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Resumo para AV 2 Historia do Direito 1º periodo Evolução Constitucional Brasileira

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Da Evolução Constitucional Brasileira 
RESUMO PARA AV2 
 
1. Constituição Política do Império do Brasil (1824). 1.1. Contexto histórico. 1.2. 
Características. 1.3. Organograma do Poder político de acordo com a Constituição de 
1824. 2. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (1891). 2.1. Contexto 
histórico. 2.2. Características. 3. Constituição da República dos Estados Unidos do 
Brasil (1934). 3.1. Contexto histórico. 3.2. Características. 4. Constituição dos Estados 
Unidos do Brasil (1937). 4.1. Contexto histórico. 4.2. Características. 5. Constituição 
dos Estados Unidos do Brasil. 5.1. Contexto histórico. 5.2. Características. 6. 
Constituição do Brasil de 1967. 6.1. Contexto histórico. 6.2 Características. 7. Emenda 
Constitucional n. 1 de 1969. 7.1. Contexto histórico. 7.2. Características. 8. Atos 
Institucionais. 9. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). 9.1. Contexto 
histórico. 9.2. Características. 10. Caracteres diferenciadores e correlatos. 11. Quadro 
Comparativo. 12. Classificação quanto à forma e sistema de governo. 13. Controle de 
Constitucionalidade. 14. Conclusões. 
Resumo: O objetivo da presente peça é fazer um lacônico estudo das Constituições que 
existiram no Brasil, realizando uma importante revisão sobre o contexto histórico de 
cada momento, assim como, estudar, de forma perfunctória, os aspectos político-
econômicos e sociais que nortearam a elaboração das mesmas, desde a Independência 
até os tempos hodiernos e, por fim, realizar um cotejo com a Constituição atual. Para 
que elas não sejam apenas quimeras, mas, pelo contrário, tenham plena eficácia de 
modo a pautar e garantir os nossos direitos e, por conseguinte, fomentar um Estado mais 
justo e eqüitativo, tornar-se-á necessário o empenho e participação com afinco de todos 
os brasileiros cujas metas sejam de buscar a consecução de uma sociedade mais digna e 
cidadã. [2] 
Palavras-chave: constituição, Brasil, poder, Estado, características. 
1. CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRASIL (1824) 
1.1. Contexto histórico 
Após a Proclamação da Independência do Brasil, ocorreu uma intensa disputa 
entre radicais e conservadores na Assembléia Constituinte. O Partido Brasileiro de 
orientação liberal-democrata, representando majoritariamente a elite latifundiária 
escravista, produziu um anteprojeto designado “constituição da mandioca” que se 
caracteriza por respeitar os direitos individuais e delimitar os poderes do Imperador. 
O Imperador Dom Pedro I queria ter o poder de veto sobre as decisões do 
Legislativo e, apoiado pelo Partido Português, cujos representantes eram ricos 
comerciantes portugueses e altos funcionários públicos, dissolveu a Assembléia 
Constituinte brasileira exilando diversos deputados em 1823 e, no ano superveniente, 
com auxílio do Partido Português, outorgou a primeira Constituição brasileira em 25 de 
março de 1824. 
1.2. Características 
A Carta Imperial de 1824 foi marcada por ser extremamente liberal no tocante 
ao respeito aos direitos individuais e pelo absolutismo na organização dos Poderes. [3] 
As principais características desta constituição estão a seguir arroladas: 
1. O governo imperial era uma monarquia hereditária e constitucional (art. 
3º); 
2. Estabeleceram-se quatro poderes, segundo doutrina de Benjamin Constant, 
os quais eram o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o Moderador 
(art. 10); 
3. Foi adotado o Estado confessional sendo o catolicismo como religião 
oficial do Império (art.5º); 
4. Instituiu-se o sufrágio censitário, aberto e indireto (art. 92, V e seguintes); 
5. Foi estabelecido um conjunto de direitos e garantias individuais (art. 179); 
6. Vigeu durante mais de 65 anos (maior vigência); 
7. Vitaliciedade aos mandatos dos senadores que eram escolhidos por meio 
de uma lista tríplice; 
8. Adotou-se como modelo externo as monarquias européias restauradas 
após o Congresso de Viena; 
9. As capitanias existentes foram transformadas em províncias; 
10. Os juízes e jurados compunham o Poder Judiciário; 
11. O Imperador exercia a chefia suprema através do Poder Moderador, 
interferindo nas demais esferas de poder. Consoante a Constituição, tinha 
por função garantir a independência, harmonia e equilíbrio entre os 
demais poderes; 
12. A assembléia-geral era constituída pela Câmara dos Deputados e a 
Câmara dos Senadores exercendo o Poder Legislativo. 
1.3. Organograma do Poder político de acordo com a Constituição de 1824[4] 
PODER 
MODERADOR 
Poder Legislativo 
Poder Executivo 
Poder Judiciário 
CONSELHO DE ESTADO 
Senado 
Câmara dos Deputados 
Supremo Tribunal de Justiça 
Presidentes de províncias 
Conselhos Gerais das províncias 
 
2. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL 
(1891) 
2.1. Contexto histórico 
A Proclamação da República adveio como conseqüência da Guerra do 
Paraguai e abolição da escravatura. A guerra fez o exército modernizar-se, 
deu-lhe novos armamentos, recebeu em suas fileiras jovens da classe média e 
jovens negros alforriados. A abolição fez os escravocratas perderem a 
confiança no imperador, os quais se modernizavam voltados agora também 
para a indústria e comércio. D. Pedro II, não teve pulso suficiente para evitar 
o que parecia inevitável: a queda do regime monárquico. O positivismo de 
Augusto Comte deu sustentáculo intelectual aos republicanos. [5] 
Em 15 de novembro de 1889, ocorreu a proclamação da República e, por 
intermédio de uma Assembléia Constituinte, depois de um ano de negociações, adveio a 
promulgação da constituição em 24 de fevereiro de 1891. 
Com o predomínio dos interesses da oligarquia latifundiária, majoritariamente 
dos cafeicultores, que influenciaram os eleitores e fraudaram as eleições através do 
“voto de cabresto”, foram suprimidos os princípios democráticos da primeira 
constituição republicana do país que foram engendrados dos princípios fundamentais da 
Constituição estadunidense. Por conseguinte, apesar da mudança da forma 
governamental, na práxis, o exercício do poder manteve-se com os mesmos dominantes 
de outrora. 
2.2. Características 
Esta Constituição Republicana apresentava os seguintes dispositivos: 
1. Aboliu-se o governo monárquico, instaurando-se a forma republicana de 
governo e a forma federativa de Estado (art. 1º); 
2. As províncias foram transformadas em Estados da Federação e o 
município neutro transformou-se em Distrito Federal, adquirindo grande 
parcela de competência da União; 
3. Sistema presidencialista consoante modelo norte-americano; 
4. Regime representativo; 
5. Extinguiu-se o Poder Moderador, adotando-se apenas três poderes, 
repartindo-os nas seguintes funções: Poder Legislativo, Poder Executivo 
e Poder Judiciário, independentes e harmônicos entre si, inspirados pela 
teoria da separação entre os poderes de Montesquieu (art. 15); 
6. Os Estados da Federação passaram a ter maior autonomia por intermédio 
de constituições organizadas; 
7. Foi abolida a vitaliciedade dos cargos de senadores; 
8. O Presidente da República detinha a chefia do Poder Executivo; 
9. Processo eletivo por voto direto e aberto; 
10. Duração de quatro anos para os mandatos; 
11. Inexistência de reeleição; 
12. O exercício do Poder Legislativo competia ao Congresso Nacional, cuja 
composição se dava pelo Senado e Câmara dos Deputados; 
13. Foi adotado o Estado laico, isto é, a Religião Católica deixou de ser a 
religião oficial do Estado brasileiro; 
14. Adotou-se como modelo externo a Constituição norte-americana; 
15. O sufrágio apresentava adstrições censitárias, visto que os mendigos e 
analfabetos eram proibidos de exercer o direito ao voto (art. 70); 
16. Instituiu-se o habeas corpus por meio do seguinte dispositivo ao 
estabelecer que “dar-se-á o habeas corpus, sempre que o indivíduo sofrer 
ou se achar em iminente perigo de sofrer violência ou coação por 
ilegalidade ou abuso de poder” (art. 72, § 22). Ademais,assegurava-se o 
direito de ampla defesa aos acusados, garantia-se aos juízes federais a 
vitaliciedade, irredutibilidade de vencimentos e inamobilidade. 
3. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL 
(1934) 
3.1. Contexto histórico 
Com a tomada de poder através da revolução de 1930, o Governo Provisório de 
Getúlio Vargas nomeou uma comissão para elaborar a nova Constituição. Vargas tinha 
como política ideológica as questões econômicas e sociais em detrimento do 
liberalismo, como propõe o próprio preâmbulo da Constituição ao rezar como diretrizes 
“organizar um regime democrático, que assegure à Nação a unidade, a liberdade, a 
justiça e o bem estar social e econômico”. 
Esta Carta teve o menor período de duração da história constitucional brasileira, 
por apenas três anos, estando em vigor por apenas um ano em razão da Lei de 
Segurança Nacional que a suspendeu. 
Sobre esse contexto histórico, Marcos Arruda e César Caldeira expendem que: 
O cumprimento à risca de seus princípios, porém, nunca ocorreu. Ainda 
assim, ela foi importante por institucionalizar a reforma da organização 
político-social brasileira – não com a exclusão das oligarquias rurais, mas 
com a inclusão dos militares, classe média urbana e industriais no jogo do 
poder. [6] 
Com a Revolução Constitucionalista de 1932, em que o Exército Brasileiro 
defrontou-se com a Força Pública de São Paulo, trazendo à baila a questão do sistema 
político brasileiro, compelindo à eleição de uma Assembléia Constituinte, a qual 
aprovou e promulgou, ulteriormente, a segunda constituição republicana brasileira. Esta 
Carta foi bastante inovadora ao realizar mudanças progressistas, todavia, de curta 
duração, porquanto no ano de 1937, Getúlio Dornelles Vargas outorgou uma nova 
Constituição, dando início à ditadura por meio de um governo autoritário. 
O Governo Provisório dissolveu as Assembléias Estaduais e o Congresso 
Nacional. Em sendo assim, nomeou interventores para os Estados, para que 
governassem até a elaboração de uma nova Constituição. A situação era mais crítica em 
São Paulo, em razão da morosidade em se elaborar uma nova Constituição. Cresceu a 
revolta dos cafeicultores que haviam perdido a influência política. Foi nesse contexto 
que, em 1932, comandada pelos generais Bertoldo Klinger e Isidoro Dias Lopes e pelo 
coronel Euclides de Figueiredo, eclodiu a Revolução Constitucionalista. 
Apesar da derrota nos conflitos, os paulistas conseguiram ser atendidos em 
grande parte de suas reivindicações, porquanto Getúlio Vargas realizou a convocação de 
uma Assembléia Constituinte. 
Tal Constituinte tinha a incumbência de elaborar uma Constituição que 
realmente refletisse os fatores reais de poder vigentes naquela época, haja vista que 
terminada a Primeira Guerra Mundial, em 1918, o Brasil estava inserido num mundo 
bastante diferente. Os Estados Unidos da América tomaram a hegemonia político-
econômica do mundo. A Revolução Russa fomentava ideais socialistas, de forma 
inovadora na História. O próprio Brasil passou por mudanças significativas, tais como o 
crescimento industrial e a expansão das cidades, entre outros aspectos importantes. 
Não se pode olvidar que no Governo Provisório de Vargas, adotou-se uma 
política emergencial de combate à crise internacional ocasionada pela queda da Bolsa de 
Nova York, em 1929. Tal política consistia na compra e destruição do café excedente, a 
fim de valorizar a produção cafeeira que, na época, era o principal sustentáculo da 
economia brasileira. Dessarte, fazia-se necessário um fundamento legal para a 
legitimação de Vargas no poder, o que ocorreu com a promulgação de uma nova 
Constituição, ratificando o seu exercício legítimo. 
A Carta Magna de 1934 contribuiu significativamente para consolidar a 
democracia no Brasil. Entretanto, o cenário internacional era totalmente desfavorável. 
Com a eclosão do nazismo na Alemanha, do fascismo na Itália e do stalinismo na União 
Soviética, além de outros regimes autoritários que estavam em ascensão, a democracia 
entrou em crise, principalmente na Europa. A Constituição alemã de 1919 e a 
Constituição espanhola de 1931 exerceram grande influência, sobretudo por apresentar 
dispositivos que estabeleciam a república federalista como regime de governo, 
estimulando os elaboradores da carta constitucional brasileira. 
3.2. Características 
A Constituição brasileira de 1934 amalgamou os princípios liberais, 
corporativistas e autoritários. Os princípios socialistas que precederam a Revolução de 
30, exerceram grande influência na elaboração da legislação trabalhista. O governo de 
Getúlio Vargas fomentou a centralização do poder, apesar de a Constituição estabelecer 
o regime federativo e a autonomia dos Estados em relação à União. As principais 
características desta Constituição estão a seguir aventadas: 
1. Manteve-se a República, a federalismo, a divisão de Poderes 
independentes e coordenados entre si; 
2. Ampliação dos poderes da União e, conseqüentemente, diminuição das 
competências dos Estados, sendo estes subalternos àqueles; 
3. As rendas tributárias entre a União, Estados e Municípios foram 
discriminadas com maior austeridade; 
4. Ampliação dos poderes do Poder Executivo; 
5. Extirpou o sistema bicameral, imputando a função legiferante de forma 
adstrita à Câmara dos Deputados, estabelecendo o Senado Federal como 
órgão auxiliar; 
6. Estabeleceu um título atinente à ordem econômica e social (Título IV) e, 
outrossim, concernentes à família, cultura e educação, 
constitucionalizando os direitos sociais; 
7. Estabeleceu disposições relativas à segurança nacional; 
8. Assentou preceitos e parâmetros para o funcionalismo público; 
9. Suprimiu o cargo de vice-presidência da República; 
10. Instituiu a Justiça Militar e a Justiça Eleitoral; 
11. Criou o mandado de segurança e a ação popular (art. 113); 
12. Fixou o voto secreto; 
13. Instituiu o voto obrigatório para maiores de 18 anos; 
14. Disciplinou o voto feminino que, outrora, fora reivindicado; 
15. Nacionalizou as riquezas do subsolo e quedas d’água no país; 
16. Foi adotado o estado confessional, tornando o catolicismo a religião 
oficial brasileira. 
17. Estabeleceu dois instrumentos de reforma constitucional, a saber:a 
revisão e a emenda (art. 178). 
18. Criação da Justiça do Trabalho. 
Com relação às Leis Trabalhistas podemos salientar a criação da jornada de 8 
horas diárias, repouso semanal obrigatório e férias remuneradas, indenização para 
trabalhadores sem justa causa, assistência médica e dentária, assistência remunerada a 
trabalhadoras grávidas. Ocorreu a proibição do trabalho infantil, — proíbe a diferença 
de salário para um mesmo trabalho, por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado 
civil e revê uma lei especial para regulamentar o trabalho agrícola e as relações no 
campo (que não chegou a ser feita) e reduz o prazo de aplicação de usucapião a um 
terço dos originais 30 anos. 
Nas palavras de Marcos Arruda e Cesar Caldeira: 
Com a Constituição de 1934, a questão social passou a assumir grande 
destaque no país: direitos democráticos foram conquistados, a participação 
popular no processo político aumentou, as oligarquias sentiram-se ameaçadas 
- juntamente com a burguesia - pela crescente organização do operariado 
brasileiro e de suas reivindicações. Nessa conjuntura registrou-se a primeira 
grande campanha nacional em que a Imprensa esteve envolvida: o debate a 
respeito do apelo nacionalista apregoado pelo Integralismo, movimento anti-
liberal, anti-socialista, autoritário, assemelhado ao Fascismo italiano.Em 
conseqüência disso, o equilíbrio era algo difícil e já se previa naquela época 
que alcançá-lo iria levar tempo, para as novas forças políticas brasileiras.[7] 
A Constituição de 1934 atendeu aos interesses da oligarquia que permaneceu 
potencialmente ativa, sobretudo em Minas Gerais e São Paulo; aos interesses dos antigostenentistas e nacionalistas; e, ademais, os interesses dos integralistas, instituindo órgãos 
sindicais subalternos ao Estado. 
É relevante reiterar que, via de regra, entretanto, ao fazer um cotejo, a Constituição de 
1934 não trouxe expressiva divergência em relação à citerior, face à permanência do Brasil 
como uma república liberal-democrática. Sob a perspectiva de funcionalidade, sua eficácia não 
pôde ser plenamente testada, haja vista que sua durabilidade foi ínfima, porquanto Vargas 
suspendeu as garantias constitucionais por intermédio do estado de sítio em 1935. 
4. CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1937) 
4.1. Contexto histórico 
Em 10 de novembro de 1937, foi outorgada a nova Constituição brasileira. Esta foi 
denominada como “Constituição Polaca”, em razão de ter sido estribada na Carta ditatorial 
Polonesa de 1935, cuja redação foi feita pelo jurista Francisco Campos, ministro da Justiça até 
então, a qual obteve ratificação do ministro da guerra Eurico Gaspar Dutra e do presidente 
Getúlio Vargas.Tal Constituição foi a primeira, no Brasil, a apresentar caráter autoritário. 
Num momento histórico que precedia a sucessão presidencial em 1938, no qual Vargas 
transferiria o poder ao seqüente eleito, já havendo dois candidatos, a saber: José Américo de 
Almeida da base governista e Armando Salles de Oliveira, governador de São Paulo, da 
oposição. No entanto, Getúlio Vargas não ofereceu apoio a nenhum dos candidatos de modo a 
enfraquecer a disputa presidencial de ambas. Antes, porém, deliberava e articulava em reuniões 
com as lideranças governistas, a consecução do golpe de estado. 
A instauração do Estado Novo foi inspirada na ampliação do poder obtido por correntes 
político-ideológicas oriundas do período superveniente à guerra, tais como os comunistas de 
Luiz Carlos Prestes, líder da Coluna Prestes, e os integralistas de Plínio Salgado, haja vista que 
o Congresso concedera a anistia aos perseguidos políticos. 
A Aliança Nacional Libertadora foi criada sob influência da Internacional Comunista e 
pela direção nacional do Partido Comunista do Brasil, cuja presidência de honra era exercida 
por Luiz Carlos Prestes, o qual planejava organizar o levante armado contra o governo de 
Getúlio Vargas e instituir um novo governo. 
Em novembro de 1935, a ANL deflagrou uma sedição com manifestações em Natal e no 
Rio de Janeiro. Porém, Vargas conteve as insurreições sem dificuldades, servindo tais 
acontecimentos como pretexto para suspender a Constituição do ano anterior, por intermédio da 
Lei de Segurança Nacional que fora aprovada no Congresso e, além disso, impediu o 
funcionamento da ANL. 
Com fulcro na ameaça comunista, também denominada “perigo vermelho”, tendo como 
justificativa o plano Cohen que, na verdade, foi um artifício astucioso de orientação comunista, 
cujo objetivo era a obtenção do poder e, conseqüentemente, a formação de um regime aos 
moldes da URSS. Por essas razões, o chefe das Forças Armadas e o ministro da Guerra 
encaminharam ao Congresso a decretação de “estado de guerra”, a qual foi aprovada pela 
grande maioria dos parlamentares. Após alguns dias, Vargas determinou que a polícia pusesse 
cerco a Câmara, estabelecendo suspensão temporária das atividades do legislativo e, finalmente, 
outorgou a nova Constituição. 
Com auxílio da cúpula dos integralistas, Francisco Campos organizou e escreveu grande 
parte da Carta de 1937, no ano anterior. Após outorgada, Francisco Campos foi nomeado 
ministro da Justiça. As leis do regime ditatorial polonês e da legislação fascista na Itália 
serviram de inspiração para a elaboração da Carta Magna brasileira. Os ideais positivistas 
preconizados por Benjamim Constant, Floriano Peixoto e outros estavam inseridos na Lei 
Fundamental de 1937, caracterizando-se por ser uma república paternalista, autoritária e 
conservadora. 
No Estado Novo, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), ficou encarregado 
de divulgar os princípios do regime para a população, formando uma identidade nacional sob a 
perspectiva do autoritarismo. Açaimou as fortuitas manifestações populares e realizou violenta 
repressão, através da censura, aos órgãos de comunicação. 
Na esfera administrativa, o governo Vargas procurou aperfeiçoar o funcionalismo 
público, com investimentos na formação profissional e desempenho técnico em detrimento às 
filiações e indicações políticas. Para a consecução de tal meta, criou-se o Departamento 
Administrativo do Serviço Público (DASP), cuja tarefa era reformular a administração pública. 
No plano econômico, foi fundado o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial 
(SENAC), cuja destinação é fomentar a educação para o trabalho em atividades do comércio de 
bens e serviços, contribuindo para valorização do trabalhador e sua capacitação profissional, 
assim como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), cujo fim é promover a 
educação profissional e tecnológica, a inovação e a transferência de tecnologias industriais , 
contribuindo para elevar a competitividade da insdústria nacional. 
4.2. Características 
A Constituição de 1937 atendeu aos interesses de grupos políticos dominantes e 
daqueles que se firmaram como aliados, corroborando para a consolidação do domínio destas 
classes. Portanto, a principal característica dessa carta política era a concentração de poderes 
sob o domínio do presidente Getúlio Vargas. De conteúdo eminentemente centralizador, 
condicionou ao chefe do Executivo a delegação dos interventores, os quais, por seu turno, 
escolhiam os representantes municipais. 
O apogeu do governo centralizador de Vargas sucedeu-se com o regime do Estado 
Novo. Nesse período, os direitos políticos foram extirpados, os órgãos legiferantes no âmbito 
federal, estadual e municipal foram fechados, criando-se departamentos administrativos e 
interventorias. As políticas de governo, tais como as relacionadas com os setores de petróleo e 
siderurgia, tiveram ampla colaboração, mormente dos militares. 
O vínculo que o Estado Novo apresentou com o fascismo se deve ao fato de aquele 
apresentar como características um Estado rijo, interventor, centralizador, propulsor de políticas 
públicas cujo fundamento era criar condições necessárias para o crescimento econômico, 
desenvolvimento do país e racionalização do Estado. 
Nesse diapasão, pode-se destacar dentre os principais dispositivos da Constituição de 
1937: 
1. Aboliu-se a invocação ao nome de Deus; 
2. Concentração de poderes ao chefe do Executivo; 
3. Determinou-se eleições indiretas para presidente, cujo mandato será de seis anos; 
4. O Senado Federal passou a ser denominado de Conselho Federal; 
5. Restringiu a autonomia dos Estados-Membros; 
6. Criou a técnica do estado de emergência[8]; 
7. Os órgãos legiferantes foram dissolvidos; 
8. Foi estabelecida a pena de morte; 
9. Extinguiu-se o federalismo; 
10. Suprimiu-se o liberalismo; 
11. Retirou-se o direito de greve do trabalhador; 
12. O Governo tinha a prerrogativa de expungir funcionários opositores do regime; 
13. Mandato presidencial prorrogado até a realização de um plebiscito, o que nunca 
se realizou; 
14. Extirpou-se os partidos políticos e a liberdade de imprensa, vigorando a censura 
prévia; 
15. Modelo externo: Ditaduras fascistas; 
16. Possibilitou que o Presidente da Republica interferisse nas decisões do 
Judiciário, pois lhe possibilitava submeter à apreciação do Parlamento as leis 
declaradas inconstitucionais, podendo o Parlamento desconstituir esta 
declaração e inconstitucionalidade através de dois terços de seus membros[9]; 
17. Restringiu os direitos individuais e desconstitucionalizou o instituto da ação 
popular e o mandado de segurança. 
O exercício dessa Constituição foi inconstante. A decomposição dos órgãos legislativos 
e a sua índole centralizadora converteram-na em um texto entorpecido e inerte em vários 
dispositivos. 
5. CONSTITUIÇÃODOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1946) 
5.1. Contexto histórico 
Com o ingresso do Brasil na II Guerrra Mundial ao lado dos aliados, a continuidade do 
Estado Novo ficou comprometida. A posição brasileira contrária ao regime ditatorial nazi-
fascista pôs em xeque, isto é, tornou vulnerável a própria conservação do governo despótico no 
Brasil. Com a ilegitimidade do Estado Novo, este entra em declínio e finda-se em 1945. Após a 
queda de Vargas e da Ditadura, encetou-se um período de redemocratização, haja vista a 
necessidade de um novo ordenamento constitucional. 
Eleita a Assembléia Constituinte, sob o governo do general Eurico Gaspar Dutra, foi 
promulgada a Constituição dos Estados Unidos do Brasil e o Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias em setembro de 1946, sendo claramente inspirada pelos parâmetros 
estabelecidos sob a égide da Constituição de 1934, os quais haviam sido eliminados em 1937. 
5.2. Características 
A nova Carta apresentava como principais tópicos: 
1. O bicameralismo é reinstituído; 
2. Reestabelecimento do cargo de Vice-Presidente da República; 
3. Ampliação dos poderes da União, diminuindo os poderes dos Estados; 
4. A propriedade foi regulada a função social, possibilitando a desapropriação por 
interesse social (art. 141, § 16º); 
5. Admissão de título atinente à família, à cultura e à educação; 
6. Instituiu-se a Justiça do Trabalho e o Tribunal Federal de Recursos; 
7. Introdução de mandato presidencial de cinco anos (quinqüênio); 
8. Proteção da propriedade privada e do latifúndio; 
9. Garantia de direito a greve e de livre associação sindical; 
10. Assegura a liberdade de expressão e opinião; 
11. Estabelece-se o equilíbrio entre os poderes; 
12. Constitucionalizou-se o mandado de segurança para proteger direito líqüido e 
certo não amparado por habeas corpus e a a ação popular (art. 141); 
Além desses dispositivos, também foram inseridos: a igualdade de todos perante a lei; a 
inviolabilidade do sigilo de correspondência; a inviolabilidade da casa como asilo do indivíduo; 
a prisão só em flagrante delito ou por ordem escrita de autoridade competente e a garantia ampla 
de defesa do acusado. 
É imprescindível frisar que, pelo Ato Adicional de 2 de setembro de 1961, foi 
instaurado o Parlamentarismo a fim de que decorrida a posse do Vice-Presidente João Goulart, 
em razão da renúncia de Jânio Quadros, fosse admitida pelos militares e conservadores. No 
entanto, com o plebiscito ocorrido em setembro de 1962, foi reestabelecido o Presidencialismo. 
Por conseguinte, a Constituição do Brasil de 1946 foi eminentemente um progresso para 
a democracia e para os direitos fundamentais do cidadão brasileiro, considerada por muitos 
como avançada para época. 
6. CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1967 
6.1. Contexto histórico 
A Constituição Brasileira de 1967 foi aprovada pelo Congresso Nacional o qual fora 
transformado em Assembléia Constituinte através do Ato Institucional n. 4, sendo atribuída a 
prerrogativa de poder constituinte originário. Os membros da oposição foram banidos e a Carta 
Constitucional foi organizada sob pressão e encomenda dos militares, os quais preconizavam 
legalizar e institucionalizar o regime ditatorial militar. 
A nova Carta foi elaborada pelo jurista Carlos Medeiros Silva e diversas alterações 
foram realizadas com a inserção de emendas, atos institucionais e atos complementares, sendo 
ratificada pelo Congresso no dia 24 de janeiro de 1967, vigorando a partir de 15 de março do 
ano corrente. 
Nesse ínterim, vale ponderar o que asseveram Marcos Arruda e César Caldeira: 
A necessidade da elaboração de nova constituição com todos os atos 
institucionais e complementares incorporados, foi para que houvesse a 
reforma administrativa brasileira e a formalização legislativa, pois a 
Constituição de 18 de Setembro de 1946 estava conflitando desde 1964 com 
os atos e a normatividade constitucional, denominada institucional.[10] 
Pode-se depreender a partir do posicionamento supra citado que esta Carta procurou 
institucionalizar o regime ditatorial, ampliando os poderes do Executivo em detrimento do 
Legislativo e Judiciário, engendrando uma organização hierárquica constitucional. O Poder 
Executivo exercia, com caráter exclusivo, a prerrogativa de criar emendas constitucionais, sem a 
anuência do Poder Judiciário e legislativo. 
Faz-se mister considerar que esta Carta Constitucional tornou-se, na maioria de suas 
matérias, inerte, devido à imposição do Ato Institucional n. 5 (1968) e pela Emenda n. 1 (1969). 
O poder era exercido por uma Junta Militar, denominada Comando Supremo da 
Revolução. Com a criação desta Junta, sucedeu-se diversos governos militares. Os líderes do 
movimento militar entregaram a Presidência da República ao Marechal Humberto de Alencar 
Castelo Branco. Apesar de possuir tendências progressistas, objetivando realizar um governo 
transitório a fim de abrir espaço a um novo governo civil legítimo, dentre os quais se engajaram 
nesse propósito, Carlos Lacerda e José de Magalhães, os quais propunham a realização de 
eleições presidenciais, os militares mais conservadores, correte militar conhecida como linha 
dura, impediram tal ensejo e Castelo Branco acabou sucumbindo às pressões que lhe foram 
feitas. 
Em seu governo, Humberto Castelo Branco extinguiu os partidos políticos, anulou as 
eleições presidenciais de 1965, permanecendo até 1967, ano em que foi aprovada a Constituição 
autoritária. Assim, paulatinamente, os militares conseguem dirimir a “ameaça comunista”. Com 
o Congresso Nacional reduzido pelas cassações que ocorreram, o novo Documento 
Constitucional não teve muitas alterações e impedimentos para ser aprovado. 
As principais medidas do texto constitucional são as seguintes: 
1. Estribou todo o arcabouço de poder na Segurança Nacional; 
2. Aumentou os poderes da União e do Poder Executivo em conflito com os 
interesses dos demais Poderes; 
3. Ocorreu reformulação do sistema tributário nacional; 
4. É conferido ao Poder Executivo o condão de legislar em matéria de orçamento e 
segurança; 
5. Ação de suspensão de direitos políticos e individuais (art. 151. Aquele que abusar 
dos direitos individuais previstos nos §§ 8º, 23, 27 e 28); 
6. Eleição indireta para Presidente da República; 
7. Instituiu-se a pena de morte para crimes de segurança nacional; 
8. Abre margem para posterior imposição de leis de censura e banimento; 
9. Aniquilou a autonomia dos Municípios; 
10. Autorização para expropriação. 
7. EMENDA CONSTITUCIONAL N.1 DE 1969 (EDITADA EM 17/10/1969) 
7.1 Contexto histórico 
A Constituição brasileira de 1967 sofreu grandes alterações em sua redação em 
razão da Emenda Constitucional n. 1, decretada pela Junta Militar que assumiu o 
exercício da Presidência da República, no período em que o Presidente Costa e Silva 
fora acometido por um acidente vascular cerebral, vulgo derrame cerebral. O vice-
presidente Pedro Aleixo, substituto legal para o cargo, foi impedido de assumir a 
Presidência por manifestar intenções de reformular os Atos Institucionais e reabrir o 
Congresso Nacional. 
7.2 Características 
Esta Emenda é considerada por parte da doutrina como uma nova Constituição, 
como pondera com propriedade José Afonso da Silva: 
Teórica e tecnicamente, não se tratou de emenda, mas de nova 
constituição. A emenda só serviu como mecanismo de outorga, 
uma vez que verdadeiramente se promulgou texto 
integralmente reformado, a começar pela denominação que se 
lhe deu: Constituição da República Federativa do Brasil, 
enquanto a de 1967 se chamava apenas Constituição do Brasil. 
(...) Se convocava a Constituinte para elaborar Constituição 
nova que substituiria a que estava em vigor, por certo não tem 
a natureza de emenda constitucional, pois tem precisamente 
sentido de manter a Constituição emendada. Se visava destruir 
esta, não pode ser tida como emenda, mas como ato político. 
[11]A Emenda Constitucional n. 1, introduziu as seguintes alterações: 
1. Aumento do mandato presidencial para cinco anos (qüinqüênio); 
2. Determina eleições indiretas para a função de governador de Estado; 
3. Extirpação das imunidades parlamentares. 
Além dessas alterações, o governo estabeleceu a Lei de Segurança Nacional, que 
tornava adstrita as liberdades civis, e a Lei de Imprensa que institua o órgão da Censura 
Federal. 
8. ATOS INSTITUCIONAIS 
Digno de nota, os Atos Institucionais (AIs) foram tão importantes quanto a 
própria Constituição de 1967 para a História constitucional brasileira. [12] Ao todo, 
foram dezessete Atos Institucionais, mas destacaremos os seguintes: 
Ato Institucional – 1 
Poder de alterar a Constituição; cassar mandatos e suspender políticos; 
estabelecia eleições indiretas para presidência da República. 
Ato Institucional – 2 
Determinou eleição indireta para presidência da República; extinguiu todos os partidos 
políticos; ampliou o número de ministros do STF; intervenção nos Estados. 
Ato Institucional – 3 
Determinava eleições indiretas para governador e vice-governador e nomeação de 
prefeitos pelos governadores. 
Ato Institucional – 4 
Invitou o Congresso Nacional para a votação e promulgação do Projeto de Constituição. 
Ato Institucional – 5 
Fechamento do Congresso Nacional; cassação dos mandatos eletivos; suspensão dos 
direitos políticos e liberdades individuais; proibição de manifestações públicas; ao 
Poder Executivo foi dada a prerrogativa de legiferar sobre todos os temas. 
9. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 
9.1. Contexto histórico 
Em 15 de março de 1974, o general Ernesto Geisel assume a presidência da 
República. Em seu discurso, Geisel comprometia-se em recuperar o desenvolvimento 
econômico e reimplantar a democracia. A frase “distensão lenta, segura e gradual”, 
caracterizou o seu governo. Esse processo de redemocratização, também conhecido 
como abertura, teve o fulcro e mobilização de várias instituições civis, entre elas a 
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). 
O sucessor na Presidência da República, eleito de forma indireta, foi o general 
João Baptista Figueiredo, assumindo o cargo em 1979. Com a multiplicação de apoio 
pela anistia de presos e exilados, o Presidente ratificou a Lei da Anistia, a qual fora 
votada no Congresso. Depois de diversas campanhas, sendo a mais conhecida a 
“Diretas-já”, mesmo sendo derrotada, contribuiu de forma significativa para que, em 
1985, de forma indireta, o poder fosse devolvido a um civil. Dessa forma, os valores 
democráticos foram restabelecidos aos cidadãos brasileiros e a Nova República pôs 
termo às ditaduras militares. 
9.2. Características 
Em novembro de 1986, uma Assembléia Nacional Constituinte foi eleita a fim de 
elaborar uma nova Constituição. Em 5 de outubro de 1988, com transmissão ao vivo 
pela imprensa televisionada brasileira, a nova Lei Maior foi promulgada. Contendo 245 
artigos na parte permanente e 73 no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, 
as principais características dessa Constituição estão a seguir arroladas: 
1. Assegura princípios fundamentais ínsitos à necessidade humana, servindo de fulcro o 
princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º a 4º); 
2. Instituiu-se o Superior Tribunal de Justiça, substituindo o Tribunal Federal de Recursos; 
3. Estabeleceu o mandado de segurança coletivo (CF, art. 5º, LXX), mandado de injunção 
(CF, art. 5º, LXXI) e habeas data (CF, art. 5º, LXXII). 
4. Reforma eleitoral, estabelecendo a faculdade de exercício do direito do voto aos 
analfabetos e brasileiros maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
5. A propriedade atenderá a sua função social (CF, art. 5º, XXIII); 
6. Repúdio ao racismo, passando a ser crime inafiançável (CF, art. 4º, VIII); 
7. Assegura aos índios a posse permanente de suas terras; 
8. Assenta novos direitos trabalhistas (CF, art. 7º). 
Por todos os avanços que podemos verificar na Constituição de 1988, o deputado 
Ulisses Guimarães, o qual presidiu a Assembléia Constituinte, a denominou de 
Constituição-cidadã. É interessante destacar também que, com base no art. 64 do Ato 
das Disposições Constitucionais Transitórias, exemplares da Constituição do Brasil 
foram distribuídos por todo o país. Por fim, em 1993, ocorreu um plebiscito sobre a 
forma e sistema de governo. Nessa ocasião, o povo brasileiro (a grande maioria sem 
discernimento sobre o assunto), decidiu pela manutenção da república presidencialista. 
Paulo Bonavides faz uma importante exposição: 
O destino da nova Constituição do Brasil vai depender em larga parte da 
adequação do novo instrumento às enormes exigências de uma sociedade em 
busca de governos estáveis e legítimos, dos quais possa a Nação esperar a 
solução de seus problemas cruciais de natureza política e estrutural. [13] 
10. CARACTERES DIFERENCIADORES E CORRELATOS 
Observa-se que a Constituição brasileira de 1988 apresenta certa identidade 
principiológica com a Constituição de 34 e a Constituição de 46. A Carta de 1934 teve 
méritos de cunho progressista, ao institucionalizar uma revisão na estrutura político-
social brasileira, como por exemplo, as políticas de inclusão social que se sucederam na 
época. É importante reiterar que a Lei Maior de 34 contribuiu significativamente para a 
consolidação da democracia no Brasil. O próprio preâmbulo desta Carta ratifica tais 
conclusões, quando aduz: “organizar um regime democrático, que assegure à Nação a 
unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico”. [14] Do mesmo 
modo, a Constituição de 46 também apresenta aspectos correlatos ao apresentar caráter 
democrático e ao pressupor avanços no que tange aos direitos fundamentais do cidadão 
brasileiro. 
Pode-se notar que se empregaram meios a fim de relacionar os direitos sociais, 
os quais asseguram certa igualdade e dignidade, ínsitos na Constituição de 1988, com os 
princípios de igualdade política concernentes ao tradicional liberalismo estrito, presente 
na Constituição de 1891, o qual preconiza a intervenção do Estado na economia 
capitalista por intermédio de políticas de índole keynesiana e populista, oferecendo 
oportunidades iguais para todos. Faz-se necessário esclarecer que em relação ao 
Neoliberalismo, doutrina de grande aceitação nas últimas décadas do século XX, a 
Constituição brasileira de 1988 apresenta acentuadas divergências. Segundo o 
Dicionário eletrônico Aurélio século XXI: “O neoliberalismo se contrapõe à tendência 
anterior de aumento da intervenção governamental, em economias capitalistas, como 
resultado da adoção de políticas sociais de natureza assistencial e de políticas 
econômicas keynesianas”. [15] 
Parece claro, portanto, que a Carta Magna de 1988 está correlacionada com os 
princípios keynesianos, ao idealizar “o Estado como provedor de condições mínimas de 
renda, educação, saúde, etc., consideradas como direitos dos cidadãos”. [16] Esta 
doutrina do Welfare State constitui-se como preceito da Constituição de 1891 e que 
atinge a atual Carta brasileira. De forma sintética, podemos dizer que o liberalismo (que 
não se confunde com o neoliberalismo) está presente, em alguns pontos, na Constituição 
atual, diferentemente do neoliberalismo que prega a redução do papel do estado no 
âmbito sócio-econômico, o qual diverge do atual modelo constitucional brasileiro. 
Faz-se oportuno salientar o interessante posicionamento de Jorge Miguel ao 
explanar sobre a inserção da palavra Deus no preâmbulo da Constituição, sendo que a 
única a excluí-la foi a de 1891, sob influência do cientificismo: 
A Carta de 1824 invocou o Deus cristão e católico: Santíssima Trindade. Os 
constituintes de 1934 puseram sua confiança em Deus. Os de 1946 alegam 
sob a proteção de Deus. A Carta de 1967 invoca a proteção de Deus. Em 
1988, os constituintes voltam ao texto de 46 e de lá se inspiram ao promulgara Carta sob a proteção de Deus.[17] 
O preâmbulo da atual Carta Magna além de ser o mais extenso de todas as 
Constituições, elucida que o Poder Constituinte pertence ao Povo, conforme 
esquematiza Jorge Miguel[18]: 
POVO 
PODER CONSTITUINTE 
CONSTITUIÇÃO 
PODERES LEGISLATIVO, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO 
 
Dessa forma, pode-se depreender que a titularidade do poder constituinte 
pertence ao povo, sendo o exercício deste poder atribuído aos representantes legais que, 
em nome do povo, mediante uma Assembléia Nacional Constituinte, elaboram uma 
nova Constituição. Os poderes legislativos, executivos e judiciários estão 
condicionados, isto é, devem obedecer aos dispositivos estatuídos na Constituição, os 
quais foram editados pelo poder constituinte originário, mediante a prerrogativa dada 
pelo povo para tal exercício. 
A Constituição Federal de 1988 estatuiu como crimes inafiançáveis a prática da 
tortura (CF/art. 5º, XLII) e ações de grupos armados contra a ordem institucional e o 
Estado democrático (CF/art. 5º, XLIII), rompendo, destarte, com o modelo autoritário 
da Constituição de 1967, ao inviabilizar quaisquer possibilidades de eventuais golpes. 
Ela estabeleceu eleições diretas para os cargos de presidente da República, 
governadores dos estados e Distrito Federal e prefeitos. A atual Carta Magna também 
aumentou os poderes do Congresso Nacional. 
Outro elemento inovador que merece destaque na Constituição de 1988 é a 
inserção, de forma inédita, de um título sobre política urbana, presentes nos artigos 182 
e 183. Torna o município em um ente federativo, definição esta inexistente nas 
Constituições pretéritas. São-lhe conferidas prerrogativas inéditas e autonomia. Sobre 
esse tema, Paulo Bonavides assevera que: 
As prescrições do novo estatuto fundamental de 1988 a respeito da 
autonomia municipal configuram indubitavelmente o mais considerável 
avanço de proteção e abrangência já recebido por esse instituto em todas as 
épocas constitucionais de nossa história. [19] 
Com a promulgação do novo texto magno, introduziu-se um federalismo de cunho 
regional, tendo os entes regionais, significativa presença. Não houve nas constituintes 
pretéritas o ensejo de reformulação federativa, trazendo a lume o reconhecimento das 
Regiões. Até a Constituição de 1988, os entes regionais foram desconsiderados, com 
raras exceções como na Lei Fundamental de 1946. A atual Lei Maior constitucionalizou 
a Região no art. 43, apesar de restringir tal processo ao plano administrativo, espera-se, 
doravante, um aprofundamento na reforma institucional de modo a contemplar as 
Regiões, dando-lhes a devida constitucionalização política. O professor Paulo 
Bonavides pondera que: 
Esse quadro propiciará uma ampliação considerável do papel das Regiões na 
moldura econômica do País, por impulso administrativo, com eventuais 
repercussões políticas, tendentes, sem dúvida, a alargar-se em consonância 
com a grande realidade que elas já significam na vida da nação. O caminho 
portanto se descortina para o emergir de uma nova e futura instância 
federativa – a das Regiões. Será ela um sopro renovador na comunhão dos 
seres autônomos que compõem a organização político-administrativa 
propriamente dita do Estado brasileiro. [20] 
Pela primeira vez, a Constituição atribui à propriedade urbana a função social 
(CF/art. 182, § 2º) e prevê instrumento de política de desenvolvimento urbano (CF/art. 
182, § 1º). Entende-se que como mecanismo de interrupção da especulação mobiliária, a 
intervenção no direito de propriedade, quando não aproveitado de maneira adequada, 
conforme está expresso no art. 182, § 4º inc. III. A regulamentação desse instrumento 
adveio com o Estatuto da Cidade. 
No novo estatuto fundamental de 1988 já foram admitidas até então, 59 reformas em 
seu texto original, destas são 6 emendas constitucionais de revisão e 53 emendas 
constitucionais. A única revisão possível pela Lei Fundamental do Brasil aconteceu em 05 de 
outubro de 1993. 
11. QUADRO COMPARATIVO 
Diante de todas as considerações expostas até então, faz-se oportuno apresentar um 
quadro comparativo da classificação das Constituições Brasileiras: 
Evolução do Direito Constitucional Brasileiro 
Classificação 
quanto à 
(ao): 
1824 1891 1934 1937 1946 1967 1988 
Conteúdo formal formal formal formal formal formal formal 
Forma escrita escrita escrita escrita escrita escrita escrita 
Modo de 
elaboração 
dogmática dogmática dogmática dogmática dogmática dogmática dogmática 
Origem outorgada promulgada promulgada outorgada promulgada promulgada promulgada 
Estabilidade 
semi-
rígida 
rígida rígida rígida rígida rígida rígida 
Extensão e 
finalidade 
analítica analítica analítica analítica analítica analítica analítica 
Ao analisar o quadro, vê-se que quanto à classificação, as sete Constituições 
brasileiras apresentam conteúdo formal. No tocante à forma, todas foram escritas, tendo 
como modo de elaboração a classificação dogmática. No que diz respeito à origem, 
temos a Constituição de 1824 e 1937 classificadas como outorgadas. Aquela imposta 
pelo imperador D. Pedro I, esta pelo presidente Getúlio Vargas ao criar o Estado Novo. 
Conseqüentemente, foram promulgadas as Constituições de 1891, 1934, 1946, 1967 e 
1988. Em relação ao critério de estabilidade, somente a Constituição de 1824 é semi-
rígida, com fulcro no art. 178. Todas as demais Constituições são definidas como de 
natureza rígida. Por último, no que se refere à extensão e finalidade, classificamo-nas 
como analíticas. 
12. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À FORMA E SISTEMA DE GOVERNO 
No período de vigência das Constituições brasileiras, foram adotadas as seguintes 
formas e sistemas de governo: 
Classificação quanto à forma e sistema de governo 
Constituição Forma e sistema de governo 
1824 Monarquia hereditária constitucional e representativa 
1891 República presidencialista 
1934 República presidencialista 
1937 República presidencialista 
1946 República presidencialista* - 1961/1962 - Parlamentarismo 
1967 Ditadura militar 
1988 República presidencialista 
Partindo dos dados apresentados pela tabela, podemos verificar que no período em 
vigeu a Lei Maior de 1824, adotou-se como regime político a Monarquia Constitucional. Na 
vigência das constituições de 1891, 1934 e 1937 foi implantado o sistema político de República 
presidencialista. A Constituição de 1946 estabeleceu uma República presidencialista, entretanto, 
pelo Ato Adicional de 2 de setembro de 1961, foi instaurado o Parlamentarismo. Porém, com o 
plebiscito ocorrido em setembro de 1962, foi restabelecido o Presidencialismo. A Carta Magna 
de 1967, que em grande parte constituiu-se em letra morta, representou um dos momentos mais 
deploráveis da política brasileira: a ditadura militar. Com a redemocratização em 1988, 
instituiu-se novamente a República presidencialista como forma de governo. 
13. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
Constituição de 1824 
Inspirada na doutrina francesa pós-revolução, a Constituição atribuiu ao Poder 
Legislativo “velar pela guarda da Constituição” (art. 15, §§ 8º e 9º). 
Constituição de 1891 
Com inspiração no Direito norte-americano, apresenta um sistema difuso de controle de 
constitucionalidade. A Lei nº. 221, de 1894, reza que “os juízes e tribunais apreciarão a 
validade das leis e regulamentos e deixarão de aplicar aos casos ocorrentes as leis 
manifestamente inconstitucionais e os regulamentos manifestamente incompatíveis com 
as leis ou com a Constituição” (art. 13, § 10). 
Constituição de 1934 
Mantém controle difuso e o princípio da reserva de plenário. Porém, instituiu-se a 
possibilidade de nova apreciação, pelo Parlamento, de lei vista como inconstitucional, 
em proveito ao bem-estar do povo. 
Constituição de 1946 
Restabelecimento do controle de constitucionalidade, segundo o modelo da 
Constituição de 1934, com inclusão do recurso extraordinário. Manteve-se o princípioda reserva de plenário. Também se criou a representação interventiva. 
Constituição de 1967 
Manteve-se o controle difuso e a ação direta de inconstitucionalidade, não sofrendo 
grandes alterações. 
14. CONCLUSÕES 
1. A Constituição de 1824 foi a primeira Constituição brasileira. Outorgada pelo 
Imperador D. Pedro I, caracterizou-se pelo extremo liberalismo em relação aos direitos 
individuais e pelo absolutismo na organização de poderes. Os direitos e garantias 
individuais estabelecidos nesta Carta apresentam ligeira relação com os direitos 
fundamentais estatuídos na Lei Maior de 1988. 
2. A Constituição de 1891 foi a primeira constituição republicana do Brasil. 
Embora tenha sido promulgada, esta Carta atendeu aos interesses da oligarquia 
latifundiária, principalmente em função do “voto de cabresto”. Caracterizou-se pela 
supressão dos princípios democráticos e o poder manteve-se com os mesmos 
dominantes, apesar da instituição de uma nova forma governamental. Em relação à 
forma governamental – república, aproxima-se da Carta Magna de 1988, entretanto, 
afasta-se desta ao suprimir os princípios democráticos. 
3. A Constituição brasileira de 1934 foi bastante progressista para a época, 
contribuindo significativamente para consolidar a democracia no Brasil. Concatenou os 
princípios liberais, corporativistas e autoritários. Os príncipios socialistas também 
exerceram grande influência na elaboração das leis trabalhistas. Enfim, ela apresenta 
aspectos correlativos à Lei Fundamental de 1988, sobretudo no que respeita aos 
princípios socialistas, como, por exemplo, as leis trabalhistas. 
4. A Constituição de 1937 atendeu aos interesses de grupos políticos dominantes e 
daqueles que se firmaram como aliados, corroborando para a consolidação do domínio destas 
classes. Portanto, a principal característica dessa carta política era a concentração de poderes 
sob o domínio do presidente Getúlio Vargas. Tal Constituição foi a primeira, no Brasil, a 
apresentar caráter autoritário. Vargas realizou violenta repressão às manifestações populares. 
Em relação à Lei Maior de 1988, podemos destacar como ponto divergente, a eliminação dos 
direitos políticos e como ponto convergente, a função do Estado em fomentar políticas públicas 
de incentivo ao crescimento econômico. 
5. Com a necessidade de um novo ordenamento constitucional, a Constituição de 1946 
encetou um período de redemocratização. Concluímos que esta Constituição foi a que mais se 
assemelhou com a Constituição de 1988. A Carta de 46 foi um progresso para a democracia e 
para os direitos fundamentais do cidadão brasileiro, considerada por muitos como avançada para 
época. Interessante notar que sob a égide desta Lei Fundamental, existiram dois sistemas de 
governo: estabeleceu-se uma República presidencialista, entretanto, pelo Ato Adicional de 2 de 
setembro de 1961, foi instaurado o Parlamentarismo. Porém, com o plebiscito ocorrido em 
setembro de 1962, foi restabelecido o Presidencialismo. 
6. A Constituição de 1967 deu origem ao Regime Militar, também conhecido como os 
“Anos de Chumbo”. Esta Magna Carta foi promulgada apesar de os membros da oposição terem 
sido banidos. Dessarte, podemos dizer que foi uma promulgação “mutilada”. A principal 
característica é a centralização do poder. O Executivo exercia, com caráter exclusivo, a 
prerrogativa de criar emendas constitucionais, sem a anuência do Poder Judiciário e legislativo. 
A ditadura militar representou um dos momentos mais deploráveis da política brasileira. 
7. A Emenda Constitucional n. 1 de 1969 alterou profundamente a Constituição de 
1967, sendo considerada por parte da doutrina como uma nova Constituição, inclusive com 
alteração da denominação, já que a Lei Maior de 1967 chamava-se Constituição do Brasil e a 
Emenda alterou para Constituição da República Federativa do Brasil. 
8. Os Atos Institucionais (AIs) foram tão importantes quanto a própria 
Constituição de 1967 para a História constitucional brasileira, levando-se em 
consideração estritamente o sentido histórico. O mais veemente foi o Ato Institucional 
n. 5 ao fixar: fechamento do Congresso Nacional; cassação dos mandatos eletivos; 
suspensão dos direitos políticos e liberdades individuais; proibição de manifestações 
públicas; ao Poder Executivo foi dada a prerrogativa de legiferar sobre todos os temas. 
9. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 difere de todas as 
demais Constituições existentes no Brasil, em razão de sua índole humanitária, isto é, 
atinente ao coletivo, ao global. Por isso mesmo, é classificada quanto aos direitos 
fundamentais, na terceira geração, por atentar ao princípio de solidariedade e aos 
direitos humanos. Como Estado democrático de direito tem como fundamentos: a 
soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e 
da livre iniciativa e o pluralismo político. 
10. A despeito do que foi exposto e, tendo em vista os princípios democráticos 
assegurados em nossa Constituição, faz-se necessária a participação de todas as pessoas, 
de forma integral, exercendo o pleno gozo dos direitos políticos, atuando de forma ativa 
na vida política brasileira, a fim de construir uma sociedade livre, justa, solidária, com 
igualdade de possibilidades, de modo a promover não uma idéia utópica de democracia, 
com uma constituição de folha de papel sem vida e utilidade, mas numa ordem social 
eqüitativa com a prevalência da dignidade da pessoa humana.

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