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OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA

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OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA
art. 243, CC
a coisa incerta será indicada, ao menos pelo gênero e pela quantidade” - ou seja, a incerteza é tomada pela qualidade do objeto. Caso a indeterminação seja absoluta, a avença com tal objeto não gerará obrigação.
Escolha e concentração -  a determinação de qualidade se faz pela escolha. O ato unilateral de escolha denomina-se concentração.
Quem compete a escolha - art. 244 CC - a escolha da qualidade pertence sempre ao devedor, mas ele não poderá dar coisa pior ou ser obrigado a prestar a melhor. Guarda-se o meio termo. Pior = abaixo da média. Só compete ao credor se assim dispuser o contrato. As partes também podem convencionar que a escolha compete a um terceiro, estranho a relação obrigacional. Escolha do devedor = citado para entregá-lo individualizado. Escolha do credor = indicado da petição inicial. Qualquer umas das partes poderá, em 48h, impugnar a escolha feita pela outra. Neste caso, o juiz decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação.
Efeitos das obrigações - antes da escolha, poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito, porque o gênero nunca perece, o que pode perecer é a coisa determinada. Portanto, mesmo que o devedor perca todas as sacas de café, não se eximirá da obrigação, podendo obtê-las no mercado, etc. Muito menos se exonera do devedor que perdeu as cédulas que separou para solver uma dívida. 
6.2.1.2-OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA: • Coisa incerta (Art. 243, C.C.) • Momento da concentração do débito (art. 244 e 245, C.C.): • Máxima “GENUS NUNQUAM PERIT” (art. 246, C.C.):
 DAS OBRIGAÇÕES PECUNIÁRIAS
        Obrigação pecuniária é obrigação de entregar dinheiro, ou seja, de solver dívida em dinheiro. Como ocorre no contrato de mutuo, em que o tomador do empréstimo obriga-se a devolver, dentro de determinado prazo, a importância levantada.
        Preceitua o art. 315 do Código Civil que:
 “as dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes”,... 
...que preveem a possibilidade de corrigi-lo monetariamente.
        O Código Civil adotou, assim, o princípio do nominalismo, pelo qual se considera como valor da moeda o valor nominal que lhe atribui o Estado, no ato da emissão ou cunhagem. Assim, o devedor de uma quantia em dinheiro libera-se entregando a quantidade de moeda mencionada no contrato ou título da dívida, e em curso no lugar do pagamento, ainda que desvalorizada pela inflação.
        Uma das formas de combater os efeitos maléficos decorrentes da desvalorização monetária é a adoção da cláusula de escala móvel, pela qual o valor da prestação deve variar segundo os índices de custo de vida, que podiam ser aplicados sem limite temporal. A Lei n. 10.192, (de 14-2-2001), pretendendo desindexar a economia, declarou “nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou correção monetária de periodicidade inferior a um ano” (art. 2º, § 1º).
        A escala móvel ou critério de atualização monetária, que decorre de prévia estipulação contratual, ou da lei, não se confunde com a teoria da imprevisão, que poderá ser aplicada pelo juiz quando fatos extraordinários e imprevisíveis tornarem excessivamente oneroso para um dos contratantes o cumprimento do contrato, e recomendarem sua revisão.
        Além das dívidas pecuniárias, existem as dívidas de valor,  quando, no entanto, o dinheiro não constitui objeto da prestação, mas apenas representa seu valor, diz-se que a dívida é de valor.
        A obrigação de solver dívida em dinheiro abrange além das dívidas pecuniárias (que têm por objeto uma prestação em dinheiro) e das dívidas de valor, as dívidas remuneratórias, representadas pelas prestações de juros.
        Os juros constituem, com efeito, remuneração pelo uso de capital alheio, que se expressa pelo pagamento, ao dono do capital, de quantia proporcional ao seu valor e ao tempo de sua utilização. 
Segundo Araken de Assis:
o objeto das obrigações pecuniárias consiste na prestação a moeda, um algarismo cuja função instrumental é a medida de valores: assume certo padrão que permite comparar, no tempo e no espaço, o valor dos bens da vida
Dívidas em moeda são consideradas as dívidas pecuniárias, em dinheiro, que se diferenciam das dívidas de valor, onde o dinheiro serve apenas para medir ou valorar o objeto na prestação. Como exemplos típicos podemos citar a pensão alimentícia, na qual "o devedor deve ao credor não determinada soma de dinheiro, mas a que for necessária à subsistência do credor dessa pensão", e a indenização devida nas desapropriações, em que será "paga ao expropriado não uma soma em dinheiro, simplesmente mas uma importância que corresponda ao valor da coisa desapropriada"
Na redação original do art. 431 do Código de 1916, era possível às partes estipular qualquer pagamento em dinheiro mediante certa e determinada espécie de moeda, nacional ou estrangeira. Era licita, portanto, a convenção da chamada cláusula ouro, ou o pagamento em moeda estrangeira. Posteriormente em 1933 proibiu-se qualquer estipulação em ouro, ou qualquer outra moeda que não a nacional, cominando a pena de nulidade. Posteriormente, abriram-se exceções para as obrigações contraídas no exterior, bem como outros casos assemelhados, em que entram fatores relacionados com países estrangeiros.
Dentre os graves problemas do cumprimento das obrigações está o do reajuste das dívidas pecuniárias que estão sujeitas à variação conforme alguns fatores externos como a inflação, flutuação cambial e outros fatores que, até o vencimento, desvalorizavam a moeda, constituindo riscos ao credor.
Alguns autores arquitetaram a distinção entre as chamadas dívidas de valor e dívidas de dinheiro para atenuar o grave problema inflacionário. Nas dívidas de valor o débito não é de certo número de unidades monetárias, mas do pagamento de uma soma correspondente a certo valor. Nesse caso, a moeda não representaria exatamente o conteúdo da divida, mas uma simples medida de valor. O que se levaria em conta, quando do adimplemento, seria o montante exato e necessário para satisfazer ao credor, independentemente de uma cifra determinada e criada desde o início. Incluíam-se entre as dividas de valor aquelas derivadas de obrigações alimentícias e as decorrentes de indenização por responsabilidade extracontratual.
1.3 – obrigação de dar coisa incerta: nesta espécie de obrigação a coisa não é única, singular, exclusiva e preciosa como na obrigação de dar coisa certa, mas sim é uma coisa genérica determinável pelo gênero e pela quantidade (243). Ao invés de uma coisa determinada/certa, temos aqui uma coisa determinável/incerta (ex: cem sacos de café; dez cabeças de gado, um carro popular, etc).  Tal coisa incerta, indicada apenas pelo gênero e pela quantidade no início da relação obrigacional, vem a se tornar determinada por escolha no momento do pagamento. Ressalto que coisa “incerta” não é “qualquer coisa”, mas coisa sujeita a determinação futura. Então se João deve cem laranjas a José, estas frutas precisam ser escolhidas no momento do pagamento para serem entregues ao credor.
Esta escolha chama-se juridicamente de concentração. Conceito: processo de escolha da coisa devida, de média qualidade, feita via de regra pelo devedor (244). A concentração implica também em separação, pesagem, medição, contagem e expedição da coisa, conforme o caso. As partes podem combinar que a escolha será feita pelo credor,  ou por um terceiro, tratando-se este artigo 244 de uma norma supletiva, que apenas completa a vontade das partes em caso de omissão no contrato entre elas.
Após a concentração a coisa incerta se torna certa (245). Antes da concentração a coisa devida não se perde pois genus nunquam perit (o gênero nunca perece). Se João deve cem laranjas a José não pode deixar de cumprir a obrigação alegando que as laranjas se estragaram, pois cem laranjas são cem laranjas, e se a plantação de João se perdeuele pode comprar as frutas em outra fazenda (246).
Todavia, após a concentração, caso as laranjas se percam (ex: incêndio no armazém) a obrigação se extingue, voltando as partes ao estado anterior, devolvendo-se eventual preço pago, sem se exigir perdas e danos (234, 389, 402).  Pela importância da concentração, o credor deve ser cientificado quando o devedor for realizá-la, até para que o credor fiscalize a qualidade média da coisa a ser escolhida.

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