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TBL APS e ABS

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TBL – Pólis
Atenção Primária a Saúde (APS) e Atenção Básica a Saúde (ABS)
Em 1972 a ONU/OMS realizada a Conferência de Alma-Ata, questionando a chocante desigualdade entre os povos, propondo alternativas em um caminho que efetivasse a universalização do direito a “Saúde para Todos nos Anos 2000”. 
Algumas de suas metas determinavam iniciativas no âmbito da educação em saúde, o acesso à água tratada e ao saneamento, a promoção e proteção à saúde, distribuição de alimentação e nutrição, imunização, cuidados com saúde materno-infantil, prevenção de doenças endêmicas, o tratamento adequado de doenças e fornecimento de medicamentos. Dessa maneira, ainda previa proporcionar serviços de proteção, cura e reabilitação, conforme as necessidades de saúde da população. 
A chave principal para atingir seu propósito, segundo a declaração final da conferência, seria mediada pelos cuidados primários de saúde, em um espírito fundado na ideia de contribuição para a produção de justiça social. A proposta internacional de Alma-Ata, assinada por mais de 134 países, denomina APS de cuidados primários como: 
Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e tecnologias práticas, cientificamente bem fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal de indivíduos e famílias da comunidade, mediante sua plena participação e a um custo que a comunidade e o país possam manter em cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e autocuidado. Fazem parte integrante tanto do sistema de saúde do país, do qual constituem a função central e o foco principal, quanto do desenvolvimento social e econômico global da comunidade. Representam o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, pelo qual os cuidados de saúde são levados o mais proximamente possível aos lugares onde pessoas vivem e trabalham, e constituem o primeiro elemento de um continuado processo de assistência à saúde (OPAS/OMS, 1978, p. 3-4).
Em se tratando do Brasil, apesar das fragilidades e dos desafios enfrentados, ao longo da história de sua implantação, a APS é considerada uma forte referência na agenda da reforma sanitária, principalmente a partir da institucionalização do SUS. Nesse processo histórico, a implantação do Programa Saúde da Família (PSF), em 1994, incorpora a defesa de um trabalho em saúde que preze a humanização, a universalidade, a integralidade, equidade e resolutividade e a intenção de contar com a participação comunitária, por meio de atividades de educação em saúde, por exemplo.
A diferenciação entre os termos atenção primária à saúde (APS) e atenção básica à saúde (ABS), o último tendo sido institucionalizado no Brasil para denominar o trabalho com “cuidados primários de saúde”, evidencia que certas especificidades do contexto nacional acabaram influenciando nas estratégias da agenda e políticas com tal propósito. Portanto, caracterizando uma APS “autóctone” no caso do Brasil, o que também ocorreu em outros países, que, apesar de utilizarem o mesmo termo, a prática gerou certa polissemia (não apenas teórica) de significados e práticas na assistência e organização dos serviços.
No que diz respeito ao caso do Brasil, o uso do termo “básica” em substituição ao termo “primária” (utilizado internacionalmente) em muitos documentos e programas do governo, Matta e Fausto (2007) argumentam que essa adoção se deveu a resistências ao que representaria o uso desse último exatamente como sinônimo de iniciativas reducionistas e contrárias aos princípios de integralidade e universalidade, sempre defendidos pelo Movimento pela Reforma Sanitária, iniciada nos anos 1970.
Por outro lado, sobre o uso dos termos, Mendes (2015) ressalta que a denominação criada para a atenção primária como atenção básica no Brasil reforça uma concepção de serviços simples e reducionistas, o que levaria a uma interpretação contrária do verdadeiro significado da APS que se refere a um princípio “complexíssimo”. Assim, essa visão básica de APS poderia incorrer numa perda do significado verdadeiro de um trabalho com cuidados primários, proposto internacionalmente.
Apesar da polêmica conceitual e suas implicações nas ações de saúde, a política nacional define a ABS como um conjunto de ações de saúde direcionada tanto ao indivíduo, quanto à coletividade. Ela passa a ser desenvolvida por meio de atividades gerenciais e sanitárias, as quais abrangem a promoção, a prevenção, a proteção, o diagnóstico, tratamento, a reabilitação e manutenção. Assim, o seu processo de trabalho é realizado em equipes e direcionado a moradores de um território bem delimitado, com uso tecnologias de baixa densidade e elevada complexidade, e é o contato preferencial dos usuários com o sistema de saúde (BRASIL, 2006).
A APS como porta de entrada no sistema corresponde a serviços médicos de medicina geral e ou de médicos de família (MENDES, 2012). Ao ser assim tomada, a APS orienta o sistema de forma a reduzir os custos econômicos e satisfazer demandas próprias e restritas ao primeiro nível da atenção. Espera-se então, que a atenção primária tomada como base de um sistema de saúde, por isso porta de entrada, seja muito bem delineada e eficiente a ponto de orientar a organização do sistema como um todo. Ou seja, o serviço/a assistência não se encerra na porta de entrada, apenas se inicia ali.
Segundo Starfield (2002), APS é aquele nível de prestação de serviços que oferece a entrada no sistema para todos os problemas e as necessidades de saúde, fornece atenção e cuidado, uma longitudinalidade em um atendimento que preza pela atenção direcionada para a prevenção promoção, tratamento e reabilitação. A APS pressupõe um trabalho realizado em equipe com atividades que não estão limitadas a subespecialidades, mas a uma coordenação do sistema e sua integração com todos os tipos de atividades, incluindo as menos frequentes e as mais complexas nos diferentes tipos de atenção do sistema de saúde. Para medir a capacidade e a qualidade do desempenho alcançado pela APS, a autora apresenta elementos estruturais que avalia mais relevantes, acrescido dos elementos de desempenho.
Mendes (2012) realiza uma releitura desses elementos, os quais o autor chama de atributos e funções. Os atributos seriam: primeiro contato, longitudinalidade, integralidade, coordenação, focalização na família, orientação comunitária e competência cultural. No âmbito dessas funções, como atributos derivados dos quatro primeiros, encontram-se a resolubilidade, comunicação e responsabilização. Segundo Mendes (2012, p. 21): O primeiro contato relaciona-se com o uso dos serviços para cada novo problema, a entrada de um novo episódio de problema de saúde em que o serviço é procurado. A existência de um suporte constante e regular ao longo do tempo, em um ambiente de acolhimento, confiança mutua e humanizada entre a equipe e os indivíduos e as famílias é o que significa um trabalho direcionado pela longitudinalidade. A integralidade pode ser traduzida como um trabalho em equipe que seja no intuito de atender uma promoção, prevenção, cura, cuidado e reabilitação, o reconhecimento dos problemas como determinados por questões biológicas, psicológicas e sociais. O elemento da coordenação é a capacidade gestora de garantir a continuidade da atenção, o que requer constante articulação e comunicação. Comunicação que prevê a participação da comunidade. O sujeito da atenção, na APS é a família, o que exige uma interação maior da equipe e essa unidade social o que, no Brasil, nota-se presente na própria proposta da ESF. A competência cultural convoca uma relação horizontal entre a equipe de saúde e a população que respeite as singularidades culturais e as preferências das pessoas e das famílias (MENDES, 2012, p. 21).
De fato, ao olhar para a vida prática, em que o serviço se materializa, percebe-se que ainda existe um longo caminho de desafios e avanços para a efetiva realização de tal tarefa. No meio de uma heterogeneidade de propostas.
Entretanto, nem sempre a prática da APS consegue alcançar e contemplar todos os atributos. Há que se ressaltar que o caminho segue e as mudanças são colocadas no sentido de avançar nesse sentido, da efetiva estruturação da APS apregoada pela Starfield (2002). Nesse sentido, a construção histórica da Estratégia de Saúde da Familia (EsF) e de seus desdobramentos serve como um exemplo. E ainda, mais recentemente, a proposta de reestruturação do sistema pelas Redes de Atenção à Saúde (RAS) a serem tratadas nas próximas aulas.
QUESTÕES - TBL
A Atenção Primária a Saúde defendida em Alma-Ata, prevê EXCETO:
Ser o primeiro elemento de um continuado processo de assistência à saúde.
Cuidados essenciais de saúde, baseado em métodos e tecnologias básicas.
Ser foco principal do sistema de saúde.
Representa o primeiro nível de atenção a saúde.
No Brasil, a APS é compreendida como:
APS, defendida em Alma-Ata
O Programa Saúde da Família
A Estratégia Saúde da Família
Atenção Básica de Saúde.
	
Caracteriza-se como APS, EXCETO:
Nível de prestação de serviços que oferece a entrada no sistema para todos os problemas e as necessidades de saúde, fornecendo atenção e cuidado.
Suporte constante e regular ao longo do tempo, em um ambiente de acolhimento, confiança mutua e humanizada entre a equipe e os indivíduos e as famílias
Relação vertical entre a equipe de saúde e a população que respeite as singularidades culturais e as preferências das pessoas e das famílias.
Comunicação que prevê a participação da comunidade

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