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110 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Unidade III 7 O MODELO DE SOLOW Os conceitos apresentados e discutidos anteriormente deixaram clara a ideia de que o produto por trabalhador – ou renda per capita – de uma economia é maior que o de outra devido ao fato de a primeira dispor de um maior estoque de capital por trabalhador. Ou seja, um país é mais rico (sua renda é maior) porque ele dispõe de um volume maior de máquinas, equipamentos, ferramentas e instalações, relativamente ao número de trabalhadores. Por exemplo, o produto per capita dos Estados Unidos era 3,5 vezes maior que o do Brasil em 2014 – US$ 52 mil contra US$ 15 mil – porque o estoque de capital por trabalhador, no primeiro país, era de aproximadamente US$ 113 mil e, no segundo, de US$ 9 mil. Quando se introduziu a questão do crescimento do ponto de vista contábil – a contabilidade do crescimento –, argumentou-se que a taxa de crescimento de um país depende, entre outros aspectos, da taxa de crescimento do capital, gK. Lembrete A contabilidade do crescimento é a metodologia de análise da evolução da renda a partir de mudanças que ocorrem na dotação relativa a capital- trabalho e no conhecimento (ou progresso tecnológico). Essa é a taxa segundo a qual o capital de uma economia se acumula de forma a compor um estoque em determinado momento do tempo. De modo geral, as estatísticas sobre indicadores e conceitos do desenvolvimento econômico já analisadas mostraram que os países que mais cresceram foram aqueles que apresentaram processos de acumulação de capital mais vigorosos. Apesar de apresentar uma boa resposta às questões fundamentais já formuladas sobre indicadores e conceitos do desenvolvimento econômico, essas explicações nos remetem a outras perguntas: afinal, por que é maior o estoque de capital por trabalhador dos Estados Unidos do que o do Brasil? Por que Japão e Coreia do Sul acumularam mais capital que as economias latino-americanas entre 1960 e 2014? Essas questões serão respondidas de um ponto de vista teórico. Primeiramente, apresentaremos a equação dinâmica de acumulação de capital do conhecido modelo de Solow e suas implicações na determinação do capital por trabalhador e do produto per capita. Depois, discutiremos as questões relativas ao crescimento econômico: as trajetórias de longo prazo e a convergência condicionada. Dessa análise surge a conclusão de que a taxa de poupança das economias é o principal determinante econômico da renda e também é importante para a análise das taxas de crescimento. 111 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO 7.1 Acumulação de capital e estado estacionário A contribuição de Robert Solow (1956, 1957) para o estudo do crescimento econômico foi identificar os fatores que determinam a acumulação de capital, ou ainda, o crescimento do estoque de capital por trabalhador ao longo do tempo. Entendidos esses fatores, o próximo passo será entender, a partir da teoria dinâmica do capital de Solow, as diferenças de renda por trabalhador. Como essa última variável é uma função da dotação relativa de fatores (capital e trabalho), para determinar o produto por trabalhador de uma economia, basta substituir o valor do estoque de capital por trabalhador previsto por ela na função de produção agregada. Saiba mais O modelo de Solow teve um enorme impacto na análise econômica. Apesar de ser uma ferramenta simples de análise do processo de crescimento econômico, o modelo foi generalizado de várias formas. Foi ampliado pela introdução de outros tipos de fatores de produção e foi reformulado para incluir características estocásticas. Mas, acima de tudo, o modelo de crescimento de Solow constitui uma estrutura dentro da qual parte da teoria macroeconômica de longo prazo é organizada. Para saber mais sobre desdobramentos do modelo de Solow, consultar: JONES, C. I.; VOLLRATH, D. Introdução à teoria do crescimento econômico. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2015. As consequências da abordagem de Solow para o crescimento são também interessantes. Sua teoria prevê um crescimento estável do produto das economias no longo prazo, o qual depende fundamentalmente de dois processos: (i) de inovação tecnológica; e (ii) de crescimento da força de trabalho. Esses conceitos serão desenvolvidos mais à frente. O modelo básico proposto por Solow considera inicialmente uma função de produção neoclássica com dois fatores de produção agregada – capital (K) e trabalho (L): Y = f(K;L) As hipóteses iniciais do modelo são as seguintes: • A tecnologia é dada. • Os rendimentos marginais dos fatores de produção são decrescentes. • Há rendimentos constantes de escala. 112 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Essas hipóteses já foram tratadas antes nos fundamentos teóricos do crescimento econômico, quando os economistas clássicos propuseram que, a partir dessas hipóteses, a economia atinge o mais alto grau de eficiência na divisão do trabalho. Dessa forma, é necessário replicar a economia de modo a continuar produzindo sempre as mesmas quantidades alcançadas no maior nível de eficiência. Observação De acordo com a teoria neoclássica, o nível de máxima eficiência da economia ocorre quando há plena utilização dos fatores de produção (capital e trabalho). Isso significa dizer que a economia trabalha em regime de pleno emprego e que todo capital poupado será investido. Portanto, em um determinado instante do tempo, as ofertas de capital e de trabalho na economia são inelásticas. Considerando as hipóteses anteriores, podemos reescrever a função de produção agregada do modelo de Solow em termos de unidades de trabalho, ou seja, per capita: y = f(k) em que: • f(k)=f(K⁄L;L⁄L)=f(K⁄L,1); • y=Y⁄L: produto por trabalhador; • k=K⁄L: estoque de capital por trabalhador. A partir das hipóteses apresentadas, podemos representar f(k) graficamente conforme a figura 26. y k y f k com f k f k f k k = > < = →∞ ( ) : ’( ) ’’( ) lim ’’( ) 0 0 0 Figura 26 – Função de produção agregada por unidades de trabalho 113 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO Lembrete O produto por trabalhador y cresce, f’(k) > 0, porém a taxa de crescimento do produto é decrescente, ou seja, a produtividade marginal de k é decrescente, f’’ (k) < 0. Com base nessas hipóteses, a função de produção agregada do modelo de Solow deve descrever a trajetória de crescimento de longo prazo da economia. Consideremos agora a seguinte relação macroeconômica, atentando para uma economia fechada sem governo: y = c+i em que: • y = produto por trabalhador (Y/L); • c = consumo por trabalhador (C/L); • i = investimento por trabalhador (I/L). Essa relação decorre da hipótese macroeconômica de que o produto agregado é igual à demanda agregada. Observação Em contas nacionais, pela ótica do dispêndio, toda a renda proveniente dos fatores de produção (capital e trabalho) deve ser utilizada pelos agentes econômicos (consumidores, capitalistas, governo e setor externo) na aquisição de bens e serviços. Daí que a renda agregada (Y) seja igual à demanda agregada. A última equação mostra que o produto por trabalhador é igual à renda agregada per capita. Esta, por sua vez, é utilizada na forma de consumo pelas famílias e na forma de investimento pelas firmas. Para ser comparável coma renda per capita, a distribuição das despesas deve ser medida em termos de unidades de trabalho. Dessa forma, o produto por trabalhador (y) é igual à soma das despesas por trabalhador das famílias (c) e das firmas (i). Alternativamente, a equação da demanda agregada por unidades de trabalho pode ser reescrita em termos do consumo por trabalhador: c = y - i 114 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Adicionamos agora a hipótese comportamental de que o consumo por trabalhador é uma função da renda per capita, ou seja: c c(y)= em que c é a propensão marginal a consumir. Considere, ainda, que uma fração da renda per capita não é consumida, ou seja, é poupada. Então, temos que: c s 1+ = c 1 s= − em que s é a taxa de poupança da economia. Esse valor é uma fração s da renda agregada e representa a propensão marginal a poupar das famílias. Nesse sentido, a fração s não excede 100% da renda agregada e nem é inferior a 0% dessa renda (0 < s < 1). Dessa forma, podemos reescrever a função consumo por trabalhador como: c = (1 - s)y Combinando a equação anterior com a relação que determina o consumo do trabalhador a partir da demanda agregada, obtém-se: y-i = (1 - s)y Resolvendo a última relação em função de i, temos que: y - i = y - sy i = sy Como y = f(k), então: i = sf(k) Portanto, o valor do investimento agregado da economia é igual ao montante da renda agregada poupada pelas famílias, isto é, a renda que não é consumida ao longo do período. A taxa de poupança s determina a divisão do produto agregado por trabalhador entre consumo e investimento. Em qualquer nível de k, o produto é f(k), o investimento é sf(k) e o consumo é f(k) - sf(k). Assim, quanto maior a taxa de poupança s – alternativamente, quanto maior for a relação K/L –, mais próximo o nível de investimento relativo estará do produto por trabalhador e menor será o nível de consumo por trabalhador. Essa relação pode ser observada graficamente na figura 27: 115 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO y k c i i = sf(k) y y = f(k) Figura 27 – Taxa de poupança e produção agregada por unidades de trabalho O modelo de Solow propõe, desse modo, que há uma relação entre propensão a poupar, dotação relativa de capital-trabalho e investimento por trabalhador com o produto per capita. A variação do estoque de capital de uma economia de um ano para outro é o resultado do comportamento de duas variáveis: (i) o investimento realizado no período, ou seja, a aquisição de novas máquinas, equipamentos, ferramentas e instalações; e (ii) a depreciação, que é a diminuição do estoque prévio de capital devido ao seu desgaste natural no tempo. Observação A depreciação pode ser compreendida por meio de um exemplo simples. Quando uma família adquire uma residência nova, ela está comprando um bem de capital. Essa aquisição representa um investimento da família e o valor do imóvel adquirido é seu estoque de capital. Com o tempo, entretanto, a pintura da casa irá descascar, os canos apresentarão problemas de vazamento e a fiação elétrica será desgastada pelo uso. Esse desgaste – ou depreciação – deve ser reposto para manter o valor do imóvel. O investimento acrescenta novo capital ao antigo, enquanto a depreciação retira uma parcela desse estoque de capital, a qual deixa de ser produtiva. Assim, vamos supor que o estoque de capital se deprecie a uma taxa constante δ, ou seja: depreciação do capital = δk A relação entre a taxa de depreciação δ e o estoque de capital por trabalhador k pode ser representada linearmente, conforme demonstrado na figura 28. 116 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III δk δk k Figura 28 – Depreciação do capital por trabalhador A variação do estoque de capital por trabalhador é igual ao investimento por trabalhador (que representa um acréscimo no estoque de capital) subtraído da depreciação do capital (que representa uma redução no estoque de capital): k i k= − δ� A equação anterior também é chamada de equação dinâmica de acumulação de capital por unidades de trabalho, em que k� denota a variação do estoque de capital ao longo do tempo; i representa o investimento por trabalhador e foi definido anteriormente como i = sf(k); e δk representa o montante de capital depreciado. Logo, podemos reescrever a equação dinâmica de acumulação do capital por trabalhador da seguinte forma: ( )k sf k k= − δ� Essa nova expressão nos diz que a variação do capital por trabalhador é positiva se a renda agregada por trabalhador poupada for maior que a parcela do capital depreciado. Caso contrário, a acumulação de capital por trabalhador será negativa. 7.2 Crescimento equilibrado O crescimento equilibrado – ou estado estacionário de longo prazo – ocorre quando a variação do estoque de capital por trabalhador é nula. Fazendo k 0=� na equação dinâmica de acumulação do capital por trabalhador, chegamos a: 0 = sf(k) - δk sf(k) = δk 117 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO Ou seja, no estado estacionário, o nível de investimento sf(k) deve ser igual à parcela do capital depreciado δk. Para entendermos melhor esse equilíbrio, podemos combinar os gráficos da função de produção agregada (figura 27) e da depreciação do capital (figura 28), resultando no gráfico da figura 29. y, i, δk A k k’ k* y* k’’ δk i = sf(k) Figura 29 – Equilíbrio de estado estacionário O ponto A na figura 29 representa o equilíbrio de estado estacionário no longo prazo, em que o investimento por trabalhador é exatamente igual à parcela de capital depreciado. Nesse ponto, o estoque de capital por trabalhador é igual a k*, constituindo-se no equilíbrio de longo prazo ou de estado estacionário, no qual não existe crescimento nem do produto por trabalhador y nem do estoque de capital por trabalhador k. O ponto A trata-se de um equilíbrio estável, já que qualquer estoque de capital por trabalhador diferente de k* tende a levar a economia ao desequilíbrio de longo prazo. Consideremos inicialmente que a economia esteja com um estoque de capital por trabalhador igual a k’, como no gráfico da figura 29. Nessa situação, a depreciação excede os investimentos na economia. Ao longo do tempo, há redução de k até o nível igual a k*, com a consequente redução do produto por trabalhador até y*. Por outro lado, se a economia apresentar estoque de capital por trabalhador igual a k’’, os investimentos excederiam a depreciação. Ao longo do tempo, haverá crescimento de k até o nível igual a k*, tendo como resultado a elevação do produto por trabalhador até y* Observação Uma economia está no estado estacionário quando a renda per capita e o capital per capita permanecem constantes. 118 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Em resumo: • Se k<k*, então: ∆k>0 ⇒ ∆y>0 • Se k>k*, então: ∆k<0 ⇒ ∆y<0 • Em k* ⇒ i=δk* Exemplo de aplicação Considere, no modelo de Solow, a função de produção agregada Cobb-Douglas: Y = K1/2 L1/2 em que Y representa o produto agregado da economia; K é o estoque de capital; e L é a mão de obra. a) Encontre a função de produção agregada por trabalhador (ou per capita) do modelo de Solow que apresenta a trajetória de crescimento equilibrado de longo prazo.Resposta Sabe-se que o produto por trabalhador (ou renda per capita) e o capital por trabalhador são iguais, respectivamente, a: Y K y e k L L = = A função de produção agregada por trabalho é encontrada a partir da divisão de ambos os lados da função Cobb-Douglas apresentada por L, ou seja: 1/2 1/2 1/2 1/2 1/2 1/2 1/2 1/2 Y K L L L L y K L 1 y K L K ky y L = = = = = 119 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO Portanto, a função de produção do modelo de Solow que apresenta a trajetória de crescimento de longo prazo é: f(k) = k1/2 b) Calcule o nível de capital por trabalhador do estado estacionário, k*, considerando uma taxa de poupança igual a 35% e uma taxa de depreciação igual a 10%. Resposta Dados: f(k) = k1/2 s = 0,35 δ = 0,10 O valor de k*, ou seja, o estoque de capital por trabalhador em que k 0=� , será determinado a partir da equação dinâmica de acumulação do capital por trabalhador, da seguinte forma: ( ) ( ) ( ) 1/2 1/2 1/2 1/2 221/2 * k sf k k 0 0,35k 0,1k 0 k 0,35k 0,1 0 0,35k 0,1 0,1 k 0,35 0,1 k 0,35 k 12,25 − − − −−− = − δ = − = − = − = = = � Assim, no estado estacionário, a economia mantém sua trajetória de crescimento desde que o nível de capital por trabalhador seja igual a 12,25 unidades. Como o crescimento de longo prazo pode ser definido por elevações no produto por trabalhador (renda per capita), torna-se necessário analisar os fatores que permitem a um país passar de um estado estacionário para outro, de tal sorte que tanto k como y sejam maiores. Nesse caso, devemos efetuar uma análise de estática comparada. Começaremos a análise de estática comparativa com uma alteração na taxa de poupança. 120 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Imagine uma economia que tenha atingido o estado estacionário com um determinado nível de *0k e uma dada taxa de poupança 0s . Suponha agora que, nessa economia, ocorra uma elevação da taxa de poupança de 0s para 1s . Os efeitos dessa elevação em k e em y podem ser observados na figura 30. y,i k A E E’ A’ y1* i1* y0* i0* k0* k1* s0f(k) s1f(k) y = f(k) δk Figura 30 – Expansão da taxa de poupança em uma economia no estado estacionário Por hipótese, no curto prazo, tanto k quanto δ permanecem constantes. Com o aumento da taxa de poupança, de s0 para s1, os níveis de investimento por trabalhador dessa economia se elevarão (de * 0i para * 1i ) do ponto A para o ponto A’ no gráfico da figura 30. No longo prazo, o estoque de capital por trabalhador se elevará de *0k para * 1k , , pois os níveis de investimento superam a taxa de depreciação (i > δ). Assim, paulatinamente, um novo estado estacionário é atingido no ponto A’. Por fim, uma elevação na taxa de poupança também reflete em um aumento no produto por trabalhador (de *0y para *1y ), em virtude da migração de um estado estacionário para outro (do ponto E para o ponto E’). Portanto, aumentos na taxa de poupança equivalem a um nível mais elevado de capital por trabalhador e, consequentemente, estão associados a maior renda per capita. Ou seja, a economia ficou mais rica do que antes. Observação Um aumento na taxa de poupança equivale a um aumento na taxa de investimento da economia. Dado o aumento da taxa de poupança, o nível de investimento excede a depreciação da economia e a taxa de crescimento do estoque de capital torna-se positiva. 121 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO Concluindo, se a economia apresentar elevado nível de poupança, será proporcionado um grande estoque de capital por trabalhador (K/L), que culminará num alto nível de renda per capita (Y/L). No entanto, isso não significa que a economia conseguirá taxas de crescimento cada vez mais altas no longo prazo. A mudança de patamar na taxa de crescimento do produto ocorrerá apenas na passagem para um novo estado estacionário. 7.3 O nível ótimo de acumulação de capital Ao escolher um estado estacionário, o objetivo dos formuladores de política econômica é maximizar o bem-estar da população. Os habitantes de um país não se preocupam com a quantidade de capital de uma economia, nem mesmo com o volume do produto agregado. As pessoas se interessam tão somente pela quantidade de bens e serviços que podem consumir. Dessa forma, um gestor público interessado na qualidade de vida da população procura escolher um estado de equilíbrio de longo prazo que contenha o máximo de consumo possível. Esse equilíbrio é chamado de nível de acumulação de capital definido pela Regra de Ouro e é expresso por k**. Saiba mais Robert Solow demonstrou que podem existir várias trajetórias para o crescimento econômico, ou seja, vários estados estacionários sujeitos às condições que fundamentam cada trajetória. Dentro das situações determinadas pela trajetória escolhida, define-se um ótimo para cada uma das variáveis envolvidas, como o consumo das famílias. Na literatura econômica, esse ótimo é definido como Regra de Ouro (Golden Rule). Essa proposição é bem detalhada em: PHELPS, E. The Golden Rule of accumulation: a fable for growthmen. American Economic Review, n. 51, p. 638-643, Sept. 1961. Para sabermos quando uma economia alcança seu nível ótimo, partiremos, inicialmente, de uma função de produção agregada por unidade de trabalho em um determinado momento t: yt = f(k) Consideremos, também, que o gestor público esteja planejando aumentar o estoque de capital por trabalhador de k* para k* + 1. Nesse caso, espera-se que essa ação econômica produza um volume adicional de produto no período seguinte (t + 1) na ordem de: yt+1 -yt = f(k* + 1) - f(k*) O lado direito da equação anterior, f(k*+1) - f(k*), representa a variação esperada do estoque de capital por trabalhador que proporcionará, em algum grau, um acréscimo no produto por trabalhador. 122 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Essa é, portanto, uma medida aproximada da produtividade marginal do capital (PMgK). A depreciação resultante de uma unidade a mais de capital K é igual a δ. Assim, o efeito líquido do acréscimo de K é: PMgK - δ O consumo per capita do país no estado estacionário pode ser verificado no gráfico da figura 31. Observe que o produto da economia é destinado tanto para o consumo quanto para o investimento. No estado estacionário (ponto A), o investimento é igual à depreciação. Portanto, no estado estacionário, o consumo (c*) é a diferença entre f(k*) e a parcela de capital depreciado δk*: c* = f(k* ) - δk* y,δ k* A i* c* k** y = f(k) i = sf(k) δk Figura 31 – Consumo, taxa de poupança e a Regra de Ouro O estado estacionário que maximiza o consumo é aquele determinado pelo estoque de capital definido pela Regra de Ouro, representado por k**. Dessa forma: • Se k* < k**, no caso de o gestor público ampliar os investimentos, com efeito na elevação de k, ocorrerá um aumento em c, pois a produtividade marginal de K é maior que a taxa de depreciação (PMgK > δ). • Se k* > k**, quando o gestor público ampliar os investimentos, com efeito na elevação de k, provocará uma redução em c, pois a produtividade marginal de K é menor que a taxa de depreciação (PMgK < δ). • Se k* = k**, caso ogestor público amplie os investimentos, com efeito na elevação de k, não causará nenhum efeito em c, pois a produtividade marginal de K é igual à taxa de depreciação (PMgK = δ). 123 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO Dessa forma, em k**: PMgK = δ ⇒ PMgK - δ = 0 ou seja, a produtividade decorrente dos acréscimos de capital na produção equivale à própria taxa de depreciação. Observa-se na figura 31 que existe também uma taxa de poupança correspondente ao nível do estoque de capital que equivale à Regra de Ouro, k**. Uma mudança na taxa de poupança iria deslocar a curva sf(k), o que levaria a economia a um estado estacionário com um nível menor de consumo. Portanto, a escolha de determinada acumulação de capital correspondente ao estado estacionário é resultado da escolha de uma taxa de poupança específica, ou seja: • Se a propensão a poupar que conduz ao nível de acumulação de capital definido pela Regra de Ouro for maior que a propensão a poupar no futuro, o estoque de capital por trabalhador no estado estacionário crescerá muito. • Por outro lado, se a propensão a poupar que conduz ao nível de acumulação de capital definido pela Regra de Ouro for menor que a propensão a poupar no futuro, o estoque de capital por trabalhador no estado estacionário crescerá pouco. Observação Países com elevadas taxas de poupança têm elevados níveis de produto no estado estacionário; países com baixas taxas de poupança têm um baixo nível de produto no estado estacionário. Exemplo de aplicação Suponha, dentro do modelo de Solow, as seguintes informações: • Função de produção per capita: y = k1/2 • Taxa de depreciação de 10%: δ = 0,10 Considerando que o objetivo dos formuladores de política pública consiste em maximizar o bem- estar da população (maximização do consumo), que taxa de poupança deveria ser escolhida para que tal objetivo seja alcançado no estado estacionário? 124 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Resposta Primeiramente é necessário descobrir o volume de consumo por trabalhador no estado estacionário dado por: c = y - i No estado estacionário, sabemos que k 0=� . Logo, a equação dinâmica de acumulação do capital por trabalhador pode ser escrita da seguinte forma: ( ) ( ) ( ) 1/2 1/2 1/2 1/2 1/2 221/2 * 2 2 k sf k k 0 sk 0,1k 0 k sk 0,1 0 sk 0,1 sk 0,1 k s 0,1 k s 0,1 100 k 100s s − − − − −−− − = − δ = − = − = − = = = = = � Portanto, no estado estacionário, o nível de produto é definido a partir da função de produção agregada do modelo de Solow: ( ) *1/2 1/22 y k y 100s 10s = = = O nível de investimento por trabalhador no estado estacionário é dado por: ( ) * 2 2 i k i 0,1 100s 10s = δ = = Como c = y - i, substituindo os valores de y e i encontrados anteriormente: 2c 10s 10s= − 125 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO O objetivo do gestor público é maximizar o consumo per capita. Logo, a função-objetivo do administrador público é: 2 s max c 10s 10s= − Para resolver esse problema de otimização, devemos encontrar a taxa de poupança que maximiza o consumo. Logo: c 10 20s 0 s 20s 10 10 s 0,5 20 ∂ = − = ∂ = = = Portanto, a taxa de poupança necessária para determinar a acumulação de capital por trabalhador que maximize o consumo das famílias é igual a 50% da renda agregada. Dessa forma, o nível do estoque de capital que equivale à Regra de Ouro será: * 2 ** 2 k 100s k 100 0,5 25 = = ⋅ = Logo, esse é o nível ótimo de acumulação de capital por trabalhador ou Regra de Ouro. 7.4 Crescimento demográfico e tecnologia Consideremos, inicialmente, que a taxa de crescimento demográfico seja representada como: n L g L = � Por hipótese, a taxa de participação da força de trabalho será mantida constante e a taxa de crescimento populacional será dada pelo parâmetro gn. Dessa hipótese resulta que a taxa de crescimento da força de trabalho L / L� é igual à taxa de crescimento demográfico. Ou seja, se gn = 0,02, então, a população do país e sua força de trabalho crescem à taxa de 2%. Na sequência, modelaremos o progresso tecnológico, que, neste momento, iremos supor que existe e que cresce a uma taxa constante gA, ou seja: A A g A = � 126 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Para compreendermos melhor a dinâmica de acumulação de capital no modelo de Solow com crescimento demográfico e progresso técnico, é conveniente expressar a evolução do estoque de capital em termos de unidades de trabalho efetivo. Observação Unidades de trabalho efetivo são aquelas que passam a ser afetadas por alguma medida de aumento de produtividade, como acúmulo de capital humano, inventos ou inovações em processos gerenciais. Dessa forma, partiremos de uma função de produção com especificação Harrod-neutra: Y=f(K;AL) em que AL representa as unidades de trabalho efetivo. O capital por unidade de trabalho efetivo (denotado por k) é definido da seguinte forma: K k AL = Ao diferenciarmos k em relação ao tempo ( k / t k∂ ∂ = � ), temos que: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 2 2 K AL K AL AL k AL K AL K AL K AL k AL AL AL K K A K L k AL AL A AL L ⋅ − + = ⋅ ⋅ ⋅ = − − = − − � � � � � � � � � � � � Como k = K/AL, ng L / L= � e Ag A / A= � , podemos simplificar a expressão anterior da seguinte forma: ( ) A n A n K k kg kg AL K k g g k AL = − − = − + � � � � Essa é a equação que define a acumulação de capital por trabalho efetivo. Nessa equação, o estoque de capital por trabalhador efetivo varia ao longo do tempo conforme a variação do capital descontado das taxas de crescimento do trabalho efetivo e da tecnologia. 127 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO Sabemos, de acordo com o tópico “Crescimento Equilibrado”, que a equação dinâmica de acumulação do capital por trabalhador (K / L� ) é descrita da seguinte forma: ( )k sf k k= − δ� em que f(k)=y. Entretanto, o valor do produto por trabalhador y, na especificação da função de produção Harrod-neutra, deve ser descrito em unidades de trabalho efetivo, ou seja: Y y AL = Da mesma forma, o estoque de capital por trabalhador também deve ser denotado em unidades de trabalho efetivo, isto é: K k AL = Agora, a equação dinâmica que define ( )K /L, k sf k k= − δ� � , substituída na expressão que define a acumulação de capital por trabalho efetivo, ( )A n K k g g k AL = − + � � , resulta em: ( ) ( ) ( ) ( ) A n A n A n k sf k k g g k k sy k g g k k sy g g k = − δ − + = − δ − + = − + + δ � � � A equação anterior descreve a dinâmica de acumulação de capital por unidade de trabalho efetivo. Nela, há dois componentes que se subtraem: sy é a poupança por unidade de trabalho efetivo da economia e (gA+gn+δ)k é o chamado investimento de break-even. Observação O investimento de break-even é o montante de investimento necessário para manter a relação capital-trabalho (k) constante. Da última equação decorrem três possibilidades quanto à variaçãodo estoque de capital por unidade de trabalho efetivo: • Quando ( )A nsy g g k> + + δ : a variação do estoque de capital por unidade de trabalho efetivo é positiva, isto é, cresce o valor de k ao longo do tempo. • Quando ( )A nsy g g k< + + δ : há diminuição do estoque de capital por unidade de trabalho efetivo. • Quando ( )A nsy g g k= + + δ : a variação do estoque de capital por unidade de trabalho efetivo é nula. 128 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Observação A ideia básica da acumulação de capital consiste em que o investimento torna o estoque de capital maior e a depreciação menor. O terceiro caso também é chamado de estado estacionário, ou seja, a situação em que a variável k não se altera no tempo. Isso ocorre em função de a sociedade poupar exatamente o suficiente para repor as unidades de capital depreciadas e para compensar o crescimento do trabalho efetivo, dado pela soma das taxas gA e gn. Esses três casos podem ser analisados com o auxílio da figura 32. (gA + gn + δ)k (gA + gn + δ)k* y,i k k A E E i* y* (a) (b) k* k* y = f(k) i = sy �k = sy - (gA + gn + δ)k �k Figura 32 – Os componente da acumulação de capital na teoria de Solow Na figura 32 vemos o desmembramento da acumulação de capital por unidade de trabalho efetivo em seus dois componentes. De um lado, painel (a) da figura 32, está o investimento bruto, representado pelo componente que acrescenta unidades ao estoque de capital: sy. Essa nova função nada mais é que a função de produção f(k) multiplicada pela taxa de poupança. Por esse motivo, a função investimento bruto é uma curva que passa por baixo da função de produção da economia. Para cada estoque de capital por unidade de trabalho efetivo (k*, por exemplo), há um nível de renda por unidade de trabalho efetivo determinado pela função de produção (y*) e, consequentemente, um volume de investimento por unidade de trabalho efetivo definido pela propensão marginal a poupar (i*). De outro lado, painel (b) da figura 32, temos a curva que descreve a relação entre a acumulação de capital e o chamado investimento de break-even: (gA + gn + δ)k. Da mesma forma que no caso anterior, para cada estoque de capital por unidade de trabalho efetivo (k*), há um nível de investimento de break-even determinado pela soma das taxas de crescimento da força de trabalho, de inovação tecnológica e de depreciação: (gA + gn + δ) k*. Como as taxas gA, gn e δ são constantes e, portanto, 129 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO independem do nível de capital, a relação entre o investimento de break-even e o estoque de capital por unidade de trabalho efetivo é uma função linear. Juntando os dois componentes da equação acumulação de capital por unidade de trabalho efetivo, chegamos à figura 33. sy > (gA + gn + δ)k sy < (gA + gn + δ)k y,i k k0 A E E i* y* (a) (b) k* k* y = f(k) i = sy �k < 0 �k < 0 �k > 0 �k > 0 (gA + gn + δ)k �k Figura 33 – O equilíbrio do modelo de Solow O painel (a) da figura 33 ilustra a junção das duas curvas: investimento bruto (sy) e investimento de break-even [(gA + gn + δ)]. Das três situações possíveis que apresentamos anteriormente, a mais fácil de ser visualizada é o terceiro caso, em que os dois componentes se igualam. Esse caso ocorre quando as duas curvas se cruzam no ponto E, no qual sy = (gA + gn + δ) e, portanto, �k = 0. Esse ponto está associado ao estoque de capital por trabalho efetivo k*. Observe que à esquerda do ponto E do painel (a), quando sy > (gA + gn + δ), o investimento bruto supera o de break-even, o que implica uma variação positiva do estoque de capital por unidade de trabalho efetivo (�k > 0), ou seja, uma acumulação positiva de capital. Ao contrário, quando a economia se encontra à direita de k*, o investimento de break-even supera o investimento bruto, ou seja, sy < (gA + gn + δ), provocando uma acumulação negativa de capital (�k < 0). Conclui-se desses resultados que, ao longo do tempo, a economia acima caminha para o equilíbrio de estado estacionário E, em que o estoque de capital por unidade de trabalho efetivo é imutável e é dado por k*. Isso porque, quando o estoque de capital por unidade de trabalho efetivo está aquém desse valor, k < k*, essa economia acumula capital, fazendo k crescer em direção a k*. Quando o estoque de capital por unidade de trabalho efetivo atinge esse último valor, temos que �k = 0, pois sy = (gA + gn + δ)k. Por outro lado, quando o estoque de capital por unidade de trabalho efetivo está além de k*, a economia desacumula capital, fazendo k diminuir em direção a k*. 130 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Assim, independentemente do ponto em que a economia se encontre em determinado momento, sabemos que ela irá convergir para k* e que aí irá permanecer indefinidamente ou até ocorrer um movimento exógeno que leve a curva sy para um patamar superior. Por esse motivo, chamamos o ponto E associado a k* de equilíbrio de estado estacionário: ao atingir esse estoque de capital por unidade de trabalho efetivo, a economia apenas investe o suficiente para repor o capital depreciado e para dar conta do crescimento da mão de obra e do aumento de produtividade. Observação Do ponto de vista matemático, o equilíbrio de estado estacionário é estável, no sentido em que, ao ser atingido, a economia não é capaz de sair dele. O mesmo raciocínio está ilustrado no painel (b) da figura 33, que descreve o diagrama de fase do sistema dinâmico do modelo de Solow. Notamos que, à esquerda do ponto k* de equilíbrio de estado estacionário, a variação do estoque de capital por unidade de trabalho efetivo é positiva. Mas, conforme o estoque de capital se aproxima do valor k*, diminui a variação de capital (�k) até ele se tornar nulo. À direita do ponto k*, a variação do estoque de capital por unidade de trabalho efetivo é negativa e, conforme o estoque de capital se aproxima do valor k*, essa variação vai se tornando cada vez mais próxima de zero. Isso significa que a economia converge para o ponto k*, em que a variação de capital por unidade de trabalho efetivo é nula. A economia possui o comportamento descrito na figura 33 em razão das premissas quanto ao formato da função de produção agregada da economia. Lembrete As três hipóteses que são estabelecidas em relação às características da função de produção são: retornos constantes de escala; ausência de produção livre; e retornos decrescentes de fatores produtivos. Agora, recordemos as hipóteses levantadas sobre a produtividade marginal do capital: • Para um nível de capital por unidade de trabalho efetivo muito pequeno (k→0), sabemos que a produtividade marginal desse capital é muito elevada (↑PMgK). Isso implica que os investimentos adicionais geram elevado crescimento do produto por unidade de trabalho efetivo (↑y). Como a poupança e, portanto, o investimento por unidade de trabalho efetivo são frações constantes desse produto, eles também irão crescer bastante, sobrepujando o investimento de break-even. • Para um nível muito elevado de capital por unidade de trabalho efetivo (k→∞), em que a produtividade marginal é praticamente nula (↓PMgK), a renda a mais gerada pelo investimento 131 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO adicional é reduzida (↓y). Assim, também é reduzidoo crescimento da poupança por unidade de trabalho efetivo. Nesse caso, o aumento do investimento não é capaz de compensar o crescimento do investimento de break-even. Do exposto anteriormente, concluímos que as economias irão, em algum momento, atingir seus respectivos equilíbrios de estado estacionário. Quando isso ocorrer, teremos que a variação do estoque de capital por unidade de trabalho efetivo será nula. Essa condição nos permite calcular o estoque de capital e o produto, ambos por unidade de trabalho efetivo, que prevalecem no estado estacionário. Esse cálculo torna possível a comparação entre economias com diferentes taxas de poupança e de crescimento da mão de obra. Para tal, basta considerar a equação dinâmica de acumulação de capital por trabalho efetivo em que a variação do estoque de capital é nula e substituir k por k*: ( ) *A nk sy g g k 0= − + + δ =� Com isso, podemos igualar o investimento bruto ao investimento de break-even e encontrar o estoque de capital de estado estacionário: ( ) ( ) * A n * A n sy g g k sy k g g = + + δ = + + δ Ao considerarmos que a função de produção é uma Cobb-Douglas Harrod-neutra: ( ) 1Y f K;AL K AL , 0 1α −α= = < α < e tendo em vista (i) a propriedade de retornos constantes de escala da função de produção agregada; e (ii) que k = k*, segue que o produto por trabalho efetivo (y = Y/AL) pode ser determinado da seguinte forma: y (k*)α= Observação Assumindo o pressuposto dos retornos constantes de escala, o trabalho analítico fica facilitado, pois isso nos permitirá utilizar uma função de produção agregada na forma intensiva, ou seja, em termos de unidade de trabalho. 132 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Substituído esse resultado na expressão anterior para k*, temos: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) * * A n * * A n 1* A n 1 1* A n s k k g g k s g gk s k g g s k g g α α −α −α = + + δ = + + δ = + + δ = + + δ Da última expressão, é possível calcular o valor do capital por unidade de trabalho efetivo de estado estacionário. Um aspecto importante a ressaltar é o fato de que uma mudança na propensão a poupar implica, nesse modelo, uma variação no valor da poupança por unidade de trabalho efetivo. Por exemplo, conforme já observamos na figura 30, o crescimento de s provoca o deslocamento para cima da curva sf(k), implicando a elevação do capital por trabalhador e de renda per capita de estado estacionário. Considerando o modelo completo, com crescimento demográfico e tecnologia, esse comportamento se mantém. Tomando-se a derivada de k*, da expressão anterior, com relação à propensão marginal a poupar (s), confirma esse efeito positivo, ou seja: ( ) ( ) * A n A n k f(k) 0, em que g g sf '(k) s g g sf '(k) ∂ = > + + δ > ∂ + + δ − Por fim, podemos calcular o produto por unidade de trabalho efetivo de estado estacionário. Considerando novamente que y = (k*)α, então: 1 *k y α= Substituindo esse valor na equação que identifica o valor do capital por trabalho efetivo no estado estacionário (k*), obteremos: ( ) ( ) 1 1 1 A n 1* A n s y g g s y g g −α α α −α = + + δ = + + δ 133 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO Na expressão anterior, o produto por trabalho efetivo no estado estacionário (ou renda per capita), y*, resulta da combinação das taxas de poupança, de crescimento da força de trabalho, de inovação tecnológica e de depreciação. Quando tomamos o logaritmo dos dois lados da equação anterior, ou seja: ( ) ( ) 1* A n * A n s lny ln g g lny lns ln g g 1 1 α −α = + + δ α α = − + + δ − α − α em que α⁄(1-α) representa o coeficiente associado ao diferencial entre a taxa de investimento bruto s e o investimento de break-even (gA + gn + δ). Esse coeficiente também pode ser interpretado em termos de elasticidade: uma variação percentual da taxa de investimento líquido sy - (gA + gn + δ)k produz uma variação percentual no produto agregado por trabalho efetivo na ordem de α⁄(1-α). Observação O coeficiente α⁄(1-α) também é conhecido como elasticidade-capital físico de longo prazo do produto per capita. As duas expressões para obtenção de k* e y* nos dão, respectivamente, as fórmulas de cálculo dos valores do capital e do produto de estado estacionário de uma economia. Por meio delas, também é possível calcular o estoque de capital e produto por trabalhador de distintas economias. Como y = Y/AL e k = K/AL, obtemos as seguintes equações: ( ) ( ) 1 * 1 A n * 1 A n K s A L g g Y s A L g g −α α −α = + + δ = + + δ Exemplo de aplicação Considere uma economia com função de produção agregada dada por: Y = K1/2 (AL)1/2, em que Y é o produto agregado (em milhares de $), K é o estoque de capital (em milhares de $) e L é a força de trabalho (em milhares de trabalhadores). Sejam, também, os seguintes valores de parâmetros dessa economia: • Taxa de poupança: s = 0,20 134 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III • Taxa de depreciação: δ = 0,05 • Taxa de crescimento demográfico: gn = 0,025 • Taxa de progresso tecnológico: gA = 0,025 a) Calcular os valores do capital (k*) e do produto (y*) por trabalhador efetivo no estado estacionário. Resposta A condição de estado estacionário com progresso técnico, considerando uma função de produção agregada Cobb-Douglas com especificação Harrod-neutra, é a de que: �k = 0 em que: K k AL = O produto por trabalho efetivo (y = Y/AL), no caso de uma função de produção agregada Cobb- Douglas Harrod-neutra, é definido como: y kα= em que α = 1/2. Dessa forma, o valor do capital por trabalhador efetivo no estado estacionário pode ser definido pela fórmula: ( ) 1 1* A n s k g g −α = + + δ Substituindo os valores informados na fórmula anterior, obteremos: ( ) 1 1 1/2* * 0,20 k 0,025 0,025 0,05 k 4 − = + + = Logo, o estoque de capital por trabalhador efetivo no estado estacionário é igual a $ 4 mil. O produto por trabalho efetivo (ou renda per capita) no estado estacionário é obtido através da seguinte fórmula: 135 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO ( ) 1* A n s y g g α −α = + + δ Substituindo os parâmetros pelos valores informados, obtemos: ( ) 1/2 1 1/2* * 0,20 y 0,025 0,025 0,05 y 2 − = + + = Logo, o produto por trabalhador efetivo no estado estacionário é igual a $ 2 mil. b) Qual é a interpretação que pode ser efetuada para o coeficiente α⁄(1-α)? Resposta Como α = 0,5, então: 0,5 1 1 1 0,5 α = = − α − Ou seja, a elasticidade do produto agregado por trabalho efetivo em relação à taxa de investimento líquido é igual a 1. Isso significa dizer que qualquer aumento percentual na taxa de investimento líquido da economia proporcionará um crescimento do produto per capita em igual magnitude. 7.5 Estática comparativa Nas seções anteriores, ao estudarmos o modelo de Solow, consideramos que os valores dos parâmetros – taxa de crescimento demográfico (gn) e taxa de progresso tecnológico (gA) – são constantes. Analisaremoscomo o modelo de Solow responde a mudanças nos valores de seus parâmetros. Em particular, veremos o que acontece com a renda per capita, que se encontra inicialmente em estado estacionário (y*), quando a economia passa por um choque. 7.5.1 Aumento na taxa de crescimento demográfico O primeiro choque que investigaremos é o efeito de um aumento na taxa de crescimento demográfico na renda per capita de estado estacionário. Considere, inicialmente, uma economia que atingiu o estado estacionário para o valor do produto por trabalho efetivo. Suponha adicionalmente que essa economia sofra um surto imigratório que eleve a taxa de crescimento da força de trabalho permanentemente de gn0 para gn1, mantendo-se os demais parâmetros constantes. Os efeitos desse choque sobre k e y são verificados na figura 34. 136 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III y,i k E A E’ A’ k1* i1* y1* i0* y0* k0* y = f(k) sf(k) = sy (gA + gn1 + δ)k (gA + gn0 + δ)k Figura 34 – Efeito de um aumento da taxa de crescimento demográfico no estado estacionário Um aumento da taxa de crescimento da força de trabalho, como a ilustrada na figura 34, representa um impacto negativo sobre o capital e o produto por trabalhador de estado estacionário, visto que ele aumenta o investimento de break-even, deslocando a curva (gA + gn0 + δ)k para a esquerda. Dado o montante corrente de capital por trabalho efetivo ( *0k ), o investimento por trabalhador já não é mais suficiente para manter constante a razão capital-trabalho no contexto de aumento da força de trabalho (cai de *0i para * 1i ). Dessa forma, k começa a cair, pois (K⁄AL↑) ⇒ ↓k. A queda prossegue até o ponto A’, em que sy = (gA + gn1 + δ)k e * 1k . Nesse ponto, a economia dispõe de menos capital por trabalho efetivo do que antes ( * *1 0k k< ). Na figura 34, o ponto A’ equivale ao ponto E’, que representa o novo estado estacionário da economia, em que a renda per capita cai (de *0y para *1y ) e a população se torna mais pobre. Conclui-se, portanto, que economias com altas taxas de crescimento populacional tendem a apresentar baixos níveis de capital por trabalho efetivo e, por consequência, rendas per capita mais baixas. Observe que a taxa de crescimento demográfico não afeta a taxa de crescimento equilibrado da economia (não há alteração de estado estacionário), mas tão somente seu nível de renda de equilíbrio. Observação O modelo de Solow prediz que países com uma elevada taxa de crescimento populacional terão baixos níveis de capital e renda per capita no longo prazo. 137 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO 7.5.2 Aumento na taxa de progresso técnico Imaginemos, agora, que uma economia, que atingiu o estado estacionário para o valor do produto por trabalho efetivo, tenha um aumento permanente na taxa de progresso tecnológico de gA0 para gA1, mantendo-se os demais parâmetros constantes. Os efeitos desse choque sobre k e y podem ser verificados na figura 35. y,i k E A E’ A’i1* y1* i0* y0* k0* y0 = f(k) y1 = f(k) sy0 sy1 (gA1 + gn + δ)k (gA0 + gn + δ)k Figura 35 – Efeito de um aumento da taxa de progresso tecnológico no estado estacionário Um aumento da taxa de crescimento de progresso tecnológico representa, num primeiro momento, um impacto inicial negativo sobre o capital e o produto por trabalhador de estado estacionário, visto que ele aumenta o investimento de break-even, deslocando a curva (gA0 + gn + δ)k para a esquerda. Entretanto, dadas as hipóteses relativas à função de produção Harrod-neutra, em que uma elevação do nível tecnológico provocaria uma redução na necessidade de trabalho e, consequentemente, elevação da razão capital-trabalho, ou seja: K k k AL = ⇒ ↑ ↓ então, o nível de capital por trabalho efetivo será o mesmo, para um nível de investimento de break-even maior. Dado o montante corrente de capital por trabalho efetivo ( *0k ), o investimento por trabalhador é mais do que suficiente para manter constante a razão capital-trabalho no contexto de redução da necessidade de força de trabalho. Nesse caso, haverá uma expansão da função de produção com as seguintes consequências: sobe o investimento por trabalhador efetivo (de *0i para * 1i ) e sobe o produto (de * 0y para * 1y ). Dessa forma, a economia dispõe da 138 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III mesma quantidade de capital por trabalho efetivo do que antes, mas a elevação da PTF provoca crescimento econômico e enriquecimento da população. O modelo de Solow assume, por hipótese, que o parâmetro gA cresce a uma taxa exponencial, constante e exógena. O crescimento tecnológico, dessa forma, seria uma espécie de “maná” que cai do céu, no sentido de que ele surge automaticamente na economia. Assim, temos que o progresso tecnológico pode ser visto como um aumento na oferta efetiva de trabalho, a qual cresce não apenas em função do crescimento populacional, mas também do progresso técnico. Observação A tecnologia é definida como sendo o modo pelo qual os insumos são transformados em produto no processo de produção. O progresso técnico no modelo neoclássico é pensado como sendo exógeno. Consideremos gY a taxa de crescimento do produto agregado da economia e gy a taxa de crescimento do produto por trabalho efetivo ou, ainda, da renda per capita. No longo prazo, pelo que descrevemos na figura 35, o produto agregado da economia, Y, deve crescer de acordo com o crescimento do trabalho efetivo, ou seja: gy = gA + gn em que gA + gn é a taxa de crescimento do trabalho efetivo. O produto por trabalho efetivo, y, por sua vez, cresce à taxa gA no equilíbrio de estado estacionário: gy = (gY - gn) = (gA - gn) - gn = gA Portanto, de modo geral, as variáveis per capita crescem à taxa gA e as variáveis em nível crescem à taxa gA + gn. Esses resultados, para o crescimento do produto agregado, estão sintetizados na tabela a seguir. Tabela 7 – Valores da taxa de crescimento do produto agregado no modelo de Solow Variável Descrição Taxa de crescimento y=Y/L Produto por trabalho efetivo (PIB per capita) gA Y Produto agregado (PIB) gA + gn Considerando a análise desenvolvida até aqui sobre o modelo de Solow, podemos concluir que o progresso tecnológico tem papel fundamental na determinação das diferenças de taxa 139 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO de crescimento econômico entre os países. Pelo modelo de Solow, somente o progresso técnico permite sucessivos deslocamentos de f(k) para cima, como observado na figura 35, que implicaria elevação da renda per capita no longo prazo. Observação Países com um elevado nível tecnológico têm um nível de produto mais alto do que países com um baixo nível tecnológico no estado estacionário. Exemplo de aplicação Regra de Ouro com progresso técnico e crescimento demográfico Como discutido anteriormente, a Regra de Ouro é o estado estacionário que maximiza o consumo. Sendo assim, suponhamos uma economia fechada simples em que o produto agregado per capita, y, seja dado por: y c i c y i= + ⇒ = − em que c e i são, respectivamente, o consumo per capita e o investimento per capita. No modelo de Solow sem crescimento demográfico e sem progresso técnico, y é definido por uma função de produção agregada f(k) e o investimento de break-evené determinado por δk. Logo: ( )c f k k= − δ em que k é a razão capital-trabalho e δ é a taxa de depreciação do capital. O estado estacionário ótimo é aquele que maximiza o consumo em relação à quantidade de capital por trabalhador que a sociedade deseja. Dessa forma: ( ) k max c f k k= − δ Resolvendo o problema de otimização anterior, obtemos: ( ) ( ) ' ' c f k 0 k f k ∂ = − δ = ∂ = δ em que f’(k) é a primeira derivada da função de produção agregada e equivale ao crescimento do produto per capita. 140 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Suponha agora as seguintes informações: • y = k1/2 • δ = 0,05 a) Qual a taxa de poupança, s, necessária para manter o crescimento do produto agregado per capita em equilíbrio de estado estacionário? Resposta No equilíbrio de estado estacionário, o produto agregado per capita cresce da seguinte forma: f’(k) = δ f’(k) = 0,05 em que f’(k) é igual a: 1/21y ' dy k 2 −= = Como y’=δ, então: ( ) 1/2 2 1 k 0,05 2 k 0,1 100 − − = = = Sabemos adicionalmente que, pelo modelo de Solow: sy = δk sy = 0,05k Como y = k1/2 e k = 100, então: sk1/2 = 0,05k s(100)1/2 = 0,05(100) s = 0,5 141 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO Observe que, numa função de produção agregada Cobb-Douglas com retornos constantes de escala, a taxa de poupança no estado estacionário será igual ao coeficiente α. b) Suponha agora uma Regra de Ouro sem progresso técnico, mas com aumento populacional, gn. Nesse caso, a equação de demanda agregada torna-se: c = y - i - gn c = f(k) - δk - gnk A solução maximizadora do consumo no estado estacionário impõe que: ( ) n k n c max c f ' k g 0 k f '(k) g ∂ = = − δ − = ∂ = δ + Suponha, agora, os seguintes dados: 1/2 1/2 n y k 1 y ' k 2 0,05 g 0,05 − = = δ = = Qual a taxa de poupança, s, necessária para manter o crescimento do produto agregado per capita em equilíbrio de estado estacionário nessas circunstâncias? Resposta Pelas informações apresentadas, o produto agregado per capita cresce da seguinte forma: ( ) n 1/2 2 y ' g 1 k 0,05 0,05 2 k 0,2 25 − − = δ + = + = = 142 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Nesse ponto, a taxa de poupança s é determinada da seguinte forma: sy = k(δ +gn) sk1/2 = k(0,05 +0,05) s(25)1/2 = 25(0,1) s = 0,5 Logo, a taxa de poupança não se altera com a introdução do crescimento populacional. c) Suponha agora uma Regra de Ouro com progresso técnico, gA, e com crescimento demográfico, gn. Nesse caso, a equação de demanda agregada torna-se: c = y - i - gn - gA c = f(k) - δk - gnk - gAk A solução que maximiza o consumo no estado estacionário resulta em: max ’ ’ k n A n A c c k f k g g f k g g = ∂ ∂ = ( ) − − − = ( ) = + + δ δ 0 Suponha, agora, os seguintes dados: 1/ n A 2 1/2 y 0 k ,05 g 1 y ' k 0,05 g 0,02 2 5 − = δ = = = = Qual a taxa de poupança, s, necessária para manter o crescimento do produto agregado per capita em equilíbrio de estado estacionário nessas circunstâncias? 143 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO Resposta Dadas as informações anteriores, o produto agregado per capita cresce da seguinte forma: ( ) n A 1/2 2 y ' g g 1 k 0,05 0,05 0,025 2 k 0,25 16 − − = δ + + = + + = = Nesse ponto, a taxa de poupança s é determinada da seguinte forma: ( ) ( ) ( ) ( ) n A 1/2 1/2 sy k g g sk k 0,05 0,05 0,025 s 25 25 0,125 s 0,5 = δ + + = + + = = Portanto, a taxa de poupança não se altera nem com a introdução do crescimento populacional nem com a taxa de progresso tecnológico. As informações deduzidas aqui permitem que se estabeleça um resumo (tabela a seguir) do crescimento do produto agregado per capita, tanto no estado estacionário quanto no estado estacionário na Regra de Ouro. Tabela 8 – Taxa de crescimento do produto agregado no estado estacionário e na Regra de Ouro Estado da economia no longo prazo Sem gn e sem gA Com gn e Sem gA Com gn e Com gA Estado Estacionário sy = δk sy = (δ + gn)k sy = (δ + gn + gA)k Estado Estacionário na Regra de Ouro y’ = δ y’ = δ + gn y’ = δ + gn + gA 8 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E CAPITAL HUMANO No modelo de Solow apresentado no capítulo anterior, a dinâmica das economias é dada pelas decisões de acumulação de capital, já que os outros dois insumos de produção – trabalho e conhecimento – são tratados como variáveis exógenas, ou seja, têm suas dinâmicas de acumulação determinadas fora da economia. 144 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Além disso, consideramos que a mão de obra é um fator de produção homogêneo. Isso significa que supomos, até o momento, que todos os trabalhadores brasileiros, por exemplo, têm a mesma produtividade, isto é, igual capacidade de produzir bens e serviços ou de adicionar valor à produção. E admitimos que todos os países disponham de força de trabalho igualmente produtiva. No entanto, essas hipóteses são extremamente fortes. É difícil supor que um trabalhador pouco instruído de um país subdesenvolvido tenha a mesma capacidade produtiva de um trabalhador alemão ou japonês. Agora, vamos ampliar a abordagem da teoria do crescimento, introduzindo mais uma variável dinâmica no modelo de Solow: a acumulação de capital humano. Nessa abordagem, o próprio conceito de capital é redefinido e passa a ser interpretado em um sentido mais amplo: além do capital físico, as economias dependem de seu capital humano, ou seja, das habilidades, da destreza e do conhecimento de seus trabalhadores. 8.1 Definição de capital humano O conceito de capital humano envolve as habilidades e conhecimentos próprios de cada indivíduo. Especificamente, o capital humano refere-se às habilidades inatas das pessoas; além disso, depende de educação formal ou informal, do aprendizado e treinamento ocorrido no trabalho e da condição de saúde de cada um, pois esta também afeta sua produtividade. Pela definição proposta, é possível notar que o capital humano é pessoal e intransferível. Do ponto de vista econômico, diz-se que é um bem rival e excludente. Observação Bens rivais são aqueles cujo consumo por uma pessoa reduz a quantidade disponível para as demais. Bens excludentes são aqueles que, após serem produzidos, os consumidores podem ter seu acesso negado. O capital humano é um bem rival, pois existe um custo adicional relacionado a seu uso por mais pessoas – no caso, o pagamento de salário pelo serviço prestado. Ele também é excludente, porque é possível restringir seu acesso a outras pessoas – pelo fato de ser inerente à pessoa. O capital humano difere, portanto, do conceito geral e abstrato de conhecimento, o qual é, na maior parte das situações, tratado como sendo não rival e não excludente, uma vez que, dessa forma, ele estaria à disposição de todos, com a possibilidade de uso simultâneo por todos, e sem custo de aquisição. 145 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io- 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO Observação Teoremas matemáticos são de conhecimento público, pois eles estão disponíveis em livros, espalhados por bibliotecas e, portanto, acessíveis a qualquer um, sem custos. Por outro lado, o uso deles para, por exemplo, construir uma obra de infraestrutura, dependerá de um conhecimento mais específico, ou seja, do capital humano individual. Na microeconomia, em específico em Economia do Trabalho, a teoria do capital humano tornou- se um campo de estudo importante a partir de trabalhos como os de Gary Becker (1964) e Jacob Mincer (1974). Saiba mais Gary Becker inovou os estudos sobre Educação, pois passou a tratá-la não mais como apenas um bem de consumo, mas como um investimento. A decisão de investimento em capital humano é feita nos moldes da decisão de investimento em capital físico, sendo seu retorno medido em termos da renda futura, possibilitada pela aquisição de capital humano. A teoria do capital humano tornou-se um instrumento amplamente utilizado para a análise microeconômica, e também acabou incorporada na análise macroeconômica do crescimento econômico. Para saber mais detalhes, consultar: BECKER, G. Human capital: a theoretical and empirical analysis with special reference to education. Chicago: The University of Chicago Press, 1964. Na teoria do capital humano, a decisão de investimento em capital humano é entendida como uma decisão individual e racional, em que cada indivíduo pesa os custos envolvidos, monetários ou não, e o retorno futuro de seu investimento para determinar quanto capital humano irá adquirir. Essa relação entre ganho e a vida do indivíduo é observada na figura 36. 146 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Custos diretos Custos indiretos Benefício da educação 18 22 26 45 Idade (anos) Ganhos salariais (w) Ganhos do indivíduo com educação formal Ganhos do indivíduo sem educação formal wE wA -w0 0 Figura 36 – Retornos da educação formal No gráfico da figura 36, observe que um indivíduo sem educação formal (por exemplo, que não ingressou em uma universidade) entra no mercado de trabalho com 18 anos e aufere um ganho wA. Entretanto, a ausência de qualificação não permite que ele aumente substancialmente sua produtividade ao longo da vida e, com isso, seus ganhos permanecem estáveis. É possível dizer, assim, que esse indivíduo incorreu num custo indireto (custo de oportunidade), entre 18 e 22 anos, por não ter adquirido educação formal. O indivíduo que ingressa na faculdade aos 18 anos, por sua vez, incorre num custo direto representado pelas mensalidades a serem pagas. Entretanto, aos 22 anos, ele ingressa no mercado de trabalho e, rapidamente, seus ganhos começam a subir, fruto do conhecimento adquirido, que eleva sua produtividade. Todo ganho salarial a mais que o indivíduo com qualificação aufere refere-se ao benefício da educação formal. Mais formalmente, o indivíduo calcula o valor presente dos custos de adquirir capital humano e dos fluxos futuros da renda determinada por esse nível de capital humano, dada a taxa de retorno da economia, e compara o retorno da qualificação adicional com o de outro nível educacional. Os custos de aquisição de capital humano considerados envolvem não só o gasto monetário efetivo, mas também o custo da oportunidade de não estar trabalhando no período de estudo. Observação Um indivíduo irá investir em capital humano até o ponto no qual os retornos marginais (benefícios marginais) da educação sejam iguais aos custos marginais. 147 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO Supõe-se que o capital humano aumenta a produtividade, e que esta determina o salário. A magnitude de variação do salário em função do aumento de capital humano depende, porém, da relação de demanda e de oferta dos trabalhadores com determinado nível de qualificação: em um país em que toda a população possui nível superior, adquiri-lo não trará retorno tão alto como em uma população em que a grande maioria tem apenas primário completo e, portanto, há escassez de trabalhadores com melhor formação. Saiba mais Langoni (1974) mostrou que uma das explicações para a concentração de renda no Brasil nos anos 1970 baseava-se no aumento da demanda por trabalhadores qualificados, gerado pelo rápido crescimento econômico do país. Ou seja, a escassez de oferta levou a um aumento mais que proporcional na renda dos indivíduos mais qualificados. Em estudos atuais, há relativo consenso de que o fator capital humano naquele momento foi relevante para a dinâmica da distribuição de renda. Para entender o debate sobre distribuição de renda e capital humano no Brasil, consultar: LEAL, C. I. S.; WERLANG, S. R. C. Educação e distribuição de renda. In: CAMARGO, J. M.; GIAMBIAGI, F. Distribuição de renda no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. Dado que o aumento de capital humano melhora a produtividade, a decisão de investimento a ele relacionada afetaria não só a renda individual, mas também o crescimento do país. Essa análise é similar ao que vimos no modelo de Solow original: o maior ou menor investimento em capital físico também afeta o crescimento. Dessa forma, parece razoável considerar o capital humano como mais um fator determinante do crescimento, distinto do fator trabalho, pois este não leva em conta diferentes qualificações, enquanto o capital humano incorpora habilidades específicas dos indivíduos e pode ser acumulado como um investimento. Alguns autores ainda consideram que, além de aumentar diretamente a produtividade individual, a aquisição de capital humano pode gerar externalidades positivas, isto é, de algum modo outras pessoas também usufruem da aquisição individual de capital humano e, portanto, o capital humano teria características não só de bem privado, mas também de bem público. Observação Uma externalidade positiva significa que, em uma ação econômica, o benefício marginal social é maior que o benefício marginal privado. Por exemplo, a maior escolaridade de uma parcela da população pode gerar externalidades para a sociedade como um todo na forma de menores taxas de criminalidade, maior acesso à informação, 148 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III melhorias na qualidade de vida e da saúde dos indivíduos, entre outros benefícios. Por outro lado, em um âmbito mais privado, a melhor qualificação de um funcionário pode contribuir para a maior produtividade de seus colegas de serviço. No que respeita à aplicação dos conceitos da teoria do capital humano ao crescimento econômico, há duas vertentes básicas: a que distingue mão de obra qualificada e não qualificada, como a apresentada em Mankiw, Romer e Weil (1992), e a teoria da mão de obra ajustada à produtividade, desenvolvida por Lucas Jr. (1988) e, posteriormente, por Hall e Jones (1999). Essas duas abordagens serão estudadas nas próximas duas seções. 8.2 O modelo de Solow com trabalho qualificado A introdução do capital humano no modelo de Solow visa a aumentar o poder explicativo da acumulação de capital, agora em seu sentido mais amplo, em relação ao crescimento de longo prazo e à diferença de renda entre países. Como visto anteriormente, o modelo básico de Solow não prevê a magnitude das diferenças de renda existentes entre países: explica apenas uma parte dessas diferenças. Assim, aos incorporarmos o capital humano ao modelo, buscamos determinar como o estoque desse fator afeta a produçãocorrente e qual é a alocação de poupança – ou de tempo – dedicada à acumulação desse mesmo capital humano. Com isso, esperamos que se eleve o poder de explicação do modelo e que os coeficientes estimados fiquem mais próximos do esperado. O modelo de Solow com trabalho qualificado segue a especificação de Mankiw, Romer e Weil (1992), também conhecido como modelo MRW. Essa modelagem mantém a função de produção agregada Cobb-Douglas com especificação Harrod-neutra e as hipóteses de retornos marginais decrescentes dos fatores de produção e de retorno constante de escala para a introdução da variável capital humano. A nova especificação da função de produção agregada considera a distinção entre capital físico (K) e capital humano (H): ( )1Y K H AL ; , 0 e 1−α−βα β= α β > α + β < em que α e β são parâmetros positivos da função de produção e determinam a participação dos fatores capital físico (K), capital humano (H) e trabalho não qualificado ajustado à tecnologia (AL) na composição do produto Y. Dessa forma, supondo que cada fator seja pago de acordo com seu produto marginal, teremos: • A participação percentual do capital físico (K) é igual a α. • A participação percentual do trabalho (L) é igual a 1- α, sendo esta dividida entre: — Trabalho qualificado (H), cuja participação percentual é igual a β; — Trabalho não qualificado ajustado pela tecnologia disponível (AL), cuja participação percentual é igual a 1 - α - β. 149 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO De acordo com essa nova especificação, um trabalhador fornece dois tipos de trabalho: o trabalho não qualificado, que é sempre igual para todos os indivíduos, e o trabalho qualificado, isto é, o capital humano, o qual pode variar entre indivíduos, dependendo de suas qualificações inatas. Por hipótese, os trabalhadores são idênticos em sua escolha do nível de capital humano que desejam adquirir, de forma que não precisamos nos preocupar com a composição de H entre os vários indivíduos, e simplesmente supomos que cada um contribui com certa quantidade de capital humano efetivo, H/L. Também há a suposição de que a tecnologia, medida por A, afeta como antes apenas a produtividade do fator trabalho não qualificado. Em termos de produto por trabalho efetivo (y), temos: ( ) ( ) ( ) ( ) 1K H ALY y AL AL 1 y K H AL K H y AL AL −α−βα β α β α+β α β α β = = = = Fazendo o capital físico por unidade de trabalho efetivo igual a k = K/AL e o capital humano por unidade de trabalho efetivo representado por h = H/AL, chegamos finalmente a: y = kαhβ Precisamos agora definir a função de acumulação de capital humano. Consideramos, como simplificação, que tanto o capital físico quanto o humano evoluem de forma similar ao especificado no modelo de Solow, ou seja: K H K s Y K H s Y H= − δ = δ − � � Na primeira equação de acumulação, �K indica que o estoque de capital físico varia ao longo do tempo de acordo com o investimento realizado, sKY, descontado da parcela do capital que é depreciado, δK, em que sK é a taxa de investimento em capital físico. Na segunda equação de acumulação, H� indica que o estoque de capital humano varia ao longo do tempo de acordo com o investimento realizado em educação, sHY, descontado da parcela do capital humano que é depreciada, δH, em que sH é a taxa de investimento em capital humano. Portanto, o capital humano também se acumula em função do investimento nele realizado, medido pela proporção fixa do produto destinada à acumulação de capital humano, sH. Supõe-se a mesma taxa de depreciação para os dois tipos de capital. 150 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 Unidade III Observação O capital humano também se deprecia, sobretudo em função da obsolescência do conhecimento. Em um exemplo simples, um médico-cirurgião, formado em meados do século XX, foi treinado com a tecnologia dessa época. Com a evolução tecnológica, esse conhecimento adquirido anteriormente se torna obsoleto (ou, na melhor das hipóteses, menos produtivo) nos dias atuais. De forma análoga ao estudado no modelo de Solow original, em termos de quantidades por unidade de trabalho efetivo, as duas funções de acumulação tornam-se: ( ) ( ) K A n H A n k s y g g k h s y g g h = − + + δ = − + + δ � � em que gA e gn são, respectivamente, as taxas de crescimento da tecnologia (taxa de progresso tecnológico) e da população (taxa de crescimento demográfico). Nota-se que a função do capital humano é similar à do capital físico. Em estado estacionário, definido por k h 0= =� � , o sistema gera um equilíbrio estável, em que as variáveis k*, h* e y* são constantes; as variáveis per capita crescem à taxa gA; e as variáveis em nível, K, H e Y, crescem à taxa (gA + gn), em uma trajetória de crescimento balanceado. Continua, portanto, valendo, como no modelo de Solow, que a taxa de crescimento do produto agregado per capita (gy = gA + gn) é determinada exogenamente pelas taxas de crescimento da tecnologia e da população. A dinâmica de acumulação do capital físico e do capital humano difere do modelo de Solow, pois o novo modelo com trabalho qualificado impõe que o crescimento econômico ocorra em função de ambos os fatores. Iniciemos com o capital físico. Como y = kαhβ , podemos reescrever a expressão da acumulação do capital físico como sendo igual a: ( )K A nk s k h g g kα β= − + + δ� Em estado estacionário �k = 0, temos a condição ( )K A ns k h g g kα β = + + δ , que é equivalente a: ( ) ( ) ( ) ( ) K A n 1 K A n 1 1 K 1 A n k s h g gk s k h g g s k h g g β α −α β β−α −α = + + δ = + + δ = + + δ 151 CI EC O - Re vi sã o: A lin e - Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 3/ 04 /2 01 7 DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO O capital físico (k) aparece, na equação anterior, como uma função crescente do capital humano (h), pois a primeira derivada de k com respeito a h é positiva. No entanto, como β < 1 - α, a segunda derivada é negativa, expressando os retornos decrescentes do fator de produção k. Assim, podemos obter as combinações de k e h que satisfazem a condição �k = 0, como ilustrado na figura a seguir. k k h h (a) (b) �k < 0 �k > 0 �h < 0 �h > 0 �h = 0 �k = 0 Figura 37 – Condição de estabilidade do capital físico e do capital humano Observe que a curva ilustrada no painel (a) da figura anterior cresce a taxas decrescentes. Note-se que, acima da curva que retrata o capital por trabalho efetivo em estado estacionário, �k = 0, a taxa de variação do capital físico é negativa, porque o estoque de capital físico por unidade de trabalho efetivo é maior do que aquele que equilibra o sistema. Nessa situação: ( )K A ns k h g g kα β < + + δ fazendo com que �k < 0. Assim, o ajuste dinâmico indica que o estoque de capital por unidade de trabalho efetivo deve diminuir. Já abaixo da curva �k = 0, a taxa de variação do capital físico é positiva, porque o estoque de capital físico por unidade de trabalho efetivo é menor do que aquele que equilibra o sistema. Nesse caso, ao contrário, �k > 0, pois: ( )K A ns k h g g kα β > + + δ O mesmo raciocínio pode ser feito com relação à dinâmica do capital humano. Substituindo a expressão do produto por trabalho efetivo na equação de acumulação de capital humano, obtemos: ( )H A nh s k h g g hα β= − + + δ� A variação, no tempo, do capital humano será igual a zero (�h = 0) quando a seguinte condição for satisfeita: ( )H A ns k h g g hα β = + + δ
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