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O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 1 Apresentação ................................................................................................................................ 6 Aula 1: Direito processual ............................................................................................................. 7 ............................................................................................................................. 7 Introdução ................................................................................................................................ 8 Conteúdo Estado monopolista........................................................................................................... 8 Separação de poderes ...................................................................................................... 9 Função jurisdicional .......................................................................................................... 9 Princípios da jurisdição ................................................................................................... 12 Atividade proposta .......................................................................................................... 14 A criação do Código de Processo Civil........................................................................ 15 Histórico do Código de Processo Civil ........................................................................ 16 A concepção do novo Código de Processo Civil ...................................................... 23 Objetivos do novo Código Processual Civil ............................................................... 25 Atividade proposta .......................................................................................................... 27 ........................................................................................................................... 27 Referências ......................................................................................................... 28 Exercícios de fixação Chaves de resposta ..................................................................................................................... 33 ..................................................................................................................................... 33 Aula 1 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 33 Aula 2: Movimentos de acesso à justiça ..................................................................................... 36 ........................................................................................................................... 36 Introdução .............................................................................................................................. 37 Conteúdo Acesso a Justiça – um direito social ............................................................................ 37 Princípios do acesso à justiça ........................................................................................ 39 Princípios do acesso à justiça - acessibilidade........................................................... 39 Princípios do acesso à justiça - operosidade ............................................................. 40 Princípios do acesso à justiça - utilidade .................................................................... 40 Princípios do acesso à justiça - proporcionalidade .................................................. 42 A prática das mudanças ................................................................................................. 42 Efetividade da prestação judicial .................................................................................. 43 Reformas do Código de Processo Civil ....................................................................... 43 Princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa ............................. 46 Lei 11.276/06 ..................................................................................................................... 48 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 2 Súmulas ............................................................................................................................. 50 Acesso ao judiciário ........................................................................................................ 51 Lei nº 11.280/2006 – cláusula de eleição de foro ..................................................... 52 Lei nº 11.280/2006 – utilização dos meios eletrônicos na prática de atos processuais ....................................................................................................................... 54 Lei nº 11.280/2006 – resolução de mérito.................................................................. 55 Lei 11.280/2006 – ação rescisória ................................................................................ 57 Atividade proposta .......................................................................................................... 58 ........................................................................................................................... 60 Referências ......................................................................................................... 61 Exercícios de fixação Chaves de resposta ..................................................................................................................... 68 ..................................................................................................................................... 68 Aula 2 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 68 Aula 3: Princípios processuais constitucionais ............................................................................ 70 ........................................................................................................................... 70 Introdução .............................................................................................................................. 71 Conteúdo Importância dos princípios no direito processual ..................................................... 71 Princípios processuais mais relevantes ....................................................................... 72 Devido processo legal ..................................................................................................... 72 Isonomia ............................................................................................................................ 75 Juiz natural ....................................................................................................................... 75 Inafastabilidade do controle jurisdicional ................................................................... 76 Publicidade dos atos processuais ................................................................................. 77 Motivação das decisões judiciais .................................................................................. 78 Duração razoável do processo...................................................................................... 81 Código de processo civil – nova ideologia ................................................................ 84 Necessidade de renovação do direito processual .................................................... 87 Processo justo .................................................................................................................. 88 Garantias fundamentais .................................................................................................89 Motivação das decisões judiciais .................................................................................. 89 Garantias fundamentais ................................................................................................. 90 Atividade proposta .......................................................................................................... 92 ........................................................................................................................... 93 Referências ......................................................................................................... 95 Exercícios de fixação Notas ......................................................................................................................................... 100 Chaves de resposta ................................................................................................................... 101 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 3 ................................................................................................................................... 101 Aula 3 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 101 Aula 4: O processo justo ............................................................................................................ 104 ......................................................................................................................... 104 Introdução ............................................................................................................................ 105 Conteúdo Garantias individuais e estruturais.............................................................................. 105 A ideia do contraditório ................................................................................................ 106 O princípio do contraditório ........................................................................................ 107 Democratização do sistema de aplicação da tutela ............................................... 108 Devido processo legal ................................................................................................... 110 Essência do contraditório ............................................................................................ 110 Contraditório – garantia de ciência bilateral............................................................ 111 Contraditório - premissas ............................................................................................ 112 Revalorização do contraditório ................................................................................... 115 Garantia ........................................................................................................................... 117 Inovações do CPC ......................................................................................................... 119 Doutrina e jurisprudência ............................................................................................ 121 Atividade proposta ........................................................................................................ 122 ......................................................................................................................... 123 Referências ....................................................................................................... 125 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 131 ................................................................................................................................... 131 Aula 4 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 131 Aula 5: O processo eletrônico ................................................................................................... 134 ......................................................................................................................... 134 Introdução ............................................................................................................................ 135 Conteúdo Processo eletrônico - definição .................................................................................. 135 Evolução legislativa ....................................................................................................... 135 Lei nº 9.800/99 ............................................................................................................... 135 Prática de atos processuais por meio eletrônico .................................................... 137 Decisões disponíveis em mídia eletrônica ................................................................ 138 Disciplinando o processo eletrônico ......................................................................... 139 Lei de Informatização do Judiciário .......................................................................... 139 Lei nº 11.419/06 .............................................................................................................. 141 Conselho Nacional de Justiça ..................................................................................... 142 Tabelas processuais ...................................................................................................... 143 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 4 Revolução do Judiciário pátrio ................................................................................... 144 Instituição do sistema processo judicial eletrônico ................................................ 145 Projeto do novo CPC e o processo eletrônico ........................................................ 148 Atividade proposta ........................................................................................................ 152 ......................................................................................................................... 153 Referências ....................................................................................................... 154 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 160 ................................................................................................................................... 160 Aula 5 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 160 Aula 6: Tutela de urgência ......................................................................................................... 163 ......................................................................................................................... 163 Introdução ............................................................................................................................ 164 Conteúdo Tutela de urgência - considerações .......................................................................... 164 Tutela antecipada .......................................................................................................... 165 Tutela cautelar................................................................................................................ 168 Tutela inibitória .............................................................................................................. 172 O novo CPC e a tutela de urgência ............................................................................ 173 Tutela antecipada – Artigos 296 a300...................................................................... 175 Tutela antecipada – Artigos 301 a 305 ...................................................................... 176 Tutela de evidência – Artigo 306................................................................................ 178 Tutela cautelar – Artigos 307 a 312 ............................................................................ 178 Atividade proposta ........................................................................................................ 179 ......................................................................................................................... 181 Referências ....................................................................................................... 182 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 189 ................................................................................................................................... 189 Aula 6 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 189 Aula 7: Novo procedimento cognitivo ...................................................................................... 192 ......................................................................................................................... 192 Introdução ............................................................................................................................ 193 Conteúdo Procedimento do CPC .................................................................................................. 193 Petição inicial .................................................................................................................. 193 Sentença terminativa .................................................................................................... 195 Princípio da estabilidade da demanda ....................................................................... 195 Matéria controvertida unicamente de direito .......................................................... 197 Dupla conformidade ..................................................................................................... 198 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 5 Providências preliminares ............................................................................................ 198 Audiência preliminar ..................................................................................................... 199 Petição inicial e o pedido ............................................................................................. 201 Legitimidade ................................................................................................................... 203 Grupos de restrições ..................................................................................................... 204 Agravo de instrumento ................................................................................................. 206 Atividade proposta ........................................................................................................ 209 ......................................................................................................................... 210 Referências ....................................................................................................... 211 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 216 ................................................................................................................................... 216 Aula 7 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 216 Aula 8: Novo procedimento cognitivo ...................................................................................... 219 ......................................................................................................................... 219 Introdução ............................................................................................................................ 220 Conteúdo Processo – instrumento de satisfação ....................................................................... 220 Sistema processual ........................................................................................................ 220 Rigor formal e objetivos do ato .................................................................................. 221 Flexibilização procedimental ....................................................................................... 222 Alternativas e não cumulativas ................................................................................... 225 Carga dinâmica .............................................................................................................. 228 Atividade proposta ........................................................................................................ 230 ......................................................................................................................... 231 Referências ....................................................................................................... 233 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 239 ................................................................................................................................... 239 Aula 8 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 239 Conteudista ............................................................................................................................... 242 O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 6 Nesta disciplina apresentaremos as principais características do Projeto do novo Código de Processo Civil. Examinaremos a evolução legislativa, desde o anteprojeto até a versão final do Senado Federal, em uma perspectiva comparativa com o texto do Código atual. Analisaremos os principais tópicos, passando pelas garantias fundamentais, poderes do juiz, adoção do sistema de precedentes, além das principais modificações que serão introduzidas no procedimento comum. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Apresentar uma visão geral do Projeto do novo Código de Processo Civil Brasileiro, traçando linhas de comparação com o texto atual; 2. Enfocar algumas das questões mais relevantes do novo CPC, tais como as garantias constitucionais aplicadas, os poderes do juiz, a flexibilidade procedimental e a carga dinâmica da prova; 3. Capacitar o aluno a se preparar para a mudança legislativa a partir do exame das novas tendências doutrinárias e jurisprudenciais. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 7 Introdução Nesta aula, veremos as principais mudanças pelas quais tem passado o moderno processo civil brasileiro. A partir da noção de neoconstitucionalismo, é proposto um novo alcance para o termo jurisdição. Isto é visto não apenas diante das recentes reformas na legislação processual, mas, sobretudo, ante a perspectiva de um novo Código de Processo Civil que se avizinha. Objetivo: 1. Apresentar uma nova feição para a jurisdição neoconstitucional; 2. Examinar as recentes reformas na legislação processual brasileira e abordar as premissas do novo CPC.O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 8 Conteúdo Estado monopolista Originariamente, a fraqueza do Estado permitia apenas que este estabelecesse os direitos. Diante desse cenário, cabia aos titulares desses direitos as suas próprias defesas e efetivações por meio da justiça privada, impossibilitando a almejada paz social. Porém... A insegurança gerada pela justiça privada desencadeou o fortalecimento do Estado e o aprimoramento da correta concepção de Estado de Direito, desenvolvendo maior apreciação pela Justiça Pública ou Justiça Oficial. Com isso, o Estado apropriou-se do encargo de definir, aplicar e executar o direito, quando injustamente resistidos, de forma monopolista. Segundo Humberto Theodoro Jr., a ampla aceitação e obediência à ordem jurídica pelos membros da coletividade dão-se porque estas se estabeleceram fundamentadas na garantia da paz social e do bem comum, o que autoriza ao Estado, diante de uma transgressão a essas garantias, a adoção de medidas de coação, tendo em vista a proteção do ordenamento e sua credibilidade. No direito romano, diante da necessidade de proteger e defender direitos aos titulares do direito lesado era permitido invocar junto aos magistrados os institutos da actio e da interdicta. Tais institutos eram, contudo, medidas de ordem administrativa exercidas pelo praetor romano, o que depõe traços diversos da jurisdição que temos conhecimento e demonstra que, segundo a doutrina mais antiga, apenas a actio teria natureza jurisdicional. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 9 Atenção Como se sabe, a jurisdição (jurisdictio, em latim) traduz-se na “ação de dizer o direito”; resulta da soberania do Estado e, junto às funções administrativa e legislativa, compõe as funções estatais típicas. Separação de poderes Não obstante, o entendimento das funções do Estado Moderno está rigorosamente associado à célebre obra de Montesquieu, O Espírito das Leis. Essa obra mostra que o Estado seria representado pela separação dos poderes. Atualmente, vem prevalecendo a ideia de que o poder, como expressão da soberania estatal, é, na verdade, uno e indivisível. Na concepção da doutrina mais moderna, a clássica expressão “separação de poderes” deve ser interpretada como uma divisão funcional de poderes. Convencionalmente chamada de funções do Estado, a divisão compreende, por conseguinte, as funções legislativa, administrativa e jurisdicional. Respectivamente, essas são as chamadas funções típicas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Função jurisdicional Segundo dispõe a Convenção Americana de Direitos Humanos, a função jurisdicional deve ser exercida por um "tribunal imparcial" lato sensu, que, nas palavras de Leonardo Greco, "é aquele dotado de dois atributos, que são notas essenciais da jurisdição, quais sejam: independência e imparcialidade em sentido estrito“. Com isso, conclui-se que é uma função exclusiva de magistrados. A partir dessa ideia, podemos identificar a jurisdição como sendo, simultaneamente: O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 10 Um poder: capacidade de impor suas decisões imperativamente. Uma função: como encargo que o Estado assume de pacificar os conflitos sociais. Uma atividade. Corroborando com o exposto até então, Candido Rangel Dinamarco ressalta que a jurisdição não consiste em um poder, mas, sim, o próprio poder estatal, que é uno. A jurisdição apresenta as seguintes características: Função de atuação do direito objetivo na composição dos conflitos de interesses, tornando-os juridicamente irrelevantes ao ato emanado, em regra, do Poder Judiciário. Atividade exercida mediante provocação. Particularização. Imparcial. Imutável. Segundo Chiovenda, jurisdição é a função estatal que tem por finalidade a atuação da vontade concreta da lei, substituindo a atividade do particular pela intervenção do Estado. Em sendo a jurisdição uma atividade de substituição, há de existir algo a ser substituído para que se possa caracterizá-la. Este entendimento segue a doutrina positivista e reduz drasticamente os poderes do juiz, pois a vontade do povo é expressa pela lei, a qual é o produto da atividade do legislador. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 11 Em oposição, coloca-se a teoria constitutiva ou unitarista do ordenamento jurídico. Francesco Carnelutti, adepto da teoria, afirma que a jurisdição é a função do Estado que busca a justa composição da lide, caracterizada pela exigência de subordinação do interesse alheio ao interesse próprio, bem como pela resistência da outra parte. Nessa visão, só haveria processo e jurisdição se houvesse lide. Em conclusão, não existiria um direito até que o Poder Judiciário – e não o Poder Legislativo – o conferisse, de modo que a jurisdição teria o intuito de resolver o litígio. Há, contudo, alguns doutrinadores que acabaram por reunir os conceitos de ambas as escolas, por entenderem complementares e não excludentes, como Moacyr Amaral Santos, ao conceituar o processo como "o complexo de atos coordenados, tendentes à atuação da vontade da lei às lides ocorrentes, por meio dos órgãos jurisdicionais".1 O conceito de lide de Carnelutti desenvolve-se a partir da ideia de que, se a pretensão2 é a "subordinação de um interesse alheio ao interesse próprio", a resistência seria justamente a inconformidade dessa pretensão em frente ao interesse alheio. Diante dessa afirmativa, formou-se o famoso conceito de lide, segundo o qual seu objeto seria o conflito de interesses formado pela contestação quanto à necessidade de subordinação de um interesse a outro. Por fim, necessário fazer a referência à obra de Luiz Guilherme Marinoni,3 que vem retomando a ideia de um Processo Civil constitucionalizado, revendo os conceitos tradicionais de jurisdição apresentados pelos mestres italianos. Marinoni sustenta que "diante da transformação da concepção de direito, não há mais como sustentar as antigas teorias da jurisdição, que reservavam ao juiz a função de declarar o direito ou de criar a norma individual, submetidas que eram ao princípio da supremacia da lei e ao positivismo acrítico. O Estado 1 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. 25. ed. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 13. 2 CARNELUTTI, Francesco. Instituições do Processo Civil. Tradução Adrián Sotero de Witt Batista. v. 1. Campinas: Servanda, 1999. p. 80-81. 3 MARINONI, Luiz Guilherme. A jurisdição no Estado contemporâneo: Estudos de direito processual civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 13-66. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 12 constitucional inverteu os papéis da lei e da Constituição, deixando claro que a legislação deve ser compreendida a partir dos princípios constitucionais de justiça e dos direitos fundamentais. Expressão concreta disso são os deveres de o juiz interpretar a lei de acordo com a Constituição, de controlar a constitucionalidade da lei, especialmente atribuindo-lhe novo sentido para evitar a declaração de inconstitucionalidade, e de suprir a omissão legal que impede a proteção de um direito fundamental". Assim, facilmente apreende-se por todo o exposto que não é possível conceber nos dias atuais a atividade jurisdicional divorciada dos princípios constitucionais, em especial os princípios do acesso à justiça e da dignidade da pessoa humana. Pela Teoria da Jurisdição Constitucional, a jurisdição teria como objeto primárioa garantia da aplicação dos princípios constitucionais àquele processo. A lei não mais seria o centro do conceito de jurisdição. A partir dessa mudança, surge a expressão do juiz garantista – muito usada no processo penal – como sendo aquele que está preocupado em aplicar os princípios e garantias constitucionais. As principais características da jurisdição, capazes de distingui-la das demais funções estatais e que, em regra, estão presentes em todas as suas manifestações, são: a inércia, a substitutividade e a natureza declaratória.4 Princípios da jurisdição A jurisdição se caracteriza, ainda, pelos princípios abaixo: Investidura O princípio da investidura está ligado à forma de ingresso dos legitimados a exercer o poder. O juiz precisa estar investido na função jurisdicional para exercer a jurisdição, ou seja, ele precisa ter sido aprovado em um concurso de provas e títulos, como estabelece o artigo 37, II, CF. De acordo com o artigo 132, CPC, no caso de o juiz estar licenciado, afastado, aposentado ou 4 Tal classificação não goza de unanimidade na doutrina, havendo quem sustente serem características a lide (partidários da doutrina de Carnelutti), a secundariedade e a definitividade. Assim, conforme Michel Temer, a definitividade seria a característica primordial da jurisdição. TEMER, Michel. Elementos de direito constitucional. 11. Ed. São Paulo: Malheiros, 1998. p. 161. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 13 convocado, ele não estará mais investido de jurisdição, não podendo mais prestá-la. Nesses casos, será incabível a aplicação da teoria da aparência, já que não existe investidura na jurisdição. Territorialidade Pelo princípio da territorialidade, o juiz só pode exercer a jurisdição dentro de um limite territorial fixado na lei. A exceção a esse limite está prevista apenas no artigo 107, CPC, segundo o qual a competência do juiz prevento prorroga-se para a parte do imóvel que esteja localizado em Estado ou comarca diversa, e no artigo 230, CPC, que prevê que atos de citação poderão ser cumpridos pelos oficiais de Justiça em comarcas contíguas, que não aquela da competência do juízo. Indeclinabilidade O princípio da indeclinabilidade consiste no fato de que o juiz não se pode furtar a julgar a causa que lhe é apresentada pelas partes. Trata-se da chamada proibição de o juiz proferir o non liquet, ou seja, afirmar a impossibilidade de julgar a causa por inexistir dispositivo legal que regula a matéria. Esse princípio está previsto no artigo 126, CPC. Ademais, em um desdobramento lógico do princípio do juiz natural e da improrrogabilidade, é vedado o exercício da jurisdição a quem dela não esteja previamente investido, segundo a lei e a Constituição. Indelegabilidade A indelegabilidade é a vedação que se aplica integralmente no caso do poder decisório, pois violaria a garantia do juiz natural. Há, porém, hipóteses em que se autoriza a delegação de outros poderes judiciais, como o poder instrutório, poder diretivo do processo e poder de execução das decisões. São exemplos os casos previstos no artigo 102, I, m, e no artigo 93, XI, ambos da CF. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 14 Inafastabilidade Um dos mais importantes princípios para o presente estudo é o da inafastabilidade da apreciação pelo Poder Judiciário (artigo 5º, XXXV, CF), que se fundamenta na ideia de que o direito de ação é abstrato e não se vincula à procedência do que é alegado. Não há matéria que possa ser excluída da apreciação do Judiciário, salvo raríssimas exceções previstas pela própria Constituição, vide artigo 52, I e II. Juiz natural O princípio do juiz natural consiste na exigência da imparcialidade e da independência dos magistrados. Essa garantia deve alcançar, inclusive, o âmbito administrativo, tanto em relação aos juízes dos tribunais administrativos quanto às autoridades responsáveis pela decisão de requerimentos nas repartições administrativas. Atividade proposta (MP/RJ – XXXI CONCURSO 2009). O Ministério Público ajuizou ação civil pública visando a obrigar determinado Município a fornecer medicamentos necessários à manutenção da vida de pessoas idosas enfermas e com deficiência física, mas com o necessário discernimento para os atos da vida civil. Em contestação, alegou-se ilegitimidade ativa por se tratar de direitos individuais de pessoas com plena capacidade para seus atos, bem como impossibilidade jurídica do pedido por ausência de determinação da fonte de custeio e por se tratar de tema afeto à discricionariedade administrativa. Acolhendo tais argumentos, o juiz extinguiu o processo sem resolução do mérito e remeteu os autos ao Tribunal para reexame necessário, não tendo havido recurso do Ministério Público. Por não haver necessidade de provas, o Tribunal reformou a sentença e julgou o mérito do processo favoravelmente ao Ministério Público, excluindo a condenação em honorários advocatícios em razão da natureza da parte autora. Manifeste-se objetivamente sobre as decisões judiciais. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 15 Chave de resposta: A questão trata das chamadas prestações sociais positivas, ou seja, hipóteses nas quais o Poder Judiciário é chamado a sanar uma omissão do Poder Executivo no que se refere à implementação de uma garantia constitucional. O candidato deve abordar questões, como: a legitimidade do M. P., o uso da ação civil pública para proteger o direito à saúde (previsto em sede constitucional), a figura do recurso ex officio e a teoria da causa madura, prevista nos parágrafos 3º e 4º do artigo 515 do CPC. A criação do Código de Processo Civil O atual Código de Processo Civil, introduzido em nosso ordenamento jurídico pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, foi baseado no anteprojeto de autoria de Alfredo Buzaid. Inaugurou‑se a fase instrumental, pela qual o processo não seria um fim em si mesmo, mas um instrumento para assegurar direitos. Com isso, surgiu a relativização das nulidades e a liberdade das formas para maior efetividade da decisão judicial. Para Buzaid, mais fácil se afigurava a criação de um novo Código Processual Civil que a correção do já existente, devido não só à pluralidade e diversidade de leis processuais então vigentes, mas também à necessidade de serem supridas diversas lacunas e falhas do Código de 1939, que o impediam de funcionar como instrumento de fácil manejo no auxílio à administração da Justiça. O CPC de 1973 permanece em vigor até hoje. Contudo, sofreu inúmeras alterações, sobretudo a partir do início da década de 1990, quando iniciou-se a chamada Reforma Processual, processo fragmentado em dezenas de pequenas leis que se destinam a fazer mudanças pontuais e ajustes “cirúrgicos”. Nas telas seguintes, você analisará o movimento do legislador brasileiro em prol das reformas processuais, sobretudo a partir da Emenda nº 45/04. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 16 Histórico do Código de Processo Civil 2004 Em dezembro de 2004, depois de intensos debates, foi finalmente aprovada e editada a Emenda Constitucional nº 45, que traz em seu bojo a chamada “Reforma do Poder Judiciário”. Tal diploma inclui no Texto Constitucional temas relevantes, tais como: a garantia da duração razoável do processo, a federalização das violações aos direitos humanos, a súmula vinculante, a repercussão geral da questão constitucional como pressuposto para a admissibilidade do recurso extraordinário e os Conselhos Nacionaisda Magistratura e do Ministério Público. Anexo ao texto da Reforma é assinado pelos Chefes dos Três Poderes da República um “pacto” em favor de um Judiciário mais rápido, eficiente e Republicano. Esse pacto trouxe um novo pacote de reformas ao CPC, o que denotou, de maneira bem clara, que as modificações até então empreendidas não haviam sido suficientes para a efetiva melhora na qualidade da prestação jurisdicional. 2005 Vários projetos foram, então, encaminhados ao Congresso Nacional, principalmente pelo Instituto Brasileiro de Direito Processual Civil, originando outras alterações, dentre as quais: Lei nº 11.187/2005: alterou novamente o regime do agravo. Lei nº 11.232/2005: deu novo tratamento à execução, por quantia certa fundada em sentença, estendendo a essa a comunhão entre as instâncias cognitiva e executória, consagrando o sincretismo como regra, antes relegado à figura de situação excepcional no cenário executivo brasileiro. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 17 2006 No ano de 2006, novas alterações foram feitas em virtude de outros diplomas, que também enviaram novos projetos ao Congresso Nacional. Confira: • Lei nº 11.277/2006: dispõe sobre uma nova e polêmica hipótese de sentença liminar; • Lei nº 11.276/2006: inseriu no nosso ordenamento a denominada súmula obstativa de recurso e alterou disposições relativas à apelação; • Lei nº 11.280/2006: incluiu no texto do Código diversas disposições de relevo; • Lei nº 11.341/2006: alterou o parágrafo único do artigo 541, CPC; • Lei nº 11.382/2006: criou nova sistematização para a execução fundada em títulos extrajudiciais; • Lei nº 11.417/2006: disciplina a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal; • Lei nº 11.418/2006: acrescenta dispositivos que regulamentam o §3º do artigo 102 da Constituição Federal; • Lei nº 11.419/2006: dispõe sobre a informatização do processo judicial. 2007 No ano de 2007, mais alterações foram feitas em virtude de outros diplomas, que também enviaram novos projetos ao Congresso Nacional. Lei nº 11.441/2007: simplifica o procedimento para o inventário, partilha, separação e divórcio consensuais; Lei nº 11.448/2007: atribui legitimidade à Defensoria Pública para a propositura de ação civil pública. 2008 Em 2008, também houve alterações oriundas de novos projetos enviados ao Congresso Nacional por diplomatas. São elas: O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 18 Lei nº 11.672/2008: inseriu a letra c no artigo 543, CPC, regulamentando o julgamento pelo STJ dos processos repetitivos. Lei nº 11.694/2008: alterou os arts. 649 e 655-‑A ao tratar da execução de dívidas dos Partidos Políticos. No período de julho de 2008 a fevereiro de 2010, diversas leis e duas emendas constitucionais trouxeram alterações relevantes para o processo civil. A Lei nº 11.737, de 14 de julho de 2008, alterou a redação do artigo 13 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), que previa que as transações de alimentos celebradas perante o Promotor de Justiça, e por ele referendadas, terão efeito de título executivo extrajudicial, dispensando a parte, em caso de descumprimento do acordo, de ajuizar uma ação de conhecimento para discutir os alimentos devidos, a fim de avançar para a cobrança do que foi celebrado no acordo. A alteração passou a prever que a transação de alimento firmada perante Defensor Público, e por ele referendada, também terá valor de título executivo extrajudicial. 2009 No ano 2009, foi assinado o II Pacto Republicano. Em 13 de abril de 2009, foi assinado o II Pacto Republicano. O referido Pacto, assinado pelos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), em sua segunda versão, tem como objetivos o acesso à Justiça, especialmente dos mais necessitados (inciso I), o aprimoramento da prestação jurisdicional (inciso II) e o aperfeiçoamento e fortalecimento das instituições do Estado (inciso III). Como forma de concretizar esses objetivos, o Pacto traz várias medidas, sendo algumas delas a disciplina do mandado de segurança individual e coletivo, especialmente quanto à medida liminar e aos recursos, a conclusão das normas relativas ao funcionamento do Conselho Nacional de Justiça, o aprimoramento para maior efetividade ao pagamento de precatórios, a revisão das normas processuais, visando agilizar e simplificar o processamento das ações, através da restrição das hipóteses do reexame necessário e da redução dos recursos, o O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 19 fortalecimento da Defensoria Pública, a revisão da lei da ação civil pública, e a instituição dos Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Em 29 de julho de 2009, a Lei nº 12.008 dispôs sobre a prioridade concedida à pessoa idosa. A referida lei confere prioridade no trâmite processual a todos os procedimentos em que figure como parte pessoa idosa, assim entendida como aquela que tiver 60 anos ou mais; pessoa portadora de deficiência física ou mental e pessoas com doenças graves, descritas no inciso IV do art. 69-A da Lei nº 9.784/99, que regula o processo no âmbito da Administração Pública Federal, ainda que estas doenças tenham sido contraídas no curso do processo. A referida lei dispõe, ainda, que as pessoas nessas situações deverão comprovar sua condição e, ainda que faleçam no curso do processo, a prioridade permanecerá, estendendo-se tal benefício a seus sucessores. Em 7 de agosto de 2009, concretizando uma das previsões do II Pacto Republicano (item 1.5), entrou em vigor a Lei nº 12.016. A referida lei revogou diversas leis já existentes, dentre elas a Lei nº 1.533/51, que dispunha sobre o mandado de segurança individual, e passou a dispor não só sobre o mandado de segurança individual como, regulamentando os incisos LXIX e LXX do art. 5º da Constituição Federal, em dois artigos, passou a dispor também sobre o mandado de segurança coletivo. No que tange ao mandado de segurança coletivo, a Lei nº 12.016, como mencionado, regulamentou, em seus arts. 21 e 22, os dispositivos constitucionais, dispondo sobre a legitimação para o mandado de segurança coletivo, o objeto, a coisa julgada, a litispendência e a necessidade de oitiva da pessoa jurídica de direito público, prevendo a aplicação das disposições sobre o mandado de segurança individual no que houver compatibilidade. Contudo, o legislador limitou a previsão do mandado de segurança coletivo apenas aos direitos coletivos e individuais homogêneos, sem que esta restrição tenha qualquer base constitucional. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 20 Em 15 de dezembro de 2009, a Lei nº 12.122 incluiu às causas de procedimento sumário as de revogação da doação, incluindo o inciso g ao art. 275, CPC. No dia seguinte, 16 de dezembro de 2009, a Lei nº 12.126 veio ampliar o rol de legitimados a propor ações nos Juizados Especiais Cíveis no âmbito estadual, fazendo acréscimos ao § 1º do art. 8º da Lei nº 9.099/95 para prever também como legitimados a serem partes nos juizados estaduais as pessoas físicas capazes, desde que excluídos os cessionários das pessoas jurídicas (inciso I), as microempresas, segundo definição da Lei nº 9.841/99 (inciso II) e as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, assim qualificadas pela Lei nº 9.790/99 (inciso III). Ainda em dezembro de 2009, mais uma lei trouxe alterações à redação da Lei nº 9.099/95, que dispõe sobre os Juizados Especiaisno âmbito estadual: a Lei nº 12.137, de 18 de dezembro de 1999. A referida lei alterou o art. 9º, § 4º, da Lei nº 9.099, que previa que, no caso de o réu ser pessoa jurídica, poderia ser representado por preposto para especificar que este deve estar munido de carta de preposição, com poderes de transigir, mas que não precisa ter vínculo empregatício. A Lei nº 12.153, de 22 de dezembro de 2009, realizando a previsão do item 3.3 do II Pacto Republicano, previu a criação de Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, sendo que estes, junto com os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, passarão a integrar o “Sistema dos Juizados Especiais”. 2010 Em 14 de janeiro de 2010, a Lei nº 12.195 alterou os incisos I e II do artigo 990, CPC, possibilitando que sejam nomeados como inventariantes o cônjuge casado sob o regime da comunhão de bens, que estivesse convivendo com o O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 21 outro ao tempo de sua morte, e o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio, se não houver cônjuge supérstite. Em setembro de 2010, a Lei nº 12.322, que entrou em vigor em dezembro de 2010, transformou o agravo de instrumento interposto contra decisão que não admite recurso extraordinário ou especial em agravo nos próprios autos, alterando dispositivos do Código de Processo Civil. Não se tratou de mera alteração formal do agravo, já que, agora, o recurso não chega ao Tribunal Superior por instrumento. Não são remetidas as cópias dos autos principais para os Tribunais Superiores, mas, sim, os próprios autos. Diante da alteração legislativa, o próprio Supremo Tribunal Federal, em 1º de dezembro de 2010, modificou seu Regimento Interno para prever uma nova classe processual, denominada recurso extraordinário com agravo. Em 29 de novembro de 2010, não há uma nova lei, mas uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que recebeu o nº 125, tratando de formas de solução de conflitos no Poder Judiciário. A resolução enfatiza a conciliação e a mediação como instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, sem, contudo, deixar de se referir a outros meios de solução de conflitos e se preocupa com a excessiva judicialização dos conflitos de interesses. Já em dezembro de 2010, a Lei nº 12.376 alterou apenas a ementa do Decreto nº 4.657/42, também conhecida como Lei de Introdução ao Código Civil (LICC). Mais do que uma lei de introdução ao Código Civil, o referido diploma trata da regra geral de aplicação das normas, trazendo, inclusive, regras relevantes para o processo internacional e, por isso, a alteração veio apenas para dispor que o diploma, mais do que uma introdução ao Código Civil, deve se chamar “Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro”. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 22 Todavia, não foram apenas essas novas leis em 2010 que caracterizaram menos alterações do que no ano anterior. Neste ano, houve também uma Emenda Constitucional, a EC nº 66, que trouxe impacto relevante não só para o Direito Civil, mas também para o Processo Civil. A partir da Emenda Constitucional nº 66/2010, surgiram inúmeras divergências no Direito Civil que influenciaram os procedimentos judicial e extrajudicial de separação e de divórcio. Alguns civilistas afirmam que teria acabado a separação no Brasil, enquanto outros acreditam que não se colocou fim à separação, mas apenas suprimiu os requisitos de 1 (um) ano de separação judicial para o requerimento do divórcio ou de 2 (dois) anos de separação de corpos para o divórcio direto. Em consequência, questionou-se qual seria a previsão dos procedimentos extrajudiciais a partir da Emenda Constitucional nº 66, se haveria a previsão de separação e de divórcio pela via extrajudicial ou apenas de divórcio direto. Em resposta ao pedido de providência ao Conselho Nacional de Justiça, feito pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família, solicitando que a Resolução nº 35 do CNJ, que regulamenta os procedimentos extrajudiciais, fosse adequada à Emenda Constitucional, ficou definido que o art. 53 da referida resolução estaria revogado e o art. 52 manteve a possibilidade de se requerer tanto a separação como o divórcio direto pela via extrajudicial. 2011 No dia 2 de junho de 2011, foi elaborada uma resolução conjunta do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) com o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), prevendo a criação de um cadastro nacional de informações de ações coletivas, inquéritos civis e termos de ajustamento de conduta. A referida resolução previa que tais informações ficassem disponíveis na rede mundial de computadores até o dia 31 de dezembro de 2011, apresentando informações sobre todos os procedimentos que estavam em curso à época. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 23 2012 Lei nº 12.665, de 13 de junho de 2012 Dispôs sobre a criação da estrutura permanente para as Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais. A concepção do novo Código de Processo Civil Através do fluxograma abaixo, conheça as etapas que foram necessárias para desenvolvimento do novo CPC. Criação do Projeto de Lei O P. L. nº 8.046/2010, que almeja a edição de um novo Código de Processo Civil, foi elaborado por uma comissão composta por diversos juristas, que concluiu, em dezembro de 2009, a primeira fase de seus trabalhos. Em seguida, submeteu a proposta elaborada a oito audiências públicas, que resultaram na análise de mais de mil sugestões e, finalmente, ao processo legislativo. Constituição da Comissão do Senado O projeto foi apresentado ao presidente do Senado no dia 8 de junho de 2010, como PL nº 166/2010. Foi, então, constituída uma comissão no Senado para apresentar emendas ao projeto até o dia 27 de agosto de 2010 e, em novembro de 2010, já havia a divulgação dos relatórios parciais sobre o projeto. Projeto Substitutivo O relatório da Comissão do Senado, no dia 24 de novembro de 2010, veio com a apresentação de um projeto substitutivo, o PLS nº 166/2010, do Senador Valter Pereira, que foi aprovado no Senado no dia 15 de dezembro de 2010, após algumas mudanças no texto do projeto substitutivo. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 24 Julgado o requerimento de criação da Comissão Em 5 de julho, já na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, o Requerimento nº 1.560/2011, de criação de comissão especial para análise do projeto de lei, é julgado prejudicado, tendo em vista a determinação de instalação da Comissão Especial. Realização de consulta pública Houve uma consulta pública, oportunizando a todos que desejassem se manifestar sobre quaisquer dispositivos do novo Código através da internet e, no dia 16 de junho, a Comissão Especial é criada, com 25 (vinte e cinco) membros titulares e igual número de suplentes, mais um titular e um suplente, atendendo ao rodízio entre as bancadas não contempladas. Em 1º de julho de 2011, é retificado o ato de criação da Comissão Especial para avaliar o projeto de novo Código, mas a correção é apenas no dispositivo do regimento interno da Câmara, mantendo-se a determinação de criação de uma Comissão Especial para avaliar o projeto. Requerimento de Comissão Especial para análise do PL O projeto foi, então, para a Câmara dos Deputados, como PL nº 8.046/2010, seguindo, no dia 5 de janeiro de 2011, para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. No dia 3 de fevereiro de 2011, o projeto estava na Coordenação de ComissõesPermanentes e, no dia 4 de maio de 2011, em plenário, foi requerida a nomeação de comissão especial para analisar o projeto para um novo Código de Processo Civil. Reescrita do texto do projeto de lei Designada a Comissão, a partir do segundo semestre de 2011, foram realizadas diversas reuniões e audiências públicas, tendo sido o texto dividido em cinco O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 25 partes, sob a relatoria parcial de cinco deputados. Substituído o Relator Geral pelo Dep. Paulo Teixeira, o texto foi redesenhado. Foram sistematizados: a versão inicial que chegou à Câmara (PL nº 8.046/2010), os relatórios parciais, o relatório Barradas e a Emenda nº 1. Apresentação do novo CPC em texto Em meados de junho daquele ano, foi idealizado o texto provisório com todas essas modificações. Ocorre que, em agosto, o Dep. Barradas reassumiu a relatoria do projeto e apresentou o relatório geral da Comissão Especial do Novo CPC, em texto de 17 de agosto. Aprovação do Novo Código de Processo Civil Já no ano de 2013, foram apresentadas duas novas versões, uma em janeiro e outra em junho. Em julho, o texto foi aprovado pela Comissão Especial e remetido ao pleno. Em dezembro de 2013 e março de 2014, foram apresentados e votados destaques. Finalmente, em 25 de março, foi votada e aprovada a versão final, que já foi devolvida ao Senado. Objetivos do novo Código Processual Civil Agora que você já compreendeu todo o histórico da concepção do novo Código Civil, veja quais benefícios esta mudança teve para toda a nação brasileira. Independentemente da versão a ser analisada, é possível dizer que a ideia norteadora do texto é a de conferir maior celeridade à prestação da justiça, atentando à premissa de que há sempre bons materiais da legislação anterior a serem aproveitados, mas, também, firme na crença de que são necessários dispositivos inovadores e modernizantes. O projeto, portanto, empenhou-se na criação de um “novo Código”, buscando instrumentos capazes de reduzir o número de demandas e recursos que tramitam pelo Poder Judiciário. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 26 O novo CPC abrange uma nova ideologia, um novo jeito de compreender o Processo Civil. Pela leitura do texto, é possível perceber a preocupação em sintonizar as regras legais com os princípios constitucionais, revelando a feição neoconstitucional e pós-positivista do trabalho. Os institutos são revistos, o procedimento é abreviado, os recursos são reservados para os casos relevantes, os precedentes passam a ter maior prestígio, o processo eletrônico é viabilizado, e a efetividade, finalmente, parece se tornar algo mais próximo e palpável. Tendo como premissa essa meta, construiu-se a proposta de instituição de um incidente de resolução de demandas repetitivas, objetivando evitar a multiplicação das solicitações, na medida em que o seu reconhecimento em uma causa representativa de milhares de outras idênticas imporá a suspensão de todas. Outra previsão é a redução do número de recursos hoje existentes, como a abolição dos embargos infringentes e do agravo, como regra, adotando-se no primeiro grau de jurisdição uma única impugnação da sentença final, oportunidade em que a parte poderá manifestar todas as suas discordâncias quanto aos atos decisórios proferidos no curso do processo, ressalvada a tutela de urgência impugnável de imediato por agravo de instrumento. A conciliação foi priorizada, incluindo-a como o primeiro ato de convocação do réu a juízo, uma vez que proporciona larga margem de eficiência em relação à prestação jurisdicional. As mudanças pensadas pela Comissão de juristas quando da elaboração do novo texto são diversas e objetivam não enfrentar centenas de milhares de processos, mas, antes, desestimular a ocorrência do volume atual de demandas, com o que visa tornar efetivamente alcançável a duração razoável dos processos. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 27 Atividade proposta A partir de uma visão neoconstitucional, identifique três importantes características da jurisdição contemporânea. Chave de resposta: Como pode ser visto no material de leitura, a jurisdição contemporânea é baseada nas seguintes premissas: preocupação em preservar as garantias constitucionais, busca pela efetivação do direito material, aumento dos poderes do juiz (sobretudo quanto à instrução, modulação temporal dos efeitos da decisão, deferimento de medidas de urgência, cautelares e satisfativas e gerenciamento do ônus da prova), respeito aos precedentes e decisão uniforme das questões idênticas e repetitivas. Referências BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Tendências Contemporâneas do Direito Processual Civil. In: Temas de Direito Processual: Terceira Série. São Paulo: Saraiva, 1984. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. v. 1. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 297. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. v. 1. São Paulo: Malheiros, 2001. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO PROJETO DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. PLS 166/10. Disponível em: http://www.senado.gov.br/novocpc>. FUX, Luiz. O Novo Processo Civil Brasileiro: direito em expectativa. Rio de Janeiro: Forense, 2011. GRECO, Leonardo. Instituições de Processo Civil. v. 1. Rio de Janeiro: Forense, 2009. GRECO, Leonardo. Instituições de Processo Civil. v. 1. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 67. MARINONI, Luiz Guilherme. A jurisdição no Estado contemporâneo: Estudos de direito processual civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. MONTESQUIEU. O espírito das leis. São Paulo: Nova Cultural, 1997. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 28 PINHO, H. D. B. ; Almeida, M. P. de. O Novo Ciclo de Reformas do CPC. v. 4. Rio de Janeiro: Quaestio Iuris, 2006. p. 53-75. SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Jurisdição e Execução na Tradição romano-canônica. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. p. 25. THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 52 ed. v. 1. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 45-46. Exercícios de fixação Questão 1 (VUNESP – 2012 – DPE-MS – Defensor Público) O princípio da inércia da jurisdição: a) É absoluto, sem possibilidade de sofrer qualquer forma de mitigação. b) Pode ser mitigado na jurisdição voluntária, mas não na contenciosa. c) Está presente mesmo na instauração de inventário de ofício. d) É consequência do princípio constitucional de devido processo legal. e) Nenhuma das alternativas acima. Questão 2 (CESPE – 2013 – TJ-MA – Juiz) No que concerne à Lei Processual Civil superveniente, assinale a opção correta. a) Encontrando-se o processo em curso, é facultado ao juiz aplicar a lei nova ou a lei anterior que melhor atenda à rápida solução da lide, amparado no princípio constitucional da celeridade processual. b) Nesse caso, aplica-se a regra do isolamento dos atos processuais, de modo que a lei nova é aplicada aos atos processuais pendentes, tão logo entre em vigor, respeitados os já praticados e seus efeitos. c) Os efeitos dessa lei atingem os processos ajuizados após a edição desta, não se aplicando a nova lei processual aos processos em curso. d) A nova regra processual editada no curso do processo não se aplica no grau de jurisdição em que o processo tramita, repercutindo-se os seus efeitos nos graus de jurisdição subsequentes. e) Nenhuma das alternativas acima. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 29 Questão 3 (FCC – 2013 – AL-PB – Procurador) O pedido do autor delimita a jurisdiçãoa ser prestada. O princípio processual que informa essa delimitação é o da: a) Duração razoável do processo b) Eventualidade c) Imparcialidade d) Adstrição ou congruência e) Celeridade ou economia processuais Questão 4 (VUNESP – 2014 – EMPLASA – Analista Jurídico) Entre os princípios constitucionais do processo, está o da ubiquidade, o qual determina que: a) Nenhuma ameaça ou lesão de direito individual ou coletivo será subtraída à apreciação do Poder Judiciário. b) O juiz deve tratar as partes de maneira isonômica, ainda que isto signifique tratar desigualmente os desiguais. c) O juiz, no exercício da função jurisdicional, deve se pautar por critérios de equidade, em todos os seus termos. d) Em caso de dúvida sobre quem tem razão, o juiz não poderá deixar de sentenciar, devendo aplicar a regra do ônus da prova. e) O juiz, no exercício da função jurisdicional, deve agir com imparcialidade, em todos os seus termos, permanecendo equidistante das partes. Questão 5 (CESPE – 2013 – TRT – 5ª Região (BA) – Juiz do Trabalho) Acerca dos princípios aplicáveis ao Processo Civil e do juízo de admissibilidade, assinale a opção correta. a) De acordo com o princípio da complementaridade, o magistrado está autorizado a aceitar as razões apresentadas após interposto o recurso, se isto não resultar prejuízo ao contraditório. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 30 b) Embora desprovida de vedação legal explícita, a regra da proibição da reformatio in pejus tem um de seus fundamentos no princípio do dispositivo. c) Caracteriza desistência tácita do direito de recorrer o cumprimento, pela parte vencida, de sentença suspensa em face do recebimento de recurso no duplo efeito. d) Caso a parte vencida tenha recorrido da sentença proferida, se sobrevier decisão, em embargos de declaração interpostos posteriormente, modificando o ato, o recurso poderá ser novamente interposto. e) Realizado juízo de admissibilidade de recurso especial pelo presidente do tribunal recorrido, o ato impede que o relator no tribunal destinatário o tenha por inadmissível. Questão 6 (TRF 4ª Região – 2000 – Juiz Federal Substituto) Considerar as seguintes afirmações, indicando, adiante, a alternativa correta: I – No processo civil moderno, não mais se admite o princípio da inércia da jurisdição. II – Em nosso sistema, a competência relativa é regida pelo princípio da perpetuatio jurisdictionis. III – Em nosso sistema, o princípio da demanda é aplicável tanto ao processo de conhecimento quanto ao processo de execução. a) As três afirmações estão inteiramente corretas b) Apenas as afirmações II e III estão inteiramente corretas c) Apenas a afirmação III está inteiramente correta d) Apenas a afirmação II está inteiramente correta Questão 7 Defensor Público de Classe Inicial. Princípio dispositivo no Direito Processual Civil. I) Contrapõe-se ao princípio inquisitivo, de modo que ao julgador é vedada iniciativa na produção de provas e na investigação dos fatos da causa, sob pena O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 31 de comprometimento da sua imparcialidade, buscando- se, no Processo Civil, apenas a verdade formal, com o reconhecimento do caráter mítico e utópico da verdade real. II) Com a modernização do Processo Civil, voltada, sobretudo, para a reaproximação entre direito material e processual, decorrência do movimento do acesso à justiça, o princípio dispositivo ganhou novos contornos, sendo permitido ao juiz determinar, de ofício, a produção de provas, mesmo que sejam determinantes para o resultado da causa. III) Embora o princípio dispositivo possua limitações, não é dado ao julgador, sob pena de comprometimento da sua imparcialidade e de violação à característica da inércia da jurisdição, determinar, de ofício, as provas necessárias à instrução do processo, devendo julgar com base na regra de distribuição do ônus da prova. IV) De acordo com o atual estágio do Processo Civil Brasileiro, marcado, notadamente, pelo caráter publicista, o princípio dispositivo, no que concerne à postura equidistante do julgador, está relacionado tanto com a propositura da ação e com a fixação dos contornos da lide quanto com a investigação dos fatos e com a produção de provas necessárias à instrução do processo. V) A publicização do processo e o fenômeno da judicialização da política imprimiram maior efetividade ao princípio dispositivo tanto no seu sentido material quanto formal, reduzindo as possibilidades de ser relativizado. Está correta a opção: a) I b) II c) III d) IV e) V Questão 8 (MPT – 2009 – MPT – Procurador do Trabalho) A propósito dos princípios gerais e fundamentais do Processo Civil, considere as seguintes proposições: O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 32 I – O direito processual constitucional abrange, de um lado, ( a ) a tutela constitucional dos princípios fundamentais da organização judiciária e do processo; de outro, ( b ) a jurisdição constitucional. II – O contraditório e ampla defesa são assegurados em todos os processos, inclusive administrativos, desde que neles haja litigantes ou acusados. III – A Constituição Federal de 1988 deu concretude à igualdade processual que decorre do princípio da isonomia, transformando-a no princípio da paridade de armas, mediante o equilíbrio dos litigantes no Processo Civil, sendo, todavia, vedado ao juiz determinar a produção de provas, sem requerimento das partes, por violar o princípio da imparcialidade. IV – Em ação civil de indenização por danos morais e materiais, em face do normatizado na Carta Magna, que considera inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos, a gravação de conversa telefônica feita por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversação, não é considerada prova ilícita. De acordo com as assertivas retro, pode-se afirmar que: a) O item I é certo e o item II é errado. b) O item I é errado e o item III é certo. c) O item III é errado e o item IV é certo. d) O item II é errado e o item III é certo. e) Não respondida. Questão 9 O princípio da inafastabilidade ou do controle jurisdicional expresso na Constituição Federal garante: a) O acesso ao Poder Judiciário a todos b) A ampla defesa às partes c) O juiz natural a todos d) O juiz imparcial a todos e) O poder diretivo do processo ao juiz O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 33 Questão 10 (ESAF – 2001 – SERPRO – Analista de Assuntos Jurídicos) Relativamente aos princípios constitucionais do Processo Civil, é correto afirmar que: a) O princípio do juiz natural consiste exclusivamente na proibição de tribunais de exceção. b) O princípio da igualdade é ofendido pelas normas legais que atribuem prerrogativas processuais à Fazenda Pública e ao Ministério Público. c) O princípio do contraditório tem o seu conteúdo limitado à ciência bilateral dos atos contrariáveis. d) O devido processo legal, no sentido unicamente processual, assegura o direito ao procedimento contraditório. e) A concessão de providência jurisdicional cautelar, sem a ouvida prévia da parte contrária, implica violação ao contraditório. Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: A inércia é uma das garantias fundamentais do devido processo legal e deve ser observada em todos os procedimentos. Mesmo nas hipóteses nas quais haja autorização pontual para a iniciativa do magistrado, o princípio da inércia deve ser observado nasdemais situações. Questão 2 - B Justificativa: É a regra prevista no artigo 1.211 do CPC. Trata-se de garantia relativa aos atos jurídicos perfeitos, e decorrente da segurança jurídica. Questão 3 - D Justificativa: É a decorrência do princípio da inércia e da correlação entre o pedido e a sentença, previsto no arts. 2º e 128 do CPC. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 34 Questão 4 - A Justificativa: O princípio, também conhecido como princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, está previsto no artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição de 1988. Questão 5 - B Justificativa: A ideia da non reformatio in pejus é decorrência dos princípios dispositivo e da limitação horizontal da cognição recursal, previsto nos arts. 515 e 516 do CPC. Questão 6 - B Justificativa: A resposta é obtida a partir da conjugação dos arts. 87, 128 e 162, todos do CPC vigente. Questão 7 - B Justificativa: A ideia do princípio dispositivo sofre uma releitura a partir da concepção neoconstitucional da jurisdição e da nova dimensão do princípio do acesso à justiça. Questão 8 - C Justificativa: O item III está errado, porque desconsidera a iniciativa probatória do juiz, tida como essencial, justamente para manter a paridade entre as partes. O item IV está correto, pois a orientação jurisprudencial que prevalece no STF é no sentido de que um dos interlocutores pode gravar a conversa telefônica. Questão 9 - A Justificativa: O inciso XXV do artigo 5º da CF, ao prever a inafastabilidade do controle jurisdicional, consagra o amplo e irrestrito acesso ao Poder Judiciário. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 35 Questão 10 - D Justificativa: O devido processo legal pode ser compreendido no sentido substantivo (razoabilidade) ou procedimental. Neste último, vai se basear na ideia chave do contraditório como premissa para todas as demais garantias. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 36 Introdução O princípio do acesso à justiça, consubstanciado no artigo 5°, inciso XXXV, da Constituição de 1988 é à base do processo civil contemporâneo. A ideia segundo a qual ninguém pode ser impedido de deduzir em juízo uma pretensão renova os demais princípios processuais e coloca o Judiciário numa posição elevada, o que pode dar ensejo aos fenômenos do ativismo e da judicialização excessiva, tão bem analisados pelo Min. Luís Roberto Barroso. Objetivo: 1. Compreender melhor em que consiste o princípio do acesso à justiça e como ele se relaciona com a obra de Mauro Cappelletti; 2. Examinar os desdobramentos desse princípio no direito brasileiro, sobretudo com as alterações legislativas que ensejaram a criação de novas ferramentas processuais. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 37 Conteúdo Acesso a Justiça – um direito social Cândido Rangel Dinamarco destaca, desde há muito, a relevância de se emprestar “interpretação evolutiva aos princípios e garantias constitucionais do processo civil”, reconhecendo que “a evolução das ideias políticas e das fórmulas de convivência em sociedade” repercute necessariamente na leitura que deve ser feita dos princípios processuais constitucionais a cada época. Com efeito, o acesso à justiça é um princípio essencial ao funcionamento do Estado de direito. Tal garantia, nas palavras de Dinamarco, “figura como verdadeira cobertura geral do sistema de direitos, destinada a entrar em operação sempre que haja alguma queixa de direitos ultrajados ou de alguma esfera de direitos atingida”. Nunca é demais relembrar que as questões e problemas relacionados ao acesso à justiça têm sua origem na cidade de Florença, Itália, num projeto iniciado em 1971, com a Conferência Internacional relativa às garantias fundamentais das partes no processo civil. Nos dez anos subsequentes, o estudo teve continuidade, abrangendo o problema da assistência judiciária aos hipossuficientes, da proteção aos interesses difusos e, finalmente, da necessidade de implementação de novas soluções processuais. Esse movimento foi, então, difundido internacionalmente por Mauro Cappelletti, sendo fundamental esclarecer, resumidamente, as posições identificadas no bojo do movimento, a fim de que se compreenda melhor esse verdadeiro despertar da ciência processual para os problemas sociojurídicos enfrentados pelos países ocidentais. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 38 Sem dúvida, o acesso à justiça é direito social básico dos indivíduos, direito este que não deve se restringir aos limites do acesso aos órgãos judiciais e ao aparelho judiciário estatal; deve, sim, ser compreendido como um efetivo acesso à ordem jurídica justa. Esse entendimento, trazido por Kazuo Watanabe, é de fundamental importância para a compreensão do movimento e para uma atuação sistemática e lúcida. Assim, se inserem as propostas de modificação do Código de Processo Civil numa perspectiva reformadora mais consciente, no sentido de aprimorar a técnica e a substância do direito processual como meio essencial para que se permita o acesso à tão proclamada ordem jurídica justa. Ainda nas oportunas conclusões de Kazuo Watanabe, o direito de acesso à justiça possui os dados elementares demonstrados ao lado. Direito à informação e perfeito conhecimento do direito substancial e à organização de pesquisa permanente, a cargo de especialistas e orientada à aferição constante da adequação entre a ordem jurídica e a realidade socioeconômica do País; Direito de acesso à Justiça adequadamente organizada e formada por juízes inseridos na realidade social e comprometidos com o objetivo de realização da ordem jurídica justa; Direito à pré-ordenação dos instrumentos processuais capazes de promover a efetiva tutela de direitos; Direito à remoção de todos os obstáculos que se anteponham ao acesso efetivo à Justiça com tais características. O NOVO CÓDIGO E O PROCESSO DE CONHECIMENTO 39 Princípios do acesso à justiça Agora que você compreendeu que o acesso a justiça é um direito social, certamente percebeu que as velhas regras e estruturas processuais precisam, de fato, sofrer revisão e aprimoramento, com o intuito de que constituam instrumento cada vez mais eficaz rumo ao processo justo. Nesse ponto, Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, após se propor a estudo com o objetivo de aferir se as reformas legislativas havidas em meio ao movimento de acesso à justiça foram fiéis às premissas iniciais, assevera que o desenvolvimento dessa empreitada depende da apresentação de proposta que contenha os quatro grandes princípios que devem informar o real significado da expressão acesso à justiça. Nas telas seguintes você conhecerá, de uma forma breve, os 4 princípios de acesso à justiça elencados por Paulo Cezar Pinheiro Carneiro. Princípios do acesso à justiça - acessibilidade Definição O princípio da acessibilidade pressupõe a existência de sujeito de direito, com capacidade tanto de estar em juízo como de arcar com os custos financeiros para tanto, e que procedam de forma adequada à utilização dos instrumentos legais judiciais ou extrajudiciais, de tal modo a possibilitar a efetivação de direitos individuais e coletivos. A expressão desse princípio se dá por três elementos: O direito à informação enquanto
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