta Lei obriga o vendedor a ter e a escriturar o Livro de Registro de Duplicatas.
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Protesto (I)
Base legal (art. 13, LD):
falta de aceite
falta de devolução do título pelo comprador
falta de pagamento
Prazo: 30 dias a partir do vencimento (art. 13, § 4º, LD)
Protesto por indicações:
O protesto pode ser feito mediante simples indicações do credor, dispensada a exibição do título ao cartório.
É ato formal e oficial que comprova a inadimplência e o descumprimento da obrigação originada em títulos e outros documentos de divida (art. 1º da Lei nº 9.492/1997). 
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Protesto (II)
MERCANTIL:
Basta a emissão de um simples boleto com as indicações.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS:
O não pagamento da fatura ou conta no prazo nela fixado autorizará o credor a levá-la a protesto, valendo, na ausência do original, certidão do cartório competente (art. 22, § 3º).
Conta de serviços 
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Súmula 248 do STJ
Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas protestada, é título hábil para instruir pedido de falência. 
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Súmula 475 do STJ (2012)
Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. 
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Súmula 476 do STJ (2012)
O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário. 
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Execução (I)
Duplicata é um título executivo extrajudicial (art. 585, inc. I, CPC)
Ação de Execução de Título Extrajudicial:
Interesse de agir (art. 15, LD):
Duplicata/triplicata aceita, protestada ou não (inc. I);
Duplicata/triplicata não aceita, contanto que, cumulativamente (inc. II):
haja sido protestada;
esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria;
sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º desta Lei. 
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Execução (II)
Ação ordinária de cobrança:
Art 16 - Aplica-se o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil à ação do credor contra o devedor, por duplicata ou triplicata que não preencha os requisitos do art. 15, incisos l e II, e §§ 1º e 2º, bem como à ação para ilidir as razões invocadas pelo devedor para o não aceite do título, nos casos previstos no art. 8º. 
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Execução (III)
Dispõe o art. 17, LD:
Foro competente para a cobrança judicial da duplicata ou da triplicata:
Praça de pagamento constante do título;
Outra de domicílio do comprador.
No caso de ação regressiva:
Sacadores; 
Endossantes; 
Avalistas. 
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Execução (IV)
Prazos de prescrição da ação de execução (art. 18, LD):
sacado e respectivos avalistas: 3(três) anos, a partir da data do vencimento;
endossante e seus avalistas: 1 (um) ano, a partir da data do protesto; 
qualquer dos coobrigados contra os demais: 1 (um) ano, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do título. 
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MUITO OBRIGADO!

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