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Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua ANA´LISE LINEAR DE SISTEMAS JOSE´ C. GEROMEL DSCE / Faculdade de Engenharia Ele´trica e de Computac¸a˜o UNICAMP, CP 6101, 13083 - 970, Campinas, SP, Brasil, geromel@dsce.fee.unicamp.br Campinas, Novembro de 2006 1 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua NOTA AO LEITOR Este material foi preparado como suporte a`s aulas e e´ inteiramente baseado no livro texto : Jose´ C. Geromel e Alvaro G. B. Palhares, Ana´lise Linear de Sistemas Dinaˆmicos : Teoria, Ensaios Pra´ticos e Exerc´ıcios, ISBN 85-212-0335-7, Editora Edgard Blu¨cher Ltda, Sa˜o Paulo, SP, 2004. onde o leitor podera´ encontrar maiores informac¸o˜es e detalhes a respeito dos to´picos aqui abordados. 2 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Conteu´do 1 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas lineares Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal Transformada de Laplace Soluc¸a˜o via transformada de Laplace Representac¸a˜o de estado Sistemas dinaˆmicos lineares Func¸a˜o de transfereˆncia Resposta em frequ¨eˆncia 3 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas lineares Sistemas lineares Um sistema dinaˆmico a tempo cont´ınuo definido para todo t ∈ R e´ um dispositivo que converte um sinal de entrada g(t) (definido para todo t ∈ R) em um sinal de sa´ıda y(t) (definido para todo t ∈ R), atrave´s da relac¸a˜o y = S[g ] onde S[·] indica um ente matema´tico que associa sinais de entrada com sinais de sa´ıda. Por exemplo : S [g ] = 3g → y(t) depende apenas de g(t). S [g ] = ∫ t −∞ g(τ)dτ → y(t) depende de g(τ),−∞ ≤ τ ≤ t. S [g ] = ∫∞ −∞ g(t − τ)2dτ → y(t) depende de g(τ),−∞ ≤ τ ≤ ∞. 4 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas lineares Sistemas lineares Um sistema dinaˆmico pode ser qualificado como : Causal quando y(t) depende de g(τ) apenas para τ ≤ t. Ou seja, em qualquer instante a sa´ıda depende apenas da entrada ocorrida no passado e no presente. Linear quando y(t) = ∑ i αiyi (t) for a sa´ıda correspondente a` entrada g(t) = ∑ i αigi(t) para todo escalar αi . Invariante no tempo quando y(t − τ) for a sa´ıda correspondente a` entrada g(t − τ) para todo τ ∈ R. ⇓ Sistemas inteiramente definidos atrave´s de sua resposta a uma entrada particular, o impulso unita´rio g(t) = δ(t). 5 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas lineares Sistemas lineares O impulso unita´rio permite decompor sinais cont´ınuos no tempo. Sendo g(t) definido em t ∈ R, vale a igualdade : g(t) = ∫ ∞ −∞ g(τ)δ(t − τ)dτ Um sistema LIT com entrada g(t) tem como sa´ıda : y(t) = S [∫ ∞ −∞ g(τ)δ(t − τ)dτ ] = ∫ ∞ −∞ g(τ)S[δ(t − τ)]dτ = ∫ ∞ −∞ g(τ)h(t − τ)dτ 6 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas lineares Sistemas lineares Da primeira para a segunda igualdade usamos a linearidade e da segunda para a terceira a invariaˆncia no tempo aplicada a` resposta ao impulso h(t) = S[δ(t)] Fato (Sistema LIT) A sua resposta y(t) e´ dada pela convoluc¸a˜o de sua resposta ao impulso h(t) pela entrada g(t), isto e´ : y(t) = g(t) ∗ h(t) = ∫ ∞ −∞ g(τ)h(t − τ)dτ 7 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas lineares Sistemas lineares Propriedades importantes : A convoluc¸a˜o e´ uma operac¸a˜o associativa, distributiva e comutativa. Um sistema LIT e´ Causal se h(t) = 0 , ∀ t < 0 pois h(t − τ) = 0 para todo τ > t fazendo com que sua resposta seja dada por y(t) = ∫ t −∞ g(τ)h(t − τ)dτ e assim y(t) depende apenas de g(τ) para τ ≤ t. 8 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas lineares Sistemas lineares Resposta ao degrau unita´rio g(t) = υ(t) de um sistema LTI : y(t) = ∫ ∞ −∞ υ(τ)h(t − τ)dτ = ∫ ∞ 0 h(t − τ)dτ = ∫ t −∞ h(ξ)dξ Para sistemas LIT causais y(t) = ∫ t 0 h(τ)dτ e´ a integral da resposta ao impulso unita´rio. 9 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas lineares Sistemas lineares Resposta a` func¸a˜o exponencial g(t) = eλt de um sistema LTI : y(t) = ∫ ∞ −∞ eλτh(t − τ)dτ = ∫ ∞ −∞ eλ(t−τ)h(τ)dτ = (∫ ∞ −∞ e−λτh(τ)dτ ) eλt Para sistemas LIT causais y(t) = (∫ ∞ 0 e−λτh(τ)dτ ) eλt e´ proporcional a` entrada, por um fator que depende de λ. 10 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas lineares Sistemas lineares Sistemas LIT causais de grande interesse sa˜o descritos por equac¸o˜es diferenciais do tipo n∑ i=0 ai d iy dt i (t) = m∑ i=0 ei d ig dt i (t) , t ∈ R onde ai e ei sa˜o escalares e n ≥ m. Note que especificar a func¸a˜o de entrada g(t) na˜o e´ condic¸a˜o suficiente para que a resposta y(t) correspondente seja u´nica. Dentre muitas, uma soluc¸a˜o espec´ıfica pode ser individualizada impondo-se algumas condic¸o˜es suplementares sobre y(t). Por exemplo, o seu valor e de suas derivadas em alguns instantes de tempo previamente selecionados. 11 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas lineares Sistemas lineares Sendo t = 0 adotado como instante inicial a func¸a˜o de entrada so´ e´ definida para t ≥ 0. Para selecionar uma soluc¸a˜o espec´ıfica pode-se impor os valores de y(0), dy dt (0), · · · , dn−1y dtn−1 (0) que caracterizam as condic¸o˜es iniciais do sistema. Uma resposta espec´ıfica y(t) correspondente a uma entrada g(t) dada, pode ser determinada observando que se y(t) satisfaz a equac¸a˜o diferencial enta˜o h0(t) + y(t) onde n∑ i=0 ai d ih0 dt i (t) = 0 tambe´m a satisfaz. 12 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas lineares Sistemas lineares O seguinte resultado e´ fundamental no presente contexto : Fato (Soluc¸a˜o geral) Qualquer soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial em estudo, definida para todo t ≥ 0, pode ser unicamente individualizada pela escolha adequada de h0(t) e e´ dada por y(t) = h0(t) + ∫ t 0 h(t − τ)g(τ)dτ As func¸o˜es h0(t) e h(t), definidas para todo t ≥ 0, precisam ser determinadas com o devido cuidado. Este aspecto sera´ abordado em seguida. 13 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas lineares Sistemas lineares Exemplo : A figura abaixo mostra um peˆndulo oscilando no interior de uma caixa x ℓ M m θ κ A determinac¸a˜o do modelo matema´tico que descreve o seu comportamento dinaˆmico e´ um dos objetivos deste curso. Para pequenos deslocamentos, trata-se de um sistema LIT causal. 14 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal Considere a equac¸a˜o diferencial com coeficientes constantes n∑ i=0 ai d iy dt i (t) = g(t) , ∀ t ≥ 0 onde g(t) e´ uma func¸a˜o dada e ai ∈ R para i = 0, · · · , n sa˜o escalares, com an 6= 0. Adotamos a notac¸a˜o mais compacta D[y ] = g onde D[·] denota o operador diferencial D[y ] = n∑ i=0 ai d iy dt i (t) com polinoˆmio caracter´ıstico ∆D(λ) = n∑ i=0 aiλ i 15 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal Os seguintes aspectos sa˜o relevantes : O operador D[·] e´ linear. Para a func¸a˜o exponencial verifica-se que D [ eλt ] = n∑ i=0 aiλ ieλt = ∆D(λ)e λt ou seja D [ eλt ] e eλt sa˜o colineares. Por este motivo, eλt e´ denominada auto func¸a˜o do operador D[·]. A equac¸a˜o alge´brica ∆D(λ) = 0 e´ denominada equac¸a˜o caracter´ıstica. Tem grau n e todos os seus coeficientes sa˜o reais. Assim sendo, ela admite n ra´ızes em pares complexos conjugados. 16 / 69Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal O seguinte resultado e´ fundamental no estudo de equac¸o˜es diferenciais lineares : Teorema (Existeˆncia e unicidade) Seja g(t) uma func¸a˜o cont´ınua para todo t ≥ 0. A equac¸a˜o diferencial D[y ] = g sujeita a`s condic¸o˜es iniciais y(0), dy dt (0), · · · , dn−1y dtn−1 (0) admite uma u´nica soluc¸a˜o y(t) para todo t ≥ 0. Observe que para qualquer conjunto de condic¸o˜es iniciais a soluc¸a˜o existe e e´ u´nica. Portanto, sem especificar as condic¸o˜es iniciais a unicidade deixa de ocorrer. 17 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal Fato (Independeˆncia Linear) O conjunto de func¸o˜es f1(t), · · · , fm(t), definidas para todo t ≥ 0, e´ linearmente independente - LI se a igualdade fα(t) := m∑ i=1 αi fi(t) = 0 ,∀ t ≥ 0 for satisfeita apenas com todos os escalares α1, · · · , αm nulos. Caso conta´rio o conjunto e´ dito linearmente dependente - LD. E´ preciso estabelecer um teste para classificar conjuntos como LI ou LD. Assumimos que as func¸o˜es sejam continuamente diferencia´veis, isto e´, as suas derivadas de qualquer ordem existem e sa˜o cont´ınuas em t > 0. 18 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal A func¸a˜o fα(t), bem como as suas derivadas sucessivas, devem ser nulas para todo t > 0, ou seja f1 f2 · · · fm f (1) 1 f (1) 2 · · · f (1) m ... ... · · · ... f (m−1) 1 f (m−1) 2 · · · f (m−1) m ︸ ︷︷ ︸ W (t) α1 α2 ... αm ︸ ︷︷ ︸ α = 0 Para a classe de func¸o˜es consideradas temos : det(W (t)) 6= 0 para algum t > 0 =⇒ LI. det(W (t)) = 0 para todo t > 0 =⇒ LD. Sem a continuidade da func¸a˜o e de suas derivadas sucessivas, isto pode na˜o ocorrer. 19 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal A soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o diferencial em estudo pode ser decomposta na forma y(t) = yh(t) + yp(t) , ∀ t ≥ 0 onde : yh(t) satisfaz a equac¸a˜o homogeˆnea D[yh] = 0. yp(t) e´ uma soluc¸a˜o particular que satisfaz D[yp] = g . pois D[y ] = D[yh + yp] = D[yh] + D[yp] = g Assim sendo, resta verificarmos como podemos impor as n condic¸o˜es iniciais dadas. Isto e´ feito atrave´s da determinac¸a˜o de um conjunto de n soluc¸o˜es homogeˆneas LI. 20 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal Equac¸a˜o homogeˆnea : Sa˜o obtidas a partir da relac¸a˜o D[eλt ] = ∆D(λ)e λt , ∀ t ≥ 0 a qual indica que todas as fuc¸o˜es do tipo eλi t , definidas para todo t ≥ 0, com λi sendo uma das ra´ızes de ∆D(λ) = 0, sa˜o soluc¸o˜es da equac¸a˜o homogeˆnea. Como ∆D(λ) e´ um polinoˆmio de grau n, com coeficientes reais, ele admite n ra´ızes em C em pares complexos conjugados. Supondo que as n ra´ızes sejam distintas, as func¸o˜es eλi t , ∀ t ≥ 0 , i = 1, · · · , n formam um conjunto LI. 21 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal De fato, a matriz W (t) e´ dada por W (t) = 1 · · · 1... · · · ... λn−11 · · · λ n−1 n ︸ ︷︷ ︸ W0 e λ1t · · · 0 ... · · · ... 0 · · · eλnt onde W0 e´ uma matriz de Vandermonde cujo determinante e´ diferente de zero tendo em vista que todos os λi , i = 1, · · · , n sa˜o diferentes entre si. Consequ¨entemente, det(W (t)) 6= 0 para todo t ≥ 0. A soluc¸a˜o geral e´ dada por y(t) = n∑ i=1 cie λi t + yp(t) onde ci , i = 1, · · · , n sa˜o constantes determinadas com as n condic¸o˜es iniciais dadas. 22 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal Quando duas ou mais soluc¸o˜es da equac¸a˜o caracter´ıstica na˜o sa˜o distintas um conjunto de soluc¸o˜es homogeˆneas pode ser obtido observando-se que a igualdade teλt = deλt dλ permite verificar que D[teλt ] = D [ deλt dλ ] = d dλ ∆D(λ)e λt = [ d dλ ∆D(λ) + t∆D(λ) ] eλt 23 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal Por exemplo, considerando que λj seja uma raiz com multiplicidade dois da equac¸a˜o caracter´ıstica enta˜o ∆D(λ) = (λ− λj) 2d(λ) para algum polinoˆmio d(λ) de ordem n − 2. Portanto ∆D(λj ) = 0 , d dλ ∆D(λj ) = 0 fazem com que as func¸o˜es eλj t e teλj t , definidas para todo t ≥ 0 sejam soluc¸o˜es da equac¸a˜o homogeˆnea. Ale´m disso, calculando-se a matriz W (t) verificamos que o conjunto de func¸o˜es eλ1t , · · · , eλj t , teλj t , · · · , eλnt e´ LI. Neste caso, y(t) = n∑ i 6=j=1 cie λi t + cj te λj t + yp(t) 24 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal Este procedimento e´ va´lido para ra´ızes com qualquer multiplicidade. Se λj for uma raiz com multiplicidade m ≤ n enta˜o ∆D(λj), · · · , dm−1 dλm−1 ∆D(λj) = 0 e, com racioc´ınio ana´logo, verificamos que as func¸o˜es t ieλj t , definidas para todo t ≥ 0 e todo i = 0, · · · ,m− 1 sa˜o soluc¸o˜es da equac¸a˜o homogeˆnea e formam um conjunto de func¸o˜es LI. Podemos assim determinar as n soluc¸o˜es da equac¸a˜o homogeˆnea que formam um conjunto de func¸o˜es linearmente independentes. Estas func¸o˜es sa˜o denominadas Modos Pro´prios da equac¸a˜o diferencial. 25 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal Soluc¸a˜o particular : O chamado Me´todo dos Coeficientes a Determinar se aplica para a classe de func¸o˜es g(t) que em conjunto com suas derivadas sucessivas, ate´ uma certa ordem m, formam um conjunto LD. Portanto, existe um operador diferencial com polinoˆmio caracter´ıstico ∆N(λ) de ordem m tal que N[g ] = 0 Neste caso, uma soluc¸a˜o particular de D[y ] = g pode ser calculada atrave´s da equac¸a˜o homogeˆnea definida pelo operador diferencial composto N[D[y ]] = 0 que nada mais e´ que uma equac¸a˜o diferencial homogeˆnea de ordem n +m. 26 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o temporal Verificando que N[D[eλt ]] = ∆D(λ)∆N(λ)e λt a sua equac¸a˜o caracter´ıstica e´ dada por ∆D(λ)∆N(λ) = 0 e como ja´ sabemos (supondo que todas as ra´ızes sejam distintas) y(t) = n∑ i=1 cie λi t ︸ ︷︷ ︸ ∆D(λ)=0=⇒yh(t) + m∑ i=1 die λi t ︸ ︷︷ ︸ ∆N(λ)=0=⇒yp(t) sendo que os coeficientes d1, · · · , dm sa˜o determinados impondo-se D[yp] = g . No caso da eventual ocorreˆncia de ra´ızes mu´ltiplas o tratamento anterior deve ser adotado. 27 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Exemplos A equac¸a˜o diferencial y˙(t) + y(t) = e−2t com y(0) = 1 admite ∆D(λ) = λ+ 1 e ∆N(λ) = λ+ 2. Portanto y(t) = c1e −t︸ ︷︷ ︸ yh(t) + d1e −2t︸ ︷︷ ︸ yp(t) substituindo yp(t) obte´m-se d1 = −1 e, em seguida, com a condic¸a˜o inicial obte´m-se c1 = 2. A soluc¸a˜o geral e´ y(t) = 2e−t − e−2t , ∀ t ≥ 0 A equac¸a˜o diferencial y˙(t) + y(t) = e−t com y(0) = 1 admite ∆D(λ) = λ+ 1 e ∆N(λ) = λ+ 1. Portanto y(t) = c1e −t︸ ︷︷ ︸ yh(t) + d1te −t︸ ︷︷ ︸ yp(t) substituindo yp(t) obte´m-se d1 = 1 e, em seguida, com a condic¸a˜o inicial obte´m-se c1 = 1. 28 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Exemplos A equac¸a˜o diferencial y¨(t) + y(t) = sen(t) e´ tal que ∆D(λ) = λ 2 + 1 e ∆N(λ) = λ 2 + 1. Portanto y(t) = c1e jt + c2e −jt︸ ︷︷ ︸ yh(t)+ d1te jt + d2te −jt︸ ︷︷ ︸ yp(t) Uma equac¸a˜o diferencial com ∆D(λ) = (λ+ 1)(λ − 1) e entrada tal que ∆N(λ) = λ+ 1 tem a soluc¸a˜o geral y(t) = c1e −t + c2e t︸ ︷︷ ︸ yh(t) + d1te −t︸ ︷︷ ︸ yp(t) Uma equac¸a˜o diferencial com ∆D(λ) = (λ+ 1) 2 e entrada tal que ∆N(λ) = λ− 1 tem a soluc¸a˜o geral y(t) = c1e −t + c2te −t︸ ︷︷ ︸ yh(t) + d1e t︸︷︷︸ yp(t) 29 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace A transformada de Laplace de uma func¸a˜o f (t) definida para todo t ∈ R, denotada por fˆ (s) ou L(f (t)), e´ uma func¸a˜o de varia´vel complexa fˆ (s) : D(fˆ )→ C onde D(fˆ ) e´ o seu dom´ınio e fˆ (s) := ∫ ∞ −∞ f (t)e−stdt D(fˆ ) := {s ∈ C : fˆ (s) existe} E´ importante ressaltar que fˆ (s) existe indica que a integral acima converge e e´ finita. 30 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace Geralmente D(fˆ ) na˜o coincide com C. Nestes casos existem pontos s ∈ C tais que s /∈ D(fˆ ) e, portanto, torna-se essencial a determinac¸a˜o do dom´ınio da transformada de Laplace. Importante : O dom´ınio D(fˆ ) da transformada de Laplace depende fortemente do dom´ınio da func¸a˜o f (t). Como verificaremos em seguida : t ∈ [0,+∞) =⇒ Re(s) ∈ (α,+∞) t ∈ (−∞, 0] =⇒ Re(s) ∈ (−∞, β) t ∈ (−∞,+∞) =⇒ Re(s) ∈ (β, α) para valores adequados de α, β ∈ R. Quanto maior o dom´ınio de f (t), menor o dom´ınio de fˆ (s) e vice-versa. 31 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace Os seguintes exemplos ilustram os dom´ınios das transformadas de Laplace de algumas func¸o˜es : f (t) = e−at : R → C e D(fˆ ) = ∅. f (t) = e−at : [0,+∞)→ C e fˆ (s) = 1 s + a , D(fˆ ) = {s ∈ C : Re(s) > −Re(a)} f (t) = e−at : (−∞, 0]→ C e fˆ (s) = − 1 s + a , D(fˆ ) = {s ∈ C : Re(s) < −Re(a)} f (t) = e−a|t| : (−∞,+∞)→ C e fˆ (s) = −2a s2 − a2 , D(fˆ ) = {s ∈ C : |Re(s)| < Re(a)} 32 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace A func¸a˜o exponencial eλt : R → C com λ ∈ C qualquer na˜o admite a transformada de Laplace. Portanto, para func¸o˜es definidas em todo t ∈ R a transformada de Laplace e´ muito restritiva. Para contornar esta dificuldade vamos restringir nosso interesse a func¸o˜es definidas no intervalo t ∈ [0,+∞) e assim : fˆ (s) := ∫ ∞ 0 f (t)e−stdt que admite o dom´ınio na forma gene´rica D(fˆ ) := {s ∈ C : Re(s) > α} para algum α ∈ R a ser adequadamente determinado. 33 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace Classe importante : Definida pela existeˆncia de sf ∈ C tal que o limite lim τ→∞ ∫ τ 0 |f (t)e−sf t |dt existe e e´ finito. Lema (Dom´ınio) Para as func¸o˜es da classe acima, e´ va´lido que : Qualquer s ∈ C satisfazendo Re(s) ≥ Re(sf ) pertence a D(fˆ ). Existe M finito tal que |fˆ (s)| ≤ M para todo s ∈ D(fˆ ). 34 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace Forma geral : Para func¸o˜es definidas para todo t ≥ 0 : D(fˆ ) := {s ∈ C : Re(s) > α} Determinac¸a˜o do dom´ınio : Para a func¸a˜o f (t) dada determine o menor valor de α ∈ R tal que lim τ→∞ ∫ τ 0 |f (t)e−αt |dt <∞ Determinac¸a˜o do dom´ınio : Para a func¸a˜o fˆ (s) dada determine o menor valor de α ∈ R tal que ela permanec¸a anal´ıtica e portanto finita em todo s ∈ D(fˆ ). 35 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace A func¸a˜o fˆ (s) = e −s s na˜o e´ anal´ıtica em s = 0. A sua se´rie de Laurent e´ fˆ (s) = 1 s − 1 + s 2 − s2 6 + · · · e portanto D(fˆ ) := {s ∈ C : Re(s) > 0} A func¸a˜o fˆ (s) = 1−e −s s e´ anal´ıtica em s = 0. A sua se´rie de Taylor e´ fˆ (s) = 1− s 2 + s2 6 − · · · e portanto D(fˆ ) := {s ∈ C : Re(s) > −∞} = C 36 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace Uma func¸a˜o racional e´ da forma fˆ (s) := N(s) D(s) = ∑m i=0 ei s i∑n i=0 ais i onde m ≤ n, ei ∈ R para todo i = 1, · · · ,m e ai ∈ R para todo i = 1, · · · , n. Se n = m ela e´ chamada pro´pria, caso contra´rio ela e´ dita estritamente pro´pria. Ela deixa de ser anal´ıtica nos seus po´los, ra´ızes de D(s) = 0. Assim sendo α = max i=1,··· ,n Re(pi ) O impulso unita´rio (Dirac) : δˆ(s) = 1 , D(δˆ) = C 37 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace Va´rios ca´lculos envolvendo a transformada de Laplace dependem da determinac¸a˜o correta do seu dom´ınio : Integral : A integral de uma func¸a˜o em todo o seu dom´ınio e´ dada por ∫ ∞ 0 f (t)dt = fˆ (0) desde que 0 ∈ D(fˆ ). Limite : O limite de uma func¸a˜o definida em t ≥ 0 satisfaz lim t→∞ f (t) = lim s→0 sfˆ (s) desde que 0 ∈ D(sfˆ ). 38 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace No estudo de equac¸o˜es diferenciais via transformada de Laplace, as seguintes propriedades sa˜o importantes para func¸o˜es definidas em t ≥ 0 e escalares θ1, θ2, · · · Combinac¸a˜o linear : L (∑ i θi fi (t) ) = ∑ i θi fˆi (s) Convoluc¸a˜o a tempo cont´ınuo : L(f (t) ∗ g(t)) = fˆ (s)gˆ (s) Derivada em relac¸a˜o ao tempo : L(f˙ (t)) = sfˆ (s)− f (0) 39 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace Como as func¸o˜es que estamos considerando sa˜o definidas apenas para t ≥ 0, a sua derivada em t = 0 deve ser melhor qualificada (note que f (t) pode na˜o existir para t < 0). Derivada em relac¸a˜o ao tempo : h(t) := { f˙ (t) , t > 0 valor finito , t = 0 geralmente adota-se h(0) = limt→0+ f˙ (t) = f˙ (0 +) <∞. Lema (Derivada temporal) A transformada de Laplace de h(t) definida acima e´ dada por : hˆ(s) = sfˆ (s) − f (0) , D(hˆ) = D(sfˆ ) 40 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace Infelizmente, a definic¸a˜o anterior na˜o permite levar em conta a possibilidade de f (t) variar arbitrariamente ra´pido em t = 0. Ou seja, considerar f (t) descont´ınua em t = 0, o que ocorre quando f (0) 6= 0. Vamos analisar esta situac¸a˜o peculiar com a sequ¨eˆncia de func¸o˜es : fn(t) := f (t)− f (0) ( 1 + t τn ) e−t/τn , ∀ t ≥ 0 onde τn > 0 tende a zero quando n tende a infinito. fn(0) = 0 para todo n ∈ N. limn→∞ fn(t) = f (t) para todo t > 0, portanto lim n→∞ fˆn(s) = fˆ (s) , ∀ s ∈ D(fˆ ) 41 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace Notando como h(t) e hn(t) a derivada em relac¸a˜o a t > 0 das func¸o˜es f (t) e fn(t) respectivamente, com o lema anterior obtemos hˆn(s) = sfˆn(s)− fn(0) para todo n ∈ N e lim n→∞ hˆn(s) = sfˆ (s) = (sfˆ (s)− f (0)) + f (0) = hˆ(s) + f (0) levando a lim n→∞ hn(t) = h(t) + f (0)δ(t) A quantidade limn→∞ hn(t) e´ denominada derivada generalizada de f (t). Ela coincide com f˙ (t) para todo t > 0 mas e´ diferente em t = 0 sempre que f (0) 6= 0. 42 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace A transformada de Laplace da derivada generalizada e´ obtida multiplicando-se a transformada da func¸a˜o por s. Para ilustrar este conceito vamos considerara func¸a˜o degrau unita´rio definida por υ(t) = 1 para todo t ≥ 0. υˆ(s) = 1 s , D(υˆ) = {s ∈ C : Re(s) > 0} Derivada temporal : hˆ(s) = sυˆ(s) − 1 = 0 de acordo com o fato de que h(0) = 0 e h(t) = υ˙(t) = 0 para todo t > 0. Derivada generalizada : limn→∞ hˆn(s) = sυˆ(s) = 1 de acordo com o fato de que limn→∞ hn(t) = δ(t) para todo t ≥ 0. 43 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Transformada de Laplace Para func¸o˜es racionais, a inversa da transformada de Laplace pode ser obtida via Decomposic¸a˜o em Frac¸o˜es Parciais com a qual determinamos os escalares αi tais que∑m i=0 ei s i∑n i=0 ai s i = α0 + M∑ i=1 αi (s − pi)ni onde pi sa˜o seus po´los e ∑M i=1 ni = n. Observe que estamos considerando que cada po´lo pi tenha multiplicidade ni para todo i = 1, · · · ,M. A inversa e´ determinada com a relac¸a˜o L−1 ( 1 (s − p)r+1 ) = 1 r ! d r dpr ept = tr r ! ept , ∀ t ≥ 0 va´lida para todo r ≥ 0. 44 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o via transformada de Laplace Considere a equac¸a˜o diferencial anterior dada na forma n∑ i=0 ai d iy dt i (t) = m∑ i=0 ei d ig dt i (t) , ∀t ≥ 0 com condic¸o˜es iniciais d i y dt i (0), para todo i = 0, · · · , n − 1. Aplicando a transformada de Laplace em ambos os membros e levando em conta o efeito de impulsos na entrada (derivada generalizada), obtemos yˆ(s) = H0(s)︸ ︷︷ ︸ cond. iniciais + H(s)gˆ (s) 45 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Soluc¸a˜o via transformada de Laplace Os aspectos mais importantes sa˜o : h0(t) := L −1(H0(s)) e´ a parte da soluc¸a˜o que depende exclusivamente das condic¸o˜es iniciais. h(t) := L−1(H(s)) e´ a resposta ao impulso (obtida a partir de condic¸o˜es nulas). A func¸a˜o h(t) ∗ g(t) obtida pela transformada de Laplace inversa, e´ a parte da soluc¸a˜o que depende exclusivamente da func¸a˜o de entrada. ⇓ y(t) = h0(t) + ∫ t 0 h(t − τ)g(τ)dτ , ∀ t ≥ 0 46 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Exemplo Aplicando a transformada de Laplace na equac¸a˜o diferencial y¨ + 3y˙ + 2y = g˙ − 3g com condic¸o˜es iniciais y(0) = 1 e y˙(0) = 0 determinamos H0(s) = s + 3 (s + 2)(s + 1) , H(s) = s − 3 (s + 2)(s + 1) Sendo g(t) o degrau unita´rio temos : yˆ(s) = s2 + 4s − 3 s(s + 2)(s + 1) = 6 s + 1 − 7/2 s + 2 − 3/2 s ou seja y(t) = 6e−t − (7/2)e−2t − 3/2, ∀ t ≥ 0 Note que y(0+) = 1 e y˙(0+) = 1 6= y˙(0) = 0. A derivada de y(t) sofreu uma variac¸a˜o brusca em t = 0. 47 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Representac¸a˜o de estado Qualquer equac¸a˜o diferencial linear de ordem n pode ser convertida em um sistema de n equac¸o˜es diferenciais de primeira ordem. Este sistema de equac¸o˜es diferenciais, geralmente acoplado, denominado representac¸a˜o de estado da equac¸a˜o original e´ expresso na forma matricial: x˙(t) = Ax(t) + Bg(t) , x(0) = x0 y(t) = Cx(t) + Dg(t) onde A ∈ Rn×n, B ∈ Rn×1, C ∈ R1×n e D ∈ R1×1. As matrizes (A,B ,C ,D) e a condic¸a˜o inicial x0 ∈ R n devem ser determinadas de tal forma que a func¸a˜o produzida pela representac¸a˜o de estado y(t) coincida com a soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial em estudo para todo t ≥ 0. 48 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Representac¸a˜o de estado Para a equac¸a˜o D[y ] = g com an = 1, definimos as varia´veis de estado x(t) = x1(t)... xn(t) , xi (t) := y (i−1)(t), i = 1, · · · , n e obtemos A = 0 1 0 · · · 0 0 0 1 · · · 0 ... ... ... · · · ... −a0 −a1 −a2 · · · −an−1 , B = 0 0 ... 0 1 C = [ 1 0 0 · · · 0 ] , D = [ 0 ] 49 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Representac¸a˜o de estado A equac¸a˜o D[y ] = E [g ] com an = 1 e E [·] sendo um operador diferencial de ordem m ≤ n − 1 pode ser reescrita na forma D[ξ] = g , y = E [ξ] Definindo como no caso anterior as varia´veis de estado x(t) = x1(t)... xn(t) , xi (t) := ξ(i−1)(t), i = 1, · · · , n as matrizes A e B na˜o se alteram. Ademais y(t) = E [ξ] = m∑ j=0 ejξ (j)(t) = m∑ j=0 ejxj+1(t) permite determinar as matrizes restantes C = [ e0 e1 e2 · · · 0 ] , D = [ 0 ] 50 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Representac¸a˜o de estado A equac¸a˜o D[y ] = E [g ] com an = 1 e E [·] sendo um operador diferencial de ordem m = n pode ser reescrita na forma D[ξ] = g , y = E˜ [ξ] + eng onde E˜ [ξ] := E [ξ]− enD[ξ] com coeficientes e˜i = ei − enai para i = 0, · · · , n − 1 e´ um operador diferencial de ordem n − 1. Definindo as mesmas varia´veis de estado do caso anterior, as matrizes A e B na˜o se alteram. Ademais y(t) = E˜ [ξ] + eng = n−1∑ j=0 e˜jxj+1(t) + eng permite determinar as matrizes restantes C = [ e˜0 e˜1 e˜2 · · · e˜n−1 ] , D = [ en ] 51 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Representac¸a˜o de estado Para qualquer matriz quadrada A ∈ Rn×n define-se a func¸a˜o exponencial de matriz: eAt = ∞∑ k=0 (At)k k! sendo que a soma indicada converge para todo t ≥ 0. Lema (Transformada de Laplace) A transformada de Laplace da func¸a˜o F (t) = eAt definida para todo t ≥ 0 e´ dada por Fˆ (s) = (sI − A)−1 , D = {s ∈ C : Re(s) > maxRe(λi )} onde λi , i = 1, · · · , n sa˜o os autovalores de A. 52 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Representac¸a˜o de estado Aplicando a transformada de Laplace nas equac¸o˜es de estado determinamos H0(s) = C (sI − A) −1x0 , H(s) = C (sI − A) −1B + D e, com o lema anterior, as func¸o˜es h0(t) = Ce Atx0 , h(t) = Ce AtB + Dδ(t) Teorema (Soluc¸a˜o da equac¸a˜o de estado) A soluc¸a˜o da equac¸a˜o de estado e´ dada por x(t) = eAtx0 + ∫ t 0 eA(t−τ)Bg(τ)dτ y(t) = Cx(t) + Dg(t) , ∀ t ≥ 0 53 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Representac¸a˜o de estado Para completarmos o ca´lculo da representac¸a˜o de estado de uma equac¸a˜o diferencial, resta determinarmos o vetor de condic¸o˜es iniciais x0 ∈ R n. Neste sentido, derivando sucessivamente a parte da soluc¸a˜o que depende das condic¸o˜es iniciais y(t) = CeAtx0 em t = 0 obtemos: y(0) y (1)(0) ... y (n−1)(0) = Ox0 , O := C CA ... CAn−1 A matriz O ∈ Rn×n e´ chamada Matriz de Observabilidade e e´ invers´ıvel sempre que o sistema for de ordem m´ınima. 54 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Representac¸a˜o de estado Finalmente, deve ser notado que a representac¸a˜o de estado na˜o e´ u´nica. U´nica e´ a func¸a˜o H(s) e, dada as condic¸o˜es iniciais, u´nica tambe´m e´ a func¸a˜o H0(s). Com uma representac¸a˜o de estado (A,B ,C ,D) e uma matriz na˜o singular T ∈ Rn×n, a chamada Transformac¸a˜o de Similaridade permite obter uma nova representac¸a˜o de estado (T−1AT ,T−1B ,CT ,D) mas ambas representando a mesma func¸a˜o H(s). De fato, simples ca´lculos levam a H(s) = C (sI − A)−1B + D = CT (sI − T−1AT )−1T−1B + D Ademais, observe que det(sI − A) = det(sI − T−1AT ). 55 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Equac¸o˜es diferenciais lineares Exemplo A func¸a˜o de transfereˆncia do deslocamentoangular do elo rotacional de uma junta robo´tica e´ H(s) = s2 + 0.12s s2 + 0.12s + 9.4 A representac¸a˜o de estado aqui considerada e´ x˙ = [ 0 1 −9.4 −0.12 ] ︸ ︷︷ ︸ A x + [ 0 1 ] ︸ ︷︷ ︸ B g y = [ −9.4 0 ]︸ ︷︷ ︸ C x + [1]︸︷︷︸ D g Note que os autovalores de A sa˜o iguais aos po´los de H(s). Isto e´ sempre verdade! 56 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas dinaˆmicos lineares Func¸a˜o de transfereˆncia De maneira gene´rica, um sistema dinaˆmico LIT e´ caracterizado por ter seu comportamento, no decorrer do tempo, descrito por uma equac¸a˜o diferencial linear com coeficientes constantes. A partir das condic¸o˜es iniciais definidas em t = 0 e de uma func¸a˜o de entrada g(t) definida para todo t ≥ 0, a sua sa´ıda e´ dada por yˆ(s) = H0(s) + H(s)gˆ (s) onde Definic¸a˜o (Func¸a˜o de transfereˆncia) A func¸a˜o H(s) e´ denominada func¸a˜o de transfereˆncia do sistema e h(t) = L−1(H(s)) definida para todo t ≥ 0 e´ a sua resposta ao impulso. 57 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas dinaˆmicos lineares Func¸a˜o de transfereˆncia A func¸a˜o de transfereˆncia de um sistema torna expl´ıcito como a entrada influencia a sa´ıda. Para condic¸o˜es iniciais nulas H0(s) = 0 e a relac¸a˜o entrada / sa´ıda torna-se : yˆ(s) = H(s)gˆ(s)⇐⇒y(t) = h(t) ∗ g(t) Definic¸a˜o (Estabilidade) A func¸a˜o de transfereˆncia H(s) e´ denominada assintoticamente esta´vel se ela for anal´ıtica em todos os pontos da regia˜o Re(s) ≥ 0. Como consequ¨eˆncia : Todos os po´los de H(s) esta˜o localizados na regia˜o Re(s) < 0. limt→+∞h(t) = 0. 58 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas dinaˆmicos lineares Resposta em frequ¨eˆncia A resposta em frequ¨eˆncia de um sistema com func¸a˜o de transfereˆncia H(s) e´ simplesmente dada por H(jω) para todo ω ∈ R. Isto exige que todos os pontos do eixo das ordenadas do plano complexo estejam no dom´ınio de H(s), isto e´ s = jω ∈ D(H) , ∀ ω ∈ R Desta forma, devemos nos restringir ao ca´lculo da resposta em frequ¨eˆncia apenas para sistemas assintoticamente esta´veis. Para esta classe de sistemas, o efeito das condic¸o˜es iniciais desaparece no decorrer do tempo pois H0(s) e H(s) teˆm os mesmos po´los e portanto limt→+∞h0(t) = 0. A sua sa´ıda tende a uma func¸a˜o que depende exclusivamente da entrada, denominada soluc¸a˜o de regime permanente. 59 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas dinaˆmicos lineares Resposta em frequ¨eˆncia Considerando a entrada g(t) = ejωt para t ≥ 0 temos como resposta yˆ(s) = H0(s) + H(s) 1 (s − jω) cuja decomposic¸a˜o em frac¸o˜es parciais resulta em yˆ(s) = H0(s) + R(s) + H(jω) (s − jω) onde R(s) denota os demais termos da decomposic¸a˜o. Como os po´los de R(s) sa˜o aqueles de H(s) tem-se limt→+∞r(t) = 0 de tal forma que para t suficientemente grande y(t) ≈ H(jω)ejωt := yperm(t) 60 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas dinaˆmicos lineares Resposta em frequ¨eˆncia Exemplo : A figura abaixo mostra yperm(t) e a resposta y(t), a partir de condic¸o˜es iniciais nulas, de uma suspensa˜o H(s) = 6s + 100 s2 + 6s + 100 , g(t) = (1/4)sen(10t) 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 −0.6 −0.4 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 t Mesmo com H0(s) = 0 ambas coincidem so´ apo´s um certo tempo. 61 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas dinaˆmicos lineares Resposta em frequ¨eˆncia A resposta em frequ¨eˆncia de um sistema pode ser representada graficamente atrave´s de diagramas. Os mais utilizados e dispon´ıveis em va´rios pacotes computacionais sa˜o : Diagramas de Bode de Mo´dulo e de Fase : Definidos respectivamente por A(ω)dB × log(ω) , ∀ ω > 0 φ(ω)× log(ω) , ∀ ω > 0 onde A(ω)dB e´ o mo´dulo de H(jω) expresso em decibe´is e φ(ω) e´ a fase de H(jω) expressa em graus ou radianos. Definic¸a˜o (Decibel) O mo´dulo de H(jω) expresso em decibe´is e´ dado por A(ω)dB := 20log(|H(jω)|) onde log denota o logaritmo na base dez. 62 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas dinaˆmicos lineares Resposta em frequ¨eˆncia Os diagramas de Bode sa˜o calculados numericamente sem grandes dificuldades. E´ importante ressaltar que diagramas aproximados podem ser obtidos atrave´s do ca´lculo de ass´ıntotas gerando enta˜o os chamados Diagramas de Bode Assinto´ticos. Considere a func¸a˜o de transfereˆncia racional H(s) = ∑m i=0 ei s i∑n i=0 ais i que pertence a` classe de func¸o˜es de fase m´ınima, para as quais na˜o so´ os seus po´los mas tambe´m os seus zeros esta˜o localizados no semiplano esquerdo complexo (Re(s) < 0). Assim sendo, todos os seus coeficientes sa˜o positivos. 63 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas dinaˆmicos lineares Resposta em frequ¨eˆncia As ass´ıntotas sa˜o assim determinadas : Baixa frequ¨eˆncia : Com ω > 0 suficientemente pequeno H(jω) ≈ Kb , Kb = e0 a0 > 0 e assim A(jω)dB ≈ 20log(Kb) φ(ω) ≈ 0 Alta frequ¨eˆncia : Com ω > 0 suficientemente grande H(jω) ≈ Ka(jω) m−n , Ka = em an > 0 e assim A(jω)dB ≈ 20log(Ka) + 20(m− n)log(ω) φ(ω) ≈ (m − n) pi 2 64 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas dinaˆmicos lineares Resposta em frequ¨eˆncia Note que se n 6= m as ass´ıntotas do diagrama de mo´dulo se interceptam em uma frequ¨eˆncia ωc denominada frequ¨eˆncia de corte ωc = ( Kb Ka ) 1 m−n Estes ca´lculos levam aos diagramas assinto´ticos : A(ω)dB = { 20log(Kb) ω ≤ ωc 20log(Ka) + 20(m − n)log(ω) ω ≥ ωc φ(ω) = { 0 ω < ωc (m − n)pi/2 ω > ωc 65 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas dinaˆmicos lineares Resposta em frequ¨eˆncia As seguintes considerac¸o˜es sa˜o relevantes : Geralmente os diagramas assinto´ticos na˜o fornecem resultados precisos para frequ¨eˆncias pro´ximas a ωc . Para melhorar a precisa˜o podemos decompor H(s) = ΠNi=1Hi (s) e aplicar o procedimento anterior em cada parcela A(ω)dB = N∑ i=1 Ai (ω)dB , φ(ω) = N∑ i=1 φi (ω) Para sistemas de fase m´ınima apenas o seu diagrama de mo´dulo define H(s). Com as ass´ıntotas que variam apenas em mu´ltiplos de ±20dB por de´cada (intervalo de frequ¨eˆncias [a, b] com b = 10a) e as frequ¨eˆncias de corte de cada parcela Hi (s) e´ importante saber como obter H(s), dada na forma H(s) = ΠNi=1Hi (s), a partir do seu diagrama assinto´tico de mo´dulo. 66 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas dinaˆmicos lineares Exemplo Diagramas de magnitude com ass´ıntotas obtidos com H1(s) = s + 1 , H2(s) = 10 s2 + s + 100 10−1 100 101 102 −60 −40 −20 0 20 40 10−1 100 101 102 −30 −20 −10 0 10 20 30 H1 H2 H = H1H2 Mag. [dB] × Freq. [rad/s] 67 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas dinaˆmicos lineares Exemplo Diagramas de fase com ass´ıntotas obtidos com H1(s) = s + 1 , H2(s) = 10 s2 + s + 100 10−1 100 101 102 −200 −150 −100 −50 0 50 100 10−1 100 101 102 −100 −50 0 50 100 H1 H2 H = H1H2 Fase [graus] × Freq. [rad/s] 68 / 69 Cap´ıtulo I - Fundamentos de Dinaˆmica Cont´ınua Sistemas dinaˆmicos lineares Exemplo Na figura abaixo vemos a sa´ıda em regime permanente (dividida por 10) de H(s) correspondente a` entrada g(t) = cos(10t) + cos(100t) , ∀t ≥ 0 Observe a filtragem da componente de alta frequ¨eˆncia. 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 −2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2 t[s] 69 / 69 Capítulo I - Fundamentos de Dinâmica Contínua Sistemas lineares Equações diferenciais linearesSistemas dinâmicos lineares
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