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As filosofias do Direito Juspositivistas Filosofia Geral e Jurídica Prof. Deise Nilciane F. de Souza • Até o século XVIII a burguesia crescente era contrária ao juspositivismo, pois o Estado Absolutista limitava a liberdade comercial dessa classe. • O juspositivismo nasce do domínio do Estado pela burguesia. • Foi no século XIX que a burguesia se apropria dessa perspectiva teórica como expressão imediata do Estado. • Na visão do jusracionalismo burguês, só há uma razão UNIVERSAL, INVARIÁVEL e que reside para além das mudanças históricas. As filosofias do direito juspositivistas • Os interesses burgueses não se chocam internamente e se tornam lógicos, dedutíveis um dos outros. • Razão universal que atendia os interesse burgueses. • O Direito Natural Racional: pautava-se na defesa da propriedade privada, da igualdade formal e da liberdade contratual. • Ex. Para manter a vida o homem precisa trabalhar, com o esforço do seu trabalho ele acumula, se ele acumula ele detém a propriedade privada, logo a propriedade privada é direito natural. (Locke) Kant • Último filósofo do jusracionalismo (séc. XVIII) • Por meio dos imperativos categóricos, o entendimento do justo há de se fazer a partir do indivíduo, universalizado porque apartado das condições históricas sociais. • O sistema filosófico kantiano tem base ideológica iluminista (razão). • Era admirador de Rousseau e suas idéias Juspositivismo • No juspositivismo a justiça está ligada ao estado. • Há um fetiche pelo sistema – • A positivação do jusnaturalismo racionalista provocou o desenvolvimento do mais sólido movimento jurídico da história do pensamento jurídico contemporâneo. • A legalidade, a ordem escrita, se sobrepôs a todos os padrões de legitimidade e justiça: o justo e o legítimo são valores que a lei transcreve e prescreve, e aquilo que a lei não alcança não é Direito. Juspositivismo • Para o burguês o direito é um CONJUNTO RACIONAL, o justo se origina do Estado, o jurista burguês privilegia o sistema geral do direito. • O FATO é mais relevante que o JUSTO. • O jurista acaba se convertendo, pois, no operador de uma máquina que nunca pode parar. Os juspositivistas ecléticos • Direito Natural – direito natural positivado. • Encontrar fundamentos às leis impostas pelo Estado exteriores ao mundo estatal. • POSITIVISMO ECLÉTICO: fundamento exterior, social, histórico (não jusnaturalista). • Representantes: ESCOLA HISTÓRICA DO DIREITO. • O direito é a expressão do espírito de um povo. (Hegel) Juspositivismo Eclético • De uma pretensa origem de um povo pode-se justificar o nascimento do direito. Povo Reclames dos Nobres Imperativos Revolucionários da Burguesia Karl Von Savigny • Sistema do Direito Romano atualizando seus princípios. • A norma representa o espírito de um povo • O direito é haurido do Estado, mas este não é sua fonte, a fonte é o POVO. Miguel Reale – 1910-2005 • Tensão entre normas positivas e os fatos e valores sociais. • Buscou unificar três concepções de direito: sociológica (associada aos fatos e à eficácia do Direito), moralista (associada aos valores e aos fundamentos do Direito) e normativa abstrata (associada às normas e à mera vigência do Direito). Assim, segundo esta teoria o direito seria composto da conjugação harmônica entre o aspecto normativo o fático e o axiológico. Miguel Reale (São Bento do Sapucaí, 6 de novembro de 1910 — São Paulo, 14 de abril de 2006) foi um filósofo, jurista, formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, educador e poeta brasileiro e um dos líderes do integralismo no Brasil (depois tornando-se um dos principaisLiberais sociais do país)1 . Foi Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Ex-Reitor da Universidade de São Paulo. É pai do também jurista Miguel Reale Júnior. 12 12 FATO (eficácia) Ser NORMA (vigência- ) Dever-ser VALOR (Fundamento) Poder-ser FJ Concepção tridimensional do Direito Teoria Tridimensional do Direito • A realidade social é constituinte fundo. • A interação real de fato, norma e valor é que é fonte do direito. • Os elementos não podem ser analisados isoladamente como gomos ou fatias. • Os valores são frutos sociais, chegando a criticar e apontar sua própria superação. • Ex.: Lei sobre o adultério. • São advindos de relações históricas. Teoria Tridimensional do Direito • Os valores não são objetos ideais, modelos estáticos. • NEXO: POLARIDADE ---- IMPLICAÇÃO • A história não teria sentido sem valor. • FATOS: não são tomados como dados brutos à disposição do fenômeno jurídico e do jurista. • Os fatos também são históricos e culturais. • EX.: Casamentos mulçumanos A teoria tridimensional • CASO CONCRETO 1 • Três amigos acabaram de ler no jornal que Madalena, 19 anos, separada, mãe de três filhos, que ganha um salário mínimo trabalhando como empregada doméstica, foi condenada pelo Tribunal do Júri a três anos de prisão por ter cometido aborto. O primeiro amigo afirma que o Tribunal do Júri aplicou corretamente a lei, visto que a conduta de Madalena constitui crime contra a vida (art. 240 do Código Penal). O segundo amigo discorda, sustentando que a condenação foi injustificada, porque a lei sobre o aborto não é quase nunca aplicada. O terceiro afirma que o problema é de cunho filosófico, envolvendo reflexões sobre o moralmente certo ou errado e que houve uma injustiça, já que o caso foi resolvido segundo a letra da lei e não às exigências da justiça. Fatos • Quando um homem toma uma posição diante dos fatos, estima o fato em sua totalidade de significados, surge o fenômeno da COMPREENSÃO. • A idéia é compreender o fato naquilo que “significa” para a existência do homem. • “O ato de valorar é componente intrínseco do ato de conhecer”. Valores • Para Reale os valores não são neutros, à disposição daquele que recebe de modo passivo, para então se projetarem na valoração dos fatos e situações. • NOMOGÊNESE JURÍDICA: compreender a origem da norma a partir da interação dinâmica entre fato, valor e norma. • As normas jurídicas não são resultantes da mera vontade do legislador. • Muitos valores, posições e interesses se ligam a determinados fatos. • Valores tem motivações ideológicas. O Direito • O direito é assim o fenômeno necessariamente cultural. • O direito tem um fundamento fenomenológico. • Sendo o Direito um bem cultural, nele há sempre uma exigência axiológica atualizando na condicionalidade histórica. • Não é a receita que resulta o bolo e sim o bolo, a receita. A ontognosiologia • É a teoria do conhecimento. É o estudo de temas especiais da filosofia, quais sejam, Ontologia, Epistemologia , Deontologia, Culturologia e Lógica. São elementos que possibilitam a compreensão como um todo, quando são estudados em unidade e integrados. • Miguel Reale, ao apresentar sua Teoria Tridimensional, baseada no pressuposto de ser o Direito produto de fatos, valores e normas, embasa sua fundamentação na Ontologia, Deontologia e Lógica, a que denominou ontognoseologia. Assim, o fundamento do Direito passa a ser a ética, a história, os valores, a cultura, mas desde que devidamente normatizada, no qual aponta o aspecto lógico de sua teoria. Dialética de Implicação e Polaridade • Tensão entre conhecimento e realidade. • Osopostos não se excluem, mas se integram dialeticamente. • Junção conhecimento e realidade resulta numa ontognosiologia. • Não é a norma que caduca, mas o valores que mudam. Experiência e Conjectura • Constante axiológica • Ex: A vida como valor • Conjectura: o que seria se não fosse assim? • “O professor Reale é um positivista – direito é dever ser, tem a sanção como elemento fundamental, permite o exercício ideológico e resulta da vontade de um poder qualquer: pessoal, grupal, classista etc. O Estado é a força motora, é quem faz a norma, integrando valor fato”. Maman apud Mascaro p 336
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