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Resumo - Teoria Contábil Avancada

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Resumo - Teoria Contábil Avançada
Aula 1
TEMA 1 – TEORIA CONTRATUAL DA FIRMA – PAG 3 a 4
Teoria contratual da firma: fundamenta as relações econômicas que ocorrem dentro da firma entre diferentes pessoas (agentes).
A origem dessa teoria se deu com o nascimento das ciências econômicas no século XVIII, com a obra de Adam Smith sobre as riquezas das nações. A teoria microeconômica clássica pressupõe que o objetivo de uma empresa é maximizar o lucro e que os agentes são racionais e visam à maximização de sua utilidade (Boaventura et al., 2009).
Pressupostos teóricos dessa teoria, a empresa é vista como um conjunto de contratos, formais e informais, entre os diversos participantes das relações econômicas empresariais. Assim, podemos pensar que cada participante contribui com algo para a firma e, em troca, recebe uma contraprestação. Nisso consiste a relação contratual da firma: um agente contribui para a firma e, em troca, recebe uma bonificação, estabelecida por contrato de maneira formal ou informal 
Por exemplo, os empregados contribuem com sua força de trabalho e, em troca, recebem seus salários; os acionistas contribuem com capital e, em troca, recebem dividendos e ganhos de capital; os fornecedores contribuem com produtos e serviços e recebem dinheiro, enquanto o governo contribui com a estabilidade institucional e, para isso, recebe os impostos.
As relações entre os agentes, conhecidas como contrato, podem ser estabelecidas de maneira formal, como no caso dos empregados e acionistas, ou de maneira informal, como no caso do governo e em alguns tipos de contrato com clientes e fornecedores. Em todos os casos, as relações econômicas entre os agentes são estabelecidas por um outro tipo de contrato.
Essas relações contratuais geram alguns problemas devido a duas situações que podem ser encontradas: informação imperfeita e informação incompleta. 
Informação imperfeita são aqueles em que as regras do jogo são claramente definidas e todos os agentes as conhecem, contudo os agentes não conhecem as ações dos outros agentes. Ex: jogo de pôquer.
Informação incompleta é o caso em que nem mesmo as regras do jogo são totalmente claras. Ex: partida de futebol. 
Quando as relações contratuais não funcionam de forma adequada, a firma pode ter graves problemas para seu equilíbrio e funcionamento e até mesmo quebrar.
Teoria contratual da firma uma teoria econômica amplamente utilizada para explicar as relações econômicas que afetam a firma e a própria contabilidade. 
TEMA 2 – TEORIA DA AGÊNCIA – PAG 5 a 6
Uma empresa é formada por dois tipos de agentes: os que possuem o capital e os meios de produção, que são os proprietários da firma, e os que possuem sua força de trabalho, os demais agentes. 
A Teoria da agência surge da separação entre o proprietário dos meios de produção e do capital e o administrador do negócio.
Com essa separação entre proprietário e administrador surgiram conflitos e relações econômicas que foram explicadas pela Teoria da agência. Um desses problemas que surgiu com a separação entre o principal (proprietário da empresa) e o agente (administrador) foi a assimetria de informação. Os agentes, que tinham a responsabilidade de administrar o negócio do principal e assegurar o melhor resultado econômico para a firma, possuíam informações que o principal não tinha acesso. Mas por quê? 
Ao delegar a administração da empresa para um terceiro (o agente), o proprietário perde acesso a todas as informações da empresa porque não está diretamente envolvido com o negócio, não está diariamente na empresa e não acompanha o dia a dia operacional de seu negócio. Esse fato gera a assimetria de informação, ou seja, o proprietário tem menos informações sobre sua firma do que o administrador que ele escolheu para gerir o seu negócio.
Existe um problema que fundamenta a Teoria da agência: o ser humano é maximizador da sua utilidade individual e, portanto, age em benefício próprio. Isso significa que, dentro da organização, o administrador irá priorizar seus próprios benefícios em vez da maximização do lucro empresarial, desejado pelo proprietário. Exemplo desse comportamento do agente, vamos citar o caso de participação nos resultados da empresa.
Um dos pressupostos da Teoria da Agência é que, à medida que o direito pela propriedade do administrador diminui, o seu incentivo a dedicar esforços significativos também diminui consideravelmente. Isto é, quando o administrador é também o dono da empresa, ele terá maiores incentivos para se esforçar em direção à maximização dos resultados da empresa. Agora, à medida que o administrador não tem tanto direito sobre a propriedade ou não possui nenhum direito, seus esforços serão direcionados cada vez mais para o aspecto individual em vez do empresarial. Os teóricos da teoria econômica afirmam que esse problema pode ser resolvido via remuneração, em especial a remuneração variável, como é o caso da participação nos resultados da empresa.
TEMA 3 – CONFLITOS DE AGÊNCIA – PAG 7 a 8
A relação de agência gera um conflito entre agente e principal, decorrente da divergência de interesses entre eles, fato explicado pela teoria microeconômica clássica.
Segundo a teoria microeconômica clássica, o ser humano irá sempre maximizar sua utilidade individual. O proprietário e o agente terão sempre interesses conflitantes dentro da empresa, cada qual objetivando maximizar sua utilidade individual.
Os administradores (agentes) irão procurar por situações vantajosas para si, de maneira geral, com o intuito de obter cada vez mais recursos econômicos e financeiros. Exemplo, podemos citar situações que podem eventualmente acontecer das relações econômicas envolvendo os gestores, que tomarão decisões que tragam benefícios diretos ou indiretos para si.
Ao tomar decisões que tendem a aumentar seu poder dentro da organização, os agentes irão aumentar a assimetria informacional com o principal, visto que é a assimetria informacional, ou seja, a falta de conhecimento do principal, que gera o poder do agente (administrador).
Os conflitos de agência surgem da necessidade do ser humano de maximizar sua utilidade individual e da separação entre principal e agente dentro das empresas.
TEMA 4 – CUSTOS DE AGÊNCIA – PAG 9 a 10
Uma relação de agência pode ser definida como um contrato sob o qual uma ou mais pessoa (o principal) designam uma outra (o agente) para executar algum serviço em seu benefício que envolve a delegação de alguma autoridade decisória para o agente. O ponto central da Teoria da Agência é o fato de que o agente busca maximizar a sua utilidade e, portanto, nem sempre age no melhor interesse do principal. É desse conflito que surgem os custos de agência, que representam a soma dos seguintes custos: monitoramento, vinculação e perda residual.
Podemos assegurar que os custos de agência são decorrentes dos conflitos que surgem naturalmente entre o agente e o principal, e que estão relacionados ao desalinhamento de seus interesses individuais e da assimetria informacional.
Os agentes têm interesses que muitas vezes conflitam com o objetivo do principal. Desses conflitos surgem o questionamento, por parte do proprietário, de como alinhar o comportamento dos agentes aos seus interesses. Os seguintes custos de agência representam os principais mecanismos de alinhamento entre principal e agente, conforme Niyama (2014):
.Monitoramento: representam os custos decorrentes do monitoramento do comportamento dos agentes, tais como: auditorias periódicas, restrições orçamentárias, controle de atividades, estabelecimento de programas de compensação, etc.
.Vinculação: são os custos relacionados aos mecanismos que visam garantir que os gerentes atuem de acordo com os interesses do principal, ou garantir que eles compensem o principal, caso atuem de maneira contrária a esses interesses. Tais mecanismos podem ser instituídos pelos próprios gerentes (agentes) que, nesse caso, também arcam com tais custos. Ex: divulgações voluntárias de informações contábeis adicionais, garantia de submeteras demonstrações contábeis a auditorias, limitação do poder de decisão do agente, metas e indicadores de desempenho organizacional.
.Perda residual: é fruto da impossibilidade de garantir que ações do agente sempre serão no melhor interesse do principal. Trata-se de um custo residual, que reduz o valor da firma, cuja extensão dependerá da eficiência dos contratos que estabelecem o monitoramento e a vinculação.
Consiste na redução da riqueza do principal, em razão de divergências entre as decisões que maximização e aquelas tomadas pelo agente. Como exemplo, tem-se a situação de price protection, em que os credores impõem uma maior taxa de juros à firma, em razão da ausência de mecanismos de vinculação ou que controlem a atuação do agente.
Os custos de agência são decorrentes da implementação de mecanismos para diminuir a assimetria informacional decorrente do desalinhamento entre agente e principal, aspecto natural do ser humano, que visa maximizar a utilidade individual. Em decorrência desse desalinhamento natural, surgem três tipos de custos de agência: os custos de monitoramento, os custos de vinculação e os custos relacionados a perdas residuais. 
TEMA 5 – TEORIA DA AGÊNCIA E CONTABILIDADE – PAG 10 a 12
A contabilidade é um mecanismo de diminuição da assimetria de informação, que visa divulgar as informações econômicas e financeiras aos usuários da informação contábil. Assim, investidores e credores, como acionistas e fornecedores, e ainda, clientes, funcionários, governo e a sociedade como um todo podem ter acesso às informações contábeis, fato esse que diminui a assimetria de informação entre os agentes e o principal. A informação contábil consiste em um custo de agência para a organização, mas também é um mecanismo de diminuição dos outros custos de agência dentro da empresa.
Ludícibus e Lopes (2004) abordam cinco funções contábeis na coordenação dos vários contratos dentre agente e principal existente nas empresas: 
1 Mensurar a contribuição de cada um dos participantes nos contratos: um exemplo está nos papéis da contabilidade na remuneração dos executivos. Para reduzir os impactos do conflito de agência, tem sido apresentada a chamada remuneração variável. A ideia consiste na remuneração atrelada aos resultados da empresa. Dessa forma, os executivos são avaliados de acordo com sua participação nos contratos com o principal. 
2 Mensurar a fatia a que cada um dos participantes tem direito do resultado da empresa: para que o tópico anterior seja efetivamente praticado, é necessário que se tenha uma métrica de avaliação de desempenho do executivo, para que ele possa ser remunerado adequadamente. 
3 Informar os participantes a respeito do grau de sucesso no cumprimento dos contratos: a contabilidade também é um instrumento de avaliação de desempenho e feedback para os executivos, visto que a informação contábil é reconhecida como neutra e, portanto, eficaz para medir o resultado da organização de maneira imparcial entre os diferentes agentes econômicos. 
4 Distribuir informação para todos os potenciais participantes em contratos com a empresa para manter a liquidez de seus fatores de produção: a contabilidade também surge como um mecanismo de diminuição da assimetria da informação entre a empresa e outros agentes, como o governo, credores e a sociedade, mantendo assim a liquidez de seus ativos. 
5 Distribuir algumas informações como conhecimento comum para reduzir o custo da negociação dos contratos: outro mecanismo contábil para diminuir os custos de transação entre os contratos é a divulgação voluntária de informação contábil. Esse mecanismo tem como intuito diminuir ainda mais os custos de agência, ao tornar os demais agentes ainda mais informados para a tomada de decisões. 
A contabilidade surge como um mecanismo para mitigar a assimetria de informação entre os agentes econômicos. Ao divulgar as informações econômicas e financeiras das empresas, a contabilidade contribui para a diminuição da assimetria de informação entre os diferentes agentes econômicos e, consequente, dos custos de agência. 
NA PRÁTICA – PAG 13 a 14
No caso prático apresentado, um comprador de um veículo zero quilômetro decide vender o bem pouco tempo depois da aquisição. Ao adentrar ao mercado de veículos seminovos, vê o valor do bem ser muito desvalorizado, mesmo estando em estado praticamente novo. Por que isso acontece? Esse é o típico exemplo do Market for Lemons, gerado pela assimetria da informação. O comprador do veículo novo sabe exatamente o estado de seu bem uma fração de tempo após a sua aquisição. Contudo, ao se tornar vendedor no mercado de automóveis usados, o novo comprador não tem informações acerca do estado e motivos que levaram à transação econômica. Geralmente, no mercado de automóveis usados, existem carros de má qualidade e boa qualidade, mas o comprador não possui essa informação. Por esse motivo, o valor dos carros de boa qualidade, como no nosso caso prático, é excessivamente desvalorizado, assim eventualmente carros de má qualidade têm seu valor de mercado superavaliado. Nos dois casos, de má e boa qualidade, a assimetria de informação entre os agentes econômicos, comprador e vendedor, gera um valor médio para os veículos. Isso acarreta em desvalorização maior de carros que deveriam ser considerados como “quase novos”.
FINALIZANDO – PAG 15
A contabilidade é um importante mecanismo de diminuição da assimetria de informação e dos custos de agência dentro das relações econômicas.
Aula 2
PAG 1 a 2
O objetivo deste texto é apresentar a evolução histórica do pensamento contábil: da dicotomia normativo versus positivo, até as mais recentes teorias contábeis. A princípio, a pesquisa contábil tinha um caráter muito normativo, isto é, baseada em desenvolver normas de atuação profissional. Após diversas críticas a esse tipo de pesquisa, a pesquisa contábil assumiu um caráter positivo, fortemente influenciado pelas teorias econômicas.
Partiremos do princípio de que temos teorias na área de contabilidade: Teoria Normativa da Contabilidade, Teoria Positiva da Contabilidade, Teoria das Escolhas Contábeis e Teorias dos Gerenciamentos de Resultados Contábeis.
TEMA 1 – TEORIA CONTÁBIL NORMATIVA – PAG 3 a 5
A partir da década de 1930, inicia-se o período conhecido como normativo.
O enfoque da teoria normativa da contabilidade durante o período de 1960 a 1990 foi a mensuração dos ativos, impactos da inflação e o cálculo do lucro (Niyama, 2014).
A pesquisa normativa é conhecida por ser dedutiva, subjetiva, qualitativa e focada na construção de teorias. 
A pesquisa é conhecida como dedutiva, pois segue o raciocínio dedutivo que é conhecido por buscar definir um modelo ideal, ou seja, como deveria ser. Qualitativa, porque visa entender como o fenômeno contábil ocorre; e subjetiva, por possuir caráter discricionário. Por fim, também é conhecida por objetivar a construção de teorias, embora, muitas vezes, a prescrição normatizada não siga as prescrições da teoria normativa (Niyama, 2014). 
Podemos enfatizar que esse período normativo da contabilidade foi reflexo da crise econômica de 1929, porque a falta de padronização e normatização das práticas contábeis contribuiu para o período da grande depressão. Esse período foi seguido pela regulamentação estatal e o movimento teórico de prescrição, ou seja, como a contabilidade deveria ser para preservar o interesse dos usuários das suas informações. O desenvolvimento teórico da contabilidade durante o período normativo foi marcado pelo raciocínio dedutivo, qualitativo, subjetivo e pelo enfoque na construção de teorias. 
TEMA 2 – TEORIA CONTÁBIL POSITIVA – PAG 5 a 6
Quais foram essas críticas sofridas pela fase normativa da pesquisa contábil? 
Primeiramente, a crítica mais contundente às pesquisas normativas está relacionada à falta de cientificidade.
A segunda crítica à pesquisa normativa é o foco na prescrição em vez da explicação. A pesquisa normativa tem como objetivo dar orientação para a prática profissional sobre como a contabilidade deveser, ou seja, sua maneira ideal.
A partir do surgimento da teoria positiva da contabilidade, de inspiração econômica, a pesquisa contábil se voltava para compreender, explicar e predizer a prática, em vez de prescrever como ela “deve ser”. Portanto, uma das principais características desse período é o foco em explicar e prever os fenômenos contábeis (Niyama, 2014). 
A expansão dos mercados de capitais foi um fator que contribuiu para a perspectiva da teoria positiva da contabilidade. A escola econômica da Universidade Chicago fundamenta-se na perspectiva que a informação contábil é relevante para a decisão de investimento dos stakeholders.
A corrente positiva da contabilidade tem as seguintes características: indutiva, objetiva, quantitativa, empírica e focada na validação de dados e hipóteses. A lógica indutiva está pautada na experiência empírica, do campo de pesquisa e validação dos dados e hipóteses, ou seja, o conhecimento é adquirido ao se conhecer a realidade. Por isso a importância da objetividade, para que a realidade seja apreendida pelos pesquisadores por meio dos métodos quantitativos. 
É importante compreender que, atualmente, a corrente positiva é a dominante nas pesquisas contábeis, em especial, na academia norte-americana, mas também no Brasil.
TEMA 3 – TEORIA DAS ESCOLHAS CONTÁBEIS – PAG 6 a 8
A pesquisa contábil foi desenvolvida em duas correntes: a teoria normativa e a teoria positiva. Ambas tratam de modelos epistemológicos de pesquisa, isto é, formas ou modelos de fazer pesquisas. Para a normativa, o modelo é dedutivo. Para a positiva, o modelo é indutivo. 
A teoria das escolhas contábeis explica fenômenos econômicos gerados pela discricionariedade das normas contábeis. Assim, busca compreender, explicar e prever as influências da contabilidade nas relações econômicas. 
As normas contábeis não são uniformes e têm margem para escolha dos procedimentos contábeis: a famosa discricionariedade normativa. Essa flexibilidade é necessária, pois o nível de desenvolvimento dos mercados financeiros globais é diferente em questões como proteção ao investidor ou ao credor, regulação, enforcement etc.
É importante salientar que a escolha contábil não constitui uma irregularidade, e o profissional deve escolher dentre as opções permitidas pela norma. Contudo, a escolha deve ser guiada pelo método que melhor reflita a realidade econômico-financeira da empresa. 
É impossível monitorar 100% o cumprimento da norma. Entretanto, podem-se implementar mecanismos de monitoramento. Esses mecanismos geram custos – por exemplo, os custos de agência – e, portanto, a empresa deve analisar a relação custo/benefício do monitoramento.
Outro aspecto relevante é a assimetria de informações gerada pelas escolhas contábeis. A discricionariedade normativa da contabilidade gera assimetrias informacionais. Por sua vez, a assimetria informacional produz custos de agência.
As teorias econômicas explicam que os indivíduos agem impulsionados por interesses próprios e, também, dependem da continuidade da empresa ao longo do tempo. Dessa dicotomia surgem as perspectivas oportunistíca e da eficiência.
Na perspectiva oportunística, podem surgir dois aspectos estudados na teoria da contabilidade: a hipótese do grau de endividamento e a hipótese dos custos políticos. Na hipótese do grau de endividamento, as empresas com alto grau de endividamento tendem a aumentar seus lucros, com o intuito de diminuir o custo de capital. Na hipótese dos custos políticos, as grandes empresas, como os bancos, tendem a usar técnicas contábeis para diminuir os lucros, em razão da elevada atenção política e social que essas empresas possuem. Porém, há um contraponto à perspectiva oportunística: esses indivíduos dependem da continuidade da empresa ao longo do tempo. Dessa forma, os indivíduos tendem a utilizar métodos que diminuam os custos contratuais e que tenham maior eficiência (Silva; Martins; Lemes, 2016). 
A teoria das escolhas contábeis constitui uma linha de pesquisa importante para a academia de contabilidade. Ela objetiva compreender e explicar como a discricionariedade normativa afeta as ações dos agentes econômicos e o mercado financeiro.
TEMA 4 – GERENCIAMENTO DE RESULTADOS: ACCRUALS E PRÁTICAS DISCRICIONÁRIAS E NÃO DISCRICIONÁRIAS – PAG 9 a 10
A teoria das escolhas contábeis introduziu-nos a perspectiva da discricionariedade normativa que existe na contabilidade. Essa discricionariedade gera assimetria informacional entre os diferentes agentes econômicos. Isso permite que os gestores possam gerenciar o resultado da organização com objetivos que não correspondem com os interesses dos demais stakeholders.
Vamos apresentar alguns conceitos de gerenciamento de resultados. Essa compreensão é fundamental para a sequência desta aula e para aprendermos a diferenciar as escolhas contábeis – definidas como espaço de escolha das normas contábeis, visando à representação da realidade econômico-financeira de maneira fidedigna – e o gerenciamento de resultados, definido como segue: 
A intervenção proposital no processo de elaboração das demonstrações financeiras com a intenção de obter algum ganho. (Schipper, 1989) 
O gerenciamento de resultado ocorre quando os gestores usam julgamento no processo de elaboração das demonstrações financeiras para induzir ao erro alguns stakeholders sobre o desempenho econômico da empresa. (Healy; Wahlen, 1999) 
Podemos afirmar que o gerenciamento de resultados é uma intervenção proposital nas demonstrações contábeis, por parte de um agente econômico, com o intuito de induzir ao erro outros agentes econômicos (Martinez, 2008). 
4.1 Accruals: discricionários e não discricionários 
O gerenciamento de resultados ocorre pela intervenção nos accruals por parte dos gestores. 
Accruals Martinez (2008) define como “todas aquelas contas de resultado que entram no cômputo do lucro, mas que não implicam em necessária movimentação de disponibilidades”. 
Os accruals existem em virtude da diferença entre o regime de caixa e o regime de competência. São as contas de resultado que não impactam no caixa da organização, como a depreciação, o impairment e os lançamentos de folha de pagamento no mês de ocorrência quando o pagamento ocorrerá no mês subsequente. Nada de errado existe no lançamento de accruals. O objetivo dessas contas contábeis é mensurar o resultado econômico da empresa (Martinez, 2008). 
O gerenciamento de resultados surge quando o gestor aumenta ou diminui os accruals com o objetivo de influenciar o lucro, por motivos alheios à realidade do negócio. Temos dois tipos de accruals: accruals discricionários e accruals não discricionários (Martinez, 2008). 
Os accruals não discricionários são naturais aos negócios da entidade e são registrados na contabilidade com a intenção de representar a realidade econômica da organização; portanto, sem a intenção de gerenciar os resultados contábeis (Martinez, 2008). Ex. podemos citar a depreciação, que visa representar um ativo pelo seu valor econômico. É o caso é do impairment, que visa reavaliar o valor econômico dos ativos. No primeiro exemplo, o ativo é depreciado periodicamente; no segundo, o ativo é reavaliado, visto que a depreciação, em alguns casos, pode não ser suficiente para refletir o valor econômico do ativo. 
Os accruals discricionários são artificiais e têm como único propósito gerenciar o resultado contábil. Esses registros contábeis podem ser negativos ou positivos, indicando se a empresa objetiva melhorar ou piorar seu resultado econômico. Ex. podemos citar um lançamento de depreciação ou impairment. Em ambos os casos a empresa procederá com o lançamento com o intuito de desvalorizar um ativo ou superavaliar um ativo para obter vantagens econômico-financeira. Percebem a diferença? Tanto os accruals discricionários quanto os accruals não discricionários são lançamentos de contas que não impactam caixa e, portanto, de fácil manipulação. O que difere entre os diferentes accruals é a intenção.
TEMA 5 – GERENCIAMENTO DE RESULTADOS: INCOMESMOOTHING, BIG
BATH ACCOUNTING, WINDOW DRESSING – PAG 11 a 12
Gerenciamento de resultados pode ser definido como uma intervenção proposital nas demonstrações contábeis, por um agente econômico, com o intuito de induzir ao erro outros agentes econômicos. Os três principais modos de gerenciar resultados nas organizações: income smoothing, big bath accounting e window dressing. 
5.1 Income smoothing 
O income smoothing é um dos modos de gerenciar resultado nas organizações. É conhecido por ter como objetivo reduzir/suavizar a variabilidade dos resultados contábeis com o intuito de estabilizar o lucro ao longo do tempo.
A relação do income smoothing se estabelece com a rentabilidade da empresa. A explicação para se fazer income smoothing é que quando há suavização dos resultados contábeis, a previsão do mercado financeiro em relação ao resultado econômico da empresa é mais assertiva e, portanto, a informação contábil se torna mais relevante e reflete positivamente no valor das ações da empresa. 
5.2 Big bath accounting
Este é um tipo de gerenciamento de resultados que tem como objetivo piorar um resultado ruim com o intuito de obter um resultado melhor no futuro.
Um outro caso em que pode ocorrer big bath accounting é com a mudança de gestão na organização. O novo gestor pode utilizar esse mecanismo para atribuir ao antigo gestor um desempenho ruim e, assim, garantir resultados futuros melhores, que serão atribuídos à nova gestão. 
5.3 Window dressing 
O window dressing é um mecanismo de gerenciamento de resultados que visa maquiar os resultados contábeis tornando-os mais positivos. O exemplo mais comum relatado pela literatura é a operação de window dressing realizada pelos fundos de investimentos.
NA PRÁTICA – PAG 13 a 15
É crucial entender que o gerenciamento dos resultados contábeis não é fraude contábil. No gerenciamento dos resultados contábeis, opera-se dentro dos limites do que prescreve a legislação contábil, entretanto nos pontos em que as normas contábeis facultam certa discricionariedade para o gerente, este realiza suas escolhas não em função do que dita a realidade concreta dos negócios, mas em função de outros incentivos. Enquanto a fraude contábil é caracterizada pelo ato intencional de falsificar e/ou alterar documentos contábeis, registro e demonstrações contábeis.
Aula 3
PAG 2 a 3
A contabilidade financeira tem como finalidade o reconhecimento, a mensuração e a divulgação de informações de natureza contábil-econômico- financeira. Os procedimentos e métodos adotados para reconhecer e mensurar os elementos patrimoniais e econômicos são direcionados pelas normas de contabilidade, no Brasil vigente as IFRSs. Assim como o reconhecimento e a mensuração, a divulgação também é orientada pelas normas brasileiras de contabilidade. Portanto, essas normas estabelecem o conteúdo e o formato de divulgação dessas informações de cunho brigatório.
Além da divulgação obrigatória, existe a prática de divulgação voluntária.
TEMA 1 – TEORIA DOS STAKEHOLDERS – PAG 3 a 4
Precisamos entender os stakeholders como “todas as partes interessadas na empresa, as quais são definidas como qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou é afetado pela realização dos objetivos da empresa” (Niyama, 2014, p. 151). Podemos citar como stakeholders os acionistas da empresa, os investidores e credores, o governo, os funcionários e as comunidades que são afetadas pelas ações das organizações. 
A teoria dos stakeholders é uma teoria baseada nos preceitos da microeconomia clássica. Essa teoria tem como fundamento o reconhecimento da importância da gestão dos stakeholders, isto é, “os gestores devem tomar decisões que levem em conta todos os círculos que podem afetar o valor da empresa” (Niyama, 2014, p. 152). Estamos falando da gestão dos interesses de agentes econômicos que podem afetar o valor da empresa, ou seja, em especial, investidores e credores da organização.
É importante que as empresas tenham um bom relacionamento com seus stakeholders e isso implica bons resultados financeiros. A literatura contábil aponta que um contexto de harmonia entre empresa e stakeholders acarreta em um maior valor para a empresa, e mesmo que isso não signifique lucro no curto prazo, implica a sobrevivência da organização no longo prazo. Portanto, para manter esse equilíbrio das relações com os stakeholders, é necessário a compreensão de como gerenciar os interesses das partes relacionadas (Niyama, 2014).
A teoria dos stakeholders versa sobre a importância da gestão dos agentes econômicos que afetam e são afetados pela organização, uma vez que uma harmonização entre os interesses da empresa e dos stakeholders provoca uma influência positiva no resultado financeiro e na valorização da empresa. 
TEMA 2 – TEORIA DA LEGITIMIDADE – PAG 4 a 6
A teoria da legitimidade assevera que as empresas buscam meios de se legitimar perante a sociedade.
Conceito de legitimidade. Para Niyama (2014, p. 149), “a legitimidade deve ser definida como uma condição ou estado do sistema que se verifica quando o valor de uma entidade é congruente com o valor do sistema social da qual a entidade é uma parte”. 
A legitimidade pode ser compreendida como um estado ou condição pelo qual a empresa é “aceita” pelo sistema social do qual faz parte (Niyama, 2014). 
Um dos pilares fundamentais da legitimidade é a comunicação socioambiental entre empresa e sociedade. “Nessa perspectiva, a sociedade aceita e aprova os posicionamentos tomados pela organização. É importante para a legitimidade que a empresa seja vista como um ente social e ambientalmente responsável” (Niyama, 2014, p. 150).
A preocupação com a comunicação entre empresa e sociedade, no que tange aos aspectos sociais e ambientais, se configura como uma importante estratégia para conferir legitimidade. 
E por que a legitimidade é tão importante? 
As organizações só existem na medida em que a sociedade confere sobre as organizações o estado de legitimidade. Niyama (2014, p. 150) assevera que “as organizações não são consideradas detentoras de qualquer direito inerente aos recursos, ou mesmo de existir”. 
Outro elemento importante para a teoria da legitimidade são os contratos sociais. Neles, estão implícitas ou explícitas a aceitação dos agentes a respeito da forma como as empresas devem atuar e se posicionar na sociedade (Niyama, 2014). Como vimos na teoria contratual da firma, se um contrato for quebrado, pode ameaçar a harmonia existente no sistema empresarial e a própria continuidade da organização.
Quais são os mecanismos utilizados para assegurar a legitimidade das empresas? São eles: disclosure social e disclosure voluntário. 
O disclosure social visa atuar como um instrumento de legitimação da empresa perante a sociedade, e apresenta informações de cunho socioambientais e econômico-financeiras. Esse relatório visa apresentar essas informações para um grande número de stakeholders, os quais vão legitimar e aceitar as decisões tomadas pela companhia. Frequentemente, pode ser visto como um elemento estratégico para a implementação de objetivos pela organização. 
O disclosure, ou divulgação, voluntário também atua como um instrumento de legitimidade para as organizações.
A teoria da legitimidade versa sobre a aceitação de uma organização em seu sistema social, bem como essas implicações e os mecanismos de gestão da legitimidade.
TEMA 3–DIVULGAÇÃO VOLUNTÁRIA DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS – PAG 6 a 8
A divulgação das informações contábeis se configura como um importante mecanismo para gestão dos stakeholders e da legitimidade das organizações.
Podemos definir divulgação voluntária como as informações contábeis que não têm obrigatoriedade para serem divulgadas, segundo as normas em vigor no país ou os órgãos reguladores. Contudo, essas informações são divulgadas para os stakeholders no conjunto das demonstrações financeiras. Ex. podemos citar o número de funcionários do gênero feminino na diretoria executiva da empresa. 
A teoria da agência tem como premissa que as relações entre osdiferentes agentes econômicos são conflituosas, motivadas pela assimetria das informações. Nesse contexto, a assimetria de informação entre insiders – agente econômicos que estão dentro da organização e, portanto, têm informações privilegiadas – e outsiders – agentes econômicos que estão de fora das discussões e decisões operacionais da companhia e, por isso, têm menor nível de acesso a informações estratégicas – caracteriza-se como o elemento principal das relações conflituosas de agência (Consoni; Colauto; Lima, 2017). A divulgação voluntária é um mecanismo de diminuição desses conflitos de agência.
A assimetria informacional reduz a medida que o nível de divulgação voluntária de informações aumenta, isso porque, pode reduzir o componente de seleção adversa do bid-ask spread (o mecanismo de proteção do preço quando os títulos são vendidos ou comprados). Consequentemente, o volume de negociações e a liquidez de mercado das ações aumentam, reduzindo potencialmente o custo de capital.
Ao diminuir a assimetria de informações, isto é, a diferença no nível de informação a que os diferentes agentes econômicos têm acesso, os agentes econômicos podem tomar decisões de maneira mais racional, visando maximizar a sua utilidade individual e, assim, diminui-se a seleção adversa do mercado (Consoni; Colauto; Lima, 2017). 
Ao reduzir a seleção adversa os agentes econômicos têm mais informações assertivas sobre os diferentes ativos da organização e podem ofertar melhores condições, elevando a negociação do mercado de capitais, aumentando a liquidez dos papéis e, consequentemente, diminuindo o custo de capital (Consoni; Colauto; Lima, 2017).
A seleção adversa diminui os riscos e, portanto, aumenta o número de negociações de ativos. Esse fato acarreta em um menor custo de capital para as organizações. 
Os gestores têm incentivos suficientes para divulgar todas as informações adicionais com o intuito de se distinguirem no mercado e diminuírem os custos de capital. Contudo, isso não acontece. A literatura demonstrou que os gestores tendem a divulgar parcialmente as informações voluntárias.
TEMA 4 – MOTIVAÇÕES PARA A DIVULGAÇÃO VOLUNTÁRIA DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS – PAG 8 a 10
Por que os gestores não divulgam as informações adicionais de maneira completa? Os pesquisadores apontaram cinco aspectos que tem se mostrado relevante dentro dessa discussão: os gestores não divulgam informações essencialmente verdadeiras, existe o gerenciamento de resultados, existem custos de divulgação, há efeitos da informação sobre o valor da companhia e os efeitos explicados pela teoria dos jogos (Consoni; Colauto; Lima, 2017). 
De acordo com Consoni, Colauto e Lima (2017), “a ideia de que a divulgação voluntária é eficaz e contribui para a alocação eficiente de recursos no mercado de capitais está vinculada à credibilidade das informações financeiras divulgadas”. Dessa maneira, se a informação divulgada não for essencialmente verdadeira, ela perde relevância para os stakeholders e não adiciona valor aos demonstrativos da empresa.
Outro aspecto importante refere-se ao gerenciamento de resultados. Um fator determinante na credibilidade das informações adicionais é o nível de gerenciamento de resultados praticados pela companhia. Empresas que gerenciam muitas informações podem ter um retorno negativo do mercado de capitais, assim como nos casos de informações não essencialmente verdadeiras, no longo prazo. Contudo, outro aspecto que é considerado pelos gestores refere-se ao custo da informação, de maneira geral, se a informação não contém viés, ela tem um custo elevado e, portanto, a divulgação voluntária acaba não acontecendo (Consoni; Colauto; Lima, 2017). 
É comum que os gestores apresentem informações não verdadeiras ou gerenciem as informações adicionais, pois os custos de divulgação só compensarão se obtiverem um efeito positivo sobre o valor de mercado da empresa (Consoni; Colauto; Lima, 2017). 
“Os custos de divulgação variam de acordo com a natureza do que for divulgado” (Consoni; Colauto; Lima, 2017). Dessa maneira, o gerenciamento dos stakeholders e da serão determinantes na decisão da divulgação voluntária completa, uma vez que existem custos envolvidos.
Os gestores também avaliam os efeitos da informação adicional sobre o valor de mercado da companhia.
Podemos afirmar que as empresas podem utilizar o mecanismo de divulgação voluntária para gerenciar os stakeholders e elevar seu valor de mercado. 
O último ponto a ser mencionado refere-se à teoria dos jogos. Consoni, Colauto e Lima (2017, p. 252) afirmam que “para interpretar corretamente a ação do gestor, é necessário identificar os incentivos que este tem para divulgar boas e más notícias e o conjunto de informações que poderia ter divulgado, porém escolheu não o fazer”. Por essa razão a divulgação voluntária é um caso especial da teoria dos jogos: não se sabe quais os incentivos para a divulgação de determinadas informações; para compreendê-los, é necessário avaliar todo o conjunto de informações disponíveis para divulgação e qual foi a escolha feita pelo executivo (Consoni; Colauto; Lima, 2017).
As motivações que influenciam na decisão dos gestores de divulgarem as informações adicionais nos demonstrativos financeiros são essas: os gestores não divulgam informações essencialmente verdadeiras; existe o gerenciamento de resultados; existem custos de divulgação; há efeitos da informação sobre o valor da companhia e os efeitos explicados pela teoria dos jogos. Podemos afirmar que o full disclosure (divulgação completa) não acontece nas empresas estudadas pelos pesquisadores. 
TEMA 5 – TENDÊNCIAS DA PESQUISA CONTÁBIL NO BRASIL – PAG 10 a 12
As tendências da pesquisa contábil no Brasil. Apresentaremos sete temas de pesquisa que tem despontado como fundamentais para o desenvolvimento científico da contabilidade: intangíveis criados internamente, capital intelectual, pesquisas históricas, contabilidade gerencial e teoria da contabilidade, adequações das IFRSs, relato integrado e filosofia da contabilidade (Iudicibus; Lopes, 2004; Iudicibus, 2012). 
1-Intangíveis criados internamente (goodwill): O goodwill é um elemento patrimonial que ainda não tem mecanismos para reconhecimento e mensuração. Iudicibus (2012) aponta como um elemento que deve ser estudado pela contabilidade normativa. A indicação de um “modo de fazer ideal”, ou seja, um modelo de reconhecimento e mensuração, é fundamental para que esse item passe a ser incorporado aos demonstrativos contábeis. 
2-Capital intelectual: Assim como o goodwiil, o capital intelectual é um item que ainda não é reconhecido e mensurado no balanço patrimonial. Isso acontece, em grande parte, em virtude de a contabilidade não ter desenvolvido uma metodologia adequada para esses intangíveis. Por serem itens gerados internamente, a empresa pode utilizar como meios para gerenciamento de resultados contábeis, podendo afetar gravemente o valor dos ativos das companhias. Portanto, um estudo aprofundado deve ser realizado pela corrente normativa, a fim de encontrar métodos seguros e confiáveis de reconhecer e mensurar esses ativos. 
3-Pesquisas históricas: As pesquisas históricas têm surgido com força na área de contabilidade em âmbito internacional. Portanto, desponta, também, como um tópico a ser tratado pela academia brasileira. As ciências contábeis são uma ciência social e, portanto, sua própria existência está atrelada a existência da humanidade. Se não existirem sociedades, a contabilidade também deixa de existir. Dessa maneira, para compreender a evolução dessa ciência e os caminhos percorridos, faz-se indispensável o aprofundamento em pesquisas históricas. 
4-Contabilidade gerencial e a teoria da contabilidade: A contabilidade gerencial tem sido pouco discutida dentro do espectro da teoria da contabilidade e negligenciada durante anos. Os tópicos abordados pela teoria da contabilidade, tanto pela corrente normativa quanto pela corrente positiva, são exclusivamente preocupados com os usuários externos e, em especial,o enfoque recai sobre o mercado financeiro e de capitais. Iudicibus (2012) coloca a inserção da contabilidade gerencial dentro da teoria geral da contabilidade como uma tendência de pesquisa que contribuirá para o desenvolvimento do corpo teórico desta. 
5-Adequações das IFRSs: Um outro aspecto apontado por Iudicibus (2012) é a adequação das normas brasileiras de contabilidade às normas internacionais. Esse tópico de pesquisa vem sendo estudado nos últimos anos e já se constitui como um dos principais tópicos da agenda de pesquisa da área. Alguns questionamentos giram em torno de: a forma adotada de internacionalização foi a melhor? Os benefícios da adequação às normas internacionais compensam os custos? Qual a relação entre as IFRSs e o custo de capital? 
6-Relato integrado: O relato integrado constitui um conceito moderno dentro da contabilidade financeira que visa aprimorar e aumentar a qualidade da informação contábil-econômico-financeira. Esse relatório tem como intuito implementar um pensamento integrado como estratégia de negócio. Nesse modelo, a comunicação corporativa se torna conectada em cinco aspectos: materialidade, geração de valor, capitais, modelo de negócio e conectividade, e promove, assim, melhorias no valor de mercado da empresa e em seu custo de capital. 
7-Filosofia da contabilidade: O tema filosofia da contabilidade se configura como um aspecto fundamental para o desenvolvimento científico. Estudos que se preocupam com esse tópico devem direcionar esforços para a compreensão dos fundamentos da ciência contábil e das ontologias e epistemologias que guiam a nossa ciência. Abrir a mente para esse tipo de estudo significa evoluir para patamares superiores no campo científico. Só dessa maneira seremos capazes de desenvolver modelos epistemológicos próprios e nos abrimos para outras correntes epistemológicas, por exemplo, vertentes críticas e interpretativas. 
Aula 4
PAG 2 A governança corporativa surge como um mecanismo para equalizar o conflito de agência dentro das organizações, essencialmente entre os fornecedores de capital e os executivos da empresa.
TEMA 1 – GOVERNANÇA CORPORATIVA: CONCEITOS E VALORES – PAG 3 a 6
A governança corporativa surge por uma razão: mediar os conflitos de agência (Iudícibus & Lopes, 2004). Logo, podemos afirmar que ela desponta como um conjunto de mecanismos e práticas de auditoria e controle confiáveis, que tem como intuito equalizar os conflitos de agência das organizações.
A governança corporativa tem suas bases nas teorias microeconômicas clássicas nomeadamente, a Teoria da Agência e a Teoria Contratual da Firma. A separação entre principal e agente, ou seja, proprietário da firma (controle) e administrador (gestão), é o evento histórico responsável pelo surgimento do conflito de agência.
A Comissão de Valores Mobiliários define governança corporativa como (Malacriada & Yamamoto, 2006): O conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital.
Enquanto o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) afirma que (Malacriada & Yamamoto, 2006): Na teoria econômica tradicional, a governança corporativa surge para procurar superar o chamado “conflito de agência”, presente a partir do fenômeno da separação entre a propriedade e a gestão empresarial. O “principal”, titular da propriedade, delega ao “agente” o poder de decisão sobre essa propriedade. A partir daí surgem os chamados conflitos de agência, pois os interesses daquele que administra a propriedade nem sempre estão alinhados com os de seu titular. Sob a perspectiva da teoria da agência, a preocupação maior é criar mecanismos eficientes (sistemas de monitoramento e incentivos) para garantir que o comportamento dos executivos esteja alinhado com o interesse dos acionistas.
Podemos declarar que as práticas de governança corporativa surgem com o objetivo de monitorar e controlar os negócios, por parte dos executivos, mas principalmente por parte dos acionistas, que passam a ter acesso a mais informações das decisões operacionais, econômicas e financeiras do corpo diretivo da organização. Além disso, conforme enfatizado pela definição da CMV, o conjunto de práticas tem por finalidade otimizar o desempenho da companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital (Malacriada & Yamamoto, 2006).
O papel da contabilidade tem sido reconhecido como fundamental na implementação das práticas de governança corporativa. Isto porque, como a contabilidade tem a função de diminuir a assimetria de informações, esta pode atuar como ferramenta de governança corporativa, tanto para a diminuição da assimetria informacional quanto para o estabelecimento de contratos entre os agentes econômicos (Malacriada & Yamamoto, 2006).
A governança corporativa tem como fundamentos quatro conceitos já incorporados à contabilidade: disclosure, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa (Malacriada & Yamamoto, 2006).
O disclosure refere-se à divulgação de informações relevantes para todos as partes interessadas no negócio da companhia. As informações divulgadas não devem se restringir àquelas exigidas por normas, regulamentos e legislações. E, portanto, a empresa deve divulgar informações de natureza contábil-econômico-financeira, mas também informações de cunho social, humano e ambiental, tornando possível a tomada de decisão de maneira racional para todos os stakeholders da organização. 
A equidade representa o tratamento justo e igualitário de todos os sócios e demais partes relacionadas. Portanto, as informações devem atender as necessidades, direitos e deveres, interesses e expectativas de todos os stakeholders. 
O accountability ou a prestação de contas é a responsabilidade da organização em comunicar as suas decisões de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo responsabilidade pelas informações prestadas aos stakeholders da organização.
A responsabilidade corporativa é o conceito que estabelece que os agentes econômicos insiders devem responsabilizar-se pela viabilidade econômico-financeira, levando em consideração os diversos capitais envolvidos na organização, no curto e longo prazo, tais como financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional, etc.
Níveis de governança corporativa estabelecidos pelo mercado de capitais brasileiro, o qual a divide em três níveis: nível 1 (N1), nível 2 (N2) e novo mercado.
Todas as empresas podem aderir a esse modelo de gestão, inclusive uma pequena empresa -, as empresas que operam no mercado de capitais recebem enforcement para adotar a Governança Corporativa. Considerando que existe um custo para adotar esse modelo de gestão, a adoção tem-se mostrado mais comum em grandes empresas de capital aberto e fechado e em empresas estatais.
Enforcement é o processo de assegurar o cumprimento de leis, regulamentos, regras, padrões e normas sociais. As duas formas de enforcement aplicado nesse cenário são: as legislações e regulações. Como por exemplo, a lei SOX, para empresas que atuam no mercado americano, ou os próprios regulamentos e exigências da CVM para as empresas que atuam no Brasil. A outra maneira são as normas, regras e padrões exigidos pelos stakeholders da empresa, como nos casos de empresas que não tem obrigação legal e optam pela adoção do modelo de Governança Corporativa. Em ambos os casos o intuito é a diminuição da assimetria de informação entre os diversos stakeholders da empresa.
Surgiram os níveis de governança corporativa administrados pela CVM, que indicam para o mercado financeiro qual o nível, ou qualidade, da Governança Corporativa apresentada pela empresa e, portanto, quanto mais elevado o nível, mais a empresa apresenta boas práticas de governança e diminui a assimetria de informação entre os diferentes agentes econômicos. Esse processo acarreta em resultadoseconômicos positivos para a empresa, e por isso, a empresa aceita pagar os custos relacionados a esse modelo de gestão.
O nível 1 e o nível 2 da bolsa de valores são etapas preparatórias para o novo mercado, no qual as empresas evoluem ao adicionarem práticas que visam melhorar a relação com os investidores. No N1 as empresas devem apresentar informações acerca da dispersão acionária, ou seja, acerca da concentração de capital (propriedade) na mão dos acionistas ou de um grupo de acionistas. No N2 as empresas incluem informações para melhorar a relação com os acionistas minoritários - aqueles que não detêm o controle da empresa, visto que a quantidade de ações ordinárias (com direito a voto) que possuem é muito pequena -, estabelece mandato de um ano para o conselho de administração e adota a implementação das normas internacionais de contabilidade. O novo mercado é o nível mais elevado e indica que a empresa possui boas práticas de governança corporativa, que, além das iniciativas já indicadas em N1 e N2, adiciona-se a apresentação do fluxo de caixa da organização e a emissão exclusiva de ações ordinárias, ou seja, as ações que dão direito a voto. 
TEMA 2 – ESTRUTURA DE PODER E AS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA: A GOVERNANÇA COMO UM SISTEMA DE RELAÇÕES – PAG 7 a 10
Como implementar esses conceitos sobre controle e monitoramento dos negócios? 
O aspecto principal a ser considerado é a formatação da estrutura de poder da organização, que permitirá que as práticas de governança corporativa sejam implementadas.
A estrutura de poder ou estrutura organizacional que deverá ser empregada pela organização deve considerar os seguintes aspectos, para que os conflitos de interesse sejam minimizados e a independência das partes sejam asseguradas: propriedade, controle, administração e auditoria e fiscalização. A propriedade é dividida pelos diferentes acionistas da organização: os acionistas controladores, que detêm o controle da organização, geralmente por meio da maior quantidade de ações ordinárias (com direito a voto); os acionistas preferenciais são aqueles que tem detêm ações preferenciais, possuem, portanto, direito a receber dividendos, mas não tem o poder de participar das decisões da companhia. O controle é executado pelos acionistas controladores, o que não inclui os minoritários e os acionistas preferenciais; a administração é exercida pelos diretores executivos e conselho da administração; e a auditoria e fiscalização é exercida pelo conselho fiscal, auditoria independente, comitê de auditoria e auditoria interna.
Os acionistas que possuem o controle da organização dão diretrizes do caminho que pretendem que a organização trilhe no curto e longo prazo, nas reuniões da Assembleia Geral. A administração é exercida pela Diretoria Executiva e pelo Conselho de Administração. O primeiro órgão é composto pelos diretores e gerentes da organização e trabalha em conjunto com o segundo; ainda, a Diretoria Executiva tem a função de executar as estratégias da organização. Já o segundo órgão deve trabalhar fiscalizando a Diretoria Executiva com o intuito de defender os interesses dos proprietários. Adicionalmente, o Conselho de Administração também deve planejar as diretrizes estratégicas da companhia e decidir sobre questões relacionadas aos aspectos gerencias da empresa. Por fim, os órgãos de controle e auditoria funcionam de forma independente, com o intuito de garantir fidedignidade ao processo de gestão da organização.
O que constitui as principais práticas de governança corporativa: reconhecer e proteger o direito dos acionistas, tratar todos os acionistas equitativamente, adotar processos e procedimentos para corrigir a violação desses direitos, proibir a negociação de ações com base em informações privilegiadas, reconhecer e proteger o direito de outras partes interessadas e desenvolver mecanismos de informação para que todas as partes interessadas participem do processo de governança.
Reconhecer e proteger o direito dos acionistas: Uma organização com boas práticas de governança corporativa deve ter enunciada de maneira clara os direitos de todos os acionistas, incluindo os acionistas minoritários. Ainda, a empresa deve ter meios de proteger o direito e os interesse de todos os acionistas, para que todos os proprietários sejam considerados nas decisões organizacionais. 
Tratar todos os acionistas equitativamente: A equidade prevê o tratamento justo e igualitário de todos os acionistas da empresa. Assim, a empresa que implementa a governança corporativa deve se atentar ao tratamento justo e igualitário em todas as decisões organizacionais, visando os interesses e direitos de todos os acionistas.
Adotar processos e procedimentos para corrigir a violação desses direitos: Nesse contexto de equidade, é fundamental a inclusão de ferramentas, processos e procedimentos que, além de garantir o tratamento justo e igualitário para todos os acionistas, permita a correção de possíveis violações aos direitos dos acionistas. 
Proibir a negociação de ações com base em informações privilegiadas: Um procedimento importante para garantir esses direitos é a proibição da negociação das ações com base em informações privilegiadas. Esse tipo de negociação irá privilegiar alguns acionistas em detrimento de outros e, portanto, deve ser proibida.
Reconhecer e proteger o direito de outras partes interessadas: Contudo, além dos direitos e interesse dos acionistas, uma empresa com bons níveis de governança corporativa, deve, também, se preocupar e proteger o direito dos demais stakeholders da organização.
Desenvolver mecanismos de informação para que todas as partes interessadas participem do processo de governança: Outro aspecto muito importante para ser implementado por empresas com bons níveis de governança corporativa são mecanismos que permitam que todos os stakeholders participem do processo de governança. Nesse quesito, atenção principal tem sido dada a inclusão dos acionistas minoritários nesse processo. Contudo, não podemos esquecer dos demais stakeholders como funcionários, credores, meio ambiente e comunidade.
A governança corporativa é efetivada quando as práticas de governança, inspiradas em princípios contábeis como a equidade, disclosure, accountability e reponsabilidade corporativa, são implementadas em conjunto com uma estrutura de poder capaz de garantir a efetividade dessas práticas. Essa estrutura de poder está baseada em quatro pilares: propriedade, administração, controle e auditoria e fiscalização. 
TEMA 3 – OS ÓRGÃOS DE AUDITORIA E FISCALIZAÇÃO NO PROCESSO DE GOVERNANÇA – PAG 10 a 12
Os órgãos de auditoria e fiscalização tem um papel essencial na sustentação da governança corporativa, assim como o Conselho de Administração.
O objetivo dos órgãos de auditoria e fiscalização é manter um equilíbrio entre a propriedade e a gestão, garantindo o controle e auditoria dos processos para que sejam fidedignos e alinhados aos objetivos organizacionais.
Os dois principais órgãos desse pilar: o Conselho Fiscal e o Comitê de Auditoria.
3.1 Conselho Fiscal 
O conselho fiscal é o órgão responsável por garantir o direito dos proprietários de fiscalizar a gestão dos negócios, opinar sobre relatórios de resultados e sobre a proposta da administração à Assembleia Geral. Portanto, é um instrumento importante para implementar as práticas de governança, visando especialmente o controle interno e a transparência, no que tange os interesses dos proprietários. 
Este órgão é eleito pela Assembleia Geral (composta pelos proprietários da firma) e, portanto, tem a função de examinar, verificar, fiscalizar e avaliar as contas e atos da administração. Contudo, o papel desse órgão não é administrativo na empresa. Apenas, informa, opina, sugere, denuncia, garantindo o exercício do direito dos proprietários de fiscalizar a gestão do negócio, o resultado apresentado pelos administradores e as variações patrimoniais.
Conselho Fiscal tem as seguintes atribuições: fiscalizar os atos dos administradores; opinar sobre os relatóriosanuais da administração; analisar trimestralmente balancetes e demonstrações financeiras do exercício social; denunciar aos órgãos da administração crimes, fraudes ou erros e sugerir providências; analisar e opinar sobre recomendações de auditores internos e externos; fiscalizar transações entre partes interessadas; convocar Assembleia Geral Ordinária (se houver retardamento da convocação por parte dos órgãos da administração) e Extraordinária (quando houver ocorrência de motivos graves ou urgentes), etc. 
Embora seja um órgão importante para as boas práticas de governança corporativa, este não é obrigatório em algumas legislações; como é o caso da americana, britânica, alemã e francesa. No Brasil, a presença desse órgão é facultativa e a decisão é efetuada pela Assembleia Geral.
3.1 Comitê de Auditoria 
O Comitê de Auditoria é outro órgão importante para a estrutura de governança da organização. Além do mais, é exigido pela SOX . Sua função é acompanhar e avaliar o ambiente de controle, abrangendo a Auditoria Interna e a Auditoria Independente. O Comitê de Auditoria é um órgão de controle, sendo considerado como um pilar essencial na supervisão da gestão, auxiliando o Conselho de Administração na execução de sua missão. 
Esse órgão é constituído pelo Conselho de Administração e tem como principais atribuições: supervisão da integridade e da qualidade das práticas contábeis e das demonstrações de resultados; verificação da conformidade dos atos da administração em relação à legislação e aos estatutos da companhia; direcionamentos das relações da firma com os analistas de mercado e os investidores; análise e gerenciamento de riscos corporativos, como por exemplo, os riscos de conformidade, contratuais, financeiros, tecnológicos, ambientais e de marca, imagem e reputação. 
Dentro desse comitê temos ainda a figura da auditoria independente, que é um órgão externo e que atende aos interesses dos proprietários, dos analistas de mercado e investidores, do Conselho de Administração e do próprio Comitê de Auditoria. Os auditores externos são responsáveis pela análise das demonstrações contábeis, com o intuito de verificar a conformidade da contabilidade às normas exigidas no país e no exterior (para aquelas que emitem títulos no mercado financeiro externo) e proceder às correções das DFs quanto à realidade da empresa, seus resultados e variações patrimoniais, se necessário.
No Brasil, a Lei das SA exige a presença da auditoria das demonstrações financeiras para as empresas de capital aberto e àquelas consideradas de grande porte, e esta deve ser realizada por auditores externos/independentes registrados na CVM. Ainda, a auditoria externa deve ser contratada e avaliada pelo Conselho de Administração e possuir as seguintes características: ser independente em relação à empresa, passar por rotatividade e possuir competência técnica. 
Outra figura desse comitê é a auditoria interna. Normalmente, não é destacada como órgão de governança corporativa, mas como um serviço corporativo de apoio a Diretoria Executiva e ao Conselho de Administração. Tem como função principal a organização do ambiente interno com foco em compliance. Pode ser relacionada como parte do Comitê de Auditoria, pois possui relações significativas com os órgãos de governança de auditoria e fiscalização, além de focar suas atividades na adequação e efetividade do gerenciamento de riscos operacionais em relação a exigências internas e externas.
TEMA 4 – O CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO NO PROCESSO DE GOVERNANÇA – PAG 13 a 14
Outro pilar relevante para a estrutura de governança corporativa é o Conselho de Administração. A governança é de fato exercida pelo Conselho de Administração e pela Diretoria Executiva, embora submetida às decisões dos acionistas, que são formalizadas e definidas na Assembleia Geral. Nessa relação, a diretoria executiva é o órgão responsável pelas decisões gerenciais e execução das estratégias da companhia, e se subordina ao Conselho de Administração. Contudo, é o Conselho de Administração quem seleciona o comitê executivo, que deve se reportar e ser avaliado por esse órgão. Assim, cabe ao Conselho de Administração resguardar os interesses dos proprietários da firma, monitorando a ação e comportamento do comitê executivo; e, portanto, agindo como o elo entre os acionistas e os administradores da empresa.
Como é composto o conselho de administração? Quem tem direito a cadeira nesse órgão tão importante? São três tipos de membros que devem integrar o Conselho de Administração: proprietários (insiders), independentes (outsiders) e outsiders relacionados. Os insideres são representantes dos proprietários, controladores e minoritários. Os outsiders são conselheiros externos independentes. E os outsiders relacionados são representantes de outros stakeholders da empresa, como membros da comunidade, empregados, sindicatos (em empresas estatais) e membros de grupos que possam ser afetados pela empresa.
A estrutura do Conselho de Administração é formada com o objetivo de garantir a independência e a inexistência de conflito de interesses entre este órgão e o diretor-executivo (CEO) e os acionistas controladores da empresa. Assim, as melhores práticas de governança corporativa indicam que o Conselho de Administração deve ser constituído por aproximadamente 7 membros, com a presença dos três tipos de membros (insiders e os dois tipos de outsiders), os conselheiros devem possuir capacitação complementares e deve haver uma programação para substituição periódica de seus membros. 
Já a legislação societária das sociedades anônimas prevê os seguintes pontos a serem obrigatoriamente cumpridos no que tange à governança corporativa: deliberação colegiada (não individual); mínimo de três membros; presença máxima de 1/3 de diretores da companhia; programação de substituições dos membros do Conselho de Administração; acionistas controladores podem eleger a maioria de seus membros, enquanto os acionistas minoritários possuem a prerrogativa para eleger um membro do conselho, se possuírem pelo menos 15% da ações com direito a voto ou 10% das ações preferencias.
Quais são as principais missões, papéis, atribuições e responsabilidades do Conselho de Administração? 
Missão: O conselho de administração tem como objetivo proteger e valorizar o patrimônio da entidade, otimizar o retorno sobre os investimentos, zelar pelos valores e crenças da organização, trabalhar em conjunto com a diretoria executiva para alcançar os propósitos estratégicos e avaliar o desempenho da diretoria executiva. Podemos sintetizar a missão desse órgão como sendo o guardião dos interesses das partes interessadas na organização, como proprietários, acionistas, credores e membros da comunidade, decidindo sobre as grandes questões do negócio e monitorando a diretoria executiva com o intuito de diminuir os conflitos de agência.
Papéis, atribuições e responsabilidades desse órgão de governança, podemos citar: planejar as diretrizes estratégicas da companhia; decidir sobre questões relacionadas à gestão, às finanças, aos aspectos fiscais e de auditoria, compreendendo, ainda, aspectos legais, societários e institucionais. Especificamente, podemos citar: decisões sobre investimentos e financiamentos; destinações de resultados, como distribuição de dividendos e pacote de remuneração para os executivos; planejamento da sucessão do corpo executivo da empresa; processo estruturado para nomeação de novos conselheiros; políticas de gerenciamento de riscos; escolha e monitoramento da auditoria; e, investigação de possíveis fraudes e corrupções, assegurando a presença e cumprimento do código de ética da organização. 
TEMA 5 – SOX – PAG 14 a 16
Atualmente, diversas empresas adotam os princípios do modelo de Governança Corporativa, e não são todas as empresas que precisam seguir a SOX.
O desenvolvimento dessa lei foi resultado da crise instaurada no mercado de capitais norte-americano, decorrente das fraudes e escândalos contábeis que em 2002 atingiram grandes empresas
O intuitoda lei foi trazer mais segurança para os investidores no que concerne as demonstrações e procedimentos contábeis e, assim, evitar a fuga de capital do mercado de capitais.
A SOX deve ser aplicada às empresas que possuem ações registradas na SEC (comissão de valores mobiliários americana); assim, para negociar no mercado de capitais americano todas as empresas, americanas ou não, devem seguir a Lei Sarbanes-Oxley. O objetivo da SOX é obrigar as empresas a instaurarem mecanismos de auditoria e segurança, com membros independentes, garantindo assim, a fidedignidade do processo para os investidores.
As diretrizes da SOX incluem a reestruturação de processos com o intuito de aumentar os controles e a transparência, na condução dos negócios, na administração financeira e contábil e na gestão e divulgação das informações. Assim, torna-se obrigatória a efetivação de práticas consideradas como de boa governança corporativa.
Quais são os principais aspectos trazidos pela Lei Sarbanes-Oxley (SOX) ? Podemos citar o PCAOB, a independência do auditor, a responsabilidade da empresa, o aprimoramento das demonstrações financeiras, a responsabilidade por fraudes corporativas ou criminais e o aumento das penalidades para crimes de colarinho branco. 
O PCAOB é um Conselho de Auditores de Companhias Abertas e tem como objetivo estabelecer as normas de auditoria, controle de qualidade, ética e independência na emissão dos pareceres de auditoria. Todos os auditores que prestam serviços para as empresas sujeitas a Lei SOX devem estar registrados no PCAOB.
A independência do auditor versa sobre os serviços permitidos aos auditores, determinam a rotatividade do sócio responsável por cada cliente em período de pelo menos cinco anos e estabelecem as regras para a comunicação entre o Comitê de Auditoria e a auditoria independente.
A responsabilidade da empresa é atribuída em relação ao corpo executivo. Este deve assinar os relatórios das informações contábeis e financeiras e declarar que divulgaram todos os fatos controvérsias, medidas de controle e fraudes ao comitê de auditoria. A Lei também proíbe medidas que possam influenciar os auditores, como presentes, jantares e viagens, e define as responsabilidade e penalidades para os diretores que agirem de maneira ilegal. Também cria regras para os advogados, obrigando-os a relatar ao Comitê de Auditoria evidências de violações importantes na empresa.
A SOX dá diretrizes sobre a obrigatoriedade da divulgação das informações financeiras, trimestralmente e anualmente, sobre todos os fatos materiais que não estão demonstrados nas demonstrações contábeis, como por exemplo, as transações, os acordos, as obrigações realizadas com entidades não consolidadas, as contingências e outros fatos materiais. Fica também exigido que as principais transações envolvendo a diretoria e os principais acionistas sejam comunicadas aos stakeholders. Outras determinações em relação a estrutura de governança são exigidas: nenhum diretor ou funcionário graduado poderá receber, direta ou indiretamente, empréstimos de companhia aberta; avaliação anual dos controles e procedimentos internos para emissão dos reports financeiros, com a emissão de parecer de auditor independente; obriga a divulgação tempestiva de informações adicionais relevantes para a compreensão das mudanças na situação financeira ou operacional da organização.
A responsabilidade por fraude corporativa ou criminal A SOX trata das penalidades criminais para a alteração, destruição ou falsificação de documentos a serem utilizados nas vistorias da SEC; cria os mecanismos de proteção aos funcionários de empresas de capital aberto que denunciarem fraudes nas empresas em que trabalham; e, define as penalidades criminais por prejudicar acionistas minoritários de empresas de capital aberto com informações inverídicas. 
Em relação ao aumento das penalidades para crimes de colarinho branco, estabelece o aumento das penas sobre a responsabilidade da diretoria sobre as demonstrações financeiras e define as penalidades para as infrações.
FINALIZANDO – PAG 18
Os órgãos de auditoria e fiscalização, que abarca o Comitê de Auditoria e o Conselho Fiscal, ambas são instrumentos que asseguram a fidedignidade dos controles e das informações divulgadas, visando o interesse dos proprietários e acionistas da empresa. O Conselho de Administração, órgão que é responsável por fiscalizar o corpo executivo e fazer cumprir as decisões da Assembleia Geral, assim, seu intuito geral é mediar os conflitos de agência entre principal e agente. 
A Lei Sarbanes-Oxley – SOX surgiu em meio a uma crise de escândalos corporativos no ambiente norte-americano, que gerou um ambiente de incerteza nos investidores. Com o intuito de manter o capital dos investidores no mercado de capitais, a SEC (órgão regulador norte-americano) instaurou a Lei SOX. Essa lei dá diretrizes para a atuação das empresas e para a adoção de práticas de governança corporativa que objetivam diminuir os prejuízos informacionais e financeiros para os demais stakeholders, em especial, os investidores. Ainda, estabelece as responsabilidades corporativas e as penalidades criminais para os crimes cometidos nesse âmbito empresarial.
Aula 5
CONVERSA INICIAL – PAG 2
A contabilidade é um instrumento eficaz na diminuição da assimetria de informações. Tem sido muito utilizada no mercado financeiro com o intuito de auxiliar credores e investidores na tomada de decisões com maior nível de assertividade.
Podemos pensar na contabilidade como um mecanismo extremamente relevante para as transações que ocorrem no mercado financeiro. Ao diminuir a assimetria de informação, ela tornará a informação no mercado financeiro mais simétrica, isto é, acessível para todos os agentes econômicos de maneira igual. Consequentemente, a contabilidade diminui as falhas de mercado e permite que as transações entre os agentes econômicos sejam mais justas e com menos custos de transação.
CONTEXTUALIZANDO – PAG 2 a 3
A contabilidade e o mercado financeiro possuem uma estreita relação. Como a contabilidade é um instrumento eficaz na diminuição da assimetria de informação, ela diminui também a incerteza, os riscos e os custos de agência inerentes às negociações dos agentes econômicos. Portanto, a ciência contábil se reveste de suma importância para a negociação no mercado financeiro dos agentes econômicos.
A contabilidade é um mecanismo de diminuição da assimetria da informação.
Considerando que a informação contábil é um instrumento eficaz de diminuição da assimetria de informação. Consequentemente, menor será o custo de transação, risco moral e seleção adversa, conceitos que vimos anteriormente.
TEMA 1 – LUCRO E PREÇO DAS AÇÕES – PAG 3 a 5
A compreensão da relação entre lucro e preço das ações é uma discussão muito relevante para a academia contábil. Isso porque compreender a relação entre essas duas métricas – o lucro, que é uma medida contábil, e o preço das ações, que é uma medida de mercado – permite refletir sobre as expectativas futuras de retorno da empresa, ou seja, torna possível afirmar a importância da informação contábil para o mercado financeiro. Assim, a constatação de uma relação da informação contábil (lucro) e do preço das ações daria uma outra magnitude para a ciência contábil devido ao seu poder preditivo.
O surgimento dos conceitos de Hipóteses do Mercado Eficiente (HME) ou em inglês, Efficient Markets Hypotesis (EMH), e de Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (MPAF), que é mais conhecido por sua sigla em inglês, CAPM (Capital Asset Pricing Model), nas ciências econômicas, no final da década de 1960, foram fundamentais para o avanço na pesquisa contábil empírica, porque esses conceitos são capazes de explicitar como a informação contábil é útil na previsão do valor futuro das empresas e na tomada de decisão dos agentes do mercado de capitais (Iudícibus; Lopes, 2004; Galdi; Lopes, 2008).
O conceito de HME assevera que os preços das ações refletem todas as informações relevantes disponíveis e se ajustamaos riscos e retornos esperados, que podem ser obtidos por meio dessas informações. Portanto, é razoável presumir que existe uma relação entre a informação contábil e o preço das ações.
Os pesquisadores da área contábil têm se pautado na existência de uma provável relação entre a informação contábil e o preço das ações. O tema é importante porque a afirmação da relação entre lucro e preço da ação indicaria que a informação contábil facilita a previsão do fluxo de caixa futuro das empresas, tal como ajuda na determinação de riscos e retornos esperados (Iudícibus; Lopes, 2004). Dessa maneira, isso seria de vital relevância para todos os agentes econômicos que operam no mercado de capitais, tais como pequenos e grandes investidores, credores e proprietários. 
TEMA 2 – RESPOSTA DO MERCADO À INFORMAÇÃO CONTÁBIL PAG 5 a 6
Para que comprovem a influência da contabilidade no mercado financeiro, as pesquisas empíricas, primeiro, devem comprovar a importância da informação contábil quando comparada às demais informações disponíveis para os tomadores de decisão (relatórios de especialistas, demonstrações de empresas concorrentes, anúncio de contrato de vendas etc.). Para isso, é necessário analisar a variação no preço das ações que cada tipo de informação gera isoladamente (Iudícibus; Lopes, 2004).
As expectativas futuras do fluxo de caixa e do valor da empresa começam a ser formadas antes do anúncio das informações contábeis no mercado financeiro. Por consequência, não é correto afirmar que a simples variação no preço das ações prova a importância das informações contábeis, visto que é elementar a compreensão do efeito de outras informações no valor de mercado (Iudícibus; Lopes, 2004).
Para avaliar se a informação contábil possui valor informativo, ou seja, apresenta alguma informação adicional ao mercado financeiro, é necessário analisar a variação dos preços das ações na data do anúncio da informação contábil (ou em um período bastante próximo). Se ocorreram variações importantes nos preços dentro desse período, pode-se dizer que a informação contábil adicionou informação ao mercado (Iudícibus; Lopes, 2004).
Podee-se dizer que esses estudos ainda estão sendo desenvolvidos no campo contábil; contudo, já se pode afirmar que existe uma relação entre lucro e preço das ações, mas existem outros fatores que influenciam nessa resposta do mercado, por exemplo, o fator temporal. 
TEMA 3 – IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL PARA O MERCADO – PAG 6 a 8
Ball e Brown (1968, citados por Iudícibus; Lopes, 2004) são dois economistas da Escola de Chicago considerados pioneiros no desenvolvimento de pesquisas que buscam compreender a relação entre a informação contábil e o mercado de capitais. Os autores buscaram investigar se o lucro contábil refletia apenas os fatores já incorporados pelas ações ou se o anúncio dos lucros continha valor informativo para o mercado de capitais. Isto é, será que a contabilidade adiciona valor ao mercado de capitais? 
Dois conceitos fundamentais para a compreensão do estudo de Ball e Brown: retorno anormal e lucro anormal. 
Um retorno anormal é um retorno gerado por determinado título ou carteira de investimentos durante um período de tempo diferente da taxa esperada de retorno. 
Um lucro anormal é o lucro acima (ou abaixo) do requerimento mínimo de remuneração do capital próprio.
Retornando ao trabalho de Ball e Brown, podemos dizer que a intenção por trás dessa pesquisa era demonstrar a relação de sinal (positivo ou negativo) da variação do lucro inesperado e das variações nas taxas de retornos anormais médios. Os pesquisadores suspeitavam que um acréscimo nos lucros inesperados acompanharia uma taxa de retorno anormal positiva, sendo que um decréscimo nos lucros desencadearia uma taxa de retorno negativa (Iudícibus; Lopes, 2004). 
Os resultados da pesquisa de Ball e Brown apontaram os seguintes aspectos: (1) que os retornos anuais ajustam-se de forma gradual; (2) como nem toda informação contábil é antecipada, existe uma reação do mercado após o anúncio, embora ela seja pequena (cerca de 10% a 15% de variação ocorre na data do anúncio e cerca de 85% a 90% ocorre por antecipação de notícias); (3) existe uma tendência de movimento que persiste após os anúncios, ou seja, os preços continuam subindo por um tempo após o anúncio das informações anormais, ou continuam descendo, caso os lucros sejam inferiores aos “normais” (Iudícibus; Lopes, 2004).
Podemos concluir que os relatórios anuais possuem conteúdo informativo e que induzem a um comportamento nos retornos anuais em magnitude de sinal. Ou seja, os resultados da pesquisa demonstram a utilidade da informação contábil. 
Percebemos que as pesquisas empíricas estão preocupadas em comprovar a relação dos sinais (positivo e negativo) entre as variações de lucros anormais e as variações de preço das ações, o que demonstra que existe utilidade nas informações de lucro contábil e que o mercado reage a esses dados. Ao assumir que os lucros estimulam o fluxo de caixa futuro, então é correto afirmar que há uma relação direta entre a magnitude da variação do lucro anormal e do retorno anormal das ações. 
TEMA 4 – COMPORTAMENTO DA RELAÇÃO LUCRO E RETORNO AO LONGO DO TEMPO – PAG 8 a 10
Os pesquisadores Board e Walker, buscaram entender a relação entre o lucro e o retorno das ações no período de 1965 a 1982 por meio da medida ROCE (Lucro Líquido/Patrimônio Líquido) e ROVAL (Lucro Líquido/Valor de Mercado). ROCE se refere ao retorno em relação ao valor contábil, e a ROVAL é relativa ao retorno sobre o valor de mercado. Para compreender como essas medidas se comportavam ao longo do tempo, os autores adotaram a seguinte metodologia: os índices inesperados de retorno foram calculados pela diferença entre o índice correspondente ao período atual e o índice do período anterior. Como os autores consideravam o lucro como sendo de caráter aleatório, o valor do índice anterior funciona como um ótimo instrumento de previsão para o índice futuro do lucro.
Outro aspecto fundamental na compreensão do comportamento dessa relação são os componentes do lucro contábil. O comportamento do lucro deve ser analisado em relação à atividade-fim da empresa, portanto, é importante considerar o lucro antes de itens extraordinários e não operacionais. Assim, temos o lucro extraordinário, que representa o lucro que inclui valores com características transitórias e que também é obtido da atividade-fim da empresa; e o lucro não operacional, que representa o lucro advindo de atividades que não são da atividade-fim da empresa em análise. Essa separação é fundamental, visto que os estudos relataram que, quando o lucro é padronizado, isto é, quando se divide o valor do lucro antes dos itens extraordinários e operacionais pelo valor de mercado, a magnitude do relacionamento entre lucro e preço das ações melhora drasticamente em relação aos estudos que utilizaram números absolutos.
A relevância da relação entre o lucro e o patrimônio aumentam de forma lenta ao longo do tempo, com o lucro líquido perdendo seu poder de explicação quando analisado de maneira isolada, e o patrimônio líquido aumentando seu poder de explicação durante o período que foi analisado.
O poder de explicação do lucro está sendo reduzido, devido ao aumento da importância das empresas de serviço e alta tecnologia. Essas empresas possuem um nível reduzido de ativos mensurados na contabilidade devido aos problemas enfrentados pela contabilidade para a mensuração dos ativos intangíveis, se formos comparar com empresas de produção intensiva, por exemplo. Ao ter seus ativos e resultados contábeis subavaliados, o poder de explicação do lucro passa a ser menor, portanto, em empresas de serviço e alta tecnologia, o valor de mercado é uma representação (proxy) mais aproximada da realidade econômica dessas organizações.
O fator frequência e magnitude das despesas extraordinárias, o número elevado dessas despesas pode distorcer o valor do lucro e seu poder preditivo. O aumento de pequenas empresas na bolsa de

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