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Fundamentos das Ciências Sociais VII

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Prof. Dr. Rogério Britto
BEM-VINDO À DISCIPLINA
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS - Aula VII
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A ATUALIDADE DE MAX WEBER
Max Weber é provavelmente o autor mais influente e conhecido no âmbito das ciências sociais. Não apenas a sociologia e a ciência política modernas o têm como autor central e referência constante, mas também o direito, a economia, a administração de empresas e até a filosofia mobilizam várias de suas interpretações e ideias. É difícil imaginar um pensador contemporâneo que não tenha sido influenciado por suas ideias.
Sua influência diz respeito à especificidade do que ele denominava de “racionalismo ocidental” — uma racionalidade que vai ser definida a partir da sociedade específica, da matriz civilizacional a qual essa sociedade particular pertença.
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Em relação à civilização ocidental moderna, Weber irá definir seu racionalismo específico como sendo o do “racionalismo da dominação do mundo”. Esse racionalismo difere dos racionalismos não-ocidentais onde se enfatiza a “fuga do mundo”, típico da sociedade de castas hindu, ou do racionalismo da “acomodação ao mundo” típico da sociedade tradicional chinesa. O racionalismo da dominação do mundo vai ser definido por uma “atitude instrumental” em relação a todas as três dimensões possíveis da ação humana: ação no mundo exterior, na natureza; no mundo social; e no próprio mundo subjetivo, como meros “meios” para a consecução de fins heterônomos como poder e dinheiro. 
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Weber rompe de forma mais sistemática com o cientificismo de influência positivista, muito presente nas obras de pensadores do século XIX. Em sua opinião as ciências sociais, que ele define como ciências da cultura, são disciplinas cujas diretrizes metodológicas e teóricas são profundamente influenciadas pelo ponto de vista do investigador.
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O sociólogo Max Weber parte do princípio de que a sociedade não é apenas algo exterior aos indivíduos. Ao contrário ela seria o resultado de uma imensa rede de relações entre os seus membros. Para analisar esta rede de interações não basta observá-la de modo distante, é necessário se aproximar, interagir e, a partir daí, assimilar os diferentes tipos de racionalidade que motivam as relações sociais existentes. 
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Para Weber, o tipo ideal refere-se a uma construção mental da realidade, onde o pesquisador seleciona um certo número de característica do objeto em estudo, a fim de, construir um TIPO. Esse tipo será muito útil para classificar os objetos de estudo. Assim, quando pensamos em democracia temos em mente um conjunto de características em nossa mente dando origem a um todo idealizado (o Tipo Ideal). Ao observar um sistema político contrastamos com esse tipo que temos em mente para classificar esse sistema como democrático ou não.
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A base da sociologia weberiana pode ser estruturada a partir do conceito de ação social, que segundo Weber seria todo tipo de conduta humana relacionada a outros indivíduos e dotada de um sentido subjetivamente elaborado. 
É uma ação orientada significativamente pelo agente conforme a conduta de outros e que transcorre em consonância com isso.
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Em outras palavras, é qualquer ação que se dirige a outros indivíduos. “É ação em que o sentido subjetivo do sujeito ou sujeitos está referido à conduta de outros, orientando-se por esta em seu desenvolvimento”. As quais podem ser: passadas, presentes ou esperadas como futuras. 
Assim Weber dirá que toda vez que se estabelecer uma relação significativa, isto é, algum tipo de sentido entre várias ações sociais, teremos relações sociais. Só existe ação social quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações com os demais.
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São estabelecidas quando os agentes partilham o sentido de suas ações e agem reciprocamente, de acordo com certas expectativas que possuem do outro.
(Quintaneiro, Tania et al. Um toque de clássicos. Ed. UFMG).
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Ação social racional com relação a fins
São aquelas cujo sentido subjetivo envolve os meios adequados para se atingir determinados objetivos, previamente estabelecidos. Ex.: uma pesquisa científica, um projeto econômico, fazer um curso de graduação etc... 
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 Ação social racional com relação a valores
São aquelas cujo princípio racional se caracteriza pela tentativa de influenciar outros indivíduos sobre a afirmação de determinados valores. Ex.: participar de uma manifestação em defesa da natureza ou em prol dos direitos humanos, ou entrar para a universidade porque a família considera este um ponto importante. 
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Ação social afetiva 
São aquelas cujo sentido subjetivo racional se mistura a uma forte carga emocional, muitas vezes comprometendo a própria análise da racionalidade em questão. Ex.: ações motivas por ciúme, cólera, paixão etc...
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Ação social racional com relação ao regular 
ou ação social tradicional
São aquelas cujo sentido subjetivo se constrói com vistas à observação de costumes ou tradições. Ex.: o casamento religioso, ou o batismo dos filhos em determinada igreja, para quem não é praticante daquela crença. Ir para a universidade porque todos na família assim o fizeram etc...
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A perspectiva weberiana de estudos sociológicos fundamenta-se na possibilidade de o cientista compreender a ação social do indivíduo, ou seja, em atores sociais capazes de conduzir suas próprias ações, que têm motivações e sentidos. Para ele, a ação social e suas diferentes motivações levam a quatro categorias ou tipologias. Assinale as colunas correspondentes às características de cada uma.
1- Ação social racional em relação a fins
2- Ação social racional com relação a valores
3- Ação social tradicional
4- Ação social afetiva
( ) O agente tem motivações e inspirações imediatas como, por exemplo, de medo, de ódio ou entusiasmo.
( ) São modos de condutas que obedecem a estímulos habituais, de modo que ocorrem e são praticadas por vários agentes como um costume.
( ) O agente possui um comportamento fiel às suas convicções como, por exemplo, na política ou no exercício da liberdade religiosa.
( ) O agente disporá de todos os meios necessários para atingir um fim preestabelecido como, por exemplo, quando ele está praticando uma ação no mercado.
A sequência correta é
a) 3, 2, 4, 1.
b) 2, 1, 4, 3.
c) 4, 1, 2, 3.
d) 4, 3, 2, 1.
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“Consiste num estado de coisas pelo qual uma vontade manifesta do dominador influi sobre os atos de outros (dominados), de tal modo que em grau socialmente relevante, estes atos tem lugar como se os dominados tivessem adotado, por si mesmos e como máxima de sua ação o conteúdo do mandato (obediência)”
Dominação é a luta e o antagonismo entre os homens a única coisa que pode levar à vitória de um valor sobre os outros.
O conceito de dominação não se restringe ao poder, muito menos à força.
Toda a dominação precisa de uma legitimação (aquilo que é aceitável, aquilo que o povo consente e aceita).
A dominação precisa de legitimidade porque não se mantém apenas na força bélica.
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Carismática
Tradicional
Legal
 — Os tipos de dominação quase nunca se encontram em estado puro, isto é, um não será inteiramente desprovido do outro. 
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Dominação burocrática (crença nas leis e no direito — pela crença na validade de um estatuto legal e de uma ‘competência’ positiva, estruturada em regras racionalmente estabelecidas).
Todas as decisões, decretos e ordens de serviços devem vir por escrito;
Legitimidade dos chefes designados por sua competência funcional
Formação especializada
Organização racional e legal das funções(burocracia);
Hierarquia racional;
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Legitimada pela crença “santa” na tradição;
Conformismo, reconhecimento antigo, habitual
O líder é chamado ao poder em virtude de um costume (ex: primogenitura, o mais o antigo de uma família, etc.;
O líder reina a título pessoal, orienta-se segundo regras habituais de equidade e justiça, ou oportunidade pessoal;
Não é exercida
com a preocupação de eficiência. Não há a busca pelos meios mais eficientes para atingir os fins visados.
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Legitimada pela fé nas qualidades ”sobrenaturais” e de liderança do chefe/líder;
Entrega total a pessoa do chefe, que se acredita predestinado a uma missão;
Confiança cega e fanática, desprovida de controle crítico;
Fundamento emocional e não racional;
Não reconhece instituições, regulamentos, precedentes ou costumes;
Poder instável, arbitrário; podendo tomar decisões a forma do poderio revolucionário.
— No processo sucessório é comum voltar ao regime tradicional ou legal.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS...
Sociologicamente falando, a dominação legal-racional não é um estágio a ser alcançado ou uma etapa posterior de um processo evolutivo. Os três tipos de dominação convivem numa sociedade moderna, e nada impede que, por exemplo, durante uma crise de um Estado marcado pela dominação legal, surja um líder aclamado pelo povo, um Führer ou um Duce.
O estudo de Weber é essencialmente esclarecedor para a análise da história humana, o surgimento de civilizações, o poder de um líder carismático, etc.
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Assinale a opção que contenha as categorias básicas da sociologia de Max Weber:
a) função social, tipo ideal, mais-valia
b) expropriação, compreensão, fato patológico
c) ação social, materialismo, idealismo
d) vontade de poder, julgamento de valor, solidariedade mecânica
e) ação social, relação social, tipo ideal
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Sobre os conceitos de poder e dominação, tal como elaborados por Max Weber, é correto afirmar que:
a) a dominação prescinde do poder, uma vez que os indivíduos que se submetem a uma ordem de dominação não levam em conta os recursos que possuem aqueles que exercem a dominação.
b) são equivalentes, pois tanto um quanto outro são relações sociais que os indivíduos atribuem sentido, compartilhando, portanto, motivações.
c) toda relação de poder implica uma relação de dominação, já que a força sem uma base de legitimação não pode ser exercida.
d) não são equivalentes, pois a dominação supõe a presença do consentimento na relação entre “X” e “Y”, o que,  necessariamente, não se dá com o poder.

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