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Neurologia Med 104 Cibele Pacheco Transcrição das aulas. (NÃO É UM RESUMO!) Aula 1: Exame neurológico O exame neurológico precisa ser precedido por uma boa anamnese, bom exame físico geral e exame do crânio e da coluna vertebral. O exame neurológico é composto por 6 itens: 1) Funções corticais superiores: no total são 10, mas as 4 mais importantes são: consciência, linguagem, praxia e gnosia. i) Consciência: acordado/sonolento/comatoso e é quantificado pela escala de coma de Glasgow (3-15). Fatores avaliados na escala de Gasglow: abertura ocular (4-1), resposta motora (6-1), resposta verbal (orientado 5-1). As pessoas confundem Gasglow 15 com paciente espontaneamente alerta. A escala de Glasgow é um bom avaliador de evolução temporal do paciente. Já para avaliar o conteúdo de consciência, utiliza-se o Mini Exame Mental, por exemplo. ii) Linguagem: é a elaboração de pensamento que pode ser expressa de forma gestual, falada e escrita. Alterações de linguagem: alterações de fonação (pode ou não ser por causa neurológica: lesão vagal com voz com timbre duplo x rouquidão por resfriado); dislalias não são alterações neurológias e podem ser provocadas por alterações anatômicas que provocam dificuldade de dicção, como fenda palatina; já as disartrias constituem uma dificuldade de articulação da palavra, enquanto nas afasias, o paciente tem uma dificuldade de verbalizar ou de interpretar o que é dito (Afasia de Broca e Afasia de Wernicke). iii) Praxia: é a capacidade de realizar atos motores voluntários, mais ou menos elaborados. Não é um reflexo por haver um processo de aprendizagem. As disapraxias são comuns em quadro demenciais e testamos movimentos do dia-a- dia como pedir para o paciente fingir que está penteando o cabelo. iv) Gnosia: é a capacidade de reconhecimento por meio dos sentidos sensoriais (visão, audição, tato). Ex: paciente se perde por não reconhecer onde mora mais (agnosia visual). 2) Funções cerebelares i) Equilíbrio estático e dinâmico (marcha): Estático: Astasia/distasia: dificuldade para manter-se em pé. Pede para o paciente ficar parado com os braços ao longo do corpo, olhando para o horizonte e pede para ele fechar os olhos (PROVA DE ROMBERG). Paciente normal: fecha os olhos e se mantém em equilíbrio. Se o paciente perder o equilíbrio, ou ele tem uma alteração cerebelar (instabilidade imediatamente depois de fechar os olhos e sem lado preferencial para queda) ou labiríntica (o paciente cai depois de um período de latência e para o lado do labirinto afetado). Dinâmico/ marcha: abasia (maior dificuldade) / disbasia (incapacidade). Principais alterações de marcha: (a) Espástica: típico de lesão piramidal/motor. (b) Parkinsoniana: paciente com fáceis inexpressiva, passos curtos, deambulação em bloco, rígida, sem movimento de balançar dos membros superiores, dificuldade de equilíbrio, deslocando o centro de gravidade para frente. (c) Ebriosa: Nas lesões cerebelares, os pacientes possuem dificuldade de equilíbrio. Na marcha o corre um afastamento dos membros inferiores para aumentar a base de sustentação e o paciente anda em ziguezague. Na ataxia hereditária de Machado Joseph, ligada a etnias açorianas, ocorre uma atrofia cerebelar e o paciente desenvolve a marcha ebriosa. ii) Coordenação: as alterações da coordenação chamam-se ataxias (a) Ataxia cerebelar: Prova dos braços estendidos: paciente, sentado, estende os braços e fecha os olhos. Se o paciente não tem desvio lateral, não tem alteração cerebelar, caso contrário, geralmente, o desvio dos membros superiores ocorre para o hemisfério cerebelar afetado. Índex-nariz: dismetria, decomposição movimento. Movimentos alternados: disdiadococinesia Manobra do rechaço: dissinergia. O avaliador pega o membro superior do paciente, impõe resistência enquanto o paciente faz força e, subitamente, tira a resistência. Paciente normal: tem controle do braço o suficiente para não deixar o braço bater contra o próprio corpo; já o paciente com alteração cerebelar pode até bater no próprio rosto com o fim da resistência. Calcanhar-joelho: dismetria membros inferiores, prova de métrica com o paciente deitado. (b) Ataxia de marcha: disbasia, distasia (c) Ataxia vestibular: Romberg labiríntico (se eu mudo a posição da cabeça do paciente, a direção para onde ele cai muda), nistagmo (d) Ataxia sensitiva: Romberg verdadeiro – lesão dos funículos posteriores da medula (grácil e cuneiforme) que trazem a informação de segmentação corporal/ propriocepção. Desse modo, de olho aberto o paciente compensa a falta da propiopercepção por meio da visão. No romberg verdadeiro/lesão cerebelar a mudança da posição da cabeça não altera a direção da queda. 3) Motricidade: i) Tônus: inspeção e palpação das massas musculares, movimentação passiva das articulações, resistência e amplitude de movimento. Alterações mais comuns: neuropatia periférica – tônus reduzido; a hipertonia e rigidez pode ser de dois tipos: por lesão no trato piramidal - espasticidade (braço fletido com resistência e, após ser movimentado, tende voltar à posição fletida), ou por lesões extrapiramidais/ Parkinson nas quais o paciente tem resistência por pequenos intervalos de tempo e (sinal da roda denteada) não tem uma tendência de voltar a uma posição inicial – hipertonia plástica. ii) Trofismo: tamanho da musculatura. A hipertrofia, geralmente, é por musculação. Já a atrofia ou hipotrofia são quantificadas pela medida de panturrilha, por exemplo, e são decorrentes, principalmente, de compressão de raiz nervosa. iii) Força muscular: Manobra de mingazzini - braço estendido, palma da mão para cima, dedos abertos, fecha os olhos e mantém os braços elevados. Se houver perda de força, o paciente começa a fechar os dedos, faz rotação interna e abaixa os braços. Manobra de mingazzini de membros inferiores – paciente deitado, ângulo de 90° da coxa com o tronco e da coxa com a perna, não pode encostar os joelhos e não pode encostar os tornozelos e tem que manter por 10 segundos. Queda dos MMII em abdução é uma prova para paciente que sabidamente já tem perda de força. Além disso, se faz manobras contra resistência. A hemiparesia pode ser completa (inclui os dois membros e a face) ou incompleta. Além disso, as hemiparesias completas podem ser diretas (face do mesmo lado dos membros: paralisa facial central) ou cruzadas/ alterna (paralisia facial periférica). Quantificar perda de força: (a) Grau 0: contração nula, ausência completa de força; (b) Grau I: esboçada, perceptível apenas à palpação; (c) Grau II: contração fraca, não vence a gravidade; (d) Grau III: contração regular, não vence resistência; (e) Grau IV: contração boa, vence alguma resistência; (f) Grau V: contração normal, mesmo sob resistência; iv) Movimento involuntária: (a) Tremores: parkinsoniano (tremor grosseiro, unilateral e de repouso) / cerebelar ou essencial (tremor fino, com amplitude menor e frequência maior, rápido, simétrico, tremor de intenção) (b) Movimentos coreoatetósicos (coréias): movimentos anômalos, efeito colateral de medicamentos psicotrópicos potentes (haloperidol em doses elevadas). (c) Mioclonias: abalos musculares (epilepsia): típico da crise convulsiva tônico-clônico generalizada. (d) Fasciculações: ventre muscular (lesão NMI), mas não movimenta o segmento muscular e pode ser por lesão de neurônio motor inferior, mas o tremor de pálpebra, pro exemplo, pode ocorrer por cansaço físico. (e) Espasmos: hemifacial, blefaroespasmo; (f) Caimbras: fadiga, ELA; (g) Tiques: movimento estereotipado e involuntários (ansiedade).v) Reações musculares patológicas antálgicas: Sinais de irritação meningorradicular: Sinal de Kernig (Coxa e perna em ângulo reto), Sinal de Lasègue (A 30°, dor no trajeto do ciático, por estiramento), Sinal de Brudzinski (Flexão passiva da nuca: flexão involuntária MMII), Rigidez de nuca (meningite e hemorragia subaracnoide) e Hipertonia dos músculos cervicais posteriores. 4) Sensibilidade: i) Exteroceptiva Sensibilidade dolorosa (dor superficial): agulha. Hiperalgesia, hipoalgesia ou analgesia. Sensibilidade térmica (frio e calor): não é testada por não prática e por ter a mesma via da sensibilidade dolorosa. Sensibilidade tátil: algodão ou pincel. Hiperestesia, hipoestesia, anestesia; parestesia (sensação espontânea), disestesia (paciente com polineuropatia diabética tem uma resposta sensitiva diferente a um estímulo). ii) Proprioceptiva: Sensibilidade cinético-postural: movimenta o halux do paciente e ele tem que acertar a posição. Sensibilidade vibratória: diapasão. Dor profunda: não é testada. 5) Reflexos: Hiperreflexia, hiporreflexia ou arreflexia i) REFLEXOS MIOTÁTICOS FÁSICOS: bicipital (C5-C6), estilorradial (C5-C6), tricipital (C7-C8), patelar (L2-L4), aquileu (L5-S2). ii) REFLEXOS SUPERFICIAIS (CUTANEOMUCOSOS): Córneo-palpebral (N. facial – protocolo de avaliação de morte cerebral), cutâneo-abdominais (T6-T12), cutâneo- plantar (L5-S2 - sinal de Babinski = extensão) iii) REFLEXOS DE AUTOMATISMO MEDULAR: Tríplice flexão – não depende de funcionamento encefálico/ ocorre mesmo em morte encefálica; beliscamento dorso do pé iv) CLONO: flexão dorsal pé. A presença de clonus, na maioria dos casos, é decorrente de síndrome de compressão medular por tumor metastático. Indica lesão piramidal. Lesão sobre o neurônio motor superior ou inferior? – Lesões da via piramidal (1º moto-neurônio): – Paresia ou paralisia espástica, hipertonia – Hiperreflexia osteotendinosa – Hipo ou arreflexia cutâneo-abdominal – Sinal de babinski e clono – Lesão do arco reflexo (2º moto-neurônio): – Paresia ou plegia flácida – Hipo ou atonia – Hipo ou arreflexia osteotendinosa – Atrofias musculares e miofasciculações 6) Pares cranianos: I. N. olfatório: N. Olfatório: não testamos, as alterações olfativas normalmente não são reversíveis, mas anotar a queixa é importante por nos fazer pensar em lesões expansivas na região frontal (ex.: meningioma) e Parkinson (lesão neurológica degenerativa). II. N. Óptico: Óptico – II: avaliar acuidade visual (verificar ambliopia – perda da capacidade visual por desuso; amaurose), campo visual (perimetria de confrontação, escotomas, hemianopsias ou quadrantopsias) e fundo de olho(Atrofia óptica/ atrofia de papila e papiledema). III. Motores oculares (Oculomotor - III, troclear - IV, abduscente – VI): Fenda Palpebral (Ptose palpebral, lagoftalmo/ dificuldade de fechar o olho, blefaroespasmo/ espasmo ocular), Posição do globo ocular (Exoftalmia, enoftalmia) motricidade extrínseca (Estrabismo Convergente/Divergente, diplopia, desvio conjugado) e motricidade intrínseca (Miose, midríase, anisocoria, discorria/ pupila não é esférica por manipulação cirúrgica), Reflexo fotomotor direto e consensual. V. N. Trimgêmeo: é um nervo misto, com uma raiz motora e uma razi sensitiva: RAIZ MOTORA: músculos mastigatórios (Masséter, temporal e pterigoideos) RAIZ SENSITIVA: Nervos oftálmico – V1, maxilar – V2 e mandibular – V3: – Nervo oftálmico é a via aferente do reflexo córneo-palpebral. – Hipoestesia, anestesia ou hiperestesia, que é causada por neuralgia essencial do trigêmeo em pacientes, normalmente, com 50 anos que começa a queixar de dores em choque após estímulo tátil inocente em uma hemiface e é decorrente de uma alça arterial em fossa posterior que pulsa próximo ao nervo e desencadeia o estímulo doloroso (?), por Herpes oftálmico (herpes zoster), que pode infectar também o VI, VII (provoca paralisia facial) e VIII. VII. N. Facial: também é um nervo misto: Tronco principal: constituído por fibras nervosas: – Paralisia facial central – desvio rima bucal, sem ptose; – Paralisia facial periférica – paralisa toda a hemiface; – Paralisia de Bell (paralisia a frigore): Sinal de Bell. Paralisia facial periférica idiopática. Intermédio de Wrisberg – Fibras sensitivas: gustação 2/3 anteriores da língua; – Fibras parassimpáticas: glândula lacrimal e salivares; – Ageusia, hipogeusia, xerostomia,↓secreção lacrimal; – Hiperacusia para sons agudos: paralisia estapédio. VIII. N. Vestíbulo-coclear: FUNÇÃO VESTIBULAR: canais semicirculares – equilíbrio. – Vertigem: tontura com sensação rotatória; – Nistagmo: fase lenta e fase rápida; – Distúrbio do equilíbrio: ataxia vestibular; – Reflexo óculo-cefalógiro, provas calóricas. Teste de morte encefálica: água quente – olhos movimenta-se para o lado ponde foi injetado, já com água fria – olhos viram para o outro lado. FUNÇÃO COCLEAR: cóclea – audição. – Diapasão 128Hz (prova de Rinne, prova de Weber) – condução aérea deve ser maior que a condução óssea; – Hiperacusia, hipoacusia ou anacusia (surdez); – Tinidos, zumbido, paracusia (alucinações auditivas); – Reflexo auditivopalpebral: piscamento som alto brusco. IX. N. Glossofaríngeo: é um nervo misto, com componente motor, sensitivo, sensorial e vegetativo: Motricidade porção superior da faringe; Sensibilidade geral da faringe, véu palatino e sensibilidade gustativa 1/3 posterior da língua. Ageusia, hipogeusia, parageusia; Fibras parassimpáticas: glândulas parótidas; Disfagia: dificuldade de deglutição – é o que mata paciente neurológico (entubar – pouco tempo ou traqueo para intervalos de tempo maiores)! Neuralgia glossofaríngeo: dor região amigdaliana. X. N. Vago: MISTO: também é um nervo misto, com componente motor, sensitivo, sensorial e vegetativo: Motricidade palato mole, faringe inferior e laringe; Sensibilidade geral da faringe, laringe e orelha; Sensibilidade gustativa da epiglote; Inerv parass árvore resp, miocárdio e tubo digestivo; Sinal da cortina: desvio da úvula para o lado oposto; Disfagia, disfonia (paralisia prega vocal); Reflexo faríngeo, nauseoso ou do vômito; Reflexo palatino/velopalatino: elevação palato mole. XI. N. Acessório: nervo motor que inerva o esternocleidomastoídeo (ao contrair, vira a cabeça para o lado contrário. Testar a rotação da cabeça contra resistência) e a porção superior do trapézio (testar a elevação dos ombros contra resistência, verificar ombro caído, atrofia muscular e aumento da fossa supraclavicular). XII. N. Hipoglosso: motricidade da língua – realizar a inspeção estática e dinâmica da língua, para verificar se há assimetria, atrofia ou fasciculações; movimentação e exteriorização da língua. Cavidade oral: ponta desvia para o lado são, já quando exteriorizada: ponta desvia para o lado lesado. Paralisia do Hipoglosso - Disartria para as consoantes linguais. AULA 2: Convulsões e Epilepsia Convulsões é a manifestação motora de uma crise epiléptica que pode, ou não, ser induzida por um fator, como hipertermia, intoxicação por medicamento, entre outros estímulos externos, mas isso não significa que a pessoa terá, necessariamente, outros episódios convulsivos em sequência. A crise epiléptica, por sua vez, é um evento paroxístico caracterizada por descargas anormais e hipersincrônicas de conjuntos neuronais em um ou mais locais no cérebro. Já a epilepsia é uma disfunção neurológica na qual há crises recorrentes espontâneas e crônicas,não provocadas por insulto neurológico agudo. Fatores que contribuem para a epilepsia: predisposição genética, modificações estruturais no cérebro, seja por traumatismo, seja por eventos isquêmicos e a incidência de epilepsia é aumentada em associação a outras doenças, como autismo, por exemplo. Epidemiologia: afeta 70 milhões de pessoas no mundo inteiro, sendo que 80% são de países em desenvolvimento. Os critérios de epilepsia foram desenvolvidos, pela primeira vez, entre 1985-89, foram revistos em 2010, atualizados em 2013 e em 2017 saiu a última classificação (ILAE classification of the epilepsies: Position paper of theILAE Commission for Classification and Terminology). Em 2017, eles determinaram que para que eu considerar um paciente epiléptico, ele tem que ter, pelo menos 02 crises não provocadas, ocorrendo em um intervalo superior a 24 horas, com uma pré-disposição elevada a desenvolver novos episódios OU uma crise não provocada e chance de uma nova crise estimada em pelo menos 60%. Para os pacientes que só tiveram uma crise não provocada, ainda há discussão já que alguns tipos específicos de crises, mesmo ocorrendo uma única vez, têm uma probabilidade de recidivar muito grande, como na displasia cortical, na qual ocorre uma falha da migração do neurônio em direção ao córtex e forma-se um “circuito” fora da estrutura de origem com maior propensão ao desenvolvimento de novas crises. É impossível que um paciente com displasia cortical não tenha múltiplas crises, mas se eu recebo um paciente com o histórico de apenas uma crise, posso diagnosticá-lo mais cedo, sem ter que esperar pela próxima crise, por meio dos achados em uma RM, por exemplo. A síndrome de West ocorre em crianças e há pouca resposta aos anticonvulsivantes. O paciente apresenta atraso no desenvolvimento neurocognitivo e motor. O aparecimento da primeira crise ocorre entre 03 e 12 meses de idade, as crises se caracterizam por espasmos, como se a criança levasse um susto (abre os braços e estende as pernas) ou, ao contrário, se fecha no próprio eixo, com a flexão dos MMII em direção ao abdome. Além disso, para o diagnóstico de Síndrome de West, precisa ter hipsarritmia no eletroencefalograma (EEG). Paciente com histórico de só uma crise, EEG normal, RM normal, sem histórico familiar: segue em acompanhamento, mas não podemos classifica-lo como epiléptico. Em alguns tipos de epilepsia o tratamento é autolimitado e há cura, em outros casos, o tratamento tem seguimento por toda a vida. Critério de cura: 10 anos sem crise, sendo que nos 5 últimos anos o paciente já estava sem tratamento farmacológico. Classificação: I. Em relação à semiologia da crise (como aquela convulsão inicialmente se apresentou), ou seja, é focal x generalizada x não conhecida/indeterminada: Depende em que área do cérebro se inicia o processo. Por exemplo, em pacientes com atrofia e esclerose do hipocampo direito a crise, normalmente, se inicia com crises focais, em seguida, o paciente desconecta, começa com automatismos oro- faciais e movimentos distônicos. O local do início da crise: ajuda a pensar em possível diagnóstico e auxilia a determinar um tratamento e o seguimento do paciente. Na crise generalizada, provavelmente há um foco principal onde a crise se inicia, mas ela se dissemina tão rápido para ambos hemisférios que não é possível determinar o local. Além disso, a manifestação clínica inicia-se, também, de forma generalizada: queda, movimento tônico-clônico e com salivação (epilepsia tônico-clônico generalizada). É muito importante saber como a crise se inicia, visto que isto determina não só o prognóstico de algumas crises, mas também o tratamento. II. Em relação à etiologia da crise: genética, metabólica, estrutural ou de origem desconhecida. Terminologia antiga: idiopática (presumivelmente genética), sintomática (secundária a um distúrbio conhecido ou presumido do cérebro) e criptogênico (presumivelmente sintomática). III. De acordo com a idade do paciente. I. Semiologia da crise: focal x generalizada x não conhecida/indeterminada A. As crises generalizadas geralmente são acompanhas de perda de consciência devido à grande descarga elétrica simultânea nos dois hemisférios do cérebro e correspondem a 40% de todas as epilepsias. Eletrofisiologicamente, potenciais de alta voltagem e baixa frequência, com complexos de ponta-onda que ocorrem sincronicamente no córtex de ambos os hemisférios. Exemplos: Epilepsia Benigna neonatal, Epilepsia generalizada com crise febril plus e as epilepsias mioclônicas juvenis. São subdivididas em: i) Generalizada não motora/de ausência: geralmente ocorre na infância. A criança está fazendo algo, para por alguns instantes (perde a consciência) e, quando acaba a crise, continua a ação como se nada tivesse ocorrido, ela não percebe a crise. Não há retardo neuropsicomotor nem atraso escolar. EEG: ponta-onda de 3 Hz (ausência infantil) e <3 Hz (ausência juvenil). As crises de ausência típicas da infância normalmente são autolimitadas e após a adolescência, o paciente já não tem mais crises. TTO: ótima resposta ao fenobarbital, já foi descrito que pode atrasar um pouco o desenvolvimento escolar e pode deixar a criança irritada, e ácido valproico. Alguns artigos falam que é possível usar lamotrigina, mas é cara. Não é necessário fazer RM para fechar diagnóstico. Carbamazepina, gabapentina, fenitoína, oxcarba e tiagabina podem piorar as crises. ii) Generalizada tônico-clônico: paciente tem movimento com componente tônico bilateral e, depois, o componente clônico, no qual o paciente geralmente perde a consciência, controle dos esfíncteres e há sialorreia. iii) Generalizada clônico: também compromete os dois hemisférios, com abalos musculares amplos em MMII e MMSS iv) Generalizada tônico: apresenta apenas componente tônico. v) Generalizada atônica: queda súbita/ atonia. vi) Generalizada mioclônica: movimentos tênues e rápidos que lembram um choque ou um susto. Em alguns casos, o paciente pode perder a consciência. A mioclonia pode ser acompanhada de atonia ou ter componente tônico. A mioclônica juvenil acomete adolescentes e apresenta EEG com frequência > 3 Hz. TTO: responde bem ao ácido valproico e fenobarbital; carbamazepina, gabapentina, fenitoína, oxcarba e tiagabina podem piorar as crises, assim como nas crises de ausência. i) Resumo de tratamento de crises generalizadas (contexto SUS): 1ª linha: fenobarbital e ácido valproico; 2ª linha: lamotrigina (cara), topiramato e BDZ (uso prolongado está associado ao desenvolvimento de demências). Na emergência, o BDZ continua sendo a primeira opção, mas para manutenção é pouco utilizado. Não esquecer que: carbamazepina, gabapentina, fenitoína, oxcarba e tiagabina podem piorar as crises de ausência e mioclônica juvenil. B. Já as crises focais apresentam manifestações conforme o local onde está localizado o foco inicial. Representam cerca de 60% das epilepsias, com destaque para: Epilepsia de lobo temporal: é subdividida em mesial/ ELT/EH (acometimento de hipocampo e amígdala) e em cortical (maior chance de ocorrer generalização secundária do que a mesial), mas a apresentação clínica das duas formas é muito parecida (paciente perde a consciência, pode apresentar automatismos orofaciais e gestuais, além de movimentos distônicos assimétricos, como se o paciente estivesse se espreguiçando/ extensão do braço e da perna). Os automatismos gestuais (como puxar o botão da camisa), quando aparecem, são ipsilaterais ao foco, já as distonias são eem hemicorpo contralateral, mas isso não significa que generalizou! A ELT/EH é a epilepsia focal mais frequente e, geralmente, é refratária à terapia farmacológica. As epilepsias de lobo temporaliniciam-se na infância, tem um período de latência durante a adolescência e voltam a manifestar crises no início da fase adulta. O desenvolvimento as crises está associado a hipóxia neonatal, infecções do SNC e traumatismo no período neonatal. Além disso, a ocorrência das crises está relacionada aos insultos precipitantes iniciais (IPI), como crises febris. As auras podem estar presentes e, no caso da epilepsia de lobo temporal mesial, a mais frequente é a forma epigástrica, como se fosse um refluxo, mas também podem ter auras semelhantes a déjà vu, auditivas, visuais ou psíquicas , como um medo súbito inexplicável. Como o hipocampo é uma região importante no processamento de memória, os pacientes podem apresentar alterações significativas em testes cognitivos e relatos de alterações na memória episódica, mas não ocorre em todos os casos. EEG: As alterações são vistas mais em regiões temporais anteriores ou basais, incluindo eletrodos zigomáticos ou esfenoidais, raramente vemos alterações posteriores ou extra-temporais, pela própria localização do hipocampo. Contudo, alguns pacientes apresentam EEG interictais e pós-ictais repetidamente normais, não excluindo o diagnóstico de ELTM. 1. EEG mostrando atividade epileptiforme ritmada na região temporal esquerda, característica de crise de lobo temporal em paciente com esclerose de hipocampo. O período pós-ictal é prolongado, com comprometimento da orientação temporal e espacial. Os pacientes refratários ao tto farmacológico – já associou 3 drogas e ainda não tem controle das crises – podem ser bons candidatos ao tto cirúrgico, desde que o hipocampo contralateral esteja preservado para não comprometer a memória imediata do paciente. Outras epilepsias focais: Se o foco se localizar em região frontal, as crises são mais hipermotoras; foco temporal, os familiares do paciente podem relatar alterações no comportamento e apresentação de automatistmos orofaciais e gestuais; no foco occipital o paciente, normalmente, apresenta aura visual, com relatos de pontos brilhantes e coloridos antes das crises; foco parietal há apresentação de sintomas com componentes mais motores. As crises focais antigamente eram subdivididas em simples (sem perda de consciência) e complexas (com perda de consciência). Além disso, as crises focais podem ser sem generalização ou com generalização secundária (mas ainda assim, esse paciente entra na classificação de focal!). TTO crises focais: oxcarba, carbamazepina, fenitoína, levotiracetam, lacosamida, ácido valproico, lamotrigina, topiramato e BDZ (s: medicamentos disponíveis no SUS). C. Indeterminada: Algumas formas de epilepsia não preenchem nenhum critério (focal x generalizada), como a Síndrome de West, que era classificada como generalizada, mas hoje é considerada como indeterminada, ainda assim, o tratamento continua o mesmo (ACTH + corticoide + ácido valproico ou vi gabatrina SN). Essa classe está em constante atualização conforme os novos achados científicos. II.Em relação à etiologia da crise: A. Genética: a epilepsia que é diretamente resultante de um defeito genético conhecido ou presumido, como modificações em canais iônicos. Normalmente manifesta-se na infância ou na adolescência. B. Estrutural: epilepsia em que uma lesão estrutural é visível na neuroimagem e concordante com os achados eletroclínicos, sugerindo uma relação direta entre a lesão e a epilepsia, como ocorre em processos isquêmicos e traumatismos. Ex: na epilepsia de lobo temporal mesial as crises, normalmente, iniciam-se na infância, cessam um pouco antes do início da adolescência e voltam ao início da vida adulta. C. Metabólica: defeito metabólico com sintomas sistêmicos que levam também ao desenvolvimento de epilepsia, como alterações totais ou parciais em enzimas que provocam erros inatos do metabolismo. Normalmente, devido à alteração enzimática, o organismo encontra uma nova via metabólica na qual o novo produto gerado lesa as células nervosas, desencadeando uma reação inflamatória. Essas alterações ocorrem, principalmente, em vias mitocondriais. D. Imunológica: epilepsia em que há evidência de um processo autoimune ocasionando inflamação do sistema nervoso central E. Infecciosa: epilepsia desencadeada por um processo infeccioso que pode desencadear encefalopatia, como neurocisticercose, toxoplasmose, HIV. F. Desconhecida: a causa da epilepsia não pode ser determinada. III.Em relação à idade do paciente: a idade de aparecimento das crises epilépticas pode facilitar o diagnóstico de determinadas síndromes. A. Período neonatal: a. Epilepsia Benigna neonatal: geralmente, apresenta histórico familiar, a partir do primeiro mês de vida, as crises começam a se tornar mais raras até cessar completamente e, normalmente, o tratamento farmacológico não é necessário. b. Mioclônicas precoces relacionada à encefalopatia e síndrome de Othahara: são crises com difícil controle e, sem o tratamento efetivo, podem levar ao óbito ainda no período perinatal. B. Infância: a. Síndrome de West: geralmente se inicia entre 3 e 12 meses de idade, é caracterizada por retardo neuropsicomotor, EEG com hipsiarritmia (atividade generalizada de alta amplitude de pontas e ondas lentas delta/theta, que são contínuas durante o sono e fragmentadas na vigília, na ausência de atividade fisiológica normal) e crises caracterizadas por espasmos (Contrações rápidas e simétricas da musculatura do pescoço, tronco e extremidades, podendo ser flexor, extensor ou misto, geralmente ao despertar). b. Síndrome Lenox-Gastaut: entre 2 e 5 anos. Crises refratárias ao tratamento e com comprometimento neuropsicomotor. C. Adolescência: a. Crises mioclônicas juvenis: decorrente de alterações genéticas, bom prognóstico, boa resposta ao tto farmacológico. Paciente não apresenta atraso escolar. Condições especiais: Epilepsia reflexa; geralmente o paciente tem a crise após um estímulo específico, como sons agudos, estímulos visuais (Ep. Pokemon). Epilepsia Gelástica: normalmente ocorre em crianças antes de um ano de idade. A criança em crise apresenta olhar fixo, risada como uma gargalhada sem motivo. Geralmente está associado a um harmatoma hipotalâmico. TTTO: cirúrgico e uso de medicamentos. Encefalopatias epilépticas geralmente acontecem na infância e quanto mais o paciente convulsiona, maior é o dano neuropsicomotor. Ex: Síndrome de West (retardo cognitivo + espasmos + hipsiarritmia) – tto: ACTH + corticoide e podemos associar antiepilépticos. Fisiologia normal das células nervosas e fisiopatologia: para ocorrer uma resposta inicial em uma célula nervosa é preciso que ocorra um potencial de ação em uma célula que esteja em um potencial de repouso (célula mais hiperpolarizada - eletronegativa) para que ela seja despolarizada, tornando-se mais eletropositiva, com a abertura dos canais de sódio. No terminal pré-sináptico, há os canais de cálcio: entra cálcio, a célula se torna mais eletropositiva, as vesículas com neurotransmissores vão até a membrana e liberam o NT na fenda que se ligará ao seu receptor específico na célula pós-sináptica. O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório no Sistema Nervoso Central (SNC). Os receptores glutamatérgicos são classificados de acordo com as suas propriedades farmacológicas e funcionais, e são divididos em: receptores ionotrópicos (NMDA, AMPA e cainato) são aqueles que, quando ativados tornam-se permeáveis a cátions, como sódio (Na+) e cálcio (Ca2+); e receptores metabotrópicos, que são proteínas transmembrana acopladas a proteínas Gs que, quando ativados, promovem a modulação de efetores intracelulares (ativação de segundos mensageiros). A ativação do receptor NMDA permite o fluxo de Na+ e de Ca2+para dentro da célula e de K+ para fora da célula. (Glutamato é o acelerador) O GABA é o principal neurotransmissor inibitório que liga-se aos receptores GABA A (ionotrópico: quando abre, permite a entrada de Cl-, hiperpolarizando a célula e diminuindo a sua excitação) e GABA B (receptor metabotrópico, ligado à proteína G). (GABA é o freio) Os neurotransmissores possuem transportadores na fenda sináptica responsáveis pela reabsorção e reciclagem deles nos astrócitos, por exemplo. O equilíbrio entre esses sistemas (acelador, freio e receptação) fazem com que a transmissão sináptica ocorra corretamente. Os pacientes com epilepsia apresentam uma excitabilidade das células nervosas maior, devido a alterações dos receptores NMDA e por aumento da liberação de glutamato, desencadeando um processo citotóxico, aumentando a produção de radicais livres, em nível mitocondrial, e ativando uma resposta inflamatória, facilitando a ocorrência de crises epilépticas. Além disso, alterações nos transportadores de NT podem aumentar a concentração de glutamato na fenda sináptica, provocando, também, um processo citotóxico e neuroinflamação. Diagnóstico • Exames de imagem (investigar causas estruturais): EEG (se vier normal, ainda não é possivel descartar epilepsia) e RM de encéfalo. • Laboratoriais: diagnóstico diferencial ou para complementar a investigação de causas metabólicas, infecciosas e imunológicas. • Genética. 1. EEG: no estado de vigília observamos em pessoas normais ondas beta (14-30 Hz) e alfa (8-13 Hz), têm frequência maior; ondas delta (<3,5 Hz) e theta (4-7 Hz) são observadas em indivíduos normais em sono profundo. Normalmente se faz hiperventilação, privação de sono e/ou fotoestímulo para tentar desencadear a crise durante o exame. 2. RM: não apresenta alteração quando a origem da epilepsia é genética ou metabólica. Na epilepsia de lobo temporal mesial podemos observar o hipocampo com um tamanho menor e esclerosado, onde se inicia o foco. Obs: a TC não apresenta tantos cortes quanto a RM, por isso é preferível fazer RM. _______ Encefalopatias epilépticas: são crises epilépticas nas quais a ocorrência da crise provoca diretamente um retardo neuropsicomotor. Geralmente são síndromes diagnosticadas na infância, causadas por alterações metabólicas, genéticas, lesões isquêmicas e tóxicas. São crises de difícil controle, sendo necessário utilizar múltiplos fármacos anticonvulsivantes. Ex.: Síndrome de West. Epilepsia na emergência: • Mover o paciente para um local seguro; • Colocar o paciente e decúbito lateral para facilitar a eliminação da saliva em excesso; • Observar se a crise está cessando; • Se crise > 2 min, administrar medicamento: BDZ, ácido valproico. Resumo medicamento prof: Aula 3: Transtornos de movimento - Parkinsonismo Os transtornos de movimento são divididos em dois grupos: os hipocinéticos, no qual o grande exemplo é o parkinsonismo, ou são hipercinéticos, no qual o tremor é o mais frequente, mas também há distonia, coreia (movimento do tipo dança, incoordenado e imprevisível, desaparece apenas durante o sono e é um diagnóstico sindrômico que pode ser decorrente de lúpus, Huntington, induzido por levodopa), atetose (movimento involuntário mais sinuoso e lento do que a coreia, mais distal e por quando se associa a coreia, é chamado de coroatetose), tiques, mioclonia e balismo (movimento mais proximal, tipo um arremeço, mais brusco). O tremor é o mais frequente das síndromes extrapiramidais. O parkinsonismo é a síndrome que se caracteriza por bradicinesia, acompanhada por mais um dos sinais cardeais: tremor de repouso, rigidez em roda denteada e instabilidade postural. A doença de Parkinson é a causa mais frequente desta síndrome. A bradicinesia é a lentificação motora, como dificuldade para se vestir, leva mais tempo para levantar da cama, tomar banho, etc. Há outras causas de parkinsonismos – parkinsonismos atípicos – como demência por corpúsculo de Lewy, paralisia supranuclear progressiva, atrofia de múltiplos sistemas e degeneração corticobasal. Os parkinsonismos atípicos são doenças com evolução mais rápida e mais grave, podem apresentar disautonomia logo no primeiro ano de sintoma, sinais piramidais e cerebelares que não são compatíveis com a Doença de Parkinson. Outros diagnósticos diferenciais: Causas vasculares: pctes com AVCi ou AVCh podem desenvolver parkinsonismo; Hidrocefalia de pressão normal: condição na qual os ventrículos estão alargados, paciente apresenta a tríade marcha magnética/ anda com o pé grudado no chão e com aumento da base, incontinência urinária e alteração cognitiva, mas a pressão no raquimanômetro está normal. A HPN pode se manifestar com parkinsonismo e, ao retirar o líquor, o paciente passa a caminhar de forma normal; Induzida por drogas antipsicóticas, como uso prolongado de risperidona e haldol; Tóxico-metabólico: D. de Wilson; Infeccioso – ex.: “parkinsonismo pós-encefalite”, sífilis, neurocisticercose; Doença de Huntington: cursa mais com coreia, mas o pcte pode apresentar parkinsonismo; Neuroacantocitose; Doença de Hallervorden-Spatz; Tremor essencial: é o transtorno do movimento mais frequente, não cursa com parkinsonismo por não apresentar bradicinesia e é de ação. A Doença de Parkinson propriamente dita é uma doença neurodegenerativa, na qual 90% dos casos são esporádicos ou idiopáticos e 10% são familiares. A prevalência é em torno de 160 pessoas em 100 mil, com surgimento após os 50 anos (apresentação antes dos 40 anos é classificado como Parkinson precoce e está mais relacionada à forma familiar). Fatores de risco: exposição a metais pesados, pesticidas, herbicidas, TCE e constipação intestinal (não se sabe se é um fator de risco para DP ou se já é uma manifestação não-motora da doença) e a idade. Fatores de proteção: tabagismo, ingesta de cafeína, AINEs (especialmente ibuprofeno) e uso de iBP. Fisiopatologia A fisiopatologia não é completamente esclarecida, se acredita que fatores genéticos e ambientais levam à ocorrência de processo inflamatório, estresse oxidativo, ativação da micróglia e, com isso, ocorre a produção de diferentes citocinas inflamatórias que provocam a inclusões citoplasmáticas eosinofílicas com formação de agregados de proteínas alfa- sinucleínas (DP é considerada uma sinucleinopatia), chamados de corpos de Lewy. Os corpos de Lewy se disseminam via transcelular e ocorre a degeneração neuronal, perpetuando o processo neurodegenerativo. Se acreditava que a DP ocorre por degeneração dopaminérgica, mas hoje se fala em monoaminérgica múltipla (dopamina, serotonina, noradrenalina e também colinérgica), apesar de a degeneração dopaminérgica ainda ser a mais importante, visto que quando surgem os sintomas motores da DP, cerca de 80% da dopamina já foi perdida, principalmente na substância negra. Antes do aparecimento dos sintomas motores não há critério para diagnosticar a doença. Outras alterações: em um primeiro estágio, ocorrem lesões nos nervos glossofaríngeo, vago e do núcleo olfatório anterior. Posteriormente, adicionalmente o mesocórtex, núcleos da rafe e complexo locus coeruleus sofrem alteração noradrenérgica. Em uma terceira fase, a substância negra do mesencéfalo sofrem lesões dopaminérgicas provocando os sinais clínicos característicos para o diagnóstico da doença. Conforme a doença progride, há também uma degeneração colinérgica no mesocórtex. Hipótese de dual-hit: teoria de que a fisiopatologia da DP inicia-se em duas topografias: núcleo olfatório anterior e no intestino, de modo que um agente neurotrópico, provavelmente viral, entre em contato com o bulbo olfatório, se dissemina no SNC e, além disso, essas secreções nasais com este agente neurotrópicosão deglutidas, no intestino disseminam pelo plexo mioentérico, com ascensão retrógrada via nervo vago até o tronco encefálico. Quadro clínico Os sintomas motores iniciam-se de forma unilateral, passa a acometer o outro lado do corpo após alguns meses ou, até, anos, e se mantém assimétrico ao longo da doença. Em 70% dos casos, o tremor de repouso é o sintoma inicial e até 90% dos pacientes desenvolverão tremor ao longo da doença, porém na forma rígido-cinética o tremor de repouso pode não ocorrer. Sendo assim, o tremor de repouso não é um critério de diagnóstico, apenas a bradicinesia é um sintoma obrigatório. O paciente pode apresentar tremor postural e quase 50% dos pacientes vão ter algum grau de tremor cinético (quando vai pegar algum objeto, começa a tremer). Os sintomas podem ser agravados com o estresse, deambulação, desaparece na ação. A bradicinesia se caracteriza pela hipomimia facial (diminuição da expressão, pisca menos que o habitual), hipofonia, sialorréia (dificuldade para deglutir, provocando acúmulo de saliva), micrografia, postura em flexão em uma fase mais avançada, rigidez, instabilidade postural (pcte de pé, puxamos ele para trás, se ele der mais de três passos para se manter em pé já é classificado como instabilidade OU quando o pcte já chega na consulta se queixando de quedas). A primeira alteração na marcha é a redução da amplitude de movimentação dos braços, se deslocando em bloco e, com o tempo, o paciente passa a caminhar mais inclinado para frente e, por último, ocorre redução do tamanho dos passos. O pcte pode apresentar freezing e festinação (passos curtinhos, um atrás do outro depois do congelamento) – ver vídeo (link no final). Sinal de Myerson: não é patognomônico da DP, pode ocorrer em outras demências como D. Alzheimer, é um reflexo primitivo – percute a glabela e o paciente com DP começa a piscar sem parar, enquanto uma pessoa normal para de piscar. Sintomas não-motores: alterações de humor, ansiedade, constipação, impotência, hipotensão postural, entre outros transtornos autonômicos, alteração do olfato (anosmia), transtorno do sono REM que pode anteceder o diagnóstico da doença (em pessoas normais ocorre atonia no sono REM, no pcte com DP, ele pode se agitar, chutar, levanta da cama e fala dormindo durante o sono REM), demenênica ocorre em até 40% do pacientes e alucinação, principalmente em DP avançada, bradifrenia (lentidão mental), síndrome das pernas inquietas. Os pacientes podem apresentar algumas deformidades como a inclinação do tronco (camptocormia) doença de Parkinson deformidade do tronco e, não se sabe o porquê, mas essa inclinação melhora diante de um obstáculo e ao se deitar. Já na síndrome de Pisa, o paciente sofre distonia na qual o paciente fica, involuntariamente, inclinado para o lado e com a evolução da doença, essa distonia pode evoluir para uma contratura, de modo que o pcte não consiga sair desta posição e é acompanhado de dor. A mão estriatal também é uma deformidade que pode acometer pacientes com DP. Apresentações clínicas da Doença de Parkinson 1. Forma tremulante: predomina o tremor, é mais brando, prognóstico um pouco melhor e responde melhor à medicação. 2. Forma rígido-cinética: predomina a rigidez e bradicinesia, apresenta evolução mais rápida, pode não apresentar tremor de repouso. Em geral, não há alteração da forma de DP no paciente, contudo, às vezes, com o tto da bradicinesia (levodopa), o tremor pode se tornar mais evidente e, assim, mudar a classificação, mas normalmente o pcte se mantém em um padrão. A levodopa não é eficiente em reduzir o tremor, mas é o melhor tto para a bradicinesia. Diagnóstico da Doença de Parkinson O diagnóstico da DP é clínico critérios propostos pelo United Kingdom Parkinson’s Disease Society Brain Bank em três passos! Os exames complementares são utilizados para excluir os diagnósticos diferenciais de parkinsonismos atípicos como causas vasculares, como TCC/RNM de encéfalo, cobre e ceruloplasmina (pensando em Doença de Wilson: pcte jovem com alteração de comportamento), além de exames laboratoriais para excluir causas metabólicas, como função tireoideana. Sendo assim, primeiramente se caracteriza a síndrome parkinsoniana: bradicinesia mais um sintoma (tremor de repouso, rigidez em roda denteada e/ou instabilidade postural) -> defino que o pcte tem parkinsonismo. Agora tenho que definir se é doença de Parkinson ou se há algum sinal de alarme que me faça pensar em outra doença. Critérios de exclusão de D. Parkinson: História de AVC de repetição na qual os sintomas se tornaram evidentes após o evento vascular; História de TCE de repetição: parkinsonismo pelo trauma; Início dos sintomas após o uso de neuroléptico: uso de haldol; Se há períodos de remissão sustentada: não ocorre na D.P. por ser neurodegenerativa progressiva; Instabilidade postural, demência ou distúrbios autonômicos graves em fase inicial da doença, como disautonomia, labilidade pressórica; Alteração cognitiva logo no primeiro ano de início dos sintomas motores; Sintomas unilaterais por mais de três anos (é assimétrica, mas passa para o outro lado) ou instalação bilateral e simétrica; Resposta precária ou ausente à levodopa: quem tem Parkinson precisa de levodopa, ainda é o melhor tto! Déficit do olhar vertical para baixo: a movimentação do olhar deve estar preservada, um idoso saudável pode não olhar para cima, mas não olhar para baixo é patológico e nos faz pensar em Paralisia Supranuclear Progressiva (sinal da gravata suja) com parkinsonismo atípico; Sinais piramidais, sinais cerebelares, síndrome da mão alienígena, acometimento do neurônio motor inferior: D.P. é uma doença extrapiramidal, não espero presença de Babinski, Hoffmann, dismetria, disdiadococinesia; Alguma alteração específica da imagem de crânio que justifique o quadro do paciente. Critérios para D. Parkinson: Sintomas assimétricos: começa de um lado, depois passa para o outro lado; Piora progressiva; Inicialmente responde muito bem à levodopa e depois podem surgir efeitos colaterais ou a medicação deixa de ser tão eficaz como era inicialmente; Coreia induzida por levodopa: quem tem Parkinson e usa levodopa pode desenvolver coreia, uma pessoa sem DP pode usar levodopa por 20 anos e não irá desenvolver coreia – não é toxica para pessoas saudáveis; Curso clínico arrastado: se o paciente piorar muito já no segundo ou terceiro anos de doença, já se deve pensar em parkinsonismo atípico. Diagnóstico diferencial: alterações típicas da imagem em parkinsonismo atípicos e não da DP Atrofia de múltiplos sistemas: presença na neuroimagem (RM) do Sinal da Cruz de Malta (Hot Cross Bun) no tronco, que não ocorre na DP. Paralisia supranuclear progressiva: apresenta o sinal do beija-flor na neuroimagem – há um afilamento do tronco/mesencéfalo, com preservação da ponte. Não acontece na DP. Doença de Wilson: sinal da face do panda. Alteração do metabolismo do cobre, especialmente em paciente jovem, com alteração de comportamento e alterações hepáticas. Hallervorden Spatz: sinal do olho do tigre. Ocorre um hiperssinal com um hipossinal ao redor do putamen, com alteração do metabolismo do ferro. A cintilografia com Trodat é um exame de imagem que utiliza um radiotraçador e verifica a densidade de transportadores de dopamina – que tende a estar diminuída no paciente com Doença de Parkinson. É utilizado para diagnóstico diferencial para parkinsonismo medicamentoso, vascular e, até tremor essencial. É importante lembrar que o uso de alguns antidepressivos pode alterar esse exame. Na DP, vale assinalar, a redução dacaptação estriatal é mais assimétrica e acomete o putâmen de forma preferencial. Outro exame utilizado para a diferenciação de parkinsonismo medicamentoso e DP é a cintilografia miocárdica com MIBG, na qual se observa desnervação noradrenérgica cardíaca em pcte com DP, mas não ocorre no parkinsonismo medicamentoso. Estadiamento da Doença de Parkinson A avaliação é dividida em 4 partes: cognição/humor; atividades de vida diária; exame motor e complicações da terapia. Se avalia a cada consulta e se observa a progressão ao longo do tempo. A escala mais utilizada é o UPDRS, recentemente foi lançada a MDS-UPDRS, que é uma escala mais completa, envolve uma entrevista com o cuidador e ela avalia, especialmente, sintomas não motores. No entanto, ainda não há tto padronizado para os sintomas não motores e, por isso, essa escala não é muito utilizada. Tratamento O objetivo é controlar os sintomas, já que não existe um tto curativo, nem neuroprotetor. A levodopa controla os sintomas e ainda é o padrão ouro e o tto é individualizado. A fase inicial é aquela na qual ainda não temos as complicações motoras, enquanto na fase avançada, o pcte apresenta freezing, flutuação, fenômeno on-off (pcte “liga e desliga”, ele toma o remédio, trava e depois volta a ter mais mobilidade novamente), fenômeno wearing off (é o fenômeno on-off quando vai chegando no final da dose e o pcte precisa tomar o medicamento novamente, isso é um indicativo fracionar a mesma dose em várias tomadas – evita-se aumentar a dose por conta de toxicidade e efeitos colateriais) discinesias. Cuidar com fissura por levodopa, por provocar discinesia. Classes de medicamentos - agentes dopaminérgicos: precursor da dopamina (levodopa); benserazida é um inibidor periférico da degradação da dopamina administrado junto com a levodopa; agonista dopaminérgico (Pramipexol); inibidor da COMT (Entacapona); Inibidor da MAO-B (Seligilina). Agentes não dopaminérgicos: anticolinérgicos como o biperideno (não é muito utilizado por piorar a cognição) e o triexifenidil; antiglutamatérgico (Amantadina) é usado quando o paciente apresenta discinesia. Neuroléptico atípico é utilizado quando o paciente apresenta muita alteração de comportamento e alucinação. 1. Levodopa: precursor da dopamina e é utilizada em associação com a benserazida. Dose mínima: 300mg, fracionada em, pelo menos 3 vezes ao dia (administração única diária não é recomendada para não fazer dose pulsátil). Não há dose máxima na literatura, isso depende do paciente. Efeitos adversos: náusea, vômito, hipotensão, sonolência, discinesias, psicose. Obs: hoje não se recomenda “economizar” levodopa no início do tto para a DP como era feita antigamente. 2. Pramipexol: agonista dopaminérgico; foi lançado no mercado recentemente uma fórmula nova utilizada uma vez ao dia – Rotigotina (adesivo transdérmico). Quando esse medicamento é utilizado, devemos perguntar ativamente sobre impulsividade, a euforia pode ser um efeito associado ao uso do medicamento e, ao interromper o uso do medicamento, há uma redução da impulsividade. Monoterapia na fase inicial ou em associação com levodopa na doença avançada. Efeitos adversos: sonolência, hipotensão, alucinações, náusea. 3. Biperideno: primeiro tto utilizado. Provoca náusea, retenção urinária, constipação, alteração cognitiva, associada a maior risco de quedas. Tem uma resposta muito boa na redução do tremor. 4. Triexifenidil: usado para distonia em pcte com síndrome de Pisa. 5. Entacapona: é utilizada em DP avançado, diminui o metabolismo da levodopa e, por isso é administrada simultaneamente à levodopa. É indicado para pacientes que apresentam flutuações motoras. 6. Inibidor da MAO-B (seligilina): antigamente era muito usada, já não é mais fabricada/ comercializada no Brasil. Apresenta muita interação com antidepressivo – cuidar síndrome seretoninérgica. Rasaligina tem menos interação com antidepressivo e será liberada em 2019 (final do ano) pelo SUS. 7. Amantadina: boa especialmente para as discinesias. Pode ser utilizada no início do tto da DP. Tratamento cirúrgico: estimulador cerebral profundo é a melhor opção de cirurgia hoje (DBS: assemelha-se a um marca-passo cardíaco, só que estimula o cérebro, reduzindo as alterações do movimento. Link: encurtador.com.br/gQSY2) e antigamente faziam ablação, mas não traz muitos benefícios. O DBS é recomendado para paciente com, pelo menos, 4 anos de DP, o paciente tem que ter uma melhora de, pelo menos, 35% nas escala UPDRS com a reintrodução da levodopa após ficar 24 horas sem o medicamento, o pcte não pode ter demência ou alteração psiquiátrica e tem que apresentar complicações ao uso da Levodopa (responde bem, mas fica discinético com o medicamento, com a cirurgia a dose necessária da Levodopa é reduzida e, com isso, o pcte apresenta menos efeito colateral). A cirurgia não cura e não é uma alternativa ao medicamento, mas possibilita a redução da dose. Evolução da DP A evolução é variável, geralmente, com mais de 10 anos. A ocorrência de demência está associada ao maior tempo de evolução da doença e à intensidade da sintomatologia motora. As complicações clínica levam o paciente ao óbito, como pneumonias, infecção urinária, TEP (paciente acamado). Parkinsonismos secundários Além da Doença da Parkinson, outras patologias podem provocar o diagnóstico sindrômico de parkinsonismo, tais como: 1. Hidrocefalia normobárica (aumento dos ventrículos, com aumento da produção liquórica sem aumentar a pressão intracraniana), mais comum em homens idosos. Tríade clássica: demência, alteração esfincteriana e alteração da marcha, mas o paciente pode não apresentar os três fatores. Teste: retira 40mL de líquor e observa-se melhora da marcha. Obs: na imagem não se costuma observar atrofia do córtex. TTO: derivação – neurocirurgia. 2. Parkinsonismo induzido por drogas: antipsicóticos, bloqueadores dos canais de cálcio (cinarizina e flunarizina – tto para vertigem/ deve ser prescrita por pouco tempo, além de nifedipina, diltiazem), metoclopramida, fluoxetina, lítio, amiodarona, paroxetina. Links de vídeos da prof.: Movimento coreico: https://bit.ly/2DvwCMC Movimento atetotico: https://bit.ly/2ICpWAJ Balismo: https://bit.ly/2vqBP3L Freezing e festinação: https://www.youtube.com/watch?v=6XoHBqw8GnI Sinal de Myerson/ reflexo glabelar: https://www.youtube.com/watch?v=v9cqUYrjZPs Aula 4: Transtornos de movimento - Tremor O tremor é o distúrbio do movimento mais frequente, é involuntário, hipercinético, repetitivo e de oscilação rítimica, que pode variar em amplitude (fino ou grosseiro) e frequência (baixa < 4 Hz; média 4-7 Hz; alta > 7 Hz). O tremor pode ser de origem fisiológica ou patológica e acomete, principalmente, as extremidades dos MMSS, mas pode atingir também MMII, cabeça, língua, tronco, mandíbula, entre outras estruturas. Outros transtornos hipercinéticos: • Coréia: rápidos, irregulares, sem ritmo, imprevisíveis, mais da extremidade distal • Distonia: movimentos de torção, sustentados, posturas anormais • Mioclonia: abalo muscular súbito • Tiques: rítmicos, breves, estereotipado • Balismo: amplos, extremidade proximal dos membros • Atetose: lentos e sinuosos, repetitivos O tremor é classificado em: repouso (ex.: Doença de Parkinson) OU de ação. Dentro do tremor de ação, é subdividido em: postural (tremor surge ao se manter o membro contra a gravidade, ex.: parkinsonismo), cinético (surge ao fazer o movimento – teste do copo, pode ser tanto tremor essencial, quanto cerebelar), isométrico (ocorre ao fazer força, ex.: exercício físico na academia), de intenção (o tremor surge especificamente quando se aproxima de um alvo, ex.:prova index-nariz ou quando pedimos para o paciente erguer a caneta e aproximá-la lentamente até tocar em um alvo pontual), e tarefa-específico surge apenas ao fazer determinada ação (ex.: escrever). Na doença de Parkinson, há predomínio do tremor de repouso, mas também pode haver tremor postural. Como avaliar um paciente com tremor: idade de início, topografia, fatores desencadeantes ou de exacerbação, fatores de atenuação, forma de apresentação e progressão, outros sintomas associados, história familiar, associado ao uso/início de medicamentos, presença de comorbidades. O tremor essencial é de ação, tende a ser simétrico bilateral, tem uma história familiar importante, melhora com a ingesta de bebida alcoolica e, no exame neurológico geral, verificar se há tremor de repouso, roda denteada (DP) e, também, pedimos para o paciente fazer a espiral de Arquimedes e ele faz de forma irregular: Escalas – atualmente a mais utilizada é a Tremor Research Group Rating Scale: • Tremor cefálico: pede para o paciente mexer a cabeça de um lado para o outro e observar a linha media da cabeça por 10 seg e por 5 seg em rotação lateral máxima; • Tremor facial: mímica facial por 5 seg; • Tremor de língua: abertura da boca por 5 seg e protrusão da língua por 5 seg; • Tremor de mandíbula: abrir e fechar a boca por 5 seg; • Tremor de voz: observar a fala e pronunciar as letras A ou E por 5 seg; • Tremor de MMSS: repouso, postural e cinético, durante a marcha; • Tremor de MMII: repouso e de ação; • Desenho (Espiral de Arquimedes), escrita, teste do ponto ou do x, teste do copo (dou um copo com água e outro vazio, peço para o paciente ficar jogando a água de um copo para o outro). Formas clínicas de tremor: • Fisiológico exacerbado: é aquele que aparece quando estamos nervosos, pode ser postural – predomoinante – ou cinético. Ocorre em pessoas saudáveis sob estresse, fadiga, ansiedade, medo, uso de substâncias estimulantes (cafeína), hipoglicemia, hipertireoidismo; • Tremor essencial (TE): principal causa de tremor, se caracteriza, principalmente, como de ação nas mãos (tremor em negação das mãos). Mas também pode ser de repouso. Apresenta dois picos de incidência: no final da adolescência e acima dos 60 anos de idade. História familiar importante (transmissão autossômica dominante). Fisiopatologia não é esclarecida e o pcte com tremor pode desenvolver DP (3%). Critérios da Movement Disorder Society: tremor nas mãos por, pelo menos, 5 anos para dar diagnóstico e não pode estar relacionada ao uso de medicamento, AVE, trauma, não pode apresentar início súbito e não tende a melhorar ou piorar com o nervosismo, como o psicogênico. • Parkinsoniano: de repouso, mas pode ter componentes postural e cinético, usualmente unilateral, com progressão lenta. Acomete MMSS, MMII, face, língua, mandíbula, pescoço e tronco. Piora com estresse e deambulação, desaparece na ação. O tremor é associado a bradicinesia, rigidez, hipomimia, hipofonia, sialorréia, micrografia, postura em flexão, instabilidade postural e sintomas não motores; • Cerebelar: o tremor de intenção faz parte de uma síndrome cerebelar (ataxia de marcha, dismetria, disdiadococinesia, fala escandida, hipotonia, nistagmo); • Ortostático: inicia ao adquirir a posição ortostática e melhora durante a marcha e no repouso, de baixa amplitude, acometendo MMII e tronco, podendo provocar quedas; • Tremor associado à neuropatia periférica; • Distônico/tarefa específica; • Holmes – lesão no núcleo rubro. O tremor surge após um trauma, lesão vascular ou tumor no tronco encefálico. É um tremor grosseiro, é de repouso, ação e intenção de predomínio proximal e irregular. Ocorre em repouso e piora com movimentos voluntários e direcionados a um alvo; • Wilson: é um tremor bem grosseiro em “bater de asa”, está relacionado a alterações psiquiátricas e hepáticas devido a alterações no metabolismo do cobre em pctes jovens. Outros sinais: distonia, disartria, parkinsonismo, Anel de Kayser-Fleischer (70- 90%). Tratamento: acetato de zinco e penicilamina; • Tremor e ataxia na síndrome do X frágil; • Tremor induzido por drogas: especialmente antipsicótico, tto para vertigem (cinarizina), valproico, lamotrigina, fenitoína; • Psicogênico: diagnóstico de exclusão. Excluir alterações na tireoide ou metabólica, por exemplo. É um tremor que melhor quando o paciente fica distraído, piora com a atenção e é um tremor que “transborda”: se eu segurar a mão do pcte que está tremendo, o braço começa a tremer, se imobiliza o braço, o ombro começa a tremer. Paciente com história de ansiedade, depressão, síndrome do pânico. Diagnóstico É clinico, avaliar se é de repouso, cinético, postural. Pedir exames de tireoide, glicemia, metabolismo do cobre; imagem para ver se há lesão vascular. Tratamento Depende da etiologia. Tremor essencial: primidona, propranolol, gabapentina, topiramato (tratamentos de primeira linha: são de classes diferentes por não se conhecer a fisiopatologia da doença). Tremor parkinsoniano: anticolinérgicos (biperideno e triexifenidil), agonistas dopaminérgicos, precursor da dopamina (levodopa). Vídeo: Tremor essencial: encurtador.com.br/IR457 Holmes: encurtador.com.br/mxBD4 Wilson: encurtador.com.br/esyzN Tremor cerebelar: encurtador.com.br/uyCG5 AULA 5: Cefaleia De acordo com a Associação Internacional de Dor, a cefaleia se aplica a todo processo doloroso que se origina em estruturas cranianas e/ou faciais, relacionada a um dano tecidual real ou potencial. Epidemiologia: 90% dos homens e 95% das mulheres, em algum momento da vida, vão se apresentar com um quadro de cefaleia. 90% dos casos são cefaleias primárias, isoladas e benignas, as mais comuns são enxaqueca, também chamada de migrânea, que pode durar até 72 horas e é pulsátil, cefaleia tensional – forma mais prevalente – e cefaleia em salvas. 25% dos pacientes apresentam crises incapacitantes recorrentes, principalmente em paciente masculino com cefaleia em salvas, e 4% sofrem de cefaleia crônica diária. É a terceira maior causa de consulta em ambulatório de clínica médica. 1988 foi criada a classificação internacional de cefaleia e a última revisão foi em 2013. Primeira classificação: primária (90%), longa evolução com sintomas agudos recorrentes sem relação com outras patologias e não associada a sintomas focais, ou secundária a uma outra doença orgânica, como tumor, infecção e trauma, geralmente apresenta uma piora gradual conforme a evolução da doença de base e provoca dor intensa. Na anamnese: cefaleia que se inicia após os 50 anos já é um sinal de alerta. Homens tem mais cefaleia em salvas, enquanto mulheres têm mais enxaqueca e tensional. Ocupação do paciente: na enxaqueca há odores e estímulos luminosos desencadeantes. Como surgiu a dor, evolução ao longo do tempo – se apresenta em sequência de crises ou aumenta progressivamente? Tem fator de risco para doenças cerebrovasculares? HIV? História de neoplasia (Pacientes imunodeprimidos têm indicação para exame de imagem em queixas de dor intensa)? Tem história familiar (Enxaqueca tem uma história familiar , principalmente em mulheres, positiva)? Como é o modo de instalação? Qual a duração e a frequência (enxaqueca dura até 72 horas, enquanto em salvas dura no máximo 3 horas)? Qual a localização da dor (holocraniana – tensional; hemicraniana alternante – enxaqueca)? É pulsátil – enxaqueca? O paciente deixa de fazer as coisas por conta da dor (a enxaqueca é debilitante, a tensional é incômoda, mas o paciente não se afastas das atividades diárias)? Fatores precipitantes de piora ou de alívio (tensional tende ocorrer no final do dia, enxaquecaocorre no início da manhã)? Quais os sintomas associados (diferenciar uma aura de um sinal focal em uma cefaleia secundária por meio do exame neurológico)? Intensidade (utiliza-se a escala numérica – subjetiva)? Exame neurológico em paciente com cefaleia primária é normal, fazer sinais vitais (PA, FC), palpar musculatura cervical (ex.: cefaleia tensional por contratura muscular), craniana e mastigatória. Se houver sinal focal no exame, como alteração assimétrica de reflexos, recomenda-se fazer imagem. Sinais de alerta/ indicação para fazer imagem: Dor que inicia após os 50 anos; Início súbito, com pico de intensidade muito breve (dor em “trovoada” atinge o ápice em poucos minutos – ruptura de aneurisma); Primeira ou pior cefaleia da vida; Piora progressiva apesar do tto adequado; Mudança de padrão da dor (qualidade ou quantidade) – lembrar que abuso de analgésico pode provocar aumento da frequência e intensidade da dor; Doenças sistêmicas (HIV/Neoplasia); Papiledema, sinais neurológicos focais ou sinais de doença neurológica (exceto presença de aura típica); Dor associada a esforço físico, como à tosse, ao evacuar, atividade física ou sexual – verificar se não é tumor ou aneurisma. Como investigar? Na emergência: prioridade é descartar hemorragia subaracnóidea: TC e coleta de líquor quando TC vem normal, mas a clínica é altamente sugestiva de hemorragia/ ruptura de aneurisma. Cefaleias primárias Enxaqueca: 18% das mulheres, que pode ser agravada ou provocada com o ciclo menstrual, 6% dos homens, ocorrem mais pela manhã, surge nas três primeiras décadas de vida. É dividida entre com aura/clássica, sem aura/comum. A enxaqueca com aura é subclassificada em: Migrânea com aura típica, Migrânea com aura de tronco encefálico e Migrânea hemiplégica familiar, na qual o sintoma motor com hemiparesia respeitando um dimidio é a aura. A dor da enxaqueca, em geral, é hemicraniana alternante ou com um lado acometido com maior frequência, com início gradual pela manhã que fica intensa em até duas horas, pulsátil/ latejante, de moderada a intensa, com abandono as atividades por conta da dor e é agravada por atividade física rotineira (como mexer a cabeça, subir escada), buscando o repouso em ambiente silencioso e escuro (fono e fotobia), além de ser associada a náusea e vômito, com duração de até 72 horas se não tratada, apresentando ou não aura. O diagnóstico é feito após 5 crises preenchendo os critérios (sem aura) ou 2 crises com aura. A aura pode ser: visual (mais comum, com escotoma cintilantes ou colorido), sensitiva (parestesias), motora (ligada a migrânea hemiplégica familiar), fala (anomia/ paciente não consegue denominar um objeto que está visualizando), tronco (vertigem) ou retiniana (com alteração do campo visual, não só escotomoas como na visual). Critérios de aura: ao menos um sintoma de aura, que pode durar de 5 a 60 minutos, acompanhando ou sucedendo o quadro de dor. Fases da enxaqueca: pródromo, aura, dor propriamente dita e o pós-crise. O pródromo é um período no qual o paciente refere sentir alterações, tais como irritação, sonolência, euforia, vontade de comer doce, entre outras alterações que antecedem a aura e a cefaleia em algumas horas ou, até mesmo, dias. A aura, especificamente, é um fenômeno neurológico transitório que antecede (5 a 60 minutos) ou acompanha a dor. A aura pode ocorrer de forma isolada, principalmente quando já estamos tratando de forma profilática a enxaqueca. TTO (pode ser iniciado na aura): sintomático e profilático. A escolha da medicação vai depende da intensidade da dor, se há sintomas associados, o quanto a dor é incapacitante e quanto tempo demora para atingir seu pico. Medicamentos: AINEs, analgésicos, associação de cafeína + analgésicos, triptanos (nome comercial: Sumax; vasoconstritor e não é recomendado para pcte com coronariopatia), alcaloides do Ergot (em desuso por efeitos colaterais). Dor leve: analgésico e antieméticos, mesmo sem náusea, o plasil potencializa a ação do analgésico mesmo sem associação com êmese. Moderada: AINEs, ergotamina ou triptano. Para dor forte (quando paciente procura a emergência): triptano + AINEs ou medicamentos EV, como AINEs, clorpromazina (antipsicótico com ação analgésica significativa) com soro fisiológico em infusão lenta por provocar muita hipotensão postural; dipirona + dexametasona, metoclopramida. NÃO SE USA OPIOIDE EM ENXAQUECA, já que piora o controle da dor! Importante: limitar analgesia a, no máximo, 2 vezes por semana a fim de prevenir a cefaleia de rebote que resulta do uso excessivo de medicações abortivas de crise. Recomendação também para mudança de hábitos de vida, com manutenção da rotina, evitar muito sono ou pouco sono, jejum prolongado, ingesta de bebida alcoólica, aditivos alimentares (ex.: glutamato monossódico), estresse. Tratamento não farmacológico: exercício físico, psicoterapia, evitar estresse, horário regular de sono. TTO profilático medicamentoso: vai depender da frequência das crises e tem por objetivo reduzir a quantidade de crises, intensidade da dor, tornando o analgésico mais efetivo e contemplar comorbidades. Iniciar medicamentos em dose baixa e aumentar progressivamente, sem uma dose alvo, evitar abuso de analgésico e manter tratamento de 2 a 3 meses. Recomenda-se que o paciente tenha um diário de cefaleia, sobre as características da dor, evolução e medicamentos utilizados. O TTO profilático é indicado com uma frequência superior a 3 vezes por semana, quando há muito comprometimento da rotina/ qualidade de vida, quando há contraindicação ao uso de anti-inflamatório (DRC) e quando há migrânea hemiplégica familiar. TTTO profilático recomenda-se beta-bloq (propranolol, metoprolol, atenolol), antidepressivo tricíclico (amitriptilina ou nortriptilina, até 75mg), o uso é contraindicado quando há efeitos adversos, como aumento de peso, glaucoma de ângulo fechado, constipação intensa, retenção urinária, distúrbios da condução cardíaca; os inibidores seletivos da receptação de serotonina estão descritos como opção, mas na prática clínica não é muito utilizado; bloqueadores dos canais de cálcio, como flunarizina em doses baixas e cuidar com tremor, principalmente em idosos por conta de parkisonismo (utilizado principalmente na neuropediatria); anticonvulsivantes (ácido valproico – cuidar em mulher em idade fértil, tira efeito do ACO e é teratogênico - e topiramato – cuidar com alterações cognitivas e litíase renal). Muitas vezes se associa medicamentos para melhor resultado, retirar apenas quando há efeito colateral. (PAREI 43:00) Cefaleia tensional: é a mais prevalente, em mulheres, na segunda década de vida, com associação a doenças psiquiátricas (ansiedade, depressão e síndrome do pânico). É classificada em crônica, frequente ou infrequente de acordo com a frequência. Diagnóstico: no mínimo 10 episódios, holocraniana, que dura de 30 minutos a uma semana, não é pulsátil e não é debilitante (de leve a moderada intensidade) e não é agravada por esforço físico, não é acompanhada por náusea e vômito, pode apresentar fono e fotofobia. TTO agudo: analgesia com AINE, alteração de hábitos de vida como higiene do sono, alimentação, exercício, psicoterapia. TTO profilático, quando há mais de 3 crises na semana e se usa tricíclico. Cefaleia trigêmio autonômicas: mais incapacitante de todas, mais frequente em homens, dor unilateral, severa, com cefaleia em salvas, é associada a sintomas autonômicos como lacrimejamento, ptose, rinorreia, alteração de temperatura e sudorese em face. Apresentações: hemicrania paroxísticas (episódica ou crônica), síndrome de SUNCT (dor neuralgiforme intensa com rinorreia e alteração conjuntival) e hemicrania contínua.Critérios para cefaleia em salvas ou cluster: crises frequentes com dor unilateral intensa nas regiões orbitais, supraorbital ou temporal, com duração de 15 a 180 minutos quando não tratada. Associada a sintomas autonômicos do mesmo lado da dor, como hiperemia conjuntival, lacrimejamento, paciente fica inquieto, congestão nasal ou rinorreia, edema palpebral, sudorese na face, miose ou ptose. Álcool é o principal fator desencadeante e acorda com a dor durante a noite. As crises de dor ocorrem em surtos, ou seja, o paciente tem períodos com várias crises, até no mesmo dia, e períodos de remissão ao longo do ano. Oxigênio é o melhor TTO na crise, de 7 a 10 litros por minuto. TTO profilático: verapamil, ácido valproico, lítio, topiramato. Evitar uso de analgésico. Cefaleia crônica diária: grupo heterogêneo de cefaleia primárias com duração de 4 horas por dia, 15 dias ou mais por mês, por pelo menos 3 meses, com grave comprometimento da qualidade de vida. 50% são casos de migrânea. TTO: toxina botulínica conseguiu reduzir a intensidade e a frequência da dor. A toxina entrou como tto de primeira linha para cefaleia crônica e de segunda linha para as cefaleias resistentes. São feitos de 2 a 3 ciclos com intervalos de 12 semanas, mas ainda não há estudos de longo prazo. Terapia com anticorpos monoclonais: antiCGRP (fremanezumab), o CGRP um peptídeo relacionado ao gene da calcitonina e é um potente vasodilatador, processo envolvido nas crises de enxaqueca e é inibido pelo medicamento. Migrânea transformada por abuso de analgésico: entra na classificação de cefaleia crônica diária, ocorre mais de 15 dias por mês, por mais de três meses. O uso excessivo de analgésico muda as características típicas da dor, ex.: às vezes é pulsátil e às vezes, em aperto; muda duração média da cefaleia. Cefaleia secundária: sintoma de uma doença metabólica, expansiva, infecciosa. Investigar sinais de alarme -> imagem! Não fazer opioide na emergência para cefaleia já que a dor alivia muito, piora o controle da dor e facilita abuso. Hipertensão intracraniana idiopática ou beningna ou pseudotumor cerebral: dor intermitente holocraniana, pulsátil, acompanhada por náusea e vômito, com episódios de amaurose fugaz, papiledema. Acomete principalmente mulheres obesas, neuroimagem normal e com aumento da pressão na coleta do liquor, com celularidade normal. Faz RM para ver tortuosidade do nervo óptico, sela túrcica vazia e pode haver estenose de seios venosos. TTO: aliviar HIC para tentar preservar a visão, perda de peso, inibidor da anidrase carbônica, derivação na neurocirurgia e acompanhamento com a oftalmo. Aula 6 = Esclerose Lateral Amiotrófica Esclerose (comando central): células sofrem um processo de disfunção celular, perdendo a função e/ou morrendo/ apoptose, levando à esclerose. Lateral (comando periférico): o feixe piramidal - motor (anterolateral) é o principal feixe nervoso responsável pela movimentação voluntária e, na ELA, sofre esclerose, proporcionando, inicialmente, alterações motoras de apenas um lado do corpo e, por falta de estimulação, o membro sofre atrofia muscular. Amiotrófica (doença basicamente motora): a nível de placa motora há liberação de Ach que se ligam a receptores nicotínicos (abertura de canais iônicos, com entrada de cálcio na célula para que inicie a contração muscular com o deslizamento do complexo actina-miosina). Para que o músculo retorne ao seu estamos de repouso, ocorre o desacoplamento do cálcio ao complexo. /Com a lesão do trato piramidal, ocorre diminuição do estímulo que chega na placa motora, levando à atrofia muscular. Sendo assim, por ser uma doença basicamente motora, há não compremetimento cognitivo e comportamental visto na EM, mas, devido a alguns quadros nos quais os pacientes evoluíram para quadros demenciais, hoje não falamos mais que é exclusivamente motora. A ELA é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta os neurônios motores superiores e inferiores, mas não é desmielinizante. Incidência: 0,2 a 2,4 por 100 mil habitantes ao ano, com discreto predomínio masculino, principalmente, em pacientes acima de 60 anos e é considerada rara em pacientes com menos de 20 anos, com distribuição heterogênea no mundo inteiro e um leve aumento na península de Kii no Japão e nas Ilhas Guam no oceano Pacífico. A maioria dos casos ocorre de forma esporádica, sem fator causal relevante e naão seguem um padrão sazonal de distribuição como na EM. Entre 5 a 10% dos casos estão associados a uma mutação na SOD1, por mutação autossômica dominante, no cromossomo 21. Sobrevida: 6 anos após o diagnóstico. Fatores de risco: tabagismo (dependente do grau de exposição), exposição a toxinas e metais, história de atividade física em atletas de alto nível – associado à grande produção de radicais livres por atividade metabólica intensa (futebol americano, por exemplo) e mutação da SOD1. Histopatologia Degeneração por mecanismos oxidativo e inflamatórios das células motoras da medula, do tronco, dos tratos piramidais, em menor intensidade, do Neurônio Motor Superior. Com a evolução da doença, também se vê atrofia do parênquima cerebral. Pode haver discreto aumento do infiltrado inflamatório em tecido cerebral e medular. Acredita-se que a atividade pró-inflamatória seja decorrente, também, de falhas nas defesas antioxidantes endógenos, tanto enzimáticos, como a SOD 1 e 2, catalase e a glutationaperoxidase, quanto não enzimáticos, como Vit. A e E. Na histopatologia do tronco cerebral se observa maior degeneração dos núcleos ambíguo, do acessório e hipoglosso. Já os núcleos motores do trigêmeo, facial e vestibular são os menos afetados. Os núcleos do óculo-motor, troclear e abducente normalmente não são afetados. Sendo assim, a evolução da doença leva à uma perda de força generalizada do MMSS e MMII, comprometimento da fala, enquanto o movimento extraocular permanece preservado. Movimento da musculatura extraocular permanece preservado (piscar os olhos). Sintomas Neurônio Inferior (da medula ao músculo): atrofia da musculatura, fasciculações (espasmos musculares na língua, em MMII e MMSS) e câimbras ou fadiga na musculatura, por excesso de tentativa de força. Neurônio Superior: redução de força, hiperreflexia por comprometimento do trato piramindal, hipertonia inicial que evolui para flacidez conforme ocorre atrofia da musculatura, além de sinal de Babinski. Algumas formas de apresentação clínica: 1. Forma paralítica bulbar progressiva: Compromete de modo mais intenso o tronco encefálico e é uma apresentação da ELA mais rara, evoluindo de forma mais agressiva e mais rápida, com dificuldade de deglutição, fasciculações e paralisia da língua, dificuldade de elevação dos ombros, ou seja, acomete mais a musculatura axial. Teoricamente, a sobrevida do paciente é de 2 a 3 anos. 2. ELA esporádica: os principais sintomas são fraqueza e atrofia progressiva, fasciculações, câimbras, espasticidade, disartria, disfagia, dispneia, labilidade emocional, geralmente os quadros emocionais, geralmente, são consequências da doença, não faz parte da fisiopatologia afete diretamente áreas comportamentais. Sintomas associados: alterações psicológicas, alterações de sono, sintomas de hipoventilação crônica e, as vezes, o paciente pode evoluir com quadros álgicos e geralmente são decorrentes de posturas incômodas no leito, por exemplo, já que, na fisiopatologia, não há alterações sensitivas significativas. Diagnóstico: divide a sintomatologia do paciente em quatro regiões (tronco, cervical, torácico e lombossacra). ELA definitiva: Sinais de NMS e NMI pelo menos em três regiões (Ex.: perda de força em MSD – cervical – e MID – lombar – com disartria – tronco). ELA provável: sinais de NMS
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