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( 4 ) Ser Humano: discutindo relações raciais, gênero, sexualidade e orientação sexual As ideias preconcebidas, as racionalizações com base em premissas arbitrárias, a autojustificação frenética, a incapacidade de autocriticar-se, os raciocínios paranoicos, a arrogância, a recusa, o desprezo, a fabricação e a condenação de culpados são as causas e as consequências das piores incompreensões [...]. A ética da compreensão é a arte de viver que nos demanda, em primeiro lugar, compreender de modo desinteressado. Demanda grande esforço, pois não pode esperar nenhuma reciprocidade (MORIN, 2011, p.85-86). Esta unidade tem como objetivo refletir sobre temáticas de gênero, sexualidade e orientação sexual e relações raciais. Como você analisa a citação de Edgar Morin? Você concorda que a incompreensão entre as pessoas tem aumentado? Quais são as piores incompreensões? O que você faz para compreender o outro? Morin (2011, p. 81) evidencia, no seu livro Os sete Sa- beres necessários à Educação do futuro, que “há importantes e múltiplos progressos na compreensão, mas o avanço da in- compreensão parece ainda maior.” Com o autor, entendemos que a compreensão entre as pessoas precisa ser ensinada como condição e garantia da so- lidariedade intelectual e moral da humanidade. Vamos dis- cutir mais essa questão a partir da leitura do texto a seguir: Cláudia Vaz Torres Olá! 110 P si co lo gi a e co m po rt am en to As duas compreensões A comunicação não garante a com- preensão. A informação, se for bem transmitida e compreendida, traz inteligibilidade, condição primeira necessária, mas não suficiente, para a compreensão. Há duas formas de compreensão: a compreensão intelectual ou objetiva e a compreensão humana intersubjetiva. Compreender significa intelectualmente apreender em conjunto, com-prehende- re, abraçar junto (o texto e seu contexto, as partes e o todo, o múltiplo e o uno). A compreensão intelectual passa pela inteligibilidade e pela explicação. [...] A compreensão humana vai além da ex- plicação. A explicação é bastante para a compreensão intelectual ou objetiva das coisas anônimas ou materiais. É insufi- ciente para a compreensão humana. Esta comporta um conhecimento de su- jeito a sujeito. Por conseguinte, se vejo uma criança chorando, vou compreen- dê-la, não por medir o grau de salinida- de de suas lágrimas, mas por buscar em minhas aflições infantis, identificando- Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 111 -a comigo e identificando-me com ela. O outro não apenas é percebido objeti- vamente, é percebido como outro sujei- to com o qual nos identificamos e que identificamos conosco, o ego alter que se torna alter ego. Compreender in- clui, necessariamente, um processo de empatia, de identificação e de projeção. Sempre intersubjetiva, a compreensão pede abertura, simpatia e generosidade (MORIN, 2011, p. 82). Compreender, então, envolve apreender em conjunto o ser e o seu meio ambiente, à complexidade do ser humano com seus desejos, anseios, ideologias, orientações, isto é, to- das as condições do comportamento humano. Para compreender o outro, é preciso a compreensão de si, com suas carências, seus sucessos e suas fragilidades. É preciso, ainda, lidar com os obstáculos intrínsecos à compre- ensão, a saber: o egocentrismo, o etnocentrismo, o sociocen- trismo e a indiferença. O etnocentrismo, que designa o sen- timento de superioridade que uma cultura tem em relação a outras culturas, e o sociocentrismo, que tem como caracte- rística situar-se no centro do mundo e considerar como se- cundário tudo que é estranho, conforme analisa Morin (2011), nutrem xenofobias e racismos e podem despojar o estranho, o estrangeiro da qualidade de ser humano. Nos contextos escolares, de trabalho, de lazer, entre outros, são evidenciadas a diversidade e a heterogeneidade dos sujeitos que estão envolvidos em uma complexa rede de 112 P si co lo gi a e co m po rt am en to relações sociais e de poder. Há contextos em que predomi- nam o sexismo, o racismo, a homofobia e outras formas de violência, porém é preciso sempre explorar e incentivar as redes de compreensão e solidariedade entre todos e, prin- cipalmente, entre aqueles que vivenciam a exclusão social, racial, de gênero e de sexualidade. O racismo é uma questão complexa, analisada por pesquisadores, que envolve tensões e cuidados. Diferen- tes concepções abordam a questão racial referindo-se a um comportamento, uma ação resultante da aversão ou do ódio em relação a pessoas que possuem um pertencimento racial observável por meio de sinais, como cor da pele, tipo de ca- belo, etc., bem como a um conjunto de ideias e imagens re- ferentes aos grupos humanos que acreditam na supremacia de uma raça (GOMES, 2005). O racismo é um comportamento social que se expres- sa, de modo individual, por meio de atos discriminatórios, como agressões e outras violências de indivíduo para indi- víduo e institucionais, quando há práticas discriminatórias sistemáticas que se manifestam pelo isolamento dos negros em bairros, escolas e empregos (GOMES, 2005). No Brasil, a discussão sobre racismo, discriminação racial, democracia racial, enfim, sobre as relações raciais é marcada por divergências entre atores sociais, pesqui- sadores e militantes. Nesta discussão, é importante destacar o Movimen- to Negro, que resgata a cultura afro-brasileira e denuncia a desigualdade e segregação racial que atinge a população negra, denuncia, ainda, a neutralidade do Estado diante da desigualdade racial e reivindica a adoção de políticas de ação Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 113 afirmativa e inserção de ativistas nas administrações fede- rais, estaduais e municipais. O Movimento Negro desmisti- fica o mito da democracia racial no Brasil. O Movimento Negro e outros pesquisadores, explica Gomes (2005), usam o termo raça baseados na dimensão so- cial e política do referido termo, e não mais como era origi- nalmente usado no século XIX, alicerçadas na ideia de raças superiores e inferiores. Utilizam, também, “[...] porque a dis- criminação racial e o racismo existentes na sociedade brasi- leira se dão não apenas devido aos aspetos culturais dos re- presentantes de diversos grupos étnico-raciais, mas também devido à relação que se faz na nossa sociedade entre esses e os aspectos físicos observáveis na estética corporal dos per- tencentes às mesmas” (GOMES, 2005, p. 45). Mas, você sabe quem é negro? Essa difícil tarefa de identificar e definir quem é negro no Brasil é analisada pelo antropólogo Kabengele Munanga, professor-titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Leia um trecho da entrevista, a seguir: ESTUDOS AVANÇADOS – Quem é negro no Brasil? É um problema de identidade ou de denominação? Kabengele Munanga – Parece simples definir quem é negro no Brasil. Mas, num país que desenvolveu o desejo de branqueamento, não é fácil apresentar 114 P si co lo gi a e co m po rt am en to uma definição de quem é negro ou não. Há pessoas negras que introjetaram o ideal de branqueamento e não se consi- deram como negras. Assim, a questão da identidade do negro é um processo doloroso. Os conceitos de negro e de branco têm um fundamentoetno-se- mântico, político e ideológico, mas não um conteúdo biológico. Politicamente, os que atuam nos movimentos negros organizados qualificam como negra qualquer pessoa que tenha essa aparên- cia. É uma qualificação política que se aproxima da definição norte-america- na. Nos EUA não existe pardo, mulato ou mestiço e qualquer descendente de negro pode simplesmente se apresentar como negro. Portanto, por mais que te- nha uma aparência de branco, a pessoa pode se declarar como negro. No contexto atual, no Brasil, a questão é problemática, porque, quando se colo- cam em foco políticas de ações afirma- tivas – cotas, por exemplo –, o conceito de negro torna-se complexo. Entra em jogo também o conceito de afro-descen- dente, forjado pelos próprios negros na busca da unidade com os mestiços. Com os estudos da genética, por meio da biologia molecular, mostrando que muitos brasileiros aparentemente bran- cos trazem marcadores genéticos afri- Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 115 canos, cada um pode se dizer um afro- -descendente. Trata-se de uma decisão política. Se um garoto, aparentemente branco, declara-se como negro e reivindicar seus direitos, num caso relacionado com as cotas, não há como contestar. O único jeito é submeter essa pessoa a um teste de DNA. Porém, isso não é aconselhável, porque, seguindo por tal caminho, todos os brasileiros deverão fazer testes. E o mesmo sucederia com afro-descendentes que têm marcadores genéticos europeus, porque muitos de nossos mestiços são euro-descendentes. (http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010340142004000100005&script=sci_arttext) Sabemos que essa discussão é complexa e com muitas discordâncias, uma vez que envolve o conceito de identidade com todos os traços culturais, posições sociais, políticas e his- tóricas que marcam a nossa condição. Os dados estatísticos produzidos pelo IBGE, através do Censo de 2010, indicam que mais pessoas estão se de- clarando pardas e negras. Negros e pardos – Os dados trazem ainda a informação de que há mais pessoas se declarando pretas e pardas. 116 P si co lo gi a e co m po rt am en to Este grupo subiu para 43,1% e 7,6%, respectivamente, na década de 2000, enquanto, no censo anterior, era 38,4% e 6,2% do total da população brasileira. Já a população branca representava, em 2010, 47,7% do total; a população ama- rela (oriental) 1,1% e, a indígena, 0,4%. (IBGE, 2010) Podemos agregar pretos e pardos para formar o grupo racial negro, uma vez que, analisa Santos (2002), o racismo no Brasil não faz uma distinção muito significa- tiva entre os grupos. Na nossa sociedade, há uma negação do racismo e do preconceito racial, analisam militantes, mas os dados indi- cam que há discriminação e desigualdade racial quando é feita uma comparação com outros segmentos étnico-raciais. Você se lembra da campanha nacional Diálogos contra o racismo: pela igualdade racial, que perguntava: “Onde você guarda o seu racismo?” Assista aos vídeos: Diálogos contra o racismo http://www.youtube.com/watch?v=yX8Y6S1l8nw http://www.youtube.com/watch?v=3YEx5O9SDK4 Então, responda: onde você guarda o seu racismo? Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 117 Em 21 de março de 2003, Dia Internacional pela Eli- minação da Discriminação Racial, instituído pela Orga- nização das Nações Unidas, ampliou-se o debate sobre a igualdade racial e surgiu a Secretaria de Políticas de Pro- moção da Igualdade Racial. Vamos conhecer os objetivos da Secretaria: Criada pela Medida Provisória n° 111, de 21 de março de 2003, convertida na Lei 10.678, a Secretaria de Políti- cas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República nasce do reconhecimento das lutas históricas do Movimento Negro brasileiro. A data é emblemática, pois em todo o mundo celebra-se o Dia Internacional pela Eli- minação da Discriminação Racial, ins- tituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em memória do Mas- sacre de Shaperville. Em 21 de março de 1960, 20.000 negros protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especi- ficando os locais por onde eles podiam circular. Isso aconteceu na cidade de Joanesburgo, na África do Sul. Mes- mo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão e o saldo da violência foram 69 mortos e 186 feridos. 118 P si co lo gi a e co m po rt am en to Finalidades: - Formulação, coordenação e articula- ção de políticas e diretrizes para a pro- moção da igualdade racial; - Formulação, coordenação e avaliação das políticas públicas afirmativas de promoção da igualdade e da proteção dos direitos de indivíduos e grupos ét- nicos, com ênfase na população negra, afetados por discriminação racial e de- mais formas de intolerância; - Articulação, promoção e acompanha- mento da execução dos programas de cooperação com organismos nacionais e internacionais, públicos e privados, voltados à implementação da promoção da igualdade racial; - Coordenação e acompanhamento das políticas transversais de governo para a promoção da igualdade racial; - Planejamento, coordenação da execu- ção e avaliação do Programa Nacional de Ações Afirmativas; - Acompanhamento da implementa- Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 119 ção de legislação de ação afirmativa e definição de ações públicas que visem o cumprimento de acordos, convenções e outros instrumentos congêneres assi- nados pelo Brasil, nos aspectos relati- vos à promoção da igualdade e combate à discriminação racial ou étnica. Documento de referência A SEPPIR utiliza como referência política o Estatuto da Igualdade Ra- cial (Lei 12.288/2010), que orientou a elaboração do Plano Plurianual (PPA 2012-2015), resultando na criação de um programa específico intitulado “Enfrentamento ao Racismo e Pro- moção da Igualdade Racial”. Resultou também na incorporação desses temas em 25 outros programas, totalizando 121 metas, 87 iniciativas e 19 ações orçamentárias, em diferentes áreas da ação governamental. Em 2003, foi sancionada a Lei nº 10639, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96, e incluiu no currículo oficial da rede de ensino a obrigatorie- dade da temática História e Cultura Afro-brasileira. A Lei nº 10639 impulsionou a realização de programas e ações que re- forçassem o direito à diversidade étnico-racial nos currículos, políticas educacionais, programas de ensino, entre outros. 120 P si co lo gi a e co m po rt am en to Com avanços e limites, a Lei 10.639/03 e suas Diretrizes Curriculares Na- cionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da His- tória Afro-Brasileira e Africana (BRA- SIL, 2004) possibilitaram uma inflexão na educação brasileira. Elas fazem par- te de uma modalidade de política até então pouco adotada pelo Estado brasi- leiro e pelo próprio MEC. São políticas de ação afirmativa voltadas para a valo- rização da identidade, da memória e da culturanegras reivindicadas pelo Mo- vimento Negro e demais movimentos sociais partícipes da luta anti-racista. [...] É importante reconhecer que a Lei 10.639/03 e suas diretrizes represen- tam a implementação de ações afirma- tivas voltadas para a população negra brasileira, as quais são (e devem ser!) desenvolvidas juntamente com as po- líticas públicas de caráter universal. Trata-se de uma demanda política do Movimento Negro nos dias atuais e de outros movimentos sociais partícipes da luta anti-racista na construção da democracia. Uma democracia que assuma o direito à diversidade como parte constitutiva Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 121 dos direitos sociais e assim equacione de forma mais sistemática a diversida- de étnico-racial, a igualdade e a equida- de. (GOMES, 2011, s.p.) Depreendemos, então, que a Lei nº 10.639/03 e suas di- retrizes representam a implementação de ações afirmativas para atender à população negra. O Movimento Negro, ao des- mistificar o mito da democracia racial no Brasil, posiciona-se contra o racismo e luta para que todos tenham condições dig- nas de vida e oportunidades iguais. Vamos, então, refletir sobre outras temáticas, como o gênero, a sexualidade e a orientação sexual, que tam- bém produzem situações de exclusão. Será uma análise introdutória sobre os condicionantes de gênero, a sexua- lidade e a orientação sexual. Procure ampliar os estudos com as leituras indicadas. (4.1) O que é Gênero? As relações, historicamente, definiram lugares sociais diferenciados para homens e mulheres. Tomando por base Scott (1992), que define gênero como um elemento constitu- tivo das relações sociais baseadas nas diferenças que distin- guem os sexos, ou nas diferenças percebidas entre os sexos, entende-se que as mulheres e os homens são tratados de modo 122 P si co lo gi a e co m po rt am en to diferente desde o seu nascimento, em consequência do sexo biológico. O meio social fornece e imprime significados dife- rentes para o comportamento de mulheres e homens que vão sendo introjetados e assumidos como naturais e pertencentes a um ou outro. Gênero é assim definido por Scott (1991, p. 4): “[...] é uma categoria social imposta sobre um corpo sexuado.” Quais são as categorias impostas aos gêneros masculi- no e feminino? São opostas, não são? Vamos nos lembrar de algumas: Homens: razão - mulheres: mais emoção Homens: dominação - Mulheres: submissão Homens: público - Mulheres: privado Homens: fora - Mulheres: dentro O conceito de gênero permitiu o abandono das concep- ções biológicas e estigmatizantes e enriqueceu as discussões através da análise das contradições internas e das articula- ções da constituição do feminino e do masculino com o meio social, com todas as marcas da diversidade e da instabilidade. Como analisa Guacira Louro (2003), as diferenças de gênero e sexualidade que são atribuídas às mulheres se ex- pressam materialmente nos seus corpos e nas suas vidas de modo concreto, ou seja, o significante de diferente é formado por representações e práticas sociais discursivas que demar- cam e atribuem sentidos aos corpos e às identidades. Na cultura, mulheres e homens encontrarão elemen- Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 123 tos que construirão as suas identidades. Há um investi- mento contínuo de um e outro, para assumirem os sinais considerados próprios na trajetória da constituição do ser homem e do ser mulher. A cultura atribui funções reais e simbólicas próprias de cada um, mas é no interior dos processos e estruturas psíquicas inconscientes que esses traços são internalizados, reelaborados, ressignificados e transformados em valores e atitudes. (4.2) Identidade de Gênero O conceito de identidade de gênero é um importante aspecto a ser estudado no processo de construção da iden- tidade. A identidade não é construída da mesma forma por homens e mulheres. Cada um se apropria da realidade sim- bólica e sociocultural a partir da interpretação que faz da diferença anatômica entre os sexos. “O sexo é socialmente modelado”, diz Saffioti (1992, p.189). Pode-se nascer do sexo masculino e, culturalmente, tornar-se mulher. Atitudes fe- mininas podem ser tomadas tanto por homens quanto por mulheres. Há diferenças entre sexo biológico e a questão de gênero. Ser homem ou ser mulher varia de acordo com as condições sócio-históricas em que valores, tabus e sanções são transmitidos, introjetados e ressignificados, resultando em posicionamentos diferentes frente ao mundo. Para Saffioti (1992): 124 P si co lo gi a e co m po rt am en to [...] o gênero é uma maneira contem- porânea de organizar normas culturais passadas e futuras, um modo de a pes- soa situar-se em e através destas nor- mas, um estilo ativo de viver o corpo no mundo. (SAFFIOTI, 1992, p.189) O gênero não pode ser entendido apenas como uma resultante das influências das relações sociais estabelecidas ao longo do desenvolvimento. Gênero é uma questão social, política. Ser mulher e ser homem são posições diferentes. Tratar de gênero implica situar a identidade feminina e masculina nas diferentes instâncias sociais. Significa, também, entender que o mundo social impri- me no corpo e na percepção os princípios sociais de divisão, de diferença e de dominação dos homens sobre as mulheres. Encoraja as práticas que convêm a um ou a outro sexo, organi- za as posturas corporais, direciona os impulsos e enaltece os traços que simbolizam os valores que estão de acordo com a vi- são falocêntrica do mundo. Assim, Bourdieu (1995) acrescenta: Não é o falo (ou sua ausência) que é o principio gerador dessa visão do mun- do, mas é essa visão do mundo que, estando organizada (por razões sociais que seria necessário tentar descobrir) segundo a divisão em gêneros rela- cionais, masculino e feminino, pode instituir o falo [...] e basear na objeti- vidade de uma diferença natural entre Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 125 os corpos biológicos à diferença social entre duas essências hierarquizadas. (BOURDIEU, 1995, p.149) O discurso da diferença entre os sexos com identida- des, qualidades, interesses e aptidões particulares engendra a constituição de espaços unicamente reservados ao sexo masculino, restando, à mulher, o investimento na família, no mundo doméstico. Essas ideias encontram ressonância entre os homens, revalidando o seu poder sobre as mulheres e a ex- clusão das mesmas do poder político. Imersos em um espaço de partilha, homens e mulheres, através dos mais diversos instrumentos, códigos e signos, afirmam-se e assumem dis- tintos papéis sociais. Falar do caráter histórico e cultural da construção da identidade só faz sentido quando, independentemente de se negar a diferença biológica entre os sexos, parte-se do pressu- posto de que os homens, para exercerem o domínio, constro- em um quadro de referência subjetivo, no qual é reservado à mulher a submissão, a contemplação, a meiguice, a emoção e a sensibilidade. A eles são atribuídas a objetividade, a compe- titividade, a praticidade, a determinação e a inteligência, den- tre outras características relevantes e valorizadas na maioria das sociedades, em diferentesperíodos da história. Assista ao vídeo Acorda Raimundo e analise os papéis designados às mulheres e aos homens na nossa sociedade: http://vimeo.com/5859490 126 P si co lo gi a e co m po rt am en to Vamos continuar discutindo gênero a partir da análise do conceito de sexualidade e orientação sexual. (4.3) Sexualidade, Gênero e Orientação Sexual Inicie a leitura, respondendo às questões: O que é sexo? O que é gênero? O que é orientação sexual? A sexualidade é um aspecto constitutivo da nossa vida. E o que é sexualidade para você? O conceito de sexualidade humana não pode ser com- preendido sem uma análise das dimensões biológica, psico- lógica, social e histórica das experiências vividas por homens e mulheres. De acordo com Foucault (1988, p. 78), a sexua- lidade é o correlato de uma prática discursiva desenvolvida lentamente, que é a scientia sexualis. As características fundamentais a essa sexualidade não traduzem uma repre- sentação mais ou menos confundida Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 127 pela ideologia, ou um desconhecimento induzido pelas interdições; correspon- dem às exigências funcionais do dis- curso que deve produzir sua verdade. No ponto de intersecção entre uma téc- nica de confissão e uma discursividade científica [...] a sexualidade foi definida como sendo, “por natureza”, um domí- nio penetrável por processos patológi- cos, solicitando, portanto, intervenções terapêuticas ou de normalização; um campo de significações a decifrar; um lugar de processos ocultos por meca- nismos específicos; um foco de relações causais infinitas, uma palavra obscura que é preciso, ao mesmo tempo, desen- cavar e escutar. Compreende-se, com Foucault (1988), que a sexualidade tem uma densidade nas relações humanas que são, também, relações de poder, podendo servir como ponto de manipula- ção, de apoio e de articulação das mais variadas estratégias. A sexualidade, para o autor, é um dispositivo histórico de estraté- gias de saber e poder que envolve a estimulação dos corpos, a intensificação dos prazeres, a incitação ao discurso, a formação dos conhecimentos, o reforço dos controles e a resistência. O autor acrescenta que o dispositivo da sexualidade desenvolveu-se nas margens das instituições familiares, nas instituições religiosas, nas práticas pedagógicas e posterior- mente centrou-se na família. Os pais são os principais agentes de um dispositivo de sexualidade que, no exterior, se apoia nos 128 P si co lo gi a e co m po rt am en to médicos, padres, pedagogos e outros. A família, pela sua pene- trabilidade e sua influência, é fundamental como dispositivo de sexualidade, pois se incumbe de difundir uma sexualidade “que de fato reflete e difrata” (FOUCAULT, 1988, p. 122). Concordando com outros autores, Tereza Fagundes (2005) admite que: Para dar conta do entendimento desta dimensão humana que é a sexualidade, é preciso, contudo, analisá-la como um processo relacional intenso que se fun- damenta, basicamente, em elementos discretos, mas complementares: o po- tencial biológico, as relações sociais de gênero e a capacidade psicoemocional dos indivíduos. Neste sentido, é possí- vel admitir, para uma mais sólida com- preensão, que a sexualidade tenha três grandes componentes: o biológico, o psicológico e o sociocultural. (FAGUN- DES, 2005, p.16) Depreende-se que a sexualidade precisa ser compre- endida na su à complexidade e nas variações que a caracte- rizam. Nos diferentes processos de subjetivação e modos de viver os gêneros e a sexualidade, a dimensão biológica está em sintonia com o corpo, com a dimensão psicológica da se- xualidade e com as condições sociais, culturais e históricas nas quais homens e mulheres estão inseridos. Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 129 De acordo com a determinação genética ou biológica, temos o sexo feminino e o masculino, porém apenas o sexo social, o gênero e suas relações nos permitem refletir sobre as construções simbólicas e históricas de homens e mulheres a partir das diferenças biológicas que norteiam a construção da identidade do sujeito, abarcando a divisão de papéis sociais, a divisão de trabalho, a desigualdade das relações e o acesso aos recursos disponíveis que são compatíveis com o momen- to social e histórico. (4.4) Sexualidade e identidade de gênero: qual é a relação? O conceito de sexualidade se encontra imbricado no conceito de identidade de gênero e ambos perpassam a construção cultural da diferença entre os sexos. O emprego do termo identidade de gênero como um conjunto de tra- ços construídos social e culturalmente, definindo gestos, comportamentos, modos de falar, vestir e agir para homens e mulheres, nem sempre está em consonância com o sexo biológico do sujeito, pois não é uma estrutura fixa, fechada e sem possibilidade de tencionamentos e conflitos. A iden- tidade de gênero é resultante de construções singulares durante o processo de desenvolvimento e socialização do indivíduo, a identidade de gênero está fortemente ligada à representação dos papéis sociais. 130 P si co lo gi a e co m po rt am en to Como analisa Tereza Fagundes (2001): [...] dada a natureza do conceito de gênero como uma categoria social, a identidade e o papel das mulheres e de homens estão afinados com os estereóti- pos culturais, fundamentados nas dife- renças genitais – feminina e masculina – que as transcendem. (FAGUNDES, 2001, p.43) Não há, acrescenta essa autora, uma única forma de explicar a construção da identidade de gênero. Existem as orientações biológica e psicanalítica e, ainda, a abordagem sociocultural para explicar como homens e mulheres cons- troem a sua identidade. (4.5) “Ninguém nasce mulher [...]” Simone Beauvoir (1980, p. 13) sublinha a constituição do feminino como condição social ao postular que “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. A autora evidencia que o sen- timento de soberania dos homens em relação às mulheres é in- ventado pelos adultos e aceito pelos meninos como modo com- pensatório de justificar a diminuição ou ausência de afagos e Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 131 carinhos por conta do crescimento. A partir daí, inaugura-se uma sociedade desigual, em que a superioridade masculina se afirma. Do mesmo modo, a influência da educação e do am- biente desencadeia o desenvolvimento de traços como a passi- vidade, que caracteriza essencialmente a mulher “feminina”. Simone Beauvoir (1980) também afirma que as mulhe- res não têm domínio sobre o mundo masculino porque são ensinadas a serem passivas e a aceitarem a autoridade do ho- mem, não aprendendo a tomar a iniciativa, a manejar a lógica e a técnica. Como o Outro, a mulher desempenha o papel que a sociedade dela espera: ser submissa, dócil e indefesa. A partir de Beauvoir (1980), compreendemos que a análise dos processos e práticas sociais e culturais é im- portante para intervenções nas relações de poder entre homens e mulheres. Admite-se, então, que a pesquisa contemporânea das identidades e sexualidades necessita assumir uma visão ampliada desses assuntos, distanciando-se de uma essência universal,inerente, de impulso biológico. Para compreender as identidades e a sexualidade, é preciso pensar que elas são influenciadas por valores sociais e por questões individuais. Então, não há uma essência universal... A anatomia não é o destino para ninguém, dizem pesquisadores sobre o assunto. E você concorda que, hoje, nós estamos circulando entre os gêneros, como foi comentado por uma estudante numa das aulas de Psicologia e Comportamento? Pense sobre o assunto! Críticas feministas, como Leonore Tiefer (1993) e Mar- gareth Rago (2001), discutem em profundidade as premissas essencialistas que postulam um caráter fixo e eterno à nature- za humana. Insistem que a sexualidade não é biologicamente 132 P si co lo gi a e co m po rt am en to dada, não é uma qualidade humana inerente, não é um ins- tinto, mas, ao contrário, é um modo de ser e de se relacionar a partir da cultura, da história e da organização social. Destaca-se, ainda, que as concepções não biologizantes da sexualidade postulam que, na constituição do sujeito se- xuado, estão imbricadas as diferenças e as desigualdades de classe, raça/etnia, gênero e geração entre homens e mulheres, assim como a dimensão corporal. É, então, ao longo do desen- volvimento que a criança, na interação entre os indivíduos e as estruturas sociais, constrói seu corpo sexuado, que envol- ve um aprendizado sobre o corpo, o gênero e a sexualidade. Com relação à sexualidade, a mesma é vivida pela pessoa individualmente, porém é constituída a partir do campo das relações sociais, da cultura, dos valores e das formas sociais de vida. Numa perspectiva culturalista é pos- sível vislumbrar que os constructos relacionados ao ser mulher surgem em oposição ao significado do ser homem, numa sociedade com esquemas de re- lacionamentos sociais bem definidos; são introjetadas nas meninas e nos meninos, desde muito cedo, em diver- sos âmbitos de suas personalidades e do seu ser social, as dicotomias asso- ciadas à divisão homem-mulher, tais como: caça, coleta, dominação-submis- são, luz-sombra, ciência-magia, razão- -intuição, cultura- natureza, força- Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 133 -fragilidade, para-fora-para-dentro, superioridade-inferioridade, produção- -reprodução, mundo público-mundo privado, de forma a tornar aparente- mente natural, a identidade que, às mulheres e aos homens, foi socialmente imposta. E essas construções sobre o ser homem e o ser mulher interferem dire- tamente em suas vivências sexuais. A mulher pode inibir o seu desejo em con- sequência de ter aprendido a ser pas- siva, paciente, obediente, não ousada. Pode, por outro lado, exacerbá-lo como uma forma de quebrar drasticamente os padrões que lhe foram impostos. O ho- mem que aprendeu a ter o poder sobre a mulher, a mostrar-se viril, forte e sem- pre ativo pode desenvolver erotomania ou, em menor escala, diante de pressões sociais maiores que lhe façam sentir-se pequeno, fraco, sem poder manifestar inapetência sexual. (FAGUNDES, 2008, s.p.) E a orientação sexual? A orientação sexual envolve uma relação entre dese- jo, comportamento e identidade sem linearidade e direção única. Então, não se deve pressupor uma relação direta en- tre o desejo que uma pessoa sente ao seu comportamento sexual e o modo como percebe a si mesmo. “É possível, por exemplo, praticar relações homossexuais sem se considerar 134 P si co lo gi a e co m po rt am en to homossexual ou bissexual, assim como sentir desejos ho- mossexuais sem manter relações homossexuais” (ARAU- JO; PEREIRA, 2009, p. 129). A orientação sexual, analisam Araujo e Pereira (2009), refere-se ao sexo das pessoas que elegemos como objetos de desejo e afeto. A heterossexualidade, a homossexualidade e a bissexualidade são tipos de orientação sexual. A heterosse- xualidade se caracteriza pela atração afetiva, sexual e erótica por pessoas de outro gênero. A homossexualidade diz respei- to à atração afetiva, sexual e erótica por pessoas do mesmo gênero e a bissexualidade, à atração afetiva, sexual e erótica por pessoas do mesmo gênero e do gênero oposto. Utilizamos o termo orientação sexual e não mais opção sexual, pois a definição dos objetos de desejo não resulta de uma opção mecânica e voluntariosa. Os nossos desejos resultam das vivências, construção de sentidos e do contexto social. Informação: Você sabia que, segundo o Censo de 2010, há mais de 60 mil pessoas vivendo com parceiros do mesmo sexo? Casais gays – A pesquisa do IBGE mostra que o Brasil já registra mais de 60 mil pessoas vivendo com parceiros do mesmo sexo. A região Sudeste é a que tem mais casais que se assumiram homossexuais, com 32.202. Em segui- Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 135 da, está a região Nordeste, com 12.196; e a Sul, com 8.034. O número repre- senta 0,2% do total de cônjuges (37,547 milhões) em todo o país. É a primeira vez que o dado foi pesquisado. (http://blog.planalto.gov.br/censo-2010-populacao-brasileira-esta-mais-velha-e-chega- -a-190-755-799/) Retomamos, então, o conceito de “sexualidade como elemento constitutivo da pessoa, é dimensão e expressão da personalidade” (FAGUNDES, 2005, p. 14). Então, com base na autora, compreendemos que a sexualidade manifesta-se in- dependente de qualquer ensinamento e é um modo singular de viver, investir afeto, ser e se relacionar, construído a partir da cultura, da história e da organização social. Vamos finalizar a nossa aula com a leitura do texto: “Estar atenta ao intolerável” – critério significativo para alguém reconhecer o que vale a pena colocar em primeiro plano em sua vida, em suas reflexões e ações. Essa idéia, que não é minha, tomei emprestada de uma estudiosa espanhola chamada Maite Larrauri. Ela parece justificar minhas escolhas acadêmicas e profissionais. Pergunta- da sobre que vem a ser “o intolerável”, Maite responde que não pode ser aquilo que muita gente acha que é, pois “uma das condições do intolerável é que, para a maioria, não é intolerável, mas nor- 136 P si co lo gi a e co m po rt am en to mal” (Larrauri, 2000, p.14). O que eu considero intolerável possivelmente é colocado, por outros ou por muitos, no plano do aceitável, talvez no âmbito do comum ou do “normal”. Desprezar alguém por ser gay ou por ser lésbica é, para mim, intolerável. No entanto, na nossa sociedade, essa parece ser uma atitude comum, corriqueira, tal- vez mesmo “compreensível”. Conviver com um sistema de leis, de normas e de preceitos jurídicos, religiosos, morais ou educacionais que discriminam sujeitos porque suas práticas amorosas e sexuais não são heterossexuais é, para mim, in- tolerável. Mas esse quadro parece repre- sentar, em linhas mais ou menos gerais, a sociedade brasileira. Por isso, sinto-me autorizada a afirmar que a sexualidade ou as tensões em torno da sexualidade constituem-se numa questão que vale a pena colocar em primeiro plano. Vale a pena observar também, imedia- tamente, que o que se coloca aqui é mais do que um problema de atitude. Esta é uma questão que se enraíza e se cons- titui nas instituições, nas normas, nos discursos, nas práticas que circulam e dão sentido a uma sociedade – nes- te caso, a nossa. As formasde viver a Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 137 sexualidade, de experimentar prazeres e desejos, mais do que problemas ou questões de indivíduos, precisam ser compreendidas como problemas ou questões da sociedade e da cultura. (LOURO, 2003, s.p.) SÍNTESE Nesta aula, refletimos sobre temáticas de gênero, se- xualidade e orientação sexual e relações raciais. Vimos que o conceito de sexualidade se encontra imbricado no conceito de identidade de gênero e ambos perpassam a construção cul- tural da diferença entre os sexos, e que há contextos em que predomina o sexismo, o racismo, a homofobia e outras formas de violência. Porém, é preciso sempre explorar e incentivar as redes de compreensão e solidariedade entre todos e, prin- cipalmente, entre aqueles que vivenciam a exclusão social, racial, de gênero e de sexualidade. QUESTÃO PARA REFLEXÃO Assista aos vídeos e responda: Os segredos do casamento, de Stephen Kanitz, disponível em: <http://www.kanitz.com/index_refresh.htm>. Acesso em: 17 ago.2012. Entrevista com Stephen Kanitz, no Programa “Mais Você”, disponível em: <http://www.kanitz.com/entrevistas.htm>. 138 P si co lo gi a e co m po rt am en to Acesso em: 17 ago.2012 Por que alguns grupos não conseguem aceitar o direcionamento sexual de cada pessoa? LEITURAS INDICADAS Negros e Negras Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT): construindo políticas públicas para avançar na igualdade de direitos. “Num momento em que diversos órgãos governamentais buscam avançar na garantia dos direitos e na construção de políticas públicas para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, em suas respectivas áreas de competência, a SEPPIR se engaja nesse esforço criando as condições necessárias em âmbito interno para que a pauta LGBT, legitimamente reivindicada por negras e negros pertencentes a esta parcela da população, possa ser incorporada ao conjunto das ações deste Ministério.” Disponível em: <http:// www.seppir.gov.br/publicacoes>. Acesso em: 17 ago.2012. FAGUNDES, T. Sexualidade humana: causas socio- culturais das disfunções sexuais. Disponível em: <http:// www.sexoemocoes.com.br/index.php/home/41-artigos- rapidos/106-sexualidade-humana-causas-socio-culturais- das-disfuncoes-sexuais>. Acesso em: 17 ago.2012. Se r h um an o: d is cu tin fo re la çõ es ra ci ai s, gê ne ro , se xu al id ad e e o ri en ta çã o se xu al 139 SITES INDICADOS http://www.unifem.org.br/005/00502001.asp?ttCD_CHA- VE=26287 http://www.spm.gov.br/publicacoes-teste/publicacoes-2011 http://www.spm.gov.br/publicacoes-teste/publicacoes/2009/ impacto-da-crise-sobre-as-mulheres.pdf h t t p : / / w ww. s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p? s c r i p t = s c i _ issuetoc&pid=0104-833320110001&lng=pt&nrm=iso http://www.pagu.unicamp.br/node/8 REFERÊNCIAS ARAUJO, A. B. L.; PEREIRA, M. E. Gênero e diversidade na escola: formação de professoras/es em Gênero, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais. Livro de conteúdo. versão 2009. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009 Disponível em: <http://forumeja.org.br/sites/forumeja.org.br/files/sexuali- dade.pdf> Acesso em: 17 ago.2012. BEAUVOIR, S. de. O segundo sexo. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1980. BOURDIEU, P. A dominação masculina. 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