Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 1 NOTAS DE AULAS – FORRAGICULTURA E PASTAGENS 2012 FORMAÇÃO E REFORMA DE PASTAGENS IFMG- 2012 Bambuí- MG Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 2 FORMAÇÃO E REFORMA DE PASTAGENS As pastagens constituem uma fonte de alimento eficiente para animais leiteiros ou de corte, que praticam a herbivoria, e para o atendimento desse objetivo, devem fornecer quantidades adequadas de biomassa de forragem de alta qualidade. Neste sentido, é de extrema importância a melhora da qualidade das pastagens. Algumas propriedades rurais especializadas têm como prática fornecer, volumosos no cocho, capineiras, silagem ou concentrados aos animais em produção, em determinada época do ano (estacionalidade das forragens) ou mesmo durante o ano todo. Produção a pasto no Brasil No Brasil a atividade pecuária seja de corte ou leiteira têm sido quase sempre explorada com base na utilização de pastagens, sendo que as pastagens representam 76% da área ocupada pela agropecuária no Brasil. Na atualidade o Brasil apresenta mais de 200 milhões de hectares ocupados com pastagens, sendo que 60% dessas pastagens são cultivadas ou seja apresentam um bom potencial produtivo e alta capacidade de suporte comparadas com as nativas ou naturalizadas que tem sido gradativamente substituídas. Em média 99,57 % da dieta de nosso rebanho de corte tem como base as pastagens (Burgi & Paniago, 2003), e segundo Queiroz et al, 2005, cerca de 88% do total da carne produzida no Brasil é proveniente de rebanhos criados exclusivamente a pasto. O Brasil ocupa a 4º posição entre os países com maior área pastagens possuindo uma área aproximada de (200 milhões ha), em primeiro lugar (1º) encontra-se a Austrália, com cerca de 411 milhões de hectares cultivados com pastagens, a China ocupa o (2º) com 401 milhões e os Estados Unidos 229 milhões ha ocupam a (3º) posição no ranking. Alguns países apresentam um grande volume de pastagens nativas, ou em áreas desérticas. A vantagem competitiva do Brasil em relação a esses Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 3 é a posição geográfica, com um clima quente e úmido, e uma elevada insolação praticamente durante todo o ano, o que proporciona um elevado potencial produtivo dessas pastagens, que ainda têm sido pouco exploradas. Em países, da América do Sul, África e Ásia o clima apesar de semelhante, não apresenta a mesma extensão territorial, ou não possuem a mesma estrutura e cultura na produção pecuária ou, mesmo não possuem os mesmos recursos técnicos e humanos. BOVINO DE CORTE 200 milhões de animais Abate: 45 milhões/ano Exportação: 2,4 milhões de toneladas 33% da carne do planeta GRANDE VANTAGEM COMPARATIVA E.U.A 1 kg de carne – 1,9 US$ Austrália 1 kg de carne – 1,4 US$ Brasil 1 kg de carne – 0,8 US$ BOVINOCULTURA: ATIVIDADE EM EXPANSÃO Fonte: AGROANALYSIS, 2008 “O Brasil não utiliza de forma adequada o seu potencial forrageiro.” O modelo da pecuária brasileira sempre teve na formação e no manejo das pastagens uma exploração inadequada o que resulta quase sempre no esgotamento dos recursos produtivos das áreas onde são cultivadas as pastagens, e concorrem diretamente na redução da fertilidade natural dos solos. O Manejo tradicionalmente aplicado nas áreas de pastagens ainda é embasado em métodos empíricos, e alguns pecuaristas ainda descuidam de medidas técnicas e práticas para evitar as perdas por erosão e mesmo realizam a reposição necessária de nutrientes no sistema de produção. O Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 4 caminho trilhado por pecuaristas na formação e manejo de pastagens é quase sempre o mesmo: um manejo de pastagens como acontece tradicionalmente é na verdade mais uma medida exploratória do que uma medida produtiva. Esse tipo de manejo resulta quase sempre em áreas super ou sub-pastejadas e permite diversas formas de erosão. As conseqüências do processo de degradação das pastagens envolvem a; redução da capacidade de suporte das pastagens, o aumento de plantas não desejáveis nos stands de plantas, o aumento nos custos de controle de plantas não desejáveis, (controle: manual, mecânico ou químico). Processo de degradação de pastagens e suas diferentes etapas no tempo PROCESSO DEGRADAÇÃO ETAPAS As falhas no processo de formação pastagem, podem proporcionar o surgimento de plantas não desejáveis no sistema, com aumento do processo de mato competição, e pode resultar na morte de gramíneas e na predominância das plantas não desejáveis, com o surgimento de áreas descobertas, que em condições de ocorrências de chuvas podem gerar processos erosivos, e nesses processos, perdas de solo e água, resultando na chamada Degradação do Solo. ESTABELECIMENTO PASTAGENS - FORMAÇÃO DE PASTAGEM Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 5 O sucesso no estabelecimento de pastagens considera as condições edafo- climáticas locais, com a previsão de uso da pastagem, e a escolha da espécie ou das espécies adaptadas às condições locais. Esta escolha considera fatores como: a qualidade das sementes, o preparo do solo, a época e o método de plantio, a taxa semeadura e o manejo formação das pastagens. Esses fatores, em conjunto ou mesmo isolados, são determinantes no sucesso ou no insucesso da formação de pastagens, e na maior ou menor produtividade da pastagem no decorrer do tempo. Algumas das informações são essenciais no processo decisório de qual, ou de quais espécies devem ser introduzidas e qual o método de formação deve ser adotado na formação ou reforma de pastagens. A tomada de decisão em formar uma nova área ou de recuperar uma pastagem existente é complicada e requer uma análise criteriosa de finalidade e de investimento proposto com o conhecimento das características do solo e do clima da área. O SOLO Associado ao diagnóstico deve ainda ser considerado; a produtividade desejada, o nível tecnológico a ser adotado, e o objetivo da produção e a época de utilização espécie. O PREPARO DO SOLO: No início do processo de formação de pastagens e no plantio de plantas forrageiras deve-se realizar a coleta de amostras de solo e a sua análise química. A partir desses resultados da análise, o técnico faz as devidas recomendações de calagem e adubação, e deve considerar a espécie de planta forrageira escolhida bem como a produtividade esperada. A aplicação de calcário no solo caso necessário deve ser realizada entre 60 - 90 dias antes da semeadura para permitir que ocorra à reação com a eliminação do Al e Mn tóxicos e a incorporação deve ser realizada sempre na mesma profundidade da análise do solo. Em condições de quantidades Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 6 maiores do que 3 t/ha, a recomendação é que se faça a aplicação em (2) etapas sendo a (1ª) metade aplicada antes aração e, a outra, após a primeira gradagem. CORREÇÃO DA ACIDEZ No caso da análise de solo indicar a necessidade de utilizar calcário, este deverá ser aplicado com uma antecedência de 60-90 dias antes da aplicação do adubo fosfatado; e a quantidade a ser utilizada depende da espécie forrageira e do nível de produtividade desejada. Na verdade a pastagem deveria ser considerada pelo produtor como uma cultura que irá produzir por muitos anos (caráter da perenidade). Neste sentido, o preparo do solo deveria assumir esta preocupação e utilizar o mesmo cuidado dado ao plantio soja, algodão, milho, café e outras, como: destorroar, nivelar o solo e deixar a área livre de plantasinvasoras, e com pouca palhada. Em áreas com alta quantidade de palhada, o preparo do solo deve ser iniciado antes de 120 dias do plantio, ainda no período das águas, para que haja a decomposição da palhada sem a interferência na germinação das sementes da pastagem. Observação: é importante aguardar o material vegetal incorporado ao solo pela aração apodrecer antes do plantio; caso contrário, as sementes podem morrer pelo efeito da fermentação desse material. PREPARO E PLANTIO - SISTEMAS CONVENCIONAIS A primeira movimentação do solo é realizada com uso do arado ou da grade aradora, com a incorporação do material vegetal existente na superfície do terreno. Em seguida, com a grade niveladora, é realizado o destorroamento do solo, o nivelamento da superfície e a eliminação de eventuais plantas invasoras ou (PND’s). Quase sempre, duas passadas de grade niveladora são suficientes nesse preparo. A aplicação a lanço de fertilizantes pode ser realizada antes da realização da primeira gradagem Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 7 niveladora, ou ainda entre a primeira e a segunda, para uma boa incorporação do fertilizante. Aplicação de Fertilizantes Fósforo (P), Potássio (K), Enxofre (S) e Micronutrientes A aplicação de quantidades recomendadas desses nutrientes, caso o resultado da análise de solo, indique as deficiências, deverá considerar a exigência da espécie, bem como o nível de produtividade desejado. Podem ser aplicados antes do plantio ou da cobertura, com exceção aos fosfatos naturais reativos, que, se recomendados, devem ser aplicados antes do plantio e incorporados. Fertilizantes nitrogenados (N) e potássicos (K), não devem ser misturados às sementes, pois, podem causar a sua morte. O elemento fósforo (P) na forma de super-simples granulado pode ser misturado com as sementes, desde que o plantio seja realizado no mesmo dia de preparo da mistura. A incorporação, imediatamente após a distribuição sementes, favorece o seu contato com o solo, posicionando-as em uma profundidade adequada o que possibilita a emergência rápida e homogênea das plântulas. Em caso de chuvas, logo após a distribuição das sementes, deve-se avaliar a profundidade das sementes para realizar a incorporação. Análise de solo Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 8 Para esta etapa é importante seguir as recomendações da 5ª Aproximação CFSEMG Calcareo (dolomítico, calcitico) Definir plantio: lanço ou linha (sulcos) N (nitrogênio) em cobertura P (fósforo) no plantio K (potássio) no plantio Ou ainda: 100% N Cobertura 100% P Plantio 50% K Plantio e 50% Cobertura + FTE (BR10) CONTROLE DE PLANTAS NÃO DESEJÁVEIS Em áreas com alta infestação de plantas invasoras ou mesmo com o cultivo de outras forrageiras, o preparo do solo poderá ser escalonado e favorecerá a germinação e a eliminação dessas, sendo possível retardar, o plantio, da forrageira. Observação: Evitar o preparo excessivo do solo (micropulverização), principalmente em solos mistos e arenosos. TOPOGRAFIA Os terrenos podem ser mecanizáveis em até 8% de declividade, acima desses valores corre-se o risco da erosão do solo, em circunstâncias onde a declividade do terreno é superior a 8% chegando até 18% recomenda- se uso de terraços e curvas de nível. Declividade do terreno Em situações de declividade superiores a 18% exige-se muito esforço dos animais com maiores gastos de (energia) tornando contra-producente a implantação de pastagens em condições como estas. DISTÂNCIAS ENTRE CURVAS DE NÍVEL EM PASTAGEM EM FUNÇÃO DA DECLIVIDADE DO TERRENO 4%.........................50m 5-8%......................40m 9-12%....................30m Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 9 13-15%...................20m > 15%....................15m Uso de curvas de nível & controle da erosão É indicada a construção de terraços ou curvas nível, caso a área apresente susceptibilidade ou riscos de erosão ou ainda algum escorrimento superficial de água das chuvas, o que permite maior controle e redução de perdas de solo por erosão e maior conservação da água. ESCOLHA DA ESPÉCIE (CV. OU VAR.) As pastagens persistentes e produtivas requerem espécies adaptadas às condições clima e solo. Em regiões de clima seco generalizado a redução ou a limitação na produção de forragem pelos fatores de clima, seja pela menor umidade ou pela menor temperatura pode levar a escolha em função deste parâmetro. O fator seca (tolerância) nestes casos passa a ser determinante na escolha de forrageiras sejam (espécie, cultivar ou variedade) embora o maior interesse seja o de melhorar a produção total anual de forragem. Entre as características observadas na escolha à tolerância à geada e inundações periódicas, também podem ser parâmetros excludentes. Em verdade nem sempre é possível unir as características favoráveis em uma única espécie. Nesse caso a recomendação seria o cultivo de mais de uma cultivar ou espécies de forrageira na formação das pastagens. BOA FORMAÇÃO DE PASTAGENS - BOA ESCOLHA DE CV. OU VAR. A maior disponibilidade de sementes a comercialização como por ex. (Brachiárias) a adaptação a diferentes tipos de clima e solos, a capacidade de resposta à adubação em especial a adubação (nitrogenada), principal modulador do crescimento e desenvolvimento das gramíneas. A capacidade em tolerar bem: processos de seca prolongada ou mediana, a Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 10 infestação de pragas e doenças sendo as mais importantes a cigarrinha das pastagens, a lagarta militar, o percevejo das pastagens, e entre as doenças a antracnose e o carvão, a tolerância ao sombreamento como ocorre com a leguminosa amendoim forrageiro Arachis pintoi, ao encharcamento como as plantas de Setária anceps e kazungula, ao frio como nas gramínea do gênero Cynodon e na leguminosa Alfafa Medicago sativa L. O potencial e capacidade de produzir feno, a presença de problemas relacionados à ingestão, como ex. leguminosas, problemas com consumo freqüente como a fotossensibilidade apresentada em animais consumindo exclusivamente a B. decumbens por períodos prolongados, com problemas inicialmente de fígado e de pele, a presença de oxalatos de cálcio, como nas Setárias ou de saponinas provocando meteorismo timpanoso como na Alfafa, em consumo prolongado. O PLANTIO POR SEMENTES A principal vantagem desta forma de plantio encontra-se na facilidade de armazenamento da semente e a redução nos custos de mão de obra. QUALIDADE DA SEMENTE No Brasil ainda é comum a utilização de sementes de baixa qualidade, principalmente com baixos níveis de pureza e germinação, fatores que comprometem a formação das pastagens. Mesmo considerando baixo o custo da semente que representa em média 6-10% do custo total de formação da pastagem. Os diferentes processos de colheita e, as diferentes origens de sementes utilizadas, nos plantios, conduzem a diferentes resultados na formação. Ainda é freqüente a comercialização de sementes com grande quantidade de resíduos vegetais, ou terra ou mesmo mistura de sementes de outras forrageiras ou ainda de plantas invasoras. O comércio de sementes sem análise laboratorial ainda é muito comum no Brasil. Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 11 O risco na semeadura de quantidades não ideais de sementes viáveis por unidade área existe. Na pratica ainda é comum verificar que algumas recomendações de densidade de semeadura não considerem a pureza e ou germinação ou o valor cultural das sementes, uma pratica errônea. Uma das formas de superaro problema, seria o produtor adquirir sementes em firmas idôneas e adquirir sempre sementes fiscalizadas. ÉPOCA DE PLANTIO A época de plantio tradicional que se pratica a implantação das pastagens é ampla: e varia desde as primeiras chuvas, sendo em nossa região centro oeste de MG, geralmente no inicio de setembro até o começo do mês de março. Importante: O plantio da forrageira na época adequada de plantio, permite uma germinação homogênea das sementes e resulta em uma rápida formação das áreas de pastagem, contribuindo para uma menor incidência de plantas daninhas (não desejáveis) e ainda permite ao produtor a possibilidade de utilizar este alimento para os animais antecipadamente. Alguns cuidados como: a redução das perdas de solo por mecanismos de erosão não devem ser negligenciados pelos produtores e técnicos. No entanto, alguns fatores podem conduzir os produtores ao plantio em diferentes e inadequadas épocas do ano. Estes plantios tardios podem ser resultantes da impossibilidade de completar o preparo do solo ou ainda a falta de sementes disponíveis na época ideal de plantio. TAXA DE SEMEADURA A quantidade de sementes na área é um fator que pode limitar o processo de estabelecimento das pastagens. A germinação de sementes viáveis ocorre em conformidade com as condições climáticas e com a espécie de planta forrageira escolhida. É comum as sementes pequenas apresentarem maior quantidade de perdas quando comparadas com sementes maiores. Em espécies com sementes menores é necessário utilizar um número maior de sementes viáveis por área, para a obtenção Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 12 do mesmo número de plantas com aquelas espécies que apresentam sementes maiores. Valor Cultural de Sementes VC = P X G/100 Onde: G: Germinação e P: Pureza O VC: representa o (%) de sementes que irão germinar 80% Germinação e 40% pureza VC = 32 % O VC mínimo exigido na comercialização de Gramíneas até 2009 era de 32% e de leguminosas era de 60%. Atualmente estes valores são maiores em especial na pureza das sementes, que aumentou em relação a valores anteriores determinados por uma portaria Ministério da Agricultura. Cálculo da Quantidade de Sementes Q = SPV / VC X 100 VC: 32% SPV: 4,0 kg/ha Q= 4/32 X100 = 12,5 kg sementes comerciais Tabela: Sugestões de taxa de semeadura MÍNIMA para algumas gramíneas forrageiras, plantio entre outubro e fevereiro (Brasil Central), em áreas de solo preparado. Cultivar Taxa MÍNIMA (Kg/ha de SPV) Piatã 4,00 Marandú, MG-4, Xaraés, Decumbens 2,80 Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 13 Humidícola, Llanero 2,50 Mombaça, Tanzânia, Aruana, Massai 1,80 Questionamento: Quantos kg de sementes serão necessários para cultivar uma área com 75 ha. As sementes utilizadas são de Brachiária Brizantha cv. Xaráes, que apresentou os seguintes resultados no teste de germinação. Pureza: 75% germinação 50%. VC= P*G/100 VC = (75 *50)/100 VC = 37,5% Q = (Kg/ha (sementes puras viáveis)/ VC)*100 Q = (2,8/37,5) * 100 Q = 7,46 = 7,5 Kg sementes/ha PROFUNDIDADE DE PLANTIO A profundidade do plantio das forrageiras situa-se entre 1,5 cm a 5,0 cm em função do tamanho da semente. Em geral acredita-se que os plantios de forrageiras devem ser realizados na camada superficial dos solos. Essa crença tem como origem o fato de algumas gramíneas como o capim Jaraguá, Braquiária, Colonião, Andropogon, ter um bom estabelecimento em plantios superficiais. A cobertura de sementes é variável enter (2 a 4 cm prof.) a profundidade adequada é um elemento favorecedor da emergência e do estabelecimento das pastagens. Em trabalhos desenvolvidos na EMBRAPA Gado de Corte em Campo Grande, MS, verificaram que a profundidade de semeadura, varia conforme a espécie, e pode ocorrer uma baixa eficiência de sementes e plantas quando estabelecidas em plantios superficiais, sendo esta prática tradicional na formação de pastagens no Brasil. Acessibilidade à água e suplementos minerais Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 14 No processo da escolha das áreas de pastagens deve ser observada a posição estratégica de colocação de cochos de suplementação para os animais bem como a disposição de bebedouros. Esta medida pode favorecer a maior ingestão da pastagem e contribuir nos ganhos de peso e na produção leiteira conforme a finalidade da criação. Suplementação Mineral: Objetivos Os sistemas de criação sob pastagens podem lançar mão do recurso da suplementação mineral para atender a finalidade de corrigir deficiências de nutrientes na forragem; aumentar a capacidade de suporte das pastagens; potencializar o ganho de peso animal; reduzir a idade ao abate; auxiliar no manejo das pastagens; fornecer aditivos ou promotores de crescimento, aos animais em pastejo, sejam adultos ou animais novos como acontece no crep-feeding (Reis et al.2005) CAPINEIRAS: PRÓXIMAS CURRAIS - LOCAIS FORNECIMENTO Ao implantar áreas de capineiras para fornecimento de forragem picada para animais o produtor e o técnico devem estar atentos para a disposição destas áreas em locais próximos ao fornecimento para os animais, próximos a currais, melhorando a logística de fornecimento destes alimentos para os animais. QUALIDADE FORRAGEIRA E CATEGORIA ANIMAL A taxa de lotação das pastagens deve observar a exigência ou requerimentos nutricionais de cada espécie animal ou categoria. A escolha adequada pode reduzir os custos com a alimentação suplementar e promover incrementos na produção de carne e ou leite. QUALIDADE FORRAGEIRA E CATEGORIA ANIMAL A utilização de adubos formulados pode facilitar no processo de distribuição, no entanto pode concorrer no aumento dos custos. A formação de pastagens apresenta custos elevados de implantação ou Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 15 mesmo de re-implantação. É necessário que a planta forrageira seja considerada como uma CULTURA Forrageira. O fator climático, especialmente a precipitação, a luminosidade e a temperatura interferem diretamente na produtividade das plantas forrageiras. Em regiões com temperaturas inferiores a 20ºC há uma tendência de redução progressiva no crescimento das plantas forrageiras tropicais que apresentam um processo de estacionalidade forrageira da ordem 80:20, nestes períodos é comum em plantas estivais ou outono- estivais, passarem da fase vegetativa para a fase reprodutiva com perda na capacidade produtiva e na qualidade da forragem. EQUIPAMENTO E MÉTODOS DE PLANTIO As falhas verificadas no processo de plantio das pastagens podem ser atribuidas ao uso de equipamentos inadequados, ou pela ausência de equipamentos adequados ao plantio de certas espécies de plantas. A maioria dos equipamentos de plantio de sementes que são desenvolvidos no Brasil são destinadas; ao plantio de cereais e, neste sentido, não são adequadas ao plantio de forragens, sendo adaptáveis, em especial no plantio de sementes de pequeno tamanho. As espécies que apresentam um bom estabelecimento em plantios superficiais podem ser distribuídas; manual a lanço ou na superfície, com uma posterior passagem de rolo compactador. Existem plantadeiras que podem realizar a distribuição de sementes, e possuem rolos compactadores já acoplados. Espécies de plantios mais profundos, normalmente são semeadas com plantadora cereais ou mesmo distribuídas a lanço e cobertas com a utilização de uma gradagem leve, ou rolo compactador. COMPACTAÇÃO DO SOLOA operação após o plantio com uso do rolo compactador sobre o terreno, têm como objetivos: acomodar o solo sobre a semente, e com isto melhorar as condições de germinação e emergência das plântulas. Entre as vantagens dessa operação destacam-se: aceleração no início da Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 16 germinação das sementes; evitar as perdas de plantio e o assoreamento e a uniformização do stand de plantas. PLANTIO COM SEMEADEIRA: Em prosseguimento as mesmas exigências do plantio a lanço, com espaçamento entre linhas de 13 a 40 cm, dependem do equipamento e da espécie forrageira, a profundidade média entre 0,5 a 4 cm, pode ser realizada, na mesma operação, a adubação da pastagem ou mesmo o consórcio com outras espécies como as leguminosas. Caso a semeadeira não tenha o sistema de compactação, pode-se passar o rolo compactador. COMPACTAÇÃO DO SOLO A compactação do solo antes ou após semeadura é mais importante, quanto mais superficial o plantio ou em profundidade de semeadura irregular. A compactação do solo no plantio evita o assoreamento das sementes ou o enterrio demasiado por algum processo erosivo. Em caso de chuvas bem distribuídas, suficientes, a germinação das sementes e a fixação da plântula ao solo são eficientes, e independe da profundidade de plantio ou do contato da semente com o solo. FORMAÇÃO PASTAGEM ASSOCIADA CULTURA ANUAL Ao utilizar uma cultura anual associada ao plantio de forrageiras, ocorre à redução nos custos de formação da pastagem, e isto tem sido recomendado, dada à possibilidade de sucesso, desde que usada de uma forma conveniente. A decisão de quando e como adotar esta técnica depende da viabilidade técnica, da cultivar forrageira da determinada área, das condições de clima, do solo e da topografia favoráveis ao cultivo de cereais e a expectativa de colheita com a rentabilidade suficiente para indenizar parte dos gastos na formação. O sistema Barreirão tem como premissas o plantio de culturas como o arroz e o milho associado a plantio da Braquiária. Desse modo, nem todas as áreas de formação de pastagens compensam a inclusão de cultura anual. A associação entre espécie forrageira na pastagem e a cultura anual é muito especifica e Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 17 depende muito do local e deve ser comprovada em cada ecossistema, principalmente em relação à espécie forrageira, a taxa de semeadura, ao espaçamento e a fertilidade do solo. A maior vantagem nessa associação é o aproveitamento do preparo do solo e da adubação exigida pela cultura anual, no estabelecimento da espécie forrageira associada. A pastagem fica formada após a retirada da cultura anual. PLANTIO DE FORRAGEIRAS POR MUDAS Entre as principais desvantagens dessa forma de plantio: destacam-se a dificuldade em armazenamento do material por períodos maiores que 1-2 semanas conforme o material e as condições climáticas do local, e os custos mais elevados de mão de obra dispensados na implantação. O plantio por mudas é utilizado para algumas espécies de plantas gramíneas como o capim-elefante, a cana-de-açúcar e gramas do gênero cynodon como as estrelas, os tiftons e o coast-cross e leguminosas como o amendoim forrageiro. Em relação ao capim-elefante o plantio é quase sempre realizado por mudas ou colmos, com cerca de (100) dias idade, após o último corte. Isto se deve por esta planta apresentar problemas de fertilidade de sementes. O plantio do capim elefante se assemelha ao da cana-de- açúcar: realizado em sulcos no solo, que podem ser espaçados de 0,8 x 0,8 m ou 1,0 x 1,0 m, e no fundo sulcos são colocados os colmos, distribuindo o adubo fosfatado solúvel (superfosfato simples, conforme o solo e a análise). Em seguida é feita a colocação das mudas nos sulcos (dispostas “pé com ponta”), e são cobertas e em seguida, se realiza cortes a cada 3-5 gemas para a quebra do efeito da dominância apical comum nessa forma de plantio. Para esta operação são utilizados em média de 10 t/ha de mudas, com uma relação de produção de mudas por hectare de 1:10. Em relação ao cultivo de gramas do gênero Cynodon como: o Tifton-85 ou o capim Coast-cross, as mudas podem ser depositadas em sulcos e espaçadas a cada 0,5 x 0,5 m ou 1,0 x 1,0 m juntamente a aplicação de Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 18 (adubo fosfatado solúvel). O enterrio da muda das gramíneas Cynodon é um 1/3 exposto na superfície do solo, e 2/3 implantado no sulco. As mudas podem ser distribuídas a lanço, incorporando-se logo após, com grade niveladora fechada ou com a passagem de um rolo compactador. Nesse plantio recomenda-se aplicar o herbicida Diuron (2,5 l/ha) para o controle de plantas não desejáveis (Karmex, Cention, Diuron Nortox). Apesar da operação de plantio ser rápida, traz mais problemas de uniformidade e velocidade formação pastagem, após o plantio. São gastos em média de 2 a 3 toneladas de mudas para a formação de um hectare, sendo a relação de produção de mudas por hectare é 1:20. MANEJO DE FORMAÇÃO O manejo de formação da pastagem recém implantada pode ser resumido numa utilização de menor intensidade ainda que na sua fase inicial, o que possibilita uma boa formação da pastagem. Em plantios com boa emergência de plantas, a partir de 60 - 90 dias pode ser dado o 1º pastejo que deverá ser leve na maioria das espécies, e isto poderá diminuir a competição entre plantas, e eliminar os meristemas apicais e estimular o perfilhamento e a cobertura rápida do solo pelas gramíneas. Não é recomendável a imposição de um pastejo pesado na primeira estação chuvosa. Nesse período a densidade de plantas é baixa. A intenção é que as plantas cresçam livremente e produzam sementes, o pastejo é uma forma dos animais auxiliarem na queda e dispersão sementes na área, favorecendo o ressemeio natural na próxima estação. O primeiro pastejo, quando realizado corretamente, garante o sucesso da formação inicial. Este deverá ser feito logo após as plantas se apresentarem crescidas e cobrindo a área plantada. É melhor para esta prática a utilização de animais leves, mais jovens, para que se possa fazer apenas o desponte das plantas, com uma alta taxa lotação em um curto período tempo. Nesta fase, caso sejam utilizados animais pesados, as plantas poderão ser arrancadas ou mesmo abaladas no pastejo. Forragicultura e Pastagens – IFMG Campus Bambuí – Notas de Aula 4 19 Caso o primeiro pastejo seja realizado mais tarde, muitas plantas poderão morrer por auto-competição por luz. Este fato pode aumentar os espaços vazios existentes na pastagem, com a redução na produção da forrageira e poderá ainda facilitar o crescimento e o desenvolvimento de (PND). Além das perdas drásticas na qualidade da forragem caso o capim emita sementes. A partir do primeiro pastejo, e à medida que as plantas se reestabeleçam, a pastagem poderá ser utilizada normalmente.
Compartilhar