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Filosofia do Direito - Aula 16 - 05.05.2011

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05/05/2011 – Filosofia do Direito – Aula 16 – Prof. Luciana Musse – Quinta-feira
JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA
Slide 37 – Ainda estamos no campo do funcionalismo jurídico. Dentro dessa perspectiva, que defende a judicialização do judiciário, que os juízes tenham uma formação política e, não só isso, que eles atuem tendo uma posição política. Vamos, nesta aula, analisar o texto 5, que trata da judicialização da política.
 	Quando se fala em judicialização da política, a primeira coisa que temos que vir a cabeça são os TRIBUNAIS SUPERIORES, principalmente SUPREMO. Isso porque eles são órgãos de defesa, sobretudo, da CONSTITUIÇÃO. Tanto que o supremo é chamado de CORTE CONSTITUCIONAL (o guardião da Constituição).
 	Essas decisões que ocorreram no STF hoje, sobre a união homoafetiva, por exemplo, vão vimcular todo o judiciário. Havia um dogma com relação ao judiciário de que só se tem que obedecer à lei a à sua consciência. Não ao judiciário. 
 	A judicialização é um fenômeno INTERNACIONAL. Está, na contemporaneidade, havendo uma projeção do papel do juiz em quase todos os aspectos da vida social. Veja, repito, que esse destaque à atuação dos juízes é um fenômeno contemporâneo. Pode-se dizer que há uma retração do legislativo e uma ampliação da atuação do judiciário. Mas, porque? Se é um fenômeno novo, o que provocou essa transformação?
 	No texto do Werneck, ele fala em “ativismo judiciário”. O autor diz que essa projeção do judiciário NÃO tem a ver com ativismo judiciário. Na verdade, “ativismo judiciário” é o JUIZ atuar uma postura política individual. 
 	Lembre-se de que a judicialização é um fenômeno mundial (no mundo ocidental). Ele ocorreu a partir dos anos 70 e promoveu uma mudança inclusive nos países do civil Law. Até porque isso não era um fenômeno nos países do commom Law.
 	Trazendo para a área filosófica, o “ativismo judiciário” seria um certo extrapolamento. Um certo excesso por parte do juiz. A judicialização é um fenômeno MUNDIAL. Já o “ativismo judiciário” seria uma postura INDIVIDUAL.
 	Nos anos 70, ocorreram várias crises: crise do petróleo, crise do modelo do Welfare State, etc. Crise do Welfare State, principalmente na Europa, principalmente na França, Alemanha e Inglaterra (os três países liberais). 
 	Segundo o texto, o Welfare State no Brasil se iniciou na década de 1930, com as CONQUISTAS TRABALHISTAS, da era Vargas. Tanto que nossa CLT é o produto de consolidações que começaram na década de 30. 
 	O marco histórico para a crise é a segunda guerra mundial. Werneck marca como importante para essa problemática a abertura de caminho para penalização de agentes estatais que violem direitos humanos (Ex: Tribunal de Nuremberg). Isso foi muito importante para a crise.
 	Com a criação do Tribunal de Nuremberg, houve uma abertura de se julgar autoridades públicas em função da prática de crimes de guerra. 
 	Veja que o liberalismo pregava o Estado mínimo. E, por muito tempo, a autoridade soberana não se submetia à norma. Essa é uma leitura que se pode fazer. Outra leitura é que no processo da judicialização, se há um encolhimento do legislativo e um alargamento do judiciário, isso implica um estremecimento da tripartição das funções. Isso é outra leitura que se pode fazer. Ou seja, há um cheque à tripartição das funções. Ou seja, essa judicialização enfraquece o legislativo, mas, ao mesmo tempo, é desejada pelo legislativo. Isso porque, o legislativo pode deixar a cargo do judiciário as questões polêmicas, visto que, se ele (legislativo) tivesse que decidi-las, perderia votos nas eleições. Veja, ainda, que na criação das leis, o próprio legislativo, na oposição, imputa inconstitucionalidades na lei, levando o tema ao judiciário. Veja que enfraquece-se também o principio da legalidade, criando maior fluidez no próprio Estado. Há uma abertura nos limites da própria norma. Há uma redução na segurança jurídica. É o que Baumann chama de mundo líquido. O mundo fica mais fluido. 
 	Este é o cenário que possibilitou que ocorresse a JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA.
 	Também em função da segunda guerra mundial, o que o texto fala que acontece com o direito? Começam a aparecer todas as condições para o que Dworkin disse, ou seja, direito são regras e princípios. Da guerra veio a motivação, de importância crucial, para que as constituições trouxessem em seu corpo um “núcleo dogmático”. Ou seja, para, TRAZER OS PRINCÍPIOS PARA A CONSTITUIÇÃO. Esses núcleos são os princípios. Esse CONSTITUCIONALISMO DEMOCRÁTICO vai exigir um judiciário mais atuante. O judiciário se torna um MURO DAS LAMENTAÇÕES do mundo moderno. Tudo vai convergir para o judiciário. O juiz começa a se imiscuir em todos os setores da vida social.
 	Então, vimos que, na década de 70, houve a crise do Welfare State na Europa. E no Brasil? 
 	Aliás, como se caracterizou o neoliberalismo no Brasil? Em tese, a partir de 1988, no Brasil, estabeleceu-se o Estado de bem estar social no Brasil (pelo menos conforme garantido e previsto pela Constituição de 1988). Veja que, todavia, na década de 90, iniciou-se a institucionalização de um verdadeiro Estado neoliberal (ou seja, dois anos depois da Constituição, iniciou-se todo um sucateamento da máquina estatal, e fim dos direitos sociais que foram previstos – privatizações, mudanças nas leis trabalhistas, etc).
	Nos EUA e na Europa isso se iniciou nos anos 70. Leia os segundo e terceiro parágrafos do texto 5 da página 40 (e 41): Nesse contexto, em que o direito e o ....
 	No texto, o autor diz que o boom da litigação é um fenômeno mundial que converte a agenda do acesso ao judiciário em “política pública de primeira grandeza”. Nós estamos falando de empoderamento do judiciário, mas, no Brasil, houve também um empoderamento do Ministério Público. Veja que foi a Constituição de 88 que trouxe esse empoderamento ao MP. Com a Constituição houve um reforço do ACESSO À JUSTIÇA. Uma forma de se dar empoderamento das minorias, por exemplo, foi pela DEFENSORIA PÚBLICA. Veja que, na Constituição, consta que o Estado prestará assistência jurídica gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. 
 	No texto ele quer dizer que o legislativo, ao criar esses meios de defesa do cidadão, ele faz com que essa politização ocorra. Tanto que o legislativo pode “sentar” sobre um projeto de lei e não fazer nada, mas o judiciário não pode se recusar a julgar. Então, o legislativo criou muitos mecanismos e institutos para que a população tenha acesso à justiça.
 	As Class Actions que ele fala no texto são as AÇÕES COLETIVAS. Veja que, normalmente, as ações judiciais são individuais. Porém, o legislativo instituiu as AÇÕES COLETIVAS, que é a atuação por grupos, por via COLETIVA. Veja que as ações coletivas podem ser propostas no âmbito da justiça do trabalho, do direito do consumidor, etc.
 	Veja a pág. 41 do texto: “A invasão do direito...”.
 	O que ele quer dizer que não se trata de um “ativismo judicial” (ou seja, de uma ação individual dos juízes), mas sim de um fenômeno INSTITUCIONAL. E mais, é um fenômeno mundial, e não apenas nacional.
 	
Sugestão de filme: Deuses e Homens.

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