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Artigo sobre redes de atenção a saude

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TBL - Pólis
AS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE: PELA RECONVERSÃO DO MODELO DE ATENÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DA APS
As ações da APS na oferta serviços de saúde à população vêm sendo construídas por meio de estratégias, políticas e programas do Ministério da Saúde em parceria com as secretarias municipais e estaduais de saúde. Nessa linha foi implementada uma agenda que oferta serviços de saúde por meio de diferentes agendas e programas, dos quais merece destaque: o Programa de Saúde da Família (PSF) e os seus desdobramentos com agendas específicas no cuidado da saúde do idoso, materno-infantil educação e saúde. Integrando o PSF, é reconhecida a importância do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs) no âmbito da saúde bucal, do programa Brasil Sorridente, mais recentemente do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (Nasf), do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Primária (Pmaq) e, mais ainda, do Programa Mais Médicos, alguns exemplos da oferta de serviços próprios da APS.
A criação das Redes de Atenção à Saúde-RAS associa-se a um quadro de mudanças no perfil epidemiológico da população brasileira, mudanças essas que trazem novas necessidades relacionadas às condições de saúde.
O quadro do perfil epidemiológico brasileiro tem mudado, considerando a transição demográfica, as condições de saúde no país não são mais formadas apenas por doenças agudas. Ou seja, uma população em processo de envelhecimento vivencia muito mais condições crônicas, pois as doenças crônicas são os tipos de doenças que mais afetam os idosos. Além disso, o sistema convive com uma demanda oriunda de uma carga tripla de doenças, no qual o cenário é de doenças infecciosas e parasitárias, ainda não totalmente erradicadas; o próprio crescimento de doenças crônicas (mencionado anteriormente) e o crescimento de casos suscitados por elementos externos (acidentes, violência). Com isso, delineia-se claramente uma premente necessidade de reconfiguração do modelo de atenção à saúde, compreendido como: um sistema lógico que organiza o funcionamento das RAS, articulando, de forma singular, as relações entre a população e suas subpopulações (grupos) estratificadas por riscos, os focos das intervenções do sistema de atenção à saúde e os diferentes tipos de intervenções sanitárias, definido em função da visão prevalecente da saúde, das situações demográfica e epidemiológica e dos determinantes sociais da saúde, vigentes em determinado tempo e em determinada sociedade (MENDES, 2011, p. 209).
Portanto, a lógica pela reconfiguração do modelo, passa por vários pontos, um dos fenômenos de interferência é a própria estrutura demográfica e epidemiológica da sociedade brasileira atual. Não seria incorreto afirmar que não haverá eficiência em um modelo direcionado prioritariamente para doenças agudas, com um quadro que apresenta outras necessidades e demandas. De fato, essa é uma discussão que desencadeou e estimulou a organização de redes integradas à saúde nos sistemas municipais e estaduais do país, porém já iniciada anteriormente em nível internacional. É neste contexto que culmina a implantação das RAS, como “arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado”. A portaria que institui as RAS estabelece seis características principais inerentes à nova proposta de trabalho em rede. Ou seja, as RAS, portanto, deverão formar relações horizontais entre os diferentes pontos de atenção, considerar a APS como centro de comunicação, planejar e organizar as ações segundo as necessidades de saúde de uma população específica, basear-se no cuidado multiprofissional e compartilhar objetivos e compromissos com os resultados, tanto em termos sanitários quanto econômicos. Nessa construção, a integralidade da assistência à saúde é explicitada como o início e se completa na Rede de Atenção à Saúde (BRASIL, 2011). A APS fica em destaque para a própria reorganização planejada com a RAS, de maneira que o serviço passe de uma estruturação hierarquizada piramidal e vertical, para uma organização fundada na proposta de rede, ou seja: A concepção vigente na normativa do SUS é a de um sistema hierárquico, de tipopiramidal, formatado segundo as densidades relativas de cada nível de atenção em atenção básica, média e alta complexidades. Essa concepção hierárquica e piramidal deve ser substituída por outra, a das redes poliárquicas de atenção à saúde, em que se respeitando as diferenças nas densidades tecnológicas, rompem-se as relações verticalizadas, conformando-se redes policêntricas horizontais. Contudo, a RAS apresenta uma singularidade: seu centro de comunicação situa-se na APS (MENDES, 2015, 20). Em se tratando de experiências de gestão já implementadas no cenário internacional da proposta de uma organização do serviço em rede, com a APS ordenando, há experiências implementadas em países como a Noruega, Suíça, França, Espanha, Alemanha, Holanda e Inglaterra. Na América Latina, o Chile esta entre os países que apresenta uma implementação inicial (BRASIL, 2012).
No Brasil no âmbito da gestão, entre as primeiras experiências estão às implantadas em Minas Gerais. A Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES/MG) vem incentivando desde 2003 a implantação do Programa Viva Vida nos municípios mineiros, com o objetivo principal de diminuir a mortalidade materno-infantil no estado. Até 2009, o programa estava implantado em 16 municípios. A consolidação da Rede Hiperdia Minas é uma outra iniciativa de trabalho em rede em processo de construção no estado, direcionada à atenção das condições crônicas. A organização da assistência aos usuários diabéticos possibilitou uma economia de aproximadamente R$200 mil para a rede pública, em dois municípios analisados (BRASIL, 2012).
A implantação das RASs reafirma que o modelo de atenção guiado pelas necessidades crônicas e agudas precisa ser reelaborado. O modelo que em que considere além das mudanças do perfil epidemiológico, uma reflexão sobre outros fatores, como a própria gestão e distribuição de recursos, em que pese as condições de saúde, as necessidades de saúde, a oferta de serviços, as iniquidades desse processo, que segundo os princípios do SUS deve ser guiado pela integralidade, universalidade e equidade. Conforme observam Porter e Teisberg (2007) o valor dado à saúde está expressa nos recursos utilizados no cuidado de uma população; bem como nos resultados econômicos, clínicos e humanísticos. Há evidências, obtidas em vários países, de que as RASs melhoram os resultados clínicos, sanitários e econômicos dos sistemas de atenção à saúde (MENDES 2007 e 2015). O sucesso da proposta de reconfiguração direcionada pelas RASs depende em muitos pontos de uma APS bem organizada, na medida que se espera que a APS coordene o cuidado e o fluxo de serviços e usuários na Rede de Atenção.
Observados que existem resultados positivos na EsF, sua expansão ocasionou também novos desafios. Dos quais, destaca-se o processo, em curso, de reestruturação e qualificação da APS, por meio das RAS, a capacidade de gestão do cuidado e o aumento do escopo de ações, a ampliação e formato das equipes, de modo que auxilie na expansão da resolutividade e da articulação e suporte com/de outros pontos de atenção da RAS (BRASIL, 2014). A dinâmica e as mudanças no contexto social e econômico, portanto, exigem do serviço estratégias que possam caminhar a ponto de interferir nessa realidade cada vez mais complexa, com políticas em oposição a toda verticalização biomédica ou características próprias de um modelo hospitalocêntrico e cura das doenças24, caso o país almeje efetivar APS como organizadora do sistema.
QUESTÕES
A Rede de Atenção a Saúde surgiu para:
Tratar as condições crônicas
Tratar as doenças agudas
Tratar as doenças parasitárias
Tratar as condições de saúde 
É característica ou atribuição da RAS:
Possuir relação vertical aos diferentes pontos deatenção
Manter a universalidade do cuidado
Ter a APS como centro de comunicação
Constitui-se em espaços físicos para trabalho
A RAS melhoram os resultados clínicos, sanitários e econômicos dos sistemas de saúde, EXCETO:
Na reestruturação e qualificação da APS
Na capacidade de gestão do cuidado
No aumento do escopo de ações
Na ampliação e formato das equipes

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