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DEFICIÊNCIA AUDITIVA E LIBRAS

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DEFICIÊNCIA 
AUDITIVA E LIBRAS
Autora: Ana Regina e Souza Campello
 
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
 Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza
 Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
 Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
 Equipe Multidisciplinar da 
 Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Profa. Jociane Stolf
 Revisão de Conteúdo: Profa. Anelise Donaduzzi
 Revisão Gramatical: Profa. Marli Helena Faust 
 
 Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci
616.8 
C193d Campello, Ana Regina e Souza.
	 Deficiência	Auditiva	e	Libras	/	Ana	Regina	e	Souza		
Campello.	Centro	Universitário	Leonardo	da	Vinci	–			
Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2009.x ; 
124 p.: il. 
 
	 	 													Inclui	bibliografia.	
 ISBN 978-85-7830-782-0
1.	Deficiência	-	Neurologia	2.	Portadores	de	
Necessidades	Especiais	I.	Centro	Universitário	Leonardo	
da	Vinci.	II.	Núcleo de Ensino a Distância III. Título
Reimpressão
Junho/2012
Copyright © UNIASSELVI 2009
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia	BR	470,	Km	71,	no 1.040, Bairro Benedito
Cx.	P.	191	-	89.130-000	–	INDAIAL/SC
Fone	Fax:	(047)	3281-9000/3281-9090
Ana Regina e Souza Campello
Sou a Professora Ana Regina e Souza 
Campello,	responsável	pela	disciplina	da	Área	da	
Surdez.	Sou	doutorada	em	Educação	de	Surdos	
–	Processos	Inclusivos	e	mestranda	em	Linguística	
da	Universidade	Federal	de	Santa	Catarina	–	UFSC.	
Trabalhei	como	professora	de	EAD	–	Ensino	a	Distância	
de	Letras	 Libras	 na	UFSC.	Publiquei	 vários	 artigos	e	
livros:	Existir	para	existir;	Comunicação	Total	é	uma	forma	
de	viver;	Animais	em	Língua	de	Sinais	Brasileira;	Alimentos	
em	 Língua	 de	 Sinais	 Brasileira;	 Relacionamentos	 em	
Língua	Brasileira	de	Sinais;	Vestuário	em	Língua	de	Sinais	
Brasileira;	Habitação	em	Língua	de	Sinais;	Profissões	em	
Língua	de	Sinais;	Pedagogia	Visual:	Sinal	na	Educação	
dos	Surdos;	Língua	de	Sinais	X	Língua	Oral:	Comunicação	
no dia a dia; The origin of the deaf Community in Brazil; 
Comunicação	 no	 dia	 a	 dia;	 International	 Internship	
Program;	 Onde	 você	 quer	 chegar?;	 Inclusão	 X	
Exclusão	Social:	O	que	de	fato	pode	acontecer	na	
educação	dos	surdos	brasileiros;	Re-reflexão	crítica:	
Seminário	 promovido	 por	 instituição	 oficial	 de	
educação	em	um	estado	da	região	sul	brasileira	
no ano de 2004. 
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
um Breve HiStórico de educação de SurdoS ...............................9
CAPÍTULO 2
modeloS e técnicaS educacionaiS na educação de SurdoS.......... 25
CAPÍTULO 3
identidadeS, culturaS e línguaS de SinaiS 
doS SujeitoS SurdoS PóS-moderniSmo .......................................45
CAPÍTULO 4
a legiSlação na educação de SurdoS ........................................71 
CAPÍTULO 5
a Política de incluSão educacional............................................83
CAPÍTULO 6
aceSSiBilidade educacional e Social.........................................103
7
APRESENTAÇÃO
Esta	 disciplina	 trata	 da	 Surdez,	 em	 termos	 culturais	 e	 antropológicos,	
definindo-a	como	uma	identidade	cultural,	partilhada,	entre	indivíduos	Surdos	ou	
com	perda	auditiva,	pela	“experiência	visual”.	
Na	 videoaula	 é	 apresentada	 a	 língua	 de	 sinais	 brasileira,	 que	 é	 a	 língua	
natural	da	comunidade	Surda,	e	no	caderno	de	estudos,	apresentarei	conteúdos	
que	possam	servir	de	ajuda	na	compreensão,	assim	como	dicas	e	atividades	para	
reflexão	durante	o	curso.
Vamos	citar	exemplos	mais	comuns	no	dia	a	dia:	você	já	encontrou	ou	já	teve	
contato	com	pessoas	Surdas	em	algum	momento	da	sua	vida?	Já	teve	vontade	
de	conversar	com	elas,	mas	não	sabia	como	começar,	por	causa	da	sua	língua	
de	 sinais	 brasileira?	Perguntou-se	 se	 os	Surdos	 são	 capazes	 de	 fazer	 alguma	
coisa	como	nós?	Eles	são	“normais”?	Por	que	eles	são	considerados	“diferentes”?	
Essas	são	algumas	das	questões	que	vamos	conhecer	na	área	da	Surdez.
Para	 entender	 ou	 conhecer	 sobre	 a	 área	 da	 Surdez,	 apresentamos	 a	
disciplina	dividida	em	seis	capítulos,	que	depois	poderão	ser	aproveitados	para	
fazer	seus	futuros	projetos	profissionais.	São	eles:
-	 Capítulo	1	–	Trata	da	contextualização	e	traz	um	breve	histórico	de	educação	de	
Surdos	no	Instituto	de	Jovens	Surdos	de	Paris	até	a	educação	de	Surdos	no	Brasil.
-	 Capítulo	2	–	Apresenta	os	vários	modelos	e	técnicas	educacionais	na	educação	
de Surdos.
-	 Capítulo	3	–	Tem	por	objetivo	conhecer	as	identidades,	culturas	e	línguas	de	
sinais	dos	sujeitos	Surdos	no	pós-modernismo.
-	 Capítulo	4	–	Apresenta	a	legislação	na	educação	de	Surdos.
-	 Capítulo	5	–	Contextualiza	a	política	de	inclusão	educacional	e
-	 Capítulo	 6	 –	 Apresenta	 as	 possibilidades	 de	 acessibilidade	 educacional	 e	
social	dos	Surdos.
No	caderno	de	estudo,	você	terá	contato	com	as	referências	complementares	
que	poderão	servir	de	ajuda	no	transcorrer	do	curso,	e	também	com	as	atividades	
propostas.
A autora.
CAPÍTULO 1
um Breve HiStórico de educação
de SurdoS
A partir da perspectiva do saber fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Apresentar	os	conhecimentos	filosóficos,	históricos,	
sociológicos	e	econômicos	na	Educação	de	Surdos.
 3 Mostrar	os	diferentes	conhecimentos	da	história	na	Educação	de	surdos	no	
 mundo e no Brasil.
11
Um Breve Histórico de edUcação de sUrdos Capítulo 1 
contextualização
Apresento	a	trajetória	da	comunidade	Surda	e	sua	educação	como	ponto	de	
partida	na	construção	da	identidade	cultural,	sociológica	e	educacional	dos	sujeitos	
Surdos.	A	conquista	do	seu	espaço	como	sujeito	Surdo	se	deu	graças	à	introdução	
do	 “alfabeto	 manual”,	 que	 possibilitou	 a	 sua	 inserção	 na	 sociedade.	 Com	 a	
inserção	na	sociedade,	 transformou	o	sujeito	Surdo	em	sujeito	 crítico,	 criativo	e	
inovador.	Os	sujeitos	Surdos	foram	precursores	de	várias	atividades,	dentre	elas,	
as	Associações,	movimentos	sociais	e	da	educação	de	Surdos	até	hoje.	
a trajetória doS SujeitoS SurdoS
A	 trajetória	 social,	 política,	 linguística	 e	 de	 educação	 dos	 sujeitos	 Surdos	
inscreve-se	 junto	 com	 o	 longo	 do	 capítulo	 das	 exclusões.	 Os	 sujeitos	 Surdos	
como	personagens	são,	ao	mesmo	tempo,	excluídos	e	incluídos.	Da	inclusão,	a	
comunidade	 não-surda	 escondia	 as	 deficiências	 e	 acabou	 criando	 guetos	 para	
os	sujeitos	Surdos.	Da	exclusão,	a	comunidade	não-surda	não	os	aceitava	como	
membros	da	sociedade	como	um	 todo.	Estes	 fatos	são	escritos	e	narrados	por	
diversos	autores,	como	Marcos,	no	seu	Evangelho,	quando	Jesus	Cristo	 fez	os	
Surdos	e	Mudos	falarem	e	ouvirem	pelo	milagre	divino	(SANCHÉZ,	1990).
Nos	seus	livros,	Platão	e	Aristóteles,	ao	tratarem	do	planejamento	
das	 cidades	 gregas,	 recomendavam	 que	 as	 pessoas	 nascidas	
“disformes”	 deveriam	 ser	 eliminadas.	 A	 eliminação	 se	 daria	 pela	
exposição	ao	sol,	abandono	ou,	ainda,	atiradas	do	alto	da	montanha	
chamada	de	Taygetos,	na	Grécia.	Segundo	a	concepção	de	Aristóteles,	
é	 impossível	 educar	 as	 pessoas	 Surdas:	 “[...]	 mudos	 também	 são	
Surdos:	eles	podem	ter	vozes,	mas	não	podem	falar	palavra	alguma”	(SANCHÉZ,	
1990, p. 31). 
Nos	 séculos	 de	 pré-conceito	 errôneo,	 ignorância,	 desconfiança,	 piedade,	
mitos	e	desprezo,	os	sujeitos	Surdos	começaram	a	desmitificar	tais	preconceitos.	
A	 desmitificação	 começou	 a	mostrar	 que	 os	 restos	 da	 audição,	 como	 um	 dos	
resquícios	 da	 presença	 e	 da	 integridade	 física,	 viabilizavam	 a	 capacidade	 de	
ouvir	como	os	demais	cidadãos.	A	partir	de	então,	criaram-se	vários	métodos	que,	
emsua	maioria,	 foram	pesquisados	por	padres,	abades	e	 frades	e	 registrados	
pela	igreja	e	monastérios	como	de	sua	autoria.	Os	livros	das	antiguidades	e	seus	
métodos	para	os	sujeitos	Surdos	eram	conservados	nos	repositórios	da	igreja.
Mudos também são 
Surdos: eles podem 
ter vozes, mas não 
podem falar 
palavra alguma.
12
 Deficiência Auditiva e Libras
Pesquise	na	Biblioteca	de	sua	região	como	os	antigos	romanos	
e	gregos	faziam	com	os	Surdos.
A	metodologia	na	 soletração	de	alfabeto	manual	 foi	 positiva	aos	
sujeitos	surdos,	porque	os	padres,	frades	ou	monges,	ao	criarem	uma	
forma	de	comunicação	no	sistema	de	silêncio,	criaram	o	alfabeto	manual,	
como	relata	Melchor	Sánchez	de	Yebra	(PLANN,	1997).	Segundo	ele,	
no	seu	livro	“Simplification of the Letters of the Alphabet and Method of 
Teaching Deaf Mutes to Speak”	(1620),	a	fonte	original	desse	alfabeto	
é	 San	 Buanaventura	 (Frei	 Juan	 de	 Fidanza,	 1221-1274).	 Este	 criou	
o	 alfabeto	manual	 para	 comunicar-se	 com	outros	 companheiros	 pelo	
voto	 de	 silêncio.	 O	 sistema	 passou	 a	 ser	 aproveitado	 para	 ensinar	
aos	Surdos	daquela	época.	Com	essa	ação,	 inicia-se	uma	nova	 fase	
de	 integração	dos	Surdos	com	o	objetivo	de	eliminar	a	exclusão	dos	
mesmos	do	meio	social,	dadas	as	circunstâncias	que	aconteceram	na	
época,	como	herança	e	matrimônio	entre	os	filhos	Surdos	dos	condes,	príncipes	
e	 até	 reis.	A	 integração	 deles,	 por	meio	 da	 intervenção	 dos	 padres,	 frades	 ou	
monges,	de	modo	consciente	ou	inconsciente,	está	mais	relacionada	à	solução,	
ou	a	salvar	a	“alma”,	apiedar-se	e	re-colocar	os	Surdos	na	sociedade.	
Atividade de Estudos: 
1)	 Escreva	 em	 cinco	 linhas	 o	 porquê	 do	 uso	 da	 letra	 “S”	 em	
maiúscula	para	definir	o	Sujeito	Surdo.
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San Buanaventura
(Frei Juan 
de Fidanza,
1221-1274) criou
o alfabeto 
manual para
comunicar-se 
com outros 
companheiros
pelo voto 
de silêncio.
13
Um Breve Histórico de edUcação de sUrdos Capítulo 1 
No	início	da	Idade	Moderna,	vários	monges,	como	Melchor	Sánchez	de	Yebra	
(1526-1586) e Gerolamo Cardomo (1501-1576), instruíram os Surdos a lerem e 
escreverem;	Beneditino	Pedro	Ponce	de	Léon	(1510-1584)	e	Juan	Pablo	Bonet	
(1579-1633)	 publicaram	 alfabeto	manual,	 livros	 e	métodos	 que	 ensinavam	 aos	
Surdos	a	usar	sinais	e	escrita,	e	alguns	utilizavam	a	via	da	oralização.
Com	 a	 efervescência	 política,	 econômica	 e	 cultural	 e	 a	 transição	 da	
Idade	 Média	 para	 a	 Idade	 Moderna,	 a	 época	 do	 Renascimento	 trouxe	 o	
esclarecimento,	 a	música,	 a	 arte,	 a	 razão	 e	 as	 ciências	 empíricas,	 que,	 aos	
poucos,	apagaram	as	ações	negativas	sobre	os	sujeitos	Surdos.	As	pesquisas	
acerca	 da	 Surdez	 e	 sua	metodologia	 eram	 veiculadas	 nas	 igrejas	 e	 abadias	
da	 Europa,	 especificamente,	 na	 França,	 na	 Abadia de Amiens. O primeiro 
professor	 Surdo	 de	 que	 se	 tem	 notícia	 foi	 Etienne	 de	 Fay,	 francês,	 nascido	
em	1669,	arquiteto,	bibliotecário,	escultor,	procurador	e	professor	de	instrução	
na	cidade	de	Amiens,	França,	onde	 foi	educado	e	onde	morreu	aos	70	anos.	
Ensinou	 uma	 turma	 de	 sete	 crianças	 Surdas	 usando	 a	 língua	 de	 sinais	 e	 a	
escrita	(TRUFFAUT,	1993,	apud LANE, 1999).
Surdos-Mudos:	 É	 uma	 representação	 identitária,	 cultural	 e	
os	 sinais	 são	 convencionados	 pela	 comunidade	Surda	 utilizada	 do	
século	XVI	 até	a	presente	data,	 apesar	 de	a	denominação	 “Mudo”	
ser	 retirada	pelo	Congresso	de	Milão	em	1880.	Condiz	que	Surdo-
Mudo	não	é	portador	da	“mudez”	por	problema	patológico	e	também	
por	não	falar,	não	ter	“voz”,	e	sim	por	usar	a	língua	de	sinais,	que	é	
a	modalidade	viso-gestual	e	não	usa	a	“fala”	ou	a	“oralização”	para	
articular	e	sinalizar	ao	mesmo	tempo.	As	letras	“S”	e	“M”,	maiúsculas,	
são	utilizadas	por	uma	questão	de	identidade.	(CAMPELLO,	2008).
Oralização:	 No	 dicionário	 HOUAISS,	 quer	 dizer	 prática	 ou	
método	 de	 ensino	 de	 linguagem	 oral	 orientada	 para	 crianças	 com	
perda	auditiva.
Ciências empíricas:	 São	 as	 ciências	 que	 se	 baseiam	 em	
demonstrações	 reais	 para	 comprovar	 alguma	 coisa.	 Por	 outras	
palavras,	são	as	ciências	que	comprovam	dados	científicos	através	
de	demonstrações	de	acontecimentos	que	ocorrem	naturalmente	na	
natureza.	Uma	coisa	empírica	é	algo	que	é	aprendido	ou	adquirido	
através	 das	 experiências.	 Por	 exemplo,	 a	 biologia,	 a	 química,	 a	
física,	a	geologia	e	outras	são	exemplos	de	ciências	empíricas.	Por	
outro	 lado,	 você	 tem	as	 ciências	 conceptuais,	 que	 se	 baseiam	em	
demonstrações	 teóricas	 para	 comprovar	 dados	 científicos.	 Uma	
14
 Deficiência Auditiva e Libras
coisa	conceptual	é	algo	que	se	baseia	em	conceitos	e	 teorias.	Por	
exemplo,	a	matemática	e	a	filosofia	são	ciências	conceptuais.
inStituto nacional de jovenS SurdoS 
de PariS
 
No	 século	 XVIII,	 já	 existiam	 comunidades	 Surdas	 espalhadas	 na	 capital	
e	 nas	 cidades	 vizinhas	 da	França.	O	 abade	 francês	Charles	Michel	 de	 l`Epée,	
nascido	 em	 Versailles,	 em	 1712,	 tomou	 uma	 importante	 iniciativa,	 em	 termos	
pedagógicos,	no	que	se	refere	à	educação	dos	Surdos,	começando	tal	instrução	
com	duas	mulheres	Surdas,	com	vocação	religiosa.	
Com	 a	 mendicância	 nos	 arredores	 de	 Paris,	 a	 revolução	 francesa	 e	 a	
opressão	 lingüística	 contra	 os	 Surdos	 não	 instruídos,	 o	 abade	 de	 l`Epée	 criou	
uma	escola	particular	bancada	com	seus	próprios	recursos.	Depois	da	sua	morte,	
a	 Constituição	 Francesa	 criou	 a	 escola	 chamada	 de	 Institution Nationale des 
Sourds-Muets, em Paris, em 1760, atual Institut Nationale de Jeunes Sourds de 
Paris	(INJS)	com	o	objetivo	de	dar	independência	e	reconhecimento	aos	Surdos	
como	cidadãos	pelas	pessoas	não	surdas.	Apesar	de	serem	Surdos,	estes,	como	
cidadãos	 franceses,	 não	 eram	 desprezados,	 excluídos	 e	 tutelados.	 Na	 França,	
houve	a	padronização	da	língua	de	sinais,	um	dos	princípios	da	política	linguística,	
como	 formação	 de	 uma	 língua,	 como	 “sinais	metódicos”,	 ou	 francês	 sinalizado	
(PADDEN, 1988, LANE, 1999). 
Pesquise,	 no	 site	 do	 Google,	 sobre	 a	 comunidade	 Surda	 do	
século	 XVIII,	 em	 inglês	 ou	 francês.	 Utilize	 a	 palavra	 “Deaf-Mutes”	
ou	 “Sourds-Muets”.	 Você	 encontrará	 coisas	 interessantes	 para	
conhecer!
Os	“sinais	metódicos”	eram	forjados	a	partir	de	uma	forma	existente,	como	a	
Antiga	Língua	de	Sinais	Francesa	–	ALSF	(WILCOX,	2005),	que	era	aceita	e	não	
era	estereotipada	pela	comunidade	não-surda.	Do	mesmo	modo,	o	poder	político	
do	império	francês	promoveu	a	criação	de	um	instituto	por	meio	da	Constituição	
Francesa,	escolhendo	ou	 impondo	a	 língua	de	uma	minoria,	como	é	o	caso	da	
15
Um Breve Histórico de edUcação de sUrdos Capítulo 1 
comunidade	Surda,	com	o	intuito	de	elevar	os	Surdos	franceses	da	época	como	
cidadãos	e	com	os	mesmos	direitos	civis	dos	não-surdos.
Na	 determinação	 e	 implementação,	 Sicard,	 sucessor	 do	 abade	 de	 l`Epée	
e	 antigo	 diretor	 do	 INJS	 –	 Institut National de Jeunes Sourds,	 junto	 com	 os	
professores	ouvinte,	criou	e	usou	os	“sinais	metódicos”	em	cima	da	Antiga	Língua	
de	Sinais	Francesa	(língua	naturalda	comunidade	Surda	da	França)	como	uma	
forma	de	institucionalizar	o	ensino	pedagógico	dos	Surdos	porque	sua	inventiva	
pretendia	não	apenas	(pretensamente)	gramaticalizar	os	sinais,	mas,	ao	escolher	
os	elementos	mais	 “adequados”	para	essa	gramaticalização,	 oferecer	ao	 surdo	
um	instrumento	acurado	para	uma	análise	linear	das	idéias	aglomeradas	em	sua	
mente	(SOUZA,	2003).	
Lane	 (1999)	 apresenta	 um	 ponto	 de	 vista	 positivo	 quanto	 à	 introdução	 de	
sinais	metódicos	às	crianças	Surdas	francesas	oriundas	de	lugares	pobres,	tanto	
de	Paris	como	de	outras	cidades	francesas,	pois	o	autor	considera	que	isso	permitiu	
um	ponto	favorável:	a	socialização,	por	meio	da	língua	de	sinais	francesa,	entre	os	
mesmos	 (no	 caso	 de	 escolas	 que	 serviram	de	 internatos)	 e,	 ao	mesmo	 tempo,	
os	introduziu	a	um	novo	mundo,	com	novos	conhecimentos	e	aquisição	de	novos	
significados	ao	aprender	a	ler	e	escrever.	Com	tais	instruções,	passaram	a	adquirir	
a	sua	primeira	educação	efetiva	para	torná-los	cidadãos	franceses	na	conturbada	
revolução	francesa	da	época	e	no	período	da	proibição	de	mendicância	nas	ruas	
de	Paris.	Esta	época	era	denominada	de	“Século	de	Ouro”.
Essa	 abordagem	 ou	 proposta	 pedagógica	 criada	 por	 l`Epée	 foi	 marcada	
pela	 característica	 populista/nacionalista	 e	 ainda	 tem	 ressonância	 na	
contemporaneidade.	 Nesse	 sentido,	 McLaren	 (2000,	 p.	 25)	 diz	 que	 “No	 atual	
momento	 das	 práticas	 educacionais	 dominantes,	 a	 linguagem	 está	 sendo	
mobilizada	dentro	de	uma	ideologia	populista	autoritária,	que	a	vincula	à	identidade	
nacional,	à	cultura	e	à	formação”.
Da mesma forma, o Institut Nationale de Jeunes Sourds de Paris (INJS) 
formou	 e	 enviou	 professores	 para	 várias	 cidades	 vizinhas,	 inclusive	 criando	
diversas	 escolas	 de	 Surdos,	 das	 quais	 citaremos	 pessoas	 famosas	 como:	
Monsieurs	 Allibert,	 Berthier	 (eleito	 deputado	 da	Assembleia	 Francesa,	 ativista,	
idealizador	 do	 banquete	 em	 homenagem	 ao	 abade	 De	 l`Epée	 e	 agraciado	
com	medalha	 de	 honra	 por	 parte	 do	Rei	 Napoleão	 Bonaparte),	 Borie,	 Carette,	
Chambellan,	 Chomat,	 Clerc	 (fundador	 do	 Institution	 de	 Hartford,	 atualmente	
Gallaudet	University	junto	com	Thomas	Gallaudet	nos	Estados	Unidos),	Delfariel,	
Dubois,	Dusuzeac	(bacharel	em	ciência	matemática),	Lenoir,	Massieu	(fundador	
do	Institution	de	Lille),	Orsoni,	Pélissier	(criador	do	dicionário	de	Língua	de	Sinais	
Francesa	do	Institution	Nationalle	des	Sourds-Muets	de	Paris),	Riviére,	Tessières,	
Théobald	e	Tronc;	Mademoiselles	Alleton	e	Meunier	(ACERVO	do	INES,	2007).
16
 Deficiência Auditiva e Libras
Para	 você	 conhecer	 melhor	 a	 história	 e	 características	 da	
Associação	de	Surdos,	visite	e	pesquise	as	Associações	de	Surdos	
da	 sua	 cidade	 e	 enumere	 os	 fatos	 que	 revelam	 a	 atuação	 das	
Associações	sobre	a	comunidade	Surda.
Politicamente,	 o	mais	 importante	 de	 todos	 os	 fatos	 aconteceu	 no	 governo	
Napoleão	Bonaparte,	que	conferiu	ao	Professor	Ferdinard	Berthier,	Surdo-Mudo,	
eleito	 na	 Assembléia	 Constituinte,	 o	 título	 de	 Cavaleiro	 da	 Legião	 da	 Honra	
(RANGEL,	 2004).	 Pela	 primeira	 vez,	 os	 direitos	 civis	 tiveram	 força,	 graças	 ao	
empenho	 e	 à	 façanha	 política	 do	 Professor	 Berthier,	 que	 representou	 22.000	
“irmãos	silenciosos”.	E	também,	juntamente	com	a	comunidade	Surda	Francesa,	
organizava	anualmente	o	“banquete”	em	memória	ao	abade	De	l`Epée.
Para	 mostrar	 a	 importância	 do	 uso	 da	Antiga	 Língua	 de	 Sinais	 Francesa	
–	ASLF	–	 na	 prática	 de	 instrução	educacional	 e	 da	 sua	 preservação	 da	 língua	
de	 sinais	 francesa	no	 Instituto,	 como	método	 viável	 na	educação	de	Surdos,	 o	
Professor	 Berthier,	 como	 professor,	 foi	 convidado	 a	 se	 retirar	 do	 Instituto	 pelo	
Conselho	 de	Administração,	 por	 insubordinação,	 e	 deflagrou	 uma	 “Guerra	 dos	
Surdos”	 contra	a	 introdução	do	ensino	da	 fala	e	 rebaixamento	dos	professores	
Surdos	 franceses	como	professores	 repetidores	 (LE	POUVOUIR	DES	SIGNES,	
1990).	Isso	mostra	a	nitidez	da	relação	do	poder,	como	diz	Foucault	(2007),	que	
começa	com	a	introdução	de	novos	métodos	de	controle	para	não	modificar	algo	
que	é	de	interesse	dos	detentores	do	poder.
 
A	“Guerra	dos	Surdos”	e	o	movimento	de	introdução	e	de	preservação	
da	 língua	de	 sinais	 francesa	 impulsionaram	uma	nova	prática,	 que	é	
a	 organização	 de	 uma	 sociedade,	 como	 a	 Sociedade	 Universal	 de	
Surdos (RANGEL, 2004), em 1838, para delimitar o território do poder 
linguístico	de	 língua	de	sinais.	Contou	com	o	apoio	de	vários	autores	
importantes,	 como:	 Diderot,	 o	 filósofo	 e	 enciclopedista	 (1713-1784),	
que	elaborou	um	livro	chamado	de	“Carta sobre os Surdos-Mudos para 
uso dos que ouvem e falam”,	contra	o	abade	Charles	Batteux,	sobre	a	
uniformidade	da	construção	gramática	da	língua	francesa	e	dos	gestos	
dos	Surdos,	que	são	ricos	gramaticalmente.	Igualmente	aconteceu	com	
outro	autor,	Pierre	Deslogues,	Surdo	(1747-1799)	que	escreveu	o	seu	
livro	 “Observações de um Surdo-Mudo”	 (WILCOX,	2005)	defendendo	
que	os	sujeitos	Surdos	possuíam,	de	fato,	uma	antiga	língua	de	sinais	
francesa	e	que	se	comunicavam	em	vários	assuntos	(política,	trabalho,	
religião,	família	etc.).	Dizia	também	que	essa	língua	de	sinais,	ou	seja,	
A “Guerra dos 
Surdos” e o 
movimento de 
introdução e 
de preservação 
da língua de 
sinais francesa 
impulsionaram uma 
nova prática, que 
é a organização 
de uma sociedade, 
como a Sociedade 
Universal de 
Surdos, em 1838, 
para delimitar o 
território do poder 
linguístico de língua 
de sinais. 
17
Um Breve Histórico de edUcação de sUrdos Capítulo 1 
“sinais	metódicos”	(mesclada	com	a	língua	francesa)	não	era	popularmente	aceita	
nas	instituições	educacionais	por	“resistência	ideológica	dos	dominantes”	(HALL,	
2006,	FOUCAULT,	2007).	O	Professor	Pierre	Pélissier	publicou	em	1856	o	seu	
primeiro	dicionário	da	 língua	de	sinais	 francesa,	chamado	de	“Iconographie des 
Signes”,	com	40	folhas	e	362	verbetes,	juntamente	com	os	desenhos,	separados	
por	categoria	gramatical	com	os	explicativos	de	como	se	sinalizam,	no	intuito	de	
preservar	a	língua	denominada	antiga	língua	de	sinais	francesa.
Sinais	 Metódicos	 eram	 corrupções	 gramaticais	 feitas	
deliberadamente	por	L’Epée	a	partir	do	latim	e	do	francês	(BERTHIER,	
1984 apud	SOUZA,	2003).
congreSSo de milão em 1880
Com	a	 influência	européia	e	das	pesquisas	descobertas	de	que	
os	 Surdos	 podiam	 falar	 por	 meio	 de	método	 oralista,	 sucedidos	 na	
Alemanha	e	na	Inglaterra,	no	século	XVIII,	os	profissionais	resolveram	
organizar	 o	 Congresso	 de	 Veneza,	 em	 1872,	 para	 definir	 que	 a	
modalidade	falada,	ou	seja,	da	filosofia	oralista	é	superior	à	modalidade	
gesto-visual,	que	é	a	língua	de	sinais.	Seus	argumentos	baseavam-se	
na	ideia	de	que	o	meio	humano	para	a	comunicação	do	pensamento	é	
do	uso	da	língua	oral.	Em	1880,	um	grupo	de	profissionais	não-surdos	
tomou	a	decisão,	sem	a	participação	dos	professores	e	profissionais	
Surdos,	de	excluir	a	língua	de	sinais	no	ensino	de	Surdos.	O	Congresso	
começou	 no	 dia	 6	 de	 setembro	 e	 foi	 até	 o	 dia	 11	 de	 setembro	 de	
1880.	 Lá	 votaram	oito	 resoluções,	 sendo	 que	 uma	 foi	 aprovada	 por	
unanimidade:	 a	 que	 preconizava	 que	 o	 governo	 deveria	 tomar	 as	
medidas	para	que	todos	os	Surdos	recebessem	educação.	Na	prática	
o	que	aconteceu	foi	que	os	profissionais	tomaram	as	resoluções	como	
argumentos	para	convencer	os	governos	de	que	a	filosofia	oralista	era	
o	caminho	viável	na	educação	de	Surdos,	sem	que	“ouvissem”	as	opiniões	dos	
dirigentes	Surdos	daquela	época.
O	Congresso	de	Milão	é	considerado	para	a	comunidade	Surda	como	o	século	
do	“holocausto”,	pois	proibia	os	professores	Surdos	de	dar	instrução	nas	escolas	
de	Surdos,	o	uso	da	língua	de	sinais	dentro	das	escolas	deSurdos	e	determinava	o	
fechamento	dos	institutos	em	regime	de	internato.	Houve	o	declínio	dos	professores	
O Congresso 
de Milão é 
considerado para a 
comunidade Surda 
como o século 
do “holocausto”, 
pois proibia os 
professores Surdos 
de dar instrução nas 
escolas de Surdos, 
o uso da língua de 
sinais dentro das 
escolas de Surdos 
e determinava o 
fechamento dos 
institutos em regime 
de internato.
18
 Deficiência Auditiva e Libras
Surdos	até	a	quase	extinção	dos	mesmos,	restando	poucos	professores	Surdos	do	
mundo.	Contudo,	a	língua	de	sinais,	como	política	de	resistência,	continuou	agindo	
às	escondidas	e	com	isso,	propulsionou	o	crescimento	e	a	fundação	de	diversas	
Associações	de	Surdos	do	mundo.			
Pesquise	 na	 Internet	 os	 significados	 das	 palavras:	 Congresso	
de	Milão	 (ou	Milan	1880).	Faça	uma	 reflexão	sobre	o	 impacto	que	
as	 oitos	 resoluções	 causaram	à	 comunidade	Surda.	Registre	 suas	
ideias. 
educação de SurdoS no BraSil
Os	 professores	 dessas	 escolas	 das	 cidades	 vizinhas	 da	 França	 saíram	
também	para	o	mundo,	como	Eduard	Huet,	Surdo,	conde,	professor	e	primeiro	
diretor	do	Imperial	 Instituto	de	Surdos-Mudos,	que,	 junto	com	o	Imperador	Dom	
Pedro	 II,	 instituiu,	 à	maneira	 da	 política	 linguística	 e	 educacional	 da	 França,	 a	
introdução	 de	 novos	 sinais	 na	 terra	 brasileira,	 de	 acordo	 com	 o	 ambiente	
linguístico	de	 língua	de	sinais	brasileira,	para	atender	crianças	e	 jovens	Surdos	
espalhados	no	antigo	império	brasileiro.	
Com	 a	 constituição	 do	 Imperial	 Instituto	 de	 Surdos-Mudos,	 em	 1855,	
atualmente	Instituto	Nacional	de	Educação	de	Surdos,	no	Rio	de	Janeiro,	houve	a	
primeira	experiência	brasileira	quanto	à	educação	de	surdos.	Lá	ensinavam	várias	
disciplinas	mesclando	a	língua	de	sinais	francesa	com	a	língua	de	sinais	brasileira	
da	comunidade	Surda	do	Brasil.
Veja	o	site	do	Instituto	Nacional	de	Educação	de	Surdos	–	www.
ines.org.br
Com	o	sucesso	e	apresentação	dos	alunos	Surdos	ao	Imperador	Dom	Pedro	
II,	 e	 da	 boa	 formação	 destes,	 os	 Surdos	 tornaram-se	 repetidores	 (atualmente	
designados	como	monitores	do	professor),	professores,	escultores,	pintores	e	de	
outras	profissões.	O	Surdo-Mudo,	ex-aluno	e	repetidor	Flausino	José	de	Gama,	
19
Um Breve Histórico de edUcação de sUrdos Capítulo 1 
com	o	 apoio	 do	Diretor	Tobias	 Leite	 e	 do	 amigo	 gráfico,	Sr.	Eduard	Rensburg,	
aprendeu,	 no	ofício,	 a	 copiar	 os	desenhos	por	meio	de	 litografia,	 elaborando	o	
primeiro	dicionário	de	língua	de	sinais,	chamado	de	“Iconographia dos Signaes”,	
na	 versão	 brasileira,	 traduzindo	 as	 palavras	 dos	 362	 verbetes	 da	 língua	 de	
sinais	francesa	para	a	língua	portuguesa,	com	os	mesmos	desenhos,	categorias	
gramaticais	e	explicativos,	em	1875	(ACERVO	do	INES,	2007).
Para	assegurar	a	língua	de	sinais	brasileira	e	a	formação	profissionalizante	
de	Surdos,	foi	criada	uma	Associação	Protetora	dos	Surdos	(BACELLAR,	1926)	
no	Instituto	Central	do	Povo,	um	departamento	para	Surdos	com	fins	escolares	e	
extra-escolares.	Um	pequeno	grupo	no	Instituto	Central	do	Povo,	em	1913,	criou	
a	Associação	Brasileira	de	Surdos,	promovendo	a	conscientização	da	sociedade	
pelo	direito	do	ensino	de	língua	de	sinais	aos	Surdos.	Publicaram	seus	primeiros	
jornais	em	1914	e	só	duraram	dois	anos.
Com	 a	 decretação	 da	 proibição	 do	 Congresso	 de	 Milão	 pelo	
mundo,	os	Surdos	do	Imperial	Instituto	de	Surdos,	que	eram	internos,	
voltaram	para	as	suas	cidades	de	origem	e	criaram	Associações	de	
Surdos	 com	 o	 objetivo	 de	 preservar	 a	 língua	 de	 sinais	 brasileira.	A	
criação	da	primeira	Associação	Brasileira	de	Surdos	ocorreu	em	1913,	
e	nos	96	anos	seguintes	foram	criadas	cerca	de	180	Associações	de	
Surdos, segundo os dados do site	da	FENEIS	–	Federação	Nacional	
de	 Educação	 e	 Integração	 dos	 Surdos,	 tanto	 na	 capital	 como	 no	
interior do Brasil.
Para	matar	a	curiosidade	sobre	a	FENEIS	–	Federação	Nacional	
de	Educação	 e	 Integração	 dos	Surdos,	 clique	 no	site: www.feneis.
org.br
Realize	uma	pesquisa	na	internet	sobre	a	criação	de	Associações	
de Surdos depois do Congresso de Milão.
	Apesar	 do	 sucesso	 da	 educação	 dos	 Surdos	 no	 Brasil,	 esta	 passou	 por	
três	 fases	 distintas:	 Introdução	 do	Oralismo;	 Introdução	 de	Comunicação	Total;	
Introdução de Bilinguismo.
a) Introdução do Oralismo 
 A criação da 
primeira Associação 
Brasileira de Surdos 
ocorreu em 1913, 
e nos 96 anos 
seguintes foram 
criadas cerca de 180 
Associações 
de Surdos.
20
 Deficiência Auditiva e Libras
Por	 problema	 pessoal,	 o	 diretor	 E.	 Huet,	 do	 Imperial	 Instituto	 de	 Surdos-
Mudos,	 deixou	 o	 Instituto	 e	 o	 cargo	 de	 diretor,	 que	 foi	 ocupado	 por	 vários	
diretores.	O	Diretor	Tobias	 Leite	 estabeleceu,	 a	 pedido	 do	 Império	 brasileiro,	 a	
obrigatoriedade	da	aprendizagem	da	linguagem	articulada	e	da	leitura	dos	lábios,	
de	acordo	com	a	promulgação	das	resoluções	do	Congresso	de	Milão,	em	1897.	
Com	a	tendência	mundial,	depois	do	Congresso	de	Milão,	o	Instituto	Nacional	de	
Surdos	(INES),	em	1911,	utilizou	o	oralismo	puro	como	metodologia	educacional	
em	suas	salas	de	aula.	Mas	o	uso	de	 língua	de	sinais	permaneceu,	apesar	da	
proibição	que	foi	feita	oficialmente	em	1957.
b) Introdução de Comunicação Total
Após	 sucessivos	 fracassos	 educacionais	 e	 exclusões	 dos	 Surdos	 da	 sala	
de	 aula,	 surgiu	 uma	 proposta	 educacional,	 na	 década	 de	 70,	 proveniente	 de	
estudos	 americanos	 a	 respeito	 do	 desenvolvimento	 de	 crianças	 Surdas,	 filhas	
de	pais	ouvintes	e	de	Surdos.	Esses	estudos	mostraram	diferenças	lingüísticas,	
igualmente	 importantes,	 e	 para	 melhor,	 no	 desenvolvimento	 de	 linguagem,	
capacidade	de	raciocinar,	de	aprender	e	de	conviver	com	outras	crianças	e	com	
adultos,	de	poder	lidar	melhor	com	as	dificuldades,	e	da	capacidade	de	oralizar,	
com	o	uso	da	 língua	de	 sinais.	O	objetivo	da	 filosofia	de	Comunicação	Total	 é	
oferecer	 às	 crianças	 Surdas	 as	 oportunidades	 de	 ter	 acesso	 à	 língua	 e	 de	
adquirir	conhecimento	por	meio	da	aquisição	da	linguagem.	A	Comunicação	Total	
foi	 trazida	pelas	professoras	do	 Instituto	Nacional	 de	Educação	de	Surdos	que	
visitaram	a	Gallaudet	University	nos	Estados	Unidos.
c) Introdução de Bilinguismo
Na	década	de	80,	os	linguistas	brasileiros	começaram	a	discutir	a	viabilidade	
da	introdução	do	bilinguismo	no	Brasil	e	da	sua	contribuição	para	a	educação	do	
Surdo.	Essas	discussões	partiram	da	descoberta	da	pesquisa	de	língua	de	sinais	
americana,	 como	 status	 lingüístico,	 por	 Stokoe	 (1960,	 apud BRITO, 
1995),	 e	 de	 Lucinda	 Ferreira	 Brito	 (1995)	 sobre	 a	 Língua	 de	 Sinais	
Brasileira	–	Libras.	
Segundo	 Vilela	 (2007),	 o	 Instituto	 Nacional	 de	 Educação	 de	
Surdos,	em	1986,	 introduziu	o	projeto	de	pesquisa	 chamada	de	PAE	
(Projeto	de	Alternativas	Educacionais),	um	trabalho	de	implementação	
da	 Comunicação	 Total	 em	 grupos	 de	 alunos	 ali	 matriculados.	 Esse	
projeto	não	foi	adiante.	No	entanto,	a	língua	de	sinais	brasileira	é	vista	
como	 sistema	 linguístico	 de	 natureza	 viso-gestual,	 com	 gramática	
própria	utilizada	pela	comunidade	Surda	do	Brasil.
A língua de sinais 
brasileira é vista 
como sistema 
linguístico de 
natureza viso-
gestual, com 
gramática própria 
utilizada pela 
comunidade Surda 
do Brasil.
21
Um Breve Histórico de edUcação de sUrdos Capítulo 1 
Atividades de Estudos: 
Responda	em	algumas	linhas	estas	questões:
1)	Você	conhece	algumas	escolas	de	Surdos?
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ____________________________________________________________________________________________________________
2) Quais são as metodologias de ensino utilizadas dentro das 
escolas	de	Surdos	visitadas	ou	conhecidas	por	você?
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
3)	Escreva	o	que	entende	das	características	da	comunidade	Surda.
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
Com	a	promulgação	da	Lei	10.436,	de	2002,	o	sistema	educacional	federal,	
estadual,	municipal	e	do	Distrito	Federal	passou	a	garantir,	como	parte	integrante	
dos	 parâmetros	 Curriculares	 Nacionais,	 nos	 cursos	 de	 formação	 de	 educação	
especial,	de	Fonoaudiologia	e	de	magistério,	em	seus	níveis	médio	e	superior,	a	
inclusão	o	ensino	das	LIBRAS.	
O	 Surdo	 passou	 a	 ter,	 assim,	 garantia	 dos	 seus	 direitos	 à	 educação,	
assegurando	uma	formação	que	lhe	dê	condições	de	autonomia,	em	várias	áreas	
do	contexto	brasileiro:	no	mercado	de	trabalho,	previdência	social,	lazer,	esportes,	
22
 Deficiência Auditiva e Libras
educação,	entre	outros.	A	educação	promoveu	a	inclusão	social	em	todos	os	seus	
aspectos.	E	igualmente	oportunizou	a	criação	de	Pós-graduação	de	Educação e 
Linguística da	UFSC,	formando	doutores	e	mestres	Surdos;	a	abertura	de	Curso	
de	Letras	–	LIBRAS,	modalidade	a	distância,	por	meio	de	decreto	5.626,	de	2005,	
está	 proporcionando	 a	 formação	 adequada	 de	 professores	 de	 língua	 de	 sinais	
brasileira	e	de	professores	bilingues.
Para	conhecer	os	sites	que	envolvem	a	área	da	Surdez:
Letras-Libras	–	www.libras.ufsc.br
PROLIBRAS	–	www.prolibras.ufsc.br
algumaS conSideraçõeS
A	 trajetória	histórica	da	educação	dos	sujeitos	Surdos	sempre	andou	 junto	
com	 a	 evolução	 da	 língua	 de	 sinais	 e	 suas	 metodologias.	 Os	 sujeitos	 Surdos	
eram	 “descartados”	 pela	 sociedade	 pela	 sua	 inutilidade	 física.	A	 desmitificação	
da	 inutilidade	 física	começou	com	a	viabilidade	do	uso	de	 restos	de	audição.	A	
metodologia	 para	 ensinar	 aos	 sujeitos	 Surdos,	 geralmente,	 filhos	 de	 reis	 e	 de	
condes,	começou	a	impulsionar	pesquisas	dentro	da	igreja,	dentre	elas,	o	alfabeto	
manual,	para	que	eles	pudessem	receber	a	educação	refinada	e	de	dotes.	A	partir	
de	então,	criou-se	uma	escola	de	Surdos,	em	Paris,	uma	das	primeiras	escolas	do	
mundo	a	dar	exemplos	para	outras	cidades	vizinhas	da	França.	Antes	da	criação	
da	escola,	havia	um	professor	Surdo-Mudo	que	ensinava	as	crianças	Surdas	a	
ler,	escrever	e	sinalizar.	Mais	tarde,	o	abade	de	l`Epée	criou	uma	escola	chamada	
de Institution Nationale des Sourds-Muets, em Paris, em 1760, atual Institut 
Nationale de Jeunes Sourds	de	Paris	(INJS),	com	o	objetivo	de	dar	independência	
e	reconhecimento	aos	Surdos	como	cidadãos	às	outras	pessoas	não	surdas.	Mas,	
a	metodologia	“sinais	metódicos”,	criada	pelo	abade	l`Epée,	não	era	reconhecida	
pela	 comunidade	 Surda.	 A	 comunidade	 Surda	 lutava	 para	 adquirir	 o	 status	
linguístico	com	o	mesmo	padrão	das	 línguas	orais.	Na	mesma	época,	começou	
a	introdução	da	metodologia	oralista,	com	as	resoluções	do	Congresso	de	Milão,	
em	1880.	Houve	movimentos	de	resistência	que	impulsionaram	uma	nova	prática,	
que	é	a	organização	de	uma	Associação	de	Surdos.	Publicaram	vários	dicionários	
de	 língua	 de	 sinais,	 promoveram	 a	 fundação	 de	 várias	 escolas	 de	 Surdos	 do	
mundo	 e	 no	 Brasil.	 O	movimento	 educacional	 passou	 por	 três	 fases	 distintas:	
oralismo,	comunicação	total	e	bilinguismo.	A	inclusão	da	língua	de	sinais	brasileira	
23
Um Breve Histórico de edUcação de sUrdos Capítulo 1 
nas	 escolas	 inclusivas	 e	 bilingues	 ficou	mais	 forte	 com	a	 Lei	 10.436,	 de	 2002,	
que	reconheceu	a	língua	de	sinais	brasileira	da	comunidade	Surda	e	impulsionou	
os	novos	cursos	de	Letras-Libras,	modalidade	a	distância	e,	em	consequência,	a	
formação	de	professores	bilingues.
referênciaS
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Janeiro:	Biblioteca	do	INES.	1875.	Obras	raras.
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Matinelli, Maia & C. 1926.
BRITO,	Lucinda	Ferreira.	Por uma gramática de Línguas de Sinais. Rio de 
Janeiro:	Tempo	Brasileiro:	UFRJ,	Departamento	de	Lingüística	e	Filosofia,	1995.
CAMPELLO, A. R. S. Aspectos da visualidade na educação de Surdos. Tese 
de Doutorado. Florianópolis: UFSC. 2008.
DIDEROT, Denis. Carta sobre os Surdos-Mudos: para	uso	dos	que	ouvem	e	
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FOUCAULT, M. Vigiar e Punir:	nascimento	da	prisão.	33	ed.	Petrópolis:	Editora	
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HALL, Stuart. Da Diáspora:	identidades	e	mediações	culturais.	Minas	Gerais:	
Editora UFMG, 2006.
LANE, Harlan. The mask of benevolence:	disabling	the	deaf	community.	San	
Diego:	DawnSignPress.	1999.	Paperback.
McLAREN,	Peter.	Multiculturalismo Revolucionário. Pedagogia do dissenso 
para	o	novo	milênio.	Porto	Alegre:	Artes	Médicas,	2000.
PADDEN, Carol & HUMPHRIES, Tom. Deaf in America:	voices	from	a	culture.	
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html
WILCOX,	Sherman	&	WILCOX,	Phyllis	Perrin.	Aprender a Ver. Petrópolis: Ed. 
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.
CAPÍTULO 2
modeloS e técnicaS educacionaiS 
na educação de SurdoS
A partir da perspectiva do saber fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Obter	conhecimento	acerca	das	metodologias	e	técnicas	
implantadas	na	modernidade	na	educação	de	Surdos.
 3 Repensar	uma	educação	bilíngue	na	educação	inclusiva	para	Surdos.
27
Modelos e Técnicas educacionais 
na educação de surdos
 Capítulo 2 
contextualização
 
A	 educação	 e	 sua	 pedagogia	 não	 compreenderam	 ou	 desconheceram	 os	
métodos	próprios	 para	 o	 ensino	de	 sujeitos	Surdos.	 Isso	 se	 deve	ao	 fato	 de	o	
espaço	 educacional	 estar	 permeado	 de	 ações	 de	 controle	 e	 poder	 e	 de	 visão	
fonocêntrica	 de	 supervalorização	 da	 língua	 oral	 e	 da	 cultura	 não-surda	 Como	
salienta	Skliar	 (1998),	a	problemática	da	vida	escolar	e	acadêmica	 foi	baseada	
nos	 modelos	 ouvintes,	 ou	 “ouvintismo”,	 que	 culminam	 na	 “negação”	 e	 no	
“assujeitamento”,	nas	palavras	de	Foucault	(1987,	2007),	e	do	pós-colonialismo,	
termo	usado	por	Bhabha	(2005).
A	progressão	histórica	a	partir	do	atopunitivo	do	Congresso	de	Milão,	que	
culminou	no	fechamento	dos	internatos	e	dos	institutos	e	na	criação	de	programas	
de	 política	 educacional	 nas	 escolas	 de	Surdos,	modificou	 todo	 o	 panorama	 da	
educação	 e	 da	 pedagogia	 que	 concerne	 à	 área	 da	 surdez,	 ou	 seja,	 anulou	 a	
experiência	visual.	
Historicamente,	no	movimento	da	filosofia	oralista,	foram	implantadas	várias	
metodologias	 sob	 a	 perspectiva	 clínica	 terapêutica.	 A	 educação,	 o	 currículo	 e	
a	metodologia	 educacional	 para	Surdos,	 por	meio	 de	 experiência	 visual,	 foram	
postos	de	lado	para	se	envolver	nos	treinamentos	da	oralização.	O	que	era	coletivo	
passou	a	ser	individual.	Os	recursos	da	oralização	até	a	Comunicação	Total	foram	
totalmente	 aceitos	 nas	 salas	 de	 aulas.	 Atualmente,	 a	 educação	 bilíngue	 está	
sendo	 implantada	aos	poucos	e	utilizada	em	poucos	estados	do	Brasil.	Vamos	
expor,	cronologicamente,	como	essas	práticas	foram	implantadas.
modelo oraliSta e SuaS técnicaS
A	 criação	 do	 primeiro	 Imperial	 Instituto	 de	 Surdos-Mudos,	 atual	 Instituto	
Nacional	 de	 Educação	 de	 Surdos,	 por	 decreto	 imperial,	 no	 Rio	 de	 Janeiro,	 foi	
reproduzida	 dos	 modelos	 europeus,	 como:	 asilo	 e	 sistema	 de	 internato	 com	
currículo	adequado	e	adaptado	de	acordo	com	as	suas	características.
Ao	 longo	de	muitos	anos,	muitas	 instituições	particulares	foram	criadas	em	
caráter	de	assistencialismo,	pois	o	governo	não	atendia	a	demanda	do	número	
existente	de	pessoas	portadoras	de	deficiência.	A	educação	especial	era	voltada	à	
prática	de	assistencialismo	e	sem	currículo	definido.	
Em	1957,	o	governo	federal	assumiu	a	educação	especial,	transformando-a	
em	um	órgão	especial	e,	a	partir	de	então,	implantou	uma	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	
28
 Deficiência Auditiva e Libras
da	 Educação	 Nacional,	 em	 1961,	 objetivando	 a	 educação	 dos	 “excepcionais”	
no	 sistema	geral	 de	ensino,	 tanto	na	esfera	 federal	 como	em	associações	não	
governamentais.	 Em	 um	 dos	 artigos	 da	 lei,	 incluía	 a	 “integração”	 das	 pessoas	
portadoras	 de	 deficiência	 na	 comunidade,	 assegurando-lhes	 o	 direito	 de	
receber	educação.	Na	década	de	70,	os	estados	do	Brasil	passaram	a	incluir	os	
tratamentos	especiais	nas	escolas.
Para	 ter	 melhor	 controle	 governamental	 a	 respeito	 da	 educação	 especial,	
foi	 criado	 o	 Centro	 Nacional	 de	 Educação	 Especial	 (CENESP),	 vinculado	 ao	
Ministério	de	Educação	e	Cultura,	em	1973.	Com	a	promulgação	da	Constituição	
de	 1988,	 foram	 inseridos	 vários	 capítulos,	 artigos,	 incisos	 sobre	 educação,	
habilitação	 e	 reabilitação	 das	 pessoas	 portadoras	 de	 deficiência,	 graças	 aos	
movimentos	políticos	e	sociais.	(BRASIL.MEC,	2008).
No	 ano	 de	 1861,	 com	 a	 saída	 do	 primeiro	 diretor	 surdo,	 Eduard	Huet,	 do	
Imperial	 Instituto	 de	 Surdos,	 esse	 Instituto	 passou	 por	 várias	 fases,	 com	 os	
regimentos	alterados,	revogando	vários	decretos,	até	a	década	de	50.	A	gestão	
do	governo	Getúlio	Vargas	 impulsionou	o	 Instituto	Nacional	de	Surdos-Mudos	a	
implantar o primeiro Curso Normal, em 1951, para a formação de professores 
para	 Surdos,	 com	 três	 anos	 de	 duração,	 por	 meio	 de	 orientação	 pedagógico-
emendativa.	Em	1957,	o	Instituto	Nacional	de	Surdos-Mudos	passou	a	denominar-
se	de	Instituto	Nacional	de	Educação	de	Surdos,	pela	Lei	3.198,	de	6	de	julho	de	
1957,	segundo	o	relatório	anexado	à	carta	da	Professora	e	ex-Diretora	
do INES, Ana Rimoli Dória:
de	que	o	surdo	é	mudo,	via	de	regra,	porque	não	tendo	ouvido	
nunca	a	voz	humana,	não	pode	 imitá-la	 falando;	e	por	outro	
lado	a	certeza	de	que	o	surdo	é	passível	de	receber	a	mesma	
educação,	embora	por	processos	diferentes,	dos	que	falem	e	
ouçam (DÓRIA, 1956).
Para	ampliar	a	ação	da	educação	e	fornecimento	de	professores	
especializados	 para	 as	 classes,	 foram	 firmados	 convênios	 com	 os	
estados de Minas Gerais, Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo. 
Em	cada	ano	se	formavam	vários	professores	e	estes	eram	distribuídos	
para	 cada	estado	mediante	 convênio.	Ao	mesmo	 tempo,	 foi	 criado	 o	
primeiro	 livro	 técnico,	 chamado	de	 “Introdução	à	Didática	da	Fala”,	e	
entrou	 em	 funcionamento	 o	 Centro	 de	 Logopedia	 destinado	 à	 assistência	 das	
crianças	surdas	que	possuíam	problemas fonatórios.
Problemas fonatórios	 –	 são	 as	 várias	 alterações	 fonatórias	
(som	 e	 letras)	 encontradas	 em	 pessoas	 Surdas:	 dificuldades	 para	
O surdo é mudo, 
via de regra, 
porque não tendo 
ouvido nunca a voz 
humana, não pode 
imitá-la falando; 
e por outro lado a 
certeza de que o 
surdo é passível de 
receber a mesma 
educação, embora 
por processos 
diferentes, dos que 
falem e ouçam.
29
Modelos e Técnicas educacionais 
na educação de surdos
 Capítulo 2 
controle	da	 função	respiratória,	dificuldades	para	controle	global	do	
pitch	e	loudness	e	padrões	prosódicos	alterados.
Seguindo	 a	 metodologia	 e	 a	 filosofia	 oralista,	 foi	 criado	 o	 Serviço	 de	
Estimulação	Precoce	para	atendimento	de	bebês,	em	1970;	Cursos	de	Estudos	
Adicionais	 aos	 professores	 de	 diversos	 estados	 do	 Brasil	 para	 trabalhar	 na	
área	da	 surdez,	 em	1980.	Em	1993,	 pelo	 ato	ministerial,	 o	 INES	passou	a	 ser	
um	centro	nacional	de	referência	na	área	da	surdez.	Atualmente	temos	Curso	de	
Especialização.
Entre	os	anos	de	1880	até	1990,	o	 turno	da	escola	especial	era	 integral	e	
de	 internato	 (para	 quem	 morava	 em	 lugares	 de	 grande	 distância).	 O	 sujeito	
Surdo	estudava	em	um	turno	e	no	outro	turno	ficava	para	receber	reforço	escolar,	
atendimento	em	fonoaudiologia	e	outras	atividades	extracurriculares,	como	curso	
de	bordado,	de	marcenaria,	de	cozinha,	de	pintura	e	outros	ofícios,	como	aprendiz.	
Os	exemplos	explicitados	pela	autora	Costa	 (1994)	da	prática	educacional	
e	 da	 metodologia	 mais	 conhecida	 ainda	 são	 utilizados	 nas	 classes	 especiais,	
nas	 classes	mistas	 ou	 nas	 classes	 de	 integração,	 em	 algumas	 escolas	 atuais.	
Os	 dados	 reconhecidos	 são	 as	 sinopses	 das	 diversas	 orientações	 e	 técnicas,	
conforme	a	proposta	curricular	para	deficientes	auditivos	do	Centro	Nacional	de	
Educação	Especial	(CENESP).	Essas	são	divididas	em	duas	categorias	(COSTA,	
1994):	método	unissensoriais	e	método	multissensorial.
a) Método unissensoriais 
São	 os	 aspectos	 básicos	 do	 oralismo,	 como	 leitura	 dos	 lábios,	
fonoarticulação	e	treinamento	auditivo,	que	utilizam	apenas	um	canal	
ou uma informação sensorial. São eles:
• Leitura	 Labial	 –	 é	 uma	 leitura	 que	 consiste	 em	 adquirir	 as	
habilidades	 para	 captar	 as	 palavras	 oralmente,	 por	 meio	 de	
decodificação	 dos	 movimentos	 labiais	 e	 das	 articulações	 do	
emissor.
• Fonoarticulação	 –	 também	 pode	 ser	 chamada	 de	 mecânica	 da	
fala.	Os	Surdos	são	chamados,	e	apelidados	também	pela	comunidade	Surda,	
como	“fala	de	papagaio”.	Envolve	a	 leitura	 labial,	movimento,	articulação	da	
fala	e,	por	sua	vez,	envolve	o	som	e	o	ritmo.	Treina-se	bastante	para	articular	
todos	 os	 fonemas,	 com	 exercícios	 de	 respiração,	 inspiração,	 expiração,	
relaxação	e	movimentação	de	língua,	mandíbula,	palato,	lábios	e	bochechas.
Métodos 
unissensoriais são 
os aspectos básicos 
do oralismo, como 
leitura dos lábios, 
fonoarticulação, 
treinamento auditivo, 
método Tadoma e 
Pollack.
30
 Deficiência Auditiva e Libras
• Treinamento	 auditivo	 –	 Consiste	 em	 treinar	 a	 estimulação	 sonora	 com	
a	 exposição	 de	 ruídos	 e	 sons	 ambientais.	 Implica	 a	 exploração	 máxima	
dos	 resíduos	 auditivos	 para	 identificar,	 discriminar,	 associar,	 reproduzir	 e	
localizar	 os	 sons	 de	 duração,	 frequência,	 intensidade	 e	 ritmo	diferentes	 e	
sons da fala.
• Método	 Tadoma	 –	 consiste	 em	 usar	 as	 informações	 táteis	 (percepção	 de	
vibrações)	para	surdocegoe	também,	em	alguns	casos,	para	sujeitos	surdos.
• Método	Pollack	–	objetiva	aumentar	o	número	de	possibilidades	na	utilização	
do	 canal	 auditivo	para	que	possa	armazenar	 os	estímulos	 sonoros	 com	as	
informações	adequadas.	Preocupa-se	em	desenvolver	a	atenção	perceptual	
sobre	os	estímulos	visuais.
b) Método multissensorial
Utiliza-se	para	usar	informações	sensoriais	com	os	dois	órgãos	dos	
sentidos	(visuais/auditivas,	visuais/táteis,	auditivas/táteis)	na	educação	
dos	Surdos.	Utilizam-se	 várias	 alternativas,	 como	 pistas	 visual	 e	 tátil	
(via	auditiva	óssea),	que	são:
• Método	Sander	–	procede	ao	treinamento	auditivo	associando-o	
com	as	informações	visuais.
• Método	 Guberina	 –	 procede	 ao	 treinamento	 dos	 movimentos	
ginástico-rítmicos	no	ensino	da	articulação	de	fonemas,	com	o	auxílio	
de	 fones	 de	 ouvido,	 amplificadores	 com	 filtros	 e	 vibradores	 (para	
exploração	das	vias	auditivas	aérea	e	óssea).
• Método	Verbatonal	–	favorece	a	entonação	e	a	pausa	na	emissão	das	frases.
• Método	Perdoncini	–	dá	ênfase	à	reeducação	educativa.	Trabalha-se	com	um	
analisador	 cinético	 composto	de	microfone	unido	a	um	analisador	acústico.	
Quando	 o	 som	 é	 emitido	 de	 modo	 reduzido,	 acende-se	 uma	 lâmpada	
verde.	Ao	contrário,	acende-se	uma	luz	roxa.	Tem	a	finalidade	de	os	Surdos	
aprenderem	a	discriminar	a	acentuação	das	palavras.
A	 metodologia	 oralista	 ainda	 é	 praticada,	 tendo	 em	 vista	 que	 algumas	
escolas	particulares	e	públicas,	em	caráter	assistencial,	praticam	a	metodologia	
clínica	 terapêutica	 dentro	 dos	 turnos	 escolares	 e	 em	 grades	 extracurriculares.	
Isso	envolve	os	profissionais	da	terapia	da	fala,	como	fonoaudiologia,	no	quadro	
profissional.	Para	sustentar	essa	metodologia,	os	profissionais	recebem	subsídio	
do	SUS	–	Sistema	Único	de	Saúde.
O método 
multissensorial
baseia-se em 
informações 
sensoriais
com os dois órgãos
dos sentidos 
(visuais/
auditivas, visuais/
táteis, auditivas/
táteis)
na educação dos
Surdos.
31
Modelos e Técnicas educacionais 
na educação de surdos
 Capítulo 2 
A	técnica	de	 leitura	 labial:	 ”ler”	os	 lábios	por	meio	de	captação	
dos	movimentos	dos	 lábios	dos	 locutores	quando	está	 falando	com	
palavras	simples,	pequenas	ou	frases	curtas,	de	modo	mais	simples,	
claramente	e	devagar.	A	pesquisa	comprovou	que	a	maioria	de	Surdos	
só	consegue	captar	e	ler	20%	da	mensagem	através	da	leitura	labial	
(MARTINS,	2004).	A	captação	em	sentido	contínuo	e	sem	interrupção	
impossibilita	a	captação	e	leitura	de	todas	as	informações.	Geralmente	
os	surdos	“deduzem”	ou	“adivinham”	as	mensagens	de	leitura	 labial	
através	do	contexto	já	condicionado	e	conhecido.
É	 importante	 salientar	 que,	 com	 a	 nomenclatura	 na	 área	 da	 Surdez	
elaborada	por	Sassaki	(2009), além	dessas	particularidades	dos	sujeitos	Surdos	
“também	existem	pessoas	surdas	ou	com	deficiência	auditiva	que	são	indiferentes	
quanto	a	serem	consideradas	surdas	ou	deficientes	auditivas”	e	“a	origem	dessa	
diversidade	de	preferências	está	no	grau	da	audição	afetada”.
Se	 você	 quiser	 conhecer	 mais	 sobre	 as	 nomenclaturas	 pelo	
Sassaki,	acesse	o	site:
http://sentidos.uol.com.br/canais/materia.
asp?codpag=8322&canal=opiniao
 Excepcional: A	 palavra	 era	 utilizada	 para	 todas	 as	 pessoas	
portadoras	de	deficiência.
Integração: Significa	o	estabelecimento	de	 formas	comuns	de	
vida,	de	aprendizagem	e	de	trabalho	entre	pessoas	deficientes	e	não-
deficientes.	 Integração	 significa	 ser	 participante,	 ser	 considerado,	
fazer	parte	de,	ser	levado	a	sério	e	ser	encorajado.	
Orientação: Costa	(1994)	esclarece	que	a	utilização	da	palavra	
Método	deve	ser	entendida	como	orientação.
FINEP:	Instituto	Nacional	de	Estudos	e	Pesquisas	Educacionais.
32
 Deficiência Auditiva e Libras
modelo de comunicação total e 
SuaS técnicaS
Comunicação	 Total	 é	 o	 título	 dado	 à	 filosofia	 da	 comunicação	 pelo	 norte-	
americano	 Roy	 Holcomb	 (1967,	 apud	 HAWKINS;	 BRAWNER,	 1997)	 em	
substituição	à	palavra	método	 (SCOUTEN,	1984,	 apud	HAWKINS;	BRAWNER,	
1997).	Nos	anos	de	1970	e	em	seus	dez	anos	de	observação	e	de	prática,	as	
escolas	 surdas	 norte-americanas	 e	 suas	 organizações	 viam	 a	 possibilidade	 de	
praticar	a	filosofia	de	comunicação	dentro	de	programas	educacionais	como	“uma	
comunicação	 simultânea	 que	 é	 a	 fórmula	mais	 adequada	 para	 a	 comunicação	
utilizando	 como	um	dos	 ajustes	 educacionais	 para	 crianças	Surdas”	 (KAPLAN,	
1996,	apud	HAWKINS;	BRAWNER,	1997).	
A	 Comunicação	 Total,	 na	 sua	 concepção,	 foi	 criada	 para	 atender	 todas	 as	
necessidades	de	comunicação	dos	sujeitos	Surdos.	Foi	uma	“transição”	da	educação	
oralista	para	a	educação	bilíngue.	A	Comunicação	Total	consiste	na	aplicação	de	
todos	os	 recursos	e	aspectos	comunicativos,	 como	no	caso	de	 falar	e	
sinalizar	 ao	mesmo	 tempo.	De	 acordo	 com	Denton	 (apud FREEMAN; 
CARBIN;	BOESE,	1999,	p.	171),	a	definição	sobre	a	Comunicação	Total:
A	 Comunicação	 Total	 inclui	 todo	 o	 espectro	 dos	 modos	
linguísticos:	 gestos	 criados	 pelas	 crianças,	 língua	 de	 sinais,	
fala,	 leitura	 orofacial,	 alfabeto	 manual,	 leitura	 e	 escrita.	 A	
Comunicação	Total	incorpora	o	desenvolvimento	de	quaisquer	
restos	de	audição	para	a	melhoria	das	habilidades	de	fala	ou	
de	 leitura	 orofacial,	 através	 de	 uso	 constante,	 por	 um	 longo	
período	 de	 tempo,	 de	 aparelhos	 auditivos	 individuais	 e/ou	
sistemas	de	alta	fidelidade	para	amplificação	em	grupo.
Essa	filosofia	virou	moda	aqui	no	Brasil	na	década	de	80	(CICCONE,	1999),	
quando	foi	trazida	por	alguns	profissionais	que	foram	visitar	a	Gallaudet	University	
(Estados	 Unidos)	 e	 ficaram	 impressionados	 com	 a	 nova	 filosofia,	 passando	 a	
impulsionar	a	sua	prática	em	todos	os	estados	do	Brasil.
Há	 profissionais	 que	 favorecem,	 por	 comodismo,	 o	 uso	 de	
“português	sinalizado”,	que	é	uma	mistura	de	duas	línguas:	a	língua	
portuguesa	 e	 a	 língua	 de	 sinais.	 Essa	 prática	 é	 denominada	 de	
“bimodalismo”	e	objetiva	o	desencorajamento	do	uso	inadequado	da	
língua	de	sinais	brasileira,	por	causa	da	gramática	distinta	da	língua	
portuguesa. 
A Comunicação 
Total inclui todo o 
espectro dos modos 
linguísticos: gestos 
criados pelas 
crianças, língua de 
sinais, fala, leitura 
orofacial, alfabeto 
manual, leitura 
e escrita.
33
Modelos e Técnicas educacionais 
na educação de surdos
 Capítulo 2 
BilinguiSmo
Com a introdução de Estudos Culturais, de Estudos Surdos e de Estudos 
Linguísticos	e	dos	eventos	realizados	nos	estados	do	Brasil,	apresentou-se	uma	
nova	 proposta	 educacional	 mais	 ou	 menos	 viável,	 pois	 a	 questão	 linguística	
ainda	permeia	a	discussão:	 pouca	pesquisa	 sobre	a	 língua	de	 sinais	 e	poucos	
profissionais	que	envolvem	a	questão	linguística.
A	educação	bilíngue	consiste	em	dar	habilidade	aos	sujeitos	de	se	
comunicar	em	duas	línguas,	sendo	que	uma	língua	pode	predominar	
sobre	 a	 outra.	 Atualmente,	 não	 temos	 uma	 verdadeira	 proposta	
bilíngue.	Algumas	 escolas	 utilizam	 a	 proposta	 bilíngue	mesclando-a	
com	 outros	 métodos,	 como	 a	 comunicação	 total	 e	 a	 utilização	 de	
Intérprete	de	Língua	de	Sinais	Brasileira	nas	salas	de	aula.	Mas	ainda	
há	 fatores	 importantes	 que	 atrapalham	 o	 desenvolvimento	 cognitivo	
das	crianças	Surdas,	pelos	dois	motivos:	a	língua	de	sinais	é	distinta	
da	língua	portuguesa	e	deve	ser	ensinada	separadamente	e	nunca	as	
duas	juntas;	e	segundo,	os	Intérpretes	de	Língua	de	Sinais	Brasileira	são	como	
uma	“caixa	preta”	que	só	repassam	as	informações	do	emissor	e	do	receptor	de	
forma	mecânica	e	não	há	afeto	e	contato	 linguístico	entre	aluno	e	 intérprete	de	
língua de sinais.
Há	provas	científicas,	porém	poucas,	de	que	a	educação	bilíngue	proporciona	
mais	 habilidades	 parapercepções	 mentais,	 cognitivas	 e	 visuais	 e	 capacidade	
para	analisar	os	conceitos	de	modo	subjetivo	e	objetivo	às	informações	recebidas.
Com	a	introdução	de	novos	espaços	para	pesquisadores	Surdos,	a	proposta	
bilíngue	vai	caminhando	aos	poucos	até	chegar	a	uma	resposta	adequada	para	a	
educação	e,	em	consequência,	para	o	novo	parâmetro	da	pedagogia	dos	Surdos.
 
educação Bilíngue Para SurdoS
Em	diversos	estudos,	Skliar	(1997),	Moura,	Lodi	e	Pereira	(1993)	e	Quadros	
(1997),	 e	 muito	 outros,	 argumentavam	 que	 a	 educação	 bilíngue	 é	 necessária	
para	que	“a	criança	possa	ter	um	desenvolvimento	cognitivo-linguístico	paralelo	
ao	 verificado	 na	 criança	 ouvinte”	 (MOURA,	 LODI,	 PEREIRA,	 1993,	 p.1).	 Para	
que	a	criança	possa	ter	um	desenvolvimento	cognitivo-linguístico,	é	necessário	
esquecer	a	estimagtização	que	gira	em	torno	da	criança	Surda	ou	do	indivíduo	
Surdo	em	referência	à	surdez	que	carrega.	“Não	é	o	grau	de	surdez	que	importa,	
mas	 sim	 -	 em	 termos	 cruciais	 -	 a	 idade	 ou	 estágio	 em	 que	 ocorre.”	 (SACKS,	
2002, p. 21).
A educação bilíngue 
consiste em dar 
habilidade aos 
sujeitos de se 
comunicar em duas 
línguas, sendo que 
uma língua pode 
predominar sobre 
a outra. 
34
 Deficiência Auditiva e Libras
Para	 que	 a	 criança	 surda	 possa	 alcançar	 o	 rendimento	 linguístico	 e	 a	
competência	 comunicativa,	 faz-se	 necessária	 a	 implantação	 de	 uma	 proposta	
bilíngue,	pois	sendo	filho	de	pais	ouvintes	(90%	de	Surdos	convivem	com	a	família	
não-surda),	tem	que	viver,	pelo	resto	da	vida,	a	sua	condição	bilíngue.
A	 proposta	 do	 bilinguismo	 surgiu	 nos	 fins	 da	 década	 de	 70,	 quando	 os	
sociólogos,	 filósofos	 e	 políticos,	 através	 dos	 movimentos	 sociais	 dos	 Surdos,	
criaram	a	proposta	bilíngue	de	educação	de	Surdos,	em	vários	estados	do	Brasil	
e	 também	 internacionalmente.	 Isso	mostra	claramente	que	o	sujeito	Surdo	vive	
duas	condições:	duas	línguas	(bilíngues,	por	o	Brasil	dominar	a	língua	portuguesa,	
majoritária	e	oral)	e	duas	culturas	(bicultural,	pelas	duas	culturas	distintas:	cultura	
não-surda	e	cultura	Surda).	
Na	 abordagem	 educacional	 do	 bilinguismo,	 reconhece-se	 que	 as	 crianças	
Surdas	 são	 os	 sujeitos	 interlocutores	 naturais	 de	 uma	 língua	 e	 que	 podem	 se	
adaptar	 a	 outra	 língua	 sem	 prejudicar	 o	 desenvolvimento	 cognitivo-linguístico.	
Por	 isso,	 há	 um	 movimento	 social	 da	 comunidade	 Surda,	 que,	 ao	 lançar	 a	
manifestação,	 publicou	 um	 documento	 intitulado:	 “A	 educação	 que	 Nós	 os	
Surdos	queremos”,	em	Porto	Alegre,	em	1999,	 reivindicando	a	 língua	de	sinais	
brasileira	como	uma	 língua	oficial	 (mais	 tarde	oficializada,	em	2002)	é	que	esta	
língua	seja	ensinada	desde	os	primeiros	dias	de	vida	da	criança	como	primeira	
língua.	A	 comunidade	Surda	 reconhece	que	a	 língua	oficial	 do	Brasil	
é	o	português,	no	entanto,	pede	que	para	os	Surdos	seja	reconhecido	
como	ensino	e	aprendizagem	de	segunda	língua.	Igualmente	defende	
que	a	língua	de	sinais	brasileira	deve	ser	adquirida,	preferencialmente,	
pelos	 Surdos	 adultos	 e	 pelo	 convívio	 com	 outros	 Surdos	 da	mesma	
comunidade.	 Para	 assegurar	 a	 efetiva	 comunicação	 das	 crianças	
Surdas,	os	pais	devem	aprender	a	primeira	língua	dos	Surdos	para	que	
possam ser entrosados de maneira mais íntima e sem depender de 
outros	fatores	externos.	A	língua	oral	ou	da	escrita	aprendida	dentro	de	
casa	seria	considerada	como	a	segunda	língua	das	crianças	Surdas.
A EDUCAÇÃO QUE NÓS SURDOS QUEREMOS
DOCUMENTO ELABORADO PELA COMUNIDADE SURDA 
A	PARTIR	DO	PRÉ-CONGRESSO	AO	V	CONGRESSO	LATINO-
AMERICANO DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS, 
REALIZADO	EM	PORTO	ALEGRE/RS,	NO	SALÃO	DE	ATOS	DA	
REITORIA DA UFRGS, NOS DIAS 20 A 24 DE ABRIL DE 1999
		[...]
A educação que 
Nós os Surdos 
queremos é que 
esta língua seja 
ensinada desde 
os primeiros dias 
de vida da criança 
como primeira 
língua.
35
Modelos e Técnicas educacionais 
na educação de surdos
 Capítulo 2 
 AS CLASSES ESPECIAIS PARA SURDOS
 
Se	 não	 houver	 escolas	 de	 surdos	 no	 local	 e	 for	 necessário	
programa	de	surdos	a	distância	com	classes	especiais	para	surdos	
ou	em	municípios	polo,	a	comunidade	surda	recomenda	que:
35.	Nas	classes	especiais,	que	os	surdos	não	sejam	tratados	como	
deficientes,	mas	 como	 pessoas	 com	 cultura,	 língua	 e	 comunidade	
diferente.
36.	Seja	 incentivado,	mostrado	e	 estimulado	o	 uso	das	 línguas	de	
sinais	pelo	surdo,	indo	ao	encontro	de	seu	direito	de	ser	e	de	usar	a	
comunicação	visual	para	estruturar	uma	língua	de	sinais	coerente.
37.	A	 aquisição	 da	 identidade	 surda	 seja	 considerada	 de	 máxima	
importância,	tendo	em	vista	que	a	presença	de	professor	surdo	e	o	
contato	com	a	comunidade	surda	possibilitam	ao	surdo	adquirir	sua	
identidade.
38.	Sejam	introduzidas	palestras	sobre	cultura	surda	nas	escolas	com	
classe	especial	para	surdos.
39.	Garanta-se	atendimento	adequado	nas	escolas	onde	há	classe	
especial	de	surdos	no	sentido	de	acabar	com	sentimentos	de	menos-
valia	e	que	os	surdos	recebam	ensino	adequado.
40.	Implantem-se	sistemas	de	alarme	luminoso,	cabinas	de	telefone	
tdd	ou	fax	em	escolas	com	classe	especial	de	surdos.
41.	Promova-se	a	criação	de	um	banco	de	dados	sobre	a	situação	dos	
direitos	dos	surdos,	bem	como	sobre	sua	cultura	e	história,	visando	à	
promoção	da	identidade	surda	na	escola	com	classe	especial.
42.	Apoie-se	a	definição	de	ações	de	valorização	da	comunidade	e	
cultura	surda	na	escola	com	classe	especial.
43.	Trabalhe-se	com	os	surdos	e	suas	famílias	no	sentido	de	que	a	
família	adquira	a	língua	de	sinais.
44.	Seja	 implantado	um	Programa	de	Pais,	 garantindo	 o	 acesso	à	
informação	e	assessoramento	adequados.
[...]
36
 Deficiência Auditiva e Libras
Fonte:	Texto	extraído	e	adaptado	de:	<http://groups.
google.com/group/acessodigital/browse_thread/
thread/5d5d3d2e8936949a?pli=>.	Acesso	em:	03	mai.	2009.
Caro(a) pós-graduando(a),
Você	pode	acessar	o	documento	completo	“a	educação	que	nós	
surdos	queremos”	no	site:
•	 http://groups.google.com/group/acessodigital/browse_thread/thread	
/5d5d3d2	e8936949a?pli=
Em	concordância	com	Kyle	(1999,	p.	16),	que	afirma:
É	 relativamente	 óbvio	 que	 as	 crianças	 surdas	 deveriam	 ser	
bilíngues.	Elas	possuem	uma	língua	natural	visual	e	espacial	
que	 irão	 adquirir	 se	 forem	 agrupadas	 nas	 escolas.	 Elas	
vivem	 numa	 sociedade	 que	 é	 dominada	 pela	 língua	 falada	
e	 escrita.	 Para	 alcançar	 o	 potencial	 que	 é	 aparente	 em	 seu	
funcionamento	 cognitivo,	 precisam	 acessar	 a	 língua	 da	
maioria.	A	maioria	dos	grupos	minoritários	chegaram	à	mesma	
conclusão.
Inicialmente,	a	educação	bilíngue,	em	termos	de	práticas	metodológicas,	deve	
ser	aplicada	com	a	língua	de	sinais	como	língua	dominante	e,	ao	mesmo	tempo,	
assimilando,	aos	poucos,	o	acesso	à	língua	portuguesa,	na	modalidade	escrita	ou	
de	escrita	de	língua	de	sinais,	dependendo	da	maturação	e	do	desenvolvimento	
cognitivo-linguístico	de	cada	criança,	em	qualquer	situação.
O	 conceito	 do	 bilinguismo	 trabalha	 na	 introdução	 da	 aceitação	 da	 surdez	
como	 identidade	 natural	 e	 convencionada	 pela	 comunidade	 Surda	 e,	 assim	
sendo,	poderá	almejar,	assim	como	as	pessoas	não-surdas,	os	diversos	campos	
de	atuação.	O	bilinguismo	defende	que	os	Surdos	formem	uma	comunidade,	com	
cultura	 e	 língua	 própria;	 e	 procura	 fazer	 entender	 que	 os	 Surdos	 têm	 as	 suas	
particularidades,	a	sua	língua	e	a	sua	forma	particular	de	se	sentir	e	de	pensar,	
não	 ligando	aos	aspectos	negativos	da	patologia	da	surdez.	Também	 reforça	a	
introdução	do	bicultural	para	que	os	Surdos	possam	obter	conhecimentos	acerca	
da	 sua	 língua	 com	 o	 objetivo	 de	 desenvolver	 a	 identidade	 cultural	 e	 ajudar	 a	
afirmar	os	seus	valores	culturais.Isso	 reforçará	o	melhor	entrosamento	no	seio	
multicultural	que	hoje	se	expande	no	mundo.	
37
Modelos e Técnicas educacionais 
na educação de surdos
 Capítulo 2 
Atividades de Estudos: 
1)	Na	sua	cidade	existem	escolas	bilíngues?
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2)	 Os	 professores	 ou	 escolas	 denominados	 de	 “bilíngues”	 usam	a	
prática	linguística	distinta	ou	simultânea	(uso	da	língua	de	sinais	
brasileira	ou	uso	de	português	sinalizado)?
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A	 experiência	 da	 escola	 bilíngue	 partiu,	 através	 da	 pesquisa,	 da	 Suécia,	
Noruega	e	Dinamarca	(JOKINEN,	1999),	que	foram	os	países	que	implantaram	
a	abordagem	bilíngue	na	educação	dos	Surdos.	E,	mais	tarde,	essa	abordagem	
foi	implantada	em	outros	países,	como	Estados	Unidos,	França	e	alguns	estados	
do Brasil.
38
 Deficiência Auditiva e Libras
A	questão	primordial	e	crucial	da	educação	bilíngue	é	a	aquisição	da	língua	
natural	e	espontânea	aplicada	nas	escolas.	Sabemos	que,	para	estudar,	aprender	
a	 ler	 e	 reconhecer	a	 língua	portuguesa	como	segunda	 língua,	 é	 imprescindível	
que	a	escola	prepare	uma	metodologia	e	material	pedagógico	adequado	para	o	
aprendizado	da	língua	portuguesa	como	segunda	língua	dos	Surdos.	O	uso	das	
duas	 línguas	 (bilíngues/bicultural)	 proporcionará,	 na	 educação	 dos	 Surdos,	 o	
desenvolvimento	das	competências	linguísticas,	de	uma	forma	prazerosa,	objetiva	
e	adequada	às	duas	línguas	e	às	duas	comunidades	em	que	os	sujeitos	Surdos	
estão inseridos.
Jokinen	(1999,	p.116)	afirma	que:
No	 seu	 aprendizado/ensino	 da	 primeira	 língua	 é	 importante	
que	os	estudantes	aprendam	a	usar	sua	língua	para	expressar	
seus pensamentos e sentimentos em milhares de formas 
diferentes,	 em	 diferentes	 contextos.	 Eles	 talvez	 brinquem	
com	os	aspectos	 formais	da	 língua	e	podem	 focalizar	esses	
aspectos	em	contextos	particulares	significativos.
A	língua	escrita	é	uma	das	modalidades	que	pode	ser	aprendida	mais	tarde,	
assim	como	ocorre	com	as	crianças	não-surdas.	Pelo	 fato	de	os	Surdos	serem	
ágrafos	 e	 do	 acesso	 tardio	 à	 leitura	 e	 escrita	 de	 uma	 língua,	 a	 escrita	 é	 um	
dos	 pontos	mais	 cruciais	 do	 desenvolvimento	 cognitivo-linguístico	 das	 crianças	
Surdas.	Se	as	crianças	Surdas	forem	expostas,	em	tenra	idade,	à	língua	escrita	
e	visual,	e	com	o	conhecimento	da	estrutura	gramatical	e	dos	sinalários	da	língua	
de	 sinais	 (Escrita	 de	 Sinais),	 elas	 extrairão	 os	 significados	 do	material	 escrito.	
A	 língua	 escrita,	 uma	das	modalidades	 da	 língua	 portuguesa,	 torna	 os	 sujeitos	
Surdos	mais	autônomos	na	coleta,	leitura,	procura	e	uso	das	informações	gerais	
até	as	específicas,	e	essas	informações	permitem	uma	melhor	integração	na	sua	
vida	social,	escolar,	de	trabalho	e	até	acadêmica.
Acesse	o	site	sobre	Escrita	de	Língua	de	Sinais	 (SignWriting), 
que	contém	coisas	interessantes	para	conhecer!:	
http://www.signwriting.org/library/history/hist010.html	
Sem	o	uso	adequado	do	 sistema	bilinguismo	na	 vida	 social	 e	 escolar	 dos	
sujeitos	Surdos,	certamente	advirão	futuras	consequências,	tais	como:
-	ausência	de	oportunidade	de	usar	a	variedade	de	linguagem;
39
Modelos e Técnicas educacionais 
na educação de surdos
 Capítulo 2 
-	ausência	do	planejamento	para	a	solução	de	problemas;
-	dependência	da	situação	auditiva;
-	 presença	 de	 agressividade,	 desvio	 comportamental	 e	 o	 sujeito	 Surdo	 será	
rotulado	como	anti-social.
Estudos Culturais: são	 estudos	 sobre	 a	 diversidade	 dentro	
de	 cada	 cultura	 e	 sobre	 as	 diferentes	 culturas,	 sua	 multiplicidade	
e	 complexidade.	 São,	 também,	 estudos	 orientados	 pela	 hipótese	
de	 que	 entre	 as	 diferentes	 culturas	 existem	 relações	 de	 poder	 e	
dominação	que	devem	ser	questionadas.
Estudos Surdos:	 sob	 o	 ponto	 de	 vista	 cultural,	 entendem	 a	
cultura	surda	como	algo	presente,	compondo:	língua,	história	cultural,	
pedagogia	 dos	 surdos,	 artes,	 literatura,	 etc.	 Compartilham	 a	 teoria	
cultural	que	enfatiza	a	cultura	surda	e	seus	discursos	são	contra	a	
ideia	do	surdo	como	sujeito	deficiente,	estereotipado	e	como	cultura	
subalterna.
Estudos Linguísticos:	 é	 um	 grupo	 de	 estudo	 da	 aquisição	
de	 linguagem	 e	 de	 língua	 de	 sinais.	 Promove	 encontros,	 reuniões	
e	 seminários	 anuais,	 com	 a	 intenção	 de	 compartilhar	 informação	
científica	e	promover	o	progresso	da	pesquisa	 linguística	de	 língua	
de	sinais	brasileira.	
Sinalários:	é	o	conjunto	de	expressões	que	compõem	o	léxico	
da	 língua	de	sinais.	 	É	uma	ferramenta	para	a	escrita	de	 língua	de	
sinais (ELS).
ProPoStaS educacionaiS na 
educação incluSiva
 
A	proposta	bilíngue	na	educação	 inclusiva	está	sendo	utilizada	em	poucas	
cidades	do	Brasil	(LACERDA,	2000)	por	vários	motivos:	dificuldade	de	organizar	
grupos	de	Surdos	e	de	não-surdos	 com	domínio	de	 língua	de	 sinais	 brasileira;	
resistência	de	pessoas	não-surdas	em	aceitar	a	língua	de	sinais	como	a	primeira	
40
 Deficiência Auditiva e Libras
língua	dos	surdos	e,	por	último,	a	incompreensão	da	necessidade	do	uso	de	língua	
de	sinais	brasileira	no	trabalho	com	as	pessoas	Surdas.	Apesar	das	dificuldades,	
a	 autora	 mostra	 que	 as	 experiências	 bilingues	 no	 atendimento	 educacional	 e	
inclusivo	têm	dado	resultado	satisfatório.
Para	 concretizar	 a	 proposta	 bilíngue	 nas	 escolas	 inclusivas,	 deve-se	
possibilitar:
a)	 a	introdução	da	língua	de	sinais	brasileira	como	primeira	língua	e	o	português	
(ou	a	língua	majoritária)	como	a	segunda	língua;
b)	 a	introdução,	o	mais	cedo	possível,	da	língua	de	sinais	brasileira,	na	educação	
nas	séries	infantis	e	séries	iniciais	do	ensino	fundamental	(SOUZA,	1998);
c)	 a	 exposição	de	LIBRAS	garante	aos	Surdos	o	direito	 a	uma	 língua	de	 fato,	
e,	 em	 consequência,	 um	 funcionamento	 simbólico-cognitivo	 satisfatório	 e	
prazeroso;
d)	 o	asseguramento	do	acesso	dos	Surdos	às	duas	línguas,	no	contexto	escolar,	
ou	seja,	respeitar	a	autonomia	da	Língua	de	Sinais	e	da	língua	majoritária	do	
país,	no	nosso	caso,	o	Português	(QUADROS,	1997);
e)	 a	proposta	bicultural,	já	que	a	comunidade	Surda,	como	a	ouvinte,	tem	a	sua	
cultura.
É	importante	que	a	escola	ofereça,	à	criança	Surda,	oportunidade	de	adquirir	
a	sua	primeira	língua,	da	mesma	maneira	como	essa	oportunidade	é	oferecida	à	
criança	ouvinte.
A	cultura	Surda	deve	ser	inserida	nos	currículos	escolares.	A	culturado	surdo	
é	 designada	 por	 Moura	 (2000)	 como	 representação	 linguística	 principalmente	
pela	 sua	 língua	 que	 tem	 propiciado	 a	 união	 dos	 surdos	 e	 continua	 viva	 nas	
comunidades.	 A	 história	 dos	 surdos	 mostra	 a	 necessidade	 de	 permanecerem	
unidos,	 de	 construírem	 uma	 identidade	 própria,	 “um	 lugar	 de	 direitos	 coletivos	
para	a	determinação	própria”	 (p.	66)	de	seu	grupo.	A	cultura	dos	surdos,	assim	
entendida,	 revela-se	 no	 comportamento,	 valores,	 atitudes,	 estilos	 cognitivos	 e	
práticas	sociais.
A	 nova	 modalidade	 e	 sua	 perspectiva	 Surda	 pressupõem	 o	 respeito	 e	 o	
reconhecimento	 de	 sua	 singularidade	 e	 especificidade	 humana,	 refletidos	 no	
direito	de	apropriação	da	Língua	de	Sinais	da	qual	dependem	os	processos	de	
identificação	pessoal,	social	e	cultural	(SKLIAR,	1997).	
Considerando	a	 característica	 de	 língua	 viva	 da	LIBRAS,	 o	 instrutor	 surdo	
é	 o	 profissional	mais	 habilitado	 a	 atualizar	 profissionais	 da	 escola	 em	 LIBRAS 
41
Modelos e Técnicas educacionais 
na educação de surdos
 Capítulo 2 
e	prepará-los	para	receber	alunos	surdos	em	suas	salas	de	aula/escola,	porque	
recebeu	capacitação	adequada	para	ensinar	LIBRAS	e	pertence	à	comunidade	
que	a	utiliza	(SOUZA;	GÓES,	1999).
Hoje,	 com	 o	movimento	 de	 inclusão,	 é	 cada	 vez	maior	 a	 necessidade	 de	
se	criar	um	espaço,	 junto	às	escolas,	para	os	seus	profissionais	se	atualizarem	
em	 LIBRAS	 ou	 conhecerem	 a	 língua	 capaz	 de	 aproximá-los	 e	 de	 auxiliá-los	 a	
compreender	os	alunos	surdos	incluídos	e	instrumentalizá-los	para	ensinar.	Além	
disso,	considerando	a	nova	política	educacional,	esse	trabalho	deve	vir	integrado	
com	um	atendimento	 de	 apoio	 à	 família,	 visando	 a	 garantir	 o	 desenvolvimento	
educacional	adequado	aos	alunos	surdos.
Atividades de Estudos: 
Pesquise	nas	escolas:
1)	As	 propostas	 bilíngues	 nas	 escolas	 inclusivas	 estão	 sendo	
adequadas	para	o	atendimento	escolar	das	crianças	Surdas?
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 ______________________________________________________
2)	Anote	 os	 pontos	 positivos	 e	 negativos	 da	 inclusão	 das	 crianças	
Surdas	nas	escolas	inclusivas	e	discuta	com	seus	colegas.
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 Deficiência Auditiva e Libras
algumaS conSideraçõeS
A	educação	dos	surdos	e	suas	diversas	metodologias	foram	permeadas	por	
ações	de	controle,	poder	e	de	visão	fonocêntrica,	de	supervalorização	da	língua	
oral	 e	 da	 cultura	 não-surda.	 Houve	 várias	 transições:	 Oralismo,	 Comunicação	
Total	 até	 culminar	 na	 Educação	Bilíngue	 como	método	 viável	 na	 Educação	 de	
Surdos,	 graças	 ao	 empenho	 e	 criação	 de	 vários	 estudos,	 tais	 como:	Culturais,	
Surdos	e	Linguísticos.		
referênciaS
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BRASIL. MEC. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva.	Documento	elaborado	pelo	Grupo	de	Trabalho	nomeado	
pela	Portaria	nº	555/2007,	prorrogada	pela	Portaria	nº	948/2007.	Brasília:	MEC,	
2008.
CICCONE, Marta. Comunicação Total:	Introdução,	Estratégias	a	Pessoa	Surda.	
Rio	de	Janeiro:	Cultura	Médica.	1999.
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escuta?	Um	guia	para	todos	que	lidam	com	crianças	surdas.	Brasília:	MEC/
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JOKINEN,	Markku.	Alguns	pontos	de	vista	sobre	a	educação	dos	surdos	nos	
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KYLE,	Jim.	O	ambiente	bilíngue:	alguns	comentários	do	desenvolvimento	do	
43
Modelos e Técnicas educacionais 
na educação de surdos
 Capítulo 2 
bilingüismo	para	surdos.	In:	SKLIAR,	Carlos	(Org).	Atualidade da educação 
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LACERDA,	C.	B.	F.;	GOÉS,	M.	C.	R.	(Orgs).	Surdez:	processos	educativos	e	
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MARTINS,	André	Luis	Batista.	Identidades Surdas no processo de 
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MOURA, M. C.; LODI, A. C. B.; PEREIRA, M. C. C. (Orgs.). A linguagem de sinais 
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MOURA,	Maria	Cecília.	O Surdo:	caminhos	para	uma	nova	identidade. Rio de 
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QUADROS, R. M. de. Educação de Surdos:	a	aquisição	da	linguagem.		Porto	
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SACKS,	Oliver.	Vendo Vozes:	uma	viagem	ao	mundo	dos	surdos.	São	Paulo:	
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SASSAKI,	Romeu	Kazumi.	Nomenclatura	na	área	da	surdez. Disponível	em:	
<http://sentidos.uol.com.br/canais/materia.asp?codpag=8325&codtipo=8&subcat
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SKLIAR,	Carlos	(org.).	A surdez:	um	olhar	sobre	as	diferenças.	Porto	Alegre:	
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SOUZA,	R.	M.	Que palavra que te falta? Linguística,	educação	e	surdez.		São	
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SOUZA,	R.	M.;	GÓES,	M.	C.	R.	O	ensino	de	surdos	na	escola	inclusiva:	
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Atualidades da educação bilíngue para surdos.	v.	1,	Porto	Alegre:	Mediação,	
1999.
CAPÍTULO 3
identidadeS, culturaS e línguaS 
de SinaiS doS SujeitoS SurdoS 
PóS-moderniSmo
A partir da perspectiva do saber fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Analisar	os	conhecimentos	linguísticos	e	culturais	dos	sujeitos	Surdos.
 3 Conhecer	os	fundamentos	da	língua	de	sinais	e	suas	resistências	no	
modernismo	e	a	transformação	do	Sujeito	Surdo	no	pós-modernismo.
47
IdentIdades, Culturas e línguas de 
sInaIs dos sujeItos surdos Pós-ModernIsMo
 Capítulo 3 
contextualização
O	 capítulo	 três	 apresentará	 várias	 unidades	 sobre	 o	 estudo	 da	 língua	
de	 sinais	 e	 suas	 implicações	 linguísticas:	 configurações	 de	 mãos,	 pontos	 de	
locações,	movimentos,	orientações	e	expressões	faciais.	Também	estão	inseridas	
as	 estruturas	 gramaticais,	 como:	 morfologia,	 sintaxe,	 semântica	 e	 pragmática	
(ordem	básica	e	outras	ordenações	possíveis).
Igualmente,	 este	 capítulo	 contextualizará	 os	 estudos	 da	 transformação	 do	
sujeito	Surdo	no	pós-modernismo,	o	que	implicará	vários	aspectos:	identidade	e	
cultura	Surda.
língua de SinaiS BraSileira e 
SuaS imPlicaçõeS linguíSticaS 
De	acordo	com	Quadros

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