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1 1 - Processos Responsáveis pela Distribuição de Sedimentos Marinhos A distribuição de sedimentos nos fundos oceânicos não é aleatória, pois obedece a um padrão determinado por uma série de processos geológicos e oceanográficos, de escala temporal e espacial bastante distintas. Serão apresentados, a seguir, os principais processo e como eles atuam na distribuição de sedimentos nos oceanos. 1.1 – A Tectônica Global A tectônica global é o grande responsável pela movimentação e distribuição das massas continentais e, portanto, das bacias oceânicas. Ao longo do tempo geológico, em situações distintas de distribuição de massas continentais, e portanto, de oceanos, a circulação oceânica foi diferente da atual, levando ao desenvolvimento de processos de deposição de sedimentos bastante diverso dos atuais (lembrar da Pangeia). Cabe destacar ainda, que os processos de formação e subducção de placas levaram ao desenvolvimento das grandes unidades do relevo oceânico, tais como dorsais oceânicas, associadas a zonas de fraturas, e as margens continentais ativas. A orientação e forma dessas grandes unidades de relevo controlam a circulação oceânica, que é uma das principais responsáveis pelos processos deposicionais em oceano aberto. Assim, são os processos tectônicos que irão controlar a distribuição da maior parte dos principais tipos de sedimentos (vulcanogênicos, terrígenos, biogênicos, autigênicos). A configuração atual das bacias oceânicas determina assim, a distribuição dos principais sistemas de circulação oceânica. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 2 1.2 – A Circulação Oceânica A circulação superficial dos oceanos é um importante mecanismo de controle e distribuição dos fluxos de partículas sedimentares que recobrem os fundos oceânicos atuais. Esta circulação é determinada pela interação entre os processos atmosféricos, a disposição das massas continentais e o movimento de rotação da Terra. Assim, no hemisfério norte, a circulação oceânica de superfície se processa no sentido horário e no hemisfério sul no sentido anti-horário. Isso acaba por ser determinante na questão das correntes. As águas quentes da Corrente do Brasil, se não favorecem a chamada Produção Primária, são responsáveis pela manutenção dos extensos depósitos carbonáticos da costa leste e nordeste brasileira. A chamada Circulação Termohalina é a circulação induzida pela mudança de densidade, determinada pelas variações de temperaturas e salinidade da água do mar, sendo a grande responsável pela circulação oceânica de profundidade. Tem como origem a fusão de gelo das calotas polares, com a conseqüente formação de águas muito frias e, portanto, mais densas, e um deslocamento em direção a latitudes mais baixas. Este deslocamento leva, à uma movimentação lateral e vertical de massas d’água de densidades menores e ao seu arranjo, segundo a latitude e a profundidade (Figura 1) Figura 1 – O esquema de Circulação Termohalina no Oceano Atlântico PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 3 Além de apresentar fluxo intenso o bastante para promover a erosão de fundos marinhos e a redistribuição de sedimentos previamente depositados, a circulação termohalina controla, físico-quimicamente, à deposição de partículas no fundo oceânico. Há uma forte dependência entre a solubilidade iônica e a temperatura. No caso dos oceanos, o exemplo mais evidente esta relacionado à solubilidade do carbonato, que representa a base das partes duras de um sem número de organismos marinhos. Assim, dependendo da temperatura da água do fundo, pode ser que não ocorra a deposição das carapaças carbonáticas, após a morte dos organismos, devido à sua solubilidade. Se a água de fundo estiver baixa o bastante para permitir a solubilização do carbonato, não haverá a formação de depósitos biogêncios carbonáticos. Nos oceanos circumpolares, as baixas temperaturas, associadas à alta produção biológica, levam à formação predominantemente de depósitos biogêncios silicosos, constituídos por esqueletos de Diatomáceas1 e Radiolários2. Os processos gravitacionais associados às Correntes de Turbidez são os mecanismos mais efetivos na construção de cânions e na transferência de sedimentos para o oceano profundo. Essas correntes se projetam, a partir da borda da plataforma e do talude continental, a velocidades proporcionais às diferenças de densidades entre o fluxo e o meio aquoso e à declividade do talude. Os depósitos sedimentares associados à corrente de turbidez são denominados turbiditos e podem recobrir extensas áreas dos fundos oceânicos próximos às margens continentais (Figura 2). 1 S. f. pl. Bot. 1. Microrganismos autotróficos providos de uma rígida carapaça silicosa formada por duas valvas que se encaixam, e que, em algumas espécies, é ricamente ornamentada. Vivem na água doce e na salgada, formando, não raro, colônias gelatinosas. 2 S. m. pl. Zool. 1. Ordem de protozoários, actinópodes, ger. esféricos, com o protoplasma dividido, por uma cápsula quitinosa com vários poros, em duas porções: interna e externa; e esqueleto em geral de sílica, ou sulfato de estrôncio, e com espinhos radiados. São marinhos e pelágicos, ocorrendo até a 5.000m de profundidade. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 4 Figura 2 – Os processos de transporte e deposição de sedimentos no meio marinho. 1.3 - As mudanças climáticas de larga escala e as variações relativas do nível do mar O registro geológico revela que o planeta está sujeito a importantes mudanças climáticas, que têm como causas principais fatores astronômicos, atmosféricos e tectônicos. As mudanças climáticas, com registros de períodos glaciais e interglaciais têm reflexo marcante, não apenas no volume de água armazenada nas bacias oceânicas, mas também em grandes modificações nos sistemas de circulação oceânica. O último evento glacial teve seu máximo há cerca de 18.000 anos (Período Quaternário) e o aprisionamento de água nas calotas levou a um abaixamento em até 160 metros. Isto significa que, durante o último glacial, quase todas as áreas que formam as atuais plataformas continentais encontravam-se emersas, ou seja, submetidas a condições ambientais completamente diferentes das atuais. Assim, a maioria dos grandes rios transportava carga de sedimentos diretamente até o talude, levando a uma maior deposição de sedimentos terrígenos nas partes mais profundas dos oceanos. Mudanças climáticas implicam, também, alterações na umidade relativa e na pluviosidade sobre áreas continentais, o que influencia diretamente o intemperismo, a erosão e o aporte de sedimentos terrígenos para os oceanos. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 5 1.4 – Os processos hidrodinâmicos em áreas costeiras e plataformas continentais Os fundos marinhos de áreas costeiras e as plataformas continentais são as porções dos oceanos onde as interações entre os processos astronômicos, metereológicos e oceanográficos, com os processos sedimentares são mais intensas. Nessas áreas, além dos fenômenos analisados acima, ocorre também ação de três processos hidrodinâmicos que têm papel fundamental nos mecanismos de erosão, transporte e deposição dos sedimentos: as ondas, as marés e as correntes costeiras. As ondas oceânicas são as grandes responsáveis pela remobilização de sedimentos nas plataformas continentais e na formação das praias. Em zonas preferenciais de deposição de sedimentos, como resultado dos processos de arrebentação de ondas, desenvolve-se o ambiente praial. Praias podem ser conceituadas como ambientessedimentares costeiros, formados mais comumente por areias de composição variada. Em um ambiente praial, após a arrebentação, ocorre a zona de surfe e, após esta, a zona de espraiamento (Figura 3). Figura 3 – Perfil esuqemático da topografia praial. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 6 Os processos de incidência de ondas sobre as praias levam à formação de feições topográficas características de cada um dos processos descritos acima. A morfologia dos perfis praiais depende da geomorfologia costeira e mais ainda da interação entre o “clima de ondas” e a granulometria dos sedimentos. Conseqüentemente, os perfis sofrem variações temporais em função das alternâncias das condições de tempo bom (acresção) e de tempestade (erosão). As correntes costeiras constituem alguns dos mais importantes agentes de remobilização de sedimentos. Essas correntes são responsáveis pelo transporte de material ao longo da costa, a partir de uma fonte, tal como um rio. Constituem, também, o grande mecanismo de circulação responsável pela manutenção da estabilidade e equilíbrio dos ambientes praiais. Além das correntes de deriva, ocorrem, em regiões costeiras; as chamadas correntes de retorno, que constituem um fluxo transversal à costa, no sentido do mar aberto; estas correntes são muitas vezes, associadas a canais ou cânions de plataforma e, portanto, permitem o transporte de sedimentos costeiros em direção a porções mais profundas dos oceanos. As marés são fenômenos ondulatórios, gerados pelos processos de atração gravitacional entre a Terra, o Sol e a Lua. Tanto a periodicidade quanto a intensidade e a amplitude das marés não são homogêneas nos oceanos. Na verdade, há vários fatores influentes nas características das marés de uma área, tais como as características morfológicas da bacia oceânica e a distância entre esta área e o ponto anfidrômico3. A mares também exercem importante papel na configuração e dinâmica de todas as desembocaduras fluviais, podendo formar ambientes conhecidos como estuários, que constituem algumas das áreas de maior importância para o crescimento de espécies de organismos marinhos de interesse comercial. 3 Ponto onde não há maré, a partir do qual se distribuem as linhas de mesma amplitude de maré. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 7 2 – A Fisiografia da Margem Continental Brasileira 2.1 As Margens Continentais As margens continentais representam a zona de transição entre os continentes e as bacias oceânicas e, do ponto de vista geológico, fazem parte do continente, muito embora situem- se abaixo do nível do mar. As margens continentais representam 20% do total da área ocupada pelos oceanos e podem ser agrupadas em dois tipos principais, de acordo com sua morfologia e evolução tectônica: as margens do “Tipo Atlântico” e do Tipo Pacífico”. Essencialmente, as margens do “Tipo Atlântico” caracterizam-se por sua maior extensão, estabilidade tectônica e acúmulo de espessas camadas sedimentares. Em contraste, as margens do “Tipo Pacífico” são, como um todo, mais estreitas e tectonicamente instáveis e apresentam atividade atual de vulcanismo e terremotos, em associação com dobramentos, falhamentos e outros processos relacionados à formação dos cinturões de montanhas jovens como a Cadeia doa Andes, na América do Sul. Por estas características, as margens do “Tipo Atlântico” são denominadas “passivas” ou “divergentes” e as do “Tipo Pacífico” de margens “ativas” ou “convergentes”. 2.1.1 - Margens Continentais do Tipo Atlântico As margens continentais passivas desenvolvem-se a partir do rompimento (rifteamento) e separação de um continente, dando origem a um novo oceano e dois blocos continentais. As margens leste da América do Norte e América do Sul, assim como as margens leste e oeste da África, são exemplos típicos de margens passivas em estágio avançado de evolução. Processos atuais de rompimento de blocos continentais e formação de nova crosta oceânica são observados hoje em dia no Mar Vermelho, que separa a Arábia do continente Africano. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 8 As margens Tipo Atlântico, ou passivas, apresentam três províncias fisiográficas distintas, definidas principalmente por variações de gradiente batimétrico: a plataforma continental, o talude continental e a elevação continental (Figura 4). Figura 4 – Perfil esquemático das margens continentais (principais feições). Plataforma Continental A plataforma continental representa a extensão submersa dos continentes. Normalmente apresenta gradientes suaves, inferiores a 1:1.000, desde a linha de praia até uma região de aumento substancial do gradiente topográfico, chamada de quebra da plataforma continental que se situa em profundidades médias de 130m nos oceanos mundiais. Algumas plataformas são bastantes largas, especialmente nas margens passivas, mas suas larguras variam de poucos quilômetros a mais de 400km, sendo a média 78km. Sua área representa menos de 8% da área total dos oceanos. As variações de relevo ao longo das plataformas continentais são relativamente pequenas, da ordem de 20m na média. Sua topografia atual é resultante do efeito cumulativo de erosão e sedimentação, relacionadas a numerosas oscilações de larga escala do nível do mar no último milhão de anos. A quebra da plataforma demarca, fisiograficamente, o limite entre a plataforma continental e o talude superior, sendo uma proeminente feição morfológica da margem continental. A localização comum da quebra da plataforma entre 100 a 150 metros de profundidade sugere que esta zona representa o nível mais baixo do mar durante o último evento glacial do Quaternário, há cerca de 18.000 anos atrás. Durante este evento, ocorreu a atuação de PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 9 fenômenos erosivos ou deposicionais nesta região da borda da plataforma, marcando o limite de quebra de gradiente batimétrico. Talude Continental A partir da zona de quebra da plataforma continental, as profundidades aumentam rapidamente de 130 metros para 1500 a 3500 metros, sendo esta região denominada talude continental. Esta província fisiográfica apresenta gradientes normalmente íngremes, com valores médios de 1:15, podendo ser superiores a 1:40. Nas margens passivas, os taludes continentais estendem-se até a província fisiográfica denominada elevação continental, que apresenta uma nova quebra no gradiente topográfico para valores mais suaves, inferiores a 1:40. Os taludes continentais possuem larguras de pouco mais de 10km até cerca de 200km. Os taludes são as regiões das margens continentais que apresentam as maiores espessuras sedimentares, podendo ultrapassar 10km de espessura. A sedimentação derivada do continente avança em direção à profundidades cada vez maiores, provocando o deslocamento progressivo da região da quebra da plataforma continental e do talude continental. Sopé Continental A província fisiográfica entre o talude e a bacia oceânica é denominada sopé continental (vide Figura 4). De todas as províncias fisiográficas da margem continental, o sopé é a mais difícil de se caracterizar, sendo mesmo impossível, em algumas áreas. Apresenta de 100 a 1000km de largura, marcado por um gradiente suave, variando de 1:40 a 1:800, com média de 1:150, com valores decrescentes mar adentro, o que dificulta a determinação de seu limite com as planícies abissais. Seus relevos locais são baixos, menores do que 40 metros, muito embora possam ser cortados por canais submarinos, que avançam a partir dos sistemasde cânions do talude continental, com relevos superiores a 200m. Comumente também, podem apresentar sistemas de cadeias de montanhas e montes submarinos com relevos superiores a 1000m em muitos locais. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 10 O sopé continental é formado por uma espessa acumulação de sedimentos com alguns quilômetros de espessura transportados do continente e depositados na base do talude continental. 2.2 As Bacias Oceânicas Entre as margens continentais e os flancos das cordilheiras meso-oceânicas, situam-se as bacias oceânicas onde ocorrem as planícies abissais que constituem as feições mais planas de todo o planeta com gradientes menores que 1:1000 e com profundidades variando entre 3.000 e 6.000 metros. As planícies abissais podem ser completamente isoladas umas das outras por elevações do embasamento oceânico. Em diversos locais, no entanto, pode ocorrer uma estreita passagem fazendo a conexão entre elas, caracterizando as passagens abissais. Os picos vulcânicos com relevos maiores de 1 km são denominados de montes submarinos. Estas feições, que normalmente tem a forma cônica como dos vulcões existentes no continente, são encontrados em todos os oceanos. No entanto, é no oceano Pacífico que o são mais numerosos e proeminentes, em parte devido à menor sedimentação terrígena. Cadeias notáveis de montes submarinos ocorrem nos diversos oceanos como, por exemplo, as cadeias de montes submarinos do Havaí, as cadeias de Vitória-Trindade no Atlântico Sul e a cadeia de montes submarinos de Kevin e das Ilhas Madeira e Açores no Atlântico Norte. A formação destes alinhamentos de montes vulcânicos formando cadeias é atribuída à movimentação da placa litosférica sobre um ponto quente fixo no manto (hot spot). PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 11 2.3 Cordilheira Meso-oceânica ou Dorsal Oceânica O mapa morfológico dos oceanos normalmente chama atenção pela presença da cordilheira meso-oceânica também conhecida como dorsal oceânica que é a mais conspícua4 de todas as feições topográficas da Terra. Esse sistema de cordilheiras estende-se por todos os oceanos com uma extensão total superior a 70.000km, em profundidades médias de 2.500m. As cordilheiras meso-oceânicas apresentam um relevo extremamente irregular, evidenciando duas feições distintas: a crista ou eixo e o flanco. A morfologia das cristas é usualmente muito pertubada, enquanto a do flanco tende a ser mais suavizado pelos sedimentos que recobrem parcialmente os desníveis do relevo. 2.4 A Fisiografia da Margem Continental Brasileira As margens continentais brasileiras, as bacias sedimentares costeiras de idade mesozóico- cenozóicas e os fundos oceânicos adjacentes têm sua história evolutiva vinculada aos fenômenos tectônicos que deram origem ao Oceano Atlântico Sul, a partir da separação dos continentes africano e sul-americano. As bacias sedimentares brasileiras evidenciam os quatro estágios básicos da formação do Atlântico Sul: pré-rift, rift, proto-oceânico e oceânico. A fase pré-abertura (pré-rift) caracteriza-se pela intumescência5 e distensões da crosta continental associadas a atividades magmáticas e vulcânicas. A evolução desses processos resultou no aparecimento de fraturamentos e falhas normais gerando estruturas do tipo grabens e horst, associadas a atividades vulcânicas constituindo o estágio denominado rift. O prosseguimento dos esforços tencionais provoca a derradeira separação crustal, com acresção de material proveniente do manto, evoluindo para a formação de uma nova crosta 4 Adj. 1. Que dá na(s) vista(s); visível. 2. Notável, eminente, distinto, ilustre. 3. Sério, grave, respeitável. 5 S. f. 1. Estado de intumescente; intumescimento, tumescência. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 12 (crosta oceânica) e o aparecimento de um novo oceano (estágios proto-oceânico e oceânico). A configuração do litoral brasileiro resulta da interação, durante um longo período de tempo, entre processos geológicos, geomorfológicos, climáticos e oceânicos. Verifica-se, em direção ao sul do Brasil, uma diminuição progressiva da importância da maré, paralelamente ao aumento da importância das ondas como o principal agente dinâmico dos ambientes costeiros. Esta transição faz com que haja diferenças bastante significativas nas características do litoral do país. 2.4.1 - A Margem Continental Brasileira A margem continental brasileira (Figura 5) é subdividida em três grandes setores, transversalmente à costa: Norte ou Equatorial, do Cabo Orange (AM) até o Cabo Calcanhar (RN); Leste, do Cabo Calcanhar até Vitória (ES); e Sul de Vitória até o extremo sul brasileiro. Estas subdivisões foram elaboradas principalmente a partir das características topográficas mais peculiares de cada setor e, secundariamente, das diferenciações genéticas e estruturais entre cada segmento da margem continental. Essas peculiaridades resultaram, por sua vez, em uma evolução sedimentar particular para cada um dos setores. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 13 Figura 5 – A topografia e a compartimentação geomorfológica do margem continental brasileira e dos fundos oceânicos. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 14 A Plataforma Continental Brasileira apresenta suas maiores dimensões junto à Foz do Rio Amazonas, com larguras de 350km, na região de Abrolhos (246km), e ao longo de todo o setor sul, onde atinge cerca de 200km na área entre Santos e Cananéia (SP). A Margem Continental Sul possui um espesso pacote de sedimentos terrígenos. A presença de um complexo serrano junto à linha de costa, representando um declive acentuado entre a área emersa e a área oceânica, associada a uma contínua e prolongada subsidência marinha, originou a formação dessa seqüência sedimentar. Esta deposição, avançando continuamente mar adentro, resultou no estabelecimento de uma plataforma larga com uma suave transição para o talude continental. A Plataforma Continental Sul caracteriza-se por apresentar o predomínio de areias quartzosas, com contribuição secundária de carbonato biodetrítico, sendo que suas áreas mais externas são recobertas por silte e argila (finos) que se associam a faixas de sedimentos de natureza carbonática. Estes últimos são compostos por conchas e restos de moluscos, foraminíferos, algas calcárias, briozoários e equinodermos, entre outros. A Plataforma Leste, gerada mais recentemente que a plataforma Sul, durante o evento de formação do Atlântico Sul, apresenta largura reduzida, atingindo um mínimo de 8km de largura defronte a Salvador (BA), onde ocorre uma transição plataforma-talude continental situada a pequenas profundidades, com uma contribuição de sedimentos terrígenos pouco expressiva na modelagem do relevo submarino. Esta pequena contribuição de sedimentos terrígenos, associada às características da circulação oceânica, com massas d’água de temperatura elevada e salina, implicaram o desenvolvimento de extensas formações calcárias de algas e corais e no predomínio de sedimentos biogênicos. Nesta plataforma as construções calcárias de natureza biogência, dominam os fundos marinhos com a presença, entre a linha de costa e as construções carbonáticas mais extensas de faixas contínuas de areias subarcosianas e areias biodetríticas. Na região mais ao norte da plataforma continental leste, a ocorrência de construções carbonáticas próximas à linha de costa reduz a ocorrência dessas faixas de sedimentos arenosos.Uma interrupção no padrão deposicional da plataforma continental leste ocorre na região de influência do Rio São Francisco, onde estão presentes faixas de lamas terrígenas. Ao sul desta área até a PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 15 região de Vitória (ES), as construções carboáticas encontram-se mais afastadas da costa, em razão do aumento relativo da contribuição terrígena, proveniente de vários rios que deságuam no meio marinho (Doce e Jequitinhonha). Na plataforma continental norte predomina a ocorrência de extensas faixas constituídas por areias bem arredondadas, além de fragmentos calcários amplamente distribuídos. A transição entre a plataforma e o talude, também é diferenciada em cada setor, estando localizada entre as isóbatas de 75 e 80 metros no setor Norte, 40 e 80 metros no setor Leste e até 160 metros no Setor Sul. A Elevação Continental ou Sopé Continental é a província fisiográfica mais desenvolvida da Margem Continental Brasileira. Sua cobertura sedimentar é constituída predominantemente por sedimentos terrígenos, provenientes da plataforma continental, transportados e depositados por fluxos gravitacionais de massa (deslizamentos, correntes de turbidez) da borda extrema da plataforma e do talude continental. Na porção externa da margem continental brasileira (talude e elevação continental), destacam-se duas marcantes feições: o cone submarino do Amazonas, ao norte, e o cone do Rio Grande, ao sul. O cone do Amazonas abrange uma área que se estende da borda externa da plataforma continental até a elevação continental, ao largo da costa do Amapá, projetando-se por cerca de 700km para Norte, atingindo profundidades entre 4.750 e 4.850 metros na planície abissal de Demerara. O cone de Rio Grande, de menor expressão, se desenvolve desde a borda da plataforma do Rio Grande do Sul até profundidades de 4.000 metros. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
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