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Questões de Política I Alunos: Paulo César Machado – Ana Luíza de Souza Vieira – SALLUM JR, Brasílio. Labirintos: Dos generais à Nova República. São Paulo: Editora Hucitec, 1996. Metamorfoses do Estado Brasileiro no final do século XX –. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais – RBCS. Vol. 18, Nº 52, junho, 2003. OU SALLUM JR, Basílio. Federação, Autoritarismo e Democratização. In: In Tempo Social – Revista de Sociologia da USP, S. Paulo, 8(2): pp. 27-52, out. 1996; KUGELMAS, Eduardo. O Leviathan declinante: a crise brasileira dos anos 80. In: Estudos Avançados, IEA-USP, 5(13), 1991. Metamorfoses do Estado Brasileiro no final do século XX –. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais – RBCS. Vol. 18, Nº 52, junho, 2003. 1) Explique a relação entre processo e projetos de liberalização e redemocratização ocorridos no Brasil nas décadas de 70 e 80. Diante do processo e projetos de liberalização e redemocratização ocorridos nas décadas de 70 e 80, observamos que inicialmente traçou-se um projeto de consolidação para a obtenção do domínio político com vistas a institucionalizar o regime militar autoritário. O projeto envolvia: o fortalecimento do governo perante a corporação militar, isolando politicamente os setores “duros” com o retorno dos militares aos quartéis, sem lhes tirar a sua capacidade de intervenção em situações emergenciais de ordem política; A construção de um “sistema consensual”, assegurando a participação popular, ampliando e desenvolvendo políticas sociais “compensatórias”; Estabelecer uma aliança civil-militar, como anteriormente aconteceu, no início do regime; imaginando-se assim que facilitaria a formação de uma elite política civil, fortalecendo o controle da ala “duros” das Forças Armadas, reforçando o peso eleitoral do seguimento “liberal” do regime. A ampliação dessas liberdades públicas ocorreu de forma limitada, para evitar que o processo de mudança escapasse ao controle dos dirigentes do regime. De acordo com as estratégias previamente traçadas para efetivação do projeto de liberalização, o processo enfrentou dificuldades crescentes para estabelecer o consenso entre os interesses dos cidadãos e das diversas forças políticas. A sustentação político-partidária não se mostrou forte o bastante para vencer as disputas eleitorais, principalmente nos grandes centros urbanos, daí as camadas marginalizadas pela militarização do regime, não se comprometeram com o projeto de institucionalização, favorecendo o crescimento da oposição alojada no partido do “MDB”. Entre as dificuldades encontradas, o processo de liberalização foi reduzindo a capacidade de comando do governo, considerando a não vigência do AI 5, revogado em 1978, bem como a existência da liberdade de imprensa, apesar do seu uso cauteloso, além do fato que a oposição partidária enraizada nas camadas populares e na classe média, se encontrava bem mais organizada. Quanto ao projeto de redemocratização, podemos considerar que o mesmo começou em 1979 com a ascenção do general Figueiredo que sucedeu ao general Ernesto Geisel na Presidência, que juntamente com o general Golberi do Couto e Silva, então ministro do Gabinete Civil, observaram a necessidade de aprofundar as reformas políticas com a redução da rigidez do sistema político, tais como o “caráter plebiscitário das eleições”; com a anistia política e a reforma partidária de 1979 fazendo parte desse projeto de redemocratização, deram início ao processo de “abertura política” controlada, tendo como estratégias dar mais flexibilidade e estabilidade ao quadro partidário, com vistas a facilitar a sustentação político-eleitoral do regime autoritário. Nessa linha de atuação, torna-se essencial à reforma partidária possibilitar o surgimento de um partido alternativo de situação, não identificado com o “governismo”. Dessa nova estratégia do general Golberi, surgiu o Partido Popular (PP), formado por militantes do antigo MDB e da ex ARENA, quebrando a polarização governo/oposição com o regime autoritário ganhando uma alternativa para a sustentação política. Assim, entre idas e vindas e os enfrentamentos havidos entre os dois campos surgidos no mundo político, definidos como o da “revolução” e o da “não revolução”, os idealizadores e os “artífices da liberalização controlada”, não conseguiram alcançar os objetivos pretendidos na estratégia de ampliar as bases civis do regime autoritário, com vistas a dar lhe uma imagem de democracia. Prosseguindo nessa análise, iremos concluir, que o processo da redemocratização, começa a ganhar forma depois das eleições de 1982, apesar das dificuldades e obstáculos impostos pelo pacote de novembro de 1981, e tem o seu início efetivamente a partir de 1983. (Sallum, B; Labirintos: dos generais à nova república – Cap 1, 1996, Ed. Hucitec). 2) A crise de hegemonia solucionada com a eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994 significou a entrada do discurso neoliberal no Brasil com a coalizão PSDB-PFL? (Sim ou Não) Explique. Sim, houve a construção de uma aliança partidária majoritária, com o surgimento de um novo sistema hegemônico de poder, onde os representantes assumiram o comando em 1º de janeiro de 1995. Este conjunto de iniciativas materializou-se em um código comum de um bloco hegemônico de dominação, porém, fortes divisões internas geram conflitos reiterados sobre a política econômica. Havia de um lado uma corrente liberal fundamentalista orientada para a estabilização monetária e comprometida com a promoção de uma economia de livre mercado, de outro, uma tendência liberal desenvolvimentista, inclinada a equilibrar a estabilização monetária com um crescimento competitivo da economia local, mediante intervenção moderada do Estado. Durante o primeiro mandato de FHC, a primeira visão predomina, orientando a ação dos que dirigiam a política econômica governamental. Vejamos então: “[...]a aliança política entre partidos de centro e direita em torno de um projeto de tomada de poder e de reconstrução do Estado em uma perspectiva liberal[...]”. “[...] a eleição de Fernando Henrique Cardoso para a Presidência da República já no primeiro turno, a escolha de um Congresso Nacional onde o chefe de Estado pode construir uma aliança partidária amplamente majoritária, a vitória de políticos aliados do presidente em quase todos os estados[...]”. “[...]os representantes de um novo sistema hegemônico de poder assumiriam o comando de um Estado ancorado numa moeda provavelmente estável. Nada parecia faltar para que eles pudessem completar bem a tarefa de moldar a sociedade ao ideário econômico liberal[...]” “[...]” “[...]A partir de 1995, os novos governantes trataram de eliminar os resíduos do Estado varguista e de construir novas formas de regulamentar o mercado, seguindo um sistema multifacetado de ideias, cujo denominador comum era um liberalismo econômico moderado. As características centrais desse ideário podem ser assim resumidas: o Estado deveria transferir quase todas as suas funções empresariais para a iniciativa privada; teria que expandir suas funções reguladoras e suas políticas sociais; as finanças públicas deveriam ser equilibradas e os incentivos diretos às companhias privadas seriam modestos; haveria também restrição aos privilégios existentes entre os servidores públicos; e o país deveria intensificar sua articulação com a economia mundial, embora dando prioridade ao Mercosul e às relações com os demais países sul-americanos.[...]”. (Metamorfoses do Estado Brasileiro no final do século XX –. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais – RBCS. Vol. 18, Nº 52, junho, 2003; pag.44).3) Do que se tratam os casuísmos políticos eleitorais do período militar? Explique. Os casuísmos políticos eleitorais no período militar foram as formas de manipulações políticas elaborada pelos “engenheiros políticos” alojados no governo militar da época, que buscavam obter vantagens políticas para se manter no poder, alterando o processo político e o sistema eleitoral na tentativa de produzir consequências favoráveis à manutenção do regime. Para enumerar algumas dessas “quebras de regras”, podemos afirmar que a “engenharia eleitoral” atingiu o máximo da sua imaginação criativa, com os casuísmos eleitorais que surgiam com grande frequência e em maior quantidade, sempre que a parca oposição conseguia alguma possibilidade de vitória eleitoral. Logo nas primeiras alterações, entre outras medidas, tais como as cassações de mandatos e as aposentadorias compulsórias, foi instituída a forma de eleição indireta para presidente e vice presidente da República, para governadores e vice governadores dos Estados, para os prefeitos das capitais, das cidades ditas estâncias hidrominerais e de cidades ou áreas consideradas como sendo de segurança nacional que passaram a ser nomeados. No longo período dos governos militares, dentro processo político e eleitoral de (1964/1985) a Justiça Eleitoral teve sua ação restrita e praticamente limitada apenas à organização dos pleitos. Cabe aqui lembrar um fato bem ilustrativo dos “casuísmos”, que foi chamado à época, como “pacote de abril” (Emenda Constitucional nº 8, de 14 de abril de 1977, baixada pelo general presidente Ernesto Geisel), que fechou o Congresso Nacional, que entre outros casuísmos criou a figura do senador biônico; um terço do Senado passou a ser eleito indiretamente, ou seja, indicado. Outros casuísmos ainda foram estabelecidos, como as sublegendas, o voto vinculado e a Lei Falcão em 1976 (assim denominada devido ao seu criador, o então Ministro da Justiça Armando Falcão), que restringiu a propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Esta Lei deu uma nova redação à Lei eleitoral vigente, determinando que, na propaganda eleitoral, os partidos ficavam limitados a mencionar a legenda, um breve currículo e o número do registro do candidato; e pela televisão, somente a divulgação da fotografia, podendo ainda mencionar o horário e o local dos comícios dos candidatos. O objetivo desta lei visava, entre outros, o de evitar que o horário eleitoral gratuito fosse utilizado como meio para criticar o governo militar, bem como seria uma tentativa de diminuir a simpatia dos eleitores pelo único partido de oposição, o então MDB. Marque V para as opções VERDADEIRAS e F para as opções FALSAS, abaixo. Justifique apenas as opções falsas explicando porque essas opções não são verdadeiras: a) ( F ) O bipartidarismo vigente durante o regime militar favoreceu o governo a vigência do regime autoritário. Inicialmente, podemos até considerar como válida a afirmativa, porém, na segunda fase do regime quando alguns cargos majoritários passaram a ser escolhidos pelo voto direto, o sistema bipartidário, passou a ser favorável à oposição (SALLUM JR, Basílio. Federação, Autoritarismo e Democratização. In: In Tempo Social – Revista de Sociologia da USP, S. Paulo, 8(2): pág. 10, out. 1996; b) ( V ) As últimas décadas do século XX foram tomadas pelo processo de crise econômica no contexto externo e interno. c) ( V ) A transição “lenta, gradual e segura” foi bem-sucedida tendo em vista a passagem do governo para a mão dos civis em 1985. d) ( V ) A crise do Estado foi resultado de uma dispersão de poder na federação e endividamento externo. e) ( V ) A transição dos anos 2000, a partir da eleição do presidente Lula, representa também uma inflexão da hegemonia liberal vigente nos anos 90. Governador Valadares, 29 de novembro de 2014. Paulo César Machado – Ana Luíza de Souza Vieira
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