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A MEDIAÇÃO NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS FAMILIARES

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A MEDIAÇÃO NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS FAMILIARES
Amanda Leite dos Santos Menezes[1: Graduanda do Curso de Direito da Universidade Regional da Bahia (UNIRB); Endereço eletrônico: amanddalleite@hotmail.com]
Leandro Carvalho Sanson[2: Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Graduado em Direito pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA).Endereço eletrônico: leandrosanson@gmail.com]
RESUMO
O presente estudo tem como problema de pesquisa analisar de que forma os meios adequados de resolução de conflitos tem sido eficaz na pacificação dos conflitos nas relações familiares e objetivando apresentar à sociedade e aos operadores do direito as vantagens na utilização desses procedimentos diante dos conflitos familiares, ajudando desconstruir a ideia arcaica de que todos os conflitos de interesse devem ser sempre postos à análise do Poder Judiciário. O presente estudo foi desenvolvido por meio do método dedutivo utilizando como procedimento técnico análise documental e revisão bibliográfica em artigos e doutrinas especializadas da área. Os conflitos familiares são diferentes dos demais conflitos sociais, pois apresentam um alto grau de subjetividade e emoção, tornando-se ainda mais delicados quando o casal possui herdeiros. Visando atender os anseios dos que recorrem ao Judiciário, buscou-se na análise do mecanismo da mediação para permitir que aqueles que o acionam possam, por si, pôr fim ao litígio. Os resultados obtidos demonstram que a conciliação e a mediação são meios consensuais de resolução de conflitos no Direito das Família, já que proporcionam formas eficazes, célere e satisfatórias de soluções dos conflitos familiares, evitando assim, o aumento dos conflitos e possibilitando a continuidade do convívio harmônico entre as partes.
Palavras chaves: Conflitos. Família. Mediação.
ABSTRACT
The present study has as a research problem to analyze how the adequate means of conflict resolution has been effective in pacification of conflicts in family relations and aiming to present to society and lawmakers the advantages in the use of these procedures in the face of family conflicts, helping to deconstruct the archaic idea that all conflicts of interest should always be analyzed by the Judiciary. The present study was developed through the deductive method using as technical procedure documentary analysis and bibliographic review in articles and specialized doctrines of the area. Family conflicts are different from other social conflicts, because they present a high degree of subjectivity and emotion, becoming even more delicate when the couple has heirs. Aiming to meet the wishes of those who resort to the judiciary, we sought the analysis of the mechanism of mediation to allow those who trigger it can in itself end the litigation. The results show that conciliation and mediation are consensual means of resolving conflicts in Family Law, since they provide efficient, rapid and satisfactory forms of solutions to family conflicts, thus avoiding the increase of conflicts and allowing the continuity of living together between the parties.
Keywords: Conflicts. Family. Mediation.
INTRODUÇÃO
O conceito de família, passou por muitas transformações nas últimas décadas, tendo alterado o panorama familiar no Brasil. As constantes mudanças exigiram que os legisladores realizassem atualizações no direito positivo, reconhecendo os novos modelos familiares a fim de acompanhar a evolução da sociedade ao longo do tempo.
A família brasileira sofreu influências tanto do direito romano quanto do direito canônico. Na visão do direito canônico, o casamento era um sacramento, união realizada por Deus, não podendo o homem dissolvê-la.
Neste sentido, o Código Civil Brasileiro de 1916 manteve a ideia de indissolubilidade do casamento, imperando a regra “até que a morte nos separe”, como também a capacidade relativa da mulher, sendo-lhe atribuída somente a função de colaboradora dos encargos familiares. 
A partir da promulgação da Carta Magna de 1988, o conceito de família foi remodelada, afastando a ideia de que família era constituída apenas pelo casamento. A nova definição trouxe nova base jurídica para auferir os princípios constitucionais, tais como a igualdade, liberdade e dignidade da pessoa humana. Esses princípios foram transportados para a seara do Direito de Família e a partir deles foi dado um novo conceito a família. Pela primeira vez, a Constituição Federal Brasileira apresentou novos arranjos familiares que passaram a ser reconhecidos pelo Direito Brasileiro, merecendo integral proteção do Estado. 
Diante da crise estrutural que atualmente atinge o Poder Judiciário Brasileiro, muitas vezes este não consegue resolver de forma eficaz e qualitativa os conflitos que se apresentam por não vivenciar diretamente o problema, tendo assim que prolatar decisão mesmo não tendo intimidade com a questão, bem como, julgando-os mesmo que estranho aos fatos. 
Quando se fala em conflitos familiares, mais especificadamente os conjugais, observa-se que as partes dificilmente ficam contentes com a solução dada pelo juiz, pois o problema foi solucionado, mas os ressentimentos, mágoas e dissabores continuam intactos. Neste sentido, o Estado, ao ser provocado, busca a resolução da lide, mas ninguém melhor do que as partes envolvidas para encontrarem uma solução que possa melhorar e satisfazer seus próprios interesses.
Desta maneira, surge a necessidade de se encontrar novas formas de resolução de conflitos mais adequadas. Assim, desta imprecisão nasce a mediação e conciliação como métodos eficazes de resolver conflitos familiares, sendo uma alternativa menos dolorosa e mais saudável para os envolvidos, uma vez que proporciona a reaproximação e o diálogo, possibilitando a autocomposição de forma autônoma, democrática e consensual.
Partindo deste pressuposto, o presente estudo busca responder a seguinte indagação: de que forma os meios alternativos de resolução de conflitos, em especial a mediação, têm sido eficazes na pacificação dos conflitos nas relações familiares?
Nesse sentido, objetiva-se analisar os meios alternativos de resolução de conflitos, focando na Mediação, no intuito de verificar sua eficácia na pacificação das relações familiares, em comparação com a resolução por meio da tutela jurisdicional.
Para ajudar responder este questionamento, o presente artigo será desenvolvido por meio do método dedutivo, através de uma pesquisa exploratória com a devida revisão bibliográfica em doutrina, artigos e legislação da área, e pesquisa documental e jurisprudencial. 
A proteção legal da Família no Direito Brasileiro
A família, instituição primária do ser humano desde seu nascimento, é influenciada pelos costumes, fazendo parte da formação do Estado. Conceituar e entender a família é algo muito complexo, já que esta é um fenômeno fundando em dados biológicos, psicológicos e sociológicos regulamentado pelo direito.
Etimologicamente, a expressão família vem da língua dos oscos, povo do norte da península italiana, famel (da raiz latina famulus), que significa servo ou conjunto de escravos pertencentes ao mesmo patrão. Esta origem terminológica, contudo, não exprime a concepção atual de família, apenas servindo para a demonstração da ideia de agrupamento (FARIAS e ROSENVALD, 2014).
A família é uma entidade interligada com os rumos e desvios das sociedades, que muda com as estruturas e arquitetura da própria história através dos tempos. Nesse diapasão, tem-se que a família mudou, que as novas instituições familiares e a moderna família não são mais as mesmas de anos atrás: 
O atual diagnóstico é de a moderna família suprimir algumas travas, algumas armaduras para que a vida individual seja menos opressiva, para que se realizem as reais finalidades da família: de afeição e solidariedade, e de entrega às suas verdadeiras tradições. (MADALENO, 2013, p. 40). 
Desta forma, afirma-se Tânia Pereira (2003) que existe diversos fatores que influenciam para que asmodificações aconteçam ao longo do tempo, como interferência da sexualidade e aproximação das pessoas na forma de se relacionarem; a descoberta dos contraceptivos, etc; Apesar das mudanças serem complicadas, elas são sempre constantes.
O sentido de família presente no ordenamento jurídico brasileiro é definido como “[...] grupo fechado de pessoas, composto dos genitores e filhos, e para limitados efeitos, outros parentes, unificados pela convivência e comunhão de afetos, em uma só e mesma economia, sob a mesma direção” (GOMES, 1998, p.35). Entende por esse conceito trazido pela doutrina a intenção do legislador em considerar a família não apenas enquanto instituição jurídica, mas em sua importância social, em suas várias formas. 
O primeiro Código Civil Brasileiro (1916), representando os valores sociais da época, manteve a ideia canônica de indissolubilidade do casamento e, influenciado pelo Direito Romano, regulamentou o instituto do pátrio poder, transmitindo ao homem o direito-dever de cuidar da família, colocando a mulher em uma posição de desigualdade. Nesse sentido, o homem mantinha, com algumas pequenas restrições, a sua posição anterior de chefe de família, em oposição à mulher casada, que o direito incluiu no rol dos relativamente incapazes, dependendo do marido para poder exercer uma profissão. De igual forma, o Código Civil de 1916 só reconhecia como família aquela resultante do casamento, a família constituída fora do casamento era considerada ilegítima.
Apesar do diploma civil de 1916 ter mantido a estrutura patriarcal, o casamento como forma exclusiva de construção da família, o expresso tratamento discriminatório dado aos filhos nascidos fora do casamento e aos havidos por adoção e a ausência de referências ao companheirismo, seja ela na forma de união estável, seja na forma do concubinato, esses padrões só começaram a ser relativizados, a partir da Lei da Adoção (Lei nº 3.133/57) e da Lei do Divórcio (Lei nº 6.515/77), bem como pelo Estatuto da Mulher Casada (Lei nº 4.121/62) que estabeleceu a plena capacidade à mulher casada. 
Foi com a partir do advento da Constituição Federal do Brasil de 1988, que proporcionou uma grande mudança na legislação brasileira sobre a definição de Família, passando a reconhecer de forma expressa em seu art. 226 outros arranjos familiares além do casamento, tais como a união estável e a família monoparental. [3: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração.§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.(...) ][4: Entendida como entidade familiar composta por quaisquer dos pais e seus descendentes.]
	Foi também a partir do advento da CRFB/1988 que passou a reconhecer os mesmos direitos e qualificações aos filhos havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, proibindo-se quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação, conforme expresso em seu art. 227§6º.[5: Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.[...]§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
]
	Vale ressaltar, que a Constituição Federal de 1988 também instituiu a igualdade entre o homem e a mulher no exercício dos direitos e deveres frente à sociedade conjugal. Conforme declaram Pereira e Dias (apud GONÇALVES, 2014, p.33):
A Constituição Federal de 1988 “absorveu essa transformação e adotou uma nova ordem de valores, privilegiando a dignidade da pessoa humana, realizando verdadeira revolução no Direito de Família, a partir de três eixos básicos”. Assim, o artigo 226 afirma que “a entidade familiar é plural e não mais singular, tendo várias formas de constituição”. O segundo eixo transformador “encontra-se no § 6º do art. 227. É a alteração do sistema de filiação, de sorte e a proibir designações discriminatórias decorrentes do fato de ter a concepção ocorrido dentro ou fora do casamento”. A terceira grande revolução situa-se “nos artigos 5º, inciso I, e 226 § 5º, ao consagrar o princípio da igualdade entre homens e mulheres, derrogou mais de uma centena de artigos do Código Civil de 1916”.
O Código Civil de 2002, em consonância com os preceitos irradiados pela Constituição Federal de 1988, abrange em seu texto várias modalidades de família, formadas por relações consanguíneas, por atos jurídicos solenes ou pelo afeto. É portanto, a partir de novo entendimento de família, caracterizada pelo vínculo afetivo, que tanto a jurisprudência, quanto a doutrina, entendem que os arranjos familiares previstos na Constituição Federal são meramente exemplificativos, não vedando o reconhecimento de demais configurações familiares, desde que em consonância com a legislação vigente. [6: O afeto, enquanto criador da família, está diretamente presente na adoção e nas relações de convivência, como a união estável, vez que enquanto essas não dependem de consanguinidade ou solenidade, a formalidade que pressupõe a adoção é resultado exclusivo do afeto demonstrado pelos pais.]
Os conflitos presentes na nova estrutura familiar e suas consequências
O avanço social referente à constituição familiar vivenciada, especificadamente, no Brasil compôs uma diversidade de modelos, e é nessa hora, que apesar da finalidade básica e essencial do afeto entre os seus membros, surgem os conflitos, talvez na mesma proporcionalidade, exigindo assim, maior efetividade do Estado. 
Frequentemente, os conflitos familiares são objetos de demandas judiciais, que muitas vezes, a ruptura do núcleo familiar traz alívio para alguns, aqueles que tinham o interesse de se livrar daquela pessoa. Para outros, o sentimento que emerge é o da angústia, decepção e tristeza, como menciona a autora abaixo:
O escoadouro das desavenças familiares são as varas de família, que superlotam. Os operadores do direito que atuam nessas varas deveriam fazer especialização para ouvir a parte, constatar a veracidade dos fatos e, não conseguindo aparar arestas, reconciliar ou conciliar, desapaixonadamente, sem agressividade, sem macular o caráter e a hora; restringir o odioso e ampliar o favorável, preferindo sempre as soluções mais benignas (DIAS, 2007, p.79). 
A ruptura dos laços familiares gera os conflitos: 
Revela-se por isto deveras complexo, gerador de uma dinâmica oposicional, que vai além das querelas judiciais imiscuindo-se em um conturbado mundo de sentimentos e emoções, comprometendo a estrutura psicoafetiva de seus integrantes, envolvendo frustações, abandono, ódio, vingança, medo, insegurança, rejeição familiar e social, fracasso e culpa, que o direito não objetiva e nem valora diretamente. Esta realidade extrajurídica constitui componente essencial do conflito familiar (GRISARD FILHO, 2008, p.48).
Não é de hoje que os conflitos familiares existem, já que a entidade familiar está presente em diversas mudanças nas relações com seus indivíduos. Segundo Dias (2007, p.81), “os envolvidos nos conflitos de família precisam resolver questões que tramitam muito além dos aspectos legais”. Há de se considerar que são vários os tipos de conflitos que surgem naseara familiar, alguns são mais simples e outros mais complexos, como por exemplo os conflitos que permeiam as ações de divórcio, reconhecimento de paternidade, guarda de filhos e alienação parental, dentre outras.
No entanto, sabe-se que o Judiciário Brasileiro vem passando por uma crise estrutural (falta de funcionários, juízes com muitas atribuições, aumento no número de demandas etc.) que faz com que os processos procrastinem muito tempo para terem a sua solução definitiva, ou que sejam resolvidos sem o cuidado e importância que necessitam, priorizando a quantidade e não a qualidade na solução do litígio.[7: Informações extraídas do artigo “A crise do Poder Judiciário como fator determinante para a ocorrência da relativização da coisa julgada”, de autoria de Rennan Thamay, 2014, disponível em . Acesso em: 16 de abril de 2017.]
É justamente diante desse contexto, que torna-se necessário repensar a utilização da ação judicial litigiosa para resolver os conflitos familiares, especialmente quando há a presença de filhos menores. Nesse sentido, no direito brasileiro, destacam-se os meios alternativos de resolução de conflitos como referenciais para entender as formas de acesso à justiça.
Os Meios de Resolução de Conflitos
É necessário a delimitação dos meios de resolução de conflitos para compreender os procedimentos adotados, especialmente se tratando de Direito de Família. No direito brasileiro, além da tutela jurisdicional, existem os institutos da negociação, conciliação, mediação e arbitragem como referências para pacificação de conflitos. No entanto, antes de adentrarmos nos meios de resolução, se pertinente analisarmos a própria definição de conflito. 
	A sociedade como um todo, é composta de indivíduos que relacionam-se entre si, e inevitavelmente nas relações intersubjetivas o conflito faz parte do dia a dia das pessoas. 
	Em regra, o senso comum considera o conflito como sendo algo negativo, um mal social nas relações interpessoais que sempre proporciona perdas para umas das partes. Todavia, o conflito deve ser interpretado como algo necessário para o aperfeiçoamento das relações sociais e intersubjetivas. 
O conflito não essencialmente traduz-se em resultados negativos, e de tal forma nem sempre devem ser impedidos, mas sim devidamente tratados. Assim, com a alteração do modo de visualizar os fatos reputados conflituosos, pode-se gerar uma mudança de comportamento e, com isso, repercutir no andamento da controvérsia, transformando-a em uma nova experiência. [8: A possibilidade de se perceber o conflito de forma positiva consiste em uma das principais alterações da chamada moderna teoria do conflito. Isso porque a partir do momento em que se percebe o conflito como um fenômeno natural na relação de quaisquer seres vivos é que é possível se perceber o conflito de forma positiva (AZEVEDO, 2012, p.29).]
O termo conflito é utilizado, muitas vezes, como sinônimo de disputa e lide. Entretanto, é possível observar diferenças importantes entre essas expressões: i) o conflito é uma crise nas relações entre os seres humanos, têm um sentido amplo; ii) a disputa é uma situação pontual e específica, remete a uma unidade controvertida (TARTUCE, 2015). 
Dessa forma, é imprescindível pensar que os conflitos são intrínsecos às relações sociais, o que reforça o questionamento dessa pesquisa: quais os mecanismos adequados para solucionar os conflitos nas relações familiares? 
Ao analisarmos a matéria mais a fundo, identificou-se diversos meios e institutos existentes no Direito Processual Civil para compor os conflitos que emergem na vida em sociedade. 
Nesse sentido, O Estado, no exercício da sua soberania, representado pelo Estado juiz, assume o dever, pautado na lei, da resolução de conflitos. No entanto, vale destacar os meios de solução dos conflitos classificando-os em três formas: autotutela, heterocomposição e autocomposição - meio importante por tentar desincumbir o Estado dos contenciosos em massa, bem como diminuir os custos e como beneficiar às partes, envolvendo-as nos procedimentos, tendo como alvo, a aceitação do resultado pelos envolvidos, de forma que todos saiam satisfeitos.[9: A Autotutela é quando uma pessoa impõe, normalmente de maneira arbitrária ou pelo exercício da força, o seu interesse sobre o interesse da outra pessoa. Essa solução é admitida somente em casos excepcionais. Trata-se de uma das formas mais antigas de resolução dos conflitos, na qual a decisão é imposta pela vontade de uma parte à outra (MONTANS, 2012).][10: A heterocomposição é a solução de um conflito pela atuação de um terceiro dotado de poder para impor, por sentença, a norma aplicável ao caso que lhe é apresentado. No gênero da Heterocomposição, identificamos como espécies de sua aplicação: a) Exercício da Jurisdição, entendida como uma das funções estatais, ou a atividade do Estado com a finalidade de resolver os conflitos que acontecem na sociedade, atingindo a pacificação social. b) A arbitragem (Lei 9.307/1996) é o método de resolução de conflitos mais parecido com o sistema judicial tradicional. A sua grande vantagem é que, ao ser uma técnica privada, permite que as partes envolvidas numa disputa escolham a pessoa (técnico) que assumirá a responsabilidade de decidir por elas. Outra grande vantagem é que as partes também podem escolher o procedimento que o árbitro seguirá para dirimir a questão (VEZULLA, 2005).][11: Autocomposição é um meio primitivo de resolução de conflitos pelo qual as partes isoladamente ou em conjunto escolhem a melhor forma de esclarecer o impasse, sem que haja a imposição por um terceiro. É uma ferramenta processual que não é jurisdição. É considerada, atualmente, como legítimo meio alternativo de pacificação social. Avança-se no sentido de acabar com o dogma da exclusividade estatal para a solução dos conflitos de interesses (DIDIER JR, 2015).]
É importante destacar, que cada mecanismo citado tem uma forma diferente de solucionar o conflito, seja por meio da força (autotutela), seja por meio do diálogo entre as partes (autocomposição), ou mesmo por meio da imposição de uma solução por um terceiro imparcial (heterocomposição), ou seja, cada um é aplicado de acordo a natureza do conflito os quais passa-se a especificar.
1.3.1 Mecanismos alternativos para a resolução de conflitos
O desenvolvimento histórico do Estado moderno em sua (atual) feição de Estado Democrático do Direito (no que se inclui o Brasil), impulsionou o deslocamento do centro de decisões do Poder Legislativo e Executivo para o Judiciário. 
	Ocorre, que a ordem jurídica não conseguiu acompanhar o ritmo acelerado das transformações, do surgimento de constantes e maiores necessidades, de exigências que passa a sociedade. Sendo assim, não mais consegue se comunicar com toda a população, gerando entraves ao acesso do órgão estatal jurisdicional. 
Para tentar sanar a crise do Poder Judiciário e, consequentemente, diminuir a morosidade da justiça, surge meios adequados para a resolução de conflitos como a mediação e conciliação. Estes meios nascem com o intuito de diminuir substancialmente o tempo de duração da lide (Princípio constitucional da Celeridade processual), reduzir o número de processos que avolumam o Judiciário e minorar as altas despesas com os litígios judiciais, no qual dificulta o acesso à justiça e a pacificação social por meio da jurisdição. 
Conforme adotam Cintra, Grinover e Dinamarco:
Abrem-se os olhos agora, todavia, para todas essas modalidades de soluções dos conflitos, tratados como meios alternativos de pacificação social. Vai ganhando corpo a consciência de que, se o que importa é pacificar, torna-se irrelevante que a pacificação venha por obra do Estado ou por outros meios, desde que eficientes. Por outro lado, cresce também a percepção de que o Estado tem falhado muito na sua missão pacificadora, que ele tenta realizar mediante o exercício da jurisdição e através das formas do processo civil [...] (CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO, 2012, p.33-34).
A busca pelosmeios adequados de resolução de conflitos acontece em razão do formalismo existente nos processos judiciais, que muitas vezes são indispensáveis para a garantia da imparcialidade e do devido processo legal, mas que geram demora na solução dos conflitos e aumenta a angústia das partes. Esses meios consensuais de resolução de conflitos possuem como característica o rompimento do formalismo processual, bem como estimulam o diálogo entre as pessoas, tendo como consequência a realização de acordos mais adequados à realidade de cada parte envolvida.
Como forma de instigar a solução consensual dos conflitos, as alterações no Código de Processo Civil, renunciou ao pagamento das custas processuais em caso de transação antes da sentença (art.90, § 3º) e autorizou que no acordo judicial seja incluída matéria estranha ao objeto do processo (art.515, § 2º).
Os principais exemplos de soluções alternativas de controvérsias são a negociação, conciliação e mediação que serão analisados a seguir.[12: A negociação pode ser entendida em dois aspectos, o amplo e o restrito. No aspecto amplo, ela engloba todos os meios de resolução de conflitos que necessitam do diálogo entre as partes para se perfazer, e, no aspecto restrito, a negociação significa um procedimento no qual as pessoas, por si, procuram solucionar seus problemas, conversando e encontrando um acordo sem a necessidade de intervenção de um terceiro, pois as partes, diretamente, solucionam a controvérsia (SPENGLER, 2010).][13: A Conciliação é um meio adequado de resolução de conflitos, no qual as partes ou os interessados são auxiliados por um terceiro (conciliador), neutro ao conflito, ou por um painel de pessoas sem interesse na causa, para assisti-las, por meio de técnicas adequadas, a chegar a uma solução ou a um acordo, podendo, inclusive, apontar propostas, vantagens e desvantagens. O objetivo do conciliador é sempre obter um acordo e, consequentemente, a extinção do conflito.O instituto da conciliação tem dispositivos no Ordenamento Jurídico Brasileiro que, nos dias atuais, vem sendo estimulado sempre que possível – nas relações de conflito, como menciona as alterações oriundas do Código de Processo Civil de 2015, disciplinada nos §§ 2º e 3º, do artigo 3º.Além disso, a nova Lei processual civil dedica um capítulo completo do artigo 165 ao 175 para regular a conciliação e a mediação, dispõe que a audiência de conciliação ou mediação é o primeiro ato a ser realizado no processo, antecedendo, inclusive, o oferecimento da resposta pelo réu (artigos 334) e, especificadamente, aborda nas ações de família (ponto de interesse) no art. 695 e 696, CPC. Importante destacar, que uma vez ensejado acordo entre as partes, e esse após homologação pelo juiz, torna-se título executivo judicial, conforme art. 515, II, do CPC.][14: A Mediação é um procedimento consensual de solução de conflitos por meio do qual uma terceira pessoa imparcial – escolhida ou aceita pelas partes – age no sentido de encorajar e facilitar a resolução de uma divergência. As pessoas envolvidas nesse conflito são responsáveis pela decisão que melhor as satisfaça. A mediação representa assim um mecanismo de solução de conflitos pelas próprias partes que, movidas pelo diálogo, encontram uma alternativa ponderada, eficaz e satisfatória, sendo o mediador a pessoa que auxilia na construção do diálogo (SALES, 2004, p.21).Vale ressaltar, que após de mais de dez anos no Congresso Nacional, foi publicada a lei nº 13.140/2015, a Lei da Mediação que é uma lei especial e retrata o marco legal sobre o tema no Brasil.]
	Nesse sentido, cabe destacar, que é comum a confusão entre os institutos da mediação e da conciliação, já em ambos são meios de resolução consensual de conflitos. No entanto, a doutrina os consideram como técnicas distintas de obtenção da autocomposição, uma vez que o conciliador participa ativamente da negociação, podendo sugerir soluções, enquanto o mediador não propõe soluções, mas auxilia os mediados a compreender os interesses em conflito para se alcançar soluções satisfatórias.[15: O Código de Processo Civil, nos §§ 2º e 3º, do artigo 165, ratifica essa diferenciação: § 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. § 3o O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.]
		
A Eficácia da Mediação nos conflitos Familiares
O Direito de Família, de todos os ramos do direito, pode ser avaliado como o mais humano, pois cuida dos valores personalíssimos e busca proteger a pessoa desde o nascimento, concedendo direitos intransmissíveis e indisponíveis, assegurando a dignidade. 
	Diante destas modificações ocorridas no âmbito do Direito de Família e em razão da infidelidade dos cônjuges, das novas posições ocupadas por eles, das pressões econômicas, do stres do dia-a-dia, dos relacionamentos imediatistas e, principalmente, da dificuldade de adaptação do homem e da mulher a essas novas relações, houve o crescimento do número de separações e divórcios no Brasil.	
	Todas essas transformações acarretaram complexos conflitos entre os casais, e inclusive tem gerado mudanças nos posicionamentos jurisprudências de diversos tribunais brasileiros. Os conflitos surgidos no âmbito familiar demandam muito cuidado, pois envolvem relações de sentimentos, laços afetivos e sanguíneos, que, mesmo diante de situações conflituosas, vão continuar. 
	As relações familiares são contínuas porque, mesmo que haja a desconstituição da sociedade conjugal por meio do divórcio, alguns vínculos perduram, como a obrigação alimentar, a guarda compartilhada, dentre outros. Ademais, caso não haja mais contato entre os ex-cônjuges, é recomendável que haja entendimento entre eles. Nos casos em que existem filhos, o laço entre os cônjuges será permanente, uma vez que rompido a ligação conjugal, o vínculo materno persistirá. 
	Conforme as lições de Adolfo Braga Neto (apud TARTUCE; 2015, p. 326): 
[...] a família constituída de pai, mãe e filhos não acaba com o nascimento do conflito que levou ao pedido de separação. Pelo contrário, é a construção de um outro laço parental, baseado no respeito pela individualidade e limitações pessoais. Na realidade, o que termina é a relação do casal homem e mulher e não pai, mãe e filhos, que isso é indissolúvel.
	Haja vista essa realidade, surge a conciliação e mediação no direito de família que traz um novo entendimento para a resolução pacífica dos conflitos. 
	O Código de Processo Civil, sem dúvida, enaltece as técnicas alternativas de resolução de conflitos, bem como incentiva à realização de conciliação e mediação como forma de solução mais célere e equânime com menor desgaste psicológico para os conflitantes nos conflitos familiares.
	Nesse sentido, a mediação é um meio de resolução, que proporciona as partes dialogarem, serem ouvidas e entendidas, de forma que cheguem a um acordo e o mais importante, que mantenha a relação existente.
	Os conflitos familiares são distintos dos demais conflitos sociais, pois demonstram um alto grau de subjetividade e emoção. Sendo a mediação um meio de tratamento de conflito bastante indicado nos litígios familiares, visto que necessita da manutenção do vínculo. 
	A mediação familiar procura solucionar as questões relacionadas à família, seja no aspecto legal, a exemplo de guarda de filhos, pensão alimentícia e a divisão dos bens, separações e divórcios, seja a respeito das questões emocionais, uma vez que incentiva a procura por um ambiente digno para o diálogo entre os familiares.
	Por se tratarem de questões familiares delicadas, o certo é que o meioempregado para solucionar os litígios existentes na seara familiar possibilite que as partes alcancem um elevado grau de satisfação, ou seja, não basta impor uma decisão de caráter econômico, o mais importante é reestabelecer a comunicação e os vínculos atingidos pela controvérsia.
	Quando a entidade familiar sofre algum problema em sua estrutura e seus membros ficam vulneráveis, a mediação pode oferecer um ambiente confortável, podendo aparecer mais rapidamente uma solução e consequentemente de forma menos onerosa. Tem-se esse meio de resolução de conflito como uma nova maneira de abordagem para casais, filhos, irmãos, parentes, enfim, todos que possam estar ligados a um núcleo familiar.
	Dessa forma, partindo dessa perspectiva da utilização do instituto da Mediação na chamada família em crise, ela também possibilita que as partes deixem de conferir a culpa umas às outras, como se ambas não tivessem contribuído para o aparecimento do conflito, e encontrem a responsabilidade de cada uma por aquele momento. 
	Vale destacar, que a responsabilidade da mediação é buscar conscientizar às partes não só pelo surgimento do conflito, mas também a responsabilidade adequada na administração e solução. As sessões de mediação familiar são definidas pela confidencialidade, informalidade e oralidade. Nestas sessões os conflitantes se sentem mais à vontade para descrever seus medos, as suas mágoas, tristezas e insatisfações. 
	Nas palavras de Gustavo Andrade aponta-se que: 
Três são os elementos que devem obrigatoriamente estar presentes na mediação, enquanto método de resolução de conflito, comumente chamado de equivalente jurisdicional: as partes, o conflito e o mediador. O conflito antecede a mediação, sendo a ela pré-existente. As partes, na mediação familiar, serão sempre pessoas naturais. O mediador é o terceiro, neutro e imparcial, escolhido pelos próprios mediandos ou indicado por órgão estatal ou privado, que irá atuar como um facilitador, proporcionando às partes as condições ideais para que alcancem a solução mais favorável para o conflito (ANDRADE, 2010, p.503).
	Ademais, pode-se considerar a figura do mediador familiar importante, pois desempenha o papel de facilitador do diálogo, não decidindo e nem interferindo na solução do conflito, limitando-se a conduzir o procedimento. [16: O mediador é um terceiro imparcial que intervirá no conflito intersubjetivo com o propósito de restabelecer a comunicação entre as partes. Ele é um verdadeiro facilitador do diálogo. No entanto, para exercer esta atividade, o mediador precisa ser apto a trabalhar com resistências pessoais e obstáculos decorrentes do antagonismo de posições, para, desta forma, atingir o seu principal objetivo, que é a restauração do diálogo entre os mediandos. O papel do mediador não é formular sugestões ou propostas, que possam ser acatadas pelos envolvidos, porque se parte do princípio de que isso talvez possa solucionar uni embaraço pontual, mas não o conflito (GONÇALVES, 2016).]
	É necessário relatar que a mediação familiar não pretende propriamente substituir a atividade jurisdicional, mas é instrumento complementar que evidência as decisões jurisdicionais e as tornam mais eficazes, possibilitando que os atritos familiares sejam resolvidos e que ocorra a aproximação de pessoas que, até então, não conseguiam manter um mínimo de conivência familiar decente.
	Nesse sentido, em situações que permeiam os conflitos familiares, é mais vantajoso para as partes recorrerem à resolução consensual dos conflitos no âmbito familiar do que se submeterem a sugestões impostas por um terceiro imparcial.
	O conflito familiar, quando chega à submissão do judiciário, mostra-se carente de laços comunicativos, ou seja, a decisão judicial, por sua vez, tem função de “dizer o direito”, mas não tem o encargo de restabelecer o diálogo.
	O acordo entre os conflitantes é o ideal buscado durante o processo de conciliação, já na mediação o acordo será consequência da comunicação eficaz entre as pessoas envolvidas no conflito. Estes acordos são flexíveis, não havendo um modelo rigoroso a ser seguido, mas, ao mesmo tempo deve ser estruturado. Em cada conflito de família o acordo é diferente, se adequando a realidade da situação, não há como impor uma regra para os acordos firmados.[17: Clientes diferentes precisam de diferentes tipos de acordos. Enquanto a maioria das pessoas prefere fórmulas que possam ser aplicadas a situações futuras quando estas surgirem, outras famílias precisam de um acordo que explicite cada ponto. No último caso, a mediadora deve assegurar-se de que o acordo seja escrito detalhadamente (HAYNES; MARODIN, 1996, p.112).]
	Diante dessa situação, o acordo deve ser conduzido por um conciliador ou mediador, de forma simples e clara. Devido a informalidade presente na conciliação e mediação utilizadas na resolução de conflitos familiares, é um dos pontos que torna sua eficácia, uma vez que esta informalidade possibilita o entendimento das partes, chegando a uma solução satisfatória para ambas.[18: É importante fazer uma breve distinção entre eficácia e efetividade para melhor compreensão, já que por vezes são tomadas como sinônimos. Enquanto a eficácia é a capacidade de fazer aquilo que é preciso, que é certo para se alcançar determinado objetivo, escolhendo os melhores meios, a efetividade é a capacidade de promover resultados pretendidos, realizando a coisa certa para transformar a situação existente. Portanto, uma norma jurídica torna-se Eficaz quando cumpre com a função ao qual foi criada, e torna-se Efetiva, quando cumpri com todos seus objetivos propostos. ]
	A eficácia da mediação familiar na resolução de controvérsias familiares pode ser percebida também pela capacidade de resgatar os relacionamentos, afastando o rancor contraído das brigas frequentes. A capacidade de eficácia de mecanismos de autocomposição, provoca nas partes mudanças de atitudes, fazendo com que os conflitantes solucionem suas divergências. 
	As vantagens da mediação familiar são demonstrar um procedimento mais célere, ágil, econômico, flexível, eficiente e particularizado a cada caso, possibilitando às partes manterem sua autonomia, restabelecendo um laço afetivo. O Código de Processo Civil traz o princípio geral da solução amigável e consensual dos conflitos familiares, sem falar no quesito qualitativo da solução da lide. 
	O posicionamento do mediador sobre o amplo conhecimento do conflito familiar permite melhores encaminhamentos para uma resolução que através do diálogo passam a ter a oportunidade de recuperar os laços sociais por terem a atuação direta das partes nas questões referentes ao tratamento dos conflitos que se encontram. Destarte, o diálogo elaborado e explanado pelos conflitantes é a solução adequada para abrandar a tensão do litígio, contornando as particularidades excessivas e nem sempre favoráveis da justiça tradicional, na qual um terceiro irá decidir e julgar o desfecho da relação por meio de decisões baseadas nos fatos e provas expostos nos autos do processo, sem ter vivenciado a real amplitude e complexidade das relações e dos impasses que envolveram os litigantes (SPLENGER, 2012). Assim, é que a mediação nos conflitos familiares torna-se um meio eficaz, uma vez que faze uso do diálogo e gera resultados mais satisfatório para as partes envolvidas.
	Diante do exposto, fica evidente que os conflitos parentais, por serem delicados e envolverem uma carga emocional, devem ser tratados através da regeneração dos laços comunicacionais entre as partes, auxiliados pelo instituto da mediação, no qual torna-se meio eficaz para resolver estas espécies de conflitos, como relatou Sales (2007, p. 141) “percebe-se a necessidade de mecanismos de solução de conflitos que essencialmente estejam embasados no diálogo, na valorização do outro, na escuta e no sentimento de cooperação – do individual ao coletivo”, os quais empoderam no restabelecimento do diálogo atingindo um equilíbrio, fazendo com que o conflito seja tratado pela própria famíliaou com a participação de um terceiro que auxilia no acordo.
	Por óbvio, também cabe destacar, que nem todos conflitos no âmbito familiar podem e/ou conseguem ser resolvidos por meio da Mediação ou Conciliação, necessitando muitas vezes a tutela jurisdicional para ver os conflitos solucionados. No entanto, é inegável a importância e necessidade desses institutos na busca de resolução de conflitos tão delicados como os referentes a família. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo tratou do instituto da mediação como mecanismo adequado de resolução de conflitos no Direito de Família, tendo como objetivo principal analisar de que forma os meios alternativos de resolução de conflitos têm sido eficazes na pacificação das relações familiares, tendo em vista que este tipo de conflito é delicado em razão do emocional que o permeia. 
	As famílias, na atualidade, são constituídas por vários arranjos familiares e, a partir do momento que acontece o divórcio ou dissolução da união estável, a melhor alternativa será buscar por uma solução menos dolorosa, mais célere e que possa restabelecer uma reaproximação dos componentes da entidade familiar com mais respeito e solidariedade; deste modo, a mediação no Direito de Família tornam-se alternativa para melhor resolver o conflito estabelecido pela ruptura conjugal com o objetivo de vencer os obstáculos de uma nova fase da vida do ex- casal juntamente com sua prole e demais componentes do núcleo familiar, como avós, tios e parentes mais próximos. 
	O conflito é algo que não se pode evitar totalmente, ele está presente no cotidiano das pessoas e é inerente ao convívio social e quando se fala em núcleo familiar também não é diferente, contudo há que se ter cautela e cuidado, pois a família é a base da sociedade, e possui especial proteção do Estado, em razão disso é que realmente a família deve ter um tratamento jurídico diferenciado, pois se está diante da manutenção dos laços de afeto, amor, solidariedade e respeito entre os integrantes do arranjo familiar. 
	Assim sendo, através das pesquisas realizadas para a elaboração deste trabalho, foi possível concluir que a solução dos conflitos familiares por meio da jurisdição estatal não é a mais indicada, já que diante da crise do Judiciário em dar respostas eficazes e de qualidade, além da morosidade e o alto custo, acabam fazendo com que esse meio de resolução de conflitos não seja vantajoso para as partes. 
	Desse modo, a mediação familiar foi apresentada como mecanismo que pode contribuir à solução os conflitos existentes em um grupo familiar de forma mais informal e eficaz, amenizando os traumas, pois com esses mecanismos de resolução de conflitos não há vencedor e nem perdedor, já que cada um cede de um lado para compor o conflito consensualmente por meio de um acordo, primando-se pelo respeito mútuo e responsabilidade dos conflitantes, fazendo com que estes deixem de lado o antagonismo e caminhem na direção da pacificação social.
	Apesar da conciliação e mediação serem utilizadas como mecanismos eficazes na resolução de conflitos familiares, existe situações em que o conflito aparece com um interesse patrimonial maior e com ausência de carga emocional, sendo que, nessas situações, viabiliza-se a utilização da conciliação como instrumento capaz de resolver e pacificar a controvérsia.
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