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GOVERNADOR VALADARES - MG 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO Autores: Ana Luiza de Souza Vieira Paulo César Machado Vinícius Soares PRODUÇÃO TEXTUAL DISCIPLINAR DPR065GV – INSTITUIÇÕES DE DIREITO II Seminário de Estudos Tema: NOÇÕES DE DIREITO CONTRATUAL Professora: Marina Características Gerais do Contrato (Artigos 421 a 480 do Código Civil) 1 – Noções Introdutórias – Definição de Contrato A doutrina é unânime em apontar que tão antigo como o próprio ser humano é o conceito de contrato, que nasceu a partir do momento em que as pessoas passaram a se relacionar e a viver em sociedade. A própria palavra sociedade traz a ideia de contrato. Na origem etimológica o vocábulo contrato indica a existência de um vínculo jurídico de vontades com vistas a um determinado objeto. No latim o verbo contrahere passa a contractus, que traduz o sentido de ajuste, convenção ou pacto, ou seja, um acordo de vontades como a finalidade de criar direitos e obrigações. Numa visão simples, contrato é a regulação de um acordo entre duas ou mais pessoas para um fim qualquer. Ou ainda, o trato em que duas ou mais pessoas assumem certos compromissos ou obrigações, ou asseguram entre si algum direito. Assim, o contrato é um ato jurídico bilateral, dependente de pelo menos duas declarações de vontade, cujo objetivo é a criação, a alteração ou até mesmo a extinção de direitos e deveres de conteúdo patrimonial. Os contratos são, em suma, todos os tipos de convenções ou estipulações que possam ser criadas pelo acordo de vontades e por outros fatores acessórios. Toma o conceito de contrato, fazendo-o com grande precisão. Vejamos, então, a excelência dos conceitos apresentados pelos nossos maiores civilistas de ontem, hoje e sempre. Entre os clássicos, Clóvis Beviláqua afirma ser o contrato “o acordo de vontade de duas ou mais pessoas com a finalidade de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direito” (Código…, 1977, p. 194). Para Orlando Gomes o contrato é “o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes à observância de conduta idônea à satisfação dos interesses que a regularam” (Contratos…, 1996, p. 10). Washington de Barros Monteiro conceitua o contrato como sendo “o acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir um direito” (Curso…, 2003, p. 5). Entre os contemporâneos, Álvaro Villaça Azevedo, seguindo o conceito italiano, conceitua o contrato como sendo “manifestação de duas ou mais vontades, objetivando criar, regulamentar, alterar e extinguir uma relação jurídica (direitos e obrigações) de caráter patrimonial” (Teoria…, 2002, p. 21). Anote-se que esses são conceitos clássicos de contrato. Todavia, diante das profundas alterações pelas quais vem passando o instituto, alguns autores, como Paulo Nalin, propõe um conceito pós-moderno ou contemporâneo de contrato. Para o doutrinador paranaense, o contrato constitui “a relação jurídica subjetiva, nucleada na solidariedade constitucional, destinada à produção de efeitos jurídicos existenciais e patrimoniais, não só entre os titulares subjetivos da relação, como também perante terceiros” (Do contrato…,2005, p. 255). Na mesma linha, seguem os ensinamentos de Maria Helena Diniz, “contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial”. Interpretação dos Contratos As regras básicas de interpretação do contrato encontram-se nos artigos 112, 113 e 114 do CC. Pelo que dispõe o artigo 112 mais vale a intenção das partes do que a literalidade do contrato. O artigo 113 reforça a incidência do princípio da confiança na relação contratual. Da Formação dos Contratos (Artigo 427 a 435 do Código Civil) A formação dos contratos passa por três momentos: – Negociações preliminares; – Proposta; – Aceitação. 2 – Requisitos de Existência e Validade Contratual O contrato, como qualquer outro negócio jurídico, sendo uma de suas espécies, igualmente exige para a sua existência legal o concurso de alguns elementos fundamentais, que constituem condições de sua validade. Os requisitos são de duas espécies: de ordem geral ou de ordem especial. Os de ordem geral são aqueles comuns a todos os atos e negócios jurídicos, como a capacidade do agente, o objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e a forma prescrita ou não defesa em lei (art. 104 CC). Os requisitos de ordem especial são aqueles peculiares das relações contratuais que é o consentimento recíproco ou acordo de vontades. O consentimento deve ser livre e espontâneo, sob pena de ter a sua validade afetada pelos vícios ou defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude. Foi criada pelo grande jurista Pontes de Miranda a teoria que concebeu de forma exemplar a estrutura do negócio jurídico, analisando os seus elementos constitutivos. Trata-se do que se convencionou denominar de Escada Ponteana (figura abaixo). A construção desta escada foi concebida, originariamente, a partir das discussões em seu grupo de estudos, sendo uma de suas linhas de pesquisa. Pois bem, o negócio jurídico, na visão de Pontes de Miranda, é dividido em três planos: – Plano da existência – Plano da validade – Plano da eficácia. No plano da existência estão os pressupostos para um negócio jurídico, ou seja, os seus elementos mínimos, seus pressupostos fáticos, enquadrados dentro dos elementos essenciais do negócio jurídico. Nesse plano há apenas substantivos sem adjetivos, ou seja, sem qualquer qualificação (elementos que formam o suporte fático). Esses substantivos são: agente, vontade, objeto e forma. Não havendo algum desses elementos, o negócio jurídico é inexistente, conforme defendem os doutrinadores que seguem à risca a doutrina de Pontes de Miranda, caso de Marcos Bernardes de Mello (Teoria… Plano…, 2003). No segundo plano, o da validade, as palavras indicadas ganham qualificações, ou seja, os substantivos recebem adjetivos, a saber: agente capaz; vontade livre, sem vícios; objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita e não defesa em lei. Esses elementos de validade constam do art. 104 do Código Civil. Na realidade, não há menção à vontade livre, mas é certo que tal elemento está inserido no plano da validade, seja na capacidade do agente, seja na licitude do objeto do negócio. O negócio jurídico que não se enquadra nesses elementos de validade, havendo vícios ou defeitos quanto a estes, é, por regra, nulo de pleno direito, ou seja, haverá nulidade absoluta. Eventualmente, o negócio pode ser também anulável, como no caso daquele celebrado por relativamente incapaz ou acometido por algum vício do consentimento. Por fim, no plano da eficácia estão os elementos relacionados com as consequências do negócio jurídico, ou seja, com a suspensão e a resolução de direitos e deveres relativos ao contrato, caso da condição, do termo, do encargo, das regras relacionadas com o inadimplemento, dos juros, da multa ou cláusula penal, das perdas e danos, da resolução, da resilição, do registro imobiliário e da tradição (em regra). De outra forma, nesse plano estão às questões relativasàs consequências e aos efeitos gerados pelo negócio em relação às partes e em relação a terceiros. Logicamente, a Escada Ponteana indica que o plano seguinte não pode existir sem o anterior. Elucidando, para que o negócio ou contrato seja eficaz, deve ser existente e válido, em regra. A importância da matéria é inquestionável. Todas as vezes que foi mencionada a expressão negócio jurídico, poder-se-ia substituir por contrato, pois todo contrato é negócio jurídico. 3 – Vícios Redibitórios (Artigo 441 a 446 do Código Civil) Conceitos e Características Os vícios redibitórios são defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que diminuem o valor ou prejudicam a utilização da coisa recebida e a tornam imprópria ao uso a que se destina (artigo 441 do CC). O principal aspecto deste vício é o fato dele ser oculto, recôndito, ou seja, não aparente. Se for aparente, não se tratará de vício redibitório. Para que se configure o vício redibitório são necessários os seguintes requisitos: o defeito além de ser oculto, não aparente; deve ter se dado por causa anterior a celebração do contrato; e deve consistir em perda ou deterioração do bem. Ou ainda, vícios redibitórios são aqueles defeitos ocultos da coisa, imperceptíveis no momento da celebração do contrato, causados em decorrência de fato anterior a celebração do contrato. Caso o alienante não saiba do vício, estando de boa-fé, com a sua manifestação, ele responderá somente pelo vício redibitório. Caso ele soubesse da existência do defeito, responderá pelo vício redibitório, bem como por perdas e danos. Se o alienante é comunicado da existência do vício não mais poderá reclamá-lo porque aí ele deixou de ser oculto, assumindo o risco o adquirente. De acordo com Caio Mário, o vício redibitório trata-se de “um defeito oculto de que é portadora a coisa objeto de contrato comutativo, que a torna imprópria ao uso a que se destina, ou lhe prejudica sensivelmente o valor. Não se aproxima ontologicamente o conceito de vício redibitório da ideia de responsabilidade civil. Não se deixa perturbar a sua noção com a indagação de conduta do contraente, ou apuração da sua culpa, que influirá, contudo, na graduação dos respectivos efeitos, sem aparecer como elementar da sua caracterização”. Os elementos caracterizadores ou requisitos do vício redibitório são: – A existência de um contrato comutativo (translativo da posse e da propriedade da coisa). – Um defeito oculto existente no momento da tradição. – A diminuição do valor econômico ou o prejuízo à adequada utilização da coisa. EVICÇÃO: É a perda do bem por decisão judicial transitada em julgado ou por ato administrativo, que o atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. Não é defeito, é perda do bem. Todo alienante é obrigado não só a entregar ao adquirente a coisa alienada, como também a garantir-lhe o uso e o gozo. Dá-se a evicção quando o adquirente vem a perder total ou parcialmente, a coisa por sentença fundada em motivo jurídico anterior. Trata-se de cláusula de garantia que opera de pleno direito, não necessitando, pois, de estipulação expressa. Inexiste, em regra, responsabilidade pela evicção nos contratos gratuitos (artigo 552 CC), salvo se se tratar de doação com encargo. Assim, são requisitos caracterizadores da evicção: a perda do bem por sentença judicial; a causa deve ser anterior ao negócio celebrado; a perda deve ser total ou parcial. Fundamentos da garantia contra os vícios redibitórios De acordo com a doutrina de Orlando Gomes, o fundamento jurídico da garantia legal contra os vícios redibitórios baseia-se em três teorias: – Teoria da evicção parcial – a evicção consiste na perda da propriedade de um bem, móvel, ou imóvel, por força do reconhecimento judicial ou administrativo do direito anterior de terceiro. – Teoria do erro – seria o caso de anular o contrato, se houvesse identificação, o que, nos termos das regras positivas em vigor, não ocorre. Erro e vício redibitório não se devem confundir, pois o primeiro tem dimensão subjetiva ou psicológica e o segundo é de natureza objetiva. – Teoria do risco – segundo essa teoria, a garantia legal contra os vícios redibitórios decorreria da própria lei, que imporia ao alienante os riscos pelos eventuais defeitos ocultos existentes na coisa. Só se excluirá a responsabilidade do adquirente pela evicção se houver cláusula expressa, não se admitindo cláusula tácita de não garantia. Podem as partes, por essa forma, reforçar ou diminuir a garantia, e até mesmo excluí-la, como consta do artigo 448 do CC. Não obstante a cláusula de exclusão de garantia, se a evicção se der, tem direito o evicto a recobrar o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu (artigo 449 CC). A cláusula de irresponsabilidade, por si só, exclui apenas a obrigação do alienante de indenizar as demais verbas, mencionadas ou não no artigo 459 do CC, mas não a de restituir o preço recebido. A previsão legal de vícios redibitórios encontra a sua justificativa jurídica na noção maior de garantia contratual. E essa garantia decorrente dos vícios redibitórios é tal que o artigo 444 do CC chega ao ponto de impor responsabilidade ao alienante, ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se tal perecimento decorrer do vício oculto, já existente ao tempo da tradição. Ou seja, se a coisa vier a ser destruída ou se extinguir, em virtude do próprio defeito, já existente quando da tradição, ainda sim o adquirente terá o direito à compensação devida. Por fim: excluída a garantia, se o adquirente, posto que informado, não assume expressamente o risco da evicção, pode ele perdida a coisa, reaver do alienante o que por esta havia pago Vícios redibitórios X Erro como vício de consentimento Vício redibitório e erro, por mais que sejam conceitos muitos próximos, não devem ser confundidos. O erro expressa uma equivocada representação da realidade, uma opinião não verdadeira a respeito do negócio, do seu objeto ou da pessoa com quem se trava a relação jurídica. Este defeito do negócio vicia a própria vontade do agente, atuando no campo psíquico. Diferente é o vício redibitório, garantia legal prevista para contratos comutativos em geral. Ele não toca o psiquismo do agente, incidindo, portanto, na própria coisa, objetivamente considerada. Consequências jurídicas da verificação de vícios redibitórios Depois de verificada a incidência de vício redibitório, a teor do artigo 442 do CC, abre-se, para o adquirente, duas possibilidades: – Rejeitar a coisa, redibindo o contrato (via ação redibitória). – Reclamar o abatimento no preço (via ação estimatória). No primeiro caso, o adquirente propõe, dentro do prazo decadencial previsto em lei, uma ação redibitória, cujo objeto é o desfazimento do contrato e a devolução do preço pago, podendo inclusive pleitear o pagamento das perdas e danos. Já no segundo, o adquirente, também dentro do prazo decadencial da lei, prefere propor ação para pleitear o abatimento ou desconto no preço, em face do defeito verificado, o que se denomina ação estimatória. Ambas as ações são espécies das ações edilícias, existindo uma relação de alternatividade, ou seja, um concurso de ações: o adquirente somente poderá promover uma ou outra, visto que comportam pedidos excludentes entre si. Ações Edilícias (artigo 442 do CC) São as ações que o adquirente pode se valer para reclamar o vício redibitório em face do alienante. Ações edilícias é gênero que possui duas espécies: Redibitória e Estimatória (estimativaquanti minoris). Elas são usadas conforme a perda do adquirente. Quando o defeito gera diminuição parcial do bem, nessa hipótese o adquirente pode optar pela devolução do bem com a restituição do valor pago, voltando as partes ao status quo ante, através da ação redibitória. Ou então, optar por ficar com a coisa, exigindo, o abatimento no preço proporcional a diminuição funcional da coisa (ação estimatória). Em caso de perda total a ação cabível será sempre a redibitória por razões lógicas, afinal, não se pode reclamar por uma diminuição do bem quando ele se perde totalmente. Prazo para a propositura das ações edilícias: para o ajuizamento das ações edilícias, ação redibitória ou ação estimatória, é decadencial; trinta dias no caso de bens móveis, e de um ano no caso de bens imóveis, contados nos dois casos a partir da tradição. Se o adquirente já estava na posse do bem, o prazo é contado a partir da alienação, pela metade (artigo 445 do CC). Podem os contratantes, no entanto, ampliar convencionalmente o referido prazo. Interessante ainda observar o § 1° e § 2° do art. 445 do CC: § 1° Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. § 2° Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. Observação: a entrega de coisa diversa da contratada não configura vício redibitório, mas inadimplemento contratual, respondendo o devedor por perdas e danos (artigo 389 CC). Vícios redibitórios e o Código de Defesa do Consumidor A proteção dispensada pelo Código de Defesa do Consumidor ao consumidor é muito mais ampla do que a prevista no Código Civil. A lei consumerista não cuida de diferenciar os vícios aparentes dos redibitórios, consagrando, todavia, um eficaz sistema protetivo, que irá tutelar os direitos da parte hipossuficiente na relação de consumo, independentemente da natureza do defeito em tela (artigo 18 do CDC). De acordo com José Fernando Simão: “O Código de Defesa do Consumidor inovou ao enfatizar o fato de o vício ser de qualidade ou quantidade. O fato de o vício ser oculto ou aparente realmente gera poucas diferenças na relação de consumo e suas consequências limitam-se à questão dos prazos para exercício do direito de reclamar pelos vícios (artigo 26 do CDC) ”. Já Sílvio Venosa declara: “sem sombra de dúvida, é no âmbito do consumidor que avultará de importância a garantia pelos produtos ou pelos serviços. Já ressaltamos que o fornecedor tem o dever de informar o consumidor acerca das qualidades do produto ou serviço, bem como adverti-lo dos riscos. Entre as regras de programa que traz a lei (Lei n° 8.078/90), é reconhecida a vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo”. Assim, a grande vantagem do sistema inaugurado pelo Código de Defesa do Consumidor consiste na ampliação da responsabilidade do fornecedor pelo vício do produto ou serviço. Trata-se de uma forma objetiva de responsabilidade civil – o que favorece a defesa do consumidor –, compartilhada solidariamente por todos aqueles que participam da cadeia causal de consumo. 4 – Classificação dos Contratos – Tipos de Contrato Os contratos agrupam-se em diversas categorias, suscetíveis de subordinação a regras peculiares. É importante distingui-las, pois, o conhecimento de suas particularidades é de indubitável interesse prático, tornando-se quase indispensável quando se têm em mira fins didáticos. Cabe frisar que um mesmo fenômeno pode ser classificado de diversas formas, conforme o ângulo em que se coloca o analista. Desse modo, os contratos classificam-se em diversas modalidades, subordinando-se a regras próprias ou afins, conforme as categorias em que se agrupam (Gonçalves, C.R., Vol.3, 2012). Dividem-se: Quanto aos efeitos, em unilaterais, bilaterais e plurilaterais; gratuitos e onerosos. Os últimos subdividem-se em comutativos e aleatórios, e estes, em aleatórios por natureza e acidentalmente aleatórios. Unilateral e bilateral: O critério diferencial é o número de obrigações. Os contratos unilaterais geram obrigação apenas para um dos contratantes, ou seja, somente uma das partes tem ônus; a outra aufere a vantagem, não tendo contraprestação enquanto que os contratos bilaterais geram obrigações recíprocas, são chamados contratos sinalagmáticos. Gratuito e oneroso: Diferenciam-se no que diz respeito à vantagem patrimonial. Os contratos gratuitos trazem vantagens econômicas e patrimoniais somente para um dos contratantes (exemplo: doação pura); os onerosos, para ambos (exemplos: compra e venda; seguro de vida etc.). Via de regra, o contrato bilateral é oneroso, e o unilateral, gratuito. No Brasil só existe um contrato unilateral e gratuito: é o contrato de mútuo empréstimo de dinheiro a juros (feneratício). É contrato unilateral porque se aperfeiçoa com a entrega do numerário ao mutuário, não bastando o acordo de vontades. Feita a entrega, o mutuante exime-se de sua obrigação, restando apenas deveres ao mutuário. Os contratos onerosos subdividem-se em: Comutativos: aqueles de prestações certas e determinadas; no momento da celebração, as partes já conhecem suas vantagens e desvantagens. Aleatórios: aqueles que, no momento da celebração, as partes não conhecem as suas vantagens e desvantagens. Há sempre um elemento de risco neles. Exemplo: compra e venda da safra de arroz do ano seguinte. Paritários e de adesão: No contrato paritário as partes têm possibilidade de discutir, estabelecer cláusulas, modificá-las. O contrato de adesão é o contrato redigido inteiramente por uma das partes; a outra apenas adere a ele. O Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90) regulamenta e conceitua essa espécie de contrato no seu artigo 54. A interpretação dos contratos de adesão, quando de cláusulas obscuras, deve ser em favor do aderente. Exemplos: Contrato de cláusulas abusivas (artigo 51 do CDC): Eleição de foro, só vale se não trouxer prejuízo ao aderente; Cláusula que impõe a perda das parcelas pagas; Cláusula de plano de saúde que restringe cobertura de doenças epidêmicas e AIDS). Formal: O artigo 541 do Código Civil exige a escritura pública ou o instrumento particular para o aperfeiçoamento da doação. A doação verbal só é válida para bens móveis de pequeno valor, desde que a tradição seja imediata. Gratuito: Gera para o donatário apenas enriquecimento. Caso seja imposto um encargo ao donatário, o contrato passa a ter natureza de oneroso. Contrato de Compra e Venda Contrato pelo qual o vendedor se obriga a transferir ao comprador o domínio de coisa móvel ou imóvel mediante uma remuneração, denominada preço. É um contrato translativo, entretanto não gera a transmissão de propriedade. Esse tipo de contrato somente traz o compromisso do vendedor em transmitir a propriedade, denotando efeitos obrigacionais (art. 482 do CC): "A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço." A translatividade característica do contrato de Compra e Venda é no sentido de trazer como conteúdo a referida transmissão, que se perfaz pela tradição nos casos que envolvem bens móveis ou jurídicos. É importante ressaltar que para existir compra e venda, a coisa transmitida deve ser corpórea, pois, caso contrário, se configurará como contrato de cessãode Direitos. Elementos da compra e venda: Partes (comprador e vendedor) - O consentimento emitido pelas partes deve ser livre e espontâneo. Havendo um dos vícios do consentimento (erro, dolo, coação moral, estado de perigo e lesão), o contrato de compra e venda é anulável, conforme as regras do Código Civil: Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: II - Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Coisa - A coisa deve ser lícita, determinada (coisa certa) ou determinável (coisa incerta, indicada pelo gênero e quantidade), conforme o Art. 483 CC: “A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório”. A coisa também deve ser alienável, ou seja, deve ser consumível no âmbito jurídico, conforme consagra a segunda parte do art. 86 do CC (consuntibilidade jurídica). A venda de um bem inalienável, caso do bem de família voluntário ou convencional (arts. 1.711 a 1.722 do CC), é considerada nula, seja pela ilicitude do objeto (art. 166, II) ou por fraude à lei imperativa (art. 166, VI). Preço - O preço pode ser arbitrado pelas partes ou por terceiro de sua confiança (preço por avaliação), conforme faculta o art. 485 do CC: “A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa”. Regime Jurídico da Compra e Venda 1 – Não estão legitimados a firmar compra e venda sobre pena de nulidade: – Tutor e curador durante o exercício das funções; – Testamenteiro a Administrador durando o exercício de sua função; – Servidor público, que não pode adquirir bens da Administração pública que atua; – Leiloeiro e seu preposto, que não pode adquirir o bem que está por ele a ser vendido; – Juiz, secretário de tribunal, árbitro, perito e auxiliares de justiça, que não podem adquirir bens ou direitos sobre os quais possam vir a ter influência por ocasião de compra. 2 – O comprador obriga-se a apagar o preço e o vendedor, obriga-se a entregar a coisa. 3 – Na compra e venda a prazo, admite-se entrega da posse do bem por ocasião do pagamento da primeira prestação ou mesmo antes dela. 4 – Tratando-se de bem imóvel, as despesas de escritura e registro correrão por conta do adquirente, salvo estipulação em sentido contrário. 5 – Tratando-se de bens móvel, as despesas com a tradição ocorrerão por conta do vendedor, salvo estipulação em sentido contrário. 6 – O vendedor responde perante o adquirente pelos riscos da evicção e por vícios redibitórios. 7 – O vendedor responde perante o adquirente pelos riscos decorrentes da conservação da coisa até a entregado bem. 8 – A venda a non domino é nula, cabendo a ao adquirente de boa-fé repetir o indébito e obter perdas e danos daquele que indevidamente lhe vendeu o bem. 9 – A venda de ascendente a descendente é possível desde que realizada mediante consentimento expresso dos demais descendentes, assim como do cônjuge se não estiver casado sob regime de separação legal de bens. Se tal providência não for observada, o negócio sujeitar-se-á à anulação. 10 – Na compra de bem imóvel, o preço pode ser fixado sem se considerar a extensão da área (venda as corpus) ou por medida de extensão (venda ad mensuram). Tratando-se de venda ad mensuram de área inferior em mais de 1/20 da real extensão, o comprador poderá: – Obter o complemento da área, se fisicamente possível; – Redibir a coisa e obter a restituição do que pagou; – Estimar a coisa, mediante a redução proporcional do preço (action quanti minoris). 11 – É possível a venda sob amostra, podendo o comprador se recusar a receber a coisa que o vendedor lhe entregar caso não corresponda, em qualidade, ao que lhe foi efetivamente demonstrado. 12 – É possível a venda conjunta, não sendo cabível a redibirão de todas as coisas se uma, ou algumas, contiver vícios. 13 – Assumindo uma das partes um risco que não é da natureza do contrato, será ele regulado como venda aleatória, sujeitando-se o adquirente a eventual prejuízo total ou parcial. 14 – Na venda em condomínio, o condômino que pretender vender sua cota-parte deverá primeiramente oferecê-la aos demais condôminos pelas mesmas condições que oferecerá a terceiros. Contrato de Doação Conceito: A doação é um Negócio Jurídico pelo qual uma pessoa entrega um bem de forma gratuita a outra pessoa. Segundo o art. 538 do CC, a Doação trata-se de ato de mera liberalidade, sendo um contrato benévolo, unilateral e gratuito. Sendo negócio jurídico benévolo ou benéfico, somente se admite a interpretação restritiva, nunca a interpretação declarativa ou extensiva art. 114 do CC: "Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente." Elementos da Doação: – Liberalidade do doador; – Aceitação da liberalidade pelo donatário; – Intenção do doador de transferir de forma definitiva e gratuita a propriedade (animus donandi). Regime Jurídico da Doação 1 – A transferência do bem deve se dar por ato inter vivos. 2 – O silêncio do donatário em aceitar a doação caracteriza sua aceitação, a menos que ela acarrete algum encargo. 3 – Os riscos da coisa são do doador, que deverá arcar com as despesas de conservação até a entrega ao donatário. Se a coisa perecer em poder do doador por sua culpa, caberá perdas e danos. 4 – Proíbe-se doação de bem alheio. 5 – Embora polêmica a matéria, entendo cabível a promessa de doação. 6 – É permitida a doação de bem em prol do cônjuge ou do convivente. 7 – É permitida a doação de órgãos e tecidos, de partes destacáveis ou regeneráveis, durante a vida do doador (LT). Já a doação de órgãos post-mortem supõe prévia autorização da pessoa em vida ou do responsável legal (ascendente, descendente, colateral de segundo grau ou cônjuge). 8 – Admite-se a doação remuneratória como retribuição por serviços prestados pelo donatário. 9 – Admite-se a doação periódica, que é forma de constituição de renda em prol do donatário. 10 – Admite-se doação com reversão, retornando o bem doado ao patrimônio do doador caso o donatário venha a falecer antes dele. 11 – Admite-se a doação em favor de nascituro é subordinada à condição suspensiva, que é o nascimento com vida. Sujeita-se, por outro lado, a doação com encargo à teria dos vícios redibitórios; e o descumprimento da obrigação de fazer, pelo donatário, possibilita ao doador desconstruir a doação. 12 – Não cabe a aplicação do instituto da evicção na doação. 13 – O doador não é obrigado a pagar juros moratórios por atrasar a entrega do bem. 14 – É nula a doação de todos os bens sem reserva de uma parte para subsistência. 15 – É anulável a doação feita pelo cônjuge adúltero a seu cúmplice. 16 – É possível a doação em favor do descendente, que se considera adiantamento da legítima, devendo o bem ser posteriormente submetido à colação na abertura da sucessão do doador. 17 – A doação pode ser revogada, por meio de ação, no prazo de um ano: – Antes da aceitação do donatário; – Quando houver ingratidão do donatário, cujas hipóteses encontram-se descritas na lei (ofensa à vida, à integridade física, calúnia grave, recusa de prestação de alimentos para o doador). 18 – Não se revoga por ingratidão a doação puramente remuneratória, com encargo já cumprido, para determinado casamento ou em cumprimento à obrigação natural.Contrato de Troca ou Permuta Conceito - O contrato de troca, permuta ou escambo é aquele pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro. Operam-se, ao mesmo tempo, duas vendas, servindo as coisas trocadas para uma compensação recíproca. Isso justifica a aplicação residual das regras previstas para a compra e venda artigo 533, caput, do CC: “Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes modificações: I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da troca; II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante”. A troca é um contrato bilateral ou sinalagmático, trazendo direitos e deveres proporcionais. É um contrato oneroso, pois, obriga a presença de sacrifício de vontade para as partes. É um contrato comutativo, em regra, e translativo da propriedade, eis que serve como titulus adquirendi. Trata-se de um contrato consensual, que tem aperfeiçoamento com a manifestação de vontade das partes, assim como ocorre com a compra e venda (art. 482 do CC). Elementos da troca: Os elementos da Troca são o consenso e coisas diversas de dinheiro. Regime Jurídico – As despesas decorrentes do contrato são rateadas entre as partes. – O contratante que, por evicção, perder o bem que lhe foi entregue poderá obter repetição ou perdas e danos. – O perecimento da coisa sem culpa das partes acarreta a extinção do contrato. – É possível a troca de bens entre ascendente e descendente desde que com expresso consentimento dos demais descendentes, sob pena de anulação do contrato. – Quem trocou sem ser o proprietário não pode reclamar a entrega do bem pela outra parte (permuta a non domino), pois o contrato é nulo. 5 - Extinção dos Contratos (artigos 472 a 480 do Código Civil) Os contratos, como os negócios jurídicos em geral, têm também um ciclo vital: nasce do acordo de vontades, produzem os efeitos que lhe são próprios e extinguem-se. A extinção dá-se, em regra, pela execução, seja instantânea, diferida ou continuada. O cumprimento da prestação libera o devedor e satisfaz o credor. Este é o meio normal de extinção do contrato. Como tudo que nasce ele também tem um fim ou uma extinção. Apesar de que a forma natural de obrigação de um contrato seja através de seu cumprimento na forma combinada pelas partes, há três hipóteses de extinção não natural do contrato, cada uma com aplicabilidade distintas (aplica-se tanto no contrato definitivo quanto no preliminar), e são elas a resilição, a resolução, e a rescisão. A classificação e delimitação das formas de extinção dos contratos é controvertida. Seguindo a orientação mais completa e didática trazida pelos doutrinadores Carlos Roberto Gonçalves, Maria Helena Diniz e Orlando Gomes, duas formas podem ser consideradas: – Forma Normal de Extinção dos Contratos: O contrato extingue-se, em regra, com o cumprimento do seu objeto. A execução pode ser instantânea (pagamento à vista, entrega imediata de um bem etc.), diferida (entrega do bem no mês seguinte), ou continuada (pagamento em prestações). O cumprimento do contrato é provado pela quitação, feita pelo credor de acordo com o artigo 320 do Código Civil. O credor atestará o pagamento por meio de quitação regular. A quitação vale qualquer que seja a forma do contrato. Se determinado ato foi através de escritura pública, vale a quitação por instrumento particular. – Forma Anormal de Extinção dos Contratos: Ocorre com a inexecução do contrato por fatores anteriores, concomitantes ou supervenientes a ele. Apesar da forma natural de obrigação de um contrato seja através de seu cumprimento na forma combinada pelas partes, há três hipóteses de extinção não natural do contrato, cada uma com aplicabilidade distintas (aplica-se tanto no contrato definitivo quanto no preliminar), e são elas a resilição, a resolução, e a rescisão. – Morte de um dos contratantes: É forma de extinção anormal dos contratos personalíssimos, que não permitem a execução pelos sucessores do de cujus. Resolução: A extinção do contrato mediante resolução tem como causa a inexecução ou o não cumprimento por um dos contratantes. Resolução, segundo Orlando Gomes, é um remédio concedido à parte para romper o vínculo contratual mediante ação judicial. O inadimplemento pode ser voluntário (culposo), ou não (involuntário). Definição didática: não se baseia na vontade das partes, mas num inadimplemento acarretado por um motivo previsto em lei, ou ainda, um inadimplemento autorizado, que ensejará a extinção do pacto. Resolução por Inexecução Voluntária: A resolução por inexecução voluntária decorre de comportamento culposo de um dos contratantes, com prejuízo ao outro. Produz efeitos ex tunc, extinguindo o que foi executado e obrigando a restituições recíprocas, sujeitando ainda o inadimplente ao pagamento de perdas e danos e da cláusula penal convencionada. Resolução por Inexecução Involuntária: A resolução pode também decorrer de fato não imputável às partes, denominados caso fortuito ou força maior, que impossibilitam o cumprimento da obrigação. A inexecução involuntária caracteriza-se pela impossibilidade superveniente de cumprimento do contrato. O inadimplente não fica, no caso de inexecução involuntária, responsável pelo pagamento de perdas e danos, salvo se expressamente se obrigou a ressarcir os prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, ou estiver em mora (artigo 393 e 399 CC). A resolução opera-se de pleno direito. Resolução por Onerosidade Excessiva: Embora o princípio pacta sunt servanda (“os pactos devem ser respeitados") ou da intangibilidade do contrato seja fundamental para a segurança nos negócios e fundamental a qualquer organização social, os negócios jurídicos podem sofrer as consequências de modificações posteriores das circunstâncias, com quebra insuportável da equivalência. O principal artigo atinente à resolução contratual por onerosidade excessiva é o art. 478 do CC. A Teoria da Imprevisão – cláusula rebus sic stantibus (“estando assim as coisas”) (478 a 480 do CC) - aplica-se sempre que um fato imprevisível recai sob as circunstancias de um contrato de forma a prejudicar uma das partes, e assim, o prejudicado pode pedir revisão do contrato. Somente se aplica nos contratos de execução diferida e continuada, nunca nos de execução imediata. Ressalte-se que são requisitos indispensáveis a resolução do contrato por onerosidade excessiva: a vigência de um contrato de execução diferida ou de trato sucessivo, a ocorrência de fato extraordinário e imprevisível, a considerável alteração da situação de fato existente no momento da execução, em confronto com a que existia por ocasião da celebração, nexo causal entre o evento superveniente e a consequente excessiva onerosidade. O contraente que estiver em mora quando dos fatos extraordinários não pode invocar, em defesa, a onerosidade excessiva, pois assim, responde pelos riscos supervenientes (artigo 399 CC). Exceção do Contrato Não Cumprido (Artigo 476 CC): Os contratos bilaterais ou sinalagmáticos geram obrigações para ambos os contratantes, envolvendo prestações recíprocas atreladas umas às outras. O artigo 476 do CC permite que qualquer dos contraentes possa, ao ser demandado pelo outro, se utilizar de uma defesa denominada exceptio non adimplemti contractus ou exceção do contrato não cumprido, para recusar a sua prestação, sob o fundamento de que o demandante não cumpriu a que lhe competia. Aquele que não satisfeza própria obrigação não pode exigir o implemento da do outro. Se o fizer, o último pode avocar em sua defesa, a referida exceção, fundada na equidade. Garantia de Execução da Obrigação a Prazo (Artigo 477 CC): Nessa hipótese de resolução por inexecução voluntária do contrato procura-se acautelar os interesses do que deve pagar em primeiro lugar, protegendo-o contra alterações da situação patrimonial do outro contratante. Autoriza-se, por exemplo, o vendedor a não entregar a mercadoria vendida, se algum fato superveniente à celebração do contrato acarretar diminuição considerável no patrimônio do comprador, capaz de tornar duvidoso o posterior adimplemento de sua parte na avença, podendo aquele, neste caso, reclamar o preço de imediato ou exigir garantia suficiente. Observação: Presentes os pressupostos do artigo 478 do CC, a parte lesada pode pleitear a resolução do contrato; permite, todavia, o artigo 479 do CC, que a parte contrária possa, considerando que lhe é mais vantajoso manter o contrato, restabelecendo o seu equilíbrio econômico, oferecer-se para modificar equitativamente as suas condições. Permite-se, portanto, dar solução diversa ao problema da onerosidade excessiva, por iniciativa uma das partes, inibindo a resolução do contrato. Resilição: Resilição não deriva de inadimplemento contratual, mas unicamente da manifestação de vontade das partes, que pode ser bilateral ou unilateral. Resilir significa voltar atrás. A resilição bilateral denomina-se distrato, que é o acordo de vontades afim de extinguir um contrato anteriormente celebrado. A unilateral ocorre somente em determinados contratos, pois a regra é a impossibilidade de um contraente romper o vínculo contratual por sua exclusiva vontade. Distrato: O distrato é feito pelo mútuo acordo e deve ter a mesma forma do contrato celebrado. É o acordo entre as partes, a fim de extinguir vínculo contratual anteriormente estabelecido. É um novo contrato com a finalidade de dissolver o anterior. O distrato somente produz efeitos para o futuro, não retroage aos efeitos anteriores, isto é, o distrato equivale a uma revenda, uma transferência da propriedade. Qualquer contrato pode cessar pelo distrato. É necessário, todavia, que os efeitos não estejam exauridos, uma vez que o cumprimento é a via normal da extinção. O mecanismo do distrato é o que está presente na celebração do contrato: a mesma vontade, que tem o poder de criar, atua na direção oposta, para dissolver o vínculo e devolver a liberdade àqueles que se encontravam compromissados. O artigo 472 estabelece que o distrato deve obedecer a mesma forma do contrato a ser desfeito quando este tiver forma especial, mas não quando esta for livre. Resilição Unilateral (Renúncia, Revogação, Renúncia e Resgaste): Nos contratos indeterminados as partes não estipulam sua duração. A extinção pode se dar a qualquer tempo, por iniciativa de uma das partes. Em alguns contratos por tempo indeterminado, a extinção pela vontade de uma das partes deve ser precedida de notificação, chamada “aviso prévio”, dada como certa antecedência. A resilição não deriva de inadimplemento contratual, mas unicamente da manifestação de vontade. O fundamento para a sua efetivação seria assim a vontade presumida. Outras vezes, o contrato se baseia na confiança e só perdura enquanto existir esta confiança entre as partes. Por último, os próprios sujeitos reservam-se o direito de arrependimento. A resilição é o meio próprio para dissolver os contratos por tempo indeterminado. Se não fosse assegurado o poder de resilir, seria impossível ao contratante libertar-se do vínculo se o outro não concordasse. A denúncia unilateral ocorre nos contratos por tempo indeterminado, pois não se admite contratos perpétuos. Observação: Resilição Contratual - Distrato X Resolução Unilateral). A diferença entre elas é a causa que leva a extinção do contrato, se houve um vício na formação, haverá uma rescisão, se a causa é um descumprimento do contrato com ou sem culpa, dá-se a resolução, mas se a causa da extinção é manifestação da vontade das partes, seja bilateral ou unilateralmente, dá-se uma resilição. Rescisão: É a pior forma de extinção do contrato. Trata-se de um inadimplemento com culpa que causa dano a parte contrária. É aquela forma de extinção do contrato em que há inadimplemento culposo e causa de dano ao outro contratante. O contrato pode ser nulo ou anulável. Enseja o pagamento de perdas e danos. • Bibliografia • DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Vol. 3. 24 ed. São Paulo: Saraiva. 2012. • GAGLIANO, Pablo Stolze. Curso de Direito Civil. Vol. 4. 4ed. Saraiva. 2008. • GONÇALVES, Carlos Roberto. Vol. 3. 6 ed. São Paulo: Saraiva. 2012. • VENOSA, Sílvio de Salvo. Vol. 2. 9 ed. São Paulo: Atlas. 2012. • Kümpel, Vitor Frederico - Direito Civil – Contratos – Complexo Damásio. 2010. Governador Valadares, 14/06/2015. Participantes: Ana Luiza de Souza Vieira Paulo César Machado Vinícius Soares
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