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APONTAMENTOS DE REGIMES E SISTEMAS POLÍTICOS

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APONTAMENTOS DE REGIMES E SISTEMAS POLÍTICOS 
 
 
PROGRAMA: 
 
Matéria para a frequência:  
9. Sistemas eleitorais  
- distinguir os dois grandes tipos de sistemas eleitorais e as suas                     
diferenças;  
- Perceber as consequências políticas;  
 
11. Partidos e sistemas eleitorais (quase tudo)  
- origem dos partidos  
- evolução dos partidos  
- partidos de elite, de massas …  
- 4 famílias político-partidárias com duas importantes: a socialista               
e a democrata cristã   
 
12. Sistemas parlamentares  
- distinguir os tipos de sistemas parlamentares 
- distinguir os tipos de parlamento (arena…) 
- (o parlamento português não foi muito abordado) 
 
13. Sistemas de governo  
- distinguir os tipos de sistema;  
- sistema britânico → importante  
- sistemas de governos mistos → importante também  
- o semi-presidencialismo português não é utilizado como tema               
autónomo, mas pode ser sustentado como exemplo na resposta 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ii. O ESTADO  
 
2.ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO  
 
A EVOLUÇÃO DA CIDADANIA  
O moderno conceito liberal de cidadania provém da Revolução Francesa contrasta                     
com o conceito de cidadania da antiguidade clássica. ​O conceito de cidadania                       
sofreu uma evolução ao longo dos tempos contrastando se assim com o que era de                             
antigamente.  
O conceito de cidadania na antiguidade clássica (conceção romana e grega)                     
reservava apenas ​a uma pequena elite.  
Segundo ​Marshall, ​no seu texto Citizenship and Social Class​, foi no século ​XVII que,                           
na Europa Ocidental, ​surgiram condições históricas que levaram à conquista de                     
direitos civis, garantindo aos cidadãos, a capacidade jurídica de lutar pelos seus                       
direitos, aqueles necessário a liberdade individual. Na verdade, isso corresponde na                     
igualdade de todos os cidadãos perante a lei e traduz se em primeiro lugar na                             
liberdade (consciência, livre opinião, expressão) de propriedade e de segurança                   
onde o cidadão e o sujeito de direito e deveres que foram concebidos e traduzidos                             
como direito do indivíduo face ao estado, contra ele. ​Estes primeiro                     
conjunto/geração de direitos serviam para defender o indivíduo da invasão do                     
estado.  
Na transição do século XIX para o século XX cidadania de passou a significar para                             
além do valor de liberdade, o valor de participação - através de escolaridade                         
obrigatória tanto em termos económico sociais como políticos. Com a escolarização                     
é possível ​uma democratização da democracia porque promove a emancipação e                     
autonomia intelectual das grandes massas.  
De acordo com Marshall, a consolidação desse primeiro grupo de direitos contribuiu                       
para o surgimento, ​por volta do século XIX, da segunda geração de direitos,                         
chamados direitos políticos. ​Esses direitos permitiam a possibilidade de participação                   
na vida política onde o cidadão podia votar como também podia candidatar se e ser                             
eleito. Marshall afirma que a participação política somente se estruturou em                     
Inglaterra após a consolidação dos direitos civis.  
Com a crise do liberalismo, ocorrida no início do século XX fez com que aparecesse                             
uma terceira geração ​de direitos - direitos sociais.  
Além da liberdade e participação, ​a cidadania agora também corresponde ao valor                       
de solidariedade social. O cidadão, sujeito ativo de direitos passa a ser também um                           
sujeito passivo a que se deve direitos. Os direitos sociais se referem ​ao direito mínimo                             
de bem estar social e a sua consolidação só seria alcançada quando todos os                           
cidadãos tivessem acesso a esse mínimo.  
 
------------------------------------------------------------//-----------------------------------------------------  
 
 
 
 
 
 
 
 
E​volução da Cidadania  
Texto do Marshall  
 
Moderna concepção liberal de cidadania que remonta à Revolução Francesa e à 
Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão de 1789 contrasta com a concepção 
de cidadania da antiguidade clássica.  
 
Noção grega de cidadania: ​antítese entre o cidadão e o súbdito, desigualdade entre 
homens e primazia clara entre o cidadão e o súbdito, reservando a cidadania 
prerrogativas de participação na vida da cidade e da elegibilidade para cargos 
públicos excluindo os escravos e estrangeiros.  
 
Conceção romana: ​cidadania significava inclusividade no império e pertencia ao 
Estado. O cidadão era sujeito de direitos , gozava de prerrogativas especiais de 
privilégio. No dealbar da época moderna, a cidadania passou a ser o reverso da 
soberania, cidadãos estavam sob a alçada de uma soberania- implicar uma proteção 
dessa soberania. Sob proteção de um príncipe, estatuto de cidadania pressupunha 
como princípio unificador a subordinação à soberania do príncipe. Cidadania 
traduzia sujeição.  
 
Moderna concepção liberal: igualdade de todos os homens perante a lei e traduz-se 
em primeiro lugar na liberdade- ​o cidadão do primeiro liberalismo é o sujeito de 
direitos e deveres que foram concebidos e traduzidos como direito do indivíduo em 
face do Estado, contra ele.  
 
Cidadania cívica: direitos cívicos ou direitos liberais.​ Estes direitos eram afirmados 
para defender o indivíduo ​da invasão do Estado,​ contra a publicidade invasora do 
Estado, afirmava-se a privacidade cívica do indivíduo , ​possuidor dos direitos de 
liberdade (consciência, livre opinião, expressão), de propriedade e de segurança.  
 
A cidadania como afirmação da liberdade individual, como cidadania da liberdade, 
era contudo e sobretudo uma cidadania para o mercado e não ainda para o Estado. 
dizia tão só respeito à sociedade civil e não ainda à sociedade política- não era 
ainda por isso, democrática. contudo o exercício dessa liberdade confiava-se aos 
proprietários à burguesia, sociedade dos cidadãos era justamente a sociedade 
burguesa. Mas ao longo do séc.XIX assistiu-se a democratização da cidadania.  
 
Cidadania democrática​: com a crescente afirmação dos direitos políticos 
democráticos , chamados os direitos de segunda geração, acima de todos os direitos 
o direito de sufrágio, cada vez mais alargado e universalizado, o direito de 
associação profissional e sindical, o direito de petição e demonstração política e 
social, o direito de igual acesso a cargos políticos.  
 
Este alargamento fez-se com prestações do cidadão ao Estado, como fisco, 
conscrição militar e a escolaridade obrigatória-cresceu na proporção dessas 
prestações.  
 
O alargamento do sufrágio foi feito primeiro com base censitária e capacitaria e 
assumiu formas ponderadas e estratificadas, consoante a capacidade económica e 
intelectual- voto ponderado e estratificado.  
 
Do entendimento elitista da cidadania feita de direitos vividos apenas por alguns 
privilegiados, passou se gradualmente à cidadania de massas integradas na política 
moderna, através das organizações sindicais e dos grandes partidos. Na transição 
do séc. XIX para o sec. XX cidadania passou a significar para além do valor de 
liberdade, o valor de participação-através da escolaridade obrigatória e tanto em 
termos económico-sociais como políticos.  
 
Escolarização da sociedade:​condição de possibilidade da democratização da 
cidadania , porque ​promotora de liberdade e de autonomia dos indivíduos, 
promotorade emancipação e autonomia intelectual e social das grandes massas.  
 
Conscrição militar:​ maior mobilidade geográfica e ocupacional, forma decisiva para 
construção da identidade nacional integrando setores sociais. (até aí confinados a 
horizontes paroquiais).  
 
Associativismo laboral contribuiu para maior organização e também para maior 
autonomia social das grandes massas.  
 
Todos esses fenómenos foram fatores da democratização da cidadania, ampliando 
exercício de participação e a correspondente prestação de deveres. ​Cidadão passou 
a ser todo o votante ou eleitor, passou a ser também todo o soldado​. Cidadão 
soldado faz parte do Estado nação, serviço militar obrigatório e universal fundado na 
dívida para com o estado , reforça o controlo cívico, contrabalança os interesses 
políticos locais com os centrais.  
 
 A crise do liberalismos​ no primeiro quartel do séc. XX, e a​ crise económica financeira 
nos anos 20​, alterou significativamente o papel e a colocação do Estado em relação à 
sociedade, a cidadania vai conhecer nova evolução sobretudo com a formulação dos 
novos ​direitos sociais​. Introduziu-se o ​valor da solidariedade social, de meramente 
cívica ou política, torna-se numa cidadania social. Os direitos sociais são prestações 
que passaram impender sobre o estado, alterando desse modo a sua função.​ O 
estado deixa de ser um simples árbitro para passar a ser interventor curador dos 
direitos do cidadão. Que passou a ser trabalhador ou produtor.  
 
Nova antítese​: a que separa o cidadão do estranho ou do estrangeiro, porque a 
cidadania desenvolve-se no quadro dos Estados Nações, traduziu-se juridicamente 
em nacionalidade. A cidadania moderna repousou assim sobre uma ​demarcação de 
identidades nacionais, sobre a afirmação de uma pertença a uma determinada 
comunidade cívica, política e social: às sociedades nacionais. ​Por isso a quem não 
eram nacionais, com os estrangeiros. Tal como não se partilhavam nacionalidades 
também não se partilhavam cidadanias. ​Não se podia ser cidadão de dois países, 
nem de duas realidades sobrepostas.  
 
 
 
6. A CRISE DO ESTADO  
 
O Estado Nação está hoje atravessado por uma ​crise interna e por uma crise                           
externa. A nível interno​, nos assuntos domésticos o ​Estado está em expansão, devido                         
sobretudo aos programas de bem estar. ​Por isso se fala de pervasividade interna do                           
Estado. Simultaneamente, ao nível externo, no domínio dos negócios internacionais, o                     
Estado ​está em regressão ou contração, revelando-se ​cada vez mais fraco e                       
impotente.​Por isso se reclama a ​redução da dimensão do Estado e , ao mesmo tempo,                             
o seu revigoramento. Enquanto se defende que se deve cortar em certas áreas de                           
intervenção e da despesa do Estado, defende-se ao mesmo o reforço de outras áreas.                           
A redução da dimensão do Estado vai a par com a exigência de reconstrução do                             
poder do Estado. ​Limitar o Estado tornou-se um objetivo para o tornar mais capaz e                             
implementar políticas e legislar.  
  
1. A CRISE DO ESTADO NAÇÃO  
 
O Estado Nação tem vindo a sofrer uma erosão ​por cima e por baixo da sua                               
soberania, pela globalização e pelo desenvolvimento do localismo político​,                 
revelando-se ​demasiado pequeno para enfrentar os grandes desafios e demasiado                   
grande para intervir na resolução dos pequenos problemas. Assistimos a uma                     
progressiva desidentificação do Estado com a Nação. ​Esta não coincidência de                     
Estados e Nação levou a fragmentação de Estados, ​mediante a decomposição dos                       
seus elementos constitutivos, ou à fragmentação política de Nações. Por outro lado                       
assistimos também a uma tendência para a perda de soberania do Estado-Nação,                       
por via da crescente internacionalização da vida económica, político-militar e                   
sócio-cultural.  
 
→ GLOBALIZAÇÃO: Fenómeno económico e financeiro, traduzido na mundialização                 
dos mercados, na internacionalização da divisão do trabalho, na                 
multinacionalização das empresas, acompanhados pela circulação de pessoas, bens                 
e capitais. A intensificação das trocas comerciais, mundialização dos investimentos, a                     
articulação crescente dos sistemas produtivos, a destruição das barreiras                 
alfandegárias, a planetarização das interdependências, têm provocado uma               
substituição da dimensão estadual-nacional dos mercados, por uma mais vasta                   
dimensão transnacional e transcontinental. Os mecanismos económicos há muito                 
que se tornaram mundiais, ​não havendo capacidade dos governos nacionais para                     
impedir ou evitar a repercussão em cadeia dos processos de recessão ou para um                           
controlo exclusivo sobre as economias dos próprios países. ​Há, a este nível, uma                         
clara ​diminuição da autonomia interna e da dependência externa. ​A concentração                     
económica gerou, por seu lado, o aparecimento de grandes empresas multinacionais,                     
que se tornaram relevantes atores da vida económica internacional, muitas das quais                       
com orçamentos superiores aos de muitos Estados, que atuam por cima da                       
capacidade interventora dos governos, condicionando-lhes a atuação. Em suma, ​o                   
Estado-Nação e a sua soberania estão hoje a ser postos em causa por todos estes                             
processos que lhes provoca uma erosão “a partir de cima”​. Por isso se vai falando de                               
corrosão do Estado e do seu enfraquecimento como escalão pertinente do governo,                       
da sua crise de legitimidade.  
 
→ LOCALISMO POLÍTICO: ​A globalização fez desenvolver simultaneamente com a                   
grande dimensão, também, a pequena dimensão. A necessidade de proximidade dos                     
cidadãos e dos seus problemas desenvolveu os níveis elementares de poder e de                         
organização política, ou seja, localismo político. O que se passas é uma diferentes                         
estratificação do espaço, numa base de concentricidade. ​O global e o local deixam                         
de ser incompatíveis para passar a ser concomitantes e coexistentes. ​Um pede o                         
outro. E quanto maior a afirmação do global, mais o local é valorizado. Uma é a                               
consequência do outro. O Estado-Nação, apesar de ver a sua soberania corroída,                       
não desaparece, pelo contrário, continua a ser um ator decisivo na cena                       
internacional, é mesmo um fator imprescindível da globalização e da localização.                     
Verifica-se um reescalamento da soberania. Há uma hierarquia de escalas: o global                       
está parcialmente inserido no nacional, e este no local. ​Há uma interação de forças                           
globais e nacionais. ​O que muda é a função do Estado, com a redução da sua                               
autoridade, e com o surgimento de nova legalidade. 
 
 
  
2. A CRISE DO WELFARE STATE (ESTADO NAÇÃO)  
 
Entre as dimensões mais sublinhadas da crise do Estado está a crise do Estado                           
social.  
 
→ ORIGENS DO ESTADO SOCIAL 
Não foram os países que primeiro admitiram a liberdade de associação sindical os                         
primeiros a admitir o Estado Social. A fazê-lo, não foram os países de mais precoceindustrialização, o que permite igualmente concluir o que a ​introdução da proteção                       
social não é uma reação a novas formas de industrialização. ​A primeira metade do                           
século.XX generalizou e alargou os sistemas de proteção social, em quase todos os                         
países da Europa. Com o aparecimento dos ​direitos sociais, chamados direitos de                       
terceira geração, ​a par com o reforço da autoridade do Estado, formulam-se novas                         
exigências sociais e atribui-se ao Estado cada vez mais o papel de prestador desses                           
direitos. O pós-guerra viu nascer em muitos países o Welfare State, com promulgação                         
dos direitos sociais da terceira geração. Nos países mais desenvolvidos o Estado                       
tornava-se prestador fundamental dos novos proclamados direitos sociais. A                 
cidadania, construída para libertar o cidadão do Estado, era agora garantida pelo                       
Estado. ​O Estado foi assim sobrecarregado de funções sociais​. Passou a entender-se                       
que a solidariedade acima de tudo, era da competência do Estado, passando a                         
sociedade a desempenhar um papel meramente supletivo. Perverteu-se desse modo                   
a função do Estado, cujo papel, em relação à sociedade deveria ser de respeito pelo                             
princípio da solidariedade. ​A função de solidariedade social, primariamente da                   
sociedade, e só supletivamente do Estado, acabou a ser conferida ao Estado, como                         
se ele fosse capaz de realizar a justiça social, reconhecendo-se à sociedade uma                         
mera atuação de suporte ou de reforço da intervenção social. ​Desse modo se                         
desresponsabilizou a sociedade dos deveres de solidariedade que sobre ela                   
impendem. 
 
 
→ MODELOS DE ESTADO SOCIAL  
Três tipos distintos de Estado-social na Europa:  
 
- Estado Social Liberal: ​o que primeiro foi instituído por liberais, e hoje                       
prevalece em países de forte tradição liberal (USA, UK), e que assenta                       
sobretudo em soluções de mercado. Encoraja provisões privadas, limitando as                   
responsabilidades públicas às falhas graves do mercado. ​Encoraja os                 
cidadãos a optar pelo mercado privado de Welfare, ​enquanto o governo                     
procura reforçar testes de rendimento. ​Os benefícios tendem a ser                   
condicionados pelo trabalho, constituindo por isso um incentivo ao trabalho e                     
ao crescimento do emprego.  
 
- Estado Social Conservador: ​também apelidado de continental, a que mais                   
certamente poderíamos chamar Estado-social subsidiário, por ser devedor da                 
Doutrina Social da Igreja, e prevalece em países católicos (Alemanha, França) e                       
que atribui particulares responsabilidades as famílias. A família absorve                 
muitos dos riscos da exclusão social. É um Welfare mais familiarista, onde a                         
segurança assume particular importância. A segurança social protege               
particularmente os que têm emprego segura, ​com impacto na rigidificação do                     
mercado de trabalho, com ​prejuízo para os que estão fora do mercado de                         
trabalho, dificultando o ingresso nele, ​sendo também menos favorável à                   
emancipação da mulher.  
 
- Estado Socialista ou Social Democrata: ​fortemente estatista, que prevalece                 
nos países nórdicos, que faz o Estado o ​prestador por excelência ou exclusivo                         
dos direitos sociais, ​e põe ênfase no pilar governamental. ​Favorece o indivíduo                       
mais do que a família, e a sua independência, diminuindo as obrigações da                         
família. ​Diminui a sua dependência do mercado e aumenta a do Estado.                       
Assenta em rendimentos universais garantidos, procurando fazer face a                 
desempregos de longa duração, e atendendo em particular crianças, doentes                   
e idosos. ​É mais custoso, e procura maximizar o emprego e a emancipação da                           
mulher.  
 
 
→ CONSEQUÊNCIAS DO ESTADO SOCIAL 
A primeira consequência do desenvolvimento do Welfare State foi o ​crescimento do                       
aparelho do Estado, ​o gigantismo organizativo e burocrático, que se traduziu em:                       
aumento da produção legislativa, da regulação social; aumento dos impostos e da                       
intervenção fiscal do Estado; crescimento do funcionalismo público; aumento da                   
burocracia estatal. ​Este aparelho de Estado motivou uma crise do poder, quer em                         
termos de eficácia, quer em termos de legitimidade. ​Crise de eficácia, porque o                         
Estado, aumentando nas suas funções, estruturas, recursos e despesas, perdeu                   
mobilidade e agilidade, vendo-se progressivamente incapaz de responder               
cabalmente aos problemas da complexificação e diferenciação da sociedade, a todas                     
as exigências que lhe foram sendo sucessivamente formuladas. O aumento das                     
despesas sociais acabou a comprometer o desenvolvimento económico, com o                   
aumento dos impostos e o crescimento da dívida pública, inibindo o investimento.  
Crise de Legitimidade: ​a par desta crise de eficácia, outra crise de legitimidade se                           
produziu. ​A evolução das expetativas e das reivindicações sociais em relação ao                       
Estado, fez aumentar a decepção do seu não cumprimento, afetando a sua                       
credibilidade e autoridade política. ​A visão demiúrgica da política sobrecarregou o                     
Estado de procura social.  
 
 
→ A CRISE DO ESTADO SOCIAL EM PORTUGAL 
O modelo de Estado Social plasmado na Constituição é um modelo fortemente                       
estadualizado, pois que, segundo ele, aos direitos sociais proclamados correspondem                   
a ações ou prestações do Estado, verdadeiras obrigações do Estado. É um modelo,                         
inicialmente, de tendência ​coletivista, que decorreu das ​nacionalizações de inúmeras                   
instituições privadas de solidariedade social, que secundariza a sociedade e o seu                       
papel, ​entendida como supletiva do Estado. A evolução económico-social tem vindo                     
porém a pôr em causa a sustentabilidade deste modelo.  
 
→ CRISE DA CIDADANIA  
Assistimos mais recentemente a uma nova reformulação da cidadania, com a                     
emergência de novos direitos , que não poderão ser satisfeitos mais no quadro                         
demasiado estreito do Estado-Nação, ​e novos e exigem um mais vasto                     
enquadramento global, por um lado, e novos e mais exíguos enquadramento global,                       
por um lado, e novos e mais exíguos enquadramentos subnacionais ou locais, por                         
outro. ​A cidadania traduz, nas sociedades de consumo de hoje, cada vez mais, o                           
valor de qualidade de vida, direitos de 4ªgeração, ​do respeito por si próprio, pelos                           
outros, e pela natureza. O sujeito destes novos direitos da vida e do ambiente, de                             
qualidade, de participação mais intensa, de excelência, é agora sobretudo o                     
consumidor. ​Ora estes novos direitos do consumidor não encontram satisfação no                     
simples quadro nacional. ​Problemas como o da segurança nuclear, o da segurançados oceanos contra os derrames petrolíferos, o do buraco do ozono,, e outros, não                           
são resolúveis por um só Estado - Nação, mas num quadro global e mundial. Por                             
outro lado, a cidadania, ao deixar de ser apenas nacional, está a deixar de ser                             
exclusiva e incompatível com outras cidadanias. A multiculturalidade das sociedades                   
ocidentais desliga definitivamente também cidadania de nacionalidade, pluralizando               
as cidadanias, ou seja, configurando, por um lado, cidadanias plurinacional e                     
pluriculturais e, por outro lado, cidadanias múltiplas. A cidadania é pois um conceito                         
polissémico e uma realidade plurifacetada. ​Cidadania quer dizer liberdade,                 
participação igualitária, solidariedade social, qualidade de vida. ​Cidadania quer                 
também dizer nacionalismo e patriotismo, enquanto pressupõe Estado-Nação e a sua                     
defesa, identificação com a comunidade nacional, com a sua tradição cultural e o                         
seus valores sociais. 
 
→ CRISE DAS RELAÇÕES ESTADO-SOCIEDADE: ​O Welfare State gerou a ​socialização da                       
política e a estadualização da sociedade, a mercantilização da política e a                       
politização da economia, provocando ​alterações na demarcação entre esfera                 
pública e esfera privada, ​originou o aparecimento de uma economia mista e de uma                           
política mista, com a desprivatização da economia e a despublicização do Estado. O                         
princípio político da direção foi introduzido na vida económica e a lógica do mercado                           
do Estado. O Welfare State significou um contrato social, um compromisso entre                       
liberdade económica e igualdade social, entre a economia de mercado e dirigismo                       
estatal, entre capital e trabalho. Ora dá-se hoje a erosão social das partes, com a                             
complexificação e diversificação dos interesses do trabalho e do capital, pela crise de                         
representação e de mediação de interesses, quer social quer política. A crise do                         
sindicalismo de indústria é, simultaneamente, uma crise de agregação de interesses,                     
uma crise de mobilização, e uma crise de identidade das subculturas profissionais e                         
laborais. 
  
 
 
   
III. REGIMES POLÍTICOS   
 
TEORIAS DO TOTALITARISMO E AUTORITARISMO 
 
Destacando a comparação estrutural, diferenciam politologicamente regimes             
independente das suas ideologias, agregando de um lado as ditaduras estalitinistas                     
e nazis, e do outro as ditaduras que não conseguiram idênticos níveis de dominação. 
Apesar do nazismo e bolchevismo terem posições diferentes perante a Revolução                     
Francesa, ​partilham da mesma filosofia iluminista da história: o triunfo da                     
Racionalidade e da Ciência sobre o obscurantismo. ​Aquilo que diferencia as                     
ditaduras contemporâneas das do passado é o facto de ​serem ditaduras de partido.                         
Daí que para a sua caracterização, seja indispensável analisar esta diferença                     
constitutiva, nomeadamente em certos aspetos: ​relação partido-estado; formas de                 
dominação e repressão; concentração do poder e competitividade; ideologia e                   
mobilização política; condições de possibilidade do totalitarismo.  
 
→ RELAÇÃO PARTIDO-ESTADO: ​As ​ditaduras totalitaristas ​são ditaduras de                 
movimento, ​que visam destruir o Estado, criando para isso um ​dualismo de                       
estruturas, mas em que as do Estado se subordinam às do partido. ​O partido,                           
entendido como movimento é a fonte originária do poder e assume uma função de                           
direção. O ​totalitarismo ​é o contrário à ​divinização do Estado é a absolutização do                           
seu poder, ​logo é anti hegeliano. As ​ditaduras autoritárias são ditaduras de partido                         
que visam assumir o poder de Estado, ocupar as suas estruturas. O partido                         
subordina-se ao Estado, que se absolutiza. ​O partido tem apenas um poder derivado                         
e desempenha uma função de suporte.  
 
→ FORMAS DE DOMINAÇÃO E REPRESSÃO: ​A ​dominação totalitária é mais vasta, mais                         
intensa e é a maior repressão. ​O totalitarismo é um regime de terror indistinto, que                             
visa cidadãos indefesos e inofensivos, e não apenas opositores. O monopólio do                       
poder não é apenas político mas também social. ​A dominação autoritária é mais                         
reduzida e menos intensa. Por isso a ​repressão é menos forte, mais seletiva, atingindo                           
apenas os que se manifestam contra, a oposição organizada, a crítica pública. ​Visa                         
tão só reprimir, colocar liberdade, mas não eliminá-la. O monopólio do poder                       
pretende-se apenas político.  
 
→ CONCENTRAÇÃO DO PODER E COMPETITIVIDADE: ​Nos regimes totalitários, a                   
concentração do poder é maior. Existe um único centro do poder e total ​ausência de                             
competitividade. ​A situação é de monismo político e social. Nos regimes autoritários,                       
conhece-se ​algum pluralismo, vários centros de poder, alguma competição simulada                   
ou controlada.  
 
→ IDEOLOGIA E MOBILIZAÇÃO POLÍTICA: ​Os regimes totalitários são fortemente                   
ideologizados, de grande e intensa mobilização política. Conhecem a apoteose da                     
política, que tudo invade. Tudo se politiza. ​O totalitarismo significa a invasão da                         
sociedade civil pela sociedade política, ​a destruição da fronteira entre a Sociedade e                         
a Política, entre o poder administrativo e o poder político. Em vez de funcionários                           
públicos existem comissários políticos. O totalitarismo militariza a política e                   
subordina as Forças Armadas à política. Os autoritarismos têm uma ​ideologia                     
conservadora de contenção de massas, visam o seu enquadramento mais do que a                         
sua mobilização. ​Querem a sociedade organizada e despolitizada. ​Separam o                   
político do social. Pretendem a mera ​fiscalização de comportamentos e não a sua                         
estandardização. São regimes mais pragmáticos e pouco ideológicos. O                 
autoritarismo politiza as Forças Armadas, confere-lhes poder político.  
 
→ CONDIÇÕES DE POSSIBILIDADE DO TOTALITARISMO: ​O totalitarismo só é possível                     
em sociedade de massas. Só a ​massificação das sociedades as atomiza e                       
desintegra,a ponto de tornar possível a sua mobilização intensa. ​Por outro lado, o                         
totalitarismo exige massas dispensáveis, que tornem possível a estratégia de terror                     
em que se baseia. O totalitarismo exige também novas técnicas de destruição. Não é                           
fácil exterminar multidões, o que exige tecnologia de extermínio eficiente.  
 
 
MODELOS DE AUTORITARISMO: AUTORITARISMO CONSERVADOR E           
AUTORITARISMO MODERNO (FASCISMO)  
 
Gino Germani contrapõe o autoritarismo conservador e tradicionalista ao                 
autoritarismo moderno/modernização e mobilização (participação). O processo de               
modernização traduzir-se-ia numa ​crescente secularização (passagem de umasociedade com predomínio de comportamentos prescritivos a comportamentos               
eletivos). ​numa mobilização social, traduzida em amplo processo de participação, em                     
ordem a uma mudança económica, no sentido da industrialização.  
 
→ FASCISMO, AUTORITARISMO MODERNO: ​O fascismo italiano teria ​modernização                 
como propósito, ​a mobilização como estratégia. E visaria o expansionismo das                     
nações proletárias, em termos internacionais. O que motiva a emergência de formas                       
autoritárias modernas é a tensão estrutural entre o processo de secularização e a                         
necessidade de núcleos mínimos de natureza prescritiva para manter a integração                     
nacional. Essencial no autoritarismo moderno é o facto de que o objetivo da                         
socialização e da ressocialização planificada é a transformação de toda a população                       
em militante ideológico, em participante ativa, porque a industrialização moderna                   
requer esta participação generalizada. O nacionalismo autoritário moderno surge em                   
países de débil nation-building, por via da recente e incompleta unificação.  
 
→ AUTORITARISMO CONSERVADOR: ​É reacionário, seria recuperador do               
tradicionalismo, procura integrar a nação na tradição e visaria em termos externos, o                         
integracionismo defensivo do seu património histórico. 
 
 
 
8. TEORIAS DA DEMOCRACIA  
5 teorias que deram contributos importantes para conseguir definir as condições                     
necessárias para avaliarmos se estamos perante uma democracia ou não. 
 
1. A DEMOCRACIA SEGUNDO TOCQUEVILLE: REGIME DE LIBERDADE E IGUALDADE                 
DE CONDIÇÕES  
 
Define democracia como ​um regime de liberdade política e de igualdade de                       
condições ou de oportunidades, oposto por isso à aristocracia. Utilizando um                     
método indutivo, a partir da observação, e comparativo, conclui pela formulação de                       
modelos tipo de sociedades, caracterizadas não apenas por características sociais                   
políticas, mas também morais. 
 
A democracia pressupõe ​uma sociedade mais igualitária, com maior igualdade de                     
oportunidades, e um governo fundado na soberania popular e na liberdade política.                       
A democracia é favorecida por relações sociais menos hierarquizadas e por costumes                       
brandos, porque nela os cidadãos se assemelham na maneira de viver e de encarar o                             
mundo. Os democratas têm um gosto pela liberdade e uma paixão pela igualdade.                         
Governo democrático é aquele em que o povo tem maior parte nele, mas também um                             
sistema de maior autorregulação. 
 
Papel importante na separação e no controlo do poder joga a liberdade de imprensa,                           
tal como a religião contribui para o auto-controle da sociedade. Desligando do                       
poder, a religião é um poderoso aliado da liberdade. É a autorregulação democrática                         
que impede a Revolução e a ausência dela que a favorece. 
 
 
2. A TEORIA DO MANDATO CONCORRENCIAL DE J.SCHUMPTER  
 
Democracia é o sistema institucional de tomada de decisões políticas, em que os                         
indivíduos adquirem poder de estatuir sobre as decisões na sequência de uma luta                         
concorrencial por votos do povo. O que implica: 
- Possibilidade de respeitar a escolha dos governantes feita pelo povo em                     
eleições. A monarquia parlamentar é democrática.  
- Consagra e não ignora o papel da liderança e a possibilidade de a substituir  
- Não despreza as vontades colectivas automaticamente expressas  
- Competição pela direção política: livres candidaturas em competição por votos                   
livres  
- Regime de liberdade: cada um se pode candidatar contra o poder, �com                       
liberdade de discussão e de imprensa  
- Poder de gerar um governo e de o derrubar, pelo eleitorado  
- Vontade da maioria e não vontade do povo – as rédeas do governo �confiadas                           
aos que forem mais votados �A democracia não significa que o povo governe                         
efetivamente, mas, que o povo aceita ou afasta os homens chamados a                       
governar, através da livre concorrência entre candidatos aos postos de                   
comando, pelos votos dos eleitores. Subordinação do governo aos votos do                     
parlamento e do corpo eleitoral. Cria profissionais da política, que converte em                       
“homens de Estado”. 
 
❖ Condições de sucesso da democracia: 
• Material humano de qualidade: uma classe política selecionada,experiente, treinada                   
• O domínio efetivo das decisões politicas não deve ser exageradamente vasto, mas                         
limitado as questões que o grande publico pode compreender e sobre os quais pode                           
ter opinião 
• Um processo democrático deve dispor dos serviços de uma burocracia bem                       
treinada, gozando de boa reputação, apoiada em sólidas tradições, dotada de                     
sentido vigoroso do dever e de espírito de corpo: uma burocracia forte para guiar e                             
instruir os ministros políticos 
• Auto-controlo democrático – enquadramento de opiniões, disciplina de partido,                   
respeito pelas legislaturas 
 
 
3. OS PRESSUPOSTOS ECONÓMICO-SOCIAIS DA ORDEM DEMOCRÁTICA DE S.LIPSET
 
Para Lipset a democracia é o sistema político que oferece oportunidades                     
constitucionais regulares para a mudança dos funcionários governantes, e um                   
mecanismo social que permita a maioria da população influir nas principais decisões                       
mediante a escolha entre contendores para cargos políticos. Exige pois: 
 
• Uma fórmula política 
• Um conjunto de líderes políticos • Uma oposição 
 
➢ Pré-requisitos económico-sociais da democracia: • Uma sociedade igualitária 
 
• Modernização�: A estabilidade das democracias depende da legitimidade e da                     
eficácia; condição avaliativa e instrumental. As crises de legitimidade dão-se nas                     
mudanças de estrutura social e com as crises de ingresso na política de novos                           
estratos sociais.  
 
4. TEORIA POLIÁRQUICA DA DEMOCRACIA DE ROBERT DAHAL 
 
A principal característica da democracia é a contínua responsabilidade do governo                     
perante as preferências dos seus cidadãos, considerados politicamente iguais. Para                   
haver responsabilidade, os cidadãos devem ter oportunidade de: 
- Formular as suas preferências 
- Manifestá-las ao governo por ações individuais e colectivas�- Ver as suas                       
preferências igualmente consideradas no �comportamento do governo, sem               
discriminação por causa do �conteúdo ou fonte dessa preferência � 
 
➢ Condições da democracia: 
• Liberdade para formar e entrar em organizações  
• Liberdade de expressão 
• Direito de voto 
• Elegibilidade para cargos políticos  
• Direito para os líderes políticos competirem em votações  
• Fontes de informação alternativa 
• Eleições livres e isentas 
 
• Instituições governamentais dependentes do voto e de outras � expressões de                       
preferência� Regimes políticos: ​dependem da inclusividade e da contestação pública,                 
ou seja, da participação e da liberalização. � 
 
➢ Teoria da poliarquia: O poder não é soma-zero, algo que uns têm e outro não. Aspoliarquias seriam regimes onde o poder estaria disseminado(difuso). Todos temos                   
poder, o poder está disseminado na sociedade, o poder está distribuído de forma                         
desigual, mas todos tempo poder.O estrato político não é homogéneo, mas pluralista                       
e diversificado nas sociedades industriais.. As poliarquias são de elevada                   
participação e oposição, inclusão e competição. 
 
➢ As modernas democracias representativas são uma poliarquia porque são: 
 
• Governos de representação 
• De extensão ilimitada 
• Com limites a participação democrática 
• Diversidade política dos seus habitantes 
• Multiplicam-se as clivagens e os conflitos políticos • Pluralismo de grupos sociais e                           
organizações 
• Expansão dos direitos individuais� 
 
➢ Poliarquia distingue-se por duas características: - A cidadania entende-se a uma                       
alta proporção de adultos 
- Os direitos de cidadania incluem o de se opor e votar os mais altos cargos do                               
governo (oposição) 
 
➢​ Instituições da poliarquia: 
- Cargos eleitos. Controlo sobre o governo e suas decisões através de �eleições 
- Eleições livres e justas, sem coerção 
- Sufrágio inclusivo, alargado a todos os adultos 
- Direito de candidatura aos lugares 
- Liberdade de expressão sem repressão 
- Informação alternativa: outras fontes 
- Autonomia de criar associações �Poliarquia é um sistema político que em que                         
existem as seguintes condições: 
 
➢ Durante o período eleitoral: 
- Todos os membros da organização realizam os actos que se considera serem                       
uma expressão de preferência entre as alternativas 
- Ao ordenar as preferências, o valor atribuído à escolha de cada indivíduo é                         
idêntico  
- A alternativa com maior número de votos é declarada vencedora 
 
➢ No período pré-eleitoral: 
- Qualquer membro que apreende um conjunto de alternativas, uma das quais é                       
encarada como preferível às outras, pode inserir a sua preferência entre as                       
alternativas postas à votação  
- Todos os indivíduos possuem idêntica informação acerca das alternativas � 
 
➢ No período pós-eleitoral:� 
• As alternativas com o maior número de votos destituem as �alternativas com menos                           
votos 
• As ordens dos eleitos são executadas 
 
➢ Durante o período entre eleições: 
- Todas as decisões entre eleições são subordinadas às chegadas durante o                       
período eleitoral, isto é, as eleições estão controlando; ou novas decisões                     
durante este período são governadas pelas precedentes 7 condições,                 
operando contudo sob circunstâncias institucionais bem diferentes. 
 
 
IV. SISTEMAS POLÍTICOS  
 
9.SISTEMAS ELEITORAIS   
 
PÁGINA 147 À 201 DA POLÍTICA COMPARADA  
 
1. O estudo científico dos fenómenos eleitorais 
a) ​Origens e evolução da sociologia eleitoral  
 
2. Alargamento e democratização do sufrágio 
a) Modelos de evolução  
3. Sistemas Eleitorais  
 
A escolha de um sistema eleitoral é uma das decisões institucionais mais importantes                         
para qualquer democracia.Na maioria dos casos, a escolha de um sistema eleitoral                       
em particular ​tem um profundo efeito na futura vida política do país em questão. ​A                             
escolha de um sistema político é um processo fundamentalmente político e por isso é                           
considerada a base de todo o sistema político​. Assim tem um impacto significativo no                           
enquadramento político e institucional mais amplo : é importante ver os sistemas                       
eleitorais não isoladamente. A sua conceção e os seus efeitos dependem                     
grandemente de outras estruturas dentro e fora da constituição.  
 
Os sistemas eleitorais são atualmente vistos como uma das mais influentes                     
instituições políticas, e de importância crucial para questões mais amplas de                     
governação.  
 
Sistemas eleitorais: ​Os sistemas eleitorais expressam os votos de uma eleição geral                       
em assentos conquistados pelos partidos e candidatos, ou seja, de forma mais                       
simples é o mecanismo de transformação de votos em mandatos.  
Possuem 2 objetivos: 
● Eleição de representantes → função espelho 
● Escolha de governantes → função de seleção 
 
Os sistemas eleitorais têm pois uma ​função legislativa - eleições legislativas e uma                         
função política - eleições políticas​. Ora estas duas funções dos sistemas eleitorais                       
que são: a​ssegurar a governabilidade e a eficácias, por um lado, e a                         
representatividade e legitimidade, por outro, são de difícil compatibilização.                 
Sistemas que servem bem para escolher governantes não servem tão bem para                       
escolher representantes, e vice-versa. ​Não há pois resposta para a questão de saber                         
qual é o melhor sistema eleitoral. 
 
As ​três variáveis​ que permite distinguir os diferentes sistemas são: 
● a fórmula eleitoral usada: ​isto é, se é usado um sistema de maioritário,                         
representação proporcional, misto ou outro e qual é a fórmula matemática                     
aplicada para calcular a atribuição dos assentos;  
● fórmula matemática​: método do resto maior (Método de hamilton) 
Método da maior média (Hondt)  
● estrutura do boletim de voto​: se o eleitor vota num candidato ou num partido,                           
e se o eleitor faz uma escolha única ou expressa uma série de preferências;  
● ​magnitude do círculo eleitoral​: não quantos eleitores vivem no círculo                     
eleitoral, mas quantos representantes da legislatura esse círculo eleitoral                 
elege.  
 
 
Uninominal → um único lugar a preencher             
Plurinominal →​ pede-se aos eleitores que designem vários eleitores ao mesmo tempo  
Os ​sistemas maioritários são seguramente melhores ​para garantir a governabilidade                   
e a estabilidade, e os sistemas de representação proporcional para obter                     
representatividade. O sistema maioritário é mais ​eficaz , o sistema proporcional mais                       
justo​. ​Mas um sistema democrático não é apenas o que bem representa, mas também                           
o que proporciona um bom sistema de tomada de decisões.  
 
Não existe um sistema perfeito, cada sistema vai ter as suas vantagens e defeitos, o                             
que devemos buscar é o aperfeiçoamento para que se escolha um modelo onde as                           
vantagens superem os defeitos, de acordo com a questão cultural, com os problemas                         
do país , com as vantagens e os defeitos medidos de acordo com a realidade desse                               
país.  
 
--------------------------------------------//-----------------------------------------  
No mundo, ​existem duas grandes famílias de sistemas eleitorais: maioritário e 
proporcional. Eles refletem duas visões diferentes do que a representação dos 
cidadãos. Nos sistemas maioritários prevalece a relação direta entre um pequeno 
conjunto de eleitores e o seu deputado, enquanto que os sistemas proporcionais dão 
mais importância aos partidos: num sistema proporcional os eleitores geralmente 
sentem-se representados pelos membros do partido que votaram. 
No entanto, há que ter em conta que os efeitos do sistema eleitoral dependem em 
grande parte da cultura política do país em que se aplica. O sistema maioritário, que 
produziu grandesresultados no Reino Unido, pode não funcionar tão bem aplicada à 
política dos países do Sul da Europa, por exemplo. Além disso, os sistemas 
proporcionais são usados em toda a Europa e há claras diferenças na qualidade de 
cada democracia de países que usam o mesmo sistema eleitoral. 
 
A) SISTEMAS MAIORITÁRIOS  
 
TEXTO → ​“Os Processos de Escrutínio” de Jean Marie Cotteret e Claude                       
Emeri  
 
Sistema maioritário: trata-se de um processo de eleição/votação em que o                     
candidato que obtiver maior número de votos é proclamado eleito. O                     
escrutínio maioritário pode ser uninominal e plurinominal. 
Esse processo pode ser de​ uma ou de duas voltas.   
 
O sistema maioritário uninominal a uma só volta ​corresponde aquele em que o                         
candidato fica à frente quando ganha por maioria simples. O sistema maioritário                       
mais antigo é o inglês.  
O sistema maioritário uninominal a duas voltas ​exige a obtenção de maioria absoluta                         
para se ser eleito. Se essa maioria for conseguida na primeira volta, o candidato é                             
eleito. Caso contrário, processa-se uma segunda volta, à qual concorrem apenas do                       
dois candidatos mais votados. É o sistema vigorado em França.  
O sistema maioritário é, regra geral, um sistema de single-member constituency ou                       
circunscrição uninominal, muito embora com o tempo tivesse adotado também a                     
modalidade de circunscrição plurinominal, em duas versões:  
- ou de lista completa ou lista bloqueada plurinominal, ou maioritário de lista →                         
em que cada circunscrição distrital era eleita toda a lista vencedora (Portugal                       
em 1885 e no Estado Novo) 
- ou ainda de lista incompleta plurinominal → destinado a proteger as minorias,                       
permitia às minorias, que não conseguissem representação em nenhum                 
círculo, juntar os votos dispersos, para obter representação própria (Inglaterra                   
em 1867, Espanha em 1878, Itália em 1882, e Portugal em 1884). 
- voto alternativo → o eleitor manifesta preferências gradativas, de primeira,                   
segunda ou terceira escolha 
- voto único não transferível → cada eleitor tem um único voto mas em                         
circunscrições plurinominais, ou seja escolhe, entre um certo número de                   
nomes, apenas um desses nomes. (Japão) 
- voto limitado → as circunscrições se elegiam por vários deputados 
 
O que caracteriza os sistemas maioritários é precisamente, como o nome indica, o                         
favorecimento de maiorias parlamentares e governamentais, contribuindo para a                 
governabilidade e para a estabilidade governamental. Por isso se diz que são bons                         
para escolher governantes.  
Os sistemas maioritários concentram o voto em menos partidos, favorecendo                   
claramente os mais votados. Promovem o bipartidarismo, em detrimento dos menores                     
partidos.  
Em segundo lugar, os sistemas maioritários, porque baseados, na sua maioria, em                       
circunscrições uninominais, são sistemas de voto em pessoas e não em listas ou                         
partidos, apesar de esses nomes serem apresentados em ligação a partidos.                     
Pessoalizam a candidatura e o voto, o que permite uma maior identificação e                         
proximidade dos eleitores com os seus eleitos, dos cidadãos com as instituições, e um                           
controlo muito maior dos eleitores sobre os seus deputados.  
Desse modo, o controlo do partido sobre os deputados é muito menor. O deputado                           
tem uma autonomia muito maior sobre o partido. O partido não consegue tão grande                           
influência sobre os deputados, e faz crescer a dos deputados no partidos, fazendo                         
ressaltar as suas qualidades, e elegendo os melhores. O sistema maioritário diminui a                         
partidocracia.  
Por outro lado, o sistema maioritário valoriza o centro político, pragmatiza os                       
partidos, exerce pressão centrípeta sobre eles, porque ganha as eleições quem mais                       
se posicionar ao centro. O maioritário desencoraja a extremação ou polarização                     
ideológica dos partidos, convida-os à moderação das suas propostas, e a                     
pragmatização dos seus programas.  
Nesse sentido, o sistema maioritário valoriza os votos dos indecisos que estão ao                         
centro, e oscilam em dar o seu voto a um dos dois partidos que alternadamente                             
disputam a vitória eleitoral.  
Por último, o sistema maioritário proporciona maior turnover, ou substituição dos                     
deputados, e por conseguinte favorece maior rejuvenescimento dos parlamentos.  
 
 
 
SÍNTESE:  
No sistema eleitoral maioritário deputado é eleito num círculo uninominal. Isto                     
significa que um número relativamente pequeno de eleitores, normalmente alguns                   
milhares, escolhem só a um deputado para representá-los no Parlamento. Os                     
candidatos de diferentes partidos (ou incluso independentes) participam das eleições.                   
Ganha a cadeira que recebe mais votos, de modo que torna-se o único representan-                           
te desse eleitorado. 
Isso tem implicações importantes para os partidos. Primeiro, os grandes partidos                     
tendem a obter uma quantidade percentual muito maior de deputados que a                       
percentagem de votos obtidos. Isso ajuda a facilitar a maioria parlamentar para                       
formar o Governo. Na verdade, daqui vem o nome: num sistema maioritário é provável                           
que um partido obtenha a maioria para governar. Mas isso muitas vezes impede que                           
partidos menores alcancem representação parlamentar. A consequência de tudo isso                   
é que, nos sistemas majoritários tendem a ser dois grandes partidos que se alternam                           
no governo. Além disso, o facto de que o mérito de ter sido eleito seja do deputado,                                 
pois trabalhou individualmente para sua eleição, faz com que os deputados tenham                       
uma grande força no partido. Isto significa que os partidos são mais abertos e, neles,                             
a direção do partido tem menos poder. 
Os sistemas maioritários mais conhecidos estão no Reino Unido (Câmara dos Com) e                         
nos Estados Unidos (Congresso). Há muitos outros países que usam variantes do                       
sistema majoritário: França, Canadá, Argentina, etc. 
 
 
 
 
 
B) SISTEMAS DE REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL  
 
TEXTO → ​“Os Processos de Escrutínio”​, de Jean Marie Cotteret e Claude                       
Emeri;  
“​II. Da Democracia Verdadeira e Falsa: Representação de Todos ou Somente                     
da Maioria”​, de John Stuart Mill  
 
Sistema de Representação Proporcional: ​No sistema de representação proporcional                 
não ganha apenas o que fica à frente, mas todos ganham, na proporção dos votos                             
obtidos. Há uma maior, e mais equitativa distribuição dos lugares. 
Este sistema é, necessariamente, plurinominal, ou seja, vota-se numa lista partidária. 
O eleitor, em vez de votar num só candidato, distribui os candidatos da sua                           
preferência numa lista, por ordem de preferência. Um candidato é eleito quando                       
atinge o número correspondente ao quociente eleitoral de Andrae, traduzidopela                     
divisão do número de votantes pelo número de deputados. Os votos sobrantes desse                         
deputado eleito transitavam para o segundo nome das preferências. Foi introduzido                     
na Dinamarca e, tambºem em inglaterra.  
Assim, é uma alternativa ao sistema maioritário, pelo qual haveria vários deputados a                         
eleger (uma lista) numa única circunscrição nacional, dispondo o eleitor apenas de                       
um voto, no qual ordena as suas preferências (voto ordinal). O apuramento far-se-ia                         
pela divisão de todos os sufrágios validamente expressos pelo número de lugares a                         
concurso e, pela divisão dos resultados obtidos pela lista de cada partido por esse                           
quociente, fazendo eleger tantos deputados quantos o quociente dessa segunda                   
divisão. Se o candidato obtiver mais votos que os necessários para ser eleito, os votos                             
excedentários são distribuídos na proporção das segundas preferências.   
 
→ voto único transferível, é um sistema muito semelhante ao do voto alternativo, pois                           
equivale a um sistema de votações sucessivas numa circunscrição unipessoal, mas de                       
uma só vez. Só que, em vez de um só eleito, este método permite a eleição de vários.                                   
Cada eleitor tem um voto, independentemente do número de lugares.  
 
 
Os sistemas de representação proporcional distribuem melhor a representação                 
parlamentar pelas várias forças políticas. Os parlamentos proporcionais espelham                 
mais fielmente a diversidade de opiniões num país Nesse sentido, a representação                       
proporcional é um sistema mais justo e equitativo. A proporcional aumenta a                       
representatividade e, por conseguinte, a legitimidade. Por isso se diz que servem                       
melhor para escolher representantes, embora à custa da obtenção de maiorias, o                       
que dificulta a governabilidade. 
O sistema proporcional leva mais forças políticas ao parlamento, fraciona mais a                       
representação, permitindo que um maior número de partidos tenham assento                   
parlamentar. Desse modo, é um sistema que permite mais facilmente a representação                       
de minorias, e de minorias extremas ou muito radicais.  
Da mesma maneira é um sistema que ideologiza o sistema partidário, favorece a                         
extremação de posição, ou a polarização do espectro partidário, e reduz a                       
maleabilidade negocial dos partidos, rigidifica o sistema de partidos, e enfraquece o                       
pragmatismo.  
Sendo necessariamente sistemas de listas, são sistemas que valorizam os partidos                     
que apresentam essas listas, aumentando assim a partidocracia. Os eleitores votam                     
em partidos, em listas e não em pessoas. O voto é partidarizado e impessoalizado. Os                             
eleitores não escolhem deputados mas limitam-se a homologar as escolhas de nomes                       
feitas pelos partidos, operação que alguém já apelidou de “secret garden of politics”,                         
que resulta de difícil negociação entre o centro e a periferia partidária, entre a                           
direção nacional e as “distritais” dos partidos. 
Esta prevalência dos partidos, faz com que os deputados sejam meros “títulos em                         
carteira” dos partidos, e gozem de muito menor autonomia. Regista-se um muito                       
maior controlo dos deputados pelos partidos. Os próprios partidos são pulverizados                     
e enfraquecidos, até internamente (sobretudo quando vigora o sistema de                   
preferências em lista aberta ou não bloqueada). Os partidos vÊm enfraquecida a sua                         
responsabilidade, e tornam-se muito mais ideológicos e dogmáticos, e por                   
conseguinte menos coligacionáveis.  
Os círculos tendem a ser maiores, o que também afasta mais os cidadãos dos seus                             
eleitos, tornando muito difícil que os eleitores saibam quem foram os que elegeram,                         
sobretudo nas grandes circunscrições e, não consigam desse modo exercer controlo                     
sobre a sua atividade parlamentar. A proporcional afasta cidadãos de deputados. 
Ao reforçar os partidos e a partidocracia, a proporcional promove a oligarquização                       
interna dos partidos, e a sua rigidez organizativa, deteriorando desse modo a sua                         
democracia interna. 
Existem diversos modos de temperar, moderar ou corrigir os efeitos nefastos da                       
proporcionalidade, sobretudo a excessiva dispersão da representação . 
Em primeiro lugar, ​a cláusula de barreira (5% na Alemanha e Rússia, 4% Ucrânia e                             
Bulgária, 3% em Espanha), que impede as mais pequenas formações políticas de                       
aceder ao Parlamento, evitando o efeito fraccionalizador e polarizador da                   
proporcionalidade.  
Em segundo lugar, a “moção de censura construtiva” 
 
 
 
Distribui proporcionalmente, ou seja, um partido que tenha por exemplo, 10% dos 
votos tenha assim 10% das cadeiras (um partido que tenha 10%, elega 10% dos 
deputados)  
Garante que haja uma proporção entre os partidos,  
protege as minorias partidárias  
O sistema eleitoral mais utilizado no mundo.  
SÍNTESE:  
O sistema eleitoral proporcional, que usamos em Portugal e Espanha, está                     
caracterizado pela representação parlamentar com base na relação que os eleitores                     
podem estabelecer com os membros do partido da sua escolha. Os deputados são                         
apresentados em listas de partidos, que podem ser fechadas ou desbloqueadas, e                       
são eleitos por um círculo eleitoral, mas é tão ampla e há tantos deputados eleitos                             
que a representação directa própria dos sistemas majoritários esvaece-se.  
A grande vantagem do sistema proporcional é a garantia que adquirem os partidos                         
concorrentes nas eleições pela que a percentagem de deputados obtidos será                     
semelhante à porcentagem de voto. Isso resulta em parlamentos ideologicamente                   
muito equilibrados, com vários partidos representados neles. Num sistema                 
proporcional são escassos os eleitores que não encontram um partido no Parlamento                       
que não se adapte às suas preferências ideológicas. 
O problema é que os sistemas proporcionais tendem a gerar partidos fechados cuja                         
direcção tem um grande poder. Este facto anula o papel da maioria dos deputados. 
O sistema eleitoral proporcional é utilizado em muitos países da Europa continental.                       
Alguns exemplos são a Itália, Espanha, Portugal, Holanda, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
C)SISTEMAS MISTOS  
 
Sistemas Mistos: ​São sistemas mistos os que tentam conciliar as vantagens dos                       
anteriores, minorando os correspondentes defeitos. “Empregam pelo menos duas                 
diferentes fórmulas - maioritário e proporcional - simultaneamente numa mesma                   
eleição, na condição de os representantes eleitos graças a uma delas serem pelo                         
menos 5% dos eleitos graças à outra (Chiaromonte). Têm vindo a crescer em todo o                             
mundo, sobretudo nas novas democracias.  
Na maioria dos casos, sobrepõem dois níveis de atribuição de lugares, sendo um                         
nominal ou pessoal e outro delista (Shugart & Wattemberg), territorialmente distintos. 
Se essas duas fórmulas agem independentemente uma da outra, temos ​“sistemas                     
mistos de combinação dependente” ​(Chiaromonte).  
Temos ainda sistemas mistos de correção, quando os lugares proporcionais são                     
atribuídos para corrigir as distorções provocadas pelo maioritário, e sistemas mistos                     
condicionais, em que uma fórmula só entra em jogo se os resultados da aplicação da                             
outra não respeitam as condições pré- estabelecidas. O mais conhecido é o ​sistema                         
alemão. 
 
 
 
O SISTEMA PROPORCIONAL PERSONALIZADO DA ALEMANHA 
 
Considerado por muitos como os dos mais conseguidos sistemas do mundo, e por 
isso imitado por muitas reformas, que nele se inspiram, o sistema alemão é 
“maioritário nas premissas, mas proporcional nos seus feitos”.  
 
SÍNTESE: 
Um terceiro tipo de sistema eleitoral, o sistema misto. Neste sistema, os deputados 
são eleitos de duas maneiras diferentes: em círculos uninominales e círculos amplos 
que garantem um resultado proporcional para os partidos. Os dois tipos de 
deputados coexistem no Parlamento e podem acolher ao eleitores de diferentes 
maneiras. Dependendo se há mecanismos que garantam a proporcionalidade, 
falamos de ou de . 
O primeiro tipo, o proporcional, é usado na Alemanha. Ela é usada tanto para o 
Parlamento Federal (Bundestag) como nos parlamentos dos estados federais. Ele foi 
recentemente introduzido no Reino Unido (parlamentos da Escócia e País de Gales). 
Os politólogos consideram frequentemente o sistema misto proporcional como uma 
fusão num só sistema das vantagens dos sistemas proporcionais e majoritários: 
proximidade entre eleitores e eleitos e variedade de partidos com representação 
parlamentária. 
 
 
SISTEMA ELEITORAL EM PORTUGAL 
 
O sistema eleitoral para a Assembleia da República é proporcional. Criam-se listas 
eleitorais fechadas que os partidos e coligações de partidos apresentam nos círculos 
eleitorais. A distribuição de cadeiras é feito de acordo com um método matemático 
chamado "Regra de Hondt". 
 
 
 
4. Sistemas Eleitorais e Sistemas Partidários  
 
a) Crítica da proporcionalidade  
 
A representação proporcional foi avançando em muitos países europeus, à medida                     
que a democracia de massas ia alastrando por virtude da universalização e da                         
igualitarização do sufrágio. 
Ao não exigir a maioria para se vencer uma eleição, a representação proporcional                         
facilita a multiplicação dos partidos, ao contrário do sistema maioritário que                     
promove a sua concentração.  
Para além disso, a representação proporcional radicaliza os partidos, enquanto o                     
sistema maioritário os modera, obrigando os extremismos ao compromisso, e                   
destruindo desse modo os radicalismos. Esta moderação do maioritário tende a                     
lubrificar o aparelho da democracia, levando a partidos a colaborar entre si,                       
fomentando a homogeneidade de opiniões e interesses, indispensável ao governo                   
democrático, contrariando os efeitos desagregadores da sociedade. A representação                 
proporcional alimenta o extremismo, debilita a própria oposição, e dificulta a                     
formação de governos estáveis.  
A representação proporcional dá aos partidos uma estrutura rígida doutrinária,                   
ideologiza-os, enquanto o sistema maioritário os pragmatiza, tornando-os               
semelhante, e pessoalizando a disputa eleitoral. A proporcional contribui contribui                   
para a desresponsabilização governativa dos partidos, pois permite que alguns deles                     
nunca tenham a experiência de governar.  
Por outro lado a representação proporcional permite o agrupamento de partidos em                       
torno de interesses económicos, o que raramente acontece no sistema maioritário,                     
sacrificando com facilidade a esses interesses particulares os interesses nacionais.                   
Para além de que deteriora a elite política, sacrificando a qualidade do pessoal                         
político à qualidade do ideário ou do programa.  
 
A representação proporcional tende a multiplicar o número de partidos. Estimulando                     
a criação de novos partidos.  
Mas, para além desta influência sobre o número dos partidos, os sistemas eleitorais                         
também influem sobre a estrutura interna dos partidos e sobre a sua dependência                         
recíproca, ou seja, sobre o sistema de alianças. 
 
 
5. Sistemas Eleitorais e Sistemas Políticos  
 
Os sistemas políticos têm influência não apenas sobre os sistemas de partido mas                         
também sobre todo o sistema político, e mais precisamente sobre as formas de                         
governo.  
No entanto, a adoção de um determinado sistema eleitoral depende do estado de                         
homogeneidade ou de fracturação da sociedade civil.  
 
 
a) Impacto dos sistemas eleitorais nos sistemas parlamentares  
 
Os sistemas eleitorais que geram sistemas de partidos fortes ou fracos tenderão a                         
configurar os parlamentos.  
Assim os sistemas eleitorais de representação proporcional, que favorecem a                   
partidocracia e fortes influências dos partidos nos sistemas políticos, proponderão a                     
criar parlamentos arenas, onde se privilegia a função política de debate. Por seu lado,                           
os sistemas maioritários, que tendem a reforçar o poder dos deputados,                     
enfraquecendo os partidos, produzirão mais facilmente parlamentos             
transformadores, em que a função legislativa é sobrevalorizada.  
 
 
 
b) Formas de governo e sistemas eleitorais  
Os sistemas de governo condicionam a opção de sistemas eleitorais. Os sistemas                       
presidenciais ou semi presidenciais exigem sistemas maioritários uninominais para                 
escolha direta do chefe de Estado ou de governo e, com eles, democracias                         
maioritárias. Nos sistemas semi-presidenciais, a par da eleição direta do Chefe de                       
Estado está também a eleição direta do parlamento, que aponta para outras                       
possibilidades.  
Já os sistemas de governo parlamentares, onde os executivos são designados                     
indiretamente, coexistem tanto com os sistemas de representação proporcional como                   
com sistemas maioritário. 
 
11. PARTIDOS E SISTEMAS PARTIDÁRIOS  
 
Os partidos são condição indispensável da democracia, que se organiza através                     
deles.A democracia do Estado moderno é por isso uma democracia indireta, de                       
partidos, ou parlamentar.  
Os partidos nasceram com o governo representativo, ou seja, com o pluralismo do                         
parlamentarismo liberal, quando se começaram a formar frações nos parlamentos.  
Outrora haviam existido fações, mas não propriamente partidos. O que distingue                     
partidos do liberalismo das anteriores fações tradicionais, ou dos clubes e comités, é                         
o seu carácter permanente, a sua estrutura organizativa rígida, e não flexível.  
Os partidos do parlamentarismo são formas de mediação estrutural e duradoura                     
entre os parlamentares e os eleitores, entre a sociedade civil e o Estado. A                           
estatização dos partidos, a sua transformação em órgãos do Estado, ocorre apenas                       
mais tarde, com o aparecimento do “Estado de partidos”, resultante da interaçãoentre o sistema de partidos e o Estado, e com a constitucionalização dos partidos. 
 
 
Natureza de mediação dos partidos 
O pluralismo da representação política começou por se traduzir no aparecimento de                       
fações e, só mais tarde estas evoluíram para a forma de partidos. 
 
Partidos políticos : ​Organizações políticas que estabelecem a mediação entre a                   
sociedade e o Estado, entre a sociedade civil e a sociedade política, que apresentam                           
e traduzem as mensagens sociais ao Estado, em termos políticos e, reapresentam e                         
traduzem as mensagens políticas do Estado a sociedade em termos sociais.                     
Conformam politicamente a sociedade e configuram socialmente o Estado. São                   
instituições de mediação política e social, que agregam, combinam e representam os                       
interesses e as opiniões políticas numa dada sociedade. Os partidos são uma                       
expressão da modernidade, que concretizam uma das suas dimensões, que é a da                         
mobilização política e da participação política. 
b) Funções dos partidos 
- ​Função de agregação e combinação política 
- Função de representação  
- Função de seleção de candidatos e recrutamento de pessoal político  
- Funções de educação e socialização política 
- Função de regulação de conflitos 
- Função tribunícia 
- Função de legitimação-estabilização  
- Função de revezamento político de autoridades de substituição 
 
c) Organização de partidos 
São organizações que tendem a institucionalizar-se para além dos seus fundadores,                     
dotando-se de autonomia própria. 
 
 
 
12. SISTEMAS PARLAMENTARES 
 
Funções e tipos de parlamentos 
 
Parlamentos ​– o órgão do poder legislativo, onde se reúnem, para esse efeito, os                           
representantes eleitos do povo. 
 
Funções: 
o ​Função legislativa – ​consiste na transformação em leis as propostas de lei e os                             
projectos de lei do governo e dos vários grupos parlamentares representados no                       
parlamento. 
o ​Função de representação política do povo – ​diversamente de outras formas de                         
representação (corporativa; geográfica – regional, estadual), a representação               
parlamentar é estritamente política. 
o ​Função de controlo político do governo e da administração pública. 
 
Consoante desempenhem mais acentuadamente a função política ou a função                   
legislativa, segundo Nelson Polsby, ​constituem-se assim parlamentos arenas ou                 
parlamentos transformadores. 
Arenas – ​o método principal é a discussão; pressupõem partidos fortes, que fazem do                           
plenário o seu centro, pois são parlamentos de discussão política. 
Parlamentos transformadores – o método principal é a negociação; pressupõem                   
partidos fracos, valorizam o espaço das comissões onde se desenrola o principal                       
trabalho da função legislativa, através da negociação. 
 
Parlamentos Arenas e Parlamentos Transformadores 
Dentro dos parlamentos, podemos distinguir entre parlamentos arenas e                 
parlamentos de transformação, consoante o grau de independência de influências                   
exteriores. Os parlamentos são arenas ou transformadores consoante desempenham                 
mais acentuadamente a função política ou a função legislativa. 
Parlamentos transformadores serão aqueles que possuem uma capacidade               
independente para transformar proposta por leis. Adotam como método principal a                     
negociação. Este tipo de parlamento pressupõe partidos fracos, valorizam sobretudo                   
o espaço das comissões onde se desenrola o principal trabalho da produção                       
legislativa, através da negociação. Nos partidos transformadores, as formas de                   
deliberação são mais baseadas na consulta e na negociação, a ter lugar nas                         
comissões. Para estes são mais relevantes a estrutura interna e as normas de                         
funcionamento. A análise destes partidos pede o estudo das estruturas das                     
comissões e os processos de nomeação, os processos de socialização institucional e                       
a percepção e regulação dos interesses pelas legislaturas e a disposição dos grupos                         
informais legislativos. O que mais influi na independência e na capacidade                     
transformativa dos parlamentos tem a ver com os partidos parlamentares, tomando                     
em consideração três variáveis: quanto mais ampla a coligação abraçada pelos                     
grupos parlamentares dominantes, mais transformativos são os parlamentos; quanto                 
menos centralizada e hierárquica for a gestão dos partidos parlamentares, mais                     
transformativos são os parlamentos; quanto menos fixa e assegurada for a                     
composição das maiorias parlamentares em sucessivas questões específicas, mais                 
transformativos são os parlamentos. 
Por sua vez, as arenas são mais abertas à interferência das forças políticas                         
significativas na vida do sistema política. Os parlamentos arenas adotam como                     
método principal a discussão. Este tipo de parlamentos pressupõem partidos fortes,                     
que fazem de plenário o seu centro, porque são parlamentos de discussão política. As                           
arenas caracterizam-se por comissões parlamentares truncadas e pela importância                 
da composição social dos parlamentos. Nestes parlamentos, o impacto das forças                     
externas é decisivo para o resultado legislativo. Por fim, para compreender as arenas                         
é fundamental a base social dos legisladores, o recrutamento parlamentar, os grupos                       
de pressão, os partidos extra- parlamentares, a organização dos partidos e o debate. 
 
 
 
Sistemas parlamentares: monocamaralismo e bicamaralismo 
Monocamaralismo – ​particularmente usado em países de pequena extensão                 
territorial e de reduzida dimensão demográfica, e de acentuada homogeneidade                   
étnica e cultural, funcionando como substituto da segunda Câmara, o Conselho de                       
Estado ou as direcções partidárias. Principalmente adoptado pelos estados unitários                   
e não federais. Defendido como sendo mais democrático, e porque a divisão do                         
legislativo é vista como um obstáculo ao progresso e ás reformas, os conflitos entre                           
câmaras enfraquecem os 
Patrícia Lemos 
parlamentos; atacado por ser mais típico de situações revolucionárias por permitir                     
decisões imponderadas; facilitar a tirania e o despotismo. 
Bicamaralismo - ​mais frequente em países de grande extensão ou de maior                       
heterogeneidade, sobretudo pelos estados federais. Defendido por corrigir excessos                 
e abusos da primeira câmara, por emprestar ao processo legislativo maior                     
competência e experiência, e evitar a precipitação de decisões em matéria legislativa 
Pode ter várias modalidades: 
Bicamaralismo assimétrico: ​a câmara alta difere de sistema de formação ou                     
constituição, e de competências. 
Bicamaralismo desigual: ​a câmara alta é igualmente eleita, mas com desigualdade de                       
competências. 
Bicamaralismo integral ou simétrico ou congruente: ​as duas câmaras com igual                     
processo de formação e idênticas competências. 
 
 
Partidos e grupos parlamentares 
1. Génese dos grupos parlamentares​: meados do

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